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FERNANDO MORETTI OS RITOS SEGRETOS DA A 4 scala Copyright © Editora Escala Ltda, 2012 EAN 789.776.345.761 Edicdo Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida por qualsquer meios existentes sem autorizagao por escrito dos editores e detentores dos direitos. Diretor editorial Sandro Aloisi Produgao grafica Carlos Eduardo Burnato Diregéo Danie! de Rosa Redagao Fernando Moretti Diagramagéo Adriano Mervin dos Reis Revisao Sandra Maturama www.escala.com.br Av. Prof. Ida Kolb, 551, Jardim das Laranjeiras, Sao Paulo, CEP 02518-000 Tel.: +55 11 3855-2100 / Fax: +55 11 3857-9643 Venda de livros no atacado: tel.: +55 11 4446-7000 / +55 11 4446-7132 vendas@escala.com.br * livrosescala@escala.com.br * www.escala.com.br Impresséo e acabamento: Oceano Industria Grafica Lida Editorial A Maconatia é uma sociedade de qualidade universal. Seus membros cul- tivam o humanismo e a humanidade, os prine{pios da liberdade, a democracia ea igualdade, a fraternidade e o aperfeigoamento intelectual. E uma associagio filoséfica em que os homens se filiam por apresentacao (padrinho), passam por uma iniciagao (ritual) e se desenvolvem ao longo dos anos seguindo os precei- tos da ordem (polimento). Os macons se encontram em unidades auténomas chamadas Lojas (também conhecidas por oficinas ou ateliés — do francés “ate- lier”: lugar onde se retinem artesios, artifices, operdtios etc.). Todas as lojas sio iguais em direitos e honras, ¢ independentes entre si Muitas teorias foram levantadas, muitos livros foram publicados e espal- haram verdades e inverdades. Isso contribuiu para aumentar o interesse pelo contetidosecreto” da Maconaria e espalhar formas controversas de pensamento dentro e fora de suas linhas. E inevitével que diante da falta de documentagao e registros confidveis, a Maconaria se veja envolvida numa enxurrada de teorias fantasiosas e conceitos radicais que se seguem pela instvel Historia do Mundo. Embora sua histria seja recheada desses devaneios, a maioria dos estudiosos acredita que o gérmen da Maconaria moderna descende dos antigos constru- tores de igrejas, castelos, edificios que se juntavam em corporagées para lidar assuntos afins durante a Idade Média, Muitas construgées antigas sobreviveram até hoje e sao a prova mais “sélida’ de tal assertiva. Hoje existem cerca de 5,5 milhées de magons distribufdos pelos 5 continen- tes, Sendo 3,2 milhdes nos EUA; 1,2 no Reino Unido e 1,0 no resto do mundo. No Brasil existem cerca de 150 mil magons regulares atuando em 4.700 Lojas. ‘A Magonaria é uma associagao progressista porque nao se prende a dogmas, prevengdes ou superstisées e néo cria obstéculos na busca da verdade. | PARTE | BREVE HISTORIA DA MAGONARIA Considerando sua procedéncia operacional, a Magonaria comega quase junto com a Humanidade, pois a arte de construir castelos, muralhas etc., elaborada por mestres desse oficio, foi o que impulsionou o desenvolvi- mento de uma forma embriondria de associagées de cortadores de pedras. Por isso alguns estudiosos acreditam que a origem da Magonaria remonta as primeiras civilizagdes — Mesopotamia. Outros estudiosos créem que o sistema ritualistico magénico esta ba- seado na magia primitiva dos egipcios ou dos caldeus da qual pingaram certas praticas religiosas. Ha quem acredite ser o Templo de Salomao 0 local do nascimento da Maconaria, talvez por ser uma belissima e antiga construgao cheia de sim- bologia arquiteténica e ocultismo. Vamos balangar o prumo da histéria. Por volta de 4.000 a.C. 0 mestre- construtor Hiram Abiff viajou de Tiro (antiga cidade fenicia a costa do Mar Mediterraneo) para Israel com a incumbéncia de erigit um templo para o rei Salomao. Hiram Abiff era membro da antiga sociedade Arti- fices de Dionisio, que usava sinais secretos e se dedicava a ajudar gente humilde. Lé ele encontrou pedreiros filiados 4 Sociedade dos Jénios (que j4 conhecia). Sendo assim, podemos concluir que todos os trabalhadores conheciam a Geometria Sagrada. ‘Ao terminar o templo, os Artifices de Dionisio se auto-intitularam“Fi- Thos de Saloma cadotam a estrela de seis pontas como sua insignia (que mais tarde evoluiu para o simbolo do esquadro e compasso). Os pedreiros DSALOMAO, Ornome Salomao deriva da palavra Shalom = "paz". Ele era filho de David Betsabd e foi terceiro rei de Israe! (1009-922 a.C)), Em seu 4° ano de governo ordenou a construgéo do ‘Templo de Jerusalém no Monte Moria. Quadro: guache sobre prancha do pintor francés James Jacques Joseph ‘Tissot (1836-1902) exposto no Jewish Museum, New York. > COLUNAS ‘Como simbolo mag6nico, as colunas significa os limites do mundo fisico (vida-morte, masculino- feminino, ativo-passivo). Podem signficar também os representacbes das duas colunas da entrada do Templo de Salomao. que ficaram em Israel fundaram a corporacao de artesios Cassiden, mais tarde chamada Fraternidade dos Essénios. Séculos depois desse evento, a Lenda de Hiram Abiff se tornou um ritual do terceiro grau da Magonaria. Alguns estudiosos nao vao tao lon- ge e preferem ver a origem magénica nos colégios fundados pelo segundo rei de Roma: Numa Pompilio (714-674 a.C.) que sucedeu o rei Rémulo. Pompilio se preocupava com a agricultura e a religido. Reformou o calen- dario romano para 12 meses e organizou os artesios de Roma em nove corporagées chamadas “Collegia Fabrorum’. Cada colégio tinha seus préprios regulamentos e aceitava artesaos de outra profisséo (ourives, sapateiros, carpinteiros). Roma se expandia de forma efetivamente bélica, enquanto suas legides derrubavam e destrufam, os collegiatti reerguiam e construfam! O Imperador Augusto (63-14 a.C.) foi grio-mestre do Colégio Romano de Arquitetos e Pedreiros, uma corporagao que usava simbolos baseados nas ferramentas de seu oficio (fio de prumo, compasso, esquadro, ¢ o nivel). Os rituais desse Colégio Romano eram baseados no mito pagio da morte e renascimento. Nas rufnas de Pompéia (soterrada em 71 d.C.) foi achado um templo em cujas paredes podem ser vistos 0 triangulo, a pran- cha de decalque preta e branca, a caveira, 0 fio de prumo, o bastao de pere- grino e o manto esfarrapado — simbolos usados na Maconaria Medieval, e depois na Maconaria Especulativa. Entre 346 e 395 d.C. surge a Ordem dos Mestres de Comancini, fun- dada por membros do Colégio Romano de Arquitetos e Pedreiros que, sob 0 a ataque dos barbaros, acabaram mudando sua sede para a Ilha de Comancina, no Lago de Como, ao norte da Italia. > TEMPLO. Otemplo é onde se retinem os macons para celebrar seus rituais, aos quais chamam de “comportamentos’. Aconcepeéo, disposigio e decoracso obedecem a regras simbolicas que podem variar segundo os ritos e graus macGnicos. > COLEGIA TTeto do templo erguido na época de Augusto (63-14 a.C.) quando havia uma sociedade que usava simbolos tais como fio de prumo, compasso, esquadro. Cogita-se que o imperador tenha sido mestre do CColégio Romano de Arquitetos e Pedreiros No governo de Teodésio, Roma dividiu-se em Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente. Em 643 a.C. a Ordem dos Mes- tres de Comancini, sob a protegao do rei da Lombardia, passou a controlar todos os pedreiros e arquitetos da Italia. A Ordem era dividida em lojas governadas por mestres. Seus membros usavam aventais, luvas brancas e se reconheciam por meio de sinais secretos. Magonaria Operativa O problema dos nobres sempre foi o mesmo: castelos para morar e proteger o feudo, porém a arte de construir nao era nobre, para piorar, os colons sé entendiam de agropecuaria. A partir do século XII, com certo influxo da Igreja (como veremos abai- xo em “documentos”, uma nova classe de operdrios comega a se destacar: os construtores! Depois vem a dos ferreiros, marceneiros, teceloes — tudo 0 que o feudo produzia — operdrios se organizavam em guildas; a maioria limitada as fronteiras do feudo e que se caracterizavam pelo auxilio mtituo, reunides com banquetes e agées por reformas politicas e sociais. As guildas de pedreiros chegam a Inglaterra por meio dos reis saxdes € foram modificadas segundo os preceitos cristaos. A palavra vem do latim medieval “ghilda” com origem no neerlandés: gild = corporagao. No oficio de pedreiro s6 existiam dois graus: Aprendiz e Companheiro. As primeiras guildas prestavam servicos & Igreja Catélica. Os constru- tores eram diferentes, pois tinham de se mover para construir estradas e fortes, catedrais enquanto 0 resto dos operdrios nao tinha esse direito de ir e vir. Portanto, 0 oficio de pedreiro era uma classe muito almejada devido is romanas € gregas de construgao civil. Em suas novas terras, os nobres precisavam de castelos fortficados para morar e proteger 0 feudo, mas a arte da construcéo nio era nobre e deveria advir do povo. » TRABALHANDO A PEDRA Havia dois tipos de pedreiros na Idade Média: o pedreiro bruto, que trabalhava a pedra bruta sem Ihe dar forma; e 0 pedreiro livre, que sabia dar forma a pedra bruta (que simboliza as “arestas" da personalidade que o macom deve aparar) a tais regalias e, para nao perdé-las, o segredo deveria ser guardado a sete chaves pelos filiados. Eram principios e fundamentos filoséficos milenares, ¢ essas Guildas (na Inglaterra), Compagnonnage (na Franga), Steinmet- zen (na Alemanha), que representavam nticleos de trabalho, acabaram se tornando a Magonaria Operativa ou de Oficio. A Igreja Catdlica Apostélica Romana aproveitou o sistema feudal como terreno fértil para seu crescimento. Além do mais era a maior proprietéria de terras. Os mosteitos proliferaram nos feudos onde a igreja detinha o poder politico, econdmico, cultural ¢ cientifico da época, Sendo assim, os clérigos comegam a implicar e criticar as reunides das guildas, pois havia banquetes, uma pritica de origem paga. Porém, para abrandar a firria dos clérigos, cada guilda tinha um santo catdlico como patrono. Maconaria Especulativa A Maconaria Especulativa emerge nos moldes da Magonaria Opera- tiva, mas acrescida de elementos do Iluminismo, do racha com a Igreja, e a reconstrugao de Londres (berso da Maconaria regular). As construgées foram ficando dispendiosas. Ao feudalismo se sobrepds o mercantilismo e o poder da igteja enfra- queceu com as dissidéncias internas. Para completar, o Tuminismo traz a luz da razao e a ciéncia para explicar a origem do Universo, em vez de basear-se apenas na fé proposta pela Igreja. O ideal dos iluministas era a extensio dos principios do conhecimento critico a todos os campos do mundo humano. Queriam o progresso da humanidade e sair fora da tira- nia e superstigao que imperou na Idade Médit A maior parte dos iluministas via no ideal de conhecimento critico uma tarefa de melhorar o estado e a sociedade. Os homens podiam fazer este mundo melhor mediante introspec¢ao, livre exercicio das ca- pacidades humanas e do engajamento politico-social. Immanuel Kant, um dos expoentes do iluminismo, revela: “O Iluminismo representa a saida dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se im- puseram a si. Tutelados sao aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da propria razao independentemente da direcao de outrem. E-se culpado da propria tutelagem quando esta resulta nao de uma deficiéncia do entendimento, mas da falta de resolucdo e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da diregao de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua propria razdo! — esse é 0 lema do Iluminismo’. Em setembro de 1666 houve o grande incéndio de Londres. A re- construgao da cidade teve a participacao de muitos pedreiros. Assim, a Inglaterra torna-se a origem da Maconaria Especulativa que comega a aceitar outras classes de artifices que for- mam corporasées e adotam costumes dos pedreiros nas reuniées como 0 reconhecimento dos filiados por meio des sinais préprios de cada corporacao. As corporagées cresceram. Seus segredos nao eram mais guardados a sete chaves, e sim estudados por quem quisesse. Tal aber- tura foi muito util naquele momento, pois construir edificios fisicos deu lugar a construgao do edificio social ideal. O primeiro Magom Especulativo foi John Boswell, Lord de Auchin- leck, em 1600 na cidade de Edimburgo. > PEDREIRO O oficio de pedreiro existe desde o inicio dos tempos. Sé0 homens que sabem trabalhar a pedra, um material duradouro que sobrevive 8s Gvilizabes por meio da construgéo de edficos, estétuas, aquedutos, pontes, castelos e catedrais. KANT j O prussiano Immanuel Kant (| 724—| 804) € 0 ultimo grande fildsofo dos principios da Era Moderna, Ele desenvolveu a flosoia moral em trés obras: Fundamentagao da Metafisica dos Costumes (1785), Critica da Razio Prética (|788) e Critica do |ulgamento (1790). Kant & conhecido pela teoria sobre uma obrigagdo moral nica e geral, que expla todas as outras obrigagdes morals que temos, 0 imperativo categbrico ‘Age de tal modo que a maxima da tua agao se possa tomar principio de uma legislagao universal’. 14 Documentos historicos Por volta do século VI surgem as associages mondsticas formadas por clérigos que conheciam a arte de construir, segredo restrito aos conventos devido as invasdes e guerras e acolhida a arquitetos em fuga. A partir do século X, os frades construtores comegaram preparar leigos e isso gerou confrarias leigas com influéncia do clero. Em 926 ocorre a Convengao de York, quando o rei Athelstan, apés ven- cer os escoceses, passa pela cidade de York e se retine com os Colideus na catedral de Sio Pedro. Ele pede a todos os construtores que se ajuntem ali, pois visava reparar seus prejuizos com as guerras. York tinha muitas confrarias de construtores. Foi fundada quando Quintus Petillius Cerialis invadiu a Brigantia (Umbria) e acampou entre os rios Ouse e Foos em 71 d.C, Nesse local ergueram o forte Eboracum que entao virou cidade. Ainda em 926 o principe Edwin (filho de Athelstan) concede Carta Constitutiva a Loja de York e se torna seu primeiro venerdvel-mestre. A carta contém um estatuto que deveria ser seguido como lei suprema pela confraria. A Carta de York é 0 primeiro documento que cita a palavra Loja como indicativo de corporagio. Outros documentos magénicos antigos conhecidos sao: a Carta de Bolonha e o Poema Régio. O texto da Carta de Bolonha foi escrito em latim pelo tabeliao Bo- nifacii de Cario, sob a ordem do Prefeito da cidade italiana de Bolonha em 8 de agosto de 1248. O historiador espanhol, padre Ferrer Benimeli, especializado em Magonaria, traduziu e comenta: “Tanto pelo aspecto ju- ridico, quanto pelo simbélico e representativo, 0 Estatuto de Bolonha de 1248 com seus documentos anexos nos coloca em contato com uma ALTHESTAN Em 926 d.C. 0 rei Athelstan, apds vencer os escoceses, passa por York onde se rene com os Colideus na catedral de Sao Pedro e proclama um édito para que todos os macons se retinam na cidade para tratar de assuntos pertinentes @ associa¢ao de construtores. Nessa época, seu filho, 0 principe Edwin, concede Carta Constitutiva a Loja de York e se torna ento 0 seu primeiro venerével- mestre. experiéncia construtiva que nao foi conhecida e que interessa a moderna historiografia internacional, sobretudo da Magonaria, porque situa-se, pela sua cronologia e importancia, até agora nao conhecida, a altura do manuscrito britanico “Poema Regius”, do qual é muito anterior e que até hoje tem sido considerado a obra mais antiga e importante’. Apés os Estatutos de Bolonha de 1248 vieram os de 1254/1256, mas em 1257 houve a separacao entre os Mestres do Muro (pedreiros) e os Mestres da Madeira (marceneiros) — na época uma corporagio tinica, em- bora separados nas assembleias, eles tinham os mesmos chefes. Tudo leva a crer que em 1723, quando James Anderson compilou os dados para publicar as Constituigdes de Anderson, certamente também consultou a Carta de Bolonha. O Poema Régio (Regius Poem) ou Manuscrito Halliwell (sobrenome de seu descobridor) foi redigido por volta de 1390 em inglés arcaico em um pergaminho. Cré-se que as 64 partes sio cépias de um documento mais antigo ainda com lendas, fatos biblicos, descrigdes de artes e normas. O documento cita o rei Athelstan (924-939) e sua convocagio de operd- rios para definir leis, regras e precos do oficio. Outros documentos antigos e interessantes sobre a Magonaria Ope- rativa sio: “Preambolo Veneziano dei Taiapiera” (1307); “Manuscrito de Cooke” (1430/40);“Manuscrito de Estrasburgo” (1488). Origem do nome Maconaria © nome“magonaria’ est envolvido com trabalhadores de pedras, cons- trutores, edificios. A palavra francesa “magonnerie” e a inglesa “masonry” I 7 aprunt confittuccone S- Ph aniccecic artis gemetrie (tdm Euclide FH ce Bolonha(|2: Hole Wol Loye Uel-rede and [ke foi reproduzida no livro We map finde Whypee yatebotel, En Solon, Aree Af grec lovdv8- and ee aap yi(e pals Sociedade, desde suas ar bye mons chpldssn-» Ferep thpife- t Wie ne Combe. ue hee p> | OreesatécoSéalo Mabu'pa eolbne ng felt ap fepeh ——O [XVII publcado em evddnlel 0 ged™ pes corbye heen eke 1981 pelo Collegio IP caieyine: fox pete hyloayn fake — del Costruttori Edlli di Wo yoo muzeh beft lea here bife Bologna, Br ute gree Wfefe- AE AND fry. Ano moft for ye multpeude. J Was compus’e Ff here dpldrpn- afeyere ypmdy * jemte penne afeGrere clerbps Bo cechim hem yenne-gote Werl 8 L > ASHMOLE Elias Ashmole (1617-1692), alm de antiquario, Politica, oficial de armas foi astrdlogo e alquimista. Apoiou a realeza durante a Guerra Civil Inglesa € apds a restauracéo de Charles Il 20 trono foi ecompensado com varios cargos lucrativos, O. ‘Ashmolean Museum, fundado em 24 de mato de 1683, hoje é administrado pe'a Universidade de Oxford e mantém seu foco na Arte ena Arqueologia. 18 significam “construgéo”, mas tal significado também se refere A constru- gio de um homem melhor. Havia dois tipos de pedreiros: o rough mason (pedreiro bruto) que trabalhava com a pedra sem dar-lhe forma, e 0 free mason (pedreiro livre) que detinha o segredo de dar forma 4 pedra bruta. A pedra bruta simboliza as “arestas” da personalidade que 0 magom deve aparar para se aperfeigoar. Tais arestas so os vicios, a falta da moral, ou seja: todos os defeitos humanos! Mas e franco-macons? “Franco” quer dizer “desembaracado’, ‘livre’, por- tanto do termo inglés “freemason” significa “magom-livre” ou “franco-ma- com’, Lembrando que na Idade Média os “freestones” (pedreiros-livres ou auténomos) eram aqueles que trabalhavam com um calcério aplainado ou arenito chamado de cantaria, um tipo de pedra que podia ser cortada sem trincar, © termo“free-mason” (franco-magom) sé a aparece em 1375, sendo que em 1656 a Companhia de Pedreitos de Londres retirou a palavra free’ ficando apenas “magom’, pois comegou a receber membros nao-pedreiros: chamados especulativos, livres ou aceitos. O termo‘livre e aceito” foi usado pela primeira vez na The Old Constitui- tions, publicada por J. Roberts em 1722 da Sociedade Antiga e Honordvel de Macons Livres e Aceitos. O“aceito” significava que a Fraternidade Interna de Macons Especulativos, dentro da Companhia de Venerdveis Pedreiros de Londres, aceitava membros operativos por aprendizado ou patriménio. A Macgonaria Moderna O primeiro a usar a palavra“macom’ foi o antiquério inglés, estudante de alquimia ¢ rosa-cruz, Elias Ashmole (1617-1692). Em 1650 publicou 0 Fasciculo Chemicus (como James Hasholle), uma tradugao para o inglés de dois trabalhos alquimicos latinos. Em 1652 publicou sua melhor obra: Theatrum Chemicum Britannicum, poemas alquimicos com notas expli- cativas. Em 16 de outubro de 1646 ele escreve em seu diario: "Fui feito magom livre em Warrington, em Lancashire, por Henry Mainwaring (seu sogro), de Karincham, em Cheshire’. Em 1682 Ashmole ainda ia as reunides, pois em 11 de marco registrou em seu didrio que foi a um jantar na Mason’ Hall, em Londres. Nessa época nfo havia rituais com graus na Maconaria, apenas dois graus levavam o magom A iniciag4o: a Recepgao do Candidato e a Passa- gem do Aprendiz para o Grau de Companheiro — preceitos, sem ditvida, baseados na Carta de York de 926 d.C. A Maconaria Moderna surge em 24 de junho 1717 (Dia de Sao Joao Batista) quando quatro macons londrinos praticantes dos rituais transcri- tos por Elias Ashmole se encontram na cervejaria Goose & Gridiron de St. Paul. Nesse dia é criada a Grande Loja da Inglaterra. O quarto magom, Anthony Sayer, nao era pedreiro, mas sim membro da Loja Apple Tree Ta- vern (hoje Fortitude and Old Cumberland N°12) e tornou-se grao-diretor sénior da Grande Loja da Inglaterra. Em 1718 Anthony Sayer foi sucedi- do por George Payne, mas tornou-se guardiao da Loja Old King Arms 1n°28 — na qual est4 registrada sua morte em 6 de janeiro de 1742. Em 1719, 0 clérigo John Theophilus Desaguliers substituiu George Payne. O francés Desaguliers era membro da Royal Society de Londres desde 29 de julho de 1714 da qual recebeu medalhas Copley (1734 ¢ 1736) e em 1741 por descobrir as propriedades da eletricidade. Desaguliers ajudou Isaac Newton em suas incontaveis experiéncias, 20 Em 1720 George Payne volta ao cargo e compila os Regulamentos Ge- rais. Em 1721 0 grao-mestre era John Montagu, o duque de Montagu, aprova os Regulamentos e fica no cargo até 1723 quando é publicado os Regulamentos Gerais ou“Constituigao de Anderson” (baseada nos antigos estatutos), O texto foi escrito pelo pastor presbiteriano James Anderson veio a luz em 24 de junho de 1723. Nesse momento a Magonaria Opera- tiva dé lugar A Simbélica. Nessa obra aparece pela primeira vez a palavra landmark, depois suprida por rules (regras). ‘A Grande Loja torna-se 0 corpo regulador dos macons na Inglaterra, propicia a filiagao de membros estrangeiros e tem autoridade para fazer novos regulamentos ou alteré-los em beneficios da Ordem, mas sem mu- dar os landmarks. Em inglés os landmarks sao “pontos de referéncia’,“mar- cos”, preceitos antigos ¢ inalterdveis, cujo objetivo é mantet a unidade ma- génica mundial. Um dos preceitos é a obrigatoriedade dos magons filiados crerem num ser superior (O Grande Arquiteto do Universo). Segundo o historiador americano Mark Tabbert, curador de colegdes magénicas, as regulamentagées atuais dos landmarks sdo derivadas das re- gras medievais dos pedreiros ancestrais. Cabe a Albert Gallatin Mackey — iniciado em 1841 na Loja Saint An- drews N°10 (Carolina do Sul) — a classificacéo dos landmarks em seu ar- tigo “As Fundagées da Lei Magénica” que escreveu para a revista American Quarterly Review of Freemasonry, em 1858. Ele destacava trés caracteris- ticas basicas: antiguidade imemorial nocional; universalidade; e absoluta irrevogabilidade, que depois incluiu em seu livro “Text Book of Masonic Jurisprudence’, Os 25 landmarks foram logo em seguida adotados por vi- rias Grandes Lojas americanas. 21 > SAYER r Em 24 de junho de 1717: ‘Antes do Jantar, o mais antigo mestre-macom na presid&ncia propds uma lista de candidatos, e os Irmios elegeram por maioria o cavalheiro Anthony Sayer (1672-1741) gFdo-mestre de macons, sendo empossaco em seguida e felictado pela assemnbleia que Ihe prestou a homenagem’. > MACKEY > MONTAGU : 02 duque de Montag (1690-1749) sucedeu Bee oe eT da Loja Solomon N°! (Charleston). Tornou-se Cavaleiro Templirio em South Carolina Encampment N°| em 1842 e comandante em 1844. Em 1851 fundou a Loja Landmark N°76 da George Payne como gréo-mestre da Primeira Grande Loja de Londres (| 82). Foi também © primeiro gréo-mestre da Ordem do Banho (1725), Famoso pela caridade, entre seus feitos esté o fnanciamento dos estudos de 5 4 dois estudantes negros, Ignatius Sancho e ae Dae ceao z de 1842-1867. Imagem: Grand Lodge ee eae of Brtish Columbia and ikon AE > FREDERICK Frederick Louis nasceu em | de fevereiro de 1707. Mantinha relacio hostil com os pais e dedicava-se a extravagincias como pintar, Patrocinar artistas e ser memibro do clube orgiaco Hell Fire. Gostava de misica e criquete, esporte popular na época, do qual teve um time. Faleceu em 3| de margo de 175! 22 A expansao e o grande racha da Maconaria Em 1723 a Grande Loja controlava mais de 100 lojas na Inglaterra e Pais de Gales e autorizou a abertura de lojas na Itlanda (1725), Franga (1728), América do Norte (1733), Escécia (1736), depois Austrélia, Africa e América do Sul. Na Inglaterra as reunides eram anunciadas nos jornais locais. Isso atrafa atengao do piiblico e os jornais publicavam ensaios revelando “segredos magénicos” para aumentar as vendas, Tal publicidade gerou interesse de aris- tocratas, nobres e de profissionais querendo se filiar, até atingir a realeza. Em 1737 Frederick Louis (principe de Gales e duque de Edimburgo) foi iniciado. Ele gostava de pintar, patrocinava artistas, se interessava por mitisica e jogo de criquete. Antes de falecer em 31 de marco de 1751, doou © Poema Régio ao Museu Britanico. Na época, muitos irlandeses chegavam a Inglaterra. A maioria era de magons com dificuldades para entrar nas lojas inglesas. Havia um clima pesado entre a Grande Loja da Inglaterra e as Grandes Lojas da Irlanda e Escécia. Macons irlandeses e escoceses vivendo na Inglaterra acusavam a Grande Loja inglesa de nao seguir as praticas outorgadas pela Carta de York de 926 d.C, Sentindo-se segregados, entraram em lojas inglesas in- dependentes (nao-filiadas 4 Grande Loja). Em 17 de julho de 1751, representantes de cinco lojas independentes se reuniram na Taverna Cabega do Turco, em Soho, e fundaram a“Grande Loja dos Livres e Aceitos Magons da Inglaterra de Acordo com as An- tigas Instituigées’. Convencidos de que praticavam a antiga Maconaria, chamavam-se de “Antigos” e entao, ironicamente, apelidaram os membros da Grande Loja inglesa de“Modernos’. ANTIGOS X MODERNOS Macons irlandeses escoceses trabalhando na Inglaterra se revoltaram com as mudancas da GLUI e com a postura requintada de seus membros. Eles queriam seguir as normas da Carta de York. Cansados de esperar uma solugdo inglesa, fundam em |7 de julho de 175! a ‘Antiga Grande Loja”. Mesmo com as diferengas, as duas Grandes Lojas co-existiram na In- glaterra e também fora dela por 63 anos, mas uma nao reconhecia os filia- dos da outra como sendo macons regulares. Portanto, havia membros atu- ando em ambas as Grandes Lojas. ‘Tanto os Antigos quanto os Modernos tiveram lojas filiais pelo mundo todo. Talvez essa seja uma das razées de haver tantas variedades de rituais. Antigos e Modernos apertam as maos Com 0 fim da Revolugdo Francesa, 0 Parlamento inglés elaborou varios atos para restringir a atuagio de sindicatos, clubes politicos ¢ outras orga- nizagées “subversivas’. O ato “Sociedades Ilegais” (1799) proibia reunides 24 de grupos que exigiam dos membros juramentos ou obrigagdes. O conde de Moira (grio-mestre interino da Grande Loja da Inglaterra) e o duque de Atholl (grao-mestre da Antiga Grande Loja) foram até o primeiro-mi- nistro William Pitt e lhe esclareceram que a Magonaria comungava com a lei, era oficial e visava apenas obras beneficentes. Tal argumento livrou a Magonaria dos termos do Ato. No entanto, uma vez por ano, cada secre- tario de loja devia fazer uma lista dos membros da loja (idade, profissao e enderego) junto com o escriturdrio local. Ou seja: um cadastro de controle. Em 1809 as duas Grandes Lojas nomearam representantes para fir- mar uma uniao — sé efetivada em 27 de dezembro de 1813 — num ri- tual no Salo dos Magons na Grande Loja da Inglaterra. As duas par- tes acolheram a criagio da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) cujo grao-mestre seria Augustus Frederick, duque de Sussex (1773- 1843), filho de George III e neto de Frederick Louis (aquele que gostava de criquete e até montou uma equipe). A uniao das lojas consolidou, padronizou a administragio basica da Maconaria — em uso até hoje — e adotou um ritual padrao. As lojas fora da Inglaterra, agrupadas em provincias, seriam lideradas por um grao-mestre-provincial designado pelo grio-mestre. Uma lista de pro- pésitos gerais foi elaborada para a politica interna. Dois anos depois, a GLUI incluiu nas Constituigées de Ander- son: “Tenha um homem a religido ou forma de culto que tiver, ele nao sera exclufdo da Ordem, contanto que acredite no glorioso Arquiteto do Céu e da Terra, e pratique os deveres sagrados de moralidade’. Com 0 advento das estradas de ferro, a comunicagao entre a Grande Loja e as lojas provinciais era rapida e eficiente. O mimero de lojas cresceu ea participagéo de macons na comunidade aumentou, mas 0 grande im- pulso foi dado por Albert Edward, principe de Gales, ao tornar-se grio- mestre da GLUI em 1874. Maconaria inglesa rompe com a francesa Em 1728 surge a Grande Loja de Franga e em 1738 torna-se o Grande Oriente de Franca (GOF). Nesse mesmo ano, a publicagao da edigao re- visada e aumentada das Constituigdes de Anderson, fomentou mudangas. Em 1761 foi criado 0 Rito Moderno e reconhecido pelo GOF em 1773, ano em que foi oficializado. Em 1778 0 filésofo francés, Francois Marie Arouet (Voltaire) iniciado na Loja das Nove Irmas. Voltaire revela & elite da Maconaria francesa 0 deismo — postura filoséfica que admite a existéncia de um Deus criador, mas questiona a ideia de revelacao divina. O conceito estava em harmonia com as Constituigdes de 1723 (nao da de 1738). O rito francés da época nao fazia mengio a Deus nem a GADU, mas 0 iniciante prestava juramento a esse tiltimo. A Magonaria se expande na Franga e surgem varias lojas e capitulos. Cria-se uma doutrina prépria dos altos graus para cessar a propagacao inémeros graus e rituais. Em 1782 0 GOF cria uma Camara de Alcos Graus e publica uma circular (1784) firmando a reunificagao de Sete So- beranos Capitulos Rosa-Cruz e criando uma nova instituigao: 0 Grande Capitulo Geral de Franca para ser a “Assembléia Geral de todos os So- beranos Capitulos que existem ou que venham a existir regularmente no pais” e que“nio afiliaré nenhum Soberano Capitulo que nao seja portador de constituigées outorgadas pelo Grande Oriente de Franga’. A frente do 25 26 Capitulo Geral estava Roettiers de Montaleau que faz um levantamento dos graus existentes redige um ritual apropriado, Na Convengao de 1849 o GOF adota a primeira Constitui¢ao da Obe- diéncia que tinha apenas regulamentos gerais. O 1° artigo reza:"A Mago- naria, instituicdo essencialmente filantrépica, filosdfica e progressista, tem por base a existéncia de Deus (landmark 19) e a imortalidade da alma (landmark 20); ela tem por objeto o exercicio da beneficéncia, o estudo da moral universal, das ciéncias e das artes, e a pratica de todas as virtudes. Sua divisa tem a sido de todos os tempos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade’. No Congreso de Lausanne (1875), na Suiga, fez-se uma revisio da Constituigao e em 1877 a Assembléia Geral do Grande Oriente de Fran- ca aboliu das préticas 0 conceito de GADU ¢ 0 juramento sobre a Biblia (landmark 21). Nao se exigia mais a crenga em Deus por respeito & li- berdade religiosa e de pensamento. Explicando: nao era uma afirmagio a0 ateismo, mas um respeito a liberdade religiosa e de consciéncia, pois 0 conceito religioso de uma pessoa deve ser intimo e nao imposto. O GOF queria demonstrar 0 maximo de escrdipulos junto aos filiados, rejeitando qualquer afirmagao dogmética. Mas a reforma gerou polémicas. Algumas lojas francesas abandonaram o GOF e formaram a Grande Loja Simbélica Escocesa. A Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) tachou o Grande Oriente de Franca (GOF) de irregular por nao seguir as Constituigdes de Ander- son: “Um macom é obrigado, por dever de oficio, a obedecer a Lei Mo- ral; e se compreende corretamente a Arte, nunca serd um esttpido ateu nem um libertino irreligioso. Apesar de em tempos antigos os magons > ATHOLL John Murray (1729-1774), 3° duque de Athol, foi membro do Parlamento para Perthshire de [761 até 764, Foitambém gro-mestre da Grande Loja da Escéa (undada em |736) de 1773 até 1774 da qual eu tho, 04 dugue de Athol, também foigo-mesre de 1778 até 1780. » SUSSEX duque de Sussex foi eleto presidente da Sociedade de Artes em 1816 e manteve o posto a vida toda. Ele também ocupou postos honorarios de capitio-geral e coronel da Companhia de artharia (1817) efi presente da Sociedade Real entre 1830 e 1838. 28 serem obrigados a adotar a religido do Pais ou nagéo, qualquer que fosse, hoje se pensa que é acertado somente obrigd-los a adotar aquela religido com a qual todos os homens concordam, guardando suas opini- Ges particulares para si préprios; isto é, serem homens bons e leais, ou homens de honra e honestidade, qualquer que seja a denominagao ou conviceao que os possam distinguir; por isso a Magonaria se torna um centro da unio e um meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que de outra forma permaneceriam em perpétua distancia’. Para a maioria dos magons franceses “a religido que todos os homens concordam’ era a religizo sem dogmas da qual falava Voltaire no seu Di- ciondrio Filoséfico (1764): “O Deus dos fildsofos das Luzes, que era o grande denominador comum da natureza e do cosmo, sem que lhe fosse necessdrio recorrer a manifestacées sobrenaturais’. Segundo eles, estava sendo imposto um Deus pessoal dos cristos e ju- deus em vez de um Princfpio Criador impessoal. Portanto estavam dentro das Constituigoes de Anderson de 1723 e nao da revisada publicada em 1738. Conforme o pensamento inglés da época 0 atefsmo era contrario ao bom uso da taz4o, assim a GLUI rompe com 0 GOF, nao s6 pela questao doutrindria, mas porque o GOF permitia abordagem de assuntos politicos ¢ religiosos e aceitava mulheres. No modo de ver dos franceses, os assun- tos politicos e religiosos eram abordados sem proselitismo e as mulheres aceitas na o eram iniciadas. Em 1894 o Supremo Conselho de Franga concedeu a supervisio in- dependente dos trés graus simbélicos basicos que unidos 4 Grande Loja Simbélica Escocesa reconstituiram a Grande Loja de Franga, obediéncia que pratica a Maconaria tradicional (ou regular). » VOLTAIRE Um dos maiores pensadores de seu tempo, Voltaire, tinha um texto agressivo e inteligente pelo qual manifestava crticas acidas,irdnicas € sarcésticas, Com humor castigou reis, nobres, ministros, religides, teoras centficas e flosoficas. O "Dicionario flosifico" ¢ o seu trabalho mais signticativo, Quadro: “FilGsofo em Meditacéo” de Rembrandt Harmensz van Rn (1633) 29 O sistema de Grande Oriente da Franga inspirou o Brasil, que manteve © sistema de Grande Loja, entretanto acrescentou-lhe caracteristicas pré- prias como veremos a seguir. Maconaria no Brasil Apésa fase de exploragao do pau-brasil, a povoacao comesa com a vinda de Martim Afonso de Sousa em 1530 e a fundacao da vila de Sao Vicente em 1532, seguida pela implantagao do sistema de Capitanias Hereditarias em 1534, Em 1555 a Franga ocupa a cidade de Sao Sebastido do Rio de Janeiro (Franga Antartica) e entre 1594-1612 a ilha de Sao Luis do Ma- ranhao (Franga Equinocial). Em 1624 a Holanda invade Salvador, Bahia, e entre 1630-1654 se estende a Olinda e Recife, capitania de Pernambu- co. Em meio a esses estrangeiros, alguns macons entraram em nosso pais como 0 macom inglés, Thomas Lindley. Preso ao chegar a Bahia, disse ter sido ajudado por “irmaos" a fugir de seu pais no barco de um magom. Na luta contra 0 colonialismo portugués estavam envolvidos varios macons. A Insurrei¢éo Mineira, iniciada em Vila (1789) contra as taxas abusivas do reino, foi fomentada por José Alvares Maciel com ajuda de in- telectuais, militares e sacerdotes coniventes com as idéias libertarias mag6- nicas: Claudio Manoel da Costa, Inacio José de Alvarenga Peixoto, Tomas Anténio Gonzaga, cénego Luis Vieira, padre Rolim, padre Carlos Toledo, tenente-coronel Freire de Andrade, sargento-mor Luiz Piza e o alferes Jo- aquim José da Silva Xavier — 0 Tiradentes — que, por nao ser padre, nem militar de alta patente ou desembargador, foi executado em 21 de abril de 1792. Diz-se que Tiradentes fora iniciado por Maciel, que freqiientava 0 32 grupo magénico de Francisco Miranda em Londres (interessado na inde- pendéncia dos paises ibero-americanos), mas nao ha provas. Outro ativista magénico foi o almirante Aristide Aubert Dupetit Thou- ars, que veio ao Brasil em 1791 para fazer pesquisa cientifica ou, segundo outras fontes, para fugir dos momentos ruins na Franga. Na Bahia ele fun- dou o grupo Os Cavaleiros da Luz — ordem secreta fundada por Frederico da Prassia em 1760 na qual se praticava magia e alquimia. Esse grupo tinha certa ligagao com a Maconaria e pregava:“A vida toda numa batalha contra intolerancia, injustiga, e obscurantismo!”, Enfim, o revoluciondrio Dupetit voltou 4 Franga (entao com momentos bons) e seu trabalho foi continuado por Larcher que chegara a Salvador em 1796. Outra fonte cita que 0 capitao Larcher fundou nessa época uma loja magénica com o nome de Cavaleiros da Luz — que seria a primeira loja brasileira, - 0 nome confere, mas nao ha provas. Monsenhor Munis Tavares cita em seu livro “A Histéria da Revolucao de 1817” que varias ordens secretas tiveram influéncia de revoluciondrios franceses como “O Aredépago de Itambé’, fundado por Manuel de Arruda Camara do qual o padre catélico Joi Ribeiro Pessoa era membro. Havia também as “academias” de Pernambuco, A “Suassuna’” foi funda- da pelo Coronel Francisco de Paula de Cavalcanti Albuquerque (Coronel Suassuna), Frei Caneca, e 0 presidente o Supremo Tribunal provincial, Anténio Carlos Ribeiro de Andrada, A “Academia do Paraiso” foi continu- ada pelo padre catélico Joao Ribeiro Pessoa, cujas reunides eram na capela de Nossa Senhora de Paraiso. Tais associagdes agiram contra colonialismo no Nordeste, especialmente Pernambuco. Formavam uma rede de intelec- tuais focados nos novos ideais vindos do velho Continente. » TOMAS Tom's AntBnio Gonzaga rasceu em 1744. Foi urista e escrtor, Teve discreta participagio na Inconfidéncia Mineira, mas, Quando 0 governac acusado de conspiragao, foi preso em 1789. (Visconde de Barbacena) mandou prender Cumpriu pena de trés anos na Fortaleza da (0s conjurados (| 789), o inconfidente Joaquim Ilha das Cobras (Rio de Janeiro), tempo em José da Silva Xavier (Tiradentes) escondeu-se que escreveu Marla de Dirceu”, mas nio ha racasa de um amigo no Rio de janeiro, assinatura nas poesias, Em 1792 fl desterrado mas o\ dedurado pelo coronel portugues para Mocambique onde cumprira dez anos ed Joaquim Sivério dos Re's que depois recebeu morreu em 1810. a coroa o titulo de Fidalgo, pela delacdo. » ARRUDA Manuel Arruda Camara nasceu na Paraiba numa fala de critos novos. Médico pela Universidade de Montpellier (Franca) contribuiu para a Botanica e Ciéncias Naturals catalogando varias espécies novas entre 1793-1799, Atuou em movimentos lberais no Brasil Império. Fundou o Aregpago de també (|796), uma sociedade filosGfica de caréter liberal, fechado em 1802, mas tarde reaberto como Academia dos Suassunas, A Maconaria portuguesa A Magonaria em Portugal, segundo o historiador Oliveira Marques, chegou em 1727 por comerciantes ingleses que moravam em Lisboa, pois ha uma loja registrada nos arquivos da Inquisi¢io como “Hereges Mer- cantes’. A loja se regularizou em 1735 ao receber sua admissio 4 Grande Loja da Inglaterra, Uma segunda loja foi fundada em 1733, por George Gordon, enviado pela Magonaria inglesa. Era a“Casa Real dos Pedreiros- Livres da Lusitania’. Em 1738 foi dissolvida pelo papa Clemente XII e os membros foram para Loja dos Hereges. Uma terceira loja foi fundada em Lisboa, em 1741, por John Coustos, suico naturalizado inglés, iniciado em 1730 numa loja londrina, Morou em Paris onde se tornou Veneravel Mes- tre de uma loja na qual presidiu & iniciagio do Duque de Villeroy. Foi para Portugal visando emigrar para o Brasil, via Lisboa, mas gostou da cidade ¢ instalou-se como lapidario de diamantes. Com a perseguigio de macons, sua loja bate colunas em 1755. Entre 1760-70 os magons nao s4o mais perseguidos pela Inquisigéo ea Magonaria retoma forga e vigor angariando membros do exército, aristo- cracia e classes mais instrufdas. Em 1763 surge uma loja inglesa e uma obediéncia francesa em Lisboa; uma Loja em Elvas, chefiada pelo Bario Von Rieppe e outra em Valenga. Em 1768, Barthélemy Andrieu du Boulay funda no Funchal uma loja com franceses, ingleses e nobres portugueses. Em 24 de fevereiro de 1777 morre o rei D. José, sucedido por Dona Ma- ria I que ressuscita a intolerdncia politico-religiosa contra magons. O mar- qués de Pombal é deposto ¢ exilado. Seguem-se perseguigdes e repressio.

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