Você está na página 1de 39
yee Conese mney st) CO meter cee onteeln i Tiny 1 infenstficou-se na ditima década, Concepgdes Cicerone emi tees EUs Nein MU Noe ne Meet) ESO eC eastce Muay Ree ee meee een cco nen Cres Nera Neues ee uci Tees ace ita Ceons ts due tio Rete ool Memes une er ou sffoderador da discussio deve euidae para que 0 grupo desénvolva a comunicacio sem ingeréncias indevidas da parte dele, como intervengGes afirmativas ou negativas, emissio de opinides particulates, ‘onclusiies ou outras formas de inteevengao direta, N30 se tata, contudo, de uma posi¢io nfo diretiva absoluta, ou do tipo "dassezsaire", por parte do moderador. Este 8 clever fazer eneaminbamentos quanto a0 tema e fazer intervengies que facilitem as troeas, como também procurar master os objetivos de txabalho do grupo. “ nfo deve € se posicionar, fechar a questio, ente, sua ba fazer sinteses, propor idéias, inquisir diretam pia nr ee aaa fungaio, lembrando que nio esta realizando uma entrevista com um grupo, mas criando condicdes para sie Si cela a A Gl aula infira, faga eriticas, abra perspectivas diante da pproblemética para © qual foi convidado a conversar coletivamente. A énfase recai sobre a interagio dentro: do grupo ¢ no em perguntas € respostas entre, i none do grupo. A interagio que se” cstabelece e as teocas efetivadas sesio estudadas pelo _ pesquisador em funcio de seus objetivos. Ha interesse enema eee emens mas também em como elas pensam ¢ porque pensam ‘Seyundo longi ¢Kiaager (199) pesos com ‘tapos focais tem por objetivo captat a partir das trocas: realizadas no geupo, conceitos, sentimentos,attudes, crengas, experiéncias ¢ reagdes, de um modo que no seria possivel com outros métodos, como, pot excmplo, 4 observasio, a entrevista ou questionitios. O grupo focal pexmite fazer emergir uma muliplicidade de pontos de vista e processos emocionais, pelo pe6prio contexto de interagio criado, permitindo a captagio de significados que, com outros meios, poderiam ser dificeis de se manifestar. No uso da observacio, depended capa gus cans cote, 20 po para isso pode ser bem estendido, Comparado & observacio, um grupo focal permite ao pesquisador conseguir boa quantidade de informagio em um periodo dé tempo mais Curto, O tema eo roteiro das 9 questes ajudam nisso. Comparado a entrevista individual, ganha-se em relagio a captacio de Processos contetidos cognitivos, emocionais, ideolégicos, representacionais, mais coletivos, Portanto, e menos idiossincréticos ¢ individualizados. Quanto 20 uso de questiondrios, 0 grupo focal, 20 propiciar a exposigio ampla de idéias ¢ perspectivas, permite trazer & tona respostas mais completas ¢ possibilita também verificar a Iégica ou as Tepresentagdes'que conduzem a resposta, Conforme os autores antes citados, 08 grupos focais sio particularmente tteis nos estudos em que ha diferengas de poder entre os patticipantes € dccisores ou especialstas, em que hi interesse pelo 'so cotidiano da linguagem e da cultura de um grupo patticular, © quando se quer explorar o geau de consenso sobre um certo tépico. Poderlamos actescentas: quando se quer comprcender diferencas € divergéncias, contraposigées ¢ contradiedes, Kitzinger (1994, p, 116) assinala alguns aspectos importantes trazidlos pelas intesages ocortidas nos grupos focais. Segundo a autora, por meio delas, podemos: ~ clarear atitudes, prioridades, linguagem ¢ referenciais de compreensio dos participantes, — encorajar uma grande variedade de comunicacdes entre os membros do grupo, incidindo em vatiados processos ¢ formas de compreensio; — ajudar a identificar as normas do grupo; oferccer insight sobre a relacio entre funcionamento do grupo e processos sociais nna atticulagio de informagio (por exemplo, mediante 0 exame de qual informacio & censurada ou silenciada no grupo); 10 — encotsjar uma conversa aberta sobre t6picos cembaracosos para as pessoas; — facilitara expressiio de idéias e de expetiéncias que podem ficar pouco desenvolvidas em entrevista individual. © trabalho com grupos focais permite compreender processos de construgio da tealidade por determinados grupos sociais, compreendet péticas cotidianas, agdes e reagdes a fatos e eventos, comportamentos ¢ atitudes, constituindo-se uma técnica importante para 0 conhecimento das repeesentacdes, percepeies, crengas, hébitos, valores, restrigdes, preconceitos, linguagens ¢ simbologias prevalentes no trato de uma dada questio por pessoas ‘que partilham alguns tragos em comum, relevantes pata o estudo do problema visado. A pesquisa com jeupos focais, além de ajudar na obtencio de potspectivas diferentes sobre uma mesma questio, petmite também a compreensio de idéias partilhadas por pessoas no dia-a-dia ¢ dos modos pelos quais os individuos sfo influenciados pelos outros. ‘Os grupos focais podem ser empregados em processos de pesquisa social ou em processos de avaliagio, especialmente nas avaliagdes de impacto, sendo © procedimento mais usual utilizar varios grupos focais para uma mesma investigagio, pata dar cobestura a variados fatores que podem ser intervenientes na questio a ser examinada, Essa técnica € empregada com virias finalidades, em contextos diversificados e para andlise de miliplas questées, na dependéncia do problema que cada pesquisador se propéc. Além de constituit-se no clemento central de uma investigacio, é utilizavel em outras condigdes. Pode ser empregada em estudos, u By exploratérios, ou nas fases preliminares de uma Pesquisa, para apoiar a construgao de outros instrumentos (questionérios, zoteiros de entrevista ow observacio); para a fundamentugio de hipéteses out 8 verificagio de tendéneias; para testaridéias, planos, materiais, propostas. Pode ser usada para a busca de aperfeigoamento ¢ de aprofundamento da compreensii, a partir de dados provenientes de outas técnicas, ou para otientar posteriormente o planejamento de um estudo em larga escala com Gutros instrumentos, I! uma técnica de levantamento de dados muito rica para capturar formas de linguagem, expresses e tipos de comentirios de determinado segmento, o que pode set fandamenal arta realizagio de estuclos posteriores mais amplos, com o emprego de entrevistas ¢ questionitios, Os grupos focais podem ser dteis em anilises por {riangulaeo ou para a validaco de dados, ou podem Sct empregados depois de processos de interveacio, pars estudo do impacto destes, ou, ainda, para gexat owas perspectivas de furutos estudos, Com todas essas possibilidades, no entanto, é uma técnica que tem limites em termos de certas generalizagées, em funcio do pequeno nimero de Patticipantes © da forma de selecio desses pavticipantes. Pot ser uma técnica de levantamento de dados que ‘produ pela dinimiea interacional de um grupo de Pessoas, com um faclitador, seu empreyo exige alguns Cuidados metodolégicos ¢ certa formagao do faciitador fm tmbalhos com grupos. O foco no assunto em pauta deve ser mantido, potém eriando-se um clima aberto As discusses, o mais possvel livre de ameacas palpiveis OS Patticipantes precisam sentir confianga para e=pressar suas opinides e eaveredar pelos angulos que uiserem, em uma participaciio ativa Com esses procedimentos, & possivel reunit informagées ¢ opinides sobre um tpico em particular, com certo detalhamento e profundidade, aio havendo necessidade de preparacio prévia dos participantes quanto 20 assunto, pois o que se quer é levantar sspectos da questio em pauta considerados relevantes, social ou individualmente, ou fazer emergir questies inéditas sobre 0 t6pico particular, em funcio das trocas efetuadas, © trabalho com grupos focais oferece boa ‘portunidade para o desenvolvimento deteorizages. Ay ‘em campo, a partir do ocorrido e do falado. Ele se | ° presta muito para a geracio de teorizacées explorat6rias até mais do que para a verificacio ou teste de hipéteses ptévias. Nao que nio possa set uusado para essa verificagio. Porém a riqueza do que emerge "a quente" na interagio geupal, em geral, extrapola em muito as idéias prévias, surpreende, coloca novas categotias ¢ formas de entendimento, que dio suporte a inferéncias novas e proveitosas relacionadas com problema em exame. Embora alguns critérios pautem o convite as pessoas pata participar do grupo, sua adesio deve ser yoluntitja, O convite deve ser motivador, de modo «ue 08 que aderirem ao trabalho estejam sensiblizados tanto para 0 proceso como para o tema geral a set tratado, ou seja, a atividade no grupo focal deve set ‘tracate para os patticipantes, por isso, preservar sua liberdade de adesio é fundamental. A patticipagio num processo de grupo focal também pode propiciar um. momento de desenvolvimento para os patticipantes, tanto nos aspectos comunicacionais, como nos cognitivos e afetivos. A escolha da técnica do grupo focal para um trabalho de pesquisa deve orientar-se pela aderéncia 3 da técnica 20s objetivos do estudo ea releviincia dos dados que com ela se pode obter para o problema de pesquisa. Alguas pontos podem ser considerados sobre a questio de quando utilizar o grupo focal em uma pesquisa. A técnica € muito til quando se esté interessado em compreender as diferengas existentes ‘em perspectivas, idéias, sentimentos, representagoes, valores ¢ comportamentos de grupos diferenciados de pessoas, bem como compreender os fatores que os influenciam, as motivagdes que subsidiam as opgdes, os porqués de determinados posicionamentos. O trabalho com o grupo focal pode trazer bons esclarecimentos em relagio a situacdes complexas, polémicas, contraditérias, ou a questies dificeis de serem abordadas em fungi de autoritarismos, preconceitos, rejeicio ou de sentimentos de angiistia ou medo de retaliagdes; ajuda a ir além das respostas simplistas ou simplificadas, além das racionalizagdies tipificantes ¢ dos esquemas explicativos superficia © grupo tem uma sinergia propria, que faz emergit idéias diferentes das opinides particulares. H4 uma reelaboragio de questées que é propria do trabalho particular do grupo mediante as trocas, os reasseguramentos miituos, os consensos, os dissensos, € que trazem luz sobre aspectos nifo detectiveis ou info revelaveis em outras condigdes. Por outro Indo, ha situagdes em que nio se deve empregar 0 grupo focal. Krueger e Casey (2000, p. 25) citam exemplos tais como quando se deseja que a pessoas cheguem necessatiamente a um consenso, quandlo se quer que 0 grupo seja educativo, ou quando se buscam informagées delicadas que nio podem ser partilhadas no grupo, ou que podem ser ofensivas a alguém dele, Nao se deve usar 0 grupo foeal quando 14 © ambiente esti emocionalmente carregado, pois a diseussio em grupo pode intensificar 0s conflitos ¢ também no se deve empregi-lo quando existem outras metodologias que podem trazer melhores formagées sobre o problema em estudo e, pbretudo, quando ao se puder assegurar cera confidencialidade das informagées fora do grupo. No Brasil, a dca de saiide 6 até aqui, a que tem utilizado com maior freqiiéncia os grupos focais em trabalhos de pesquisa e de avalia vem tendo seu uso ampliado em varios outros campos, como os da psicologia, da educagio, do servico social, tn sociologia o, mas essa técnica 15 CAPITULO 2 Organizagao ¢ Desenvolvimento do Trabalho com Grupos Focais Como técnica de pesquisa, um grupo focal tem sua constituigio © desenvolvimento em fungio do problema da pesquisa. O problema precisa estar claramente exposto, ea questio ou questdes a serem levadas a0 grupo pata discussio dele decotrem. Nesse sentido, hii certo grau de teorizacio sobre o tema em foco, que o pesquisador deve ter elaborado pata seus propésitos. Essa teorizagio permite que o pesquisador levante quest6es relevantes e contextualizadas, bem como orienta a construgio de um roteito preliminar tle teabalho com o grupo: 0 que se vai solicitar dele, tendo claro que se esté buscando compreendet. © roteito elaborado como forma de orientar € estimular a discussio deve ser utilizado com flesibilidade, de modo que ajustes durante o decorret do trabalho podem set feitos, com abordagem de {6picos nfo previstos, ou deixando-se de lado esta ou aquela questio do roteiro, em fungio do proceso iterative coneretizado. O proptio processo grupal deve ser flexivel, embora sem perder de vista os objetivos a pesquisa. 2.1A composigao do grupo O grupo seri composto a partir de alguns eritérios associados 4 metas da pesquisa. Deve tet uma . a ccomposigdo que se bascie em algumas caractetisticas homogéneas dos patticipantes, mas com suficiente variagio entre eles para que aparecam opinides diferentes ou divergentes. Por homogencidade, entende-se aqui alguma caracterfstica comam aos participantes que interesse a0 estudo do problema. A catactetistica comum pode set relativa a géneto, 4 idade, as condigdes socioecondmicas, 20 tipo de trabalho, ao estado civil, ao lugar de residéncia, a freqiiéncia de uso de certo servigo piblico ou social, A escolaridade, ou outra, Por exemplo, pode-se ter a necessidade para um dado estudo, de compor um, grupo s6 de mulheres com pouca oualta escolatidade, mas com diferentes idades; ou de homens ¢ mulheres de uma dada faixa etiria ¢ com o mesmo tipo de trabalho; ou de adolescentes estudantes de varios niveis socioecondmicos; ou um grupo bem heterogéneo em idade, mas de mesma condigo social funcionstios de um mesmo setor do servico pablico; funcionirios administrativos de uma empresa; operadores de determinado servigo; professores de certo nivel de ensino, etc. A escolha das variévei8)a serem consideradas na composigio do grupo depende, entio, do problema da pesquisa, do escopo tebrico em que ele se situa € para qué se tealiza 0 trabalho. Entio, 0 objetivo do estudo é 0 primeiro referencial para a deciso de quais pessoas serfio convidadas a participar. Ligado aos objetivos, ¢ preciso considerar 0 que se sabe sobre 0 conjuato social visado, uma vez que algum traco comum entre os participantes deverd existir,estando isto na base do trabalho com o grupo focal. Ao lado dessa "comunalidade", 0 conhecimento sobre 0 conjunto social visado permite escolher se algun tipo de variacao entre os membros do grupo seria desejavel 18 ‘ou relevante para @ pesquisa, Por exemplo, sclecionar pessoas soltciras que moram sozinhas, de condicio pocial média alta, mas em vita faixas etétias. Escolher professoras de educacio infantil, da mesma faixa etiria, mas algumas com formagio em nivel médio ¢ ‘outras com nivel superior. Outro exemplo: selecionar uolescentes na faixa de 14 anos, sendo alguns moradotes de bairros centrais da cidade, outros, de hnittos afastados, em ambos os casos contemplando 8 sexos masculino ¢ feminino, Pode-se necessitar, conforme o problema em estudo, de um grupo o mais homogéneo possivel adolescentes de 13 anos, do sexo nasculino, que morem num bairro de classe média. Nessas escolhas, 0 conhecimento ¢ 0 julgamento do pesquisador é que tio balizar a composigaio do grupo. Quando se vai trabalhar com mais de um grupo, a composigio deles pode contemplar a combinagio homogeneidade/variagéo em todos os grupos, ou a homogeneidade intragrupo ea heterogencidade entre ‘os gtupos, segundo alguns critétios. Para esse caso, Jum exemplo seria trabalhar com adolescentes de 13 nos, compondo um grupo que more em baitros centrais, ¢ outro que more em bairros periféricos; ou compor um grupo s6 de meninas, outro s6 de meninos, ambos de baittos periféricos; comport igrupos de adolescentes de 13 anos, do sexo feminino, em cada uma das tegides da cidade. Lembremos que a homogeneidade do grupo segundo alguma ou algumas caracteristicas est rclacionada aos propésitos da anilise; por outro lado, cla propicia uma faciitagao para o desenvolvimento «la comunicacio intragrupo. Algumas combinagdes le tipos de pessoas podem nao facilitar 0 fluxo da interagio em fungio, entre outros fatores, de 19 limitagdes no entendimento de estilos de vida muito entes, com valores muito diversos, ow de vvivéncias de situagBes muito opostas. Isso pode gerar inibigdes ou deferéncias em relacio aos que sto percebidos ou como mais experientes, ou como mais sabidos, ou com nivel mais alto de escolatidade, ‘Também conflitos podem se instalar, anulando mesmo a possibilidade de troca. Tanaka ¢ Melo (2001) argumentam que é importante sclecionar grupos nos quais se presume «que as pessoas tenham diferentes opinides em rclacdo fs questdes que serio abordadas. Com essas escolhas sobre quem serio os componentes do grupo, ou dos grupos, os limites da pesquisa, em relacio a seus resultados, estario sendo postos. Krueger e Casey (2000, p. 73) assinalam que em certas condigdes pode nio ser muito produtivo mistutar géneros no grupo, porque os homens tésn a tendéncia a falar com mais freqtiéncia ¢ com mais autoridade quando ha mulheres no grupo ~efeito do "alo" — , ¢ isso pode ieriti-las © trazer reagdes que podem prejudicar a direcio do trabalho em relacio os objetivos visados, seja porque se calam, seja porque emergem conflitos que levam a outras questdes longe dos objetivos do trabalho em grupo. Osautores lembram, também, que é preciso ponderat muito sobre a inclusio de matido e mulher cum ‘mesmo grupo, citando como exemplo uma situagio ‘em que eles se encontraram num trabalho de grupo focal com quatro cassis, no qual, portanto, haveria ito participantes, mas o que acabou acontecendo foi «uma discusséo entre quatro pessoas (0s matidos) com quatro parceiras quase mudas. 20 Enfatiza-se que é preciso pensar na anilise pretendida quando se vai compor 0 grupo. Quando, se quer comparar e conteastar diferentes expresses ) © pontos de vista, muitas vezes convém separar 08, diferentes tipos de pessoas que serio envolvidos em \ : cliferentes grupos, Krueger e Casey (2000) dizem, por| exemplo, que é mais ficil analisar diferencas entre \sutios € no usurios de um certo servigo quando «les esto em grupos separados do que quando estio Inisturados no mesmo grupo. Também lembram que & uma falieia assumir que uma pessoa em particular pode representat, por exemplo, sua vizinhanca, sua condigio de cor, de género ou de cultura. Por isso, se Se quer capturar a opiniio de determinado grupo social de referéncia, ser4 necessirio realizar um rimero suficiente de grupos focais com aquela ‘itegotia particular de pessoas, Encontra-se a literatura a recomendagio para ni.) se juntar no mesmo grupo pessoas que se conhecem| | nuito, ou que conhecam © moderador do grupo. Quando os participantes se conhecem, podem vir a. jtuar em bloco e formar subgeupos de controle que mnonopolizam ou patalisam a discusso, 0 que prejudica a interacio mais livre. O conhecimento miituo pode inibir manifestagdes © coibir a espontaneidade entre os que se conhecem, ou esse Subgeupo pode atuat inibindo a patticipacio de outros integrantes do grupo, titando a possibilidade de aparecimento da multiplicidade de idéias e a lerador por um ou vitios membros pode ¢liciar comportamentos de cumplicidade, ou de uso tle poder, de contengio na participagio, ou de desconfianga por parte dos demais. Alguns autores) Fecomendam que pessoas que ja participararn a mente, ‘com ‘outro grupo focal nfo sejam incluidos no uma vez que conhecem o processo ¢ podem v preparagio prévia, com idéias preconcebidas. Porém, na literatura, encontram-se trabalhos com grupos precxistentes, justifieados por razdes ligadas aos, objetivos da pesquisa ou por algum motivo de facilitagio do desencadeamento do grupo focal. Sio trabalhos em que a formagio do moderdor € sua experiéncia com grupos focais merecem atengio especial ‘Visando abordar questdes em maior profundidade, pela interagio grupal, cada grupo focal nao pode ser grande, mas também no pode ser excessivamente pequeno, ficando sua dimensio preferencialmente entre seis a 12 pessoas. Em geral, para projetos de pesquisa, o ideal € no trabalhar com mais de dez pavticipantes. Grupos maiores limitam a participacio, as oportunidades de trocas de idéias ¢ claboragées, 0 aprofundamento no tratamento do tema ¢ também 08 registros ‘O emprego de mais de um grupo permite ampliat © foco de anilise ¢ cobrit variadas eondigées que possam ser intervenientes ¢ relevantes para o tema © mimero de grupos nesse caso depende do planejamento do estudo em relagio A cobertura de variados tipos de participantes necessirios a ela. A decisio sobre a quantidade de grupos 2 serem utilizados deve levar em conta a homogeneidade/ heterogencidade da populacio-alvo em relagio 20 objeto da pesquisa eos objetivos desta. O niimero de grupos dependera também do nimero de membros da equipe envolvida no trabalho, ou ainda das possibilidades do apoio financeiro recebido. Para fixar quantos grupos focais conduvir, é comum utilizar como procedimento a realizagio de trés ou quatro grupos ¢, entio, vetificar a quantidade © © nivel de informagGes obtidas para a questio em estudo, Se as infotmagies forem consideradas suficientes, no se compdem outros grupos. Essa sulficiéncia depende das pretenses dos pesquisadores edo estudo, mas ela & admitida quando se julga que Jf se obteve o conjunto de idéias necessisio para a compreensio do problema e se julga muito provavel «que novas idéias nio aparecerao. Nao se recomenda dar aos participantes informagdes detalbadas sobre 0 objeto da pesquisa, * Hes devem ser informados de modo vago sobre 0 tema da discussio para que no venham com idéiag, pré-formadas ou com sua participasio preparada Saber com antecedéncia precisamente 0 que se vai clscutie— por exemplo, as questécs que 0 moderador if colocar, ow o roteiro ~ propicia a formagio de opinides prévias que podem interfer nas discusses, Ponto muito importante ser considerado é que, mesmo com adesiio voluntiria © tendo o8, ) pesquisadores motivado os potenciais participantes |.” 10 fazer-lbes 0 convite, € muito comum ocorrerem | auséneias de altima hora. Isso deve estar no) hotizonce dos pesquisadores que precisam fazer um trabalho cuidadoso para obter boa adesio dos convidados a patticipar do grupo focal. Realmente| as decisdes sobre a composigio dos grupos, a forma dle convite, a motivagio e a adesio dos participantes «lesejados constituem um trabalho bastante delicado, © os pesquisadores estarem conscientes de que iuuséncias de dltimo momento sio muito comuns, ¢ «que € preciso lidar com essa situagio, procurando io prejudicar 0 atendimento dos objetivos da Pesquisa, mediante rearranjos que garantam isso. 2.2 Local das sessGes e registro das interagdes Q local dos encontros deve favorecer a interagio: entre 08 patticipantes. Pode-se trabalhar em cadeitas avulsas, em circulo, ou em volta de uma mesa, Os participantes devem se encontrar face a face para que sua interlocugo seja dircta, Como os participantes petmanecerio um tempo razofivel em reunito, certo conforto € necessitio. Para facilitar, de inicio, 0 reconhecimento entre os participantes, pode-se providenciar um crachi com 0 nome de cada um. Alguns autores julgam que se oferece condigio de trabalho mais adequada quando o desenvolvimento do grupo focal se faz em toro de uma mesa, qualquer que seja seu formato, Essa disposigio propicia maior conforto a0s participantes e pode facilitar as, diferentes formas de registro, permitindo melhor arranjo para as anotagdes € as gravagées em fudio ou video, ‘Hi varias mancisas de se registrar as interagies, Uma delas é 0 emprego de um ou dois relatores, que ‘fo interfere no grupo ¢ fazem anotacio cursiva do que se passa edo que se fala, Uma checagem depois da sessio deve ser feta de imediato entre telator(es) € modesador. Nio se consegue registrar exatamente ‘udoj pot isso, dois anotadores podem ser iteis, para complementarasanotagdes, Pode-se proporo registro mais especifico de partes da sessio, escolhendo-se os ‘momentos €m fungio dos objetivos visados, Por isso, a formacio ¢ a preparacio dos relatores é muito importante, © meio mais usado para se registear 0 trabalho com um grupo focal é a gravagio em fudio; por isso, a escolha do lugat de realizagio do grupo deve ser cuididosa, de forma a permitir que a gravagio possa set feita com sucesso. Em geral, utilizam se 4 além do tempo geral de discussio em grupo, As metas «hh pesquisa deverio ser constantemente consideradas pelo moderador ¢ otienti-lo em suas eventuais Intervengdes. © moderadoyde um grupo focal deve ser bem escolhido. Pode ser o prdprio pesquisador ou outro. Pd profissional, porém precisa ser experiente, habil, ter Ve clareza de expressio, ser sensivel, flexivel © capaz ” de conduzir © grupo com seguranga, lidando vompetentemente com as relacdes e interages que sedesenvolvem eas situagdes que se cxiam no grupo em funcio das discusses, Precisa ser um profissional capaz de despertar confianga e de gerar empatia, para conduzit com habilidade o grupo na direcio dos ‘objetivos da pesquisa, sem eri situagdes embutagosas, As condiigdes ncima teferidas quanto a0 moderador do grupo focal sio bisicas, mas a concretizagio do Papel dele esté vinculada também ao tema em pata, a0 tipo de informagio que se deseja obter ¢ as caracteristicas dos componentes do grupo. Esses t elementos conjugados podem levar a uma atuacio ‘menos ou mais estruturante por paste do moderador. Em geral, tratando-se de processo integrado a uma pesquisa, a conducio menos estruturada, menos disetiva, parece favorecer a emergéacia de filas mais densas em relacio ao problema, permitindo anilises teorizagdes mais proficuas. A atuacio menos diretiva do moderador com 0 grupo demanda maior cuidado com suas formas de intervencio, maior habilidade seasibilidade de sua parte do que quando a atuasio & programada, com roteito fechado, e em que se vai conduzir todo © processo grupal na forma delineada, cumptindo todos os tépicos previamente fixados, Eatretanto, a condugio do grupo, com intervengio moderada, menos ditetiva, no implica que se deixe 35 grupo perder o foco da pesquisa, nem que aspectos importantes nao sejam trazidos pelo moderador, caso o grupo nio os aborde. Algumas "chamadas" podem. set feitas, de modo adequado, 20 longo do trabalho conjunto, ¢ o maderador, desde o inicio, deve deixar clara a responsabilidade do préprio grupo em gerenciar a discussio, Pode estimular os membros do grupo a proporem questies uns aos outros ou a se interessarem em ouvir relatos de experiéncias, ee. De ‘qualquer forma, os grupos tém um potencial grande de autogestio, ¢ alguns participantes podem agit envolvendo outros que'sio menos participantes, outros podem prover ajuda para superar embaragos na abordagem de algum t6pico, ou fuzer observagdes pata se voltar a0 foco ou evitar conversas paralelas, dar suporte ¢ promover encorajamentos pata a expressio de sentimentos, ete. Isso nfio quer dizet que 0 grupo io "patine," ow nio venha'a cait no siléncio, necessitando, entio, de algum envolvimento do moderador. Hi pesquisadotes que, ao final do trabalho com 0 grupo focal, aplicam um pequeno questionario propiciando a exposigio individual de cada participante porescrito, Outros dio oportunidade aos que queitam, de conversar em particular com 0 pesquisador/moderador, ou, ainda, de tegistrat, sem iddentificagio, comentitios especificos prdptios depois de terminadka a sessio grupal ‘Varios autores consideram que se podem usar algumas técnicas de animagio de grupo ou exercicios ~evidentemente escolhidos de forma adequada a um grupo de pesquisa, e dentro dos propésitos desta — para aquecer os participantes, fazendo com que estes sevoltem uns part 05 outros, e nfo parao moderacor, que se percebam e atuem em busca da cooperacio, ¢ 36 que talvez 0 zoteiro niio tenha se adequtado muito bem 420 assunto tal como abordado pelo grupo. Por outro lado, podem aparecer tépicos que se mostram felevantes para os participantes e para o problema, mas que nio constam do roteiro do pesquisados. Esses 'picos sio importantes, pois acrescentam aspectos novos a teotizagio prévia da pesquisa, Jenny Kitzinger (1994, p. 106), num estudo em que aborda o trabalho com o grupo focal como meio de pesquisa, consilera essa técnica um frum no qual as idéias podem set clareadas ¢ nio um evento natural", “espontineo". A autora propde que se tmabalhe com essa técnica de forma que, no inicio, ‘haja um minimo de intervencio do moderador, o que permite a este se situat em relagio a dindmica do £8tupo, por um lado, e, por outro, permite a0 grupo escolher suas prioridades em face do assunto a ser tratado © das questdes postas. No entanto, Pesquisador, o moderador, no deve set passivo, Para maximizar a inters¢ko entre os participantes, é relevante que se caminhe aos poucos, no sentido de © moderador, na seqiiéncia do trabalho, atuar um ouco mais, "estimulando o debate em pontos onde, de outta maneiza, cle tetia terminado, desafiando os atticipantes em questdes tidas como certas e dadas € encorajando-os a discutir as inconsisténcias dos argumentos dos participantes ou de um patticipante", Os grupos so imprevisiveis em seus comportamentos, havendo grupos que se engajam tapidamente no trabalho e nos quais a discussio fui ‘com entusiasmo, enquanto hi outros grupos mosteam- Se reticentes, cautelosos. Hi grupos compostos por Pessoas que nio estio habituadas a pasticipar de seunides ¢ que tém muita dificuldade em expressar 0 {que pensam em uma situacio como a do grupo focal 33 oe) Quando esse & caso, expresses monossilibicas afloram aqui e ali, permeadas por siléncios e certo constsangimento. Isso também pode ocorser quando ‘os membros tém receio de algum comprometimento, ou estio inseguros quanto A confidencialidade da discussio, O moderador deve preparar-se pant esse tipo de situagio e ter habilidade para faclitar a conversa, ‘quer mediante proposigées que faz a0 geupo, quet sugerindo alguma atividade que possa quebrar 0 consteangimento e que seja mobilizadora. Durante o trabalho, hé mudangas no t6nus da discussio; por exemplo, de um momento acalorado, passa-se a0 siléncio ou a expressdes cautelosas, ou aparecem falas que se desviam do assunto. Essas ocorréneias sio esperadas, € cabe a0 moderador conduit 0 grupo com tranqilidade ¢ consisténcia em sua forma de atuagio. Quando, em fungio dos objetivos da pesquisa, 0 ‘grupo vai sc aproximando de scu final, é importante informé-lo sobre isso, pois ajuda os membros a equacionar suas tltimas participagdes, e o moderador pode também solicitar que cada um faga uma observacio final, caso julgue necessatio ou conveniente em fungio do processo grupal. Segundo Pizzol (2003, p. 9), a fungio do moderador inclui, entre outras agdes, manter produtiva a discussio, garantir que todos os participantes exponham suas idéias, impedir a dispersio da questio em foco ¢ evitar a monopolizagio da discussio por um dos participantes. (© moderador nunca deve expor suas opinioes ow criticar os comentirios dos participantes. A ele cabe, ainda, certo controle tanto sobre o tempo de uso da palavra pelos participantes quanto sobre o tempo de tratamento de cada t6pico que venha a set abordado, 34 Outras possibilidades existem para comegar 0 trabalho com o grupo. Morgan (1997, p. 50) sugere «que uin dos caminhos para assegunir um pouco mais le trangiilidade, nesse pessoas para que usem uns poucos minutos pasa fizer anotagdes pessoais sobre a questio inicial, antes de se posicionar diante do grupo. Isso pode, segundo o autor, reforgat © compromisso de contribuir com o grupo, mesmo diante da perspectiva de possfveis opinides dlivergentes. Fssa proposta oferece ao moderador uma base para solicitar a manifestagio dos que, porventuta, no se manifestarem nesse inicio, O autor considera que esse tipo de abertura do grupo produz evidéncia ireta do grau de consenso ou de divergéncia dentro dele, 0 que é importante no 86 para as anilises posteriotes, como para a tarefa imediata de levar subseqiientes, Por outro Indo, se emergit aqui certo consenso, 0 material das falas avante as discus oferece, tanto para os participantes, como para 0 moderador, pontos de referencia para testat a forga ‘ow a fraqueza do consenso tal como apareceu. Os primeitos momentos do geupo focal podem seta chave do sucesso do trabalho. Assinale-se que, se 0 moderador for muito informal e cheio de brincadeiras, isso pode levar 0 grupo a aio tomar muito a sério a discussio, Se for excessivamente formal e rigido, distante, pode impedir que o grupo se sinta a vontade para desenvolver as discussdes reptimir a interagio entre os participantes. Para a continuidade da discu interessante partir do que foi dito no inicio do grupo. Morgan (1997, p. 51), de modo pratico, sugere que essa passagem para o primeiro tépico mais especifico do roteito pode ser feita com uma observagio do tipo: "Uma coisa que ouvi alguns de vocés colocarem é 31 cio de processo, & pedir as que... Eu me pergunto 0 que os demais teriam a dizer sobte isto?" Ou, caso 0 primeito tépieo do roteito ‘fo tenba sido aflorado na abertura: "Uma coisa que me suspreendew é que ninguém mencionou nada sobre... Isso é importante ou nao?" Expresses do moderador como "Lembro que... ‘entio, ..2" ajudam a dar um sentido de continuidade 40 trabalho © a manter 0 grupo no tema. Enfim, a experiéacia do moderador no trato com grupos Ihe dard condigées de encontrar meios e expresses que faciltem a dinémica interativa entre 0s participants ‘80 aimbito da temética em foco, Hi, pois, vatias formas de telacionar 0 que foi apresentado no inicio com os primeitos passos para © aprofundamento do tema, e é impottante que, a0 longo da interagao grupal, o moderadot faca ligagoes ‘entre as seqiiéncias, lembrando aspectos expostos anteriormente, que podem levar o grupo a abordar outro t6pico importante do roteiro, Gabe considerar que a elaboragio do roteiro para 4,0 trabalho com o grupo focal tem qué ser muito cuidadosa, dentro dos propésitos da pesquisa. No entanto, pode ocorter que, durante o proceso de discussio, um ou outro tépico previsto para um momento postetior venha a ser tratado de modo suficiente antecipadamente. Pode-se deixar correr a discussio, caso cla esteja avangando bem, ou pode-se dizer ao grupo que este ou aquele tépico viri 2 ser tratado depois, pedindo-se 20s pasticipantes para retomar as idéias sobte 0 assunto anterior em pauta, Flexibilidade € imprescindivel. Pode ocorrer que algum ou alguns tSpicos niio meregam muita atengio do grupo, que nao se motiva em trati-los detalhadamente, O moderador deve set sensivel ao fato endo forcaro grupo, uma vez que isso ppode significar 32 moderador deve ofereeer informagdes que deisem » participates 4 vontade, sabendo 0 que deles se fspera, qual sera a rotina da reunido e a duragio do pncontro. O moderador faz uma breve auto- cf sapresentagio e pode solictar aos demais partieipantes > que fagam 0 mesmo. Os objetizos do encontro devem ser explicados, como também o porqué da escolha dos participates. A forma de registeo do trabalho conjunto deve ser explicitada, e a obtengio da éncia dos participantes quanto a ela é A garantia do sigilo dos registros ¢ dos nomes dos participantes precisa ser dada ¢ enfatizada, Nesses primeitos momentos, deixa-se claro que todas as iddias e opinides interessam, que no hi certo ou errado, bom ou mau argumento ou posicionamento, que se espera mesmo que surjam diferentes pontos de vista, que niio se esti em busca «lc consensos. Os patticipantes devem sentir-se livees para compartilhar seus pontos de vista, mesmo que divirjam do que os outros disseram. A discussio & totalmente aberta em torno da questio proposta, & todo e qualquer tipo de reflesto ¢ contribuigio & importante para a pescisa. Nesses primeiros momentos, é titil lembrar que a conversa ¢ entre eles ¢ que nao precisam atuar como se estivessem respondendo ao moderador, todo 0 tempo. O trabalho nfo se caraeteriza como} entrevista coletiva, mas, sim, como proposta de| troca efetiva entre os participantes. O moderador dleve explicitar seu papel, que é o de introduzir 0 assunto, propor algumas questdes, ouvir, procurando garantir, de um lado, que os participantes no se afastem muito do tema e, de outro, que todos tenham a oportunidade de se 29 expressas, de participar. Quando a gravacio for em fudio, pode-se solicitar aos participantes que Procurem falar cada um na sua vez, claramente, Para permitic boa gravagio, Embora essas observagdes sobre o inicio do trabalho parecam extensas, elas podem ser feitas em alguns minutos, se se planejar bem 2 introdugio, I preciso passar as informacdes necessitias ¢ bésicas, sem se estender em demasia, porque podem set ctiadas expectativas no grupo de que 0 modetador stati dizendo 0 tempo todo o que cle deve fuzer, quando € como, Ao contritio, o que se quer é que os participantes do grupo se sintam tesponsiveis por ctiar ¢ sustentar sua prépia discussio, Para se entrar no tema, um "aquecimento" interessante & propor que cada um dos participantes faa um comentitio geral sobre © assuato; a partir ai, a troca entre 0 membros do grupo passa a se fetivar. Hssa forma de abestura ajuda a "quebrar 0 gelo" entre os participantes, além de propiciar a cauaciagio de variados pontos de vista c a chamada 20 didlogo. A questio com que se inicia o trabalho deve ser do interesse de todos e apresentar facilidade de resposta para os participantes, ctiando um bom clima para o grupo. Ela esti assentada nas catactetisticas comuns dos membros do grupo e, se for genética, pode encorajar opinides mais abertas ¢ propiciar, de inicio, a vivéncia com opinides ¢ experiéncias diferentes, Algum consenso pode aparecer, mas, se aparecerem as divergéncias, 0 grupo «stati iniciando seu ttato com dissensos, sem traumas. © moderador, num momento adequado da introdugo, pode proporalgum tépico mais especifico, previsto em seu rotciro, ¢iniciar o aprofundamento da discussio. 30 Cada grupo 6 peculiar e a aceitagio ou ni, as reagdes mais leves ou mais fortes, manifestas ou nfo, ‘em relagio a este ow aquele meio de registro, devem ser consideradas de modo bem ponderado pelos pesquisadores. Por isso, ¢ importante discutir abertamente a questio com o grupo antes do trabalho, © que pode set feito no convite ou na abertuta, ou em ambos os momentos Mesmo com as gravagdes, recomenda-se que se fagam anoragées escritas, que se mostram essenciais paca auxiliar as anzlises, Essas anotacdes podem set feitas pelo moderador, mas é prefetivel que seja realizada por um assistente, ou por ambos, Elas serio liteis para sinalizar aspectos ou momentos importantes, falas significativas detectadas no instante mesmo, na vivéneia do momento, para registrar trocas € mondlogos, disperses, distragdes, cochichos, aliansas, oposigdes, etc., ou seja, pontos cuja importincia pode passat despercebida no registro geral Alguns pesquisadotes, dependendo do propésito do estado ¢ do desearolar do grupo, aplicam aos participantes um questionstio sobre os aspectos da dliscussio, visando suplementara coleta das interagies Brupais. O uso de um questionrio © o momento de seu emprego precisam ser bem pensados, pois, se aplicado antes do tétmino do trabalho, pode gerat interferéncia nas opini6es a serem exaradas no grupo, ou, se aplicado depois, as respostas podem sofrer isteeferéncia de eventos ocortidos especificamente no grupo, Essa tiltima condigdo é mais trangiila de se lidar, uma vex que as respostas podem ser ‘confrontadas com as falas e situagdes grupais. A coleta de alguns poucos itens sobre as ‘aracteristicas dos participantes pode ajudara precisat melhor quem sio as pessoas que participaram, a0 cobrit outros aspectos relacionados com osque foram. utilizados como base para a composigio do grupo. Accoleta dos dados deve permit retagareaminhos de construcio ¢ de valoracio de idéias no grupo, logo depois do final de eada sessio ou do grupo, se no houve interruped anotagées de campo, gravagdes, transcricdes cuidadlosas, sumétios feitos oralmente como proprio | grupo, revises feitas com 0 moderador e com os pesquisadores envolvidos, Por isso, € importante tor 2.3 0 moderador e 0 desenvolvimento do proceso grupal © tempo de duragio de cada reuniio grupal e 0 niimero de sess6es a sete realizadas dependem da natureza do problema em pauta, do estilo de funcionamento que 0 grupo construit e da avaliagio do pesquisidor sobre a suficiéncia da diseussio quanto 405 seus abjetivos. Alguns autores recomendam que ©s encontros durem entre uma hora e meia e aio tnais do que trés hors, sendo que, em geral, com uma ou duas sessdes se obtém as informacaes Aecessirias a uma boa anilise. Ha grupos que demandam mais sessdes, porque, em funcio das caracteristicas dos participantes, pode haver necessidade de mais contatos para se produzis wma subcultura geupal. A abertura do grupo € um momento crucial para 4 criagio de condigdes favoriveis & participagho de todos os componentes, Precisa-se eriar uma situagao de conforto, de certo distensionamento, para gerar uma atmosfeta permissiva. Nos primeitos momentos, 28 dois gravadores, dispostos adequadamente em rclagio a distribuigio dos membros do grupo no ambiente, para cobrit ao miximo as participagdes € se obter uma gravacio mais nitida e abrangente, Ib bom dispor de um gravador reserva, para 0 caso de algum dos outros apresentar algum problema técnico durante 0 trabalho do grupo. Cuidados para que uma boa gravacio seja garantida siio essenciais, Por isso, a forma de gravagio deve set cuidadosamente testada, ¢ todos os aspectos técnicos devem ser previstos e assegurados pata obter-se um hom registro, Deve-se cuidar da qualidade dos microfones ¢ dos aparelhos de gravacio, com verificagdcs anteriores ¢ testes, alguns momentos antes dle © grupo comegar as atividades. A. preparagio da mtavacio deve ser objeto de tratamento especial, porque, se nio se obtiver falas audiveis, todo o trabalho de claboracio do projeto, de constituigio ¢ adestio do grupo, estudo de roreito, ete,, estars perdido, Ou seja, nao haveri’ material suficiente ow confivel para as anilises. Outro meio de registro é 0 videoteipe, cuja uulilizagio é muito discutivel por ser um meio bastante intrusivo, Para garantia do sigilo quanto as participagdes, é um meio bem problemético, Considere-se, também, que as tomadas em video sio, ho mais das vezes, feitas com uma sé camera, em panos gerais que abrangem © grupo como um todo ¢, devido a isso, podem apresentar baixa qualidade le iudio. Ha, nessas condigdes, dficuldades técnicas tclativas & obtengiio de cise, de expresses corporais aque exigem mais de uma cimera, ct, perdendo-se 0 todo. Ha laboratérios de pesquisa cm cigncias humanas e sociais que dispdem de salas especiais para 25 tomadas em video, com virias cfimeras ¢ operadores, com iluminacio e captagiio de som bem programadas. Porém, a maioria dos pesquisadores niio dispae dessas condigées, Mongan (1997) discute bem es 108 registos, chamando a ateneiio para. o que se ganha ou se petde pelas escolhas feitas. Hii depoimentos de as questoes ligadas pesquisadotes experientes sobre o trabalho com grupos focais, segundo os quais as pessoas tenclem a se sentir mais 4 vontade com a gravagio em fudio do que em video. Neste, ha uma exposicio por inteiro, 10stos, gestos, palavras estio li, associados, A questo a propria imagem, da exposigio dos participantes, dos riscos de ruptura da confidencialidade, cria certo desconforto, Nem sempre os pesquisadores, do alto de sua autoridade, ou altamente imbuidos de suas idades € interesses, ou pot ctedulidade, estio sensiveis a isso. No entanto, o estar mais a vontade com cetto meio de registro em pesquisa éfator de maior descontragio por parte dos participantes, eisso é muito importante para 0 desenvolvimento dos trabalhos no _gtupo Focal como téenica de investipagio. Deve-se observar, ainda, que, nem sempre, 0 video, ‘mesmo que obtido com sofisticagio técnica, consegue reproduvir a "dinamica do grupo". Ha um certo congelamento associado A reproducia, Nao sio raros ‘03 desapontamentos de pesquisadores sociais com o que se obtém nas filmagens em video, as quais nem sempre diio conta das expectativas criadas, Claro que gravagio em video tem suas qualidades; por exemplo, a possibilidade de verificagio imediata de quem esti falando, ou quem esti falancdo com quem, oupode trazer 2 lembranga, a partir de imagens, algumas emogdes que estiveram presentes em um dado momento, ou evocar co clima entre os participantes, etc. 26 jf exprimindo suas diferengas ou concordncias. Isso pode ser itil quando, por qualquer fator, se prevé ou se constata muita inibi¢io nos membros do geupo em entabular conversa. O exercicio a ser proposto deve ter seu contetido ligado a0 problema em exame € no ser mera brincadeiea on joguinho. Para exemplificar essa questio, citamos alguns exercicios que sio comumente encontrados em trabalhos de pesquisa com grupos focais. Um deles se fiz com o uso de cartes com uma série de afirmagies relativas a0 tema do grupo focal. Aos participantes se solicita que, coletivamente, distribuam os cartdes, em fangio das afirmagGes neles constantes, em diferentes pilhas, conforme seu grau de concordancia ‘ow discordincia em relagio ao contetido das afirmagies Pode-se fazer, por exemplo, quatro pilhas (de “concorda-se muito" a "discorda-se totalmente"), ou trés pilhas ("concordam", "discordam", "mais ou ‘menos"), ou duas pilhas apenas. O grupo pode escolher sua escala de avaliagio, ou 0 moderador pode sugeri-. © proceso de escolha € decisio deve ser bem observado ¢ registrado, discutindo-se com o grupo, depois da atividade, 0 resultado. Pode-se usar, também, um curto exercicio de role ‘playing, o1 um jogo de perguntas ¢ respostas breves. Neste ultimo caso, pode-se preparar cartas semelhantes as de baralho, com perguntas relativas 40 tema, que possam ter respostas ripidas e curtas, As cattas sio embaralhadas ¢ distribuidas aos patticipantes, uma para cada um, ou cada participante pode retitar do maco sua carta, Cada participante ptopord a questio recebida a outro participante de sua escolha, nfo podendo haver concentragao s6 num deles, Nesse exercicio, também pode-se propor que cada patticipante tire duas ou trés cartas e escolha a 37 petgunta que vai fazer. Todos os participantes do _gtupo devem responder a, pelo menos, uma questio. Bafim, os pesquisadores e moderadores podetio cciat ou adaptar atividades desse tipo para propiciar a iniciagao dos participantes no trabalho do grupo focal. Hi pesquisadores que utilizaram esta modalidade de ‘exercicio, nio para iniciar o grupo, mas como meio de verificar algumas de suas observagdes c interpretacdies| quanto 20 que surgiu, de fato, no trabalho grupal em relngio ao tema visado, Nesse caso, as frases ou afirmagoes postas nos cartées ou mas cartns, em geral, io falas que foram expostas por integrantes do geupa durante a sesso, ¢ essa atividade, com esse objetivo, é realizada como finalizacio do teabalho com o grupo. 2.4 O moderador e as interagdes geupais, A questo das interagbes geupais, segundo 0 foco pretendido pela pesquisa, vem ocupando alguns pesquisadores experientes 0 trabalho com grupos foeais, no sentido de chamar a atengio para algumas tendéncias de excessiva estruturacio ¢ operacionalizacio do trabalho com grupos dessa natureza. Com isso, pode-se comprometes 0 préptio fandamento de um geupo focal, que se justifica pela possibilidade de, mediante interagdes intragrupais desenvolvidas com certo grau de libesdade e gerando uma cultura grupal, obter-se compreensées mais aptofundadas sobre determinado tipo de problema. © excessivo controle das discussdes por rotciros. impostos numa certa seqiiéneia, como uma tarefa a set cumprida em etapas bem definidas, ou pelo encaminhamento do tipo catrevista coletiva, ou pela centraliza¢io quase total dos trabalhos no moderador, 38 acanreta conseqiténcias no despreziveis sobre a busca de uma compreensio aprofundada do tema ¢ suas possiveis teorizagées. Em geral, o que se observa é que 08 dados de grupos conduzidos assim acabam sendo apenas observacdes supetficiais, repetisio de slogans ow de vagas idéias, que pouco auxiliam uma teflexio mais densa sobre a questio proposta. Além disso, operacionalizacio excessiva do trabalho grupal prejudica a ctiacio de uma rede interativa, gerando apenas um pingue-pongue entre participantes © moderador. Com isso, a evocagio de aspectos mais amb{guos, mais contraditétios, mais diferenciados, mais tensos, menos consensuais ou menos usuais sobre 0 ptoblema, nao se processa, 0 que gera descrigdes superficiais e, na verdade, pouco esclarecedoras em relagio ao tema em pauta. Essas desctigdes no fazem avangar 0 conhecimento, que é © que se pretende com uma pesquisa. Acaba-se repetindo 0 Gbvio, sem que se tenha condi avangar em relagio 20 senso comum ou ao jé sabido. Kitzinger (1994), em trabalho no qual discute a metodologia dos grupos focais ¢, particularmente, a importincia da interagio entre os participantes da pesquisa, considera como a caracteristica distintiva do gr questionsitio, justamente a interagiio que se propicia catre os participantes da pesquisa. A autora defende a idéia de que € essa interagio que di o diferencial 08 grupos focais © que merece ser explorada no processo investigative, porque o interesse nao & somente "ao que as pessoas pensam, mas em como pensam € purgie pensam assim." (p. 104). A autora ressalta, ainda, a importincia da diferenga, ao enfatizar que 0 processo grupal desencadeado é vital para trazer ¢lementos que provoquem novas reflexdes sabre 0 10 focal, em selagio A entrevista ¢ a0 39 problema. Hsse processo ni se restringe a consensos ou as articulagdes das normas do grupo ¢ suas experiéncias, mas abrange as diferencas entre os individuos, seus desentendimentos, desacordos, seus ‘questionamentos miituos, suas tentativas de persuadir para cooptar as suas idéias, suas dificuldades de compreensio mtitua em relagio ao que se diz. Essas diferencas metecem ter seu espago e, segundo a autora, o moderaclor precisa encorajar os participantes 8 teorizarem sobre 0 porgué dessas diferengas. A autora acentua: "A diferenca entre participantes também permite observar aio s6 como as pessoas teorizam sobre seu proprio ponto de vista, como também a maneita como o fazem em relagio a outras perspectivas ¢ como pdem suas prdprias idéias ‘para teabalhar™., As interagiies no grupo e a diversidade que emerge levam a queas pessoas argumentem, expliquem sua idéia ¢ forma de pensar. A atencio as trocas ¢ aos eneaminhamentos, para esclarecee raciocinios ¢ pontos de vista, dio a0 pesquisador a oportunidade de niio trabalhar com presungdes pessoais, assumindo que ji sabeo significado de cada ponto de vista. Esse significado precisa ser buscado nos préptios sentidos que o patticipante clo grupo construiu, pelo tipo de sustentacio ou explanacio que faz de seus pontos de vista. O pesquisador no pode assumir que ele tem a chave do sentido deuma opiniio ou de uma idéia dos participantes. _ Estes é que tém de lhe oferecer a chave. Nesse sentido, importante observar detalhada e cautelosamente o que 6 patticipantes contam uns 20s outros, fatos, histéias situagdes, porque esses relatos permitem no pesquisador tet pistas de como eles se ancoram em um daclo contexto social, de como estio mobilizados e em que sistema represcntacional se apdiam. 40 Destaca-se, entiio, que a utilizagio do grupo focal como meio de pesquisa tem peculiasidades que fazem esse uso difetir de seu emprego com outras finalidades € em outtos contextos, como, por exemplo, na érea de comunicagio ¢ marketing. V. muito importante se ter isso claro, pois afeta o conjunto da coleta, das formas de condugio do grupo focal e da procura de significados, que, na pesquisa, se apdia em teorizagées € postetiores interpretagdes, cuja abrangéncia ¢ propésitos so muito diferentes em relagio a outros propésitos. 41 CAPITULO 3 A Anilise dos Dados obtidos com 0 Grupo Focal ‘Ao iniciar os procedimentos de andlise, a primeira atitude € tetomar os objetivos do estudo do uso do gtupo focal para tealizé-lo, Os objetivos serio os guias tanto para o processo escolhido de anslise do material coletado, como para as interpretagdes subseqiientes. Nas anilises dos dados levantados com o grupo focal, 08 procedimentos gerais so os mesmos de qualquer anilise de dados qualitativos nas ciéncias sociais € humanas, Os objetivos basicos da investigacio em que 0 trabalho com grupo focal foi inserido guiam a elaboragao das anilises num curso légico, no qual questées, dados e argumentos devem entrelagar-se ‘com consisténcia, Os nfveis de aprofundamento das anilises também dependem dos objetivos ¢ da configuragio do enfoque tedrico proposto no estudo, Conforme Gondim (2002), 0 foco dessas andlises "sio 88 opinides surgidas a partir do jogo de influéncias smdituas que emergem e se desenvolvem no contexto dos grupos humanos" O volume de transerigdes que se obtém, em geral, causa impacto © muitas vezes ansiedade nos pesquisadotes, pois traz A tona a complexidade que esti envolvida no tratamento de todo esse material © ptimeito aspecto a considerar, entio, é 0 da organizacio do material colhido, de forma a se obter um corpus detalhado € confidvel do processo B vivenciado pelo grupo. Quando houveranotagdes por sclatores, é necessirio compatibilizat essas anotagdes entre sic com as anotagdes do moderador, constituindo-se 0 relato 0 mais completo possivel, 0 qual sera © material bisico de anilise. Cuidar da ‘expressio das falas ¢ importante, pois a anilise delas constitui rico manancial para a busca dos sentidos auibufdos ao tema pelo geupo. No caso de gravagdes, em audio ow video, transctigdes so necessérias para subsidiaras anilises, as quais também receberio 0 aporte de unotagies que © moderador tenha feito. importante que 0 modemdor do grupo participe tanto da otganizagio do material coletado, como das andlises, uma vez cle detém a expperigncia da facilitagio do grupo e das vivénelas ocorridas. Sua meméria do contexto de certas falas, do clima da discussi momentos, contém ricas informagdes para a construgio de compreensdes sobre o tratamento do fema proposto a6 geupo, como também para as interpretagées. Aanilise € um processo de elaboragio, de procura de caminhos, em meio 20 volume das informagées levantadas, Rotas de andlise slo seguidas, ¢ estas se abrem em novas rotas ou atalhos, exigindo dos pesquisadores um esforgo para nao perder de vista seus propésitos e manter a capacidade de julgar a pertinéncia dos rumos analiticos em sua conteibuigio a0 exame do problema. O processo de anilise & sistemético, claro nos percursos escolhidos ¢ no espontaneista, A importante evitar cair na armadilha de uma percepgio muito seletiva em relasio ao material ¢ afastar conscientetnente preconceitos, cuidando para ‘que 0 que se espera, ou se gostaria que aparecesse, io em variados ny nfo se confunda com as questies que foram teatadas em com 0 modo como foram tratadas pelos grupos. Asevidéncias em relaedo a determinado tépico devem tet lastro. Desse mod, o processo de anilise pode set acompanhado por qualquer pesquisador, seja do _etupo que estuda o problema, seja por outro de fora dele, para garantira verificabilidade ea plausibilidade das anilises, HA casos em que 0 grupo focal no ¢ utilizado como o principal instrumento de coleta, mas sim ‘como técnica exploratdtia, na ctapa inicial do estudo;, pot exemplo, pata ajudar na escolha do delineamento final do projeto, ou dos conteiidos para a elaboracao de questionitio, ou de roteitos de entrevistas ou de observacio, os quais, depois, oferecerzio o corpo central de dados pata pesquisa. Nesses casos a andlise do material do grupo focal estar mais vinculada a «esses objetivos, porém com o enfoque requerido pela pesquisa como um todo, Quando 0 uso de grupos focais est associado a processos de pesquisa avaliativa, os objetivos da avaliagio determinario os pontos especificos de refeténcia eas formas de andlise. Nessa condigio, em sgetal, as anilises so mais estruturadas, voltadas a situagdes predeterminadas, tendo em vista metas mais aplicadas. Nos casos de uso em avaliagio, com objetivos aplicados © bem especificos, sugere-se 0 emprego de uma grade para a anslise, que contemple © ctuzamento dos t6picos selecionados para abordagem; por exemplo, com os tipos de grupos componentes do processo avalativo, se estes forem diferentes entre si, Essa forma de organizacio analitica mais estruturada permite visualizar de modo sintético co que cada grupo (ou se for um s6 grupo, o que cada subconjunto de participantes) expds em relacio a cada 45 t6pico. A compatagio entre geupos ou subgrupos set facilitada pela disposigio, lado a lado, das expresses emitidas em cada um deles, podendo-se, ainda, observar varingdes intragrupais. 3.1 Deslindando significados ¢ sentidos De forma semelhante ao que ocorre com os dados qualitativos nas pesquis modelo tinico € acabado de anilise de dados para os, grupos focais, A capacidade de claboragio de um processo de busca de significados nos dados obtidos ‘esti vinculada A formagio do pesquisados, a sew estofo tedtico ea sua eriatividade. De inicio, pode-se proceder & consteucio de um plano descritivo das falas, em que sejam destacadas as diferengas entre as opinides ou relatos. No caso de uso de gravacio em fudio, mesmo coma transctisio, ¢ importante ouvir tepetidamente as falas repistradas, para agtupar alguns aspectos das opinides expressas, sociais, no existe um ou dos relatos, em fungio dos sentidos percebidos ¢ dos valores diferenciagdes entre grupos ou subgrupos, ou segundo varidveis caracteristicas consideradas na composi¢io do ou dos grupos. O mesmo procedimento deve ser utilizado na gravagio em subjacentes. Pode-se considerar aqui video: vé-lo € ouvi-lo muitas vezes, atentamente, ppetmite aos pesquisadores uma aproximagio mais viva das situagSes. Pode-se acompanhar seqiiéncias de _J7 interagdes, com as entonagdes, as expressdes € 08 gestos. As transctigdes sio apoios tteis, lembrando que é necessério mergulhar nas falas, nas expresses de diversas naturezas, no processo. Com isso, pode- se procedera anilises de sentido ou labora categorias 46 1 pattir das falas, ou classificar as falas em categorias previamente escolhidas. Neste titimo caso, € preciso aten¢o ao grau de cobertura das expresses que cemergiram € verifiea o material que nfo se encaisa em nenbuma categoria e merece outra categorizacio. Em todo esse processo, é preciso ter 0 cuidado de ressaltar 0 que foi realmente relevante para o grupo, configurando-se tendéncias, mostrando-se conexdes. Asinferéncias a partit dai devem encontrar apoio claro nese processo analitico, no ocortido, no falado, ou no silenciado. Néo se deve esquecer que aeneralizagdes imptoprias devem ser evitadas nem dos limites impostos por essa técnica. ; (Os pesquisadores procuram verificar, quanto 20 tema e quanto aos t6picos abordados, agtupamentos de opinides, comparando € conftontando posigies, extraindo significados das falas ou de outras expressbcs registradas, analisando a vinculagio desses is contempladas oa agcupamentos com as vat composicio do grupo. Destacam-se nessa anilise tanto as opinides que foram majoritirias como as que ficaram em minoria, sendo televante a exploragio estas. A composigio ¢ 0 confronto dos achados com as teorizagdes ou hipéteses dos pesquisadores devem ses, entio, cuidadosamente elaborados. No entanto, tendo sido as interagdes em grupo a justificativa maior para utilizar 0 grupo focal como técnica de pesquisa, clas devem merecer um olhar especial —na verdade elas sio o foco central — através, das seqiiéncias de falas, procurando compreender 0 impacto das vivéncias do grupo sobre as trocas entre ‘0s participantes, os consensos, os dissensos, as rupturas, as descontinuidades, os siléncios. Para andlises em maior profundidade, os sentidos procurados repousam mais nessa dinimica interacional que nos recortes que se 7 possam obter como pontos de partida das andlises. Por isso, as seqtiéncias de falas so importantes para essas intespretacies, pois geram e dio respaldo is infeséncias dos pesquisadores. Esse enfoque permite aprofundar asanilises dos valores socias ¢ cultura, as normas, os aspectos momais ou religiosos, as crengas,as imagens € (8 mitos, que permearam as interagies na sua relagio com o problema em investigagao. Para estudos em ciéncias sociais e humanas, 0 foco de anélise na seqiiéncia das interagdes 6 extremamente importante, pois permite niveis interpretativos mais, aprofundados ¢ eoricamente mais sgnificativos Nem sempre s¢ observam nos trabalhos publicados um. adensamento das interpretagdes com esse tipo de anilise, ficando os relatos nos aspectos mais persis, «quase dbvios, Kitzinger (1994, p. 104), numa pesquisa realizada em quarenta relat6rios de estudos com grupos focais, observou que muitas das anilises procedidas a partir do trabalho com grupos focais . rio se concentram na conversagio propriamente dita dos participantes, nfo oferecendo um exame detalhado clas interagies entre eles, o que empobrece, muitas vezes, a anilise, que fica sem a contribuigio que esse enfoque poderia trazer. Deve-se notar que os procedimentos de anilise de grupos focais esto associados 20 modo como se plancjou ¢ executou o trabalho com os grupos. O trabalho realizado de modo menos estruturado, com forma mais flexivel de participagio do moderador e em relacio 20 roteito elaborado, como se secomenda para os processos de pesquisa com grupos focais em zgeral, cria boas possibilidades de analise do tipo acima escrito. Com formas mais estruturadas de condugio do grupo, as interagdes ocorrem em condicdes delimitadas e, nesses casos, as anilises tender a prender-se a t6picos preestabelecidos. 48 Quando o projeto é delineado com vistas xe comparagio de grupos em diferentes condigies, i850 in luenciari a forma de andlise. O nimero de grupos utlizados também rem seu peso no tipo de analise, pois as condigdes de claboragio analitica em pesquisa tna qual se utiliza um ou dois yrupos focais, e outras onde se utilzam cinco, sete ou dez grupos, sio muito diferentes. Mas lembramos, mais uma vez, que todo clineamento e, portanto, também toda anilise esto vinculados a0 objeto e a0s objetivos da investigagio, considerando © enfoque tedrico privilegiado pelos pesquisadores. Vale lembras, ainda, a selagio existente as entre formas de andlise ¢ a montagem do projeto de pesquisa, Os pesquisadores precisam estar conscientes, dos Fécursos analiticos de que dispdem, ¢ que dominam, pata néo proporem delincamentos € objetivos pata os quais nio poderio garantir suporte analitico adequado. ‘Nas anilises, hi a necessidade de nio se incorrer em reduces que podem prejudicar a compreensio que se busca para o problema em estudo. Morgan (1997, p. 60) defende como perspectiva para aanilise Jembrar que o que os patticipantes fazem no grupo depende do contexto do proprio grupo, como também o que aeontece em qualquer grupo depende dos individuos que o constituem. Assim, nem os individuos, nem o grupo como um todo, constituem unidade de andlise” separivel. Por isso, n0ss0s esforgos analiticos devem buscar uma apreciagio balanceada das interfaces entre esses dois niveis de anilise. Ou seja, no devemos cait no reducionismo {je pe a énfase nos individuos participantes, nem no reducionismo que toma 0 grupo em abstrato como referéneia, Segundo 0 autor, a énfase nas 49 individualidades supe que as atividades do grupo nfo sio mais que a soma dos comportamentos de seus membros individuais, configueando com isso o que se chama de "reducionismo psicolégico", O tratamento dos comportamentos individuais como meras manifestagdes de uma superestrutura do processo stupal, configueatia um "seducionismo sociol6gico", A perspectiva interacionista, no caso dos’ grupos focais, cleve set privileginda a fim de se fupir desses reducionismos. Dai a importincia da atengio as seqiténcias de trocas e as condiges contestusis dos momentos grupais em seu processo, Podem-se combinar virias estmtégias de anilise, deacordo com 0 interesse dos pesquisadores eo tipo de cnfoque privilegiado, Podem-se ter, entio, andlises menos ou mais estruturadas, sem quebra ow com aquebra das seqiiéncias interacionais, ow ainda uma combinagio de ambas as formas. A opcio por andlises mais estrutucadas, mediante o uso de classificagdes, ccategotias prévias ou codificagdes do material, implica a construgio de um rol de cédigos, que deve ser cuidadosamente pensado e elaborado. Quando a pesquisa vai utilizar varios grupos focais, ou vitias sessbes com o mesmo grupo em dias diferentes, o processo de anilise pode comecat logo depois do primeiro grupo ow sessio, no havendo necessidade de esperar a coleta de todos 08 grupos ou de todas as sessdes para iniciar 0 trabalho de anzlise, Proceder assim pode ajudar no encaminhamento das atividades subseqiientes; por cxemplo, facilitando a verificagio de pontos nio. abordados ¢ importantes para o estudo, ou de t6picos abordados insuficientemente, os quais o moderidor procurars trazer tona na prdxima sesso ou nos préximos grupos que compéem o estudo. 50 Pode ausiliar na busca de certos esclarecimentos, na mudanga de rumo da condugio dés grupos, na introdugio de questdes. A prépria atuagio do moderador pode ser aperfeigoada a partir dessas primeiras andlises que ocorrem simultaneamente a0 desenvolvimento dos grupos ¢ 8 coleta de dados. 3.2 Classificagao ou codificago do material © proceso de anilise do material obtido com grupos focais também pode ser desenvolvido por meios mais estruturados de oxganizagio de dados. Para codificar dados oriundos de grupos focais, a primeira questo é a escolha de qual ser a unidade de anilise, Aqui se poem os problemas dos reducionismos tratados anteriormente, dependendo de a escolha recair no grupo como um todo ou nas falas individualizadas. Cabe aos pesquisadores fazerem aescolha que Ihes pareca mais favordvel 4 andlise do tema, em fungio de seus objetivos, sibendo dos limites em que incorrem. Num enfoqueinteracionista, como 0 exposto, pode-se superar alpuns desscs limites, situando falas € seqiiéncias de falas no contexto grupal em sua dinimica propria de trocas. Na busca das compreensdes do grupo, cabe lembrar que no € suficiente somaras codificagdes processadas em nivel individual. Fé sempre a necessidade de interpretagdes que transcendem essa agregagio em fungio de aspectos da dindmica grupal. As categorias ou os cédigos, para os quais se buscatio tipos ¢ freqiiéncias de mengio, podem ser estabelecidos « priori Com apoio nas teorizagdes desenvolvidas em torno do problema, ou nos tépicos do rotcito elaborado para orientar 0 trabalho dos 5 grupos, ou em questdes que tenham exercido a mesma fangio, ‘Também podem ser definidos a posterior, a artic do préprio material obtido, Hm ambos os casos, ‘uma boa justificativa deve existir para a escolha das categorias de codificacio. Em geral, quando as categorias sio estabelecidas previamente, procura-se tefing-las a partir do confronto com os dados, bodendo-se elimind-las ou agregi-las. Para isso, ttabalha-se com o material de um ou dois geupos ou, ‘ho caso de um grupo 6, com partes do trabalho (primeia hora, terceita hora, manha ou tarde, etc. Antes de usar essa categorizagio em todo o mat Obtido. A aplicagio da eategorizagio prévia num Tecorte permite seu aperfeicoamento. Pode-se também utilizar para isso dois pesquisadores, ambos trabalhando separadamente com © mesmo recorte, ‘u cada um trabalhando com uma parte diferente do material, confrontando-se depois as andlises € Procedendo-se A agregacio ou A eliminagio de Categorias Ha programas computacionais que permite, a Partie de codificagses ou categorizacées, gerat Telatérios em que sc identificam quais grupos, ou quais Patticipantes, tém partes de suas falas associadas a sta ou Aquela eategoria. Hi outros programas que trabalham com cédigos préprios ¢ permitem struturar falas transcritas em forma de textos, de diferentes modos, porém esses programas nio © ferecem condiges para urna exploragao mais densa as expressdes — oferecem uma estratura, Combinagdes de palavras, associagio em Subeonjuntos. Por isso, pesquisadores experientes *ecomendam que, quando pelo volume dos discursos ©btidos, 0 pesquisador decide usar esse tipo de tecurso, & preciso fazer, pelo menos, um estudo 52 pparalelo de busca de eategorins ou de idéias-base em parte do material, a fim de checar o que ver via processamento computacional. Outros recomendam que pesquisados faca uma anilise eviteriosae critica da saida do processamento, tendo ele mesmo mergulhado fundo nas falas, nas interacées, pois hé muitos sentidos que no podem see captados pela l6gica de um programa. Além disso, ¢ principalmente, a seqiiéncia de falas num processo interativo nfo & hem captada por esse meio de organizagio de dados verbais. De qualquer forma, esse tipo de programa pode oferecer uma organizagio inicial do material, 0 qual sempre mereceré um tratamento que devers nccessariamente ser feito pelo pesquisador. As codificagdes ou categorizacdes oferecem a possbilidade de andlises qualitativas dos conteiidos recorrentes, relevantes, etiticos, discordantes, ete. Podem prestar-s, ainda, a anilises quantiativas. 3.3 Andlises quantitativas Sobre a questio de quantificar eategorias, expressdes, relatos de experiéncias, 0 importante & considerar © que realmente uma quantificagio vied actescentar 4 compreensio do problema em estudo, em face dos objetivos visados. Os resultados dessas quantificagdes devem, ainda, ser interptetados 4 luz do processo grupal e de suas caracteristicas peculiares. Ouso de freqtigncias numéricas para as categotins, cot tratamento estatistico para teste de hipstese € estudos de multivariag2o, nem sempre & bem accito pelos especialistas. Argumenta-se que se foge da natureza da técnica, que se assenta no processo de expressio de valores, emogées, representacdes, 53 opinides, em situagio interacional. A quantificagio faz perder o tomus das trocas; a dinamica grupal, que pode explicar muitos dos achados; 0 exame de interagdes seqitenciais, ete. Apesar dessas criticas, pesquisadores tém utilizado. anilises estatisticas a partir das freqiéncias nas categorias, De um lado, pode-se trabalhar apenas descritivaménte com as freqiiéncias obtidas nas diferentes categorins ou nos elementos de codigo, as ‘quais podem ajudar a sintetizar alguns achados. Por ‘exemplo, usaras freqfiéncias para compatac diferentes grupos em relagio a incidéncia de determinados t6picos. De outro lado, hi o uso de tratamentos inferenciais, Embora seja necessirio nesses casos lembrar as restrigées que se colocam para esas anilises, quando nao se pode garantir independéncia entre 2s categorias ou classificagdes, aleatotiedade da amostra, etc., hf o recurso a modelos multivariados que provém téenicas de andlise simultanea considetando os patticipantes ¢ 0 grupo. Alguns cuidados para a execueio dessas anilises devem ser tomados, ea literatura especializada fornece detalhes sobre as condigées necessirias para que os proceditmentos sejam vilidos. Uma orientagio segura na utilizagio desses modelos € necesséiia. 3.4 Pontos bisicos a lembrar Krueger ¢ Casey (2000, p. 139) fazem algumas consideragdes interessantes para serem lembradas durante o processo de anise dos dados obtidos com. erupos focais. Sumatiatios, a seguir, algumas delas: 1. 0 modo de trabalho com grupos focais em pesquisa pode vatiar muito e, conforme o tipo, cetta forma de anilise pode nao ser realizavel 54 2. Quando, pela primeira vez, o pesquisador esta analisando um grupo focal, é importante que cle busque orientages com pesquisadores ma experiontes. 3, Para as anilises nada € tio importante quanto ter estado presente no trabalho de grupo, pois, embora boa parte dos contetidos possa estar nas transcrigdes, muitas outras coisas que ocorrem na sessio de grupo nao aparecem nelas, perdendo-se também 0 ténus ¢ os elementos da dindmica grupal 4, Deve-se ter presente que nem sempre & necessitio usar todos os dados, de modo exaustivo; algumas discussdes podem, ser ‘marginais; em outras situacdes, porém, tudo o que se expde é significativo; conforme os objetivos, algumas questées sio mais importantes que outras, ¢ isso deve ser levado em conta, 5. FB importante estar atento para partes de interagdes no grupo, nas quais trocas mais relevantes para o problema estejam presentes. 6. Muita atengio aos vieses pessoais ou opinides preexistentes em relagio ao assunto em estudo. 7.0 pesquisaclor sera o interprete dos patticipantes, porisso, cle precisa apresentar com étieae clareza (os miiltiplos pontos de vista, no substituindo a vvoz dos participantes pela sua. 8. O uso de diagramas, fluxogramas, matrizes, desenhos, analogias pode ser titil para descrever situagdes. Por tiltimo, Krueger € Casey 2000.) recomendam que, embora se possa dar atencio freqiiéncia de certas formas de expressio,os nimeros sto problemsticns para as anilises de conteiido de grupos focais, devendo preferentemente set deixados de lado. 55 CAPITULO 4 Pesquisas com Grupos Focais Neste tépico vamos apresentar, a titulo de ilustragZo, alguns trabalhos de pesquisa em que foi utilizado © grupo focal como técnica de coleta de dados. Serio abrangidas varias éreas do conhecimento, para mostrar a multiplicidade possfvel de seu uso. Wagner et al. (2002, p. 137-150) realizaram uma pesquisa com adolescentes a partir da comunicagao familiar, considerando que haveria uma relagio significativa entre a comunicagiioefetiva eo bem-estar psicoldgico das familias, no periodo da adolescéncia dos filhos, quando confrontos, em muitos momentos, provocam crises entre pais filhos e entre irmos. A partir de um relato de elaboracdes jd desenvolvidas, sobre a questio, em fungio de outras pesquisas cexistentes na literatura, o$ autores expdem como objetivo do trabalho "conhecer, na tica do jovem, ‘como se processa a comunicagio em suas familias, revelando os aspectos facilitadores e dificultadores” (@. 140). A opedo pela utilizacio do geupo focal como técnica de coleta dos dados deu-se pelo fato de esse tipo de grupo favorecer, pela troca entre eles, a discussio de experiéncias familiares diversas, pexmitindo a emergéncia na interacio grupal de valores, bisicos que subsidiam as opinides. Os pesquisadores traballaram com estudantes de 7*e 8* séries do ensino fundamental, de ambos os sex0s, com idade variando entre 12 ¢ 15 anos e nivel sociocconémico-cultural homogéneo (médio). Foram realizadas visitas is salas| 57 deaula, fazendo-se um convite aberto aos adolescentes para participarem, A inscrigfo foi voluntéria, Foram formados citiGo grupos, compostos segundo alguns, critérios: idades aproximadas, alunos de diferentes curmas com, n0 miaimo, quaeo €, 0 mismo, oito) participantes de ambos os sexos. Houve um moderador © um observador para os grupos. Os encontros foram filmados, tendo sido realizados dois, encontros, um por semana, com duracio aproximada de uma ora e mela, ) No primeito encontro, feitas as apresentacées, cesclarccimentos ¢ aquecimento, foi exibido um video, ‘com montagem de cenas de interlocucdes familiares de diversos filmes, como brigas, conflitos, dislogos, afetivos © profundos, cenas de entendimeato, Em seguida, a moderadora pediu ao geupo que comentasse 0 video enfocando elementos de identificagio dos jovens com suas familias e aspectos que mais lhes chamaram a atengio. No segundo encontro, foi solicitado aos alunos que apontassem elementos favorecedores ou dificultadores do processo de comunicacio, mediante o relato de uma situagia de éxito ¢ outra de fricasso na comunicagio com algum membro da familia. Pelos relatos € discussdes, resgataram-se os fatores que cles consideravam como tesponsiveis por uma comunicagio familiar exitosa. Depois do trabalho, cada grupo, pelo seu modo de se apresentar fancionat, recebeu por parte dos pesquisadores um epiteto, como categorizacio ampla, que permitiu contextualizar cada um deles em sua singularidade: Grupo 1 Os metaféricos; Grupo 2—Os inteligentes; Grupo 3 — Os manequins; Grupo 4—Os maducos; Grupo 5-Os festeitos. Em cada um desses contextos, situou-se a anilise de contetido, com as categorias 58 “aspectos facilitadores", "aspectos dificultadores", "fatores explicativos’, perpassados por fatores como: postura dos pais (com subt6picos), tipo de assunto, relacionamento entre irmaos. Emexgiram do tatamento 0s valores educativos, considerando-se transgetacionalidade ¢ 0 géneto como elementos cexplicativos do processo de comunicagio, Ao finalizar a discussio, os pesquisadores salientam que, em relacio a0 processo comunicacional, os adolescentes [] consideram os pais como os responsiveis pela qualidade da comunieagio que se estabelecs. Ainda que didlogo definase pela fala alteenada de dvas ow mais pessoas buscando solugio de problemas eomuns, 0: adolescentes alo se consideram co-responsiveis pela forma como ocortem essas conversas em casa, Conseafientement pode-se pensar que les no se sentema cxpuzese dspostosa provocar as mudangas que impliquens melhor qualidade na elacioeatee pais filhos (Wagneret a, 2002, p 148). Gondim (2002), em estudo sobre relagio entre a formagio académica ¢ 0 mercado de trabalho, utiliza grupos focais para investigar as expectativas de insercio futura no trabalho de estudantes universitirios em fase de conclusio de curso. O trabalho foi realizado com 13 geupo8)compostos de modo heterogéneo com estudantes de ambos os sexos, provenientes de 26 cursos diferentes, tendo cada grupo, no miximo, seis componente As sessGes, foram gravadas, e as transerigdes serviram de base para as andlises. A partir da discussao sobre a posigio de alguns tedricos ¢ pesquisadores quanto a questio & 20 contexto social atual, a pesquisa tomou como premissa que 59 lu) # oxganizacio universities, como qualquer outta esfera da edueagio formal, esti sendo convocada @ assumir um duplo papel: o de educae ~ que se distingue ‘da meta fascruglo, e 0 de preparar profissionais para tender As novas demandas do mercado de trabalho. A questio a ser compreendida era como os | estudantes percebem, interpretam e reagem neste novo cenisio social. Para lembrar que nio é tio simples garantira presenca dos convidados cinscxitos, a autora esclarece que inicialmente haviam sido previstos 16 grupos, com nove integrantes cada un} © que nio foi possivel manter devido & auséncia de estudantes que haviam se comprometido a comparecer ¢ nio o fizerem. Isso & muito comum, nesse tipo de trabalho, porque as pessoas podem sofier imprevistos, ou desistic por vitias razdes, o que Ihes é facultado. Como assinalamos no Capitulo 2, 0 delineamento dos grupos em fungio dos objetivos da pesquisa, a forma de realizagio do convite pata a participaglo, a motivacio ea adesio dos pastiipantes desejados sio um trnbalho que deve ser cuidadoso, devendo sempre ser lembraco que auséncias de dltimo momento slo muito comuns, ¢ que é preciso lidar com a situagio, procusando niio prejudicar 0 atendimento aos objetivos da pesquisa, mediante rearranjos que parantam isso. Esse procedimento foi realizado por Gondim (2002), que trabalhow com menos grupos, mas manteve as earncteristicas nnecessivias que gurantiram suas metas. As condigdes fisicas para o trabalho dos grupos foram muito boas, na medida em que se fez o trabalho em sala adequada, com mesa retangular, microfone central para gravagao, espelho unidirecional, atsis do qual hhavia uma filmadora, mesa lateral com biscoitos, Agua e café. A recepeio dos participantes foi bem 0 articulada. © trabalho com os grupos foi do tipo cstruturado, com algumas regras biisicas € técnica de coletainiial por escrito a uma questo geral, seguindo- se, partir dai uma discussfo segunclo um roteito semi estruturado. As anilises de contetido permit trabalhar com as categorias identidade profissional (com os componentes: periodo de formagi, percepgdes do mercado, confusio entre papéis profissionais, fragilizagio dos limites de atua¢io profissional), perfil (profissional (com os componentes: habilidades, ampliagio de demanda e diversidade intradisciptinar, dominios cogaitivos, multiprofissionalismo, atiuudes) © preparagio para 0 mercada (com os componenges: formacio complementar, formagio pritica insufciente, formagio teérica insuficiente) Nas considesacdes finais, a autora ressalta a possibilidade trazida por um geupo focal, para além dos objetivos da pesquisa propriamente dita, de propiciar que os patticipantes, pela interacio, grupos} foram envolvidas ainda 26 pessons, também, articipantes do projeto, de ambos os sexos, com mais de 60 anos de idade, que foram divididas em tres grupos. Entre os grupos de estudantes, cinco eram de jovens do sexo masculino ¢ quatro do sexo feminino, Entee os grupos de idosos, um era do sexo masculino € dois do sexo femninino, A sepatacio por sexo deu-se pata facilitar a interagio em assuntos delicados que pudessem surgit. As sessdes de grupo foram realizadas na escola ¢ seguiram um guia de discussio, com questdes semi-estruturadas: [ul 1. © que voct aprendeu do projeto? 2. Qual sua ‘opinido sole o projeto? 3.0 quemais poston no projet? 4.0 que no goston? 5. A quem recomendaria pastcipae lo projeto? 6. Como o projeto influenciou sua sade? 7 Como influencion sta visio dos mais velhos? 8, Como infhtenciou sua telagio com sua fara? Souza, 2003, ps. As sessoes de grupo foram facilitadas e gravadas por estudantes universitérias treinadas no uso da técnica pela coordenadora da pesquisa, A transcrigio das falas foi executada pelos facilitadores juntamente com a coordenadora, ¢ as anilise foram realizadas segundo o tema, confrontado com a literatura sobre a questiio, As anslises revelaram que as atividades de integragio desenvolvidas promoveram uma-melhor 62 compreensio intergeracional, com mudangas de visdes de uns em relagio aos outros. Foram enunciados preconceitos e esteredtipos, entre os patticipantes de todas as idades, e atitudes negativas dos joveas em relagio 20s mais velhos, 0 que getou controvérsias, mas, também, sugestes para aperfeigoamento do projeto. De modo geral, as anilises das interagdes indicaram que atividades intergeracionais bascadas em reminiscéncias sio fonte de suporte emocional que contribui para a melhoria das relagGes sociais ¢ o bem-estar da comunidade, Em pesquisa que visava detectar consensos € diferengas em equipes do Programa Saice da Familia, Pedrosa ¢ Teles (2001) trabalharam com quatro grupos focais, de 8 a 12 membros, compostos por agentes masculinos e femininos (médicos, enfermeiras € agentes de saiide), na capital de um Estado do Nordeste. Como referéncia, os autores utilizaram am roteito composto pelos seguintes itens: insetgio no programa, proceso de capacitagio, principios do programa, relagies com a formagio e com 0 modelo, assistencial predominante, selagdes entre os membros, da equipe € a comunidade, servigos demandados € isponives,situagio trabalhista e condigdes de trabalho € fatores positivos e negativos. Segundo os autores, os temas que mais evidenciaram diferengas foram os que reforgaram as catacteristicas corporativas de cada categoria, € 08 temas que propiciaram a formacio de subgrupos de opiniio foram os relativos As condigées de trabalho, a0 salitio, as relagdes com a comunidade ¢ as responsabilidades da equipe. Obtiveram-se expressdcs de consenso apenas em relagio a temas gerais, como trabalho na comunidade, cuidados preventivos trabalho em equipe. As cisées mostraram-se fortes. 63 Problemas emergiram quanto a estratégias para atendimento das demandas da comunidade, 0 que colocava todos em xeque, pois cabia a eles dar solucio imediata para os problemas de relacio entre comunidade ¢ servico. Pelas interagées, observou-se «que © relacionamento intemo das equipes mostra "a inexisténcia de responsabilidade coletiva pelos resultados do trabalho, levando a descontinuidade entre as agdes espeeificas de cada profissional, observando- se desatticulacio entre as ages curativas, educativas, administrativas ¢ baixo grau deinteracio entre médicos, enfetmeitas © agentes". Isso € 0 contrario do que 0 Programa propée como filosofia de trabalho. Schiessl e Sartiera (2000) dio-nos exemplo de uitilizagio de grupo focal para subsidiar a elaboragiio de um instrumento que viria a se constituir 0 meio principal de coleta de dados em sua pesquisa. Os pesquisadores utiizaram a técnica do grupo focal em uma primeira etapa da investigagiio que realizaram sobre as dificuldades e as expectativas dos jovens em. relacio a escolha do curso universitério, Mediante a revisio da literatura ¢ a formagio de grupo focal, os pesquisadores construiram ¢ validaram um ‘questionatio que foi depois aplicado em uma amostra grande de alunos das redes piblica e particular. O objetivo do trabalho foi analisar € comparar os aspectos psicolégicos ¢ de satide relacionados 20 proceso de escolha do curso universitirio pelos jovens, identificando 0 nivel de decisio deles, os sentimentos que esse processo envolve, as influéncias, © papel dos meios de informacio, avaliar seu nivel de bem-estar € verificar as expectativas em relagio & universidade. Para consteugio do questionésio, foram -upos focal com alunos de terceiro ano do ensino médio, sendo umn de alunos de escolas ot publicas ¢ outto de escola particular. A partir das interagGes entre os participantes, com as anilises de contetido, péde-se ter os elementos-chave para a construgio do questionério, que ficou mais aderente: 0 universo dos estudantes objeto do estudo. Um emprego significative dos grupos focais foi realizado pot Pizzol (2003) para. tipificagio de sistemas de ptodugio agropecuiria, Essa tipificagio ajuda na modelagem de planos de trabalho agricola, A autora utiizou grupos focais compostos por prodatores rutais cengenheiros agrnomos, atuantes na regiio visada pelo ‘estudo, para compteender sistemas de produciio tipicos, a partir dos conhecimentos e das percepgdes de quem interage com os diferentes sistemas de produgio € intuitivamente consegue diferencié-los. Grande patte dos trabalhos dessa natureza utiliza dados bibliogrificos e variéveis previamente definidas. Com 0 grupos focais, a autora visou mostrar aspectos da realidade dos agricultores, suas idéias ¢ opinies gestadas na experiéncia, com o intuito de buscar elementos novos para a discussio da questio. A decisio sobre o niimeto de grupos focais necessirios ao estudo baseou-se em dados estatisticos € _geogrificos disponiveis quanto as caracteristicas da produgio agricola regional, Forum utilizados cinco grupos focais, com variagio de oito.a 12 componentes cada um, quatro com produtores rurais € um com engenheiros agrénomos. Em cada grupo, utilizou-se um modetadot e um observador, que fazia as anotagées de campo. As discussées foram gravadas em audio, Procedeu-se a criteriosa categorizaciio e 4 andlise dos dados, sendo identificados cinco sistemas de produgao na regifo evidenciados alguns elementos de diferenciacgio e variaveis novas, intervenientes, tais como: nivel de escolaridade da 65 ae | familia proptietiria, tradico agricola da familia, participacio em associagdes, ete., que poderio ser utilizadas em outros estudos com outras metodologias. Lima, Bucher ¢ Lima (2004) realizaram um estado da interface entre a area de savide e a deca social € a psicologia, no qual foi abordada a hipertensio arterial sob o olhar de uma populacio carente, para analisar esse olhat a partir dos conhecimentos, atitudes ¢ priticas. O estudo foi tealizado em uma cidade notdestina, com 13 grupos focais estruturados que envolveram 228 pessoas, € levantou dados que permititam verificar como so complexas as razies gue norteiam os comportamentos dos hipertensos em telacio aos cuidados que devem ter e as medicagdes que devem tomar, raz6es que envolvem aspectos emocionais, alm de questies econémicas e sociais, Mais uma vez, ressalta-se a importincia ¢ a necessidace de bases te6ricas para o desenvolvimento © a anilise, quando se trata de pesquisas que usam grupos focais como téenica de coleta, e que cuidados na formacio € na condugio dos grupos sio imprescindiveis validade do trabalho, a que se agrega 2 competéncia dos pesquisadores para esse tipo de investigaeio © para a condugio dos grupos, © que envolve, além de conhecimento ¢ experiéncia, caracteristicas pessoais de empatia 66 CAPITULO 5 Potencialidades ¢ Limitages A preocupacio que tem surgido entre os pesquisadores mais experientes em relacio A utilizagio de grupos focais é que, com a expansio de seu uso, ‘vém-se encontrando relatos de trabalhos com grupos focais que nio correspondem a alguns dos requisitos bisicos do emprego dessa técnica como meio de investigacio cientifica, Usa-se a expressio "grupo focal", mas o que se faz. sio entrevistas coletivas, altamente ditigidas. O trabalho com grupo focal no € fic, Sua condugio requer preparo adequade, tanto por parte da equipe de pesquisa, como por parte dos moderadores de grupo, como procuramos deixar clato neste livro, Os dados gerados nos grupos ~ quando se trata mesmo de grupo focal ~ sio de natureza complexa, volumosos, refletindo tanto ambigitidades como conflitos, para além dos consensos. Por essa razio, hi autores que recomendam formagio ¢ treino no uso da técnica, antes de o pesquisador se utilizar | dela em suas pesquisas. Hi potencialidades interessantes ligadas ao trabalho de pesquisa desenvolvido em ciéncias sociais © humanas com grupos focais. A primeira delas é priprio tipo de material que emerge nas discussdes: idéias, opinides, modos de ver, atitudes, valores, que sio evidenciados ¢ processados num coletivo, _mostrando mudancas,influéncias recfprocas, acordos edesacordos, que se produzem ese alteram a0 longo) da dinimica do trabalho. 07 Morgan (1997) diz que um ponto positive do trabalho com grupos focais é que ele faz evocar informagdes que permitem aos pesquisadores compreender por que certo ponto de vista torna-se preponderante, ¢ 0 que se relaciona com isso. Assim, pode-se dizer que, por meio dos grupos focais, & possivel entender melhor, por exemplo, as diferengas ‘ou as proximidades existentes entre o que as pessoas dizem € 0 que elas fazem de fato, o que permite articulagées entre os miltiplos entendimentos ¢ significados revelados pelos participantes. Ainda \ Morgan, no mesmo texto, aponta limitagdes do uso dessa técnica, como, por exemplo, o controle menor que o pesqu do que o que cle pode ter nos estudos quantitativos, ou 0 que ele obtém quando realiza estudos com centrevistas individuais. O grupo, embora focado, tem seus caminhos préprios e abre sendas inesperadas. ' Por outro lado, consideramos que isso pode ser visto como qualidade e nfo como limitagio, segundo argumenta Morgan, porque podem emergis situagdes discusses que ampliam o cabedal explicativo diante do problema em pavta. Ei preciso lembrar que os participantes de um grupo focal esto se expressando aum contexto espectfica, em interagdes que so préprias daquele conjunto de participantes ¢, por isso, os pontos de vista de cada um deles néo podem ser tomados como posigdes definitivas. Cabe lembrar, também, que é preciso muita cautela na consideracio de um grupo focal como representativo de um certo universo de pessoas, Reunir pessoas para trabalho em grupo focal nem sempre é ficil, ¢ participantes potencialmente importantes podem nao se engajar no grupo por desconfianga, por nfo se sentizem a vontade em sador tem sobre os dados que emezgem 68 participagdes coletivas, ou por terem limitagdes comunicativas, ov, ainda, por nfo se sentirem seguros devido 4 selatividade do anonimato ¢ a confidencialidade nesse tipo de patticipacio, que cavolve muitas outras pessoas. grupo focal pode trazer alguns beneficios aos participantes, como a oportunidade de ampliar suas perspectivas em contato com pessoas que nio sto de seu circulo mais prdximo de relacdes, de se envolver em processos de decisio, de se inteirar de informagées, de interagir com pesquisadores na condigio de experts, etc. Alguns grupos podem favorecer processos de confianga ¢ colaboragio tai, que permite discusses e solugio de um probleria em particular. Isso no quer dizer que todos os participantes usufruam dessas condigdes em qualquer trabalho com grupo focal. As vezes, ogrupo focal pode _gerar intimidagdes, inseguranca ou barreiras defensivas emalguns. Observagées mostram que os participantes evidenciam ganhos pessoais interessantes, a partir da trama interpessoal em que se acham envolvidos, quando participam ativamente, quando estéo significativamente empenhados no trato das questdes trazidas_¢ quando as interagdes fluem cooperativamente, mesmo com contrapontos & conifitos. ‘A potencialidade mais enfatizada do grupo focal como meio de pesquisa esti ligada 4 possibilidade que ele oferece de trazer um conjunto concentrado de informagbes de diferentes naturezas (conceitos,idéias, opinides, sentimentos, preconceitos, ages, valores) para o foco de interesse do pesquisador. Também & enfatizada a confianga nas interagées grupais para 2 produciio de dados consistentes. As comparagies, 05, confrontos,as complementagbes, que os participantes 0 produzem entre si, a partir de suas experiéncias, sio uma fonte sdlida para a consteugio de compteensies sobre a complexidade de formas de pensar, de se comportar, das motivacdes, das intengdes € expectativas, em face de determinados aspectos de uma situagio, de um problema, de uma ocorréncia, de um servico, ete. As limitagéies apontadas no emprego dessa técnica podem set sintetizadas em dois pontos. Primero, como 0 grupo é otientado na ditegio dos interesses € objetivos do pesquisador, isso pode interferit na acuracidade do que € dito pelos participantes do grupo. Ou seja, pode haver algum impacto da atuacio do modetador do grupo sobre a fidelidade das expresses e considemgGes, quer por intervencoes, quer pela forma de conduzit 0 grupo ou as etapas dele, néo propiciando tempo para maiores explanagies ¢ explicagdes, Claro que essa inflaéncia do pesquisadot/moderador sobre os dados é uma questi preseate em qualquer abordagem qualitativa © por isso, deve merecer alguma atengio no sentido de nio prejudicara credibilidade dos dados. Por outro ado, © prdptio grupo pode influenciar os dados, tornando-se ditigista num certo sentido, A atencio deve ser concentrada nos efeitos relativos 20 conformismo de participantes, caso em que estes escondem coisas que diriam na privacidade, ou nas polarizagées, quando se radicalizam posigées apenas em fungi de certas situagdes grupais especificas, E. preciso atengao, ainda, ao uso do grupo focal como fonnte de didlos para pesquisa, cuidando pata nto se cait «em opinibes preconcebidas e superfciais, procurindo o conttonto de interpretagdes entre os membros da cquipe de pesquisa c buscando com o proprio grupo reflexes sobre significaclos que o pesquisador pensa ter captado. 0 A consisténcia dos dados obtidos repousa avs cuidados sistematicos durante sua coleta, na forma de trabalhar com eles, nas andlises empteendidas ¢ nas interpretagdes a que se propde 0 pesquisador. As evidéncias que apdiam as interpretagdes devem estar claras e ser verificaveis, quer por fatos, quer pela seguranga nas teorizagdes ¢ argumentagdes. a REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BARBOUR, R. S; KITZINGER, J. Developing focus groups research, London: Sage Publications, 1999. GONDIM, Sonia M. G. Perfil profissional e mercado de trabalho: relago com formacio académiea pela perspectiva de estudantes universitirios, Estudos de Paicolegia, Natal, v. 7, 0. 2, 2002. HUGHES, D; DUMONT, K. Using focus groups to facilitate culturally anchored research. American Journal of Community Prycholegy, 2.21, p. 569-579, 1993, KITZINGER, Jenny. ‘The methodology of focus groups: the importance of interaction between research participants. Sociltgy of Health and Hines, 16, n. 1, 1994, Qualitative Research: introducing focus groups, BM)-COM, 311, p. 299-302, 1995, KNODEL, |. The design and analysis of focus group studies: a practical approach. In: MORGAN, D. L. (Ed), Successful focus gronpr: advancing the state of the art, Newsbury Park, CA: Sage Publications, 1993. KRUEGER, Richard A CASEY, Mary A. Foensgronpe practical guide for applies research. 3. ed. London: ‘Sage Publications, 2000. LIMA, Marcia; BUCHER, Julia S. N. F; LIMA, José W. de O. A hipertensio arterial sob o olhar de 3 ‘uma populagio carente: estudo exploratério a partir dos conhecimentos, atitudes e priticas. Cadertos de Satide Paiblca, Rio de Janeito, v. 20, n. 4, 2004, MORGAN, David L. Focus groupsas qualitative research, 2, ed, London: Sage Publications, 1997. MORGAN, David L; KRUEGER, R.A. When to tase focus groups and why. In: MORGAN, D.L. (Ed.). Scesefil focus groups, advancing the state of the att. Newsbury Park, CA: Sage Publications, 1993. p. 3-9. PEDROSA, José Ivo dos S; TELES, Joio B. M. Conscnso ¢ diferengas em equipes do Programa Satide da Parmilia, Revita de Saitde Piblica, Sio Paulo, v. 35, n. 3, 2001. PIZZOL, Silvia J. S. ce, Uma aplicagio da técnica de grupos focais na tipificagio de sistemas de producio agropecuiria. Infirmagies Econémicas, So Paulo, v. 3, 1. 12, 2003, POWELL, R. As SINGLE, H. M. Focus groups, International Journal of Quality in Health Care,%. 8,1. 5, P- 499-504, 1996, SCHIESSL, Cliudia S; SARRIERA, Jorge C. O. ingresso 4 universidade: dificuldades ¢ expectativas dos jovens em relacio a escolha do curso universittio. Paice, Porto Alegre, v.31, n.2, p. 123-146, 2000, SOUZA, Elza M, de S. Integracio entre geragdes na promogio da saiide: estudo qualitativo no Brasil. Revista de Satde Pablica, Sio Paulo, v. 37,. 4, 2003, 74 STEWART, D. WSHAMDASANI,P.N, Fons groups: theory and practice, London: Sage Publications, 1992. J TANAKA, Oswaldo 3 MELO, Cristina, Avuliaio de programas de sade do adolesente: usa. modo de fazer. So Paulo: Edusp, 2001, WAGNER, Adriana et al. A comunicagio familiar: uma experiéncia com adolescentes em geupos focais. Paice, Porto Alegte, v.33, n, 1, p. 137-150, 2002. WESTPHAL, M. F; BOGUS, C. M.; FARIA, M. Grupos focais: experiéncias precursoras em programas educativos em satide no Brasil. Balen de 4a Oficina Sanitiria Panamericana, Washington, v. 120, 1. 6, p. 472-482, 1996, 5 NOTA SOBRE A AUTORA Bernardete Angelina Gatti, doutora em Psicologia pela Université de Paris VII, com pés-doutorado na Pensilvannia University (USA) e na Université de Montséal (Canada), é coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundacio Carlos Chagas (FCC) e docente da Pontificia Universidade Catélica de Sio Paulo (PUC-SP), com atuagio no Programa de Pés-Graduagio em Educagio, na area de Psicologia da Educacio. ‘Tem varios livros Publicados © mais de cem artigos em revistas especializadas, no Brasil ¢ no exterior. Suas éreas de trabalho sio: Formagio de Professores, Avaliagio Educacional e Questées de Pesquisa Cientifica. 7 4

Você também pode gostar