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vi Apresentagio Bite fies Geno Fane Ca ciicins, iin ae @ Voie cs oflari ime reverie, cheba cies a cen Coed: 2 f83 muncdas pede wd Da Chey ine As do fll |S = Eq. FPMBATA Bias Tb Ta 60 4 Bt + Ree 2h Ra A ait dint clayey > ag. 2008, Cpa de Schema Rovhigaes: [ainda yor Uietirt ie CP oreo PR WAIIN HA TALIA Ma ab Abunda, 42, 16 Pav Wel) AEN3E 5500, fan 2259254 07 Race Hrd, BOE 26, WORD Listes hy 20 AAT 92 6K © Fos 20 RTH Mela! pie aie ope oe pbs is solic ah ae con oe hls w ihe celpecaash aldo aa cdtowde w BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO no estado de certos pormenores lo indispenséveis pare uma iniciagio na anilise da estrutura da lingua poderiam eventualmente assustar e afastar. inicial da ‘Nova Gramética do Portugids Contemporénco jé tivesse um. aspecto normativo e uma aplicagio pédagégica. Vinedmos até que essa caracteristica deliberadamente 2 afastava de outras graméticas de caticter essencialmente especulativo. ‘Que esta obra, a sua versio breve, seja um factor no ensino que contri- bua para que a juventade portuguesa, brasileira ¢ africana de lingua ofici sa — dispondo de um guia de ficil acesso ¢ leitura que até ousamos classificar como muitas vezes atractiva— aprenda a melhorar a sua,escrita ¢ 0 sew falar da lingua portuguesa é sem diividi, a maior aspiragio dos autores ¢ editor e a melhor recompensa possivel para o trabalho feito e aqui apresentado, Setembro de 1985 Os Autores indice geral Aptesentacio, IT Capitulo 1 Concsrros cenars, x Linguagem, lingua, diseusso, estilo x Lingus e sociedade: variagao ¢ conservagio linguistics, 2 Diversidade geogrifiea da lingua: dialecto e falar, 7 ‘A nogio de correcto, § Capitulo 2 Dosinto ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA, 7 ‘Unidade e diversidade da lingua portuguesa, 5 Os dislectos do portugués europeu, 7 Os dialectos das 1 Os dialecros bras © portugués de B da Asia ¢ da Ocetnia, 26 Capitulo 3 Fonsrica x rononocia, 18 Os sons da fala, 18 Classifieagio dos sons linguisticos, 24 + Chssificagio das vogais, 25 ‘Acento ténico, 42 Capitulo 4 Onroorarra, 45 Letra ¢ alfboto, 45 Notagbes ldxicas, 46 de seontiatio, 37 Jas entre a8 ortogratis oficiaimente adoptadas em Por- tugal e no Brasil, 5 ve Capitulo 5 Capitulo 6 Capitulo 7 Capitulo 8 BREVE GRAMATICA Do PoRrUGuEs CoNTENPORANEO CLASSE, ESTRUTURA B FORMAGKO.DE PALAVRAS, 57 Denivagio 5 composigho, 63 Dexivagzo preftal, 63 Sunsrannivo, 130 lassificagio dos substantivos, z30 Flees doe substan inpics. vn Capitulo 9 Arico, ry ~ Antigo definido ¢ indefinido, 153 Capitulo 10 Capitulo 11 Pronomes, 200 Fronomes subtantivos ¢ peonomes adjectives, 2 Capitulo 12 Capitulo x5 Conjugesto da vou passive, 267" BREVE GRAMArICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Sh __ Priv oranrica po porruguits conmmurorinzo Capitulo 14 Gpitulo 15 Capttulo 16 Capftulo 17 Conjugagio dos verbos ieregulares, 290 ‘Verbos com alternincia voedlica, 292 Ovtr0s tipos de i Verbos de partic ‘Verbos abandaat ‘Modo indicativo, 325 Emprego dos tempos do indicativo, 325 Modo conjuntivo, 333 Emprego do conjuntive, 334 Modo impecaivo, 337 rego do todo imperativo, 339 pcg dor fms tons $e Sintaxe do verbo haver, 362 Apvinsr0, 365 Chassificagtio dos advérbios, 366 Gradagio dos advérbios, 372 Palavras denotativas, 372 Paerosigho, 374 Signiicagto das Conteido significativo ¢ furglo zelacional, 377 ‘Valores das preposig6es, 340 Coxyungio, 390 Conjunsio coordenativa e subordinativa, 390 Conjungdes coordenativas, 392 Conjungdes subordinativas, 392 Locugio conjuntiva, 597 Ierenjeigao, 396 ssprce Capitulo 18 Capitulo 19 Capfenlo 20 Capitulo 2 Capitulo 22 © veniono = sua consrrugho, 398 © periodo composto, jsf we Polissindeto, 420 “Anacoluto, 420 Silepse, 427 Discurso prnzcro, DISCURSO INDIRECTO # DIScURSO INDIRECTO LiVRE, 429 Discurso directo, 423 Discurso indirecto, 425 Discurso indireeto livee, 424 Ponruagho, 429 Sinais pavesis ¢ sieais melédicos, 429 Sinais que marcam sobretudo 2 pauss, 429 Sinais que marcam sobretado a melodia, 434 ‘Nogées pe vensrereagho, 442 Estrutura do vero, 442 Tipos de verso, 450 A sia, 03 rofaglo, 464 Poemas de'forma fa, 46¢ ELENCO E DESENVOLVIMENTO DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS, 475 * que serve de meio de comunicagio entre o: 1. Conceitos gerais Linguagem, lingua, discutso, estilo, 1. LINGUAGEM é «am conjunto complexo de processos — resultado de psiquica profundamente determinada pela vida social — aquisigio © 0 emprego concreto de uma iiNGvA qualquer’. Usa-se também o termo pata desigaar todo o sistema de sinais \dividuos, Desde que se atri- bua valor convencional a determinado sinal, existe uma trvcvaczs. A lin- guistica interessa particularmente uma espécic de LINGUAGEM, ou seja a LINGUAGEM FALADA OU ARTICOLADA. 2. inguA & um sistema gtamatical pertencente a um grupo de individuos. Expresséo da consciéncia de uma colectividade, a xincua € 0 meio por que ela concebe © mundo que a cerca ¢ sobre cle age. Utilizagio social da faculdade da linguagem, criagio da sociedade, nfo pode ser imuts- vel; 20 contticio, tem de viver em perpétua evolugio, paralela & do orga- ismo social que a ctiou, 3+ Discuaso € a lingua no acto, ma execugéo individual. E, como cada individuo tem em si um ideal lingufstico, procura ele extrait do sis- tema idiomético de que se serve as formas de enunciado que melhor lhe cexprimam 0 gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expresso que Ihe oferece 0 tico repertério de possibilidades, que € a ngua, denomina-se esriz02. mos pata fe toca male tises melot de expression (Prd de siti fragai, 2° ed, Pals, 2 BREYE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO CONGEITOS GERAIS 5 4 A distingio entre LINGUAGEM, LINGUA € DISCURSO, indispensivel metodolégico, nfo deixa de ser em parte artificial, Bm denominacées aplicam-se a aspectos diferentes, mas no ‘opostos, do fenémeno extremamente complexo que é 2 comunicagio humana. Lingua e sociedade: vatiagdo ¢ consetvagio linguistica. Bm prinefpio, uma lingua apresenta, pelo menos, trés tipos de diferencas internas, que podem ser mais ou menos profandas: °) diferengas no espago geogréfico, ou VARIAGOES DrATénIcAs (Falaxes, variantes regionais e, até, intercontinentais) ‘ais, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, Condicionada dc forma consistente dentro de cada grupo social e parte integzante da compettacia linguistice dos seus memb: sistema cm nada pre} . Todas as vatiedades linguisticas sio estruturadas, e cosrespondem a istemas adequados a3 nccessidades dos seus usuésios. Mas 0 facto de estar a lingua fortemente ligade A estrutura social ¢ a0s sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliagio distinta das caractetisticas das suas diversas modalidades diatépicas, dlastriticas © diafésicas, A lin- gua padtlo, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de ‘um idioma, 6 sempre a mais prestigiosa, porque actua como modelo, como norma, como ideal lingufstico de uma comunidade. Do valor normative decorre 2 sua fungio coercitiva sobre as outmas vatiedades, com o que se tora uma ponderivel forga contréia & vatiagio, ‘Numa agua existe, pois, 20 lado da forca centrifuga de inovagio, a forga centripeta da conscrvagio, que, contra-regrando a primeira, gatante a supetior unidade de um idioma como o portugués, filado por povos que se distribuem pelos cinco continentes. Diversidade geogrifica da lingua: dialecto ¢ falar. ‘As formas caracterfsticas que uma lingua assume regionalmente deno- minam-se DIALECTOS. Alguns linguistes, porém, distinguem, entre as variedades diatépicas, o PALAR do DrALECTO. istema de sinais desgarrado de uma lingua comum, rmalmente, com uma concreta delimitagio geo- diferenciagio diante dos outros da mesma ori- poder-se-iam também chamar dialectos «as estraturas linguisticas, simuleineas de outsa, que ao alcangam a categotia viva ou desaparecida; geifica, mas sem uma de linguay3. Fazae setia a peculintidade expressive propria de uma regio © que iio apresenta 0 grau de coertncia alcangado pelo dialecto, Caracterizar-sc-ia, do ponto de vista discténico, segundo Manuel Alvar, por ser um dialecto empobrecido, que, tendo abandonado a lingua escrita, convive apenas com a8 manifestagies. orais. Poder-se-iam ainda distinguir, dentro dos PALARES REGIONAIS, 05 FALARES LOCAIS, que, para o mesmo linguista, correspon mas idiomaticos «de tragos pouco diferenciados, mas com dentro da estrutura tegional a que pertencem ¢ cujos usos iges geogeéficas, normalmente com modalidades diatépicas, empregaremos neste livro —e patticulatmente no capitulo seguinte — o termo prazzcro no sentido de variedade regional da lingua, no importando o seu maior ow menor distanciamento com referén- cla A lingua padtso, A nogio de correcto. Todo 0 nosso comportamento social esti regulado por normas a que devemos obedecer, se quisermos set correctos. © mesmo sucede com a lingua, apenas com a diferenga de que as suas normas, de um modo getal, so mais complexes ¢ mais cocrcitivas. Por isso, e para simplificar 5 coisas, Jespersen define © dinguisticamente corrector como aquilo que 2 Manac Ala. infos eonceptos de lengu,dislectoy babs, Naw Revita de Fl sn pt de lng, akc y i de Flats 4 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO igido pela comunidade linguistica a que se pertence. O que difere € 0 linguisticamente incorrector. Ou, com suas palavras: falar correcta significa © falar que a comunidade espera, ¢ erro em linguagem equivale a desvios desta norma, sem relagio alguma com o valor interno das palavras ou for- mas». Reconhece, potém, que, independentemente disso, «existe uma valo- de que 0 mais facilmente enuncindo € Se uma lingua pode abarcar vit de sua realizagio, a sua dinamicidade, nidade consideradan § ‘A norma pode vat seja de um ponto de seio de uma mesma comunic ico (portugues de Portus movidas pela legftima aspiragio de entiquecer 0 patriménio comum com formas ¢ constragées novas, a patentearem o dinamismo do nosso idioma, e cinquenta milhdes de individuos. 2. Dominio actual da lingua portuguesa Unidade ¢ diversidade da lingua portuguesa, Na dea vastissima ¢ descontinua em que é falado, 0 portugués apresenta- se como qualquer lingua viva, intemnamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais on menos acentuada quanto & pronincia, 4 gra- mitica ¢ a0 vocabulétio, Embors seja inegével 2 existéncia de tal diferenciacio, nfo ¢ cla sufi- ciente para impedir a superior unidade do nosso idioma, facto, alids, salien- tado pelos dialectélogos. Exceptuando-se 0 caso especial dos cntour.os, que estudaremos adiante, seguiu manter até hoje apreciével coesio entre as suas vatiedades por mais afastadas que se encontrem no espaco. ‘A divetsidade interna, contudo, existe € dela importa dar uma visio ‘tanto quanto possivel ordenada!. | Os dialectos do portugues europen. ‘A faisa ocidental da Peninsula Tbérica ocupada pelo galego-portagués | apresenta-nos um conjunto de pratcros que, de acordo com certas carnc- pelo Centro ottulnios hoje una bibl ‘ral, Tebingea, Guniee Nar, 6 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORINEO |, teristicas diferenciais de tipo fonético, podem ser classifieados em txés des grupos: 4) DrALECTOS GALEGOS; 2) DIALEcros PORTUGUESES SETENTRIONAIS; ¢) DIALECTS PORTUGUESES CENTRO-WERIDIONATS2 gran Esta classificagto parece ser apoinda pelo sentimento dos falantes comuns do pormgués padrio europen, isto é, dos que seguem @ Nona ou conjunto dos usos linguisticos des classes cultas da regio Lisboa-Coimbra, © que distinguisio pela fala um natural da Galiza, um homem do Norte ¢ um | homem do Sal. A distingio entre trés grupos fanda-se principalmente no sistema das SIBILANTES. Assim: x. Nos dialectos galegos nfo exist: eda) de passe, fazer, mesma sibilante [6] ou [s] (Surda) de caga. Nio existe também’a fri- cativa palatal sonora /5/, gratada em portugués jou g (antes de ¢ ou i), Em galego 86 ha a fricativa [f] (surda) do portugués enxada, ptovocando ‘com 2 que aparece em seis € asso, ou 5 4 que se uve em rasa, isto é [z]. posti10 ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA z | Jantes predorso-dentais que caracterizam a lingua padeio: 2) a surda [5], tanto em seis ¢ asso como em cinco © caga3s 5) a sonora (z], tanto em rasa como em fazer. ‘As fronteiras entre as trés zonas mencionadas atravessam a faixa galego- -portuguesa de oeste 1 leste, ou, mais precisamente, ao caso da fronteira entre dialectos portugueses setentrionais ¢ centro-meridionais, de aoroeste a sueste, ‘Mas hé outros tragos importantes em que a referida distinglo se funda- menta, sem que, no entento, suas fronteiras coincidam perfeitamente com as das caructeristicas jf indieadas. Sto cles: 2) prontincia como [b] ou [f] do v gréfico (emitido como labiodental na pronincia padrio ¢ na centro-metidional) na maior parte dos dialectos por- ‘tugueses setentrionais © na totalidade dos dislectos galegos: binho, abé por vinho, av6; 4) a prontincia como afticada palatal [ef] do ob da grafia fricativa [f] na pronincia padrio © em quase todos os -metidionais) na maior parte dos dialectos portugueses setentrionais ¢ na totalidade dos dialectos galegos: tchare, atchar por chave, achar; 4) 2 monotongagio ou nio monotongagio dos ditongos [ow] e [ej]: 1 prontincia [o] e [e] desses ditongos (por exemplo: @ru por oure, farrére por fer camacteriza os dialectos portugueses centro-meridionais ¢, no caso de [0], 2 promincia padtio, perante os dialectos portugueses seten- trionais e os dialectos galegos4, Merecem mengio especial —mesmo numa apresentacio panoriimica | dos dialectos portugueses— trés tegides em que, a par dos tragos gerai | que acabamos de apontat, aparecem caracteristicas fonéticas peculiates que |) afastam muito vincadamente os dialectos nelas falados de todos os outros do mesmo grupo. ‘Trata-se, em primeiro lugar, de uma segiéo (dentro da zona dos die- lectos setentrionais) em que se observa regulatmente a ditongasio de [e] 3 Rronéacia venelhante& do francts ou do italiano padsto, do cestelhano meridional ¢ do spnoameria PY OINBIOG | CuNYNOANGINOD SEAODINOE OG VOLLYRVED oY |; pomfxro ACTUAL pA LINGUA voRTUGUESA nm ¢ [o] acentuados: pjese por pew, pworto por porte. Abrange uma grande parte do Minho € do Douro Litoral (incluindo o falar popular da cidade do Porto e dos seus arredores). Em segundo lugar, temos uma extensa tea da Beira-Baixa ¢ do Alto~ 5 ¢) @ queda da vogal étona final grafada or exemplo «ap(2), cop(s)s, pot cope, copos; tid») por tudo, Por fim, no ocidente do Algarve situa-se outta regifo em que s¢ observam coincidéncias com a anteriormente mencionada, no que se zefece as vogais. Em lugar de 1, encontramos [ti]: 4%, ala (mas 0 ow esth represen Por outso lado, 0 « ténico evoluiu para um som semelhante € pronunciado quase v/a, alteragio de timbre que nto é Tugares da mencionada zona da Beira-Baixa ¢ Alto- embora seja af mais frequente a passagem, cm determinados — deixaram de se escrever. Em Portugal, no entanta 5 Classe, estrututa e formacio de palavras réncia, mantim-se tais consoantes em s{laba ténica nas palavras pertencen tes fi mesma familia ou flexio. Essa forma de distinguir, no portugués europeu, as preténicas abex nesta posigio neutralizado mt Dal escrever-se em. Portu; Palavra € morfema, x. Uma lingus é constitufda de um conjunto infinito de frases. Cada uma dehs possui uma face sonora, ou seje a cadeia falada, e uma face significa jue corresponde 20 seu contetido. Uma frase, por sua vez, pode set ia cm unidedes menores de som e significado —as PALAVRAS — e-em unidedes ainda menores, que apresentam apenas a face significante 08 FONEMAS. a ortografia dos dois paises ¢ uniforme. Assim: antéctone, compasto, y ete Rarissimos sio os exemplos que se apontam em que esta consoante ¢ efectivamente pronunciada em Portugal € nfo no Brasil, como facio (en) Portugal) ¢ fato (n0 Bi Finalmente, hé casos em que se verifica uma oscilagio em ambas as variantes do portugués € nos quais a ottografa brasileira (¢ no a port. guesa) admite grafias duplas: aspecto | aspeto, dactilografia | datlografa, infee pte | infegdo, etc. », pois, unidades menotes que a ftase ¢ maiores que 0 fonema. Assim, na frase Hivora! Ruas ermas sob os céus Cor de violetas roxas... (Blorbela Espance, 5, 149.) limos dez palavras, todas com independéncia ortogréfica. Bem cada dessas palavras identificamos um certo méimero de fonemas. Por exem- plo, cinco em Evora fe} ‘¢ quatro em ras: fh fof fal sy Orngrsfea, publieado 90 90 ano, com 3s levesaltragSes determi 5, de #8 de Dezembro de 197. lada ow setve para formar outras palavras iso- Jaa forma plural -5, que vai apatecer no final DREVE GRAMATICA DO PoRTUGUS CoNTEMPORANE| (cuASSE, ESTRUTURA K FORMAGKO DE_PALAVRAS 9 de muitas outeas palavras (ermas, clis, violetas, rowas, etc.), nunca poderi realizar-se como palavra individual, aut6noma, ‘A essas unidades significativas minimas dé-se 0 nome de MORFEMA| ‘Jaa significagio dos morfemas gramaticais € interna, pois deriva das relagbes ¢ eategotias levadas em conta pela Iingua. Assim, na nossa frase- esemplo, 0 artigo ¢, as preposigles de ¢ sob, a matca de feminino -2 (rosa, ina) ©.a de plaral -s (rua-s, erma-s, ont, els, voletas, roxat), 3. Os mosfemas podem apresentar vatiagio, por vezes acentuada| as Suas tealizagBes fonéticas. Eo caso do morfema plural do portuguay, coja promtincia esté sempre condicionada 4 natureza do som seguinte. Nos falates de Lisboa ¢ do Rio de Jancito, por exemplo, o -s plus de casas assume forma fonética diferente em cada um dos trés enunciador; j. Ontras caract , no semanticas, opdem os morfemas lexi- xis aos gramaticais. Aqueles sio de mimero elevado, indefinido, em vic- tude de constituirem uma classe aberta, sempre passivel de ser acrescida de novos elementos; estes pertencem a uma série fechada, de ntimero defi- ido e restrito no idioma, Consequentemente, se os examinarmos num dado Casas amarelas. Casas bonites. texto, verificaremos que os primeiros apresentam frequéncia média baixa, Cases pequenas. em contraste com a frequéncia média alta dos ulkimos. Classes de palavras. 1, Estabelecida a distingfo entre morfema lexical ¢ mosfema grama- ical, podemos agora relacionar cada um deles com 2s CLASSES DE PALAVRAS. Sto morfemas lexicsis os substantivos, os adjectivos, os verbos © os advérbios de modo, Sio morfemas gramaticais os artigos, os pronomes, os mumerais, a8 preposigées, a5 conjungdes ¢ os demais advérbios, bem como as formas indicadoras de numero, género, tempo, modo ou aspecto verbal. diante de pausa, como podemos obseevar nas formas amarclas, bonitas ¢ ‘pequenas dos exemnplos citados. ‘A essas manifestagdes fonéticas diferentes de um tinico morfema dé ‘0 nome de VARIANTE DE MORFEMA OU ALOMORTE. 2. As classes de palavras podem ser também agrupadas em vant vas e mvantivels, de acotdo com a possibilidade ou a impossibilidade de se combinarem com os morfemas flexionais ou desinéacias, So variveis os substantivos, os adjectivos, os artigos ¢ certos aume~ nis ¢ pronomes, que se combina com motfemas gramaticais que expres- sim 0 género ¢ 0 miimero; o verbo, que se liga a morfemas gramaticais deno- tadores do tempo, do modo, do aspecto, do miimero e da pessoa. Sto invasliveis os advérbios, as preposigdes, as conjungées ¢ certos sses que nio admitem se thes agregue uma desinéncia. igo, vocibulo-frase, fica excluida de qualquer das classifi. ‘Tipos de morfemas ‘que podem figurar sozinhos como vocibulos, e MORFEMAS PRESOS aquele ‘que nio se encontram nunca isolados, com sutonomiz vocabular, 2 Quanto a natureza da signifcagio, os morfemas classificam-se en LEXICASS € GRAMATICAIS, (Os morfemas lexicais tem significagio externa, porque referente a facts do mundo extralin fmbolos bisicos de tudo o que os falente distinguem na realidade ot ou subjectiva. Assim: ESTRUTURA DAS PALAVRAS Radical. roxa tristeza ua violets Evora ‘erma ‘Ao que chamdmos até agora MORMEMA LEXICAL dé-se trndicionalmente 6 AREVE GRASATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEG © nome de naDxcau. E o radical que irmana 1s palaveas da mesma familia lies teansmite uma base comum de sigaificagio. ‘A cle se agregam, como vimos, 0S MORFEMAS GRAMATICAIS, que podem set uma DESINENGIA (OU MORFEMA FLEXIONAZ), um AFIXO (Ou MOREEMA DERIVACIONAL) ou uma VOGAL SEMATICA. Desinéncia. [As DESINENGAS, OU MORFEMAS FLEXTONAIS, setvem para indicar: 4) © género € 0 numero dos substantivos, dos adjectivos € de certos pronomes; 4) 0 mimero € a pessoa dos verbos. Assim, no adjectivo ermas e numa forma verbal como renovamos, temas as seguintes desinéncias: -a para caracterizar 0 feminino (em ermat); -s, para denotar © plural (em ermar); mos, para expressar 2 1.4 pessoa do plural (em rensvamos), Hi, por conseguinte, em porrugués DESINENCIAS NOMINAIS € DESINEN. IAS VERBAIS. Afixo. Os ABTxOS, ou MORFEMAS DERIVACIONAIS, so elementos que modif- cam geralmente de maneita precisa o sentido do radical a que se agregam, Os amxos que se antepem 20 radical chamam-se PREFIXOS; 05 que a cle se pospdem denominam-se suFIXos. Assim, em desterrar © renovamos aparecem 05 PREFIXOS: des-, que empresta ao primeiro verbo a ideia de separagio; re, que a0 segundo actescenta o sentido de repetigio de um facto. teriznm apenas © género, © niimero ou a pessa © sentido lexical ou a classe, os suPrKoS trans radical a que se jumtam, Assim, em ferreso, tr (GuASSE, BSTRUTURA E FORMAGKO DE PALAVRAS. rete, tovnbo © novamente, encontcamos Os SUPTxos: 280, que do substantia fera forma um adjective (irra); selto, que do substantivo terra forma outro substantivo (tren) + atrocidade sagaz > sagacidade amdvel > amabilidade feliz > felicidade 28 O suizo ile 06 aparece em palavens modeladas sobre o latim: eal ie Qatim ealrts), plenee Cato plants), exc. Tasabéan fasta ai propriamente o fultzo ~rs, porque a palavea # continuagio do lati ‘Da mesma forma eobigs (do baixo lation enpiia), preguga (do latin pi 3. FORMA SUSSTANTIVOS DE SUBSTANTTVOS % DE ADJECrIVOS: Sufixo Sentido Exemplificagio realism, simbolismo Kantismo, positivismo federalismo, fascismo budismo, calvinismo artstioos 4) douttinas ow sis- | filosésic ‘temas politico religiosos 2) modo de proceder oa peas «) forma peculiar da lic 3 na terminologia ceniea iso hherolsmo, servilismo + galicismo, neologismo + daltonismo, reumatismo 4. FORMA SURSTANTIVOS E ADJECYIVOS DE OUTROS SUBSTANTIVOS B ADJECTIVOs: Sufixo ‘Sentido trios de douti- 4) pattidfiios ou sec- { atistcos... sta | | 2) momes patzios Observagio: puRIVAGZO § ComPOSIGKO 7 5. FORMAD SUBSTANTIVOS DE VERROS! Sufixo Sentido Exemplificagio embranga, vinganga observincis, tolerincia escrenca, diferenca anuéncia, concorséacia acguo ou 0 resultado dela, estado... estudante, navegante agente... . { aiueate, combatente ouvinte, pedinte : jogador, regador agente, instramento da aegio...... | inspector, isterraptor Aagressor, asceasor Jugar ou isteumento da acpto . { 2 seul oni pine, ae nogio colecth classuay fon 4) segio ow resultado d acolhimento, ferimento 5) insteumento da acgio. omamento, insteamento +) nosto colectiva . scmamento, fardamento | | J soo oe dita {2 J | 6, Forwas aDjzcrivos pz SUBSTANTIVOS! Safixo Sentido Exemplificagio aco estado intimo, pertingacia, origem —maniaco, austeiaco 2) provide on cheio de eo {3 Reno ces -aico seferéncia, pertinéncia oe BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEUPORANEO Exemplificagio romano, serrano Tuterano, patnasiano bilaquiano, camoniano alemto, beitio provenitncia, origem . | ec oe rien relagio, pertinéncia, posse... semelhanga, pro 1 origem... referéacia, origem. esses mulherengo, solarengo ferrenbo, estremenho terreno, chileno forense, parisiense cortés, noruegués ciumento, corpulento | so, oct, 4) provide ou cheio de . 8) que tem o cxrfeter de... relagio, semelhanga, mater | set, sna rehgéo lao a relagio, procedén: refer won Glo, referéncia geométsico, melencélica semelhanga... febsil, senhoril londrino, cristalino “ie 0. isvaelita -onho propriedade, hébito constante .....enfadoaho, rsonko 080 provido ou cheio d brioso, venenoso ico stomitico, nistico -udo pontudo, barbudo Observagéea: iguas dexées suixos servem também para formar adjectivot de outros fos. Por exemplo: -a juntacse 2 angélic, focmando angi xdvzindo tristonbe. a vos 0s sufixos cruditos ~ino ¢ ~fesine, que se inos: buniLine, fde-isrine. Do seu valor e empteg0 ttt pERIVAGAO ¥ coxPOsI¢KO B 7. FORMAM ADJECTIVOS DE VERNOS: ~~ Safixo Sentido Exemplicagio semelhante, tolerante doente, tsistente consttuinte, seguinte dacével, louvivel perecivel, punivel [ fie tse | seso,guldads, et... afiemativo, pensativo } possibilidade de praticar ou softer ‘ums acgf0, refertacia ... duradouro, casadouro } esto, pein. preparatério, emigeatério Observagaio: Os sulixos ~anie, -onte e -inte provém, como dissemos, das terminagies do fo presente latisio com aglutinagto da vogal temitiea de cada uma das igagies. Servem para formar substantivos e, com mais frequéacia, adjec- ‘que se substantivam facilmente, Sufixos verbais. Os verbos novos da lingua formam-se em geral pelo acréscimo da ter- minagio -ar a substantivos ¢ adjectivos. Assim: esquiar nivelar radiograf-ar G@)dog-ar telefon-ar (@pfrances-ar @iear (@)portugues-ae A tetminagéo ar, j& 0 sabemos, é constituida da vogal temitica -«-, carecterlstica dos verbos da 1.* conjugagio, e do sufixo -r, do infnitivo impessoal. Por vezes, a vogal temstica ~a liga-se no 20 radical propri dito, mas a uma forma dele derivada, ou, melhor dizendo, ao sadical com a adigio de um sufixo. Eo caso, por exemplo, dos verbos: lamb iscar cusp-inh-ar dedith-ar depericar saltitar afog-ent-ar amenienat, bord-oj-ac ae BREVE_GRAMATICA D0 PoRruGUs CoNTENPORARG em que encontramos alguns sufixos anteriormente estudados: -en#(o),-¢(0), ise(o), ~inb(o), -ie(o) e -it(o). So tais sufixos que transmitem a esses verbos matizes significativos especiais: wRequanrartvo (acgio repetida), racrinvo (atribuigio de uma qualidade ou modo de set), prumvurrvo © PEORATIVO. Mas, como neles g combinagio de sumxo-+vocan tmudtica (-2) + SvFIXO DO INEINITIVG (-7) vale por um todo, costuma-se considerar nic 0 sufxo em si, mas 9 Conjunto daqueles elementos mérficos, 0 verdadeizo surmxo VERBAL. Esty conceituagio, por simplifcadora, apresenta evidentes vantagens diddctice, tazio pot que a adoptamos aqui. Eis os principais surxos venpats, com a indicagio dos matizes signi ficativos que denotam: Soe ener aero eH Sutixo) Sentido frequentativo, durativo fre eserevinhar, cuspinhar chuviscar, lambisear dormitar, saltitar vi civilizas, ‘utilizar eae cee eee eee ee reer rer eee Frequentativo- frequentativo-diminutivo facttivo a Das outras conjugagies apenas a 2.8 possui um sufxo capaz de formar verbos novos em portagués. Bo sufixo -rcer (on -escer), caractetistico dos verbos chamados mcoarrvos, ou seja dos verbos que indicam 0 comeco de um estado e, as vezes, © seu desenvolvimento: alvor-ecer anoitecee amadurecet envelh-ecer ——flot-escer embranquecer escur-ccer rejuven-escer Em verdade, também -ter no € sufixo. Decompie-se esta termina so em: somxo (s[fJe)+ vocar tawhtrca (e+ SuFKO (1), Sufixo adverbial, © tinico sumxo Apvznpra que existe em portuguts & -1 do substantivo latino mens, mentis «a mente, 0 espitito, o intenton. pemvagho © conresigio sentido de sinteagion c, depois, com o de «ananeirss, passou a agl 4 adjectivos pata indicar circunstincias, especialmente a de modo. Toanen’s = com boa intengio, de maneica boa. ‘Como o substantivo latino mens era feminino (compare-se © portugues 4 mete), junte-se 0 snfixo & forma feminina do adjectivo: bondose-mente Fraca-mente rnervosi-mente piamente Desta norma exceptuam-se os advérbios que se derivam de adjectivos alguns pedrés, uma galinba pedrés; wm cabrito montts, uma cabra montis. adverbial continua a seguir o antigo modelo. Os vocibulos formados pela agregagio simultines de prefixo sufixo amam-se PARASSINTETICOS, palavra derivada do grego sigto a0 lado de) © syntbetibar (= que compoe, pa aque junta, que combina), ; ; ‘A ranasstiress € particularmente produtiva nos verbos, ¢ a princi- pal fangéo dos prefixos verniculos 2- ¢ en- (en-) é a de patticipar desse tipo especial de derivagio: abotoar amanhecer embainhar ensurdecer DERIVAGAO REGRESSIVA B » tririo, Ba chamada DeRtvAGKO REGRESSIVA, que consis palavra derivante por uma falsa anilise da sua e A pemvaghe wars, formados pela jungio de uma das verbo. BREVE GRAMATICA DO PonTUGUES CoNTEMTORANES Th _20578 OMAMATIEA PO PORTUGUES Conreniron ity Exemplos: —————— ee ‘Verbo Deverbal | Verbo Deverbal | Verbo Deverbal daar abalo. | amostar = amosia | alcangar —aleance faker tdejo | pater apeta | teas augue sige ago | sere] cone tga impaco | cagar enn | deter Sebate pear pelo. | cermorseGeneus | ele ence Minar timo | Sune” Shoat leven Gout —choro | comprar Compra | beter’ tebe conte perder perce.” | egatar—esgete eur euo— | pescat pens | teen tone sustenar —_sstento | vender Wenn | cuear segue Alguns devetbais possuem forma masculina e feminina: SCH reaps CH go tasaense etic apccseeac EST ‘Verbo Deverbaie ‘Verbo Deverbais| ameager —ameago.—ameaga griter grito rita costar custo caste trocar toco_troca Observagio: ‘Nem sempre ficil saber sc 0 substantive se deriva do verbo ow se este se origina do substantivo, Ha um critério pritico para a distingo, sugetide pelo Al6logo Mario Barreto: «se o substantivo denota acgio, serd palaves itivas mas, se 0 nome denota algum objecto De gramitics + de lnguagen, ML, pe 247) Acs 1 abague € anparo— denotadores, das ‘acg6cs de danpar, atacar e anparar—sio formas deti- vadas; dncora, azeite © extuda, x0 contritio, so as formas primitivas, que d30 origem aos verbos ancorer, ageitar e etrudar. DERIVAGAO IMPROPRIA As palavras podem mudar de classe gramatical sem cofter modificagio fa forma, Basta, por exemple, antepor-se o artigo a qualquer voctbulo da Mingua pass que ele se tore um substantivo. Assim: Ble cxaminou 08 prés ¢ 08 conttas da proposta. Esperava um sim ¢ recebeu um no, paamvagko # Compostgko es pena eee ‘A este processo de entiquecimento vocabular pela mudanga de classe das palaveas di-se 0 nome ce DERIVAGKO IMPROPRIA, € por cle se explica a passage: a) de substantives préprios a comuns: damasco, macadame (de Mac Adam), guixotes 7 B) de substantivos comuns a préprios: Coelho, Leo, Pereira; 0) de adjectivos a substantivos: capital, circular, venegi 4) de substantivos a adjectivos: barre, (café)-concerta, (colegio) modelo; ®) de substantivos, adjectivos € verbos a interjeigdes: siléncio! bravo! A) de verbos a substantivos: afager, jantar, pragers @) de verbos € advérbios 2 conjungSes: quer... quer, jd. 5) de patticipios (presentes e passados) a pteposigées: azediante, salve; i) de participios (passados) a substantivos © adjectivos: conteids, reso- COMPOSICAO A composigio, jé 0 sabemos, consiste em formar uma nova palavsa pela unio de dois ou mais radicais. A palavea composta reptesenta sempre uma ideia nica e auténome, muitas vezes dissociada das nogdes expressas pelos seus componentes. Assim, criado-mndo € 0 nome de um mével; mil. -folbas, 0 de um doce; ritéria-régia, 0 de uma planta; pé-degalinha, o de uma raga no canto externo dos olhos. ‘Tipos de composicio. Quanto 2 roRata, os elementos de uma palavin composta podem estat: 42) simplesmente justapostos, conservando cada qual a sua integri- dade: beljedior bem-mequer smadeepécola >) intimamente unidos, por se ter perdido a ideia da composigio, caso em que se subordinam a um tinico acento ténico e sofrem perda da sua integridade silébica: aguardente (égua + ardente) pernalta (pecna + alta) BREVE GRAMATICA DO roRTUGUES CONTEMPORANEO wguinse a COMPOSIGAO POR JUSTAPOSIGAO da comPOsigKo \GKo, diferenga que 2 escrita procuta reflect, pois que na Jusrarosigio os elementos componentes vém em geral ligados por hifen, 0 passo que na AGLUTINAGKO eles se juntam num sb voctbulo gréfico, * Observasto: Reitere-se que o emprego do hifen é uma simples conveagéo ortogealica, Nem sempre os clementos jestapostos vém ligados por ele. Hé os que se ‘eserevem Unidos: pacsaftmpo, sarapat, etc.; como hé outros que conservam 4 sua autonomia gréfica: pal de fang, fin de emana, Ldade Média, etc. 2 Quanto 20 serio, distingue-se numa palavra composta o cle. mento DSTERMINADO, que contém a ideia geral, do DEYERMINANTE, que cencersa a nogio particular. Assim, em escola-modelo, o tetmo estola & 0 DETER. iamsano, © modelo o DErmanmNaNrs. Em mie-pétria, a0 inverso, mie € 0 ria © DETERMINADO. tipicamente portugueses, 0 DETERMINADO em regta Nos compost precede 0 DEDERMINANTE, mas naqueles que entraram por vis erudita, on se formaram pelo modelo da composigio latina, observa-se exactamente imeiro elemento € 0 que exprime a nogio especifica, ¢ ‘cultura (== cultivo do campo), suavilegutncia visio do mundo), ete. 3+ Quanto A cLASsS GRawArtcAL, dos seus elementos, uma palaves composta pode set constitulds de: 1.9) sunsranztvo -+ sunsranrzvo: poreo-espinho 2.9) supsrannivo + appsortvo: smanga-rose tamandué-bandeira 2) com 0 adjectivo posposto 20 substantive: ageardente amor-perfeito cxiedo-mudo 8) com o adjective anteposto ao substantivo: gentithomem alto-forno belascates 5.8) suBSrANTIVO + PREPOSIGRO ++ SUBSTANTIVO: chapéu-de-sol mie-dégua pai de familia peRIVAGKO B COMPOsIGzO 7 SD 4°) ADJEcTIVO + avjecrivo: ami-matinho Jus0-brasileizo txagicémico 5.9) NUMBRAL -} SuBSrANETVO: milfolhas segundacfeica trigémeo 6.) PRONOME + SUBSTANTIVO: mev-bern nossa-amizade Nosso Seahor 78) VERBO-+ sussraNrtvo: beijeor ‘guacda-toupa passatempo 8.9) VERBO-+ VERBO: conte-corre perde-ganha valve 9) apviéasto + apjscrivo: bem-bom no-euclidians sempre-viva 10.) apviinsto (ou ADJECTIVO BAC FUNGKO ADVERBIAL) -+ VERBO! bemaventurar maldizer vanglosiar-se Observagées: x4 No siltimo grupo poderlamos incluir os aumerosos compostos de bem © mal + SUBSTANTIVO 0% ADWRCTIYO, porque, neles, tanto o substantive como 0 adjective so quase sempre derivados de verbor, cuja significecio ainda conscevam. Assim: bemaventuranga, bem-aventurads,, beagwerena, bers winds, maidizente, mal-ncarado, maljeter, malioatte, ete. dew, malovegier, ndo-morishees, nlo-ne-toquns, rte uie-si-gue-diga (nome do diabo), etc. COMPOSTOS ERUDITOS titulda de palavras forma: da composi¢io greco-latina, que consistia em associar dois termos © primeiro dos quais servia de determi- nante do segundo. icipais radicais latinos e gregos que ‘ibuindo-os por dois grupos, de acordo 8 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Radicais latinos. penivagho » comostgo er —— Forma Sentido Exemplos 1 Entre outros, funcionam como primeiro elemento da compose | | ———————___° _PI ‘ eee oe “fago ‘que fogs, ou far Fugit centrifugo, bri lo 05 seguintes radicais latinos, em geral terminados em -iz ia See eee a ee [aro que produ smalepars, ovlparo Forma Origem latina ‘Sentido Exemplo “pede pe palmipede, velocipede “sono que toa hortissono, uaissono Tome ue expele famtvomo, ignivomo ambo arabos ambidestro ieee Rant hear arbor, -otis frvore acbosicola Bec ceeeeee erECEE ais, is we svifanna bieavs bis duas yeues { ae ae based Radicais gregos. euro earvilloeo igual equileero 4. Mais, numerosos sio os compostos emu ferro {eee tos gregos, fonte de quase todos os neologismos fe aa cos € cientifcos. ogee Iecomotivs Ente os mais usados, podemos indicar os seguintes, que servem geral- morte mortifeo mente de primeizo clemento da com; osigio: : dleigeno saxite, leo Sleosito TE a ae Sonmiporente Forma Sentido Exemplos pe pedilivio peixe Lamesensed snemo- vyeato ancmégrafo, anemémetro aes { sedi: ey Tome sntropslago, antropologia gradetp arqueo- antigo arqucogralie, arqueclogia reo retain biblio. ive bitlioglata”bibbotces aac ee sesquicententsio caco- mau cxcofonia, cacogeaia ts tricolor alte belo calif, caligeain : um oe cosmo- mundo cosmégrafo, cosmologia vvermi- vyerme vermifugo como cor cromolitogria, cromossomo cxono- tempo eronologis, cronémetro éactilo- dedo dactilografa, daciloscopia 2. Como segundo clemento da composigio, empregam-se: deca dex decaedeo, décalizo 8 Sree oie oie Aipéalo, disilabo Se enca- nove fenefgono, eneaslabo Forma ‘Sentido Exemplos etno- ag cere ECP eer ee eee ee farmaco- smedicamento -cida que mata regicids, faticida Salon nacureza “cola jue cultiva, ou babita vittcola, acboricola helio- sol cultura acto de cultivar apiculeac, piscculeura hhemie rmetade “ero que contém, ou produz _airlfero, famlfero hhemo- fico que faz, ou produz bensica, figorfico hhemato- sangue -forme ue tem forma de cuneiform, uniforme hepea- sete heptigono, heptastlabo a BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUES CONTECPORAN9 | prtivAgho & Coxrosicho 85 Observagio: Forma Sentido “Exemplos Como vemos, « maioria destes radicals assume na composigfo uma forma ter I PEE SEE HEEE EP ECe ag EPP er PCE egg accep minda em “2. Alguas empregam-se também como segundo elemento do : = ila tates Cemporto. Bo e280, P fasta, rome (ihrem, i cavalo ipSdromo, hipopétamo lo (pteredéetib), ite (arbi iam (hipepstam, foie tt tesom, Hooptn see (pel Ce, Blam (ae pele ictiofago, ietiologia Igual ixécrono, iséscee(e) pede nog, litogravara 2. Funcionam, preferentemente, como segundo elemento da com- grande megatério, megalomaniaco i es relodia, melon a posigio, entre outros, estes radicais gregos: meio meséclise, Mesopotinia dee mil nidiimeteo, misiade ‘Forma Sentido Exemplos que odela ‘mis6gino, misaatzopo fibala mitologia, mitémano “ que conduz demagogo, pedagogo moro nece6pole, necrotésio ae dor cefalaigia, ‘neveagia. s0%0 neolatino, neologismo on que comanda hreresites, monarca i . ia comando, governo sutarguia,, monarquia servo earologia, nevealgia Serenla debitaace neurastenis, psicastenia ito ‘octostlabo, octaedeo etfalo cabers dolicocéfalo, microcsfalo dente cdontologia, odoatalgia ceracia poder democracia, plutocracia lho! oftalmologia, oftalmoscépio -doxo ‘que opina heterodox, ortodoxo ome onomatologis, onomatopeia -dromo lugar para cozter hipédromo, velédromo mmontanha orogenia, orografa -edro base, face entzedro, Lesaord . recto, justo ortografis, ortodoxo aa eo serofagia, antropofagia agado, penetrante ‘oxigono, oxitono a inde antigo palcografia,paleontologia 7 : se todos, tudo puntelimo,_pie-amerieano aay eae, ntalge (eeatimento) docnga patogenttico, patologia oro que leva ow conduz pediatria, pedologia “gamia ‘asamento monogamia, poligamia me que casa bigume, polimo icologia, picandlise “géneo gue ger ererogéneo, homogéneo Fulop, g glota, -glossa lingua Polite, Hoplowe quiromancia, quizépteco gona ingulo eis pentégono, poligono Finoceronte, sinoplastia ~erafia . ye sfogia “logo _ “mania Smaguia Smetria 5 xilogeavura smetro zo6grafo, zoologia Tmosfo 84 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES ConrEMPORANEO | HIBRIDISMO & grego ¢ 0 segundo latino; em sorizlogia, 0 cont © 0 segundo prego. As formagées hibtidas sio em geral condenadas pelos existem algumas tio enraizadas no idioma que scria. pueri miné-las. E o caso das palavras mencionadas e de outens, como: autoclave decimetro ‘monocultura Diciclets cendovenoso neolatino igamo monéculo oleografia, ONOMATOPEIA As oNomaroreras sio pal reproduzie aproximadamente c tique-taque sAsstris tivos denotadores de vozes de ani- Em geral, os verbos e 03 5 mais tém otigem onomatopeica. ticio (in Chto. Gos Brae) cosso. én i do tpo) penivako = comrosicko ‘ ABREVIAGAO VOCABULAR © ritmo acelerado da vida intensa dos nossos dias obtiga-nos, neces- sariamente, a uma elocugio mais répida. Economizar tempo e palaveas & uma tendéncia geral do rmundo de hoje. Observamos, es que nfo pre com os vockbul de eriagio recent (por quilegrama), etc. Em todos eles a forma abreviada assumiu 0 sentido da forma plena Siglas. ‘Também moderno —e cada vez mais generalizado— é 0 processo de criagio vocabular nsiste em reduzit longos titulos a metas stGLAS, constituidas das letras iniciais das palaveas que os compdem, Actualmente, instituigdes de natureza varia — como organizagbes inter- oliticos, servigos pablicos, sociedades comercais, asso- Patronais, estudantis, culturais, recreativas, ctc.— slo, ‘em geral, mais conhecidas pelas stoxas do que pelas denominagdes com- pletas. Assim: ONU = Organizagio das Nagies Unidas UNESCO = United Nations Educational, Scientific and Cultural Orga- nization OBA = Organizagio dos Estados Americanos OUA = Organizagio de Unidade Afticana ABL = Associago Brasileira de Imprensa APU = Aliana Povo Unido PCP = Partido Comunista Portugués PPM = Pattido Popular Monézquico PS = Partido Socialista PSD = Partido Social Democritico PDS = Partido Democritico Social PDT = Partido Democrético Teabalhista PMDB = Partido do Movimento Democtitico Brasileiro Pr = Partido dos Trabalhadoses PIB = Partido Trabalhista Brasileiro FRELIMO = Freate de Libertagio de Mogambique 86 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO = Movimento Popular de Libertagio de Angola pce = Pan lo ‘Afican da Independéncia da Guiné ¢ Cabo Verde MEC = Ministério da Educagio e Caltura CGTP = Confederagio Geral dos Trabalhadores Portugueses UGT = Unitio Geral dos Tr UNE = Unio Nacional TAP = Tianspoter At = Viagio Aétea TA’ = Pepe Taternationale de Football Association B ndo € s6. Uma vez criada e vulgarizada, a siGtA passa a ser sentida como uma palavra primitiva, capaz, portanto, de formar derivados: ges, petebista, 10 € conhecida pela mesma sigla em Portugal © ‘exemplo, denomina-se OTAN (= Organizagto iantico Norte) 0 organismo que em Portugal se chama NATO (-North Adaatic Teeaty Organization), por terse aqui vulgatizado @ sigh Poe vez bh diferenga de acento da sila aos dois patses. Dine, por ‘exemplo, ONU em Poctugel e ONU no Brasil, 7. Se etieet Frase, otago, periodo A FRASE E A SUA CONSTITUICAO. x, Faass é um enunciado de sentido completo, a unidade minima de comunicagio, ‘A parte da gramética que descreve as regras segundo as quais as pala- vas se combinam para formar Frases denomina-se SINTAXE. 2. A nase € sempre acompanhada de uma melodia, de uma entoa- glo. Nas frases organizadas com verbo, a entoagio caracteriza © fim do caunciado, geralmente seguido de forte pause. B 0 caso Bate 0 vento n0 postigo... Gai a chuva lentamente... (Ds Costa ¢ Silva, PC, 507.) Se a frase nilo poss ‘mos teconhecé-ta, Sem tbo, a melodia € a nies marca por que pode- » frases como Atengio! Que inocéncia! Que alegria! seslam simples vocébulos, unidades Iéxicas sem fungdo, sem valor gra- ‘matical, Frase ¢ oragio. A rxass pode conter oma ou mais onacns. 1.9) Contém apenas uma oragio, quando apresenta: 7 AREVE GRAMATICA DO PoRTUGUIs CoNTBMTORANO 2) uma sb forma verbel, clara ou oculta: dia decorreu sem sobtessalto. Cosquim Pago a’Arcos, CVL, 491.) Na cabega, aquela bonita coro2. (Josué Montello, A, 32.) 1) duas ou mais formas verbais, integrantes de uma Locugko VERBAL: —Podem vie oF dois.. (Vitorino Nemésio, MTC, 446.) 2.9) Contém mais de uma oragio, quando hé nela mais de um verbo (Goja na forma simples, seja na locugio verbal), claro ou oculto: Basco, / volto, / abandono, | ¢ chamo de novo. (Agustina Bessa Luls, AM, 8.) © Negtinho comegou a chorar, / enquanto os (Gimbes Lopes Neto, CGLS, 332) Os anos so degeaus; / 2 vide, a escada. (Fernanda de Castro, ANE, 73.) Oragio © perlodo, 1. Panfopo ¢ a frase organizada em oraglo ou oragbes, Pode set: 2) smmrs, quando constituldo de uma s6 oragio: Cai o cxeptisenlo. (Dr Costa ¢ Silva, PC, 281.) 3) composro, quando fotmado de duas ou mais oragdes: ‘io bulia uma folha, / nXo cintilava um Iuzeico. (Aguilino Ribeiro, BS, 211) FASS, ORAGKO, HERiODO 1 2. © vexfono termina sempre por uma pausa hem definida, que se mares a esctita com ponto, ponto de exclamacio, ponto de interrogagio, reticéncias e, algumas vezes, com dois pontos. A ORACAO E OS SEUS TERMOS ESSENCIAIS Sujeito © predicado, 1 So termos essenciais da oragho 0 SupmITO € © PREDICADO. suyero € 0 ser sobre o qual se faz uma declaragio; o PREDICADO é tudo aquilo que se diz do suyerro. Assim, na oragio Este aluno obteve ontem ums boa nota, temos: oragto _— sujeito predicado 2, Nem sempre o supstro e o PREDICADO vem materialmente expressos: Assim em: Andei léguas de sombra Dentro em meu pensamento. Fernando Pessoa, OP, 59.) © sujeito de andsi & ev, indicado apenas pela desinéncia verbal. Jiem: Boa cidade, Santa Rita. (Métio Palmatrio, VC, 298.) 2 forma vetbal é que esté subentendida. » BREVE GRAMARICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO, (Chamam-se mferrcas as oragies a que falta um termo essencial. B, con. forme o caso, diz-se que 0 SUfEITO Ou 0 PREDIGADO éstiio ELfPrrcos. Sintagma nominal e verbal. 1. Na oragio: Este aluno obteve ontem uma boa nota, distinguimos duas unidades maiores: 4) 0 supstro: este alunos 3) 0 pamprcano: obtere onlem uma boa nota. Examinando, porém, o sujerro, vemos que cle & formado de duas palaveas: este aluao © demonstrative ef & um determinante (pEx) do substantive (x) «aluro, palavea que constitai o NécxEo da unidade. ‘Toda unidade que tem por nicleo um substantive recebe 0 nome de SINTAGMA NOMINAL (SN). A oragio que estamos estudando apresenta, assim, dois sivracmas NoMINAIS: 4) Sxl este alee; 8) sN2 = ama boa note 2 Podem ocorrer muitos sINTAGHEAS NOMINAIS (5X) na oragio, mas somente um deles seri 0 suymro. E, como veremos adiante, a sua posigio na ordem directa ¢ légica do enunciado € & esquerda do verbo. Os demais SINTAGMAS NOMENATS encaixam-se 0 PREDICADO. —que sdo os artigos, os numerais ¢ 0s prono- ‘mes adjectivos—e de moptrtcaDonss (MOD), que, 26 caso, so 0s adjec- Hesse adj | | Rass, ORAGKO, vERfoDo rt oN UN, fof ee 4. O SINTAGMA veRsAr, (sv) constitai o predicado. Nele hé sempre um verbo, que, quando stantrIcanivo, é 0 seu nicleo. (© snwracwa veRsat, pode ser complementado por sintagmas nominais © modificado por advérbios ou expresses adverbiais (son). ‘A oragto que nos serve de exemplo obedece, pois, ao seguinte eaquema WN é\ i bbad © SUJEITO x2 per Map uma] (ios) Bel Representagio do sujeito. ‘Os suynrros da 1.8 € da 2.% pessoa slo, respectivamente, os pronomes no singular; ads © 16s (ou combinagées equivalentes: eu ¢ i, tn e tle, etc.), no plural. 9 DREVE GRAMATICA DO poRTUGuEs CONTEMPORANEO FRASE, ORAGEO, PRfoou 33 (Os suysrros da 5.* pessoa podem ter como micleo: | Sujeito simples ¢ composto. a) um substant lecjuae cepa! Matilde entendia disso. (Agustina Bessa Luts, OM, 170.) Quando o sujeito tem um sé anticleo, isto €, quando o verbo se refere 1. um 86 substantivo, ou a ut s6 pronome, ov a um sé numeral, ou a uma las (plural): 36 palavea substantivada, ou a uma 6 otagio substantiva, o suysrro € ste PLES. Esse 0 caso do sujeito de todos os exemplos atrés mencionados. » la (Singul: os pronomes pesso# Estavam de bragos dados, ele arrumava a gravata, ela ajcitava o chapén, | litico Verlssimo, LS, 128.) i 4) um pronome demonstrativo, relative, interrogativo, ou indefinido: | gujeito composto. Tito eo the arrefece 0 animo? (Augusto Abelaira, NC, 35.) Ackava consolo nos livros, que o afsstavam cada vez mais da vida. rico Verissimo, LS, 153.) Quem disse isso? ‘As vozes e 0s passos aproximam-se. (Fernanda Botelho, X, 130.) (Manuel da Fonsees, S1/, 248.) # composto o sujeito que tem mais de um nvicleo, ou seja 0 sujeito constituido de: 2) mais de um substantivo: Tudo parara a0 sedor de née, ! 4) mais de um pronome: emer iee fe) Bile © eu somos da mesma raga, 4) um oumeral: avid Moutio-Ferecita, I, 98.) ‘Ambos slteraram os roteiros (Nélida Pion, FD, 4) mais de uma palavea ou expresso substantivada: ) Falam por mim oe abandonados de justiga, os simples de coragiio. @) uma palavra ou uma expresso substantivads: { paet a (Carlos Drummond de Andrade, R, 148) Tnfanta, no exilio amacgo, ad Tafanta, no exllo eargo, mais de uma oragio substantiva: (Tasso da Silveice, PC, 367.) ta Bit melhor enquecer 0 6 ¢ pensar numa cama igual & de seu Tomée la bolandeisa. © por fazer € 55 com Deus. (Gracitiano Ramos, V5, 62.) (Petnando Pessoa, OP, 16,) A) wma oragio substantiva subjectiva: Sujeito oculto (determinado). 1. Baguele que nio esté materialmente expresso na oragio, mas pode ser identificado, A identificagio fuz-se: | (Anténio Sérgio, B, 1V, 245.) t 7 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANTO a) pela desinéncia verbal: Ficamos um bocado sem falas. (Luis Bernardo Honwana, NMCT, 10.) sujeito de fcames, indicado pela desinéncia -mos, € 6s. 4) pela presenga do sujeito em outra oragio do mesmo periodo ou de perlodo contiguo: Soropita ali viers, na véspers, lk dormira; e agora retomnava a casa. (Guimaries Rosa, CB, I, 467.) O sujeito de visra, dormira e retornava € Soropite, mencionado oa primeima oracho, antes de viera, 2, Pode ocorrer que 0 verbo no tenha desinéncia pessoal ¢ que o sujeito venba sugerido pela desinéncia de outro verbo. Por exemplo, neste petiodo: Antes de comunicar-vos uma descoberta que considero de algam interesse pata 0 nosso pals, deinai que vos agradesa. © sujeito de comtidera, indicado pela desinéncia -0, & ey, também sujeito de comunicar, vetbo nx forma infinitiva sem desinéncia pessoal Sujeito indeterminado. Algumas vezes 0 vetbo nio se refere a uma pessoa deterininada, ou por se desconhecer quem executa a acglo, ou por mio haver interesse no seu conhecimento, Dizemos, entdo, que 0 SUjEIIO & INDETERUTNADO. Nestes casos em que 0 sno vem expresso na oracio nem pode set identificado, pée-se o ver 4) ow me 5% pessoa do plural: Reputavam-no o maior comilio da cidade. (Cito dos Anjos, MS, 44.) 4) own 5.* pessoa do singulat, com 0 pronome se: Ainda se vivia num mundo de certezes. (Agustina Bessa Luis, OM, 296.) RASH, ORAGKO, PER{ODO 9s 8 Os dois processos de indeterminagio podem concorrer nut mesmo periodo: ‘Na Casa pisavam sem sapatos, e falava-se btizo. (Anibal M. Machado, JT, 23.) Oragio sem sujeito. Nao deve sez confundido © suysrro iNDEYERWINADO, que existe, mas nio se pode ou nfo sc deseja identificar, com a inexisténcia do sujcito. Em oragées como es seguintes: Chove. Anoitece, Fax frio, interessa-nos 0 proceso verbal em si, pois nfo 0 atribuimos a nenbum ser. Diz-se, catdo, que 0 verbo € m#PESs0AL; € 0 sujeito, INBXISTENTE. Eis 0s priacipais casos de inexisténcia do sujeito: 4) com verbos ou expresses que denotam fenémenos da satareza: Amanhecen a choves. (Aatéaio Botto, 04, 235.) » com 0 verbo haver na acepgfo de eexistiry: Na sala havia ainda tés quadtos do pintor. (Fernando Namors, DT, 206.) 2) com os verbos haver, fazer e ir, quando indicam tempo decorrido: Morava no Rio havia muitos anos, desligedo das coisas de Minas. (Gro dos Anjos, MS, 527°) Faz hoje oito dias que comecei, (Augusto Abelaiza, B, 133.) ‘Vai para uns quinze anos escrevi uma erénice do Cutvelo, (QManuel Bandsica, PP, 1, 3583 4) com o verbo ser, na indicagio do tempo em geral: Era por altura ds lavourss, (Agustina Bessa Lus, 5, 187.) DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANED en cect Be Sone commons Observagies: 1.9 Nas oragdes impessoris © predicativo. Veja-se, a 28 Também ocorze a im Como podia haver tantas casas ¢ tanta gente? (Graciliano Ramos, VS, 109.) 58 Na linguagem coloquial do Brasil € corrente o empzego do vetbo tur ‘como impessoal, % semelhanga de dar. Escritores madernos —e alguns dos saiores-— nto tém duvidado em algar a constracio a lingua litericia, Hoje tem festa no brejo! (Carlos Drummond de Andrade, R, 16.) © uso de ter impessoal deve cstenderse 10 portugués das nagées afticanas, idade em Angola hé abundante documentagfo na obra de Luane — Aqui tem galisha, tem quiaual... Gy 65.) 4° Em sentido fgurado, os verbos que exprimem fenémenos da satwe ean podem set empregados com sujeito: Choviam 0s ditos a0 passo que ela seguia pelas mesas, (Almada Negreisos, NG, 92 Da atitude do sujeito, Com os vetbos de acgio, Quando 0 verbo exprime uma acgio, a atitude do sujeito com referén- 1© processo verbal pode set de actividade, de passividade, ou de acti- ide € passividade 20 mesmo tempo. 1, Neste exemplo: Maria levanton 0 menino, Maria executa a acgio express pela forma verbal ltvanton. © sujeito © AGENTE. RASH, ORAGHO, PERfoDo 7 ————ee 2. Neste exemplo: © menino foi levantado por Matis. a acgio no é praticada pelo sujeito o menina, mas pelo agente da passiva — Maria. O sujeito, no caso, softe a acgio; & dela o PACIENTS. 3. Neste exemplo: ‘Maria levantouse, 2 acgio € simultaneamente exercide ¢ softida pelo sujcito Maric. O sujeito é entio, a um tempo, 0 AGENTE eo PAcmNTE dela. Como vemos, na voz activa, 0 tetmo que representa o agente 6 0 sujetro do verbo; 0 que representa o paciente € 0 oxjzcro DIRECTO. Na ‘vor passiva, 0 onjecro (paciente) torma-se 0 sujmxo do verbo. Com os verbos de estado, 1. Quando o verbo evocs um estado, a atitude de pessoa ou di coisa que dele participa € de neutralidade. O sujeito, no caso, no é 0 agente nem © paciente, mas @ sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve: Pedro € magro. Joo permanece doente, © porteiso ficou pilido. 2 Incluem-se naturaimente entre os verbos que evocam,um estado, ou melhor, uma mudanga de estado, os incoativos como adosiir, emagre empalidecer, equivalentes 2 fear doeate,fcar magro, fear pilido, © PREDICADO (© preprcano pode scr NOMINAL, VERBAL OU VERRO-NOMINAT. Predicado nominal. rrspicapo Noumeat, é formado por um VERBO DE LIGAGKO - PRE- brcarrvo, 98 BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUIS CONTEMPORANED x. O VERSO DE tIGAGKO pode expressar: 4) estado permanente: Hllliio era 0 herdeiso da quinta, (Catlos de Oliveisa, CD, 90.) B) estado transitério: © velho esteve entre a vide © a morte dusinte uma semana, (Castto Soromenho, TM, 236.) 6) mudanga de estado: Amato ficou muito pertusbado, Esico Verlesimo, LS, 137.) 4) continuidade de estado: (© Barbagas continuava alhesdo ¢ sorzidente. (Ferando Namors, TJ, 177.) 2) aparéncia de estado: Bla parecia uma figura de retrato, (Autran Dourndo, T4, 14.) Observacio: Os veRDos Dx uicAcio (ox coruLantvos) servem para estabelecer 2 unite ‘entse duas palavras Ou expressbes de carictee nominal. Nio trazem propria. mente ideia nove s0 evjeito; fancionam apenas como elo entre este © 0 seu predicat Como tsi verbos que se empregam ora como copulativos, ore como sigaific cativos, convém atentar sempze no valor que apresentam em determinado testo fim de clstiicklos com acerto. Comparem-se, por exemplo, cass Estavas em casa. | Andei muito hoje. | Figuei no men posto. Continuamos a mazcha. i esaroso, Continuamos silenciosos. RASE, ORAGKO, venfono a Nas primeitas, os verbos estar, andar, far e continsar sio verbos de ligasio; ras segundas, verbos significativos. 2, O prepicanivo pode set representado: por substantive ou expressio substantivade: =O boato é um vicio detestivel. (Carlos de Oliveira, AC, 183.) Todo momento de achar é um perder-se a si proprio. (Chatice Lispector, PSGH, 12.) 4 por adjectivo ou locugto adjectiva: A praia extava deserta, (Branquinho da Fonseca, MS, 13.) — Beta linha & de morte. (Caslos Drummond de Andrade, CB, 95: 4) por pronome: Vou calaz-me e fing que eu sou eu... (Abgat Renault, LSL, XVII) 4) por numeral: ‘Toa alma 0 um que sto dois quando doie sfo um. (Fernando Pessoa, OP, 298.) 4. por oragio substantiva predicativa: ‘Uma tarefa fundamental é / preservar a histéria humana, (Nélida Pion, FD, 75.) Obsecvagbes: 18 0 pronome «, quando funciona como Pruprcartvo, € demonsteativor Cada coise € 0 que & (Fernando Pessoa, OP, BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO 28 © prupicanivo pode cefesirse a0 oajkcro, aplicagto esta que estuda- romos adiante 52 Quando se deseja dar énfese 20 pnepicanavo, costumuse relembrilo dom 0 pronome demonsteativo ¢: Tive depois motivo para erer que o perverso e a peste fora-o ele pré- prio, na intengto de fazer Vales um Bom setvigo. (Ravl Pompéis, 4, 50.) Bo que se chama pReDrcaravo muxowist1C0. Predicado verbal. © PREDICADO VERBAL tem como ntileo, isto é como elemento prin- cipal da declaragio que se faz do sujeito, um vEnno siGNIFICATIVO. Vexnos sicuiricarivos sto aqueles que trizem uma ideia nova a0 sujeito, Podem set INTRANSITIVOS © TRANSITIVOS, Verbos intransitivos, Nestas oragées de Da Costa e Silva: Sobe a névoa... A sombra desce... (PC, 281) vetificamos que a aco estd integralmente contida nas formas verbais sob ¢ desce. Tais verbos sio, pois, rvrRANSIrIVOs, ou scja, aio TRANSITIVOS: a aes%0 no vai além do verbo. Verbos transitives, estas oragies de Fernanda Botelho: Ele sto me agradece, / nem eu the dou tempo. & vemos que as formas verbais agradece ¢ dau exigem certos tettmos para com Pletar-Ihes 0 signifiesdo. Como o processo verbal no est integealmente contido nelas, mas se transmite a outros elementos (0 pronome me na pri- mei Pronome die € o substantive fempo na segunda), estes ver- bos chamam-se TRANsrtivos. PRASE, ORAGKO, vERfoDO ror Os verbos Ransrrtvos podem ser DIREGTOS, INDIRECTOS, ou DIRECTOS € INDIRECTOS 20 mesmo tempo. 3. VERnOS TRANsITIVes DInECrOS. Neste exemplo de Agustina Bessa Luis: Ela invejava 08 homens. (OM, 207.) + acgio expressa por énejav transmite-se a outro elemento (as homens) ditec- ‘tamente, ou seja, sem o auxilio de preposicio, B, por isso, chamado VERBO TRANSITIVO DIRECTO, € 0 termo da oragio que Ihe integra o sentido recebe © nome de oBjzcro DiRECio. 2, Vernos TRaNsriIvos mDIRECrOS. Neste exemplo: Perdoem a0 pobre tolo, (Giro dos Anjos, DR, 235.) 2 acgHo expressa por perdoems transita para ontso elemento da oragio (o pobre 4olo) indixectamemt, isto é, por meio da preposicio a, ‘Tal vetbo denomina- $e, por conseguinte, TRANSIHIVO INDIRECTO. O termo da oragio que com- pleta o sentido de um verbo mRaNsirivo INprREcro denomina-se OnjecTo INDIRECTO. 3+ VERSOS SIMULTANEAMENTE TRANSITIVOS DIRECTOS = INDIRECTOS. Neste exemplo: © sucesso do seu gesto nfo dew paz ao Lomba. (Miguel Torga, NCM, 51.) 4 acgio expressa por diw transita para outros clementos da oraglo, 2 um tempo, directa e indirectamente. Por outras palavtas: este verbo requer simmultaneamenie onjecro Directo © mNpIRECTO para completarlhe o sentido, Predicado verbo-nominal. Nio so apenas os verbos de ligagio que se constroem com predica- tivo do sujeito. Também verbos significativos podem set empregados com le. rot BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO Neste exemplo: Pro riu despreacupado. (Attinio Peixoto, RC, 191.) © verbo rir & significative. Despreocipads refere-se 20 sujeito Paulo, qua lificando-o, A este predicado misto, que possui dois miicleos significativos (um verbo ¢ um predicativo), dé-se o nome de VERBO-NOMINAL, Observagio: No mxzprcapo vansoNowmvat, © predicatvo anexo 20 aujcito pode vit antecedido de preposici, ou do coneetivo cum: © acto foi acusado de ilegal. Carlos saiu estudsnte € voltou como doutor. ilidade de predicagio verbal. A anilise da transitividede verbal ¢ feita de acordo com o texto € nto isoladamente, O mesmo verbo pode estar empregado ora intransitivamente, ora transitivamente; ofa com objecto directo, ora com objecto indirecto, Comparemse estes exemplos: Perdoai sempre [= mvraanstrivo]. Perdoai fm TRANSITIVO DIRECTO). igos [= TRANSIIIVO DIRECTO). ‘0s inimigos [= raaxsrmivo Digzcro & DIRECTO) A ORAGAO E OS SEUS TERMOS INTEGRANTES Examinemos as partes assinaladas nas oragbes abaixo: Alguns coleges mostravam interesse por ele. (Raul Pompéis, 4, 254.) Tinha.os othos sasoe de 1égrimas. (Agustina Bessa Luts, OR, 272.) ‘Tenho escrito bastantes poemas. (Pemando Pessoa, OP, 175.) FRASE, ORAGKO, PERfoDo on ‘Nio sei que diga do marido relativamente ao baile da itha, (Machado de Assis, OC, 1, No primeiro exemplo, o pronome ele esti relacionado com o substan- tivo fntresse por meio da preposigio por; no segundo, ‘as selaciona-se com 0 adjectivo rasos através da preposi © substantive poems, modificado pelo adjectivo bastantes, integra 0 sentido da forma verbal tenbo esrrito; no quacto, 0 baile da ilba prende-se 20 advér. bio relativamente por intermédio da preposigéo a. Vemos, pois, que hé palavras que completam o sentido de substan- tivos, de adjectivos, de verbos e de advérbios. As que se ligem por prepo- siglo a substantivo, adjectivo ou advérbio chamam-se COMPLEMENTOS NOMI. wars. Denominam-se CoMPLEMENTOS YERBATS as que integram o sentido do verbo. COMPLEMENTO NOMINAL O compuesto Nommsax vem, como dissemo: 20 substantivo, 20 adjectivo ow ao advérbio cujo integra ou limita, Palavra que tem o seu sentido completado ou integrado encersa «ama ia de relagio e 0 complemento é 0 objecto desta relagion, © comptesmvro Nowa pode ser representado por: 4) substantive (ccompanhado ou no dos seus modificadores): © pior € 2 demote do vapor. (Witorino Nemésio, MT 6 Joana patecia alheia a toda essa actividade. @emnando Namor, T], 251.) D pronome: Tinba ojo de si mesma, @Machado de Assis, OC, I, 487.) ©) sumeral: A vida dele cra necessécia a ambas. (Machado de Astis, OC, 104 DABVE CRAMATICA DO PORTUGUES CONTPMPORANEO, 4) palavra ou expressio substantivada: Passo, fantasma do meu ser presente, Ebtio, por intervalos, de um Além, (Fernando Pessoa, OP, 392.) ormgio completiva nominal: Comprei a consciéacia de que sou Homem de trocas com a natureza. (Miguel Torgs, CH, 12.) Observagies: 18 © compumento Noumat, pode estar integrando o sujeito, o predi- cativo, 0 objecto directo, 0 objecto indirecto, o agente da passiva, 0 adjunto adverbial, 0 aposto € 0 voestivo. 28 Convém ter presente que 0 nome cujo sentido o commusMmro NOMI At integea corresponde, geralmente, a um verbo transitive de radical seme- IThante: amor da pittia édio aos ‘ar oe ljason COMPLEMENTOS VERBAIS Objecto directo. Oxjecro pinzcro € 0 complemento de um verbo transitivo directo, ou sejz 0 complemento que normalmente vem ligado ao verbo sem pre- posigio ¢ indica 0 ser para o qual se dirige a acco verbal. Pode ser tepresentado por: 4) substantive: Vou descobrir mundos, quero gléria ¢ famal... (Guerra Junqueiro, 5, 12.) ¥) pronome (substantive): Qs josnais nada publicaram, (Carlos Drummond de Andrade, CA, FRASE, ORAGKO, Panfono 105 2) numeral: —Jé tenho seis lem casa, que mal faz inteirar sete? (Catios Drummond de Andrade, CB, 51.) 4) palaves on expressio substantivada: Como quem compae roupas © omors conpashaince (ecnando Pessox, OP, 206) Perserutava na quietnde 0 indtil de sua vida. (Antran Dourado, TA, 36,) €) otagio substantiva (objectiva directa): Nio quero que fiques triste. (José Régio, SM, 295.) Objecto ditecto preposicionado. x, O ospscro prascro costuma vir regido da preposigio a: com 05 verbos que exprimem sentimentos: 86 nilo amava a Jorge como amava ao illo. Joaquim Pago dArcos, CVL, 156.) 3) para evitar ambiguidade: Sabeis, que a0 Mestre vai matic, (Marcelino Mesquits, LT, 66,) #) quando vem antecipado, como nos provérbios seguintes: A homem pobre singuém roube. ‘A médico, confessor e letrado nunca enganes. 2. O ojecro pinecro € obrigatoriamente preposicionado quandc expresso por pronome pessoal ténico: Rubitio viu em duas rosas valgaces uma festa imperial, ¢ exqueceu a sala a mulher ea i, (Machado de Assis, OC, 1, 679. 106 DREVE GRAMATIGA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO. Objecto directo pleondstico. 1. Quando se quer chamar 2 atencio pata 0 OB]ECTO DIRECTO que pre- cede 0 verbo, costums-se selembré-lo pot um pronome obliquo. Bo que se chama oxjucro DIRECTO PLEONASTICO, em cuja constituigio entra sempre ‘um pronome pessoal étono: Palavras ctit-as 0 tempo € 0 tempo as mats. (Jose Cardoso Pikes, D, 500.) 2 © onsexo prmscro rixowisrico pode também ser constituldo de um pronome étono € de wma forma pronominal ténica preposicionada: ‘Mas nfo encontroa Marcelo nenhum, Eacontrou-noe a n6s. (David Mourio-Ferreira, I, 23.) Objecto indirecto. 1. Onyacro mprecro ¢ 0 complemento de um verbo uansitive indicecto, isto é 0 complemento que se lige 20 verbo por meio de prepo- sigio. Pode ser representado por: 4) substantivo: Duvidava da riqueza da terra. (Nélida Pion, CC, 190.) 3) pronome (sabstantivo): Que ela afasce de ti aquelas dores Que fizeram de mim isto que sou! Posbele Expance, 5, 24.) 2) numeral: Os domingos, porém, pertenciam aos dois. (Femando Namors, CS, RASS, ORAGRO, PaRfoDo 107 4) palavra ou expressio substantivada: ‘Mas — quem datia dinhcizo aos pobres? (Catice Lispectos, BF, 158.) Seu formidével vulto solitirio Enche de estar presente o mar ¢ 0 céu, (eenando Pessoa, OP, 14.) 4) otagio substantiva (objectiva indirecta): — Nilo te esquesas de que a obeditncia é o primeiro voto das novicas. osaé Montello, DP, 236.) 2 Nio vem precedido de preposigio 0 onyzcro mpmecro represen- tado pelos pronomes pessoais obliquos me, ie, the, ner, 10s, lbes, € pelo refle- xivo 4. Note-se que 0 pronome obliquo ibe (ibes) é essencialmente onjzcro INDIRECTO? As noites nifo the trouxerim repouso, mas deremlhe, em contrapartide, tempo para 2 meditagio. Coaquim Pago d'Arcos, CVL, 1177) Luts Garcia dema-se preesa em (@achado de Objecto indirecto pleonéstico. Com a finalidade de sealgé-lo, costuma-se sepetit 0 onyzcro mpircro. Neste caso, uma das formas é obrigatoriamente um pronome pessoal ftono. A outra pode ser um substantivo ou um pronome obliquo ténico antecedido de preposigao: — Quem Ihe disse a voc# que estavar no palheiro? (Catlos de Oliveira, AC, 1 Predicativo do objecto. 1, Tanto 0 onjecro pixecro como 0 mpmecro podem ser modifi- cados por PREDICATIVO, O PREDIGATIVO DO ORJECTO 86 aparece no predi- cado VERNONOMINAL, € & expresso: 108 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUS CONTEMPORANEO ‘Uns a nomeiam primavera. Eu Ihe chamo estado de espi (Carlos Drummond de Andrade, FA, 125.) 4) por adjectivo: (Os trabalhadores da Gamboa julgam-no assombrado. (Orlando Mendes, ) 2, Como © PREDICATIVO DO supEITO, 0 do ovjecro pode vir dido de preposigio, ou do conectivo conve: Quaresta entio explicou porque 0 ttatavam por major. (Lima Barreto, TFPQ, 215.) Considero-o como 0 primeiro dos precursores do espirito moderno, (Antero de Quental, C, $15.) Observagio: com 0 verbo chamar pode ocotter © PREDICATIVO DO GRJECTO IN A gente £6 ouvia 0 Pancério chamarthe ladsio © mentiroso, (Castro Soromenho, V, 220.) Agente da passiva. AcENTE DA vassiva € 0 complemento que, na voz passiva com set que pratica a acgio softida ou recebida pelo sujeito. ento verbal —normalmente introduzido pela preposigio , algumas vezes, por de— pode ser representado: 2) por substantivo ou palavra substantivada: — Esta carta foi escita por um marinheiro americano, (Femnando Namora, DT, 120.) PRASE, ORAGKO, PERfoD0 ‘an }) por pronome: ‘A mesma oragio foi por mim proferida em Si0 José dot Campos, minka cidade natal. (Cassiano Ricardo, VIE, 26) 2) por numeral: Nio devem ser escutadas por todos; ttm de ser ouvidas por um. oaquim Pago d’Arcos, CVL, 3501) 2) por oragio substantiva: Mariana era apreciada por todos quantos lam 2 nossa casa, homens senhoras. (Machado de Assis, OG I, 746,) ‘Teansformagio de oragio activa em passiva, 1. Quando uma origi contém um verbo constraiddo com objecto directo, ela pode assumir 2 forma passiva, mediante as seguintes transfor- mages: 2) 0 objecto directo passe a ser sujeito da passiva; 8) 0 verbo passa & forma passiva analitica do mesmo tempo © modo; €) 0 sujeito converte-se em agente da passiva. ‘Tomando-se como exemplo a seguinte ozagio A inflagio corséi os salétios. poderlamos coloci-la no esquema: 0 BREVE GRAMATICA DO poRTUGUs CONTEMPORANHO (Or salétios so eorrofdos pela inflasio. © seu esquema seria entfo: omgio Be agente da passiva verbo fos saléios so corroldos pela inflagio 2, Se numa oracéo da vox activa o verbo estiver na 3.4 pessoa do plural para indicar a indeterminagio do sujeito, a transformagio passiva cala-se o agente, Assim: ‘vou activa ‘Vou PASSIVA Aumentaram os salécios, Os salicios foram aumentados, Contiveram 2 inflacio. A inllagio foi contida, Observagies: XA Compre alo esquecer que, na passagem de uma oragio da voz activa para a pabsive, ou vice-versa, 0 agente ¢ © paciente continua of mesmos; apenas desempenham fangio sintictica diferente, 28 Na voz passive pronominal, a Magoa modemaa omite sempre 0 agente: Aumentou-se o salésio dos grifcos. Conteve-se a inflagto em niveis razodveis, A ORAGAO E O$ SEUS TERMOS ACESSORIOS Chamam-se AcussORrOS os TERMOS que se juntam a um nome ou a um verbo para lhes precisar o significado, Embora tragem um dado novo a otagio, nilo so indispenséveis 20 entendimento do enunciado. Daf a sua dcnominagio. FRASE, ORAGHO, ZER{oDO Séo TERMOS AcHSSORIOS: a) 0 ABJONTO ADNoMINAL; B) 0 ADJUNTO ADVEREIAL; ¢) 0 APostO, ADJUNTO ADNOMINAL Apyunro ApNomiwaL € 0 termo de valor adjective que secve para cspecificar ou delimitar o significado de uin substantivo, qualquer que seja a fungio deste. O anjunto ADNosanat. pode vit expresso por: @) adjectivo: Na areia podemos fixer até castelos aoberbos, onde sbrigar 0 soa SP cand igtt © nosso ubem Braga, CCB, 251.) 3) locugio adjectiva: Era um homem de conscléncia, ‘(ngusto Abelaiza, NC, 15.) artigo (definido ou indefinido): 0 ovo € a cruz que a galinha catrega na vide, (Clatice Lispector, FC, 51.) 4) pronome adjectivo: Deposito @ minha dona no limiar da sua moradia, ernanda Botelho, X, 118.) 2) sumeral: Cesarase havie duas cemanas, (Caslos Drummond de Andeade, CB, 29.) J) otagio adjectiva: Os cabelos, que tinha fartos e lisos, cafram-the todos. (Macia Judite de Carvalho, AV, 116.) DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO ADJUNTO ADVERBIAL Apyonro ADvERB:AL é, como o nome indica, o termo de valor adver bial que denota alguma circanstancia do facto expresso pelo verbo, ou inten- sifica o sentido deste, de um adjectivo, ou de um advérbio. © anjuxto apvEnntAt, pode vir representado: 2) por ad ‘Amou-a perdidamente, (Lygia Faguades Telles, DA, 118.) 1B) pot locugio ou expressio adverbial: De siibito, eu, 0 Baslo e a criade comegamos a danca no meio da sala, Branquiaho da Fonseca, B, 61.) ©) por oragio adverbial Fechemos os olhos até que 0 sol comece a declina. (Anibal M, Machado, CJ, 82.) Classificagio dos adjuntos adverbiais. B dificil eoumerar todos os tipos de apyuntos ApvERBTAIS. Muitas vezes, 56 cm face do texto se pode propor uma classificagio exacta. Néo obstante, convém conhecer os seguintes: 4) DB CAUSA: Por que thes dais tanta dor?! (Avgusto Gil, LJ, 25.) }) De companmta: ‘Vivi com Daniel perto de dois anos. (Clatice Lispectos, BF, 79.) FRASE, ORAGKO, PER[ODO ny 6) De Dévipa: ‘alvez Nina tvesse rato... (Witotino Nemésio, MTC, 105.) D ve vu: Hé homens para nada, muitos para mui salts nade, muitos para pouco, alguas para muito, neskam (Marques de Maricé, M, 87.) Ds merrumeyro: Donte com o chicote, ouviste! (Loandino Vieira, L, 4x.) A) Du nerenstpave: Gosto muito de ti, (Miguel Torge, NCM, 32.) 2) DE LwGAR: © vulto escuro eatrou no jardim, sumiu-se em meio as dcvores, CExico Vertssimo, LS, 135.) 2) De mavépca: Obra de finado, Escrevi-a com a pena da galhofa ¢ a tinta da melane colia, (Machado de Assis, OC, 1, 413) i) Ds aczto: Estarei talvez confur as coisas, wntbal ais r i fear eee indindo as coisas, mas Antbal inda viajava de bici- (Augusto Abelaise, NC, 19.) J) de Moo: ‘Vagarosamente cla foi recolhendo 0 fo. (Lygia Fagundes ‘Teles, ABV, 7.) 2) be Npoagko: Nido, seahor Cénego, vejo. Mas nifo concordo, nfo accito. (Beraatdo Santareno, TPM, 109.) ng. AREVE GRAMATICA DO poRruGuis conuEaPORANEO mm) DE TEMPO: ‘Todas as manbis cle sentava-se cedo a essa mesa ¢ excrevia até as dez, onze horas. (edto’ Nava, BO, 330: APOSTO x. Avosro é 0 termo de catdcter nominal que se junta a um substan- tivo, a um pronome, ou a um equivalente destes, a tiealo de explicagio ou de apreciagio: Biles, o8 pobres desesperados, tinham uma euforia de fantoches, (Fernando Namors, DT, 257.) 2. Entre 0 Arosto ¢ o termo a que cle se sefere hi em geral pause, marcada na esctita por uma virgule, como no exemplo acima, ‘Mas pode também iio haver pausa entre 0 APosro e 2 palavea prin- cipal, quando esta um termo genérico, especificedo ou individualizado pelo avosro. Por exemplo: A cidade de Lisboa © rei D, Manuel © poets Bilac © més de Junho Este arosto, chamado Ds ESPECTFICAGKO, no deve ser confundido com certas construgdes formalmente semelhantes, como: © clima de Lisboa A fpoca de D. Manuel O soneto de Bilac a ‘As festas de Junho fem que de Lisboa, de Bilas, de D. Manel ¢ de Junto equivalem a adjectivos (= Hishoeta, bilaguiano, manuelina ¢ jusinas) ¢ fancionam, portanto, como ATRI- UFOS Ow ADJUNTOS ADNOMMSAIS. 3+ © aPosro pode também: 4) set representado por uma oracio. ‘Homem feio tem esta vantagem: mulher butra no 0 persegue. Gilberto Amado, DP, 254.) | paase, oRAGKO, vERfoD0 ey 0) refetir-se 2 uma oragio inteira: © importante ¢ saber para onde puxa mais a comedeisa — coisa, al sem grandes mistérios, mane (Mitio Palmério, 7G, 375.) 6). set enumerativo, ou recapitulativo: ‘Todo o faria lembrat-se dela: a manha, os pfssaros, o mar, o azul do cu, a8 flores, 08 campos, os jardins, a relva, as casas, a8 fontes, sobre. tudo as fontes, principalmente as fontes! (Almada Negreitos, NG, 112,) s porcos do chiqucizo, a8 galnhas, os pés de bogeri, o cardeizo da estrada, as cajazciras, o bode manso, tudo na casa de seu compadce parecia mais seguro do que dantes. (José Lins do Rego, FM, 289) Valor sintéctico do aposto. © arosro tem 0 mesmo valor sintictico do termo a que se refere. Pode, assim, haver: 4) aposto no sujeito: Bla, Dora, foi, de resto, muitissimo discreta. (Maria Judite de Carvalho, AV, 105.) 4 posto no predicativo: Ble era 0 famoto Ricardio, 0 homem das beizas do Verde Pequeno. (Guimacies Rosa, G5-V/, 203.) 4) posto no complemento nominal: Jodo Viegas esté ansioso pot um amigo que se demora, 0 Calisto. (Machado de Assis, OC, II, 521.) 4) aposto no objecto directo Jogamos uma partida de xadeez, uma Iuta renhida, quase duas hoses (Augusto Abela, NC, 54.) 2) aposto no objecto indirecto: ‘Men pai cortava cana para a égua, ena (Jorge Amado, MG, 35, BREVE GRAMATICA DO poRrUUEs conmmucronAnto 16 A) aposto no agente da passiva: [As patedes foram levantadas por Tomis Manuel, avd do Engenheiro, ‘Gosé Cardoso Pises, D, 63.) 2) aposto no adjunto adverbial: focé sii tem relagbes aqui, no Rio, menino? i (Elim Bacto, REIG,*5) B) posto no aposto: Os primeitos foram os chefe de secgdo aposentado, sobrinha de ambos. (Machado de 4) aposto no voeativo: Razio, irm& do Amor e da Justica, Mais ma vez escuta a minlia prece. (Antero de Quental, SC, 72.) Aposto ¢ predicativo. a propriedade representnda 1m ScMIpre © mesmo ser, 0 Com o Arosto atribui-se a um subs por outro subst ‘uma vic separado do substantivo que modi- lcada geralmente por virgula na escrita). Numa oragio como a segul muda e calma... (Elorbela Espanca, 5, 60.) B a noite vai des que também poderia ser enunciada: E & noite, muda e ealma, vai descendo... B, muda e calma, a noite vai descendo... senda ¢ calna & prEDtcATIYO de um predicado verbo-nominal. ERASE, ORAGKO, venfoDo iy a anilise de oragBes elipticas, cujo cospo desempenha 2 fungio de preptcanvo, O mesmo raciocinio aplica se reduz 2 um adjectivo que nel 0 caso de frases do tipo: Rico, desdenhava dos humildes. [= porque era ried, dentro da qual exerce a fungio de pretcatvo. VocATIvo Examinando estes versos de Anténio Nobre: ‘Manucl, teas suzio. Venho tarde, Desculpa. G sx) © sinos de Santa Clara, Por quem dobrsis, quem morreu? © 47) vemos que, neles, 08 termos Manvel ¢ O sinos de Sante Clare nto esto subor- dinades a nenhum outio texmo da frase. Servem apenas para invocar, che- A estes termos, de entoagio exclamativa ¢ isolados do esto da frase dése 0 nome de vocantvo. COLOCACAO DOS TERMOS NA ORACAO % Em Portugués, como nas demais linguas roménicas, predomina a cece ne atHGrA, isto €, os termos da otagio dispdem-se preferentemente na sequéncia: SUREITO + VEREO + ORRECTO DIRECTO ++ onpEcTO mDIRECKO ou SUNEITO + VERO + PREDICATIYO | | | Ss | BREVE GRAMATICA DO PORTUGUTS CoNTEMPORANEO a preferéncia pela ORDEK DmRECTA é mais sensivel nas ORAGOES oferecen um livro a0 colega. é gentil. Paulo no perdoou a ofensa do colega. Paulo no & generoso. 2. Ao reconhecermos a ptedomingncia da ordem directa em portu- guts, no devemos concluir que as inversdes repugnem 20 n0ss0 idioma, Pelo contririo, com muito mais facilidade do que outras linguas (do que o francés, por exemplo), ele nos permite alterar 2 ordem normal dos termos da oragio. Hé mesmo certas inversbes que o uso consagrou, € se tornaram para nds ume exigéncia grametical, Inversdes de natureza estilistica, Dos factores que normeliente concottem para alterat a sequéncia llgica dos vermos de uma oragio, 0 mais importante é, sem diivida, a énfase, Assim, 0 zealee do suerro provoce geralmente a sua posposigio a0 VERBO: Queto levat-te a dédalos profundos, Onde refervem sis... e céus... e mundos... (Cestto Alves, EF, 44.) Ao conttério, o realce do parprcarivo, do onjecro (recto ou INBIRECTO) ¢ do ADJUNTO ADVERBIAL € expresso de regra pela sua anteci= Pago ao verbo: eaca foi a resisténcia. (Chto dos Anjos, MS, 313.) Minha espada, pesada a bragos latsos, Em mios viris ¢ calmas entreguei, (Fernando Pessoa, OP, 67.) ‘A ela devia 0 meu estado psiquico ciazeato ¢ melindroso. Fernando Namora, DT, 59.) FRASE, ORAGKO, renfono a9 Acolé, na entrada do Catongo, é uma festa de mutitto, (Adoaias Fitho, LP, 50,) Taversées de natureza geamatical, Em outros lugares deste livro tratamos da colocagdi : i 108 dh colocagio de termos da ora. | $40. Por isso, vamos restringisnos aqui apenas a alguinss come | amo & posisio do veano relavamente ao suysiro € 20 Phemenens Invereiio verbo + suite, % A laversio venso + suyerro verifcase em geral: i @) tas oragses interrogativas: Que fazes tu de grande e bom, contudo? Antero de Quetal, 56, 64.) 2) nas oragbes que contém uma forma verbal imperativa: Dize-me ta, 6 céa deserto, dize-me tu se € muito tarde. (Cecilia Meiteles, OP, 502.) ©) mas oragées em que o verbo esté na passiva pronominal: Formam-se bothas na dgua.. emando Pesos, OP, x60.) 4) nas oragées absolutas construldas com o verb jun denotar uma otdem, um desejo: Teen ~ Que vena essa coisa melhor! (Musilo Rubito, D, 17) Chovam Ktios € rosas no teu colo! (Antero de Quental, SC, 55.) ae breve GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMFORANEO 2) nas oragbes consteuidas com verbos do tipo dizer, stern, pergutar, responder ¢ sinénimos que arrematam enunciados em DISCURSO DIRECTO fou neles se inserem: sso ao te faz, moso, protestou Fabiano. (Graciliano Ramos, 5,40.) A) nas ofagdes reduzidas de infinitive, de gertindio e de patticipio: elas madragadas de Sto Joi, a0 comegarem a morrer as fogueitas, ‘mocinhas postavam-se disnte do Soler. (Geraldo Franga de Lima, JV, 5.) Tendo adoccide 0 nosso professor de portugués, padre Fatla, cle © substituiv. Jorge Amado, MG, 112.) Acabada a lengalenga, pretendi que bisasse. (Aguilino Ribeizo, CRG, 16.) 8) nas oragbes subordinadas adverbisis condicionais constraidas sem conjungio: ‘Tivesse eu tomado em meus bregos 2 1 pouco em amargumas os momentos fagezes de fel ‘(Augusto Frederico Schmi iga © pogatia dentro em lade. 68) +) em certas construgbes com verbos unips Aconteces no Rio, como acontecem tantas coisas. (Carlos Drammond de Andrade, CB, 50.) Basta o amor ao trabalho... (Augusto Abelaiza, NC, 14.) 2) nas oragdes que ‘on indirecto) ov por adj iniciam pelo predicativo, pelo objecto (directo adverbial: Majestoso assoma o astro tei (José de Alencar, OC, TI, 1125.) Essa jostiga vulgar, porém, nfo me soube fazer 0 meu velhio mestre. (Roi Basboss, R, 86) RASH, ORAGHO, FER{ODO oe A. nds, homens de letvas, impde-se o dever da 10 deste movi- . poe direegio deste (Olavo Bilac, DN, ‘Num paquete como ests afo existe a solidio! (Augusto Abela, NG, 2. A oracio subordinada substantiva subjectiva coloca-se normalmente depois do verbo da principal: preciso que eles nos temam, (Castro Soromenho, V, 116.) 3 Em 20 seu sujeito: inclpio, os verbos intransitivos podem vie sempre antepostos Desponta a Ina. Adormeceu 0 vento, ‘Adormeceram vales e campinas... (Antero de Quental, SC, 224.) Observagies: 1.8 Embora nos casos mencionados a tendéncia da Magua seja manifes- te pela inyersio VERBO ++ Sop:rTO, em quase todos eles & possivel —e 10 SUJEITO + VERDO. 28 pronome zelativo coloca-se no principio da oragiio, quer deserapenhe 1 fungio de sujeito, quer 2 de objecto, Inversio predicatino + verbo x. © preprcartvo segue normalmente 0 verbo de ligagio. Pode, no entanto, precedé-lo: 4) nas oragées intertogativas ¢ exclamativas: ‘Que monsteo seria ela? (José Lins do Rego, E, 255.) 5) em construgoes afectivas do tipo: Probidade — essa foi realmente a qualidade pri (Manuel Bandeics, PP, I, 41 a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 2) em frases afectivas denotadoras de desejo: Amaldigoados sejam cles, caiamlhes as almas mas profundezas do infero. sn (Gosé Saramago, LC, 121.) ENTOAGAO ORACIONAL ‘A linha on enrva melédica descrita pela voz a0 pronunciar palavras, rages e petiodos chama-se ENTOAGKO. Grupo acentual ¢ grupo fénico. Dissemos que GRUPO AcENTUAL é todo segmento de frase que se apoia em um acento ténico principal, A um on varios grupos acentuais compreen- didos entre duas pauses ias) di-se 0 nome © aguaceiro / desabou, Jcom estrépito, / mas a folia / persistiu presenta cinco GRUPOS ACENTUAIS, cujos limites marcdmos com wm thago inclinado. Mas encerra apenas tts GRUPOS FONT © aguaceizo desabox, |/ com estrépito, // mas 2 folia persist, © grupo fonico, unidade melédica. A UNIDADE MELODICA & 0 segmento minimo de um enuaciado com sentido préprio e com forma musical determinada. Os seus limites coinci- dem com os do Gxuvo FONtco. Podemos, pois, considerat 0 GxUPO FENICO © equivalente da UNIDADE MELéDICA. © grupo fonico e a oragio. Carncterizada a unidade melédica, passemos a anilise das diferencas que se observam na curva tonal descrita por trés tipos de oriio: 2 DECtAc RATIVA, & INTERROGATIVA € @ EXCLAMATIVA. FRASE, ORAGRO, PERODO 13 Oragio declarativa. x, Examinando a seguinte oragio, constituida de urn 86 grupo fénico: Os alunos chegaram tarde, observamos que a voz descreve, aproximadamente, esta curva melédica: la ga tar Os de que podetlamos simplificar no esquema: 2 Notamos, com base no tragado acims, que 0 grupo fénico em exame compreende trés partes distin 2) 2 parte i que comega em um nivel tonal frases afirmativas, ¢ apresenta, em seguida, uma oe ‘vou, que atinge 0 seu ponto culminante na primeira sflaba t6- nica (la); 5) a parte medial, em que a voz, com ligeiras ondulagdes, permanece, aproximadamente, no nivel tonal aleancado; : 4) parte final (ou puscmwprNre), em que a voz cai progressivamente 4 partir da sileba (ter), atingiado um nivel tonal baixo no final da frase. 3+ Dessas trés pattes, 2 inicial e 2 final so as mais importantes da figura da entoagio. Toda ORAGAO DECLARATIVA completa encerta uma pate inicial ascendonte c uma parte final descendente, ambas muito nftides. BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 4 ida de mais de um scendente, € o tiltimo 4. No cago de set a oragio declarativa grupo fénico, 0 primeiro grupo comega por uma finaliza com uma descendente, Oragfo interrogativa, considerar previa. 0 estudo da ce ow advérbio inter- mente 0 facto de s¢ ii rogativo, pois que a cu ‘Oragdes no iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo. x. Tomando com porém, de forma in Os alunos chegaram tarde? :plo a mesma oragio declarativa, enunciada, ‘observamos que ela descreve a curva melédica: ea che de RASH, ORAGKO, weRioDo a 4) 0 ataque de frase comegar por um nivel tonal mais alto do que na oragio declacativa; 4) na parte medial do segmento melédico, haver uma queda da vox, que, embora seja mais acentuada do que nas oragdes declarativas, no alters © caticter ascendente desta modalidade de interrogacio, 6) subit a voz acentuadamente na wiltima vogal ténica, ponto culmi- nante da frase; em seguida, softer uma queda beusca, apesar de se manter em afvel tonal elevado. 3. Comparando esta curva & da oragto declasativa estudada, verifica- mos que elas se assemelham por terem ambas a parte inicial ascendente e 2 parte medial relativamente vaiforme. Distinguetn-se, porém: 4) quanto & parte final; descendente, na declarativa; ascendente na interrogativas 4) quanto 20 nivel tonal: médio € baixo, na declatativa; alto altis- simo, na interropativas 4) quanto & queda da vou 2 partic da siltima silaba ténica: progressiva, nna declarativa; brusca, na interrogativa, 4- Por ser a curva melédica desctita pela voz 0 tinico elemento que, nna frase em exame, contribui para o cardcter interrogativo da mensagem, temos de reconhecer que, em casos tais, a entoago apresenta inequfvoco valot funcional na nossa lngua, Oragies iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo. ‘Tomemos como exemplo 2 osagiot Como soube disto? Em sua enunciagéo a vox deseteve a seguinte curva melédica: co sou ae BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO. ‘que poderiamos assim esquematizar: Sto caracteristicas des oragbes interrogativas deste tipo: 4) 0 atsyue da frase que, iniciado em um nivel tonal muito alto, sobe, as vezes, bruscamente até a primeira silaba ténica, silaba esta que, na maio- tia dos casos, pertence 20 pronome ou ‘Erbio interrogativo, ou seja, a0 elemento que realiza a fangio interrogativa da oracio; 4) a carva melédica, que, apés a pr laba ténica, decresce pro- gressivamente © de maneita mais acentuada do que nas frases declarativas. Interrogagio directa e indirecta. x, Vimos que @ interrogagio pode sex expressa: 4) ou por meio de uma oragio cm que a patte final apresenta entoa- gio ascendente, como em: Os alunos chegaram tarde? 9) ow por ums orgio iniciads por pronome ou advérbio interroga- tivo, em que a patte final apresenta entoagio descendente, pot cxemplo: Como soube disto? Nestes casos dizemos que # interrogagio € direeta. 2. _Existe, porém, um outto tipo de interrogagio, chamada inpraecrA, que se faz por meio de um periodo composto, em que a pergunta esti contida ‘numa oragio subordiaada de entoagao descendente. Exemplo: Dige-me como soube disto. 3+ Nas omagSes MVERROGATIVAS INDIRECTAS a entoagdo aptesenta as seguintes carncteristicas: @) © ataque da frase comega por um nivel tonal alto; hi uma eleva- \ | Hl RAS ORAGHO, vERioDo ny fo da vox na primeira stlaba ténica, seguida de um lento declinio da cusva melédice até o final da frase; 4) onivel tonal da frase é, em geral, mais baixo que o da interrogagio directa; 4) aqueda da curva melédica € progressiva, semelhante A que se observa as oragdes declarativas. 4+ A escrita procura reflectit a diferenga tonal entee esses formas de interrogegio com adoptet 0 PONTO DE INTERROGAGAO pata matcar o tér. ‘mino da interrogacio ditecta, ¢ 0 simples vonro, pata o da indirecta, Oragio exclamativa, Nas exclamagies, a entoagio depende de miltiplos factores, especial- mente do gran e da natuteza da emogio de quem fala, Bea exptessio emocional que faz variar 0 tom, a duragio ¢ a intensidade de uma interjeicto monossilébi estes dois versos de Castro Alves: 1 como acontece com a interjcigio ob ‘Oh! que doce harmonia traz-me a bisa! ‘Oh! ver niio posso este labéa malditol Nas formas exclamativas de maior corpo, a expresso emocional con centra-se fandamentelmente ou na sflaba que secebe 0 acento de insistencia (Ge hoav-r), ou na silba em que recai o acento normal. Como o primeizo ‘ilo tem valor ritmico, ¢ o acento normal o dpice da curva melédica. Assim, nas exclamagées: Bandido! Insolente! Fantéstico! a vox eleva-se até ténica e, depois de alguma demota, decai brusca- mente, Obedecem ela a0 esquema 128 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO semelhante a0 da entoagio declarativa, ‘Ja em exclamagdes como Jesus! Adeus! Imbecil! ‘0 grupo fénico é ascendente, ¢ aproxima-se do esquema da entoagio inter. rogativa: 2, Maior variedade em matizes de entoagio encontramos, natural- mente, nas frases exclamativas constituides de duss ou mais palavras. A curva \édica dependera sempre da posigio da palavra de maior contetido expres- , porque € sobre a sua silaba acentuada que irgo incidir o tom agudo, a snsidade mais forte ¢ a maior duragio. Como a silaba forte da palavra de maior valot expressivo pode ocapar 1 posigio inicial, medial ou final da oragio, trés solugdes devem ser con sideradas: 18) Sea silaba em causa for a inicial, todo o resto do enunciado terd entoagio descendente. Exemplo: Deus de minha almal 2) Se fora final, a frase inteira teré entoagio ascendente: ‘Meu amor! 3) Se for uma das silabas mediais, a entoagio seté ascendente até 2 € descendente dela até a final, como nos mostram estes exem- plos colhidos em obra de Marques Rebelo: Sai da frente! ‘Todo 0 mundo!t RASE, ORAGKO, venfono a A linha tonal de cada um desses casos poderia ser assim esquematizada: L/S) Conclusio. Do exposto, verificamos que a linha melédica tem uma fangio essen- cialmente oracional. Com uma simples mudanca de tom, podemos reforcar, ‘atenuar ou, mestno, inverter o sentido literal do que dizemos. , por exem- plo, a entoagio particular que permite uma forma imperativa exprimiz todos ‘os matizes que vio da ordem A séplica, Pela entoagéo que Ihes dermos, fra- ses como Pois nfo! ois sim! podem ter ora valot afimativo, ora negativo. Enfim: a entoagio reflecte e expressa nossos pensamentas e sentimentos. Se 0 acento € a «alma da palavray, devemos consideri-le 2 «alma da ora- gion. 8. Substantivo 1. Sussranrivo € a palavra com que designamos on nomeamos os seres em geral, So, por conseguinte, substantivos: 4) 05 nomes de pessoas, de lugares, de instituigées, de um géneto, de uma espécie ou de um dos seus representantes: Masia Lisbos Senado fevore cedro 4) 08 nomes de noges, acgies, estados ¢ qualidades, tomados como colheita velhice ~—Largura——bondade ivo & a palavra q irecto, do objecto dessas fungies equivaleré forgosamente 2 um substantive (pronome subs- tantivo, numeral ou qualquer palavra substantivada). CLASSIFICAGAO DOS SUBSTANTIVOS Substantivos concretos ¢ abstractos. Chamam-se CONGRETOS os substantivos que designam os seres pro- priamente ditos, isto & os nomes de pessoas, de lugares, de institui- sunsranrzvo 131 oer gées, de um género, de uma espécie on de um dos seus sepresen- antes: homem cidade Senado —_cvore co Pedso Lisboa Féram cedco cavalo Dé-se 0 nome de ansrnactos aos substantivos que designam nogoes, acgées, estados © qualidades, considerados como sei justica colheits _velhice largura bondade verdade —viagem doenca coptimismo — dogura Substantivos proprios ¢ comune, Os substantivos podem designar a totalidade dos seres de uma espécie (Dsstenagdo Gexénica) ox um individuo de determinada espécie (DESIGNA- Gho ssescien Quando se todos 08 scres de uma espécie ou quando designs uma abstracgao, 0 substantivo é chamado CoMUs. Quando se aplica a determinado individuo da espécie, 0 substantivo é PROPRIO. Assim, os substantivos hvmem, pats ¢ cidade so comuns, porque se empre- ‘gam para nomear todos os setes ¢ todas as coisas das respectivas classes. Pedro, Brasil ¢ Lisboa, a0 contrétio, sio substantivos préprios, porque se aplicam a um determinado homem, a um dado pais ¢ a uma ceria cidade. Substantivos colectivos. Couzcrivos um,conjunto de seres 01 Comparem-se, por tentivos comuns que, no singular, designam da mesma espécie. iplo, estas duas afitmagées: iso pensa assim. Na primeira enuncia-se um atimero ct sentados como uma guantidade de indietdnos niimero, sem indicar gramaticalmente a nae DREVE GRAMAZICA DO PORTUGUPS CONTEMPORANEO forma de singular, consegue-se agrupar maior mimero ainda de elementos, ‘ou seja fades 08 brasileiros como um conjunto harménico, idm desses colectivos que exprimem um todo, hé na Iingua outros que designam: 2) uma parte organizada de um todo, como, por exemplo, riginente, aseiban, companbia (partes do colectivo geral exércite); 8) um grupo acidental, como grape, mullidéo, bandos bando de andori- bat, bande de salteadores, baudo de ciganos; ‘) um grupo de seres de determinada espécie boiada (de bois), ramaria (de ramos). Costumam-se também incluir entre os colectivos os nomes de corpors- ges socinis, culturais ¢ religiosas, como assewbleia, congresso, comgregngae, concilio, conclave e consistério, ais denominagdes afastam-se, n0 entanto, do tipo normal dos c io sio simples agrupamentos de sercs, de anatureza especial, organizadas em uma centidade superior para determinado fim. Bis alguns colectivos que merecem ser conbecidos aleattia (Ge lobos) ‘armunto (de gado grande: bois, bitalos, Sie arquipilago (Ge ithas) catilba (de espigas) banca (de examinadores) anda (de misicos) endo (de aves, de ciganos, de malfei- tores, ete.) acho (de bananas, de uvas, etc.) ‘fla (de cametos) ‘canbada (de malandros, ¢, no Br ntes, de peregrinos, de estudantes, etc) sartume (de peixes) ‘Heldra (de assassinos, de malandtos, de malfeitores) shusma (de gente, de pessoas) ‘enstelagio (de esteelas) ceria (Be vadios, de teatantes, de velba- dlece (Be actoxes) folenge (Ge soldados, de anos) Jerdndala (de ladtbes, de desosdeiros, de ‘astassiaos, de maleapilhos ede vadios) fate (Be cabeas) ‘eixe (Be leoba, de capim) rote savios mexcantes, de antocarros ‘ou onibus) girndole (be fogvctes) tarde (de povos selvagens némadas, de esordeiros, de aventureiros, de bane idos, de invasores) ] em Portugal ¢ Observagio: Atentese aa distingio entre molbo «condimento» (por ex.: 0 molho da carn) © molio ebcine» (por ex.: ur mol de chant), palaveas que consecvain no phir ral mesma diferenca de timbre da vogal ténica. Substantivos terminados em consoante. x. Os substantivos terminados em -r, -¢ € -» formam o plural acres centando ~es 20 singular: a aunve cRAMérich vo roxruocts conmeuvontnng sensrarevo a Soguat Plan ‘Singular Plural Singular Pineal obecrvagio: OS Brceprusm as pslaves ml, ral (aoeds) iradoe, mar mates ‘rapez ‘rapazes abdémen —abdémenes fazem, reapectivamente, males, réis, cénsules ©, por 5, vio t Sime eerestnene fee tte ogee tae 4+ Os substantivos oxitonos terminados em tems rior = reitoes, = ruzs umes gues epee eee ae es ee Obsorvagien: eee ae eer 1 © plural de caricter (escrito caréter na ortografia brasileira) é tanto ardil atdis asi Fanis em Portugal como no Brasil, caracterts, com deslocacio do acento ténico ¢ acticulacto do ¢ que possuia de origem. 2.8 ‘Também com deslocagio do acento & 0 plural dos substantivos aspé. ‘ian, iit ¢ Lif: epcors, Japs Laie s em -f, quando oxitonos, formam o singular; quando paroxitonos, sio inva- Observagies: EO monossilnbo sais & invariivel. Cér € geralmente invaridvel, mas doc- ‘menta-se também o plusal cas. : 28 Como os paroxitonor terminados em -s, 08 poucos substantivos exis- tentes em -w sto invaridveis: o trax — ar tras, o dni — ot dni. 3-_ Os substantivos terminados em -al, -l,-o/e ~ul substituem no plural 0! pore: Singular Paral Singular Plural animal animis farol fais papel papéis Jengol lengdis mével méveis Alcool Aleoois alguel alqueis paul avis 5+ Os substantivos paroxitonos terminados em -i! substituem esta terminagio por -cis: Singular Plural Siogulae ‘Plural ———_— sil fésseis séptil sépteis quo * Observagées: 28 A palavra prgjéeti, peroxitona a norma calta de Portugal, tem ai como plusal projets, Na aocma culta brasileire, a pronincla mais generalizade {gue aprescata o plural prjeti. 28 Répti, pronineia que postula 2 origem latina da palavra, tem a variante reptil, cujo plutal 6, raturalmente, reo, 6. Nos dimimutivos formados com os sufixos -xinbo ¢ -gitv, tanto o substantivo ptimitivo como 0 sufixo véo pars o plural, desapacecendo, porém, 0 5 do plural do substantivo primitivo. Assim: Singular Plural ee sae ae > ma ‘papel () + xinhos > rizinhos. Zo Et FS ore ciozito cles) + itos S etezitos i Substantivos de um 26 mimero. 1 Hé substantivos que s6 se empregamn ao plutal, Assim: alvissaras cts foxes prinfcins BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO ntolhos mente no sin ferra, onro, cobre; Substantivos compostos, Nio € ficil a formagio do plural dos substantives compostos. Obser- ‘vem-se, porém, as seguintes normas, com fundamento a grafia: 28) Quando os tetmos componentes se ligam por hifen, podem variar todos ou apenas um deles: Singular Plural Singular Plural couve-for couves-fiores ——_griio-mestre gcfo-mestees ‘ebsa-prima obras-primas guarda-marinha salyoronduto ——salvos-condutos.—guarda-roupa———_guarde-roupas Note-se, porém, 4) quando o vel e 0 segundo sul segundo vai para Singular Plural Plural ‘guarde-chuva bate-bocas sempre-viva abaixo-assinados -vice-presidente grlo-duques svxsraNTIvo tat 8) quando os termos componentes se ligam por peeposigto, 36 0 prin meito toma a forma de plural: eee Singular Ploral Singulat Plural chapéo-de-sol ‘chapéus-de-sol pao-delé paesdelé pés-de-cabre perobado-campo perobas-do-campo joto-debarro jodes-de-basro ‘mula-sem-cabega — mulas-sem-cabega 4) também sé 0 primeiro toma a forma de plusal quando 0 segundo temo da composigio € um substantive que fanciona como determinante especifico: Singular Plural Singular Plural navios-escola Danana-prata salévios-femalia Denanas-peata smanga-cspada smangas-espada 4) geralmente ambos os elementos tomam 2 forma de plural quando © composto constituido de dois substantivos, ou de um substantive e um adjectivo: Singular Plural Singular Piura carta-bilhete cartas-bilhetes gentil-homem —_gentie-homeas fenente-coronel __tenentes-corontis dgua-marinha —Aguas-marinias amor perfeito amozes-perfcitos _vit6ria-régia ‘vitérias-réging GENERO 1. Hi dois génezos em portugués: 0 A£ASCULINO ¢ 0 FEMININO. ‘© masculino € © termo nao matcado; o feminine, o texto marcado, 2. Pertencem 20 géncro masculino todos os substantivos a que se pode antepor 0 artigo 0: © aluno © pio © poema © jabuti a ae DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Pertencem a0 género feminino todos os substantivos a que se pode antepor 0 artigo a2 a casa a mio a ema a joriti 3. © género de um substantive nfo se conhece, de regea, nem pele sua sigaificagio, nem pela sua terminacio. Para facilidade de aprendizado, convém, no entanto, saber: Quants a significagio: 1 Sto geralmente masculinos: 42) 08 nomes de homens ou de fangées por cles exercidas: Joto mestee padre rei 3) 0s nomes de animais do sexo mascalino: cavalo galo gato pera 250, motte, octane, rio € vento, que so ma tio Amazonas} © Iago Lédogal [=o vento Minwano} [=08 montes Alpes] 4) 0s nomes de meses ¢ dos pontos cardeais: ‘marco findo © Nozte setembro vindouro © Sul 2. Sto geralmente femininos: 4) os nomes de mulheres ou de fungbes por elas exercidas: Masia professora feoira rainha 4) 08 nomes de animais do sexo femninino: un giliabs gate perua sunsTaNTTvo an 2) 05 nomes de cidades Ihas, nos quais se subentendem as palavras cidade ¢ iba, que Si0 feminina a antiga Ouro Preto a Sicilia a8 Antilhas Observagio: Alguas nomes de cidades, como Ris de Jantro, Party Cairo, Here, sto mas- calinos pelas razdes que aduzimos, no Capftulo seguinte, 20 tratarmos do Quanto a terminagio: x. Sto masculinos os nomes terminados em -0 étono: 6 aluno 9 livso © lobo © bane 2 So geralmente fernininos os nomes tetminados em ~a étono: a aluna caneta a lobe a mesa Exceptuam-se, porém, elim, cometa, dia, fantesma, mapa, planeta, tle fontma, forema outcos mais, que serio estudados adiante, 3. Dos substantivos terminados em ~do, os coneretos so masculinos € 08 abstractos, femininos: © agsiso ° a educagio a opinifo © balezo ° a produglo a recordago Exceptua-se mie, que, embora concreto, é feminino. Fora desses casos, € sempte dificil conhecer-se pela tetminagio 0 géncro de um dado substantivo. FORMAGAO DO FEMININO tumam flexionar-se it 0s seres do sexo (Os substantivos que designam pessoas em géneto, isto é tém geralmente uma form ‘masculino ¢ outra para indicar os do sexo femi BREVE GRAWATICA BO PORTUGUES CONTEMPORANEO. pe eee eee eee eee suastANTIVO 145 feminino substituindo essa desinéncia por -a: Feminino Masculino Feminino ecalino Feminine ‘Masculine "eminino mulher bode cabra ea Femini alana alo faliaha cided feito Keitoa gato pate pombo pomba cantor canton, arto baronesa obo Joba lune alone profeta profetisa lebeto lebre Observagio: Dos exemplos acima verifica-se que 2 forma do feminino pode set: 2) completamente diversn da do masculino, ou seja proveniente de um radical distinto: bode cba homem mulher By desivada do radical do masculino, mediante a substituigfo ou 0 acréscimo de desinéncias: aluno luna ‘centor cantora lesses dois processos, # formagio do feminino Masculinos ¢ femininos de radicais diferentes. ‘Além das formagées irregulaces, que vimos, hé um pequeno aiimero de subs- ‘antivos terminados em -2, que, no feminino, sabstituem essa final por desi- néncias especiais. Assim: ‘Mascalino Feminino Masculine Feminino

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