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JOSÉ DE ALENCAR

Iracema

PROJETO DE LEITURA
Douglas Tufano
Maria José Nóbrega
Literatura é aprendizado de humanidade
DOUGLAS TUFANO

A literatura não é matéria escolar, é ma- a reflexão sobre aspectos importantes do com-
téria de vida. portamento humano e da vida em sociedade,
e ainda permite o diálogo com outras áreas
A boa literatura problematiza o mundo,
do conhecimento.
tornando-o opaco e incitando à reflexão. É
um desafio à sensibilidade e inteligência do O professor é o intermediário entre o tex-
leitor, que assim se enriquece a cada leitura. to e o aluno. Mas, como leitor maduro e ex-
A literatura não tem a pretensão de oferecer periente, cabe e ele a tarefa delicada de in-
modelos de comportamento nem receitas de tervir e esconder-se ao mesmo tempo, per-
felicidade; ao contrário, provoca o leitor, esti- mitindo que o aluno e o texto dialoguem o
mula-o a tomar posição diante de certas ques- mais livremente possível.
tões vitais. A literatura propicia a percepção
Porém, por circular na sala de aula jun-
de diferentes aspectos da realidade. Ela dá
to com os textos escolares, muitas vezes o
forma a experiências e situações que, muitas
texto literário acaba por sofrer um trata-
vezes, são desconcertantes para o jovem lei-
mento didático, que desconsidera a própria
tor, ao ajudá-lo a situar-se no mundo e a re-
natureza da literatura. O texto literário não
fletir sobre seu próprio comportamento.
é um texto didático. Ele não tem uma res-
Mas essa característica estimuladora da li- posta, não tem um significado que possa
teratura pode ser anulada se, ao entrar na ser considerado correto. Ele é uma pergun-
sala de aula, o texto for submetido a uma ta que admite várias respostas; depende da
prática empobrecedora, que reduz sua maturidade do aluno e de suas experiênci-
potencialidade crítica. as como leitor. O texto literário é um cam-
po de possibilidades que desafia cada lei-
Se concordarmos em que a escola deve es-
tor individualmente.
tar mais atenta ao desenvolvimento da ma-
neira de pensar do que à memorização de con- Trabalhar o texto como se ele tivesse um
teúdos, devemos então admitir que sua fun- significado objetivo e unívoco é trair a na-
ção mais importante é propiciar ao aluno ati- tureza da literatura e, o que é mais grave
vidades que desenvolvam sua capacidade de do ponto de vista educacional, é contrariar
raciocínio e argumentação, sua sensibilidade o próprio princípio que justificou a inclusão
para a compreensão das múltiplas facetas da da literatura na escola. Se agirmos assim,
realidade. A escola, portanto, deveria ser, an- não estaremos promovendo uma educação
tes de tudo, um espaço para o exercício da estética, que, por definição, não pode ser
liberdade de pensamento e de expressão. homogeneizada, massificada, desperso-
nalizada. Sem a marca do leitor, nenhuma
E se aceitarmos a idéia de que a literatura
leitura é autêntica; será apenas a reprodu-
é uma forma particular de conhecimento da
ção da leitura de alguma outra pessoa (do
realidade, uma maneira de ver o real, enten-
professor, do crítico literário etc.).
deremos que ela pode ajudar enormemente
o professor nessa tarefa educacional, pois Cabe ao professor, portanto, a tarefa de
pode ser uma excelente porta de entrada para criar na sala de aula as condições para o de

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senvolvimento de atividades que possibi- borar um programa de leituras, o professor
litem a cada aluno dialogar com o texto, deve levar em conta as experiências do alu-
interrogá-lo, explorá-lo. Mas essas atividades no como leitor (o que ele já leu? como ele
não são realizadas apenas individualmente; lê?) e, com base nisso, escolher os livros com
devem contar também com a participação os quais vai trabalhar.
dos outros alunos –– por meio de debates e
Com essa iniciação literária bem planejada
troca de opiniões –– e com a participação do
e desenvolvida, o aluno vai adquirindo condi-
professor como um dos leitores do texto, um
ções de ler bem os grandes escritores, brasilei-
leitor privilegiado, mas não autoritário, sem-
ros e estrangeiros, de nossa época ou de ou-
pre receptivo às leituras dos alunos, além de
tras épocas. Nesse sentido, as noções de teoria
permitir-lhes, conforme o caso, o acesso às
literária aplicadas durante a análise de um tex-
interpretações que a obra vem recebendo ao
to literário só se justificam quando, efetivamen-
longo do tempo.
te, contribuem para enriquecer a leitura e com-
Essa tarefa de iniciação literária é uma das preensão do texto, pois nunca devem ser um
grandes responsabilidades da escola. Uma fim em si mesmas. A escola de Ensino Funda-
coisa é a leitura livre do aluno, que obvia- mental e Médio quer formar leitores, não crí-
mente pode ser feita dentro ou fora da es- ticos literários. Só assim é possível perceber o
cola. Outra coisa é o trabalho de iniciação especial valor educativo da literatura, que,
literária que a escola deve fazer para desen- como dissemos, não consiste em memorizar
volver a capacidade de leitura do aluno, para conteúdos mas em ajudar o aluno a situar-se
ajudá-lo a converter-se num leitor crítico, pois no mundo e a refletir sobre o comportamento
essa maturidade como leitor não coincide humano nas mais diferentes situações. Litera-
necessariamente com a faixa etária. Ao ela- tura é aprendizado de humanidade.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR aspectos importantes, como a visão de


mundo nela expressa, a linguagem do au-
Apresentamos informações básicas sobre o tor, os seus recursos expressivos, a compo-
autor, situando-o no contexto da história da sição dos personagens etc. Com esses co-
literatura brasileira ou portuguesa. mentários, o professor poderá ter uma
idéia dos aspectos que poderão ser abor-
RESENHA dados e também identificar os conteúdos
das diferentes áreas do conhecimento que
Apresentamos uma síntese da obra para que poderão ser explorados em sala de aula.
o professor, ao conhecer o tema e seu desen-
volvimento, possa avaliar a pertinência da QUADRO-SÍNTESE
adoção, levando em conta o interesse e o
nível de leitura de seus alunos. O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns aspectos didáticos da obra
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA em questão. São eles: a indicação do gênero
literário, as áreas e os temas transversais en-
Conforme as características do gênero a volvidos nas atividades e o público-alvo pre-
que pertence a obra, destacamos alguns sumido para a obra.

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Gênero: • Discussão de outros pontos de vista a res-
Palavras-chave: peito de questões suscitadas pela obra.
Áreas envolvidas: • Tendo a obra estudada como ponto de
Temas transversais: partida, produção de outros textos verbais
Público-alvo: ou de trabalhos que contemplem diferentes
linguagens artísticas: teatro, música, artes
plásticas etc.
Propostas de atividades
F nas telas do cinema
a) antes da leitura
• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
Considerando que os sentidos que atribuímos
DVD, que tenham alguma articulação com a
a um texto dependem muito de nossas expe-
obra estudada, tanto em relação à temática
riências como leitor, sugerimos neste item
como à estrutura composicional.
algumas atividades que favorecem a ativa-
ção dos conhecimentos prévios necessários à
F nas ondas do som
compreensão da obra.

• Indicação de músicas que tenham relação


b) durante a leitura
significativa com a temática ou com a estru-
Apresentamos alguns objetivos orientadores tura da obra estudada.
que podem auxiliar a construção dos senti-
dos do texto pelo leitor. F nos enredos do real

c) depois da leitura • Sugestão de atividades que ampliam o es-


tudo da obra, relacionando-a aos conteúdos
Sem nenhuma pretensão de esgotar os sen- de diversas áreas curriculares.
tidos do texto, propomos algumas ativida-
des que ajudam o leitor a aprofundar sua DICAS DE LEITURA
compreensão da obra, sugerindo também,
conforme o caso, a pesquisa de assuntos Sugestões de outros livros relacionados à
relacionados aos conteúdos das diversas obra estudada, criando no aluno o desejo de
áreas curriculares e a reflexão a respeito ampliar suas experiências como leitor. Essas
de temas que permitam a inserção do aluno sugestões podem incluir obras do mesmo
no debate de questões contemporâneas. autor ou obras de outros autores que tra-
tam de temas afins:
F nas tramas do texto
w do mesmo autor;
• Compreensão geral do texto a partir de w de outros autores;
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou w leitura de desafio.
de respostas a questões propostas pelo pro-
fessor em situação de leitura compartilhada. Indicação de livros que podem estar um pou-
• Apreciação dos recursos expressivos empre- co além do grau de autonomia do leitor da
gados na obra. obra analisada, com a finalidade de ampliar
• Identificação e avaliação dos pontos de vis- os horizontes culturais do aluno, apresentan-
ta sustentados pelo autor. do-lhe até mesmo autores estrangeiros.

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JOSÉ DE ALENCAR
Iracema

UM POUCO SOBRE O AUTOR Alencar destaca-se também por ter defen-


dido um estilo “brasileiro” na língua literá-
José Martiniano de Alencar nasceu em ria. Reivindicando o direito dos brasileiros a
1829, no Ceará, e faleceu no Rio de Janei- uma língua e literatura com fisionomia pró-
ro, em 1877, onde passou a maior parte de pria, protestou contra os puristas, que acha-
sua vida. Formado em Direito, participou vam que nossos escritores deveriam seguir
ativamente da vida política nacional, assim o estilo lusitano, escrevendo tal como se
como seu pai. Foi deputado pelo Partido fazia em Portugal: “É essa submissão que
Conservador e ocupou vários cargos de re- eu não tolero; e, como já disse uma vez,
levo no governo, tendo sido ministro da quebraria a pena antes, do que aceitar se-
Justiça de 1868 a 1870. Paralelamente à melhante expatriação literária. Admiremos
vida política, dedicou-se com entusiasmo Portugal nas tradições grandiosas de seu
à literatura e ao jornalismo. Escreveu crô- passado; nos esforços generosos de seu re-
nicas, crítica literária, peças de teatro, mas nascimento; prezemos sua literatura e seus
destacou-se como o autor mais importan- costumes; porém, nunca imitá-lo servilmen-
te do nosso Romantismo. Sua obra pode te. Importaria anular a nossa individualida-
ser assim esquematizada: de”.
• romance social ou urbano: Cinco minutos,
A viuvinha, Lucíola, Diva, A pata da gazela, RESENHA
Sonhos d’ouro, Senhora, Encarnação.
• romance regionalista: O gaúcho, O tron- Em Iracema, José de Alencar criou uma ex-
co do ipê, Til, O sertanejo.
plicação poética para as origens de sua ter-
• romance histórico: O guarani, As minas
ra natal, daí o subtítulo da obra — Lenda
de prata, A guerra dos mascates.
• romance indianista: Iracema, Ubirajara. do Ceará. A virgem dos lábios de mel tor-
Nos romances sociais, Alencar revela seu nou-se símbolo do Ceará, e seu filho, Mo-
talento de fino observador da alma huma- acir, nascido de seus amores com o coloni-
na, fazendo o estudo de certas figuras fe- zador português Martim, representa o pri-
mininas conhecido como “perfis femini- meiro cearense, fruto da união das duas
nos”, dentre os quais se destacam o de raças.
Aurélia (em Senhora) e o de Lúcia (em A obra mescla elementos históricos e fic-
Lucíola). Alguns anos depois, Machado de tícios. O guerreiro português Martim So-
Assis aprofundaria esse estudo psicológico ares Moreno é figura histórica e seu nome
de personagens femininas. está ligado à colonização daquela região.

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Seu amigo índio Poti também existiu re- termos de ritmo e imagens, o leitor é en-
almente; depois de batizado, recebeu o volvido pela trama e passa a acompanhar
nome de Felipe Camarão. com interesse o drama de Iracema, um in-
Já a heroína da história, a índia tabajara tenso drama amoroso, e é a força de seu
Iracema, é fruto da imaginação do autor. amor que conduz a narrativa e provoca os
O nome Iracema, porém, não parece tão momentos mais tensos da obra.
gratuito. Foi criado por Alencar e é um Sempre preocupado com a criação de uma
anagrama de América (mudando-se um língua literária brasileira, Alencar estudou
pouco a ordem das letras, temos o nome o idioma indígena e procurou explorar suas
do novo continente). Por isso, Iracema pode riquezas. Como ele mesmo escreveu: “O
ser vista como uma representação simbóli- conhecimento da língua indígena é o me-
ca da América virgem e inexplorada, con- lhor critério para a nacionalidade da litera-
quistada pelo colonizador branco (Martim) tura. Ele nos dá não só o verdadeiro estilo,
e de quem tem um filho. como as imagens poéticas dos selvagens, os
Misturando, portanto, elementos históri- modos de seu pensamento, as tendências
cos e ficcionais, Alencar criou a história de de seu espírito, e até as menores particula-
amor entre Iracema, a virgem tabajara ridades de sua vida. É nessa fonte que deve
consagrada a Tupã, e Martim, um guer- beber o poeta brasileiro, é dela que há de
reiro branco inimigo dos tabajaras. sair o verdadeiro poema nacional, tal como
Martim é duplamente proibido para Ira- eu o imagino”.
cema: primeiro, porque ela é consagrada A dramaticidade da história, o destino in-
a Tupã e deve permanecer virgem; segun- feliz da bela Iracema, a linguagem poéti-
do, porque ele é um inimigo de sua gen- ca do autor — tudo isso contribuiu para
te. Mas a força do amor é irresistível e Ira- fazer do livro um dos mais famosos de
cema se apaixona pelo inimigo e, por ele, nossa literatura. Na época de seu lança-
abandona sua tribo e o acompanha. Al- mento, Machado de Assis assim se mani-
gum tempo depois, Iracema percebe que festou sobre ele: “Há de viver este livro,
Martim não é mais o mesmo, parece dis- tem em si as forças que resistem ao tem-
tante, melancólico. Ela sente que ele tem po e dão plena fiança do futuro. Que o
saudades de sua terra, talvez até de algu- autor de Iracema não esmoreça, mesmo a
ma outra mulher branca. Iracema começa despeito da indiferença pública; o Brasil
a sofrer. Grávida, tem um filho, Moacir tem o direito de pedir-lhe que Iracema
(que em português significa “nascido do não seja o ponto final. Espera-se dele ou-
meu sofrimento”), enquanto Martim está tros poemas em prosa. Poema lhe chama-
ausente, lutando em outras regiões. Quan- mos a este, sem curar de saber se é antes
do ele regressa, Iracema está muito doen- uma lenda, se um romance: o futuro cha-
te e fraca. Martim cerca-a de carinhos, mas mar-lhe-á obra-prima”.
em vão, Iracema não se recupera e morre.
Martim, desconsolado, parte com o filho QUADRO-SÍNTESE
pequeno.
Gênero: romance
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Palavras-chave: aventuras, suspense,
Iracema é a mais bela realização literária amor, indianismo
do nacionalismo romântico do século XIX.
O objetivo de Alencar era recriar lite- Áreas envolvidas: Língua Portuguesa
rariamente um episódio da história nacio-
nal, mas ele foi mais longe e acabou por Temas transversais: Pluralidade cultural
transformar esse episódio num poema em
prosa atemporal. Embalado pela lingua- Público-alvo: jovem adulto
gem admiravelmente trabalhada em

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PROPOSTAS DE ATIVIDADES porque ela já é tua esposa”. O que fez com
que ela dissesse isso? E por que Martim se
Antes da leitura surpreende ao ouvir tal declaração?

1. Verificar o que os alunos sabem a res- 5. Por que Irapuã é um feroz inimigo de
peito do Romantismo literário e, particu- Martim?
larmente, sobre a tendência indianista,
para sondar as expectativas deles com re- 6. Explicar quem é Poti e o que ele repre-
lação à leitura da obra. senta para Martim.

2. Ler com os alunos o “Argumento his- 7. Explicar a causa da tristeza que, aos pou-
tórico” que precede o início do livro e es- cos, vai tomando conta de Iracema.
clarecer o contexto histórico em que trans-
corre a história. 8. Em que circunstâncias nasce Moacir? E
por que Iracema lhe deu esse nome?
Durante a leitura
9. Resumir o epílogo do romance.
1. Pedir aos alunos que imaginem títulos
para os capítulos, preservando o tom poé- 10. Destacar passagens do romance em que
tico do livro. Esses títulos devem ter dupla Alencar procura mostrar a dignidade do
função: informar sobre o conteúdo do ca- comportamento indígena.
pítulo e despertar o interesse dos leitores.
Os próprios alunos depois podem compa- 11. Considerando o argumento histórico
rar os títulos e escolher os que acharem apresentado no início do livro, explicar em
melhores. Essa atividade reforça a atenção que aspectos Alencar se manteve fiel aos
dos alunos durante a leitura e leva-os a um fatos registrados pelos cronistas.
esforço de síntese.
12. Considerando o comportamento de Ira-
2. Dos vários recursos estilísticos usados por cema ao longo da história, explicar por que
Alencar, destacam-se a comparação e a ela pode ser vista como uma heroína tipi-
metáfora. Pedir aos alunos que, durante a camente romântica.
leitura, assinalem a ocorrência desses re-
cursos. 13. Apontar alguns traços típicos da cultu-
ra indígena descritos por Alencar.
Depois da leitura
14. Machado de Assis chamou Iracema de
F nas tramas do texto “poema em prosa”. Pesquisar num dicio-
nário de termos literários o conceito de
1. Explicar a circunstância que torna ainda “poema em prosa” e discutir se ele pode
mais digna de nota a boa acolhida que ser aplicado a Iracema.
Martim recebeu de Araquém.
F nas telas do cinema
2. Explicar por que o amor de Martim era
absolutamente proibido para Iracema. • O último dos moicanos. Dir. Michael
Mann. Conflitos entre as nações indígenas
3. Dividida entre os deveres tribais e o sen- da América e os colonizadores europeus
timento amoroso, que decisão toma Irace- aconteceram nas três Américas. Esse filme
ma? retrata um desses conflitos: no século 18,
ingleses e franceses lutam pela posse de
4. No capítulo 17, Iracema diz a Martim: “Ira- uma região da América do Norte e envol-
cema te acompanhará, guerreiro branco, vem-se com tribos indígenas. O filme é uma

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elogiada adaptação do romance do mes- DICAS DE LEITURA
mo nome, escrito pelo norte-americano
James Fenimore Cooper (1789-1851), con- w do mesmo autor
temporâneo de José de Alencar.
• Hans Staden. Dir. Luis Alberto Pereira. • O Guarani
Falado em tupi, reconstitui com incrível • Ubirajara
realismo a aventura do holandês Hans w de outros autores
Staden que passou algum tempo como pri-
sioneiro dos tupinambás e quase foi mor- • Poemas indianistas de Gonçalves Dias
to num ritual antropofágico. (“Marabá”, “O canto do piaga”, “Depre-
cação”, “I-Juca-Pirama”, “Leito de folhas
F nas ondas do som verdes”, entre outros). Gonçalves Dias é o
nosso melhor poeta indianista. A leitura de
• Todo dia era dia de índio, de Jorge Ben Jor. seus poemas amplia a visão do indianismo
• Xingu, de João Nogueira e Paulo Cesar romântico do século XIX.
Pinheiro. • Duas viagens ao Brasil –– Hans Staden, Belo
Horizonte, Itatiaia. Tradução dos dois livros
escritos pelo aventureiro holandês do sécu-
F nos enredos do real lo XVI que viveu algum tempo como prisio-
neiro dos tupinambás e escapou por pouco
1. Propor um seminário sobre a questão de ser devorado num ritual antropofágico.
indígena no Brasil, pondo em discussão • A verdadeira história dos selvagens, nus
a progressiva destruição da cultura dos e ferozes devoradores de homens –– Hans
índios, a influência da cultura branca so- Staden, Rio de Janeiro, Dantes. Adaptação
bre a cultura indígena etc. Pode-se ain- ilustrada dos escritos de Hans Staden.
da fazer um painel sobre a riqueza da
arte indígena e o aproveitamento do w leitura de desafio
tema do índio nas artes plásticas (pintu-
ra e escultura). Pedir a colaboração dos • Enterrem meu coração na curva do rio ––
professores de História e Artes. Como Dee Brown, Porto Alegre, L&PM. Relato
fontes para pesquisa, sugerimos os se- dramático dos conflitos entre índios e
guintes livros: brancos nos Estados Unidos, durante a
chamada “conquista do Oeste”. O autor
• Índios no Brasil –– Luís Donisete Benzi
complementa seu relato com fotos e de-
Grupioni (org.), São Paulo, Global poimentos de guerreiros e chefes de vá-
• Índios do Brasil –– Julio Cezar Melatti, rias tribos (Dakota, Cheyenne, Sioux etc.).
São Paulo, Hucitec Publicado em 1970, mudou a maneira de
2. Propor uma pesquisa para apresentação pensar dos americanos sobre o rela-
oral sobre o cotidiano da vida indígena, cionamento entre brancos e índios. Em-
seus hábitos e costumes. Como fonte para bora trate da realidade norte-americana,
pesquisa, sugerimos: pode lançar luzes sobre o modo como
• Os índios do Brasil –– Hernâni Donato, esse problema vem sendo enfrentado no
São Paulo, Melhoramentos Brasil.

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