Poesias Negras - Do povo buscamos a fora (poeta angolano AGOSTINHO NETO)
"No basta que seja pura e justa
a nossa causa. necessrio que a pureza e a justia existam dentro de ns. Dos que vieram e conosco se aliaram muitos traziam sombras no olhar intenes estranhas. Para alguns deles a razo da luta era s dio: um dio antigo centrado e surdo como uma lana. Para alguns outros era uma bolsa bolsa vazia (queriam ench-la) queriam ench-la com coisas sujas inconfessveis. Outros viemos. Lutar para ns ver aquilo que o Povo quer realizado. ter a terra onde nascemos. sermos livres pra trabalhar. ter pra ns o que criamos lutar pra ns um destino uma ponte entre a descrena e a certeza do mundo novo. Na mesma barca nos encontramos. Todos concordam - vamos lutar. Lutar pra qu? Pra dar vazo ao dio antigo? ou pra ganharmos a liberdade e ter pra ns o que criamos? Na mesma barca nos encontramos. Quem h-de ser o timoneiro? Ah as tramas que eles teceram! Ah as lutas que a travamos!
Mantivemo-nos firmes: no povo
buscramos a fora e a razo. Inexoravelmente como uma onda que ningum trava vencemos. O Povo tomou a direo da barca. Mas a lio l est, foi aprendida: No basta que seja pura e justa a nossa causa. necessrio que a pureza e a justia existam dentro de ns."