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‘Stuart Mal = 10° eleao DA eators 1 ‘A IDENTIOADE EM QUESTAO questo da identidade esté sendo extensamente dscutida na teria soca Em essénca, oargumento&0seguint: as velhas identidades, que por tanto tempo ‘establiaram 0 mundo social, sto em delini, azendo surgi novasidemtidadesefragmentando fo individu modern, até equi visto como um ‘ujeltounifcado, Asesim chamada “crise de Identidade” 6 vista como parte de um processo mais amplo de mudanga, que ext delocando a5, ‘estatures © procesos cenvals das sociededes tmodernas¢ abalando os quadros de referencia {que davam sos individuos uma ancoragem estivel to mundo social © propito deste iro & explora algumas das questies sobre a identidade cultural na nodernidade tarda eavaiar se exstouma “rise de idenidade", em que consist essa crise © em que dzegdo ela estd indo, O Hiro se volta para {quesides come: Que pretendemos dizer com “erie ‘de identdade"? Que acontecimentos recetes nas ‘eciedades moderns precptaram esa cst? Que formas ela toma? Quais slo suas eonsequéncias potencisis? A primeira parte do lero (aps. 1-2) 7 lida com mudancas nos conecitosdeidemidade © desujeito. A segunda parte aps 3-6) desenvlve fase argumento com relagto « identidades eulturais~ aquclesaspetos de nossa ideniddes ‘que surgem te nosso “pertencimento” a euuras nica, raciais, Lingstics,religosas e, acima de tude, nacionss, Eat live & exert pats de uma posigta besicamente simpética & afirmagto de que as femidades moderna esto sendo“descentradas”, into 6, deslocadas ou fragmentadas, Seu propsito 0 de explorar esta afrmagao, ver o qe et implica, qualifietlae discutir quais podem ser sts proviveis conseqéneas, Ao dezenvolver © lrgumento,introduzo eertas complesidades © ‘examine alguns acpectos contratiérios que a hogio de "descentragie", em sua forma mai Smplifeada desconstera Consequcntemente, as formulagses dest lier so provisirias e abertas 4 contestagio. A into dentro da comunidade eocolgien até inda profundamente dividida quanto a cares fesuntos. As tendéncias sio demariadamente ‘ecentescanbiguat O pp conceit om o qual ‘amos lidando,“entidade”, €demasidamente ‘complex, mute poucsdesenvloe muito poueo ‘ompreenddo na cia socal eontempordne para sor definitivamente posto A prova. Como ocoree ‘com muitos otros fenémenos soit, impel ereerairmagiesconlisivas ou fae jlgaments seguros sobre as alegasese proposiistericas {que estio tendo apresentadas. Devese ter io fem mente aos lero restante do live. Para aquelesaetericos/as que sereditam ‘que as identidades moderns esto entrando em ‘cola, 0 argument se desenvolve da seguinte forma. Um tipo diferente de mudanga eatrtural stl tansfrmando as sociedades modemas no final do século XX. Iso est fragmentando as paisagensculturais de classe, gener, sexuaiade, ‘nia, raga e nacionalidade, que, no passado, nos Uinham fornecido sélidas loealixagdes como individuos sociais. Estas transformagdes eo, também mudando nossa identidades pessoas, abalando adéia que tems de ns prprios come Sjeitos integrados. Esta perda de um “sentido de si” estvel & chamada, algumas vezes, de Aeslocamento on descentragio do sujet. Esse ‘lupo dedocamento~ desentracao dos ndvdaos tanto de seu lugar no mundo sociale cultural ‘quanto de si mesmos ~ constiui uma “crise de ilemidade” para o individuo. Come observa 0 ‘rtico cultural Kobena Mercer, “a identidade Ssomente se toma uma questio quando esti em ‘rise, quando algo que se supe como fixo, ‘cocrente © estvel & desdocado pela experéneia ‘da divida eda icerers”(Meroer, 1990, p. 43). Esses processos de mudanga, tomados em conjunto, representam wm proceso. de twansformagso to fundamental e abrangente que ° somos compelidos a perguntar se nfo & propria ‘moderna qu est send tansarmada, Estero ‘sereacenta uma nova dimensio a css argiment: 5 sfirmacao de que naguilo que € desert, lgumas ‘ene, como nom mundo le mederno, ns somos {amb “pds” relaivamente a qualquer concepeto ‘ssencialita ou fia de dentidade ~ alg qu, desde 6 Taminisno, so supde defnieo priprio nile ou ‘sstcia de nan sere fndamentar nos exitncia ‘como syjeioe humans. A fim de explorar esst Afirmagio, devo examinar primeirsmente a= defnigde de dena eo carta da madanga na ‘modernidade tard Trés concepeées de identidade Para os propositos desta exposica: Alistnguirei és concepedes muito diferentes de denidade, a saber, as concepeées de idemidade de 8) sjeito do Dain, ) sujet soiaoyico © ©) mijeito ps modern, 0 sujito do Taminismo estava baseado numa eoncepgso da pessoa humana como un individu totalmente cenvado, uniicado, dotado das capacidadesderazto, de consciéncae de ago, taj “eento” consis num nécleo interior, que ‘mergia pla primera vee quando o sujto nasa ‘cam le e desenvalva, nda que permanceendo fessencialmenteo mesmo = continuo ou “iéntea” ‘le ao longo da existncia do indivdao.O centro fssencial do eu era a dentdade de uma pessoa, Dire mais sobre isto em soguide, mas pade-se ver «que esa era uma concepgo muito “individuals do sujeito © de sua identidade (na verdade, a Identidade dele. que ost do Tuminismo a ‘usalmente desert como mascalina). [A nogdo de suit soceligico rfletia a ‘rescente complexidade do mundo moderno e 2 ‘eonseincia de que este nico intror do suet ‘io eraautinome eauto-sfcente mas eraformado ra rela com “outras pesos importantes pars lo, que mim para ost valores, eto simbloe ~ a cultura ~ dos mundos que elles habitaa, CL Mead, C:H. Coley eosinteracontas simbiics so as figuras-chave na sociloga que Claboraram esta concepeao “inerativa™ da “nt eda ex. De sear com ees visto, qve Setoroua concep soca elisa da quo, ‘Nidomidade 6 formada na interaga” ene eu ‘sociedad. O sujeito ainda tem um nécleo ou ‘sséncis interior que é 0 "ow real”, mas este & farmado e moiieado num dog cntnus com os ‘mundosculuras “exeires” es Wenidades que ‘xe mundosofrecem, A idenidade, nessa concepsao socolgic, preenche oeapag enreo “interior” eo exteran”— ‘entre 0 mundo pessoa eo mundo pablo. 0 fato n de que projetemos “ass proprios™ nessas Hdentidades ealturas, 20 mesmo tempo que itenalizamosseussignificades vals, mando "parte de né", contri paraalinhar nossos ‘enkimeniossubjetivoscom os lugares bjativas que ‘eupamos no mundasocial eeu A dentidade, nto, costra(o, para usar una metforaméien, “eutura”) 0 sujito a estuturs.Estabiia tatoo sujltos quanto os mundos cultura que eles habitam, tomando ambos recipracamente mais niicadas pediivei, Arguments, entrant, queso exatamente sss coins que agora esto “mutans”, O sito, previamentevvido como tendo una idemidade tifiada eestvl, et seta legends, composto nio de uma Gnica, mas de vérias Sdentidades, aguas ves contaditrias ou no resolidas.Comespondentement,as identidades, ‘que compunham as paisagenssociai "Ik fora” ‘que areeguravam nossa conforidadesubjetiva ‘comas “pecessidades”objlivas da cultura esto entrande em colapso, como resultado de ‘mudangas etrturase insitcionas.O pp. processo de identifcagio, através do qual nos Drojetamos em nossas identidades cultrais, fornou-se mais provisério, varigvel © problemétice Esse proceso produrosujeito pe-moderno, onceptalizado come nio tendo ums identdade fixa, estencial ow permanente. A identidade a torna-se uma “eclebragso mével”: formads & transformada continuamente em vlagSo formas peas quis sos repeseatado ou interpalados nos Sistemas culture que no radciam (Hall, 1987) ‘efnida histricamente © no bilogeamente. O ‘jet assume idntidades diferentes em diferentes ‘momentos, ideatdades que nfo so unifcadas a0 redor de um “eu” eoerente, Dentro de nés hi ‘ends conrad empuranda en diferentes ‘iogias, dtl ned que nossa identifies esti Sendo continuameatedesdorals, Se sentinns que temos uma identdade unifieadsdeadeonascimento atéarmorte apenas parque castro una eran ‘stéria sabre née mesos ou una confrtadora nama do eu” (veje Hal, 1990), A identidade plenamente unica, conples seguracooerenteg ta fantasia. Ao invés ds, medi em que os Sse desiree cto eam, somos confrontades por uma tzid deeconsrane e cambiante de denidades possives, com eada uma das quis Poderiamos' nos identifiear’— a0 menos lemporariamente Deve-se ter em mente que as trés ‘concepgaes de sujet acima sfo, em alguna medida, simplieagies. No desenvalvimento do argumento, elas se torr mais complesas ¢ ‘qualifcadas. No obstante, elas se prestam como Pontos de apoio pura desenvalvero argumenta ental deste lv, a Ferrer cnneamnieseeenmi © corétor da mudansa na ‘modernidede tordia Um outro aspecto desta questdo da “lenidade ea rlaconalo o carter da mdang ‘na moderniade tari; em particular, a proceso de mudangaconhecide como "plobalizagao" een limpact sob a identdade cutra Em esséncia, 0 argumento& que a mudanga ‘ng moderidade tardia tom um earster mult ‘sped, Como Mare ds sobre a moderidade: 4» permanente resasona de produto, 0 ‘nceea 0 movimento ern Tad ‘lager fas © engra ron reo de ‘Setar, todas ures resteoradie tevaltoom aide pedro vaca, Todo feted se denna a Dare Engl Wisp. 70, As soiedales modernas sto, portanto, por Aefinigdo, sociedades de mudanga constante, ‘ipidae permanente. Bsa & principal ditingso fentre a5 sociedades “wadicionais™ ¢ as “moderas". Anthony Giddens argumenta que sce tains, opasad yneado ‘onboard png conn © [ert expe de gee As itn ts de nar com o'er 9 os Intern qualquer stidade ov expentast tele oct de pada rea “ fro, oui, oe ves oo eration prin Soci earner (Gren, 1990, ra), ‘A modernidade, em conteaste, no & Aetna apenas como a experitncia de conven com a mudanga répia, abrangente cantiaus, ‘mas é uma forma altamenterellexiva de vida, na ‘qual: ‘picasso cantante sais 2 rlormadas 1 hat dar informa rece ‘abr anols pias par,aerand, im ‘Scouts ester p38) Giddens cta, em particular, 0 rimo © 0 sleance da mudanca™~ “A medida em que reas Aierentes do labo sio postas em interconexio tumas com as outras, ondas de Wansformacio socal lingem vraiment toda asuperiie da terra” ~ fa natareza das insttuigdes modernas (Giddens, 41090, p. 6}. Essasdhimas on slo radicalmente novas, em comparagio com as sociedades teadicionas (por exemplo, o estado-nagao ou a mercantiliragto de produtos e o trabalho ssslariado), ou tim ura enganosa continuidade com formas anteriores (por exemplo, a cidade), ‘mas sto organizadas em torno de principios bastante diferentes. Mais importantes #80 a8 teansformagées do tempo e do expago eo que ele cama de “desaljamento do sistema social” ~ “exteagao" das relies eociis dos contxtslocais de interacdo e sua reestraturagto ao longa de 6 Revmour cam narsorennot escalasindefinidas de espagosempo” (bid. p 21). Veromos todos esses temas mais adiante, ntrotamt,o pontogeral que gostaria de enfatizar ‘0 das decontnuidoder ‘On modes de vide eslovador om sets pela ‘derade or ira, da aaa {eda de ods er tpontaionae deem ‘sci ano om ets, ano om nena, ‘Stnormagen ela madera 5 ‘Sapte do que mari dar madang ‘rsa din prod srs No lane “Ieee na str fora 4 econ scl qe eben in em fernando triad, shear alas Siscaracertene ms tina ed sn ‘std ctan (Cine, 1990.2) David Harvey fla da modernidade como Implicando no apenas “um rompimento {impiedoso com toda ¢ qualquer condigze precedente", mas como “caracterizada por um ‘proceso semlim de rupturas ¢ fragmentagbes Tnternas no seu prio interior” (1989, p. 12), Ernest Laelau (1990) usa o conceito de deslocamento”. Uma estratura deslocads & aquela eujo centro € deslocado, nso sendo Substituide por outro, mas por “uma pluralidade {e centro de poder". As socedades modernas, fargumenta Laclau, nfo tém nenbum contro, hnenlum principio aticulador ou organieador Iinico e no se desenvalvem de acoro com & Alesdobramenta de uma dnica “eausa" ou “ei. 6 ‘A sociedade no &, come os saci6logos pensaram ‘muitas vers, um todo unica e bem delintad, uma totalidade, produzindo-se através de ‘udangas evolucionévias a parr desi mesma, ‘como o desenvalvimento de uma flora partir de seu bulbo. Els esté constantemente sendo “descntraa” ou deslocada por foreas fora de st ‘As sociedades da modernidade tarda, argumenta ele, so caractorizadas pela “iferenea; class atravessadas por diferentes vies antagonismossoiis que produzem us variedade de diferentes “posigdes de sujeto” — isto 6, identdades ~ para os individuos. Se ais Sociedade no se dsintgram totalmente nfo & Porque elas sto unficadas, mas porque seus tiferenes elementos ¢ identidades podem, sob tertas eircunsténcias, ser conjuntamente artclados. Mas essa artculagao€ sempre parcial: ‘estrutura da dentdade permanece aber, Sem isso, argumenta Laci, no haveria nenkuma istvia ata 6 uma concepete de identidade muito Aierente€ muito mais perturbadora e provishrin {do que as duas anteriores. Enretant,ergumenta Lacs, isso nfo deveria nos desencorajar: deslocamenta tem caractriticas postvas. Ele ‘dsaricla as identidades estveis do pasado, ‘mas também abre 1 possbilidade de novas ” aniulagies: a eriago de novas identidades, a rodugio de novos sjeitor © 0 que ele chama de ‘recomposigio da eattulura em toro de panto wai particulars de artiulagao” (Lace, 1990, A), Giddens, Harvey eLacla ofercem leituras um tanto diferentes da natureza da mudanga do ‘mundo pés-moderno, mas suas énfases na ‘lescomtingidade, ma fragmentacdo, na muptara © tno deslgeamento eontém una Links comum, Devemos ter sso am mente quando diseuimos 0 impacto da mudanga contemporinea conhecida ain “glbalizagio". © que esté em jogo na questo % 1 idonidedes? -ANé aqui os arguments parecem bastante strato. Par dae agua ila de como eles 36 uplicam a uma stuagso concreta e do que es em jogo” nessas contestadas definigées de ‘denidade e madanga, vos tomar um exemplo (que ilustra as conseqiiéncias politicas da Irngmentagio ou “plurlizgéa” de dentdades. Bm 1991, o enti presidente american Bush, ansioso por restaurar uma maioria ‘conservadora na Suprema Corte americana, ‘encaminhou a indicasio de Clarence Thomas, tim jie nepr devises politias conservadors, Nojulgamento de Bush,os litres branevs (que podiam ter preconcetos em relagio a un juiz negra) provavelmenteapoiaram Thomas porque ‘le era conservador em termos dl legisla de igualdade de direitos, e 0 letores negro (que ‘Apéiam politieas iberais em quests de raga) ‘poiariam Thomas po sintese,o presidente esta onidades” Durante a8 “audincias” em torno da indicagio, no Sonado,o juz Thomas foi acusado de easédio sexual por uina mulher negra, Ants ill, uma ex-olega de Thomas. As audiéncias ‘ausaram umn esedndal pblic e polarizaram a le americana. Alguns negros apoieram basa na questo da raga; outros se ‘opuseram el, tomando como base « questio sexual. As mulheres negras estavam divdidas, ependendo de qual dented prevalcia: sua ‘lenidade como negra ou sia identdade como mulher. Os homens negros também estavam divides, dependendo de qual late prevalcia feu sexismo ov seu liberliamo, Os homens brancos estaram dividides, dependendo, nla apenas de aan politics, mas da forma como eles $e identifiavam com respeito ao ricimo © a0 exismo, As mulheres conservadoras brancas ‘poiavam Thomas, néo apenas com base em sua inclinago politica, mas também po eausa de sua oposigao ao lemininmo. As feministas braneas, ” que freqientemente tinkam posighes mais Drogresssta nn questi da rag, se opunham a Manas tend como base a questo sexual. E, uma ou que o ju Thomas era‘um membro da elite lice Anita il, na Gpoca do aleg inde, ‘ins feo eubaltema, eave jogo eae numero, abn quests de clase social. ‘A questio da eula oda inootncia do juz ‘Thomas ndo ext em dscussSo aquis © que ext fem discuss € o “jogo de identidades” e suas fconseqléncias polfticas. Consideremos os ‘seguines elementos + Asilntdades cram coteadirss. las se frusavarn ou se “desloeavar” mutuanene, + As conteadigdes atuavam tanto fore, na saciedede, atravessando grapes politens ‘sabelecdos, quanto “dente” da eabega fe cada individ. + Nenhume identidade singular ~ por ‘exemple, de classe so linha todas a8 diferentes identidades com wna “identidade mestra” Gnica, abrangente, fan qual se pudesse, de forma segura, bbasear ume politica. As pessous ni ‘dentifieam mais seus interestes socials exelusivamente em termes de clase; & laste no pode servie como um Aispostivo discursive ou uma categoria, Imobilizadora através da qual todos o= vidos interesses e todas as variadas identidades das pessoas possam ser oconcadase represents + Derorma crescente as palsagens polticas ‘do mundo moderno sto fraturadas dessa forma por identificagdes rivais deslocattes - advindas, especialmente, ‘ds erosto da “idemtidade mostra" da Classe e da emergéncia de novas Identiades, perteneentes 4 nova base politica defini pelos novos movimentos soci: o feminismo, as tas nogras, os ‘movimentos de ibertagao nacional, 0s ‘movimentos antinuclesres © ecldgicos (ercer, 1990), + Umaver que idenidade muda de aordo com a forma camo osueito€interpelado fo representado a identiicagao nto & ‘utomtica, mas pode ser ganbada ou perdida, Ela tornow-se politzads. Esse processo 6, Ax vezes, descrilo como ‘onstitindo uma mudanga de uma pllca ‘deidentdade (de clase) para uma polica fe difeenga. Poss agora eaquematizar, de forma breve, ‘© restante do livre. Em primeiro lugar, vou ‘xaminar, de una forma um pouca mais prounds, amo oeoneite dedemdade muds do conceito Tigao a0 sujeito do Thiminisme para 0 conceito socioligico e, depois, para 6 do sujto “pés ‘moderno”. Bm seguida,o leo exporard aquele a sepecto da idenidade cultural moderna que & formado através do pertencimento auma cultura ‘nacional e como os processos de mudanga ~ uma mmudanga que efetua um deslocamento ~ ‘compreen-dides no concsto de “globalizaio" sto aftando iss, 2 2 NASCIMENTO MORTE DO SUJEITO MODERNO este captul fare um esbog da descriio, feta por alguns eric entempordnes, das princiais mudangas na forma pela ‘qua ostjeto ea dentdade sto conceptlizados to pensamento moderno. Meu objetivo 6 tagar os esti através dos quai uma versio particular ‘do “seit humano” ~ com certs eapacidades Thumanas fxas eum sentimentoestivel de sua pripria identidade ehgar na ordem das coisas — femergia pela primeira ver na idade moderna; como ele se tornou “centrado", nos dscursos & prticas que moldaram as sociedades modernas; ome aquiru uma definigto mais seciolgica ou Iterstivase como ele esta sendo “descentrada” ra modernidade tarda. O foo principal deste ‘apul & conceitual, contando-tem cancepges ‘mucantes do sujeito humano, visto como uma figura diseursiva, cuja forma unificada e idemidade racional era pressuposas tanto pelos discursos do pensamento mederno quanto pelos recent qc molar 2 moderniade, endo 2 "Tent mapearshstria da nogio de sjto ‘modemo é um exereico extremamente df. A ida de que as idemtidades eram plenamente uniicadas'e coerentes © que agora se tornaram totalmente deslocadas & uma forma altamente ‘implista de contra estriado sujeito moderno, ua adoto aqui como um dispositive que tem o propésitexclsivo de wma exposgdo convenient. Mesmo aqueles que subserevem inteiramente rnogdo de um descentramento da identidade nse ‘sustontariam nesa forma simpifcads, Deve-se teresa qualicaglo em ment ao ler este cap. Entretanto, esta formulacdo simples tem a ‘vantagem de me possbiltar(no bree espago deste live) esbogar um quad aproimade de come, de acordo com os proponentes da visio do descentramento, a conceptuaizagse do sujeito mmoderno mudou em tr pontos estratépcos, durante a modernidade, Essas modancas ‘sublinham a afirmagto bisiea de que as ‘onceptualinagies do suelo mudam e, portant, tm uma bistéia, Uma ver que sueite moderne femergix num momento particular (seu “ascent tem uma hisria segue que cle também pode mudar e, de fato, sob certs fireuninces, podemos mesmo coniempar sua agora um lagarcomum dtr que a época moderna fer srg uma fama nova edecisia de inidualona, 0 enzo da qual eg una 4 nova concepste do sujeito individual e sua idemidade sto nto significa que nos tempos pré- rmodernos as pessoas nto eram individuos mas «que a individualidade era tanto *vivida” quanto “eoneeptualizada” de forma diferente. As Uuansformagbes associadas & modernidade bertaram o individu de seus apoio extvei na teadigds nas ecruuras. Antes se acreditava que casas cram divinamente estabelecidas; to feslavam ‘jets, portanto, a mudangas fundamentas, O tus aclasifcngto es porgto dle uma pesson na "grande cadein do atx” = a fordem secular diving das coisas ~predominavam ‘abre qualquer sentimenta de que'a pestos Tose tim individuo soherano, Onascimento de Sindividuo soberano", entre 9 Humenisine Renaseentsta do séealo XVI e o Thiminisma do sécalo XVII, ropeesentou un reptra importante ‘como passado,Alguns argumentam que ele foe ‘motor que eolocou todo o sistema social da “mnodernidale” em movimento Raymond Willams obeerva que shistiria moderna do sujeito individual retne dois sSgnificados distatos: por um lado, 0 sujet & indivseal”~ uma entidade que &uniicads no ‘eu proprio interior endo pode ser dividida além isso; por utr lado, 6 também ume entidade quod “singular, distin, nies” (ve Wiliams, 1976: pp. 18855: verhete individual). Mites ‘movimentos importantes no pensamento © na 5 ISESSFEAI Aree cultura ocidentais contbutram para aemergtnea essa nova concepeto: a Reforma eo Protestantismo, que lbertaram a conscitneia individal das instiuiges reigns da Igreia © txpuseram diretamente aos olhos de Deus, 0 lumanismo Renascentsta, que loco o Homem (tic) n0 centro do wniverso; ay revolugtes clentficas, que conform ao Homer afaeuldade fas eapacidades para inqui,invertiga decir (os mistrios da Natures: Taminismo, entrada faa imagem do Homem racional, cientficn, libertado do doginae da intlerdnci,e diane do ‘qual se cctondia a totalidade da histria humans, para ser eompreendida e dominada Grande parte da histéria da filosofia ocidenal consite de reflexes ou refinamentos dessa coneopeio do sujeito, seus poder ¢ suas teapacidades. Uma figura important, que dea a fara concepedo sua formulagio primis, foi o Flgsfo Traneés René Descartes (1596-1650). Algumas yezes visio como 9 “pai da Filosofia moderna", Descartes foi um matematico ¢ tents, fandador da geometia anata e da ‘ica, foi profundamsent inlueciado pela “nova tincia” do sfeulo XVII. Ele fi atingdo pela profunda divida que se seguin ao desloesmento {e Deus do centro do universo Eo fat de que o Sujit moderno “nascea” no meio da dvida e Go eoticismo metafsico nos fz lembrar que ele ‘nunc estabelecio euniSeado como ese forma de deverevélo parece sugerir (yeja Forester, 1087). Descartes acertou as contes com Deus 26 ‘orn o Primero Movimentador de oda cing; dal em diante, le explicou o resto do mundo ‘material intiramente em termos mecinicas ¢ rmatemitios. Descartes postulow duas substancia isiotas ~ a substinela espacial (matéria) substincia pensante (mente). Ele refecalizou, ‘sim, aque grande dualismo entre “mente” © ‘"matéria”™ que tem afigido a Filosfa desde tentio, As cosas devem ser explicadas, ole screditiva, por uma redugso aos seus elementos tessencai & quantade minima de elements e, fm dima adlise, aos seus clementosiredutives. No centro da “mente” ele colocow o sujet individual, consituido por sua eapacidade para raciocinar e pensar. “Cogito, ego sum” era a palavra de ordem de Descartes: “Penso, logo fxiato™ (Gnfase minka). Desde entdo, esta eoneepeao do sujeito racional, pensante € feonsciete, stuado no centro do conhecimento, tem sido conhecida como 0 "sujeio artesian” nts contribuig eva fa fia por John Lock, o qual, em seu Ensaio sobre acompresnsoo ‘humana, definia o individuo em termos da “mmesmidade (amenes de um se racional” ist. uma identidade qe permanecia 4 mesma & ‘que era continua com seu sujet: “a idemtidade ‘da pesoa aleanga a exata exenato em que #3 a BEES conseiincia pode i para ts, para qualquer agio ‘ pensamentopassulo” (Locke, 1967, pp. 212 213). Este figura (ou dispositive conecitial) ~ “%ndviduo soberana”~ ost nserta em cada um dos processose prticas cena que fieram muntlo moderno. Ele (ic) era 0 “sujeto” da mmodornidade em dois sentidos: a origem ou “exjeito” da ranto, do conecimente eda pdtcs, fe aquele que toria as conseqUGncise dessas prdcas —aquele que esta “sujitado” a elas {veja Foucault, 1986 ¢ também Penguin Diationary of Sociology: verbete*ubjed” Algumas pessoas tem questionado se 0 apitalismo realmente exigin uma eoncepea0 de Indisiduo saberano desse tipo (Abercrombie et alli, 1986), Entrewanto, a emergéncia do uma coneepgfo mais individualisia do sujeito & mplamente aceta, Raymond Wilkams sntetzou ‘essa imersto do sujeito moderno nas priticas © ‘iscursos da modernidade na seguinte pasagem: Aomori de nods de indus 20 tera moderna, poder reacinadssseains (sce wid cote Same meta No movimento pl cnr 9 eelnne hoe ‘elsr lt m ctcs peadds hme, ‘i ce Ses agar es gts ama "iis scedade Bein, Houre una nie ‘ly, ne Poeun on reap Sta © Inada do homes com Dew pono ‘els medida pla pea fh 0 nada ela XVI ¢ wo ole XVIM gues 20 oromotn dani Ligioone Maen, [sna ind come endear ee mde” do Lab a prt de ga ue stops (opeciinete ete cle am derivaden 0 penoamento police de Tso sepia pricpalment ete ede. (regu eogee cme nin, ‘inka um exo primi ei i fu horas decd dab echt fe etian core on Hakim por Ss ‘ comsentimenty pla na verso le ‘rl ww pemamesta bra Ne economia ‘lime, occ es daria de et noel qe spun inborn sia poi e Sesian m ln to de pari, rar om sen eosin ‘gerne cule an emits dt ‘age gue eles ert spe (Wiens 1976, pp 185), Ainda era possivel, no séeulo XVIII, Jmaginar os grandes process da vida moderma ‘como etande cetrados no individ “eee da Serio": Mas i medida em que as seciedates ‘modetnas se tornavam mais eomplenas, elas ‘sdguiriam sma forma mais collie social. Ax teotias elissica liberais de gover, baseadas ros direitos ¢ consentimente individusis, foram brig a dar conta den eataturaa do estado hago e das grandes massas que fazem una ‘demncrsciamadeima Asli clfaseas de economia allica da propridade, do contate da tea tinham ‘Setua depois da indtaligo,enee a rans 2 formagdes de classe do eaptalsmo moderno (Ocmpreendador individual da Riquera das “ages de Adam Smith 00 mesmo dO copia de Mars foi twansformado nos conglomeradosempresriais da ‘sonoma modema O cided indivival toro te enredado nas maquinarias buroertieas & ‘slminitratvas do eta dere. ‘Emerg entio, uma concep mais social 4 suit, O individue pass a sr visto corn ‘mais localirada “defiide” no interior dessas _onids esruturaseformagiesnuntentadoras da Sociedade moderna. Dois importantes cventos comtributeam para aeticular um conjunto mais Soplo de fundamentos coneepuaisparno suelo ‘mademo, O primeira fo biologie darwiniana. O ‘ijeito humane foi “bilogiada” — a ao nha tama base na Natirea es mente um Tadamenta™ 0 desenvolvimento fst do eérebro humo, O segundo evento fo osurgimento das novas iciassociais Entetanto,astransformagies que sso pbs om agio fram desiguais +) O "individu sara ca ax sua (dele) vontades, necessidedes, dessjoa © Interesses, permancccu a figura cental tunto nos discurse da economia moderna ‘quanto nos da Tei moderna. + Odlismotpiondopemamento cartesian fojinaiteionaido nadiviso das eiénias socials entre a peieologia e as outras 20 iscpins.O ext do indviduo ede cous pracessos mentais trmot-ee 0 objeto de tudo especial privegiado da palo. ‘A eociologia, entretanto, frneceu uma ‘do “indvidualisino raconal” de rocessos de gropo © nas norm ‘aletivas as quas, rgumentars,eubjeciam fa qualquer contrato entre sujeitor individuas. Em consequénea, desenvolveu ‘uma expicago altrwaivado modo camo ‘ws indvduos so formas cubjetivamente através de sua paricipagio em rlagdes Sociais mais amplas ,inversament, do ‘modo como os processs © as eatruturas So sustentados pelos paptis que oo individuos neles desempenhem. Essa “internalizacio" do exterior no sito, ¢ essa “entenalizagzo™ do interior, aust és ‘da ago no mundo social (como disci, ants), eonttuem a doserggococalgica primaria do syjeito moderna e estio fompreendidas na teora da soiliasio (Como foi observadoacima, G-H. Mead e cninterseonistas sibiosadotaram uma, Visto radicelmente interativa deste processo. A integragfo do individuo na ‘ciedade tnka sido uma preocupapto de louga data da socologia. Teéricos como Goffman estan profundaimente stentes 2 0 modo como 0 “en” & apresentado em AiferentessitsgBes sociais, ¢ como ob confit entre estes diferentes papéis acai sto negoiados. Eo un nivel mais macrossociologico, Parsons estudou 0 “ajaste” ou eamplementaridade entre "0 ‘ex eo sbtema cial. io obstant, alguns triticos alegariam que a sociologia couvencional mantvers ago do dualism tte Descartes, especialmente em sua tendéncia para eonseuiro problems como fama relagdo entre duss entidades cconectadas mas separadas: aqui, 0 “individuo a sociedad” Ente modelo socolgico interalivo, com sua reciprocidade estivel ente“intrin”o "exterior", em grande parte, um produto da primeira ‘metade do séeulo XX, quando at cincas socials ‘csumem sua forma discplinar staal Eneetanto, fxatamente no mesmo period, um quadro mais pperturbado ¢ perturbador do sujeito ¢ da Identidade stave comecando a emergic dos ‘movimento exten einteectsis assorado com ‘8 surgimento do Moderismo. Bnoontrames, aqui, «figura do individuo ‘salad, exlado ow aienado, colocado contro ppano-defunde da multidao ou da metripole ‘ndrima e impessoal. Exemplos disso incluem 2 famos desri do poeta Baudeaive em "Pintor da vida moderna”, que orgue ua cass “no eoragio ‘nico da muldao, em meio ao ie e vir dos ‘movimento, em meio ao figido ao infinite” & aque “se torna um inico corpe com « muito", fntra na mulidae "como se fose um imenso reseratrio de energia eles: o lane foto ‘agabundo}, que vaguela ene as novasarcadas das lojas, abservando o passagero espeticulo da ‘metrépele, que Walter Benjamin colcbrow no seu temsaio sobre a Paris de Baudelaire, © cuja contrapartida na modernidade tardia 6, provavelmente,o tart ef Uny, 1990); °K", & ‘ima andaima,confrontado por uma burocracia ‘samoeto, nanovelade Kafka, 0 Prowso;eaquala ogi de igaras alienadas da iterstura eda xia socal do séeulo XX que visavam represent ‘experinela singular da modernidade. Vérias Alesse "hancian exemplares da modernidade”, como as chama Frisby. povoam as piginas dos Drineipais tericos socials da vicede do steulo, como George Simmel, Alfred Schutee Sigiried KKracauer (odos of quai tentaram eapturar as caraceriticas essencnis da moderidade em fensaios famesos, tals como The Siranger ou Outsider) (veja Frisby, 1985, p.109). Estas imagens mostraram-se proféticas do que itia Acontecer ao sujeito earesiano 20 sujeto secoligice na moderiade tard, 2 Descentrando o sviei Aquelas pessoas que sustentam que a8 ‘denidaies modernas estdo sendo fagmentadas lrgumentam que o que acontecu & concep do eujeito moderno, na modernidade tarda, nto foi simplesmente sua desagregigdo, mas set deslocamento, Ela dscrovem ens deslocamento turavés de ua série de rupturas nos discursos dloconhecimento moderna, Nesta og, fae um, "lpia esbogo de cinco grandes aangos na ear tovial © nae ciGncias humans ocorvidos peensamento, no perodo da moderidad tar (@ togunda metade do seule XX), ou ue sobre cle tveram se principal impacto, ecajo maior efito, argument ao, fi 0 descentrament final do sueitoeartesiano A primeira descntras importante refere- se as tradigbes do pensamento marsista, Os ‘ects de Marx perience, natralmente, 20 ‘feulo XIX e nfo no stculo XX. Mas um dos ‘modes pelos quais seu trabalho foi redescoberto ‘reintrpretato na década de sessema foi blur ‘in sia afirmagia de que os “homens (vie) fazem ‘histria, mas apenas sob ax condigaes que hes $6 dacty” Sous nove intrpretesleram so n0 tentido de que os individvos ndo poderiam de ‘ems forma ser os “autres” oom agentes de hstra, uma vez que eles podiam agi apenas ‘com base em conigdes histriess eriadas por a4 ‘outros eso as quais les nasceram, uzando os Teeursos materiais ede ealtura que Thes foram forecidos por gerbes anteriores, Eles argumentavam que 0 marxismo, cometamententendio,deocara qualquer nogae dle agéncin individual, © estrturlisa marist Louie Althusser (1918-1989) (ver Penguin Dictionary of Sociology: verbete “Aluseer") ‘afrmou que, a0 coloea srlagaes soca (modes ‘de produgso, explora da fora de aba, dreilos do capital) e nfo wana nog abatata de THomem na eento de seu sista terico, Marx deslocou dss proposigtes-chave da filsofia ‘moderna: ‘que bf uma essénca univer de homens; +) que etsa eatncia 6.0 atibuto de "cada Individuo singular”, © qual 8 seu sujeito real mes doin potted le completa © ide: Ma un ecaecns oon wade ‘rosupaem tala ima perspectia de mundo upeitesienina, Ae teeta 4 eat Ar ete nbs ten Mac etn do ‘cunetn rinio de postadoe Hl espon “toa reas Se jt Bo empon, sent iene ino tn e tle am rena de forma supremo. Nis Sena d economies do mtn do ime sonoma, eo ty do di, com fecldades noe deed, como vd © mje da economical mo apenas Si apna dene dat Fa lana; mas ei dpi ai libamer 1966. 228, ssa “rovolugio tdrica ttl” foi, 6 cbvio, fortemente contestada por muitos tebricos humanistas que dio maior peso, na expleagso Wistériea, 4 ngéncia humana. Nao precisanos iscutir aqui se Althusser estava total ou parsalmonte cero, ou interamente erado.Ofato E-que, embora seu trabalho tenha sido famplamente eriicado, sow “anti-humanismo teérico” (to &, um modo de pensar aposto as teorias que derivam reu raciocino de’ alguma nogin de esséncin uiverel de Home, alojada fm cade sueito individual) tove un impacto Considerivel sobre nites ramos do pensamento moderna. (O segundo ds grandes "descentramentos” ‘no pensamento ocidental do séeulo XX vem da deseoherta do inconsciente por Freud. A teoria ddo Freud de que nostas Wentdades, nossa sewusldade e w estutura de nossos desejas so formadas com ase em procescos psiquicos & simbilicos do inconscient, que fun ‘condo com uma "ges" mute diferente daguela dda Razdo, arrosa com 0 conceito do sujote ‘ognoscente «racial provido de umaidentidade {iste unicada—0 “pens, logo existo", do sujeito dde Descartes, Este sepocto do trabalho de Preud tem tio também tim profunda impacta sobre o ‘pensamento moderna nae tés imas déeades, 36 ‘A leitura que pensadores picanalticos, como Jacques Lacan, fazem de Freud & que a imagem ‘oe como interoe unica € algo que acrangs ‘oprende apenas gradualmente, pacilmente, © ‘com grande difeuldade, Ela nao +0 desenvalre naturalmente a parr do interior do nicleo do ser da erianga, mas €formada em relagd com os ‘utrox experinlmente nas complesas negocios piguicasinconseiontes, na primeira snfSnci, fenve a erianga # as poderosssfantasias que ela tem de sus figuras patomase maternas, Nau ‘que Lacan chama de “fase do espllo",aerianga ‘tue nfo esta ainda coordenada «lo possi ‘qualquer autoimagem eomo uma pessoa intra”, Serd ou se “imogina” aa propria reletida ~ ee Lralmente, no espelho, ea igurativarnente, mo “eepelho” do oar do oute ~ como uma “pessoa ineira® (Lacan, 1977). (Aids, Althusser tomou ‘esa metifora emprestada de Lacan, a0 tentar ddescrever a operacto da ideologia). Isto esta préximo, de certa forma, da concepg%0 do Frespelho", de Mead ¢ Cooley, do ou intrativos exceto qe para clea a soetalizagio & uma qustio ‘de aprendizagem consiente, enquanto que para rend,» subjetvidade 60 produto de process psiquicosinconsientes. [A formagia do eu no “ahar” do Outro, de coro com Lacan, iniia a relagso da eanca ‘om os sistemas ibis fora dela mesa e&, ‘assim, o momento da sua entreda nos virios a sistemas de representago simbslea ~incluindo ‘lingua, a cultura e a diferenca sexual. Os enimentor contradrios e ndo-eselvidos que Sscompanham eset dif entrada (o sentimento Aidido ene amor e dio palo pai, 0 conto tonto desejo de agradar € 0 impulso pararectar {mide «diviso do eu entre sus partes “bos” Sina", a negagto de sua parte masculina ou feminina, ¢ assim por diane), que 80 aspects chave da *formact ineonsciente do suit” « ‘que dena osujto“dvidido", permanceem com {pessoa por toda a vids, Enreanto, embora 0 sujitoesteja rempre partido om dividido, ele vivencia sa propria Wentidado como se cla ‘Gtivesse eunidaeresavila”, ov uificas, come fesultado da fantasia de si mesmo como uma pessoa” unificada que ele formou ma fase de eapelho. Essa, de acordo com esse tipo de pensmento psicenaliiea, a orjgom comadiria ‘ba "identidade” Assim, a identidede & realmente algo {ormado, so longo do tempo, steavés de process inconscienter, © n80 algo inal, exstente na ‘consiéncia no tomento do nastimento. Existe sempre algo “imagindio™ ou fantasado sobre sua tide, Ela permance sempre incomplet, ext Sempre “em prosesso”, sempre “endo forma” ‘As pares “fomininas” do eu masculine, por texerplo, que ato negala, permanecem com ele fe eneonlesm expressso inconseient em muitas 8 formas nao reconhecidas, na vida adulta. Assim, fem ver de falar da idenidade como uma coi tcabads, deveriamos falar deidenficagto, ev Income um proces em andamento, A identidade surge no tanto da plenitude da ientidade que jf eas dentro de nos como individwos, mas de ‘una fala de inciteza quo &“proenehida” a partir Ade nosso exterior, peas formas através das quais ‘nds imaginamos ser vistos por outros, Psicanaliicamonte nés coninsamos buscando & “identidae” ¢ constuindo biograias que tecem asdferentes partes de nosso eu dviidos numa Unidadle porque prociramos recapturar esse raver famtasiado da plenitude. De novo, 0 trabalho de Freud © 0 de ppensadorespsicanaieos come Lacan, qu olor essa forma, tm sido bastante questonados, Por Aefinigto, 0: process inconscientes no podem ser faciimentevistor ov exatninados, Eesti que ‘er inferidos pelas elaboradas téenicas psicanalicas da reconstrugaoe da inerpretaeao no so facilmente suscetiveis A “prota”. No fbetante, seu impacto geral sobre as formas madernas de pensamento tem sido muito Considerivel. Grande parte do pensamenta ‘moderna sabre a vida eubjotiv epalguia & "pe feeudiana", no sentido de que toma tral de Froud sobre o inconsiente como certo e dada, mesmo que rejeitealgumnas de suas hipdtess ‘en, podemos aval © d 2 que essa forma de pensamento causa a nogbos {que véem @aujito raconale a dena como Fixoseentiveis O teresto descentramento que examinarei cexté asvociada com 0 trabalho do linguists tatratura, Ferdinand de Saussure. Seesoare Srpumentava que ads alo somos, em nenhue entido, os" autores" das airmagies ue fzemos fu des signficados que expressamos na lingua, [Nos podemos wtlear » Hngua para produsir sgnifcados apeaes nes posiionando no interior das ograsdainguae dos sstomas de significado do nossa cultura. A lingua 6 um sistema socal © ‘iio um sistema individual, la preenste and, Nao podem, em qualquer sentido simples, sr sr eores Far uralingta na sigan pena ‘sprenar nosis pensamente mats intrares © ‘rina signifies tambien aivar a imensa para de significalos que jk esto embutidos em nossa lingua em nose sistemas culturis. Alm dss, 05 signiscaos das pales mio 80 fos, numa relagdo uaa com os objets fo eventos no endo exitente fora da lingua. O Sigua srge ns elagss de sina © ga que a palavras tn com outros plavras to imetor deg ng, Nes eben © que 6a “note” porqueela na 60 “ia”. Observe se a analogia que existe aqui ene lingua © ‘dentidade. Bu ti quem "eu" sou em relaeSo com o outro” (por exemplo, minha mie) que eu nfo posse ser. Como diva Lacan a dentidade, como ‘8 inconscient, “est estratrada como a lingua” (0 que modemosfiésfoe da Linguagem ~ como Jneqs Deri, nlenciads po Saussure opel “ead ingastea” ~argumentam & que, apesar de seus melhores esforgos, ol alate individual ‘io pode, nunca, xa o significa de uma forma Final, inciindo o sgfeado de sua identdade [As palarrs so “multipoduladss". Hles sempre carregnm eoos do outussiguficados que elas tolocam em movimento, apesar de nossos Inelhores esorgos paracrrar osenifcado, Noses ‘firmagdes aio baseadas em proporiges © premisais das quais nis nfo temos contcinci, fas que elo, por aesim dizer, condusidas na Corrente sangiinea de nossa agua. Tudo que fliremos tem um “antes” © um “dopsis” ~ uma “inargem’ na qual utras pessoas podem excever Osgneadoéinerentementenetive: ee procura fo fechamento (a identidade), mas ele & ‘constantemente perturbado (pela diferenca). Ele ‘estéconstantement ecapulindo de né. Existem “some sigilicado suplementares cobre os quais ‘fo temos qualquer controle, que surgira0 ¢ Subvertrdo noses tntavar ara car mundos {ixoneestives (rea Derrida, 1981), 0 quarto descentramento principal da identdade © do sujito corre no trabalho do {ilsafo.¢ historiador francs Michel Foucault. [Nama sine de estos, Fousoul produnia uma a expécio de “gencalogia do sujet modern0” Foucault destaca um nove tipo de poder, que ele cchama de “poder diciplinae”, que se desdabra to longa do século XIX, chegando a0 seu desenvlvimento mimo no ineio do presente séeulo. O poder dissipina ets preacupado, em [primero Iigar, com a regulago, a viglincia & ‘prem da epic humana oe popes em send lar do indivi ed eorpe. Seis Tocais ato aquelas novas instituigoes que =e desenvolveram ao longo do século XIX « que “pelican” edisipfinam as popes madernas— ina, quarts, eco, pies, hospi nioas ‘assim pr dante fe, por exemplo, Hii da Touewa, O nascinent da cliniea ¢ Vii epi. 0 objetivo do “pode disephinae” conse ‘em manta "a vidas, alvidades,o trabalho Infelicidade e o8 prazees do inividuo”, assim como sua saide fsica © moral, suas prétieas sexs esa vid fair, oob esto controle © disciplina, com base no poder dos regimes ‘administraives, do conkecimento eepocializade dos profissonsis © no conhecimento fornccide pelas “disciplinas” das Cidneias Sociais. Seu ‘objetivo bisico consiste em produair “umn ser humano que possa ser tratado como wn eorpo ci” (Dreyfus e Rabinow, 1982, p. 135). © que & parculamente interessante, do pont de vst da histria do sujeito moderna, & ‘que, embora poder disciplinar de Foucault seja 2

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