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As percep¢oées culturais do tempo: um estudo comparativo entre Brasil e Franca Jean-Claude Usunier Professor da Universidade de Ciéncias Sociais de Grenoble Resumo ‘A questio das percepgées temporais € de grande importincia, quer para ‘marketing (comportamento do consumidor, negociagao comercial), quer a nivel de planejamento. O objetivo desta pesquisa foi estudar as variagoes culturais dos comportamentos temporais, comparando Brasil e Franca, ‘A dimensio inter-regional foi dada através da comparagéo entre as regides norte e sul dos dois patses. (Os dados foram coletados pela aplicacio de questionfrio¢ os resultados, obtidos analisados, particularmente, quanto a problemas associados & validade da escala proposta para medir os comportamentos temporais. artigo analisa ainda os limites da pesquisa em relaco aos principais problemas metodologicos encoatrados nos estudos interculturais. Desenvolvimentos futuros so propostos na concluso. Palavras-chave: # percepgbes culturais © percepgdes temporais, Revista de Adminisvagto, Sto Paulo 24(3)69-81, juhoraetambro 1989 INTRODUCAO Numerosos estudos no domfaio da gestio utilizam, como quadro de referéncia, o comportamento em relacdo a0 tempo (Hawes, 1980). Esta pesquisa segue a mesma perspectiva: visa identificar os comportamentos temporais dos brasileiros em relacéo aos dos franceses. Assim, ins- creve-se no contexto mais lato duma pesquisa sobre a negociagéo comercial internacional quando ela incida, particularmente, nos prazos de entrega. Este artigo apresenta, na primeira parte, as diferentes dimensdes da percepgio do tempo, identificadas a partir da literatura. A seguir aborda 0 método que foi utilizado para testar estas diferengas, sob a forma de questiondrio aplicado a uma amosiea de 200 individuos (178 validos), no Brasil c na Franga, distinglindo, em cada pats, o Sul ¢ ‘Norte, Na terceira parte sio apresentados os resultados. ‘A seguir procedemos a sua andlise criticae, em particular, do instrumental que foi construido para medi as percep- es do tempo, Finalmente, sugerimos melhoramentos € desenvolvimentos futuros. AS DIMENSOES DA PERCEPCAO DO TEMPO O conceito de tempo ou de comportamento temporal foi objeto de estudo em numerosas dsciplinas cientficas Gacoby, Szypillo & Berning, 1976; Feldman & Hornik, 1981). Ao mesmo tempo, encontramos numerosas con Duigdes em 4rcas diversas como psicologia, economia, sociologia,teologia,lingustica, matemética, fisica, antro- pologia ou, ainda, literatura, Todavia, no campo da gestdo, aimportincia dotempo parece indiscutfvel: ele €entendido como linear, continuo © econdmico. E 0 tempo “Anglo” (Graham, 1981) da sociedade norte-americana; subjacente a quasetotalidade da literatura que produziu as teorias da organizacioe da rmotivagio, as quais se impuseram ,praticamente, em todo © mundo, mesmo quando néo se ajustavam as culturas, especificas (Hofstede, 1980). ‘As perspectivas enciclopédicas do conceito de tempo (Attali, 1982; Pomian, 1984) colocam em evidéncia a exis téncia de diversos conceitos de tempo aolongo dahistria. Estas perspectivas so importantes segundo, pelo menos, tr8s pontos de vista: « clas demonstram que as relagdes.com 0 tempo evolut- ram em paralelo com o desenvolvimento da humanida- dee que, a cada visio dotempo, corresponde uma visio do mundo, da sua origem ¢ do seu destino; « afirmam sobre as fungées do tempo, particularmente em termos de inovacdo, de organizagao social (A\tali, 1982; Hall, 1984; Zerubavel, 1981) e de sincronizagao de comportamento dos indus (Ata 1982; Hal, 1984); cy ‘© mostram-nos que um tempo nunca climinow completa mente um outro, Cada tempo novo sobrepte-se a0 que dominava anteriormente, 0 que faz com que as nogdes dde tempo resultem da sobreposigSo ou mesmo mistura de-virias percepgées de tempo. dera, implicta ou explicitamente, a visio do tempo como cultural, Perceber ou tratar otempo de uma certa maneira 6 ter uma certa visio do mundo: “Time occupies « promi- rnent place in ‘the model of the world’ characterizing a given culture” (Gurevitch, 1976:229). As numerosas observagées antropologicas disponfveis esclarecem ser impossivel as- sumir que.o homem nasceu com qualquer tipo de “sentido temporal”. Os seus conceitos temporais séo sempre for- mados através da cultura (Hallowell, 1955), ¢ a sua visio do tempo é limitada pelo sistema cultural em que vive (Metraux, 1967). Para este estudo foram consideradas trés dimensoes principais da visio do tempo (Usunier, 1987b): ‘¢ avconomicidade do tempo; «a utilizagéo do tempo numa perspectiva monocrénica ‘ou policrénica, + tipo de projecio temporal privilegiado (passado, pre- sente, futuro), ‘Aeconomicidade do tempo Nas culturas do time is money, tipica nos Estados ‘Unidos, o tempo € um recurso econdmico. Dispontvel de forma limitada, deve-se procurar a alocagio étima entre fins concorrentes. Numa sociedade em que 0 tempo ¢ fostemente econdmico, 0 respeito pelos hordtios ¢ pelos cencontros tende, geralmente, a ser muito rigoroso; deixan- do, todavia, espago a uma certa variagéo individual pela iversidade de earacteres de uma cultura nacional homo- sgénea (Usunicr, 1987). Podlemos associar a economicidade do tempo ao tem- po linear-separdvel (Graham, 1981) dos anglo-saxies — 0 tempo “Anglo” mencionado no inicio do artigo — (tempo econdmico, fortemente monocrénico, sociedade da agen- da, com uma forte programagéo do tempo). Graham distingue, por oposicéo, otempo “circular tradicional” dos latino-americanos (tempo menos econdmico, concepgio que valoriza as repetigdes eo aspecto cilico das atividades hhumanas, forte policronismo) ¢ 0 tempo “processual-tra- dicional” dos indios da América do Norte em que importa apenaso “bom momento” para realizar uma tarefa (tempo 1ngo econdmico, linha do tempo quase inexistente, lago muito forte entre as condigSes do meio natural ¢ as atvi- dades humanas, presenga constante do sagrado na vida cotidiana). Pavia de Adminisuagdo, Sdo Paulo 24(3}:60:81,juho/setambro 1989 Monocronismo e policronismo ‘As maneiras de utilizar o tempo, de estruturé-lo em relagio as atividades ¢ & comunicacéo sio muito numero- sas, Duas, entre elas, representam interesse particular para os homens de negécios. Séo conhecidas pelas desig- nagdes de Monocronismo (tempo M) ¢ Policronismo (tempo P) (Hall, 1983). Os individuos, funcionando com o tempo M, execu- tam apenas uma tarefa de cada vez, concentram-se exclu- ivamente sobre o trabalho em execucéo, obedecem rigorosamente a0 plano ou ao programa fixado ¢ dio prioridade ao respeito pelos prazos. Ao contrério, os indi Viduos funcionando com o tempo P fazem varias coisas de cada vez, abandonam ou alteram facilmente o plano de trabalho pré-estabelecido, comunicam-se com diversas [pessoas a0 mesmo tempo ¢ nao hesitam em se ocupar de diversas tarefas simultaneamente. OP.ER.T. € uma tradugio da cultura da agenda, do monocronismo e do tempo fortemente econdmico. Visa cexplicitamente a redugéo de um universo de tarefas poli- cronicas probleméticas a uma solugéo monocrénica (0 caminho critico). Os métodos de gestao — essencialmente de origem anglo-saxdnica — privilegiam a organizac3o monocrénica em prejuizo da policrénica, mais dificil de gerir e de planificar de forma estritamente racional. Do ponto de vista dos prazos, a precisio inerente a0s sistemas monocrénicos faz com’ que 0s compromissos inerentes aos prazos recebam prioridade, enquanto as, sociedades policrénicas teriam maior tendéncia a prio ar 0s compromissos em fungao das pessoas (Hill, 1983). Todavia, todas asculturas desenvolveram técnicas avanga- das, funcionando do modo monocrénico ou do modo policrdnico. Os japoneses so policrénicos em relagéo a eles préprios, mas na sua relagdo com as culturas ociden- tais adotaram o sistema dominante no Ocidente, ou scja, o sistema monocrénico. Esta capacidade dos individuos para mudar de siste- ‘ma temporal, de acordo com os tipos de interacao vividos, pode ser ligada a0 conceito de operating culture de Goodenough (1971). Na sua opiniao, uma cultura € um conjunto de crengas ¢ de normas, partithadas por um grupo de pessoas que ajuda o individuo a decidir (em relagéo a um dado problema ou situagéo), a formar seus juizos, seus sentimentos, a apreciar alternativas e, final- mente, a saber como agit para atingiro resultado. A partir desta definigio, uma cultura nao tem neces- sidade de ser identificada com uma sociedade no seu conjunto; antes deve ser associada a uma ou vérias ativi- dades partilhadas por apenas um grupo limitado de pes- soas. De tal forma que um individuo partiharia diversas culturas (6tnicas, religiosas, profisionais, educacionais, etdrias, classe social ..) com diversos grupos ou pessoas. Em cada situagéo particular, segundo Goodenough, 0 individuo escolhe a cultura a partir da qual deseja desen- volver 0 seu comportamento € as suas atividades. Revista de Administraglo, Sto Paulo 24(3)'69-81,juho(setembro 1989 Tipos de Projecdes Temporais. A idéia de projegéo; do homem sobre 0 meio que 0 ‘cerca, ¢ permanente no campo da psicologia. O espago € ‘0 tempo sio dois cixos privilegiados desta projecdo. As- sim, a cultura material surge como resultado operacional de um conjunto de projegées temporais: construir uma catedral em 50 ou 100 anos. Entre 0s tipos de projegdes temporais podemos dis- tinguirtrés categorias que so universalmente admitidas: passado, presente ¢ futuro. Kluckhohn & Strodtbeck (1961) consideram que as orientagbes temporais podem colocar 0 acento ténico sobre 0 passado, o presente ou 0 futuro, Na sua opinio, nos Estados Unidos, a cultura dominante seria orientada para o futuro, enquanto os hispano-americanos seriam, também, orientados para 0 futuro, prioritariamente, mas em dire¢ao ao presente co- ‘mo segunda alternativa de grande forga, em relagao a uma corientagao para o passado. Ostipos de projegdo temporal exprimem-se de forma ‘operacional em trés niveis:instrumentos ¢ suportes mate- riais da cultura (museus, construgdes, alimentagio,. inguagem e discursos (a que tipo de personagens, de situagdes, de tempos gramaticais,.. fazem apelo?), ¢ atos sociais (carreiras por antiguidade versus estimulo do po- tencial versus julgamento com base nos resultados imedi 105, 0). Uma tentativa de apresentagio sintética das dimensées temporais A figura a seguir apresenta as dimensdes da percep- ‘qo cultural do tempo, demonstrando a diversidade das fontes culturais da percepcao temporal, quer enquanto dimensdesisoladas, quer relativamente a sua interagaona ‘qualidade de sistemas temporais completos, como apre- sentados por Graham (1981). Tempo condo Tempo niooombnico scope ]| [ise Monocronismo|| separivel tradicional | poicronismo "Anal smeriano rojo pan [Projeqdo para o pasado Figura 1 ~ Mapa dos enfoques do tempo. n ‘As hipoteses da pesquisa estudo comparativo entre Franca e Brasil tornava- se, particularmente, atraente & medida que o Brasil é um pais fortemente policrdnico, certamente mais que a Fr sa (Hall, 1973, 1976, 1983). Por outro lado, poder-se-i pensar, @ priori, que 0 tempo € mais econdmico na Franga {que no Brasil, dada a influéncia de uma sociedade indus- trial de implantacdo mais remota. Esta hip6tese ¢ reforga- dda pela idéia de que a Franca é fortemente influenciada pelos paises europeus pr6ximos (Alemanha, Suiga, Reino Unido), que sio mais monocrénicos ¢ tém um tempo econdmico acentuado, Enfim, as projegdes para o passado seriam mais fortes na Franga do que no Brasil, do mesmo modo que as projegies para o futuro seriam mais ortesno Brasil do que nna Franca (sociedade européia de historia muito antiga, face a uma sociedade do Novo Mundo cujas raizes hist6- ricas temontam essencialmente aos séculos XVI, XVIII XIX). O Brasi (oi até periodo recente, em que a preo- ‘cupagiio de proteger ¢ preservar 0 patrimdnio hist6rico € cultural comecou a emergir, um pais voltado para a sua construcdo; portanto, um pals em que as mentalidades \dividuais (Moreira Leite, 1983) pareciam nitidamente orientadas para o futuro. Provavelmente, tratam-se de primeiras aproxima- ‘es, porque as diferencas de produtividade (e de ativida- des), importantes no Brasil, implicam fortes. variagoes entre camadas sociais quanto & percepcéo do tempo. E provavel que uma pessoa dotada de um muito fraco poder aquisitvo seja muito menos voltada para o futuro ¢ forte~ ‘mente para o presente, dada a pressio das necessidades imediatas de sobrevivéncia. Por isso, pesquisamos indivi- duos com nivel educacional de pelo menos curso secunds- rio completo, capazes, portanto, de participar ¢ extrair beneficios de um proceso de desenvolvimento econd 0, afim de evitar esse vis. A dimensio Norte-Sul foi acrescentada para verificar ainflutacia regional nos dois paises. O estere6tipo 6 cons- tante e simétrico nas dois hemisférios: as pessoas do sul seriam mais policrdnicas (a Norte no hemisfério sul ea Sul nohemisfério norte) ¢ teriam um tempo menos econdmico (que 0s seus compatriotas do Sul do hemisfério sul aum caso, e do Norte no hemisfério norte no outro). Para as projegdes temporais mais dificil formular uma hipStese sobre 0 sentido desta relacdo. Isto conduziu a formulacao das seguintes hip6teses: ‘¢ H1:tempo mais econdmicona Frangado que no Brasil; ‘¢ H2:: tempo mais econdmico no Norte do que no Sul da Franga; +H: fempo mais conbmico no Sul do que no Norte do © H4: monocronismo mais forte no Brasil do que na Frang 2 + HS : monocronismo mais forte no Norte da Franga (Su); ‘¢ H6: monocronismo mais forte no Sul do Brasil (/Fran- Oy «7: proiegGes para o passado mais fortes na Franga do que no Brasil, © HB : projegdes para o futare mais fortes no Brasil do que na Franca. O ESTUDO EMPIRICO : COMPARACAO DAS PERCEPCOES DO TEMPO ENTRE BRASIL E FRANCA, TENDO EM CONTA A DIMENSAO NORTE-SUL Esta pesquisa € de natureza explorat Perrien, Cheron & Zins (1983) observam: “a pesquisa cexploratéria possui uma caracteristica diferenciadora: ra- amente serd um fim em si mesma, mas uma etapa, cuja finalidade ¢ a clarificago do problema”. Assim, comecaremos por analisar as diferentes téci- casempiricas que foram utilizadas para estudar as percep- ées do tempo. Globalmente, clas sao, sobretudo, ‘entradas sobre a medida da orientagéo temporal com um acento particular no futuro. Neste sentido foi tum questionsrio especffico, iastrumento dest dicéo das trés principais dimensdes as percepgdes do tempo, tal como definidas anteriormente. (Os estudos empfricos das percepgSes do tempo ‘Varios instrumentos foram desenvolvidos por dife- rentes pesquisadores (Settle, 1980) a0 nivel tanto de mar- keting como de psicologia experimental, para estudar medir as percepgées do tempo. Settle (Alreck, 1976; Settle, Alreck & Glasheen, 41978), entre outros autores, interessaram-se ,principal- mente, pelas diferencas individuais da orientacao tempo- ral, construindo o teste F.A.S.T. (Focus, Activity, Structure and Tenacity). O termo Focus refere-se a tendéncia que um indivi- duo tem em aprender experiéncia de acontecimentos sobre a totalidade de um continuum de tempo. Certos individuos tendem a passar mais tempo a reviver aconte- cimentos passados, enquanto outros experimentam (¢ vi- vem) um futuro que ainda nao ocorreu. Outros dirigem a sua atengdo para os acontecimentos presentes. Esta escala do Focus conduz arrumagio dos individuos sobre um continuum cvjos pontos limite so, respectivamente, de foco sobre 0 futuro ¢ de foco sobre 0 passado. Duas razdes nos levaram & néo utilizagao desta di- ‘mensio. Em primeiro lugar, este teste foi elaborado para uma cultura determinada (EUA), enquanto que numa evista de Administragho, So Paulo 24(3:60-81, juhorsetembro 1989 perspectiva intercultural néo se pode excluir a possibilida- de de projegées simultdneas no passado e no futuro (0s japoneses, por exemplo, sao simultaneamente respeitado- res das suas tradigbes e voltados para as tecnologias do futuro). Em segundo lugar, numa perspectiva de cultura ‘operecional (Goodenouch, 1971), ndo se pode excluir que, no mesmo individuo, coexistam orientagdes temporais di- {erentes. Portanto, nao nos parece que orientagées tem- porais para passado, presente € futuro possam ser colocadas sobre um continuum, nem estritamente opostas. ‘A segunda dimenséo : activity, faz referéncia & per- cepgio do tempo disponivel pelo individuo. Enquanto alguns consideram que o tempo passa lentamente, outros consideram que a oferta de tempo € sempre escassa, face 0 conjunto de tarefas possiveis. A nogio de structure faz referéncia & estruturacéo do tempo em unidades discretas, ligando 0s acontecimentos, isto em termos de medida objetiva de tempo (horas, dias...) Ao contrério dos individuos altamente estrutura- dos (caracteristica muito préxima da nogio de monocro- nismo), aqueles pouco estruturados tenderao ase envolver em diversas atividades sem as considerar associadasauma ‘ou virias unidades de tempo determinadas. ‘A nogio de tenacity refere-se & necessidade que os ivduos tém (ou no tém) de ser, freqlentemente, re- compensados (de modo extrinseco) em intervalos de tem- po curtos. Esta escala foi validada por um grande nimero de individuos adultos, quando utilizada para diferenciar os estilos de vida entre consumidores (Settle, Alreck e Glas- heen, 1978). Diferentemente, Holman, Evered & Reilly, que pre- pararam o questionsrio F'S.Q. (Futurizing Style Question- naire), estavam extremamente preocupados com a orientagio para o futuro (Holman, 1981; Holman & Ven- katesan, 1979; Evered, 1973). Os autoresidentificaram trés tipos ideais: ‘# os que véem o futuro como uma extensio lincar €lbgica do presente, clasificados como “participantes”; + 0s que encaram diversos futuros possiveis e podem se acomodar com um futuro radicalmente diferente do presente; sio clasificados como “prospectores”; + osque vem as mudangas que ocorrerao no futuro como aspectos puramente superficiais e, portanto, conside- ram 0 futuro, fundamentalmente, compéravel ao pre sente (0s “produtores”). Enquanto 0s “participantes” planificam 0 futuro, es- tabelecendo metas e objetives que permitam a pessoa aproximar-se da meta, os “prospectores” preparam-se, guardando para o futuro tantas opgbes quanto possivel © desenvolvendo capacidades em “relagao” coma variedade de acontecimentos que poderdo ocorrer. Finalmente, 0s “produtores” planificam, preparando uma estratégia des- Revista de Adminisvagdo, S80 Paulo 24(3):69-81, julho/setembro 1960 tinada a manter o status quo, ¢ tendem a aperfeigoar esta estratégia & medida que 0 tempo passa. O questionsrio F'S.Q. foi validado apenas para uma populagdo limitada e, cexclusivamente, nos Estados Unidos (Holman, 1979). Estes dois tipos de instrumentos empfricos ligam-se aos instrumentos de medida do tipo Time Questionnaire Insirument (Knapp, 1971). Consistem noma série de ques- {Wes referentes as atitudes e praticas relativas ao tempo, ‘que sio colocadas a uma amostra representativa, face a0 problema em andlise; a seguir € efetuada uma anélise fatorial. Existem outrostipos de instramentos comooteste do metrénomo, o teste dos minutos musicais etc. (Knapp, 1971), mas estes aplicam-se em psicologia experimental, freqiientemente em relagdo a intervalos de tempo m breves que nao sio relevantes em marketing. Optamos pelo desenvolvimento de um questionério ico para estudar e medir as percepgies do tempo, estando conscientes que este instrumento requereré aper- feicoamento ulterior. Para a sua elaboragao baseamo-nos nas diferentes dimensdes do tempo, tal como foram ante- riormente expostas. questionrio “Percepgées Culturais do Tempo” (ec Num primeiro momento definimos conceitos que po- deriam corresponder as diferentes dimensdes. Um prime: +0 projeto tinha sido proposto (Usunier, 1987) e a seguir smplamente discutido ¢ modificado no sentido de uma implificacao do texto. Um segundo projeto de questions- rio foi formulado e pré-testado na Franga em, aproxima-