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8 PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES CAPÍTULO II


CONTÁBEIS DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E
DA ENUMERAÇÃO
Com o fim de obter a uniformização
dentro do campo de atuação profissional em Art. 2º Os Princípios Fundamentais de
que se desenvolve, a Contabilidade segue Contabilidade representam a essência das
princípios doutrinários; que são critérios e doutrinas e teorias relativas à Ciência da
normas de procedimentos que norteiam as Contabilidade, consoante o entendimento
diretrizes do processo contábil. predominante nos universos científico e
Classificamos assim esses critérios em profissional de nosso País. Concernem,
Princípios de Contabilidade Geralmente pois, à Contabilidade no seu sentido mais
Aceitos (PCGA) e em Convenções amplo de ciência social, cujo objeto é o
Contábeis. Onde os PCGA são as regras de patrimônio das entidades.
caráter geral, e as Convenções
correspondem às normas de procedimento, Art. 3º São Princípios Fundamentais de
que qualificam, delimitam e, por vezes, Contabilidade:
restringem a aplicação de certos Princípios. I) o da ENTIDADE;
Acerca de tais Mandamentos
Contábeis, dispõe a resolução CFC n• II) o da CONTINUIDADE;
750/93, que passaremos a expor em diante.
III) o da OPORTUNIDADE;
Resolução CFC n.º 750/93
IV) o do REGISTRO PELO VALOR
Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de ORIGINAL;
Contabilidade (PFC)
V) o da ATUALIZAÇÃO
O CONSELHO FEDERAL DE MONETÁRIA;
CONTABILIDADE, no exercício de suas
atribuições legais e regimentais, VI) o da COMPETÊNCIA; e
CONSIDERANDO que a evolução da última
década na área da Ciência Contábil reclama VII) o da PRUDÊNCIA.
a atualização substantiva e adjetiva dos
Princípios Fundamentais de Contabilidade a PRINCÍPIO DA ENTIDADE
que se refere a Resolução CFC 530/81,
RESOLVE: Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece
o Patrimônio como objeto da Contabilidade e
CAPÍTULO I afirma a autonomia patrimonial, a
DOS PRINCÍPIOS E DE SUA necessidade da diferenciação de um
OBSERVÂNCIA Patrimônio particular no universo dos
patrimônios existentes, independentemente
Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS de pertencer a uma pessoa, um conjunto de
FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE pessoas, uma sociedade ou instituição de
(PFC) os enunciados por esta Resolução. qualquer natureza ou finalidade, com ou
sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta
§ 1º A observância dos Princípios acepção, o Patrimônio não se confunde com
Fundamentais de Contabilidade é obrigatória aqueles dos seus sócios ou proprietários, no
no exercício da profissão e constitui caso de sociedade ou instituição.
condição de legitimidade das Normas Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence
Brasileiras de Contabilidade (NBC). à ENTIDADE, mas a recíproca não é
verdadeira. A soma ou agregação contábil
§ 2º Na aplicação dos Princípios de patrimônios autônomos não resulta em
Fundamentais de Contabilidade há nova ENTIDADE, mas numa unidade de
situações concretas e a essência das natureza econômico-contábil.
transações deve prevalecer sobre seus
aspectos formais. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da


ENTIDADE, bem como sua vida definida ou
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provável, devem ser consideradas quando moeda do País, que serão mantidos na
da classificação e avaliação das mutações avaliação das variações patrimoniais
patrimoniais, quantitativas e qualitativas. posteriores, inclusive quando configurarem
agregações ou decomposições no interior da
§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor ENTIDADE.
econômico dos ativos e, em muitos casos, o
valor ou o vencimento dos passivos, Parágrafo único – Do Princípio do
especialmente quando a extinção da REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
ENTIDADE tem prazo determinado, previsto resulta:
ou previsível.
I – a avaliação dos componentes
§ 2º A observância do Princípio da patrimoniais deve ser feita com base nos
CONTINUIDADE é indispensável à correta valores de entrada, considerando-se como
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, tais os resultantes do consenso com os
por efeito de se relacionar diretamente à agentes externos ou da imposição destes;
quantificação dos componentes patrimoniais
e à formação do resultado, e de constituir II – uma vez integrado no patrimônio, o bem,
dado importante para aferir a capacidade direito ou obrigação não poderão ter
futura de geração de resultado. alterados seus valores intrínsecos,
admitindo-se, tão-somente, sua
PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE decomposição em elementos e/ou sua
agregação, parcial ou integral, a outros
Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE elementos patrimoniais;
refere-se, simultaneamente, à
tempestividade e à integridade do registro III – o valor original será mantido enquanto o
do patrimônio e das suas mutações, componente permanecer como parte do
determinando que este seja feito de imediato patrimônio, inclusive quando da saída deste;
e com a extensão correta,
independentemente das causas que as IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO
originaram. MONETÁRIA e do REGISTRO PELO
VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si
Parágrafo único – Como resultado da e complementares, dado que o primeiro
observância do Princípio da apenas atualiza e mantém atualizado o valor
OPORTUNIDADE: de entrada;

I – desde que tecnicamente estimável, o V – o uso da moeda do País na tradução do


registro das variações patrimoniais deve ser valor dos componentes patrimoniais constitui
feito mesmo na hipótese de somente existir imperativo de homogeneização quantitativa
razoável certeza de sua ocorrência; dos mesmos.

II – o registro compreende os elementos PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO


quantitativos e qualitativos, contemplando os MONETÁRIA
aspectos físicos e monetários;
III – o registro deve ensejar o Art. 8º Os efeitos da alteração do poder
reconhecimento universal das variações aquisitivo da moeda nacional devem ser
ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em reconhecidos nos registros contábeis
um período de tempo determinado, base através do ajustamento da expressão formal
necessária para gerar informações úteis ao dos valores dos componentes patrimoniais.
processo decisório da gestão.
Parágrafo único – São resultantes da
PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO
ORIGINAL MONETÁRIA:

Art. 7º Os componentes do patrimônio I – a moeda, embora aceita universalmente


devem ser registrados pelos valores como medida de valor, não representa
originais das transações com o mundo unidade constante em termos do poder
exterior, expressos a valor presente na aquisitivo;

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III – pela geração natural de novos ativos
II – para que a avaliação do patrimônio independentemente da intervenção de
possa manter os valores das transações terceiros;
originais (art. 7º), é necessário atualizar sua
expressão formal em moeda nacional, a fim IV – no recebimento efetivo de doações e
de que permaneçam substantivamente subvenções.
corretos os valores dos componentes
patrimoniais e, por conseqüência, o do § 4º Consideram-se incorridas as despesas:
patrimônio líquido;
I – quando deixar de existir o
III – a atualização monetária não representa correspondente valor ativo, por transferência
nova avaliação, mas, tão-somente, o de sua propriedade para terceiro;
ajustamento dos valores originais para
determinada data, mediante a aplicação de II – pela diminuição ou extinção do valor
indexadores, ou outros elementos aptos a econômico de um ativo;
traduzir a variação do poder aquisitivo da
moeda nacional em um dado período. III – pelo surgimento de um passivo, sem o
correspondente ativo.
PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA
PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA
Art. 9º As receitas e as despesas devem ser
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA
incluídas na apuração do resultado do
determina a adoção do menor valor para os
período em que ocorrerem, sempre
componentes do ATIVO e do maior para os
simultaneamente quando se
do PASSIVO, sempre que se apresentem
correlacionarem, independentemente de
alternativas igualmente válidas para a
recebimento ou pagamento.
quantificação das mutações patrimoniais
que alterem o patrimônio líquido.
§ 1º O Princípio da COMPETÊNCIA
determina quando as alterações no ativo ou
§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a
no passivo resultam em aumento ou
escolha da hipótese de que resulte menor
diminuição no patrimônio líquido,
patrimônio líquido, quando se apresentarem
estabelecendo diretrizes para classificação
opções igualmente aceitáveis diante dos
das mutações patrimoniais, resultantes da
demais Princípios Fundamentais de
observância do Princípio da
Contabilidade.
OPORTUNIDADE.
§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o
§ 2º O reconhecimento simultâneo das
Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica
receitas e despesas, quando correlatas, é
às mutações posteriores, constituindo-se
conseqüência natural do respeito ao período
ordenamento indispensável à correta
em que ocorrer sua geração.
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.
§ 3º As receitas consideram-se realizadas:
§ 3º A aplicação do Princípio da
PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para
I – nas transações com terceiros, quando
definição dos valores relativos às variações
estes efetuarem o pagamento ou assumirem
patrimoniais, devem ser feitas estimativas
compromisso firme de efetivá-lo, quer pela
que envolvem incertezas de grau variável.
investidura na propriedade de bens
anteriormente pertencentes à ENTIDADE, ------ // ------
quer pela fruição de serviços por esta Como podemos observar, a referida
prestados; resolução n• 750/93 do CFC trás a
conceituação detalhada de cada um dos
II – quando da extinção, parcial ou total, de Princípios Fundamentais de Contabilidade.
um passivo, qualquer que seja o motivo, Princípios estes que devem ser observados,
sem o desaparecimento concomitante de um sob pena das sanções legais cabíveis.
ativo de valor igual ou maior; 2.8.1 Convenções Contábeis
A Resolução CFC 750/93 não faz
referência às Convenções Contábeis.
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Entretanto, é pertinente que conheçamos
tais convenções, universalmente aceitas, EXERCÍCIOS
dada a importância que elas representam
Em cada questão, marque o item correto:
para os registros contábeis como um todo.
1. O princípio contábil que atribui às
2.8.1.1 Convenção da Objetividade entidades personalidade própria, distinta
da dos sócios, é o princípio da:
Refere-se ao sentido de neutralidade que
a) Competência
se deve atribuir à Contabilidade nos
b) Prudência
registros dos fatos que envolvem a gestão
c) Entidade
do patrimônio das entidades.
d) Materialidade
Os registros contábeis, sempre que
possível, devem ser baseados em
2. A apropriação ao fim de um período, de
documentos que comprovem as respectivas
despesas incorridas como depreciação,
transações.
amortização, salários, etc. é um
Assim, por exemplo, toda vez que um
procedimento que corrobora com o
Contabilista tiver mais de uma opção de
princípio do (a):
valores para atribuir a um dado bem, como
a) Competência
um documento original de compra e um
b) Prudência
laudo pericial de avaliação do bem, deverá
c) Entidade
optar pelo mais objetivo – no caso, o
d) Continuidade
documento.
3. Os registros contábeis devem ser
2.8.1.2 Convenção da Materialidade
efetuados na ocasião em que ocorrem
Tal convenção estabelece que não se as respectivas transações. Isso é uma
deve perder tempo com registro irrelevantes conseqüência clara do princípio contábil
do ponto de vista contábil; registros cujos da:
controles pode se tornar mais onerosos que a) Continuidade
os próprios valores a serem registrados. b) Oportunidade
A aplicação dessa convenção é relativa c) Atualização Monetária
em relação à natureza da empresa e seus d) Competência
registros, por isso exige bom senso. Há
situações em que, embora os valores sejam 4. O princípio que considera a entidade
irrelevantes, a respectiva importância em como estando em constante movimento,
relação a um todo exige o registro. gerando riquezas e direitos, e contraindo
Como exemplo, podemos citar os obrigações, é o princípio da:
materiais de expediente utilizados no a) Entidade
escritório, como lápis, papéis, etc. Esses b) Freqüência
materiais, embora consumidos diariamente, c) Existência
podem ser contabilizados apenas ao final do d) Continuidade
período por diferenças de estoques, dado os
seus pequenos valores unitários. 5. A regra adotar o menor valor para os
componentes do Ativo, e maior valor os
2.8.1.3 Convenção da Consistência componentes do Passivo; bem como os
maiores valores para as despesas e os
De acordo com essa Convenção Contábil,
menores para as receitas corrobora com:
os critérios adotados no registro dos atos e
a) O Princípio da Oportunidade
fatos administrativos não devem mudar
b) A Convenção da Prudência
frequentemente. No caso de necessidade de
c) O Princípio da Prudência
mudanças em tais critérios, tais devem ser
d) O Princípio da Avaliação
informadas em notas explicativas.
A quebra da consistência na escrituração 6. Há situações em que os registros de
provoca influências nos demonstrativos certos fatos contábeis são irrelevantes, e
contábeis, o que prejudica a análise clara e não devem ser objeto de escrituração
eficiente em comparação com os individual, por apresentarem valores
demonstrativos de exercícios anteriores. irrisórios. Essa interpretação provém do
(a):
a) Princípio da Prudência
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b) Princípio da Materialidade
c) Convenção da Importância
d) Convenção da Materialidade

GABARITO
1 – C; 2 – A; 3 – B; 4 – D; 5 – C; 6 – D

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