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HELIO GUIMARAES ¢ doutorando em Teoria Lirerana no nee de Fredo ds Unguage €3 Unicare autor da cese Literati em Teleweio = uma Historia das ‘Aaapragoes e Texas Uteririos para Programas de Tove HELIO GUIMARAES AEVISTA USH, SLO PAULO (32]¢ IMEI, DEZEMBRO J FEVEREIAO I NA TELEVISAO ‘Aroto Cd “Lue broad fone Gta Merce {iv an | SSP Ie pare Tera ext oe on Accra Gtocome rede comers 985 cor ‘Tove de TY Pasta er SloPassearpicu coms rate de eae Gort em Belo Sorzente (iba Basi spe Fes fe 0972 Com a retagio (Teno Su en maa de 9 pease soko “ing tancen Conta Paro Ae sen sokodelnareSpPadoe Bis Honsoete. aco tev to Pal foe. "5. cnarne nea sp ‘apr Ronse 1 957 mene tifa es anor 0 taste Saline hse “seria sep Asp poo: are ane ‘usb peal. ocean gurveanoh oie ‘Sevamente mpornbite Spr pre ste omato ‘gale hninacomeone Srnec ores (oe casas pops tensor deguree sc {pect da propane du tes ten nen ‘aent ee 96) ‘Arms Mie Ma, terete 8 deen {Sin ae da eta ‘cea fe face legate peor lear e 2 Sona coro legates era smudge Canora agers oro Ty, 0. Pale, Frets, $3,215 192 Wo Brasil, a circulagdo do texto PF escrito, particularmente, da nF iteraturade ego desdesem- <_eesteverestitaa uma parce _ Ia pequena da populagio. Ja- mais existlu entre nds uma Iiteratura popular dealeance nacional. Cou- be televisdo darescalaindustrialealcance nacional fioglo produzidano Brasil. Anto- rio Candido, em “Literatura ¢ Subdesen- volvimento”, apontou ofato com sensivel melancolia:“[..quandoss grandes massas chegarem finalmente insracdoclementar, buseardo satisfazer fora do livro as suas ne- cessidades de icgloe poesia”. Noartigo. de 1973, o-rtico ainda observa: “Quando al fabetizadas ¢ absorvidas pelo processo de rbanizacdo, passam para o dominio doré- dio, dateleviso, dahistria-em-quadrinhos, consttwindo. base de uma cultura de mas sa” (1) Candido chama a atengo para um processo que entdo se acelerava e hoje exté plenamente configurado:.0daconsolidasao deumainddstiacuturalno Brasil. Esse pro- cesso eve natelevisioum veiculo privilegi ado que, por sua vez, fez da telenovela o género de fiegdo de massa e nacional por exceléncia. A televisio, através da teleno- vela, passou, ainda na década de 70, a satis- Fazer a “necessidade de Ficgo e poesia” de grande parte da populagao brasileira. Antonio Candido descreve 0 processo como passagem de uma “fase folel6rica” para “essa espécie de folclore urbano que € a cultura massificada”. Se nos paises euro- peus ~ sobretudo Franca e Inglaterra —0 li- vro ainda no século XIX foi vefeulode uma produgiio ficcional voltada para as massas, ‘no Brasil teria havido uma passagem direta de um estigio de comunicagio oral para um estdigio de comunicacdo eletrOnica, semes- tégio na cultura escrita A instalago, no Brasil, de umadas mai- ores inddstrias de televisdodetodoomundo ‘ocorreu em paralelo ao processo de urbani- zagiio. A primeira emissora foi inaugurada em 1950. Fm 1969, a TV atingia simultane- amente as cinco principais cidades do pats ‘com 0 inicio das transmiss6es em rede. Em ‘meados dos anos 70, uma empresa privada de tclevisdio era capaz de se comunicar si- Revista use gto rau.o py multaneamente com metade da populago brasileira, 0 que nenhum outro veiculo de ‘comunicagdo conseguira até entio e ainda hoje no conseguiu. A televisio tornava-se © primeiro e nico veiculo de massa de al- cance efetivamente nacional (2). 0 texto literdrio, no entanto, desempe- ‘nhou papel peculiar nos programas de fic- ‘co veiculados pela TV. Desde a instalagaio datelevisono Brasil, osprogramasde maior restfgio e/ou audiéncia das diversas emis- soras regularmente realizam adaptagdes de textos literrios. Nos anos 50, os teleteatros consistiambasicamente natransposigio para ‘video de obras da literatura internacional A mesma férmula logo em seguida foi apli- cadaastelenovelas, que ganharamcrescen- te popularidade até se tornarem, nos anos 60, fendmenos de audiéneia, Na década de 70, criou-se um horério para a exibicio de telenovelas baseadas em textos literdtios, desta vez exclusivamente Brasileiros. A partir ‘dos anos 80, as adaptagdes de obras brasilei- ras deslocaram-se para as minisséries. A recorréncia a literatura, portanto, atravessa a hist6ria da TV brasileira em adaptagOes de textos literdrios realizadas para diversos tipos de programa, De 1952 2 1994, foram 223 novelas adaptadas de textos literdrios, oque correspondea mais de umtergode todasas telenovelas produ- zidas nesse perfodo. A literatura sempre foi uma prédiga fo tede historias paraos novos veiculos. Basta ‘ver o quanto 0 cinema recorreu a literatura neste século. No entanto, a referéneia fre- Uente a textos literérios na televisdo bras Iecira parece ndo ter correspondente em ou- tras paises, mesmo naqueles onde a televi- ilo desenvolveu formatos de fiegiio seme- Ihantes ao da telenovela brasileira. Nos Estados Unidos, a soap opera con- sisteemhist6riasespecialmenteescritas para aTV. A longevidade dessa forma de ficga0 seriada assemelhada a telenovela brasileira inviabiliza a adaptagdo de pegas teatrais © romances (3). O modelo das soaps norte- americanasé oadotado nalnglaterrae, mais recentemente, na Franga (4). Nos Estados Unidos, as adaptagdes por um curto periodo frequentaram, em emissoras comercial so. 93, oezemaeovievercise 1996-8 programas semelhantes aos teleteatros bra~ sileiros (5), Na telev otexto britanies literdrio€ matéria-primados classic serials, programas semelhantesas minissét duragio em torno dos vinte capitulos (6). Portanto, nosdois paisesv mais longa tra- digo televisiva ~ Estados Unidos e Ingla- terra ~, 0 texto literdrio no chegou a fre. quentaros produtos principais das emisso- ra locais, como ocorreu no Brasil por da telenovela. Em outros pafses latino-americanos, a produgao ficcional da TV privilegia a tele- novela, comearacterfsticasmuitosemelhan- tes as da telenovela brasileira, embora as produzidas no México, Argentina ‘Venezuela concentrem-se em textos origi- nais e no em adaptagdes. Isso certamente esti relacionado a vasta produgiio do melo- drama cinematogréfico nesses paises, que ‘chegaram a abrigar uma indiistria de filmes centre os anos 30 © 50. Com o declinio da produgio local de filmes, nais dessa indiis 108 profissio- ‘migraram paraa televi- sdo,transferindo parao vefculoemergentea cexperigncianaprodugio de textos originais. Esse fator foi decisivo para que, naqueles pafses, 0 texto literdrio mantivesse maior distancia da produgao ficcional datelevisi0 do que se verificou no Brat © caso brasileiro, portant, apresenta eis. Primeiro,na, cespecificidadesem dois presenca constante de adaplagdes nos mais variados tipos de programas (teleteatros, telenovelas, minisséries, séries etc.) Segu do, no fato de concentrar-se prineipalmente natelenovela,tipode programa voltado para ‘oespectro de publico mais amplo e hetero: géneo queatelevisao aleanga, Enquantoem outros pases a literatura esta associada a programas de audiéncia restrita,constituin- do-se em matéria-prima para a produgode programas voltados a um pubblico s tado, aqui cla freqiienta a telenovela, pro- ‘grama de massa por exceléncia, As adaptagbes atingem seu auge a partir de 1975, quando ganham carster sistemsti co. Até entio distribuldas pelas diversas emissoras em programas veiculados em di- ferenteshorérios,emmaiodaquele anocria- se um horario dedicado exclusivamente & exibigio de telenovelas adaptadas de obras fe Mo1HE DEZEM ISOs FEvERE RO LA¥6-9 5 Peake TheGaen AgealTV rane ace Neves ene ‘Osord Unversity Press ah Tete Sl tact robe 8 sresapete od A eapaibes de cscos tea atacand toned asia Quo oe 193 retusa repre esse roma purinancom sos ere sora Renn (mio 51 ee Co frat eg eo ou aul Eek Pre dor mor €O sei ecaraprogarasconn "Manes ese yas Gerteeno 15S Horace Newcomb, er Geaaee New fon Ons rset 92 ecg pom ome ‘ete apt ‘Rede Cleo pus tans Sreavreepaatedo oe Coma nnn ceegen Sevgeecaanci toro oae da literatura brasileira. A iniciativacoincide como inicio da exibi¢o dastelenovelasem rede nacional (7). Helena, baseada no ro: mance de Machado de Assis, inaugura 0 horario, batizado como “Faixa Nobre™. Nesse momentoem queatelenovelase con- solidava como forma de ficgdo de alcance nacional, duas adaptages de textos liters- ‘ios estiio sendo exibidas pela Rede Globo: Helena, 3s 18h15, e Gabriela, baseada no romance de Jorge Amado, as 22h. Esse inusitado cruzamento da TV com literatura colocaquestdes intrigantes: por que dois universos tio distintos como oda Iiteratura e © da televisdo estabeleceram tantos pontos de contatono Brasil? Porque o texto literério, historicamente voltado a tum piiblico to restrito, 6 uma referéneia constante para o principal produto de um vetculo de massa? As razSes tm natureza diversa ao lon- 120 desse perfodo de mais de 40 anos. Num rimeiromomento, que vaide 1952.4 1975, prevalecem as adaptagdes de obras de au- tores consagrados da literatura internacio- nal, como Mark Twain, Charles Dickens, Victor Hugo, Julio Verne © Alexandre Dumas. As obras desses escritores, no en- tanto, convivem com as de autores como Theodore Dreiser, Wilkie Collins ¢ Margareth Mitchel, de pouca expressio, digamos, literdria, mas e% versdes de suas obras para 0 cinema, nhecidos pelas ‘A maioria desses textos chegava TV através de adaptagdes anteriormente reali- zadas pelo cinema. Os primeiros profissio- nais da televisdo néo tinham a experiéneia de transpor o texto eserito diretamente para um meio audiovisual como a televise. O filmeera, portanto, umaimportante fontede Inspiracdo, uma ver.que todo o trabalho de imaginago —criago de cenérios, dilogos cearacterizagdodos personagens—jdéestava realizado, Embora tenha havido tentativas deadaptarobrasbrasileiras desde o inicio da televisio, elas foram logoabandonadas pelo fato de nao contarem com uma versio cine ‘matogrifica. Umadas tentativasocorreuem 1954, quando a TV Record exibiu A Mura- tha, ‘elenovela baseada na obra de Dinah Silveira de Queirds. O depoimento do REVISTA USE SLO ALO DN} 198 adaptadore diretor, Miroel Silveira, déidéia da dificuldade que foi adaptar 0 romance para um vefculo que se constituia basica mente deimagense sons. Iveiracontaque wes vezes a telenovela era exibida 20 viv or semana, Tudo era feito em esttidio e, portanto, ndo havia possibilidade de cenas externas. Comoo romance se passa durante aGuerra dos Emboabas, nocapituloemaue deveriam ser apresentadas cenas da guerra, asolugiio foi aseguinte: “Néstivemoscomo icorecurso convidara autora, que veiodo 92 DEZEMBRO FECEREIRG 1496.97 Rio d Embo: © depoimento de As adaptagoes, al Silvei 1 de co Guerra dos "as num capitulo especial, que era mento de ve- (vale visio chy mbrar q\ ou ao Brasil em 1950 e, durante quase quinze anos, atingia um piiblico muito pequeno, restrito a poucas familias com poder aqui sitivo suficiente para comprar os caros aparelhos de TV). Nesse primeiro momento, 0 texto literi- rio era sobretudo uma Fonte de enredos € contetidos para um vereulo que tat busea de sua linguagem. A medida que © tempo avanga e a TV eria una tin propria, as adaptagoes perman = RRR : as veeenes EVISTA USP, SHO FAULO (32): 198-184, DEZEMBRO / FEYEREIRO 1994.97 © Aqisinponane nara tesco apd ne peroao 7S Sheree Spe 952 ao og fe cote ena ‘aTiscpariteer “etrsoroarsdedtram ‘arc menor ave tp fa spe doce searcicerendte 1yo centanto, hi uma transformagao significati- va. As obras brasileiras tornam-se cada ver ‘mais freqlentes em detrimento das adapta- (Ges de obras estrang Para ilustrar 0 fato, de 1975 a 1994 fo- ram realizadas 78 adaptagées pelas emisso- ras de TV. Dessas 78, apenas 4 eram adap- tages de obras estrangeiras. Entre 1952 ¢ 1974, das 145 adaptages realizadas, 106 eram de obras estrangeiras (8). |AS razOes para essa alteragio so vé- rigs. Primeiro, hi motivos de ordem técni- ca, A medida que os produtores de televi- slo adquirem maior dominio da lingua- gem televisiva, fica mais fécil adaptar um texto literdrio sem a intermediagao da versio cinematogrifica. Mas hé outros motivos decisivos paraa alteragae do per- fil das obras adaptadas, motivos de ordem e cultural Essa modificagao vai ao encontro de politica cobrangas do governo da époea de naciona- lizar a programagao das emissoras ¢ valori- zaracultura nacional,expressas aumdocu- ‘mento intitulado “Politica Nacional deCul- tra’, que, entre outras coisas, afirma que “constituiu meta prioritéria doGoverno pro- mover adefesaeaconstante valorizagioda culturanacional” einsistenanecessidade de REVISTA USE SH PAULO I) 1 democratizagio da cultura, uma vez que uma pequena ite intelectual, politica © econdmica pode conduzir, durante algum tempo, oprocessode desenvolvimento”, mas. para que “todos se beneficiem dos resulta- dosalcancados,énecesssrioque todos, igual- ‘ipem da meios de comunicagio, cabe difundir valo- mente, part ‘ultura nacional”, Aos res como “oestimulo acriago nos diversos campos das letras, dasarteseartesanato,das Ciencias eda tecnologia, bem comoaoutras expresses do espirito do homem brasilei- ro” embora“tendo-se sempreem vistaasal- vaguarda dosnossos valores culturais,ame- agados pela imposigiio maciga, através dos novos meios de comunis Ico, dos valores cstrangeiros". Em majo de 1975, a Rede Globo desti- nna o hordrio das 18h a veiculagio de tele novelas adaptadas de ssicos da literatu- ra nacional. A faixa de horério ocupada pelas adaptagdes recebe um nome sugesti- ‘aixa Nobre’ A nobilitagio da progr ferénciaa literatura foi logo reconhecidapelo umagiio com a re- governo. Fm 1976, as adaptagses sao tema dodiscurse doentioministrodaCultura, Ney Braga, no Consetho Federal de Cultura. Nes- se discurso, 0 min ro diz.o sey 98, OFZEMBRO I FEVEREIRO 1484-4 REVISTA USH $40 PAULO (221: 90/98, DEZEMBEO / FEVEREIRO 1995-8 197 TD Era de SPauslDrs30 fires domnaro Ney Be oe na apart Belen en 997, Brain Minato Ec ‘oeCuhis Depress (ESocuenas ede. wun Spesidhae Depreer de tatar Cae ‘ers dente oe Fort Lets © Crus ‘SioPaisom 13 mee. 198 “A literatura brasileira de fiegdio, através de classicos como José de Alencar e Ma- chado de Assis, vem nos iltimos tempos atraindo a TV, que tem transposto novelas representativas daqueles autores, possibi- litando as amplas camadas do piblico con- {ato com suas obras. Autores contempora- neos, como Jorge Amado eoutros, im tido também romances e novelas transpostos araatelevisao, oque evidentemente con- tribuiu para methorar © nivel cultural do mais moderno € poderoso verculo de co- ‘municagao popular” (9) © projeto de adaptagées de textos bra- sileiros ¢ implementado num perfodo em que as telenovelas originais esto comple- tamente orientadas para a tematizagio de questdes contemporiineas, comoavidanas grandes cidades, a violencia, a poluiga, a especulagie imobilidria e também o arca- fsmo do mundo rural, onde ainda prevale- ccemas relagdes de submissiio aos coron ocais. Temas candentes num pafs que pas- sava por um ripido proceso de urbani: {¢80, No conjuito, as telenovelas orig trabathavam a oposigiio entre 6 mundo ral € © mundo urbano, oposi¢ao até hoje ‘Como entender, nesse contexto, esse projetode adaptagies sisteméticasde obras de José de Alencar, Bernardo Guimaraes, Joaquim Manuel de Macedo, de Machado de Assis da primeira fase, que em linhas gerais mantém as mesmas earacteristicas dos textos adaptados para anos 50 60? Como as adaplagdes se art ‘culam com 0 projeto da te novela realista brasileira, que privilegia as questées con- temporiineas? Marcos Rey, autor da adaptagio de A ‘Moreninha, de Joaquin Manuel de Macedo, exibida em 1975 no horério das 18h, conta que 20 adapti-la fer © tempo fieecional da telenovela avangar 24 anos em relagio a0 tempo ficcional do romance (10). Segundo ele, nao havia nada de interessante aconte- ial do romance de cendo no tempo fi Joaquim Manuel de Macedo esse desloe: ‘mento permitia abordarna telenovela ques- ‘esimportantes dahist6riabrasileira,como terista use sia pauia pay: 8 Dezemasos sever 4 Guerra do Paraguai e 0 conflito entre a poesia panfletiria eaboli Alves € 0 romantismo agucarado de fonistade Castro Casimiro de Abreu, ‘Odepoimento ilustra bem aintengao de se apresentar uma nogao da hist6ria brasi- Ieira parao pablico da televisao a partir do texto literdrio. Nao por acaso, a maioria dos textos que servem de referéncia aos programas de TV data do século XIX ou, no maximo, da primeira metade deste sé- culo. Se as telenovelas originais cabe re- presentar o Brasil contemporineo, as adap- tagbes cabe apresentar ao telespectador 0 Brasil hist6rico. Estamosaquidiantedo primeiroverculo de alcance efetivamente nacional apresen- tando, pela primeira vez de Norte a Sul do pais, uma versio de episddios da histéria brasileira para um pablico de massa, Moreninha, a Guerra do Parag: crava Isaura, aescravidao: em Gabriela, cestrutura de podere ocoronelismo na Bahia dos anos 30, ¢ assim por diante. Como a historia € recortada do texto Iiterdrio, que funciona também como legitimador da versio apresentada pela to- levisdo, € uma questio que merece estu- do. Por enquanto,édesenotarqueas adap- tages, produtos do eruzamento de textos da esfera erudita com um vefculo de mas- sa, tém uma presenga visio brasileira. Ao servirem de referén- nportante na tel ‘chamadi jovelas de época”, os textos literdrios esto sempre associados ap passado. O literdrio, portanto, esta sem- pre dissociado da realidade imediata do telespectador. a experi nea, Aparentemente, do texto literdrio aprov se coloca inclusive para aqueles que no compartilham dachave bisica para acessé- Jo, a palavea eserita, O modo como a literatura é represen- ‘contempori- Jase, sobretudo, o prestigio, que tada para um pablico de massa num pats ‘onde a televisao tornou-se onipresente © ‘grande parte da populagio jamais teve acesso i palavra escrita é certamente uma chave importante para oentendimento do que € a cultura brasileira nesta segunda metade do século XX. ke is4s 97

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