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E nao ‘ha maiores méritos em fazer esse trabalho, se a sociedade nao puder participar dele. O cientista, que registra e relata suas observacdes, permite que outros Ppossam repetir o que ele esta fazendo. Assim, seus procedimentos e conclusdes podem ser ctiticados, aperfeicoados e aplicados por outras pessoas, A observacao ¢ um instrumento de coleta de dados que permite a socializacao e conseqiientemente a avaliagdo do trabalho do cientista. Aobservacao ¢ uliizada para coletar dados acerca do comportamento e da situagéio ambiental Através da observacao sistematica do comportamento dos organismos, em situacdo natural’ ou de laboratério, os pesqui- sadores tém conseguido identificar algumas das relagdes exis- tentes entre o comportamento e certas circunstancias ambientais. Por exemplo, o uso da observacao tem permitido descobrir que o comportamento é influenciado pelas conse- giiéncias que produz no ambiente; que os modos pelos quais essas conseqiiéncias se distribuem no tempo determinam di- ferentes padres de comportamento; que 0 comportamento *Situacdo natural ~Situacao existente no local ond i al onde o organismo vive ou pass parte de seu tempo. No caso de seres humanos: a situacao _m escola, no local de trabalho etc. 12 pode ficar sob influéncia de estimulos particulares do ambi- ente, em detrimento de outros. Além da pesquisa, a observacao ¢ utilizada pelo psicdlogo nas diferentes situagdes de aplicacao da Psicologia, tais como, clinica, escola e organizagées. Na clinica o psicélogo recorre observacao ao investigar, por exemplo, a queixa apresentada pelo cliente, isto é, para identificar o que vem a ser “agres- ‘citimes” etc.; sua freqiiéncia, assim como as situa- des em que estes comportamentos ocorrem. Os psicblogos es- colares recorrem a observacao para identificar dificuldades de socializagao, deficiéncias na aprendizagem, assim como defi- ciéncias no ensino ministrado ou mesmo no curriculo da esco- la. O psic6logo organizacional recorre a observacao para iden- tificar as necessidades de treinamento, a dinamica dos grupos de trabalho, para fazer andlise de funcao etc. Baseado nessas observacées, o psicélogo faz. o diagnésti- co preliminar da situacao-problema, isto ¢, identifica as defi- ciéncias existentes, identifica as varidveis que afetam 0 com- portamento e os recursos disponiveis no ambiente, Com estes elementos, ele 6 capaz de decidir quais as técnicas e procedi- mentos mais adequados para obter os resultados que preten- de atingir. A observacao, entretanto, nao se limita a estas duas fases iniciais. Ao introduzir modificagdes na situacao, isto ¢, duran- te © apés aplicacao de um procedimento, 0 psicélogo utiliza a observacaio também para avaliar a eficdcia das técnicas e pro- cedimentos empregados. O psicélogo clinico observa o desem- penho de seu cliente; 0 psicologo escolar, o desempenho de alu- nos e professores; 0 psicélogo organizacional, o desempenho dos funcionarios para verificar a ocorréncia ou nao de altera- 13 ses comportamentais. Através deste acompanhamento, o psi- célogo tem condigdes de avaliar o grau de mudanca na situa- 0 e, portanto, a eficacia de suas técnicas terapéuticas, dos programas de ensino e treinamento utilizados. Os dados coletados por observacio so usados para diagnosticar a situacao-problema, para escolher as técnicas e procedimentos a serem empregados e para avaliar a eficécia dessas técnicas e procedimentos, Os dados coletados por observagao referem-se aos com- portamentos exibidos pelo sujeito: contatos fisicos com obje- tos e pessoas, vocalizacées, expressdes faciais, movimentacdes no espaco, posturas e posicdes do corpo etc. Os dados refe- rem-se também a situacao ambiental, isto 6, as caracteristicas do meio fisico e social em que 0 sujeito se encontra, bem como as mudangas que ocorrem no mesmo. O tipo de dado a ser coletado depende do objetivo para o qual a observagao esta sendo realizada. Se a observacao tem por objetivo identificar o repertorio de comportamento’ de um Sujeito, o psicdlogo registrar todos” os comportamentos que © sujeito apresenta durante a observacao. Se a observagao tem por objetivo identificar as variveis que interferem com um dado comportamento, 0 observador registrara toda vez queo. comportamento ocorrer, bem como as circunstancias ambientais que antecederam e seguiram a esse comportamen- to. Por exemplo, registrara 0 local em que o sujeito se encon- _ Repertorio comportamental:conjunto de comportamentos de um organismo. Ao registrar todos os comportamentos do sujeito, o grau de precisio da observacdo torna-se menor do que quando 0 observador seleciona alguns comportamentos a serem registrados. 1 tra, 0 que acontece neste local antes e depois da ocorréncia do comportamento, bem como o comportamento de outras pes- soas que esto presentes no local. Se o objetivo da observacdo 6 detectar a eficacia de um procedimento sobre um dado com- portamento, o observador registrard o comportamento antes, durante e apés a aplicacao do procedimento, bem como as caracteristicas de que se reveste a aplicacao daquele procedi- mento. O objetivo da observagdo determina quais serao os dados a serem coletados. Neste ponto € necessario esclarecer que a observacao a que nos referimos, neste texto, difere da observagao casual que fazemos no nosso dia-a-dia, A observacao cientifica se caracteriza por ser uma observacao sistematica e objetiva. Entendemos que a observacao é sistemdtica pelo fato de ser planejada e conduzida em funcao de um objetivo an- teriormente definido. Como ja foi dito, a definigao do obje- tivo ajuda o investigador a selecionar, entre as inimeras possi- bilidades, aquelas caracteristicas que transmitem a informa- ao relevante. As observagoes cientificas sao realizadas em con- dicdes explicitamente especificadas. Especificar as condigoes, ou melhor, planejar as observacées, significa estabelecer: * oO ‘em que local e situagao a observacao sera realizada; + quando - em que momentos ela sera realizada; + quem ~ quais serao os sujeitos a serem observados; + 0 que ~ que comportamentos e circunsténcias ambientais devem ser observados; e + como - qual a técnica de observacao e registro a ser utilizada. 15 A objetividade na observacao significa ater-se aos fatos efetivamente observados. Isto 6, fatos que podem ser percebi- dos pelos sentidos, deixando de lado todas as impresses interpretacdes pessoais. A observagao cientifica é uma observacao sistematica e objetiva. Por que um curso de observacao? ~ perguntamos. Tendo em vista que a observacao cientifica ¢ utilizada pelo psicblo- go como um instrumento para coletar dados, e que a observa- so cientifica ¢ uma observacao sistematica e objetiva, que requer a adocao de procedimentos especificos de coleta e de registro de dados, consideramos de fundamental importan- cia um curso que possibilite o treinamento dos alunos no uso deste instrumento. O curso proposto tem por objetivo capacitar 0 aluno a realizar estudos observacionais. Para tanto, oferece um trei- namento em observacao e registro do comportamento e das circunstancias em que 0 comportamento ocorre. Um treina- mento que atende as exigéncias de sistematizacdo e objetivi- dade da observacao. Ao longo do curso serio discutidos tam- bem alguns cuidados técnicos e éticos que o observador pre- cisa e deve ter durante seu trabalho. QUESTOES DE ESTUDO 1) Por que a observacao ¢ considerada um instrumento de trabalho do psicélogo? 2) Explique a importancia do relato das observacdes. 3) Identifique quatro situacdes em que 0 psicélogo utiliza a observacao. Exemplifique. 4) Para que servem os dados coletados por observacéo? 5) Que tipo de dados sao coletados por observacao? 6) Em que medida o objetivo da observacao se relaciona a0 tipo de dado coletado? 7) Quais sao as caracteristicas de uma observacao cientifica? 8) O que € uma observacao sistematica? 9) © que € uma observacao objetiva? 10) Por que é importante um curso de observacao? 61 soSeiq SO a PIOIA ‘eIa>D jressed rea goo ayueaTuye ap ayou and japuesy-eyua, “YY — :opuld ‘ayy-UreJassIp sonayueduiod sO ‘eSuaot] noSuesje essaidap ov} eIIa} B OIBA OpUTfoaq a ‘oeSn.ysuI ap waserA esuo] PUIN ap NO}YOA aap PJaAIOD Y ‘SOYTO SoU apepIoyay ap Je apuess win eAeaay ‘steur ap ‘a solnreut sop Iopy euLy e eI ‘opie] ep sesoy say ureneg ‘eSueSeig ep ens ejed noygua as a eyuTIepy ep [euasry op nies (opio0q ap eyunoye ew esa) apuesy-eyueA Opurjoaq,, :B]Sa ayURYTatuas WadenSuT] eUIN ap osn wazey enb SO}UDUIDI}UODe ap SO}at BQUODUA ajTaUTfaAeaoad ‘aouUeWOI WWM Opus] Ysa Q20A OpueNy ‘eIMyeIeI] ep Opreyxs oyden um souta] ‘1in3as ve ojduiaxe ON ‘eANyeIa}T] BU BpesN ep OOD Wag ‘“fembojod wesen8uyy e ‘eLivip eplA essou ula souresn anb ep adayIP SIeUO}IBAIASgO SO}jeI sou epezTTyN wasensuy y “0}X9} aysau aejey sowedt anb eoyyua wasen3uy ep seoysyiayesed SB a1qOs 9 a ‘svOS|ia}IeIVD se}1a9 e adapaqo anb wasensurj PUN ap OsN OpuUaZey sO.4NO B OpRdTUNUIOD 9 as OpRoyTUSIS a LID -upjiodurt armbpe os yey win ‘ezamyeu ep soywadd so Iejoy -u09 2 Jaztpaid a oanalqo ofnd ‘e1sugi & Prey “seITAURUT SaqUIat -dfIp ap soyay Jas wapod seiugs050 ap oyEJaI 9 ORSeArasqoO ‘uaares anb e oayalqo op opuapuedag ‘weryno ev sey-e}ejar 2 SBIDUQIIOIO IeAIAsqO eUIN\sOD seossad sep viOTeEU VW VOIEILN3AID WADVNONIT V c AQGQVGINN de Genoveva. Colozinho de Genoveva... chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olhos negtos e atrevidos”. (Machado de Assis - Noite de Almirante. Em Antologia escolar de contos brasileiros. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro,1969, p.15). Analisemos 0 exemplo. Trata-se de um relato literdrio. Evidentemente 0 autor nao pretende descrever apenas o que aconteceu realmente. Também nao necesita fazé-lo da ma- neira mais fiel possivel. Logica! O trabalho de um escritor nao exige que o que ele conta seja constatado da mesma maneira pelos outros. Ele nao quer demonstrat fatos. Sua tarefa é mais comunicar e produzir impresses sobre coisas que podem até nao ter acontecido. O objetivo de um escritor permite, e até exige, que “dé asas a sua imaginaca Se 0 comportamento de Deolindo e os aspectos do ambi- ente que atuam sobre seu comportamento estivessem sendo descritos cientificamente, seriam aproximadamente assim: “Deolindo ¢ marujo. A corveta a qual serve encontra-se no porto, apés uma viagem de 6 meses. Deolindo, 10 minutos apés ter obtido licenca, dirigiu-se 4 terra. Saia do Arsenal da Marinha e os companheiros disseram-Ihe, rindo: - Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vocé vai passar! Ceia, viola e os bragos de Genoveva. Colozinho de Genoveva... Genoveva é cabocla, tem vinte anos e olhos pretos. As trés horas da tarde, Deolindo dirigiu-se a rua de Braganca”. © que parece logo “saltar aos olhos” é que 0 relato apro- ximadamente cientifico nao tem poesia, Isto mesmo! Um re- lato cientifico nao usa o recurso da linguagem figurada, nao recorre a interpretagoes, nem impressées stibjetivas. 20 | A objetividade é uma caracteristica fundamental da lin- guagem cientifica. Tentemos agora observar algumas mudan- ¢a sofridas pelo texto quando foi transformado em lingua- gem aproximadamente cientifica: © apelido Venta-Grande bem como a informagao que es- tava entre parénteses foram suprimidos. Trata-se de uma linguagem coloquial. Também foram suprimidos 0 termo ba- tiam (referente as horas) e as frases “Era a fina flor dos marujos um grande ar de felicidade nos olhos”. Exclu se, do mesmo modo, os termos esperta (referente a Genoveva) fo (atributo para os olhos de Genoveva). Tais mudan- cas excluem recursos de linguagem, os quais representam impressdes subjetivas do autor e se referem a eventos ou ca- racteristicas que nao foram observados. Observemos também que os termos longa (referente a viagem) e depressa (referente a saida de Deolindo para a ter- ra), foram substitufdos por medidas (6 meses; 10 minutos). Os termos “longa” e “depressa” nao indicam os referenciais utilizados, permitindo varias interpretacoes a respeito do tem- po transcorrido. A ordem de alguns trechos da descricao também foi mu- dada. Num relato cientifico, na maioria das vezes, a apresen- tacdo dos eventos, na ordem em que ocorreram, ¢ da maior nportancia. J4 imaginou se vocé fosse descrever 0 compor- tamento da abelha fazer mel ¢ citasse as agdes da abelha fora de ordem? E se isso acontecesse com um relato cientifico das aces envolvidas no preparo de um bolo? Bom, voltemos as mudancas na estéria do Deolindo. Em- bora seja uma linguagem coloquial e com figuras de es fala dos companheiros de Deolindo nao foi suprimida ou al- terada, Por qué? Trata-se de uma reproducao do que realmen- a te foi dito. E a linguagem dos personagens, nao do autor. Em alguns casos, 0 cientista pode ter como objetivo descrever as caracteristicas das interagdes verbais entre pessoas. Podera usar entdo transcrigées no seu relato. Nao vamos agora esperar que todas as pessoas passem a usar uma linguagem cientifica. O que determina a adequa- so das caracteristicas da linguagem é o objetivo. E ébvio que a est6ria do Deolindo, se fosse contada pelo escritor de modo aproximadamente cientifico, nao teria beleza. Seria um de- sastre! E 0 que dizer de duas amigas que contassem as “novi- dades” daquela maneira? Um escritor, um cientista e uma pessoa comum, preten- dem influenciar seus ouvintes e leitores, de maneira diferen- tes. Portanto, usam linguagem com caracteristicas diferentes, Psicélogos e cier a0 Pessoas comuns que usam linguagem coloquial no seu dia-a-dia; mas na sua atividade profissional, quando esto interessados em descrever, explicar e alterar 0 comportamento, devem usar uma linguagem cientifica. 1. AOBJETIVIDADE DA LINGUAGEM Como ja foi sugerido, a objetividade € a caracteristica fun- damental da linguagem cientifica. Pela objetividade, o relato ientifico se distingue dos demais. Sem objetividade nao teria- mos bases s6lidas para estudar um fendmeno; estariamos es- tudando apenas a opinido das pessoas que supostamente estilo “descrevendo” o fendmeno. A linguagem objetiva bus- ca eliminar todas as impressdes pessoais ¢ subjetivas que 0 observador possa ter, ou interpretacdes que ele possa dar acer- ca dos fatos. Vimos anteriormente como seria o relato em linguagem objetiva da est6ria de Deolindo, Vejamos outro exemplo. Sa0 dadas, a seguir, duas descrigdes dos comportamentos apresen- tados por uma senhora dentro de um 6nibus; a primeira é um telato nao objetivo e a segunda ¢ feita em linguagem objetiva. 7" Relato 1 Relaio 2 “anda 4 procura de um lugar para|1) Onibus com todos os assentos Renan Be ee epeaan len uo tobus: ipa Janda em degao b pora taseia ‘co aa eas 5 Oa hea Sass 2) 10 NBO enconitra, para ao lado da|2) us com Ewe asa ce, taiton ‘aude’ do|sapcie S pareda ds pa as a ea Imotorsia, Terta, pedir um luger scs|oteve fra de bencos, etrée. do assageros que so encorvam sorlados|motosa. Vira a cabega em drocto aos aque banco, Pesegaros cue endo. sre To ones 3) Onibus com todos os assentos| ccupados. S parada, de pé, ao lado da| va flere do. bacon, ates Co] motos, Passageitos do banco ohham tem dregio & a S expr fundo fecha sooo 13) Como ninguém se incomoda, | _cansada, ela desiste. Ao analisar os relatos verificamos que o termo “cansa- da” se refere a uma impressao do observador acerca do esta- do do sujeito, e que o mesmo foi eliminado e substituido, no segundo relato, pela descricao dos comportamentos exibidos pelo sujeito naquele momento, “expira fundo e fecha os olho: Foram também eliminadas, no segundo relato, as interpreta- Bes: “tenta pedir um lugar aos passageiros”; “como ninguém se incomoda” e “ela desiste”. A importancia da objetividade na linguagem torna-se evidente quando se comparam os dois relatos. No primeiro, ) as acdes do sujeito sdo descritas de acordo com um determi- nado ponto de vista, que pode ou nao estar correto. Possi- velmente, se outro observador estivesse presente na situa- do, interpretaria as agdes do sujeito de um modo diferente, O segundo relato elimina as divergéncias entre os observa dores, na medida em que descreve exatamente as agdes que ocorrem. Alguém poderia, entretanto, argumentar que a lingua- gem objetiva nao exprime com veracidade 0 que esta ocor- tendo, uma vez que elimina informacées relevantes acerca do fendmeno, informagdes que dao sentido a acdo. Neste caso responderfamos dizendo que uma descrigdo mais refinada, que inclua gestos, verbalizacdes, entonacao de voz, expres- s0es faciais etc., forneceria ao leitor a imagem requerida. De uma maneira geral, os principais erros contra a obje- tividade que devem ser evitados num relato sao: A UTILIZAGAO DE TERMOS. QUE DESIGNEM ESTADOS SUBJETIVOS Termos tais como “cansada”, “triste”, “alegre”, “ner- vosa” etc, devem ser evitados. Ao invés de utilizar termos que exprimam uma impressdo acerca de estado do sujeito, 0 observador deve descrever aquilo que obsetvou, ou melhor, 08 indicadores comportamentais de um estado subjetivo, O recomendado é o uso de indicadores tais como, movimentos corporais, posturas e expressdes faciais exibidos pelo sujeito. Por exemplo, ao invés de registrar “S esta alegre”, o observa- dor registrara “S sorri, bate 0 pé direito no chao acompanhan- do 0 ritmo da musica’. 4 A ATRIBUIGAO DE INTENGOES AO SUJEITO Ao invés de interpretar as intencdes do sujeito, 0 obser- vador deve descrever as acdes observadas. Por exemplo, ao ) invés de registrar “tenta pedir um lugar aos passageiros”, 0 observador registraré “vira a cabeca em direcdo aos passa- | geiros”; ao invés de registrar “a professora ia pegar 0 apagador”, o observador registrar “a professora estende a mao em direcdo ao apagador” A ATRIBUIGAO DE FINALIDADES A ACAQ OBSERVADA Ao invés de interpretar os motivos que levaram 0 sujeito ase comportar, 0 observador deve descrever o comportamento © as circunstancias em que ele ocorre. Por exemplo, em lugar de escrever “S fecha a porta porque venta”, o observador re- gistraré “S fecha a porta. Venta la fora”; ao invés de registrar “S anda a procura de um lugar para sentar”, 0 observador registrara “S anda em direcdo a porta traseira do onibus”, | Talvez S possa ter fechado a porta porque ventava e que ande no énibus a procura de um lugar para sentar, mas nao é ade- quado dizé-lo, uma vez que o sujeito pode fechar a porta por outros motivos. A senhora do nosso exemplo pode ter andado para a parte de traz do énibus porque ia descer no préximo ponto, ou porque vit. uma pessoa que the pareceu conhecida. Algumas vezes, ocorrem eventos os quais tém alguma relagao entre si e acontecem um apés 0 outro, de forma que primeiro cria oportunidade para o segundo e assim sucessi- vamente, Um exemplo seria a situagao onde alguém se dirige a um armério, abre-o, retira um doce da lata que ha dentro do armirio e leva 0 doce a boca, Nesses casos, alguns relatos ten- dem a referir as tiltimas acdes como uma finalidade em fun- 25 } sao da qual ocorrem as ages iniciais, “Abriu o armério para comer doce ". Uma linguagem cientifica prescinde de atri- buir intengdes as pessoas que estdo sendo observadas. O cor- teto seria relatar os eventos na ordem em que ocorrem, evi- tando termos que indicam atribuicdo de finalidade ~ “abriu 0 armério para comer doce” - ou de causalidade - "porque es- tava com fome”, _Um relato objetivo evita: a) utilizar termos que designem estados subjetivos; b) interpretar as intengoes do sujeito; c) interpretar as finalidades da ago. 2. ACLAREZAE PRECISAO Outro aspecto que caracteriza um relato cientifico é 0 uso de uma linguagem clara e precisa. Uma linguagem ¢ clara quando de facil compreensao; e precisa quando representa as coisas com exatidao. A linguagem clara e precisa: a) obedece os critérios de estrutura gramatical do idioma; b) usa termos Cujo significado, para a comunidade que ter contato com o telato, nao é ambiguo (isto é, as palavras usadas sao freqiientemente aceitas na comunidade como referentes a certos fendmenos e eventos ¢ nao a outros); c) indica as pro- priedades definidoras dos termos, fornecendo referéncias quantitativas e empiricas, sempre que: o relato pode ser usa- do por comunidades diferentes (cientistas e/ou leigos de di- ferentes areas de conhecimento, grupos social, econdmica e culturalmente diferentes) ou quando, mesmo para uma co- munidade restrita, os termos sem a indicacao dos referenciais podem ser relacionados pelo leitor a eventos de diferente na- tureza e magnitude. Por exemplo, termos como “long diato”, “rapido”, “alto” etc., que dizem respeito a aspectos 26 jensuraveis da natureza (distancia, laténcia, velocidade, fre- \cia etc.) devem em geral estar acompanhados da indica- io da amplitude de valores a qual se referem. Se retomarmos a leitura do trecho literario que fala a res- ito do personagem Deolindo, poderemos verificar que, di- rentemente do relato cientffico, a linguagem literaria nao ‘necessita obedecer rigorosamente a exigéncia de clareza e preciso. Assim, nao é de surpreender que o autor se sinta ‘Inteiramente a vontade para dizer sobre Deolindo: ..."levava um grande ar de felicidade nos olhos”...”veio a terra tao de- ppressa, alcangou licenca”... Um cientista teria que explicitar 0 que observou nos olhos _ de Deolindo e que tomou como indicador de felicidade; seria “uma mudanca no brilho? Em quanto mudou? Seria nos mo- } imentos palpebrais ou seria no tamanho da pupila? O que quer que fosse, deveria ser descrito com precisdo. A respeito Bite “vir a terra tao depressa aleangou a licenga”, 0 que quer “dizer a palavra depressa? Quanto tempo exatamente trans- correu entre a licenga ¢ a saida? Para ser considerado claro e preciso, um relato deve responder previamente a essas inter- rogacées. Vejamos outro exemplo. A seguir, sao apresentados dois relatos de uma mesma cena. O primeiro relato (Relato 3) claro e preciso, ¢ no outro (Relato 4) cometeram-se erros com relagao a clareza e precisao. Ao analisar os dois relatos, verificamos que os termos e expressdes “movimenta” e “muda de postura”, utilizados no Relato 4, ndo descrevem claramente quais forem as ages ob- servadas. E que os termos “pequen: anga” e “por al- gum tempo” carecem de um referencial fisico de compara-

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