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DIREITO ADMINISTRATIVO 1? avaliagao - 2014 CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO: E 0 ramo do direito ptiblico que tem por objetivo os érgdos, agentes e pessoas administrativas que integram a Administrago Publica.Embora a atividade da Administragao Publica seja fungao tipica do Poder Executivo, os outros Poderes também praticam atos que, pela sua natureza, s40 objeto do Direito Administrativo. Exemplo: Nomeacao de servidor, aplicagao de penalidade disciplinar, remanejamento de pessoal, realizagdo de licitag&o publica.O Direito Administrativo nao integra tudo o que esta compreendido na fung&o administrativa, como 6 0 caso do Direito Tributario, Direito Financeiro e Direito Previdencidrio, que sao excluidos de sua érbita de estudos. CARACTERISTICAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 1. No contencioso: Nao faz coisa julgada, nao tem tribunais ou juizes. Somente o Poder Judiciario é contencioso, visto que seguimos o sistema inglés de jurisdigao nica. 2. Nao codificado: Nao ha um “cédigo” com as leis de Direito Administrativo, como ocorre com outros ramos do Direito (Cédigo Civil, Cédigo Penal, etc.). Por ndo ser codificado, o Direito Administrativo se extrai da lei, da jurisprudéncia, da doutrina e, em Ultimo caso, dos costumes. 3. Autonomia: Um ramo juridico sé é verdadeiramente auténomo quando nele se reconhecem principios que formam em seu todo uma unidade, e que articulam um conjunto de regras de maneira a comporem um sistema, um “regime juridico”, que © peculiariza em confronto com outros blocos de regras. Dai a necessidade de conhecer-se 0 “regime juridico administrative”, por ser ele que infunde a identidade propria do Direito Administrativo. (Celso Anténio Bandeira de Mello) 4, Discricionariedade: E a opgio, a escolha entre duas ou mais alternativas validas perante o direito (e néo somente perante a lei), entre varias hipoteses legais e constitucionalmente possiveis ao caso concreto. Essa escolha se faz segundo critérios préprios como oportunidade, conveniéncia, justiga, equidade, razoabilidade, interesse publico, sintetizados no chamado mérito do ato administrative. E a capacidade de escolha , em favor da administragéo, da conveniéncia de exercer o poder de policia, bem como de aplicar as sangées e empregar os meios adequados a atingir o fim desejado, tendo em vista a protegéo de interesse ptiblico, como por exemplo o policial que prende em flagrante, 0 agente da vigilancia sanitéria que retira do mercado produtos impréprios para consumo humano, ou o fiscal da receita federal que aplica uma multa em uma empresa, 5. Imediatividade: A Administragéo Publica tem um ato concreto, imediato. Quando © alo é baixado, deve ser cumprido imediatamente. JA 0 ato legislativo (lel) ndio & cumprido de imediato, depende da materializago do fato. Exemplo: Matar alguém (sé é preso se mater). 6. Espontaneidade: O ato administrativo é esponténeo. O administrador ndo precisa ser provocado para praticar 0 ato. O Judiciario, ao contrario, precisa ser provocado por uma ago. 7. Continuidade: Uma vez que a Administragao 6 curadora de determinados interesses que a lei define como publicos e considerando que a defesa, e prosseguimento deles é, para ela, obrigatéria, verdadeiro dever, a continuidade da atividade administrativa 6 principio que se impée. (Celso Anténio Bandeira de Mello) DIREITO PRIVADO: Regula os interesses dos particulares como forma de possibilitar © convivio das pessoas em sociedade e uma harmoniosa fruigdo de seus bens. * Caracteristica: Igualdade entre as partes nas relagées juridicas. Relagdo horizontal. Mesmo quando o Estado est4 em um dos polos da relagao juridica, ele estara em posigao de igualdade com a outra parte. Nessa situagao, o Estado NAO esta tutelando um interesse coletivo. « Exemplo: Na venda no mercado de produtos fabricados por uma sociedade de economia mista, ou na celebragao de um contrato de abertura de conta corrente entre um particular e a Caixa Econémica Federal S/A, 0 Estado nao estd, precipuamente, tutelando interesses coletivos, descabendo cogitar 0 uso de seu poder de império. * Integram esse ramo: Direito Ci em que todas as relagdes juridicas sejam integralmente regidas pelo direito privado. * OBS: Ha determinadas relagdes (mesmo travadas exclusivamente entre particulares) que podem ter repercussao nos interesses da coletividade como um todo. Em casos assim, é comum o ordenamento estabelecer regras de dircito publico, impositivas, derrogatérias do direito privado, excluindo a possibilidade das partes livremente fazerem valer sua vontade, afastando a incidéncia dos principios basilares do direito privado: autonomia da vontade e liberdade negocial. il eo Direito Comercial. Porém, nao ha um ramo DIREITO PUBLICO: Tem por objetivo principal a regulagao dos interesses da sociedade como um todo, a disciplina das relagdes entre esta e o Estado, e das relagdes das entidades e orgaos estatais entre si. * Caracteristica: Desigualdade entre as partes nas relagdes juridicas (prevaléncia do interesse publico sobre os interesses privados). Relacdo vertical. O Estado é superior ao individuo porque é regido por dois principios basilares: a supremacia do interesse piblico e a indisponibilidade do interesse puiblico (0 individuo ndo pode dispor de nada, tudo faz parte do acervo do Estado). Dessa forma, busca realizar de forma concreta, direta e imediata os fins desejados pelo Estado. + Exemplo: E possivel a desapropriagao de um imével privado para a construgao de uma estrada (independente do interesse ou vontade do proprietério). A CF/88 assegura 0 direito de propriedade, mas faculta ao Poder Publico efetuar desapropriages, desde que o proprietario receba justa e prévia indenizacao. * Integram esse ramo: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Tributério. * OBS: A atuacao do Estado nunca poderd ser regida exclusivamente pelo direito privado, com total afastamento das normas do direito publico, mas o Estado podera integrar relacdes juridicas regidas exclusivamente pelo Direito Publico. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO 4. Lei: A lei (abstrata e impessoal, é, de modo geral, a fonte principal do Direito Administrative (principio da legalidade). E a Unica fonte escrita. Inclui as constituigdes (federal e estadual), leis complementares, leis delegadas, leis ordinarias, medidas provisérias, tratados, regulamentos, instruges, atos e leis dos estados membros, dos municipios e do DF. Nao 6 fonte do Direito Administrativo toda e qualquer lei, mas somente aquelas que disp6em sobre relagdes administrativas. 2. Jurisprudéncia: E fonte derivada ou secundariado Direito Administrativo, representada pelo conjunto de decisées judiciais semelhantes sobre um mesmo tema (ou em um mesmo sentido). Divide-se em trés: a jurisprudéncia em si, a simula e a stimula vinculante. © Sumula: E 0 resumo do entendimento dos tribunais sobre determinado assunto, de maneira clara, direta e sem caréter vinculante. E apenas uma referéncia, uma orientagdo, nao é obrigatéria. * Sumula vinculante: Resumo do entendimento dos tribunais sobre determinado assunto, com efeito vinculante (obrigatério, eficdcia erga omnes), que s6 pode ser editado pelo STF. Sao consideradas fontes principais do Direito Administrativo, uma vez que alteram diretamente nosso ordenamento juridico positivo, estabelecendo condutas de observancia obrigatoria para toda a Administragao Publica (¢ para o proprio Poder Judicidrio). Exemplo: Stmula vinculante 13 - Proibe o nepotismo. 3. Doutrina: E a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, materializada em livros, artigos, etc. Assim como a jurisprudéncia, a doutrina também é fonte a secundaria e influencia no surgimento de novas leis e na solugao de dividas do cotidiano administrativo, além de complementar a legislagao existente, que muitas vezes é falha e de dificil interpretagao. 4. Costume: Os costumes sociais (conjunto de regras nao escritas, porém observadas de modo uniforme pelo grupo social, que as considera obrigatérias) s6 tém importancia como fonte do Direito Administrative quando de alguma forma influenciam a produgao legislativa ou jurisprudéncia, ou seja, menos que uma fonte secundaria so, quando muito, uma fonte indireta. E 0 conjunto de regras informais que passam a ser observadas pelos agentes publicos como se fossem obrigatérias, em virtude da auséncia ou deficiéncia legislativa (omisséo ou obscuridade da lel) Exemplo: Como se vestir no tribunal. SISTEMAS ADMINISTRATIVOS: Sistema administrativo vem a ser o regime adotado pelo Estado para o controle dos atos administrativos ilegais ou ilegitimos praticados pelo Poder Publico nas diversas esferas e em todos os Poderes. Sao dois os sistemas existentes: 0 inglés e o francés. 1. Sistema inglés: O sistema inglés, de controle judicial ou de unicidade de jurisdigao € aquele em que todos os litigios (administrativos ou que envolvam interesses exclusivamente privados) podem ser levados ao Poder Judiciario, Unico que dispde de competéncia para dizer o direito de forma definitiva, com forga de coisa julgada. Diz-se que somente o Poder Judiciério tem jurisdigo, em sentido proprio, * Afirmar que © controle da legalidade da atividade administrativa € efetivado pelo Poder Judicidrio nao significa retirar da Administragdo Publica o poder de controlar os seus proprios atos. A diferenga é que, no sistema de jurisdigo unica, as decisdes dos orgéos administrativos nao sao dotadas da forga e da definitividade que caracterizam as decisses do Poder Judiciétio. Os érgdos administrativos solucionam litigios dessa natureza, mas suas decisées ndo fazem coisa julgada em sentido proprio, ficando sujeitas a revisio pelo Poder Judicidrio, sempre mediante provocagao do particular que no concorde com a decisao proferida no litigio administrative em que ele foi parte. 2. Sistema francés: O sistema francés, contencioso ou de dualidade de jurisdigao é aquele em que ha tanto tribunais judiciais quanto tribunais administrativos. Exemplo: Uma demissao de servidor nesse sistema seria algo definitivo, nfo se poderia recorrer ao Poder Judicidrio, Nesse sistema hd, portanto, uma dualidade de jurisdigao: * Jurisdigéo administrativa:Formada pelos tribunais de natureza administrativa, com plena jurisdigao em matéria administrativa. ‘+ Jurisdigao comum:Formada pelos érgaos do Poder Judiciario, com a competéncia de resolver os demais litigios. 3. Sistema brasileiro: O Brasil adotou o sistema inglés, sistema de jurisdig&o Gnica ‘ou sistema de controle judicial, em que somente a deciséo do Poder Judicidrio tem forga de coisa julgada. * © principio da inafastabilidade de jurisdigéo ou da unicidade de jurisdigao encontra-se expresso como garantia individual (clausula pétrea) no inciso XXXV do art. 5° da CF/88. Por forga desse dispositivo, “a lei ndo excluird da aprectagao do Poder Judicidrio lesdio ou ameaga de direito”. + Herdou do sistema inglés: Simulas vinculantes e unidade da jurisdigao. + Herdou do sistema francés: Atributos de auto executoriedade, responsabilidade objetiva do Estado e regime institucional dos servidores pUblicos. PRINCIPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO * Principios constitucionais: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia. Esto presentes no art. 37 da CF/88. * Demais principios: Finalidade; Razoabilidade; Proporcionalidade; Motivagao; Ampla responsabilidade do Estado; Obrigatoriedade do desempenho da atividade publica; Continuidade do servigo publico; Controle administrativo ou tutela; Isonomia ou igualdade dos administrados; Inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses publicos (ndéo podem ser transferidos); Controle jurisdicional dos atos administrativos; Seguranga juridica, RELAGAO COM OUTROS RAMOS 1. Direito Constitucional: A CF/88 dedica um capitulo inteiro ao regramento da atividade administrativa, chamado “Da Administragao Publica’, 2. Direito Civil: O Direito Administrativo surgiu como um regime privado (Franga). Hoje, apesar de auténomo, ainda recorre ao Direito Civil (CC) para solucionar problemas administrativos. 3. Direito Processual Civil: Lei federal do Processo Administrativo. 4, Direito do Trabalho: O regime juridico aplicado aos empregados piblicos é, essencialmente, a CLT. 5, Direito Penal: As condutas de maior lesividade 4 Administragao Publica estdo tipificadas como “Crimes contra a Administragao Publica’, 6. Direito Processual Penal: Apuracio e julgamento dos crimes contra a Administragao Publica. SPOOHOHOHOHSHSHHHHSSHSHSHHHHHHOHHHSHHSHHOSHHEHEHHOOEHOEOE ‘4 7. Direito Tributario: E uma especializago do Direito Administrativo, que regula a arrecadagao de tributos. REGIME JURIDICO ADMINISTRATIVO: E o regime de direito puiblico aplicavel aos érgaos e entidades que compéem a Administragao Publica e a atuagéio dos agentes administrativos em geral. So base do regime juridico-administrativo os principios: 1. Supremacia do interesse piiblico: E a superioridade do interesse pUblico em face do interesse de um particular. Jamais sera a sobreposicao do interesse do administrador, mas sim do interesse da coletividade como um todo. Essa superioridade gera duas consequéncias:posi¢ao privilegiada para zelar e exprimir 0 interesse puiblico na relagdo com particulars e supremacia do érgao publico. * A soma destes dois elementos gera a exigibilidade dos atos administrativos (possibilidade do proprio Estado exigir do particular o cumprimento de determinada obrigagéo) e a autotutela (que faculta ao Estado revogar efou anular unilateralmente seus atos). 2. Indisponibilidade do interesse pUblico: Ao mesmo tempo em que a Administragao tem poderes especiais, também tem restrigoes para sua atuagdo. Os bens e interesses ndo se acham entregues a livre disposigio da vontade do administrador. Néo hd, a rigor, “vontade auténoma da Administragao”, mas sim “vontade da lei", que traduz a “vontade geral’. Por esse principio, a Administragao s6 pode atuar quando houver lei que a autorize ou determine a sua atuagéo, e nos limites estipulados pela lei. * A indisponibilidade é limite a supremacia do interesse piblico. Sendo a supremacia do interesse pubblico a consagragao de que os interesses coletivos devem prevalecer sobre o interesse do administrador ou da Administracao Publica, 0 principio da indisponibilidade do interesse pUblico vem firmar a ideia de que 0 interesse pUblico ndo se encontra a disposi¢o do administrador ou de quem quer que seja. Sao consequéncia deste outros principios: da legalidade, finalidade, motivacdo, etc. * “Sendo interesses qualificados como préprios da coletividade, nao se encontram a livre disposigéo de quem quer que seja, por inapropridveis. O proprio érgéo administrativo que os representa no tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que Ihe incumbe apenas curd-los, 0 que é também um dever.” (Celso Anténio Bandeira de Mello) INTERESSE PUBLICO: E 0 somatério dos interesses individuais, representando o interesse majoritério da sociedade. E certo que o interesse publico pode confrontar 0 interesse individual de um cidadao especifico, mas néo pode se contrapor ao conjunto de interesses individuais. OBS: Interesses primarios e secundarios do Estado: Independentemente do fato de ser encarregado dos interesses publicos, o Estado pode ter, tanto quanto as demais pessoas, interesses que Ihe sao particulares. Estes, porém, no so interesses publicos, ¢ sim interesses individuais do Estado, similares aos interesses de qualquer outro sujeito. 4.Interesses primarios: Interesses piblicos propriamente ditos, interesses da coletividade como um todo. 2.nteresses secundarios: Interesses que o Estado (pelo s6 fato de ser sujeito de direitos) poderia ter como qualquer outra pessoa, isto é, independentemente de sua qualidade de servidor de interesses de terceiros. Sao os interesses privados do Estado, que néo podem se chocar com os interesses puiblicos, mas sim coincidirem com a realizagao deles. Entdo, o Estado sé pode buscar seus interesses secundarios quando eles coincidirem com os interesses primarios, > Pessoas administrativas: Sao entidades da Administragdo Publica indireta que possuem autonomia administrativa e financeira. Sado as autarquias, fundagdes, empresas piblicas e sociedades de economia mista, > Orgaos da administragao: Sao centros de competéncia aptos para a realizagao das fungGes estatais. > Agentes administrativos: Sdo uma espécie do género agentes pliblicos, que se vinculam ao Estado por meio de uma relacdo profissional, sujeitos @ hierarquia funcional e ao regime juridico proveniente da entidade que servem. AGENTES PUBLICOS: Agente ptblico é todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneragao, por eleigéo, nomeagéo, designagao, contratacao ou qualquer forma de investidura ou vinculo, mandato, cargo, emprego ou fungao publica. Séo os agentes politicos; administrativos; credenciados delegados, concessionarios e permissionarios; e honorifics. 1. Agentes politico: possuindo competéncia definida diretamente pela Constituigdo Federal. Nao se submetem aos regimes juridicos proprios dos servidores publicos em geral, pois possuem regras préprias, devido a importancia de suas fungSes. Normalmente, seus cargos so provides mediante elei¢ao, nomeago ou designagao. 40 aqueles integrantes do alto escaléo do Governo, SOCHOHHOSHSSHSSHSHHSSHSSHSHSHSHSHHSHHSHHHHOHSHHHHOHOHSHHHHOHHOHHOCE SCCCCCCCOCCOECOCE COCOOOOOOCOOOOOEOOOOO OOOO OOOO CEEK. 2. Agentes administrativos: Sao aqueles que possuem uma relagao funcional com a Administragao Pablica. Exercem atividade profissional e remunerada e sujeitam-se Ahierarquia administrativa e a regime juridico proprio. a) Servidor publica: S4o concursados e subordinados as regras estatuérias. b) Empreaado publico: Possuem cargo ou emprego em comissao. Séo subordinados as normas da CLT e contratados por prazo indeterminado. c) Servidor temporatio: Tem seu contrato celebrado para atender uma necessidade temporaria de interesse publico. Dispensa a exigéncia de concurso piiblico, sendo uma excegdo a regra. DIFERENGA ENTRE CARGO E FUNCAO 4. Cargo:Lugares criados em um érgao da Administragao Publica direta ou indireta que devem ser providos por agentes, que exercero suas fungdes na forma legal. cargo é o menor centro de competéncias dentro da estrutura administrativa. 2. Fungao:Sao os encargos atribuidos aos érgaos, cargos e agentes. ORGANIZAGAO DOS CARGOS NA ADMINISTRACAO PUBLICA 1. Tipos de cargos a) Isolados:E 0 caso do cargo de presidente da repUiblica e vice-presidente da reptiblica, que sao cargos tinicos. b)Agrupados:Podem ser organizados em quadros, carreiras e classes. 2, Tipos de provimento a)Origindrio: Quando no ha vinculo com um cargo anterior. Exemplo: Provimento por concurso publico, primeiro emprego, etc. b)Derivado: Mudanga de cargo que depende da existéncia de um cargo anterior. OBS:A criagdo, transformagao e extingdio de cargos, funges ou empregos publicos 86 pode ser feita mediante lei de competéncia privativa do Chefe do Poder Executivo, abrangendo a Administragao indireta. Se tratando de servidor estavel, caso extinto 0 cargo, sera colocado em disponibilidade com remuneragao proporcional ao tempo de servigo, até ser adequado aproveitamento em outro cargo. Entretanto, para se fazer 0 enquadramento devem ser observadas as semelhangas do cargo extinto com 0 novo, em relagdo as atribuigses e remuneragdo, pois se nao houver compatibilidade configura novo provimento e exige concurso publico. ADMINISTRACAO PUBLICA: Eo conjunto de rgaos, servigos e agentes do Est que procuram satisfazer as necessidades da sociedade, tais como educagao, ct seguranga, saude, etc. Em outras palavras, Administracéo Publica é a gest’ interesses puiblicos por meio da prestagdo de servicos piblicos, sendo dividida em administragdo direta e indireta. 1, Administragéo Publica Direta: E a Administragao Pubica da pessoa juridica de direito intemo, composta por érgos publicos ligados diretamente ao poder central, federal, estadual ou municipal. Estes érgdos ndo so dotados de personalidade Juridica propria, patriménio nem autonomia administrativa. As despesas inerentes 4 Administragao so contempladas no orgamento publico, e ocorre a desconcentragao administrativa, que consiste na delegagao de tarefas. E desempenhada pela Unido, estados, municipios e DF. 2. Administragao Publica Indireta: E a transferéncia da Administragao por parte do Estado para outras pessoas juridicas. E composta por entidades com personalidade juridica propria, patriménio e autonomia administrativa, cujas despesas sao realizadas através de orcamento proprio. Caracteriza-se pela descentralizagao administrativa, ou seja, a competéncia é distribuida de uma pessoa juridica para outra. Cria novas entidades, como: Autarquias, fundagées, empresas publicas e sociedades de economia mista (+ consércios e servigos sociais, na opiniéo do professor). ENTIDADES DA ADM ISTRACAO PUBLICA INDIRETA Pessoas juridicas da Administragao Indireta De direito piiblico De direito privado Autarquias Empresas piiblicas Fundagdes publicas Sociedades de economia mista Agénciasreguladoras Fundagdes governamentais Assoviagdespiblicas AUTARQUIAS: Saopessoas juridicas de direito publico intemo, criadas e extintas por lei especifica (art. 37 XIX da CF), que exercem atividades tipicas da Administracao Publica (prestar servigos publicos, exercer 0 poder de policia ou promover o fomento). Nunca exercem atividade econémica. Exemplos: INSS, IBAMA, USP. Geralmente o termo “instituto” designa entidades publicas com natureza autarquica. 1. Caracteristicas das autarquias SPOHOSHOHOHSSSHOHSHSSHOHSHSHSHSHSHOHSHHHSHSHHHOHSHOHOHHSHEHOOOE * Servigo auténomo. Sao dotadas de autonomia gerencial, orgamentéria e patrimonial. © Praticam atos administrativos (presungdo de legitimidade, imperatividade, etc.). * Nao esto subordinadas hierarquicamentea Administragéo Publica direta, mas sofrem um controle finalistico chamado de supervisdo ou tutela ministerial. * Celebram contratos administrativos, cujas regras estabelecem uma superioridade contratual da Administracéo Publica sobre os particulares contratados. * O regime normal de contratacdio é o estatuario. * Possuem prerrogativas especiais da Fazenda Publica (prazos em dobro, etc.). * Responsabilidade objetiva e direta (sem necessidade de comprovar culpa ou dolo). © So imunes a impostos (art. 150 §2 da CF). ‘* Seus bens sao ptiblicos (impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade). * Outras caracteristicas: Sofrem controle dos tribunais de contas, tem o dever de observar as regras de contabilidade publica, estdo sujeitas a vedagdo de acumulagéo de cargos e fungdes piblicas, devem realizar licitagao e seus dirigentes ocupam cargos em comissao de livre provimento e exoneracao. * Comentério do professor: E a personificagao de um servigo publico. Nao confundir a autarquia brasileira com a autarquia italiana (territorial). Podem cobrar prego ou taxa. 2. Espécies de autarquias a) Autarquias administrativas ou de servigo: Sao as autarquias comuns, dotadas do regime juridico ordinario dessa espécie de pessoa publica, Exemplo: INSS. b) Autarquias especiais:Caracterizam-se pela existéncia. de determinadas peculiaridades normativas que as diferenciam das autarquias comuns, com autonomia mais acentuada. Exemplo: Banco Central e agéncias reguladoras (Anatel, Anvisa). FUNDAGOES: Sao pessoas juridicas de direito publico ou privado (dependendo da lei instituidora), sem fins lucrativos. Sao instituidas por lei especifica, mediante a afetagéo de um acervo patrimonial do Estado a uma dada finalidade publica. Exemplos: Funai, IBGE, Fundagéio Biblioteca Nacional. As fundagées publicas sao espécies de autarquias, revestindo-se das mesmas caracteristicas. 4. Espécies de fundagdes a) Fundacao de direito_publico: Instituida pelo Poder Publico, 6 uma espécie de autarquia (chamada autarquia fundacional). Submete-se ao controle do Tribunal de Contas. Tem por objeto atividade de interesse social, finalidade social, sem fins lucrativos. Exemplo: FUNAI. b) Fundacéo de direito privado: Sua criagdo se dé pelo ato de instituigéio. Submete- se ao controle do Ministério Publico. E fundada por um particular (pessoa fisica ou juridica), e chamada fundagao governamental. Exemplo: Fundagéio Roberto Marinho, Fundagao Ayrton Senna. EMPRESAS PUBLICAS: Sao pessoas juridicas de direito privado, criadas por autorizagao legislativa, com patriménio préprio e capital exclusivo da Unido. Tem forma organizacional livre e demandas de competéncia da Justiga Federal. Exemplos: Embrapa, Empresa de Correios e Telégrafos, Caixa Econdmica Federal. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: Pessoa Juridica de direito privado, instituida mediante registro em érgdo préprio para explorago de atividade econémica, com maioria de capital publico e organizada obrigatoriamente como sociedade anénima. Exemplos: Banco do Brasil, Petrobras. * Sao criadas mediante autorizacdo legislativa (e ndo por lei), sob qualquer forma juridica (S/A, LTDA). * Além de explorar atividades econémicas, podem também prestar servigos publicos. * Sociedade na qual hé colaboracdo entre o Estado e particulares, ambos reunindo recursos para a realizagao de uma finalidade, sempre de objetivo econdmico. CONSORCIOS: Criado por lei em 2005, 0 consércio piblico pode ser de direito piiblico ou privado. Quando de direito piiblico, 0 consércio publico faz parte da administrago indireta. O consércio publico é uma parceria formada entre entidades estatais para exercer alguma atividade de interesse da coletividade, geralmente relacionados ao meio ambiente, satide, desenvolvimento regional, desenvolvimento de recursos hidricos esaneamento basico. Exemplo: Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). * Art. 241 da CF/88: A Unido, os estados, 0s municipios e o DF disciplinarao, por meio de lei, os consércios ptiblicos e convénios de cooperagao entre os entes federados, autorizando a gestao associada de servigos publicos, bem como a transferéncia total ou parcial de encargos, servigos, pessoal ou bens essenciais & continuidade dos servigos transferidos. * O objetivo da norma constitucional ¢ o de consolidar a gestdo associada entre os entes federados para consecugao de fins de interesses comuns. (Maria Sylvia Zanella Di Pietro) * Conceito perante a Lei 11.107/05: Associagdes formadas por pessoas juridicas politicas (Unio, estados, municipios ou DF), com personalidade de direito pubblico SSCHOSSSSSSHSHSSSSSSHHSSSHHSHSHSHHSHSHSHOHSHSHSSHSHSOEESOOEEHE ou de direito privado, criadas mediante autorizagdo legislativa, para a gestdo associada de servicos puiblicos. © Comentario do professor: Reuniao de esforgos para atingir um objetivo comum. Formado normalmente por entidades de mesmo nivel. Vira convénio quando tem autarquias, fundagées, etc. Exemplo: SESC, SENAI. OBS:A lei deu alguns privilégios ao consércio pubblico, independentemente de sua natureza piiblica ou privada: 1. Poder de promover desapropriagées e instituir servid6es nos termos de declaracaéo de utilidade ou necessidade publica, ou interesse social, realizada pelo Poder Publico (art. 2°, § 1°, inciso II); 2. Possibilidade de ser contratado pela Administracao Direta ou Indireta dos entes da Federagao consorciados, com dispensa de licitagao (art. 2°, § 1°, inciso Ill); 3. Limites mais elevados para fins de escolha da modalidade de licitagao (§ 8° do artigo 23 da Lei n° 8.666, de 21-6-1993, acrescentado pela Lei n° 11.107/05); 4. Poder de dispensar a licitagao na celebragdo de contrato de programa com ente da Federagao ou com entidade de sua Administracao Indireta, para a prestacao de servigos ptiblicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consércio piblico ou em convénio de cooperagéo (art. 24, XXVI, da Lei n® 8.666/93, acrescentado pela Lei n® 11.107/05); 5. Valores mais elevados para a dispensa de licitacdo em razo do valor, prevista no artigo 24, incisos | e II, da Lei n® 8.66/93, conforme alterago introduzida no § 1° do referido dispositivo pela Lei n° 12.715, de 17-9-12. SERVIGOS SOCIAIS: Os servigos sociais auténomos sao pessoas juridicas de direito privado, criados mediante autoriza¢&o legislativa, sem fins lucrativos. « Executam servicos de utilidade publica, mas nao servigos piiblicos. Néo pertencem ao Estado. Produzem beneficios para grupos ou categorias profissionais. Nao precisam contratar pessoal mediante concurso publico. Esto sujeitos ao controle estatal (Tribunal de Contas). ‘So obrigados a realizar licitagao. So imunes a impostos. { Quadro comparative entre fundagi governamentais de direito privado + Fundagiespiblicas Fundagées governamentais Quadro comparativo entre empresas piblicas e sociedades de economia mista Enpresas piiblicas Sociedades de economia mista Base legal: art. 5° Il, do Decreto-Lei n. 200/67 [Base egal art. 4, Ill, do Decreto-Lein, 200/67 Pessoas juridicas de direto privado Pessoas juridicas de direito privado Totalidade de capital piblico Maioria de capital votante é piblico Forma organizacional livre Asda Unido tém causas julgadas perantea | Causas ulgadas perante a Justiga Comum Justiga Federal ‘Estadual Asestaduis, distritaise municipaistém As estaduais,distrtais e municipaistém causasjulgadas, como egra,em Varas da causasjulgadas em Varas Civeis | Fazenda Pablica a) FUNDAGKO SOCIEDADE DE PUBLICA | |EMPRESAPUBLICA) |e cvcua Misra AUTARQUIA ‘Autarquias Fundacao Piiblica | Empresa | Soc. De Econ, Estado | interesse do Estado Bens impenhordvis ‘Bens penharaveis Piiblica | Mista Cringe per let per Decreto | Criaglo por Decreto | Criacdo por Decreto specifica | Pessoa juridica de | Pessow juridica de Di. | Pessoa juridica de 1 Pessoa juridica de Bit. Pabico | Pablico Dit Privado ie, Privado Executa servicos do | Executa servigos de | Exerce atividade erce atividade econémica | econémica | Prvilégios em juizo Estatutirios | Estatutirios Capital pablico Capital publico descentralizado ntrafizade poder pillico Capital exclusive do | Sempre é sock Contrates per | Contratos por licitagio | Gontatos por Contrates por leitagao | licitagdo [icitagia ‘Autonoma | Autonoma ‘Autonoma Rutonoenia administrati | administratiae | adminiserativa e finsnceira finsnceira financeira privilégic em Responda as questées de modo breve. Coloque 0 tema de forma sintelizada, mantendo os elementos essenciais a compreensdo da resposta dada. Cada questéo tem peso 2.5 pontos. Cada questéo tem limite de linhas para resposta, Ao ultrapassar, havera desconto proporcional. 4. A Administragao Publica Municipal, titular do dominio sobre as ruas ¢ pragas de Pelotas, impés a retirada das lancheriasttrailers que estavam localizados nas vias publicas da cidade. Tudo precedido do devido proceso legal.Cite ~ apenas isso! ~ quais os privilagios demonstrados pela Administrago Péblica (¢ que caracterizam © Direito Administrativo) na agéo do Municipio. Indique, também, uma garantia disponivel ao Administrado e presente nessa ago do Municipio. Responda em 08 linhas. 2. Cite e explique os postulados fundamentais do regime juridico administrativo sustentados por Maria Sylvia Z. Di Pietro e Celso Anténio B. De Mello. Justifique em 15 linhas. 3, Estabelega de modo breve a.diferenciagdo entre “agentes politicos’ e “servidores plblicos”. Sustente a possibilidade da nao incluséo dos membros do Ministério Publico na qualidade de “agentes politicos”. Responda em 10 linhas. 4, Sobre pessoas juridicas administrativas, responda (resposta em 12 linhas): a) Quais as entidades que compée a Administragao Publica indireta? b)E possivel ocorrer 0 fendmeno da concentragao na Administragéo Publica indireta? Justifique. ¢) Quais os aspectos da autonomia que se revelam em favor da Administragao Indireta de Direito Publico? Apenas cite. d) Por que a alienago de imével, por autarquia, prescinde de autorizacéo legistativa especifica? DIREITO ADMINISTRATIVO 2? avaliagao - 2014 PRINCIPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO . Principio da legalidade A legalidade, como principio de administragao (art. 37 da CF), significa que o administrador pUblico esté, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e as exigéncias do bem comum, e deles nao se pode afastar, sob pena de praticar ato invalido e responder judicialmente. O exercicio da fungaio. administrativa no pode ser pautado pela Vontade da Administragao ou dos agentes piblicos, mas deve obrigatoriamente respeitar a vontade da lei. Na Administragao Publica sé é permitido fazer 0 que a lei autoriza, enquanto na administragao particular é licito fazer tudo 0 que a lei nao proibe. A legalidade na Administragéo n&o se resume a auséncia de oposigdo @ lei, mas pressupée autorizagao dela como condiggo de sua ago. Pela lei ser abstrata e por ser materialmente impossivel prever todas situagdes faticas, decorre que & Administragao restarao a faculdade e o dever de apreciar discricionariamente as situagdes de cada caso. Por isso, a Administragao deve ser orientada pelos principios do Direito e da Moral, para que ao “legal” se ajunte o honesto e o conveniente aos interesses sociais. . Principio da moralidade ‘A moralidade administrativa constituiu pressuposto de validade de todo ato da Administragéo Publica, sem o qual toda atividade publica sera ilegitima. & necessdrio & validade da conduta do administrador puiblico. Nao se trata da moral comum, e sim da moral juridica, entendida como “o conjunto de regras de condutas tiradas da disciplina interior da Administragao". Exige respeito a padrées éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade, incorporados pela pratica diaria ao conceito de boa administragdo. Certas formas de ago, ainda que nao impostas diretamente pela lei, passam a fazer parte dos comportamentos socialmente aceitaveis esperados de um bom administrador publico. O administrador devera distinguir 0 legal do ilegal, o justo do injusto, 0 conveniente do inconveniente, 0 oportuno do inoportuno e, principalmente, 0 honesto do desonesto (nem tudo que é legal é honesto). . Principio da finalidade * Eo principio que impée ao administrador ptiblico que sé pratique o ato para o seu fim legal, 0 fim legal € unicamente aquele que a norma de Direito indica @ expressamente como objeto do ato, de forma impessoal. e * A finalidade sempre tera um objetivo certo e inafastavel de qualquer ato e administrativo: o interesse piblico. Tudo o que apartar desse objetivo podera ser @ invalidado por desvio de finalidade. Se a Administragdo nao atende ao fim legal a @ que esta obrigada, entende-se que abusou de seu poder. O fim legal &, sem duvida, @ um limite ao poder discricionario. e * Esse principio também deve ser entendido para excluir a promogdo pessoal de @ autoridades ou servidores publicos sobre suas realizagdes administrativas. Assim,o @ administrador fica impedido de buscar outro objetivo que nao o interesse ptblico, ou @ de praticd-lo no interesse proprio ou de terceiros. Contudo, em alguns casos 0 @ interesse pUblico poder coincidir com o interesse de particulares, como nos @ contratos piiblicos. O que nao pode ocorrer é a finalidade de satisfazer interesses unicamente privados, por favoritismo ou perseguicéo dos agentes governamentais, sob a forma de desvio de finalidade, desvio de conduta este que constitui uma forma de abuso de poder. * Nao se compreende uma lei nem se entende uma norma sem entender qual o seu objetivo. Também nao se aplica uma lei corretamente quando no se entende a sua finalidade. Sé cumpre a legalidade quando se atende a sua finalidade, quando se @ satisfaz seus propésitos. Atividade administrativa desencontrada com o fim legal é e invalida e por isso judicialmente censuravel. 4, Principio da razoabilidade * Este principio impée a obrigagdo de que os agentes publicos realizem suas fungdes @ com equilibrio, coeréncia e bom senso. Nao se pode admitir a utilizagaéo de @ prerrogativas pUblicas sem moderagéo e racionalidade. Comportamentos @ imoderados, abusivos, irracionais, desequilibrados, inadequados e incoerentes nao @ ‘so compativeis com o interesse puiblico, pois geram a possibilidade de invalidagéo @ judicial ou administrativa. e + Nos casos em que a Administragao dispée de certa liberdade para eleger 0 @ comportamento cabivel diante do caso concreto, é evidente que tal liberdade nao Ihe foi concedida pela lei para agir desarrazoadamente, de maneira ilégica. Nao se pode supor que a lei admita condutas insensatas. Nao se pode dizer que a finalidade legal se cumpre quando a Administragao adota medidas discrepantes do razoavei. 5. Principio da proporcionalidade * A proporcionalidade @ um aspecto da razoabilidade, voltado a aferigo da justa medida da reagao administrativa diante da situagao concreta. Constitui proibigo de exageros no exercicio da fungao administrativa. * Refere-se aproporcionalidade do ato a situagéo que demandou sua expedigao. Também 6 chamado de principio da proibigdo de excessos, que tem o objetivo de aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrigdes desnecessérias ou abusivas por parte da Administragao Publica, com lesdo a direitos fundamentais. * Cabe ao Judicidrio anular os atos administrativos com excessos desnecessarios, por consistir em transbordamento da finalidade legal, ou entdo excluir apenas aquilo que foi caracterizado como excesso. bad Principio da eficiéncia * Exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeicéo e rendimento funcional. Nao se contenta apenas com a legalidade, mas exige resultados positivos para o servico publico e satisfatério atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. * Economicidade, redugéo de desperdicios, qualidade, rapidez, produtividade e rendimento sao valores encarecidos pelo principio da eficiéncia. Este principio consiste em buscar os melhores resultados por meio da aplicagao da lei. + Exemplo: Tornou-se direito constitucional a partir do art. 5° LXXVIII, que assegura a todos “a razoavel duragao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitagao". 7. Principio da motivagao + Eo principio que impée a Administracdo Publica o dever de expor as razbes de direito @ de fato pelas quais tomou as providéncias adotadas. Cumpre-the fundamentar 0 ato que haja praticado, justificando as razées que Ihe serviram de apoio para expedi-lo. ‘+ Por dispor de certa liberdade (discricionariedade administrativa), nao haveria como saber se seu comportamento atendeu ao principio da legalidade, se atendeu a finalidade normativa, se obedeceu a razoabilidade e a proporcionalidade, etc. Por isso, essa fundamentagdo/explicagéio de seus atos permite avaliar a consonancia (ou dissondncia) com tais principios. + Em certos atos administrativos, oriundos do poder discricionario, a justificagdo sera dispensavel, bastando evidenciar a competéncia para o exercicio desse poder ¢ a conformagao do ato com o interesse puiblico. Em outros atos administrativos, porém, que afetem 0 interesse individual do administrado, a motivagao € obrigatéria, para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. A motivagao ainda 6 obrigatéria para assegurar a garantia da ampla defesa e do contraditério. . Principio da publi Publicidade a divulgacao oficial do ato para conhecimento piiblico e inicio de seus @ efeitos externos. A publicidade nao é elemento formativo do ato, e sim requisito de @ eficdcia e moralidade. Em principio, todo ato administrative devera ser publicado, s6 @ se admitindo sigilo nos casos de seguranca nacional, investigacées policiais, vida @ intima das pessoas, etc. e E diferente de publicagdo, e sindnimo de transparéncia. E a possibilidade de acesso @ as decisées tomadas pelo Poder Publico, bem como suas causas, fundamentos, @ etc. Por vezes, exige como condigéo de validade ou eficdcia a publicagao @ (exemplos: licitagdo, concurso piiblico). Se os interesses piblicos sao indisponiveis, se sao interesses de toda a coletividade, os atos emitidos a titulo de implementa-los hdo de ser exibidos em piiblico. O principio da publicidade impde a transparéncia na_atividade administrativa exatamente para que os administrados possam conferir se esta sendo bem ou mal conduzida. jade . Principio da isonomia ou igualdade dos administrados Impde ao legislador e & Administrago 0 dever de dispensar tratamento igual a @ administrados que se encontram em situagao equivalente. Exige, desse modo, uma igualdade na lei e perante a lei. e No pode haver qualquer tipo de favoritismo ou desvalia em proveito ou detrimento @ de alguém. Ha de agir com obediéncia ao principio da impessoalidade (dever de @ imparcialidade). e Uma vez que os interesses que Ihe incumbe prosseguir so pertinentes 4 @ Sociedade como um todo, quaisquer atos que os érgdos administrativos pratiquem @ devem, necessariamente, refletir a igualdade de oportunidade para todos os @ administrados. e Exemplo: Licitago e provimento de cargo publico mediante concurso. No caso da @ licitagZo, sua exigéncia para a realizagdo de negécios com particulares nao visa @ apenas obter o melhor produto/menor énus, mas implica também a obrigagao de oferecer aos particulares a oportunidade de disputar em igualdade de condigées. Com relagéo ao gozo ou fruigéo dos servicos publicos, a Administracdo esta, igualmente, obrigada a presté-los a todos os cidadaos, sem discriminacées. idade dos interesses ptiblicos * A indisponibilidade dos interesses publicos significa que, sendo interesses qualificados como proprios da coletividade (internos ao setor ptiblico), néo se encontram a livre disposigo de quem quer que seja, por inapropriéveis. O proprio 6rg40 administrative que os representa no tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que Ihe incumbe apenas curé-los, o que é também um dever. + A Administragao ndo titulariza interesses piblicos. O titular deles é 0 Estado, que os protege através da fungdo administrativa, mediante um conjunto de érgaos, veiculos da vontade estatal consagrada em leis. 11. Principio da obrigatoriedade do desempenho da atividade publica * Traduz a situagao de “dever’ em que se encontra a Administragao (direta ou indireta), em face da lei. O interesse piiblico, fixado por via legal, nao esté a disposigéo da vontade do administrador, sujeito a vontade. deste, mas pelo contratio: apresenta-se para ele sob a‘ forma de comando. Por isso mesmo, a prossecugo das finalidades assinaladas, longe de ser um “problema pessoal” da ‘Administragao, impée-se como obrigagao indiscutivel. 12, Principio da continuidade do servigo pilblico * Veda a interrupgao na prestagao dos servigos ptiblicos, e seu fundamento reside no fato de a prestagdo de servicos publicos ser um dever do Estado, constitucionalmente estabelecido, localizando-se, portanto, acima da vontade da Administragao Publica, que nao tem escolha entre realizar ou ndo a prestagao. * Uma vez que a Administracéo é curadora de determinados interesses que a lei define como piblicos e considerando que a defesa, e prosseguimento deles é, para ela, obrigatéria, verdadeiro dever, a continuidade da atividade administrativa é principio que se impée. * A continuidade do servigo pitblico decorre da obrigatoriedade do desempenho da atividade publica, que impde ao Estado o dever inescusavel de prover 0 desempenho de todas as tarefas proprias da Administragao Publica. 13, Principio do controle jurisdicional dos atos administrativos * Preceitua que o Poder Judicidrio detém ampla competéncia para investigar a legitimidade dos atos praticados pela Administracéio Publica, anulando-os em caso de ilegalidade. * Nosso pais adotou o sistema anglo-americano, em que ha unicidade de jurisdicao, ou seja, cabe exclusivamente ao Poder Judicidrio o exercicio pleno da atividade jurisdicional (art. 5° XXXV). Assim, todo e qualquer comportamento da Administragao Publica que se faga gravoso a direito pode ser fulminado pelo Poder Judiciério, sem prejuizo das reparagdes patrimoniais cabiveis. 14, Principio da autotutela * A autotutela consagra 0 controle intemo que a Administragao Publica exerce sobre @ 08 préprios atos. + Como consequéncia de sua independéncia funcional, a Administragao ndo precisa @ recorrer ao Judiciario para anular seus atos ilegais e revogar os atos inconvenientes @ que pratica. A autotutela consiste no poder-dever de retirada de atos administrativos @ por meio da anulagao e revogacio. 15. Principio da seguranga juridica * Seu objetivo é dar maior estabilidade as situagées juridicas, respeitando situagdes consolidadas no tempo. + £ um principio comum a todo e qualquer sistema juridico, e um dos mais importantes principios gerais do direito. Por forca dele, cuida-se evitar alteragdes surpreendentes que instabilizem a situagéo dos administrados, e de minorar os efeitos traumaticos que resultem de novas disposigées juridicas que alcangariam situagdes em curso. * Seu principal emprego no Direito Administrativo esta na proibigdo da aplicagéo retroativa de novas interpretages de dispositivos legais e normas administrativas. PODERES ADMINISTRATIVOS 1. Poder Vinculado * Nos atos vinculados ou regrados, 0 agente piiblico fica inteiramente preso ao @ enunciado da lei, sua liberdade de agao é minima. A autoridade publica fica adstrita @ @ lei em todos os seus elementos formadores. e * Elementos vinculados seréo sempre a competéncia, a finalidade e a forma, dentre @ outros que a norma indicar. Se o ato nao tiver estes elementos, poderd ser @ declarado nulo pela Administragao e pelo Judicidrio, porque a vinculagdo é matéria @ de legalidade. Ou seja: deixando de atender a qualquer dado expresso na lei (finalidade, motivos, substancia), 0 ato € nulo, por desvinculado de seu tipo-padrao. * Dificilmente encontraremos um ato administrativo inteiramente vinculado, porque haverd sempre aspectos sobre os quais a Administragdo tera opcées na sua realizagao. O que caracteriza 0 ato vinculado é a predominancia de especificagdes da lei sobre os elementos deixados livres para a Administragao. 2. Poder Discricionario * Discricionariedade € a liberdade de aco administrativa, dentro dos limites permitidos por lei. Poder discricionario é 0 que o Direito concede @ Administragao, de modo explicito ou implicito, para a pratica de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniéncia, oportunidade e contetdo. * Mesmo quanto aos elementos discricionarios do ato ha limitagdes, impostas pelos Principios gerais do Direito e pelas regras da boa administragao, que sao preceitos de moralidade administrativa. Portanto, a atividade discricionaria esta sujeita a um duplo condicionamento: externo (pelo ordenamento juridico a que fica subordinada toda alividade administrativa) e interno (exigéncias do bem comum e da moralidade da instituigdo administrativa). + O administrador, para a prética de um ato discriciondrio, deverd ter competéncia legal para praticd-lo; deveré obedecer a forma legal para sua realizacéio; deverd atender a finalidade legal de todo ato administrativo, que € 0 interesse piiblico; e deveré observar os principios do regime juridico administrativo. * 0 ato discricionario praticado por autoridade incompetente, ou realizado de forma diversa da prescrita em lei, ou informado de finalidade estranha ao interesse Piiblico, é ilegitimo, nulo. Em tal circunstancia, deixaria de ser ato discricionério para ser ato arbitrario (ilegal, portanto). * O ideal seria que a lei regulasse minuciosamente a acdo administrativa, mas, como isso no é possivel, dadas a multiplicidade e diversidade dos fatos que pedem pronta solugo ao Poder Publico, o legislador somente regula a pratica de alguns atos administrativos que considera de maior relevancia, deixando o cometimento dos demais ao critério do administrador. * Essa liberdade funda-se na consideracéo de que sé 0 administrador, em contato com 0 caso concreto, esté em condigdes de bem apreciar os motivos ocorrentes de oportunidade e conveniéncia da pratica de certos atos, o que seria impossivel ao legislador, que dispde de regra juridica de maneira geral e abstrata. Em tal hipétese, © administrador executa a lei vinculadamente quanto aos elementos que ela discrimina, e discricionariamente quanto aos aspectos em que ela admite opgaio. 3. Poder Hierérquico + Hierarquia € a relagao de subordinagdo existente entre os varios drgéios e agentes do Executivo, com a distribuigao de fungdes e a gradacéio da autoridade de cada um. * Poder hierdrquico ¢ 0 de que dispde o Executivo para distribuir e escalonar as fung6es de seus rgaos, ordenar e rever a atuacdo de seus agentes, estabelecendo a relagao de subordinagao entre os servidores do seu quadro de pessoal + 0 poder hierdrquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e cortigir as atividades administrativas, no 4mbito interno da Administragao Publica. a) Ordena: Repartindo e escalonando as fungées entre os agentes. b) Coordena: Entrosando as funges no sentido de obter o funcionamento © harménico de todos os servigos a cargo do mesmo érgao. ¢) Controla: Valendo pelo cumprimento da lei e das instruges e acompanhando a @ conduta e rendimento de cada servidor. e d) Corrige: Os erros administrativos, pela agao revisora dos superiores sobre os @ atos dos inferiores. e * Desse modo, a hierarquia atua como instrumento de organizagio e @ aperfeigoamento do servico, e age como meio de responsabilizagéio dos agentes @ administrativos, impondo-thes o dever de obediéncia. e * Do poder hierarquico decorrem faculdades implicitas para o superior, tals como ade @ dar ordens e fiscalizar 0 seu cumprimento, a de delegar e avocar atribuiges e a de rever os atos dos inferiores. a) Delegar: E conferir a outrem atribuigdes que originariamente competiam ao delegante. As delegagdes dentro do mesmo Poder sao admissiveis, desde que 0 delegado esteja em condigdes de bem exercé-las. O que nao se admite é a delegacao de um Poder para outro, bem como delegar atos de natureza politica. A delegacao nao pode ser recusada pelo inferior, mas também nao pode ser subdelegada sem expressa autorizacao do delegante. b) Avocar: E chamar a si fungées originariamente atribuidas a um subordinado. = Poder Disciplinar * Poder disciplinar é a faculdade de punir internamente as infragées funcionais dos @ servidores e demais pessoas sujeitas a disciplina dos érgaos e servigos da @ Administrago. No uso do poder disciplinar, a Administragéo Publica controla o @ desempenho das fungdes e conduta interna de seus servidores, responsabilizando- @ os pelas faltas cometidas. Basicamente, é a faculdade punitiva intema da @ ‘Administragéo e, por isso mesmo, abrange somente infragdes relacionadas como @ servigo. + Uma caracteristica do poder disciplinar 6 seu discricionarismo, no sentido de que no esté vinculado a prévia definicao da lei sobre a infragao funcional e a respectiva sangéo. O administrador aplicaré a sangdo que julgar cabivel, oportuna e conveniente, dentre as que estiverem enumeradas em lei ou regulamento para a generalidade das infragdes administrativas. * Todo chefe tem o poder e o DEVER de punir o subordinado quando este der ensejo ou, se Ihe faltar competéncia para a aplicago da pena devida, fica na obrigagao de levar 0 fato ao conhecimento da autoridade competente. E o que determina a lei penal. As penas disciplinares no nosso Direito Administrativo federal so de 6 espécies, enumerando-se nesta ordem crescente de gravidade: adverténcia, suspensdo, demissao, cassagao de aposentadoria ou disponibilidade, destituiggo de cargo em comissao e, por fim, destituigao de fungao comissionada. A apuragao regular da falta disciplinar é indispensavel para a legalidade da punicgo interna da Administragao. O discricionarismo do poder disciplinar no vai ao ponto de permitir que o superior hierdrquico puna arbitrariamente o subordinado. Deverd primeiramente apurar a falta, dando direito de defesa ao acusado. Caso contrario, a Punigo sera arbitraria, ilegitima e invalidavel pelo Judiciério por ndo seguir o devido processo legal. ‘A motivagéo da punigao disciplinar também é imprescindivel para a validade da Pena. Portanto, inadmissivel que se deixe de indicar claramente 0 motivo e os Meios regulares que usou para a verificagdio da falta, objeto da punicdo disciplinar. Essa transparéncia possibilita que se confiram a todo tempo a realidade e a legitimidade dos atos ou fatos ensejadores da punigéio administrativa. O motivo 6 falso quando ocorre inexisténcia material ou inexisténcia juridica dos motivos. . Poder Regulamentar O poder regulamentar é a faculdade de que dispdem os Chefes do Poder Executive (Presidente da Republica, Govemadores e Prefeitos) de explicar a lei para sua correta execugao, ou de expedir decretos auténomos sobre matérias de sua competéncia ainda nao disciplinada por lei. E um poder inerente e privativo do Chefe do Executivo e, por isso mesmo, indelegavel a qualquer subordinado. Os vazios da lei (omissdes do Legislative) e a imprevisibilidade de certas circunstancias que surgem impdem que se reconhega ao Chefe do Executive o Poder de regulamentar, através do decreto, as normas legislativas incompletas ou de prover situagdes nao previstas pelo legislador, mas ocorrentes na pratica administrativa. E essencial que o Executivo, ao expedir o regulamento, nao invada as reservas da lei, ou seja, aquelas matérias s6 disciplinaveis por lei, Portanto, o regulamento é um complemento de lei naquilo que no é privativo de | Sendo 0 regulamento, na hierarquia das normas, ato inferior a lei, ndo a pode contrariar, restringir ou ampliar suas disposigdes. Sé Ihe cabe explicitar a lei, dentro dos limites por ela tragados, fixando critérios técnicos e procedimentos para a sua aplicagao. 6. Poder de Policia * Poder de policia 6 a faculdade de que dispée a Administrago Publica para condicionar e restringir 0 uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em e beneficio da coletividade ou do proprio Estado. e * Eo poder que a Administragéo Publica dispSe para conter os abusos do direito @ individual. Desse modo, o Estado detém a atividade do particular que se revelar @ contraria, nociva ou inconveniente ao bem-estar social, ao desenvolvimento e 2 @ seguranga nacional. e * 0 poder de policia originario nasce com a entidade que o exerce, e é pleno em seu @ exercicio. A entidade que detém a competéncia no pode demitir-se desse poder, @ que @ de natureza irrenuncidvel. O poder de policia delegado provém de outra @ entidade, através de transferéncia legal, e é limitado aos termos da delegacdo, se @ caracterizando por atos de execucéio. Por isso mesmo, no poder de policia @ delegado néo se compreende a imposigéo de taxas, porque o poder de tributar é @ intransferivel da entidade estatal que o recebeu constitucionalmente. * A raz&o do poder de policia é 0 interesse social, e 0 seu fundamento esta na ‘supremacia geral que o Estado exerce em seu territério sobre todas as pessoas, bens e atividades, supremacia que se revela nos mandamentos constitucionais e nas normas de ordem piiblica. Onde houver interesse relevante da coletividade ou do proprio Estado haverd, correlatamente, igual poder de policia administrativa para a protegdo desses interesses. * Os limites do poder de policia administrativa sao demarcados pelo interesse social e em conciliagéo com os direitos fundamentais do individuo assegurados na @ Constituigéo Federal. Cada cidadao cede parcelas minimas de seus direitos a e comunidade, e o Estado Ihe retribui em seguranga, ordem, higiene, sossego, etc. © * Fica sempre sujeito invalidagéo pelo Poder Judicidrio, quando praticado com @ excesso ou desvio de poder. e * A Administragao s6 pode aplicar sangao sumariamente e sem defesa nos casos @ urgentes, que ponham em risco a seguranga ou a sade piiblica. Se o particular se @ sentir prejudicado, poder recorrer ao Judiciario. ® * Atributos do poder de policia: ® a) Discricionariedade: A discricionariedade ¢ a livre escolha, pela Administracao, @ da oportunidade e conveniéncia de exercer 0 poder de policia, bem como o de @ aplicar as sangdes e empregar os meios para atingir o fim colimado, que & protecéio do interesse pubblico. © ato de policia é, em principio, discricionario, mas passara a ser vinculado se a norma legal que o rege estabelecer o modo e a forma de sua realizagao. b) Auto-executoriedade: E a faculdade que a Administrago possui de decidir e executar diretamente sua decisdo por seus proprios meios, sem a intervengao do Poder Judicidrio. No uso desse poder, a Administragao impde diretamente as medidas ou sangdes de policia administrativa necessarias @ contengdo da atividade anti-social que ela visa obstar, sem necessidade de ordem judicial ou mandado judicial para tal. Jé decidiu 0 STF que, no exercicio regular da autotutela administrativa, a Administragéo pode executar diretamente os atos emanados de seu poder de policia sem utilizar-se de via cominatéria, que & posta a sua disposigao em cardter facultative. Excluem-se as multas (que sO podem ser executadas por via judicial), bem como as demais prestagdes pecuniarias devidas pelos administrados a Administragao. ¢c) Coercibilidade: E a imposigéo coativa das medidas adotadas pela Administragéo. Todo ato de policia é imperativo (obrigatorio para seu destinatério), admitindo até 0 emprego da forga publica para seu cumprimento, quando resistido pelo administrado. Nao ha ato de policia facultativo para o particular, pois todos eles admitem a coergao estatal para torna-los efetivos, e essa coergao também independe de autorizagao judicial Atuago do poder de policia: Atuando de maneira preferentemente preventiva, ele age através de ordens e proibigées mas, sobretudo, por meio de normas limitadoras e sancionadoras de condutas que podem afetar a coletividade, estabelecendo as denominadas limitagdes administrativas. Para tanto, o Poder Publico edita leis e os 6rgéios executivos expedem regulamentos e instrugdes fixando as condigées e requisitos para o uso da propriedade e o exercicio das atividades que devam ser policiadas, e apés as verificagdes necessdrias é outorgado o respectivo alvard de licenga ou autorizagao, ao qual se segue a fiscalizagao competent. Alvara 6 0 instrumento de licenga ou autorizagao para a pratica de atos, realizagao de atividades ou exercicio de direitos dependente de policiamento administrativo. E © consentimento formal da Administragéo a pretenso do administrado, quando manifestada em forma legal. Outro meio de atuagao do poder de policia ¢ a fiscalizacao das atividades e bens sujeitos ao controle da Administrago. Deparando irregularidade ou infringéncia legal, 0 agente fiscalizador deverd advertir verbalmente o infrator, ou lavrar regularmente o auto de infragdo, consignando a sangdo cabivel para sua oportuna execugdo pela propria Administragao. Exemplos de sangdes do poder de policia: Interdi¢ao da atividade; fechamento de estabelecimento; demoligéo de construgdo; destruigéo de objetos; proibigdo de fabricagéo ou comércio de certos produtos e mais tudo que tiver de ser impedido em defesa da moral, da satide e da seguranga publica; etc. Condigées da validade do poder de policia: Competéncia, finalidade e forma, acrescidas da proporcionalidade da sangdo e da legalidade dos meios empregados pela Administracao. ATOS ADMINISTRATIVOS, Estado de Policia Vontale da Adninitragéo —» Ago conceta Estado de Direito Vontad da Admiistago —» At adninstratvo —p Agéo concreta > Antes de agir concretamente na aplicagéo da lei, o Poder Publico passou a ser @ obrigado a expedir uma declaragéo de vontade anunctando a deciso adotada, @ como requisito legitimador de sua futura atuagéio. Essa declaragao de vontade 60 @ ato administrativo. e — Ato administrativo é toda manifestagdo unilateral de vontade da Administragao e Pablica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigagSes aos administrados ou a si propria. Nem todo ato da Administragdo 6 ato administrativo. Exemplos: Ato politico ou de governo, atos meramente materiais, atos legistativos e jurisdicionais, contratos administrativos, etc. ~ Os efeitos juridicos (eficacia) decorrentes do ato administrativo consistem na e ctiagSo, preservagéo, modificagao ou extingéo de direitos e deveres para ag Administragao efou administrado. e — Aagéo concreta destinada a executar 0 ato administrativo é 0 fato administrativo. © O siléncio nao é ato administrativo por auséncia de exteriorizagéo de comando @ prescritivo. Trata-se de simples fato administrativo, porque o siléncio nada ordena. @ e 4, ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: Ato administrative é 0 ato juridico @ tipico do Direito Administrativo, diferenciando-se das demais categorias de atos por @ seu peculiar regime juridico. No universo dos atos juridicos, a identidade propria do ato @ administrativo decorre de seus atributos normativos especificos, tais como: e a) Presungo de legitimidade: Também conhecido como presungdo de veracidade @ ou legalidade. Significa que, até prova em contrério, 0 ato administrativo é considerado valido para o Direito. Cabe ao particular provar a existéncia do vicio que macula 0 ato administrativo (0 énus da prova é de quem alega). Ha cinco fundamentos para justificar a presungdo de legitimidade: 0 procedimento e as formalidades que antecedem sua edigao, constituindo garantia de observancia da lei; 0 fato de expressar a soberania do poder estatal, de modo que a autoridade que @ expede o ato o faz com o consentimento de todos; a necessidade de assegurar e celeridade no cumprimento das decisées administrativas; os mecanismos de controle sobre a legalidade do ato; a sujeigao da Administragao ao principio da legalidade, presumindo-se que seus atos foram praticados em conformidade com a lei. b)Imperatividade: Também conhecido como coercibilidade. Significa que o ato administrativo pode criar _unilateralmente obrigagdes aos _particulares, independentemente da anuéncia destes. E uma capacidade de vincular terceiros a deveres juridicos, derivada do chamado poder extroverso. Ao contrario dos particulares, que 6 possuem poder de auto-obrigagdo (introverso), a Administragao Publica pode criar deveres para si e para terceiros. Ao contrario da presungao de legitimidade, a imperatividade é atributo da maioria dos atos administrativos, nao estando presentes nos atos enunciativos (certidées e atestados) nem nos atos negociais (permissées e autorizages) ¢) Exigibilidade: Consiste no atributo que permite a Administragao aplicar punigées aos particulares por violagdo da ordem juridica, sem necessidade de ordem judicial. A exigibilidade, portanto, resume-se ao poder de aplicar sangdes administrativas, como multas, adverténcias e interdigéo de estabelecimentos comerciais. Estd presente na maioria dos atos administrativos, exceto nos atos enunciativos. 4) Auto-executoriedade: Permite que a Administragaio Publica realize a execugao material dos atos administrativos ou de dispositivos legais, usando a forga fisica se preciso para desconstituir situago violadora da ordem juridica. Chama auto- executoriedade pois nao necessita de autorizagao judicial. Exemplo: Guinchamento de carro estacionado em local proibido, fechamento de restaurante pela vigitancia sanitéria, apreenséo de mercadorias contrabandeadas, confisco de medicamentos em situagao de calamidade publica, destruigao de alimentos deteriorados postos a venda, etc. Aqui, a coergéo é direta, ao contrario da exigibilidade pois, além de punir, desfaz a situagdo ilegal. Quadro comparativo dos atributos do ato administrative Atributo Sintese ‘Abrangéncia Dica especial Todos os atos ladmhistrativos + atos da Adininistraco 0 ato & vaio até prova em contrtio PresungSo relatia que Presuncéo de legtinidade verte o nus da prova 0 ato cri uniateramnente [Malaria dos atos imperatvidade cbrbaySes eo parteuar ladmbthetiee Deitva do poder extroverso Extiade Apicacdo de sanges Maio dos atos Pune, mas no desfaz a s administrativas admbistatios |tegatdade eee Execucé0 materilave Lass atosadmirvatiros [SS quando a prev ou em ldesconsttula fegaldade [stuacdes emergencias 2. REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: Necessarios para avalidade e eficacia do ato administrativo. a) Competéncia: Para que 0 ato seja valido, deve-se verificar se foi praticado por @ agente competente, segundo a legislagao, para pratica da conduta. A competéncia @ administrativa 0 poder atribuido ao agente da Administracéio para o desempenho @ de suas fungdes. A competéncia é obrigatéria, ndo se presume, ndo se transferee @ nao se renuncia. e b) Objeto: E 0 contetido do ato, a ordem por ele determinada, ou o resultado pratico @ pretendido. Todo ato administrativo tem por objeto a criagao, modificagéo ou @ comprovagaio de situagées juridicas concementes A pessoas, coisas ou atividades @ sujeitas a agéio da Administragéio Publica. e c) Forma: Exteriorizagao do contetido, que, regra geral, deve ser escrita. e d) Motive: E a situagao de fato e o fundamento juridico que autorizam a pratica do ato. @ Constitui requisito discriciondrio porque pode abrigar margem de liberdade outorgada por lei ao agente ptiblico. Nao confunde com motivagao, que é a explicago por escrito das razdes que levaram a pratica do ato, e) Finalidade: E 0 objetivo de interesse puiblico pretendido com a pratica do ato. Se o ato for praticado visando a defesa de interesse alheio ao piiblico, seré nulo por desvio de finalidade. Competéncia ou sujeito > Vinculado Objeto > Disericionario Forma > Vinculado Motivo > Discricionario Finalidade > Vinculado 3. CLASSIFICAGAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS a) Atos vinculados: Sao aqueles praticado pela Administragdo sem margem alguma @ de liberdade, pois a lei define de antemao todos os aspectos da conduta. Atos @ vinculados ndo podem ser revogados porque nao possuem mérito, que 6 0 juizo de @ conveniéncia e oportunidade relacionado a pratica do ato. Entretanto, podem ser @ anulados por vicio de legalidade. b) Atos discricionarios: Sao praticados pela Administracao dispondo de margem de @ liberdade para que o agente decida, diante do caso concreto, qual a melhor maneira de atingir 0 interesse piiblico. Os atos discricionarios sao caracterizados pela existéncia de um juizo de conveniéncia e oportunidade, conhecido como meérito. Por isso, podem tanto ser anulados na hipdtese de vicio de legalidade quanto e revogados por razées de interesse puiblico. ‘Quadro comparativo entre atos vinculados e discricionérios ‘Ato vinculado Ato discricionario Pratkad sem margem de tberdade Pratzado com margem de Iberdade xs. aposentedora compubéra, Encamientotrtutéro [xs dereto exproniatéra, autoreagio, permsséio 0 tem mérto Tem méito Pode seramuado, mas nBo revogado Pode set anuado @ revogado Sofre contre jc Soft contol jut exceto quanto ao mérto Nao se confunde com ato arbiraio 4, ANULAGAO DE UM ATO ADMINISTRATIVO: A anulagdo ou invalidagdioé a extingéo de um ato ilegal, determinada pela Administrago ou pelo Judiciério.Os fundamentos da anulagao administrativa so 0 poder de autotutela e o principio da legalidade. O ato nulo j@ nasce contrariando o ordenamento juridico. Assim, a anulagao deve desconstituir os efeitos desde a data da pratica do ato administrativo defeituoso. E por isso que a anulago produz efeitos retroativos. A anulagéo nao pode ser realizada quando: ultrapassado 0 prazo legal; houver consolidagao dos efeitos produzidos; for mais conveniente para o interesse piblico manter a consolidacdo fatica jd consolidada do que determinar a anulagao; houver possibilidade de convalidacao. 5. REVOGAGAO DE UM ATO ADMINISTRATIVO: A revogagao é a retirada de um ato administrative com base em critérios de oportunidade e conveniéncia. Diferentemente da anulagdo, trata-se de um ato legal, que é retirado pela Administragéo por nao mais Ihe convir sua existéncia. Nenhum ato valido nasce contrario ao interesse pUblico. Em um dado momento, 0 ato se torna inconveniente e inoportuno. Por isso, 0 Direito preserva os efeitos produzidos pelo ato até a data de ‘sua revogacao. Dai falar-se que a revogagdo produz efeitos futuros, nao retroativos. Quadro comparativo entre anulacao e revogacio Anulaco. Revogacéo oto nai Cavern econunne |Competéncia [Administracdo e Poder Judickiro jSomente a Admbistracio | feos toss (ext) No oats (ex max) jAto que realiza [Ato anulatorio Ato revocatério [Natureza |Decisao vincwada [Deco discricionatia |Alcance |Atos vinculados e atos discricionarios: |Atos discriciondrios perfetos e efkazes raze ame ten = plats e dos prathados [> =¥00%@8050 pote ser eatada coma | Pee ce nae” fen ao gd et CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 4. CONCEITO DE CONTRATO: E todo acordo de vontades, firmado livremente entre as partes, para criar obrigagées e direitos reciprocos. Em principio, todo contrato negécio juridico bilateral e comutativo, isto é, realizado entre pessoas que se obrigam a prestagdes mutuas e equivalentes em encargos e vantagens. Como pacto consensual, pressupée liberdade e capacidade juridica das partes para se obrigarem validamente. Como negécio juridico, requer objeto licito e forma prescrita ou nao vedada pela lei. 2. CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO: E 0 ajuste que a Administragao Publica, agindo nessa qualidade, firma com pessoa fisica ou juridica para a consecugiio de objetivos de interesse publico, nas condigées estabelecidas pela propria Administragao, submetido aos principios e normas do Direito Administrative * Nem todo conirato que tem como parte a Administragéo sera um contrato administrativo, pois poder estar submetido ao Direito privado, como no caso da locacdio. Entdo, o que caracteriza 0 contrato administrative é seu regime juridico de Direito publico. * Os contratos possuem prazo determinado. A duracao do contrato esta associada ao periodo de vigéncia dos créditos orgamentarios. + Além das pessoas federativas (Unido, Estados, DF e municipios), podem ser partes do contrato administrativo as entidades a elas vinculadas, caso das autarquias, sociedades de economia mista, empresas pUiblicas e fundagoes publicas. * So direitos do contratado o ato juridico perfeito (que impede que as modificagoes sejam retroativas, s6 podendo existir se houver expressa anuéncia do contratado, remetendo ao principio clssico do direito tempus regis actum) e a imutabilidade da clausula econémico-financeira (0 contratado nao pode ter prejuizos financeiros). 3. CARACTERISTICAS DOS CONTRATOS a) Consensual: Pois consubstancia um acordo de vontades, ¢ no um ato unilateral e impositivo da Administragao. b) Formal: Porque se expressa por escrito e com requisitos especiais. Para objetos de pequeno valor (até R$ 4.000,00) e pronto pagamento, em regime de adiantamento, © contrato podera ser verbal. ¢) Oneroso: Porque é remunerado na forma convencionada. d) Comutativo: Porque estabelece compensagées reciprocas ¢ equivalentes para as partes. e) Personalissimo: Porque deve ser executado pelo proprio contratado. O contrato administrativo @ personalissimo, celebrado intuitu personae, porque 0 SCOHOSCHOHSSSHSHSHSHSHSSHSHSHSHSHSHSHOHOHSHHHOHSHSHSHSHOHHSHHOHCOSOCOOEO preenchimento de determinadas exigéncias foi decisivo para determinar a escolha do contratado. Desse modo, a execugaio do contrato deve ser levada a termo pela mesma pessoa que se obrigou perante a Administragao. f) Exigéncia prévia de licitagao: Sé é dispensavel nos casos expressamente previstos em lei. 9) Bilateral: O contrato administrativo prevé obrigagdes para as duas partes. h) Desigualdade entre as partes: O interesse publico defendido pela Administragao & juridicamente mais relevante do que o interesse privado do contratado. Por isso, os contratos administrativos caracterizam-se pela verticalidade, pois a Administragao ocupa uma posigao de superioridade diante do particular, revelada pela presenga de cléusulas exorbitantes que conferem poderes especiais a Administragdo contratante. i) Mutabilidade: Diferentemente do que ocorre no Direito privado, em que vigora 0 principio segundo o qual os contratos devem ser cumpridos tal como escritos (pacta sunt servanda), no Direito Administrativo a legislagao autoriza que a Administragéio Publica promova a modificagao unilateral das cléusulas do contrato, instabilizando a relacdo contratual diante de causas supervenientes de interesse publico. Porém, os dispositivos contratuais que tratam da remuneragéo do particular nunca podem sofrer alteraco unilateral j) Existéncia de clausulas contratuais exorbitantes: As clausulas exorbitantes so as disposigdes contratuais que definem poderes especiais para a Administragéo dentro do contrato, projetando-a para uma posigao de superioridade em relagdo a0 contratado. Sao exemplos de cléusulas exorbitantes: poder de fiscalizar a execuco do contrato; poder de aplicar sangSes contratuais; rescisao unilateral do contrato; alterago unilateral do objeto do contrato; etc. 4, TIPOS DE CONTRATOS a) Contrato de atribuigao: Aquele em que a Administraco confere determinadas vantagens ou certos direitos ao particular, tal como o uso especial de um bem ptiblico.Quando a Administragdo Publica primeiro oferece algo ao particular, para depois poder cobrar uma contraprestagéo. Obrigagdo de primeiro entregar e depois receber, b) Contrato de colaboragao: E todo aquele em que o particular se obriga a prestar ou realizar algo para a Administragaio, como ocorre nos ajustes de obras, servigos ou fornecimentos.Quem tem o énus de entregar primeiro 6 o particular, e sé depois nasce o dever de pagar para a Administragao Publica. LICITAGAO 1, CONCEITO DE LICITAGAO: A licitagao ¢ um procedimento obrigatério que @ antecede a elaboragao de contratos pela Administragdo Publica. A razio de existir @ essa exigéncia reside no fato de que o Poder Publico nao pode escolher livremente um @ fomecedor qualquer, como fazem as empresas privadas. Os imperativos da isonomia, @ impessoalidade, moralidade e indisponibilidade do interesse publico, que informam a @ atuacdo da Administragéo, obrigam a realizagao de um proceso piblico para selegao @ imparcial da melhor proposta, garantindo iguais condigdes a todos que queiram @ concorrer para a celebrago do contrato. e a) Alexandre Mazza: Licitagdo é 0 procedimento administrativo pelo qual entidades @ governamentais convocam interessados em forecer bens ou servigos, assim como @ locar ou adquirir bens publicos, estabelecendo uma compatigao a fim de celebrar @ contrato com quem oferecer a melhor proposta. b) Celso Anténio Bandeira de Mello: Licitagéo é um certame em que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados e com elas travar determinadas relagdes de contetido patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa as conveniéncias publicas. c)Hely Lopes Meirelles: E 0 procedimento administrativo mediante o qual a ‘Administragéo Publica seleciona a proposta mais vantajosa para contrato de seu interesse. eoeeeen > © objeto imediato da Administragéo é a busca da melhor proposta. O objeto @ mediato da licitagdo ¢ aquilo que a Administragao pretende contratar. -» Obrigatoriedade de licitagdo para: compra de bens méveis ou iméveis; contratagao @ de servigos; realizagéo de obras; alienacio de bens piblicos; outorga de @ concessao de servigo puiblico e expedigdo de permissao de servigo publico. e ~ O objetivo final do procedimento licitatério € a celebragéo de um contrato @ administrativo entre o vencedor do certame e a Administragao Publico. e > Mesmo apés a realizagéo da licitagéo, a Administragao Publica nao é obrigada a @ celebrar 0 contrato, de modo que o vencedor do procedimento licitatorio possui @ somente expectativa de direito 4 celebragao do contrato, € nao direito adquirido. > As normas gerais sobre licitago e contratos administrativos esto na Lei Federal @ n° 8.666/93. Porém, “o edital é a lei da licitagao’. 2, FINALIDADES DA LICITAGAO a) Buscar a melhor proposta, estimulando a competitividade entre os potenciais contratados, a fim de atingir 0 negécio mais vantajoso para a Administragao b) Oferecer iguais condiges a todos que queiram contratar com a Administracéo, promovendo, em nome da isonomia, a possibilidade de participago no certame licitatério de quaisquer interessados que preencham as condigées previamente fixadas no instrumento convocatério. ¢) Promogao do desenvolvimento nacional sustentavel. 3. PRINCIPIOS DA LICITAGAO a) Principio da isonomia: Impde que a comissao de licitagao dispense tratamento igualitério a todos os concorrentes. Proibe preferéncias ou distingdes em razéo da naturalidade, da sede ou do domicilio dos licitantes, ou qualquer outra circunstancia irrelevante. b) Principio da competitividade: A busca pela melhor proposta é uma das finalidades da licitagdo. Por isso, néo podem ser adotadas medidas que comprometam decisivamente o cardter competitive do certame. c) Principio da obrigatoriedade: A licitagao é um dever do Estado. d) Principio da vinculagao ao instrumento convocatério: A Administragao Publica e 0s patticipantes do certame, além de cumprirem as regras legaisnéo podem desatender as normas e condigdes do instrumento convocatério. O edital é a lei da licitagéo. Assim, as exigéncias de qualificagao técnica e econémica devem se restringir_ ao estritamente indispensdvel para garantia do cumprimento das obrigagées. e) Principio da inalterabilidade do edital: Em regra, 0 edital ndo pode ser modificado apés a sua publicagéo. Havendo necessidade de alguma alteragdo, tornam-se obrigatorias a garantia de ampla publicidade e a devolugao dos prazos para ndo prejudicar os potenciais licitantes que eventualmente tenham deixado de participar do certame em razo da cldusula modificada. f) Principio do sigilo das propostas: Os envelopes contendo as propostas dos licitantes ndo podem ser abertos e seus contetidos divulgados antes do momento processual adequado 9) Principio do formalismo procedimental: As regras aplicdveis ao procedimento licitatorio séo definidas diretamente pelo legisiador, nao podendo o administrador ptiblico descumpri-las ou alterd-las livremente. Porém, o descumprimento de uma formalidade s6 causaré nulidade se houver comprovacao de prejuizo. h) Principios gerais: Legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. 4, MODALIDADES LICITATORIAS: Sao os diferentes ritos previstos na legislagao para 0 processamento da licitago. O art. 22 da Lei n° 8.666/93 menciona cinco modalidades: concorréncia, tomada de pregos, convite, concurso e leildo. A Lei n° 9.472/97 prevé a utilizag&o da consulta exclusivamente para o Ambito da ANATEL (art. 55). A Lei n° 10.520/2002 disciplina o pregiio. a) Concorréncia: E a modalidade entre quaisquer interessados, que na fase inicial devem preencher os requisitos. E a modalidade mais complexa e formalmente mais rigorosa. E utilizada para objetos de grande vulto econémico, sendo obrigatéria para objetos com valor acima de R$ 650 mil e para obras e servigos de engenharia com valor superior a R$ 1,5 milhdo. O intervalo minimo entre a publicagao do edital e a entrega de envelopes é de 45 dias corridos (melhor técnica ou técnica e prego) ou 30 dias corridos (menor prego). Independentemente do valor da contratagdo, a concorréncia 6 obrigatoria: nas compras e alienagdes de iméveis; licitagoes internacionais; concessées de servico puiblico; registro de pregos, etc. b) Tomada de precos: E a modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atendam as condigées do edital até 3 dias antes do recebimento das propostas, observada a necessaria qualificago. E empregada para contratagao de objetos de vulto intermediario: até R$ 1,5 milhdo para obras e servigos de engenharia e até R$ 650 mil para os demais objetos. Intervalo minimo de 30 e 15 dias. ¢)Convite: E a modalidade entre interessados do ramo pertinente ao objeto, cadastrados ou no, escolhidos e convidados em ntimero minimo de 3 pela unidade administrativa. © convite é utilizado para objetos de pequeno vulto econ6mico: até R$ 150 mil para obras e servicos de engenharia e até R$ 80 mil para os demais objetos. No convite, nao existe edital. O instrumento convocatrio é chamado carta- convite. O intervalo minimo entre a expedicéo da carta-convite e a entrega de envelopes é de 5 dias utteis. d) Concurso: E a modalidade de licitagao entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, cientifico ou artistico, mediante a instituigaio de prémios ou de remuneragao aos vencedores. E a tnica modalidade em que a comissao especial nao precisa ser composta por agentes ptiblicos (apenas reputagéio ilibada e conhecimento da matéria). O intervalo minimo é de 48 dias corridos. e) Leilao: E a modalidade de licitagdo entre quaisquer interessados para a venda de bens méveis inserviveis para a Administragéo, ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior 20 valor da avaliacdo. O critério para julgamento da melhor proposta 6 o do maior lance ou oferta. O intervalo minimo é de 15 dias corridos. f) Consulta: E a modalidade de licitagéo exclusiva da ANATEL. E vedada sua utilizago para contratagao de obras e servigos de engenharia. g)Pregio: E a modalidade de licitagdo valida para todas esferas federativas e utilizada para a contratagdo de bens e servigos comuns. No pregao, importa sobretudo a natureza daquilo que sera contratado, ou seja, importa a qualidade, independentemente da quantidade do objeto. Regra geral, 0 uso do pregéo & opcional, podendo a Administragao optar pelo emprego de outra modalidade em fungdo do valor do objeto. Contudo, sera obrigatério no Ambito federal, devendo ser adotada preferencialmente a modalidade eletrénica. O intervalo minimo é de 8 dias tteis. A caracteristica fundamental do prego 6 a inversdo nas fases naturais da licitagéio, porque o julgamento das propostas antecede a habilitagao dos licitantes. O objetivo disto é propiciar economia de tempo e de dinheiro para o Poder Publico. OBRAS E SERVICOS DE ENGENHARIA * Convite: Até R$ 150 mil + Tomada de pregos: Até R$ 1,5 milhao * Concorréncia: Acima de R$ 4,5 milhdo DEMAIS OBJETOS * Convite: Até R$ 80 mil * Tomada de pregos: Até R$ 650 mil * Concorréncia: Acima de R$ 650 mil > E sempre possivel utilizar uma modalidade mais rigorosa. Exemplo: Um servigo de engenharia de R$ 500 mil, caindo na faixa da tomada de pregos, poder ocorrer na modalidade da concorréncia, mas jamais do convite. > Para a contratagao de objetos com valor de até 10% da faixa maxima do convite, a realizagao de licitagéo nao é obrigatéria. Assim, para obras e servigos de ‘engenharia de até R$ 15 mil e para objetos de até 8 mil, a contratagao pode ser direta por dispensa de licitacao. ~> As excecées da obrigatoriedade de licitagao sdo a dispensa e a inexigibilidade de licitagdo. Na dispensa, ha possibilidade de competigao que justifique a licitagao, de modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na competéncia discricionaria da Administracéo. Nos casos de inexigibilidade, nao ha possibilidade de competico, porque s6 existe um objeto ou uma pessoa que atenda as necessidades da Administragao; a licitagao é, portanto, inviavel. ~ O particular tem o dever de suportar a execugao do contrato por 90 dias antes de excegao de contrato néo cumprido. A Administracao, em relago ao particular, suspende imediatamente a excegao de contrato no cumprido, demonstrando a relagdo de desigualdade. > O acompanhamento da execugao do contrato é direito e dever da Administragao piiblica, e nela se compreendem a fiscalizacdo, a orientagao, a interdigdo, a intervengo e aplicagao de penalidades contratuais. > 0 prof. comentou varias vezes sobre a intervengdo, que é uma providéncia extrema que se justifica quando o contratado se revela incapaz de dar fiel Cumprimento ao contrato, ou quando ha iminéncia de paralisagao dos trabalhos com prejuizos potenciais ou reais para o servico publico. Pela proporgdio das medidas, & necessario que haja uma justa causa, caracterizada pelo grave descumprimento do contrato. Determinada a intervengdo mediante ordem escrita da autoridade competente, a Administragdo assume a diregdo da execucao, controlando o pessoal, material, equipamentos e operagées até sua normalizacdo ou subsequente rescisdo do contrato, que corresponde ao acerto de contas. Um exemplo foi quando, em Porto Alegre, o prefeito interviu no transporte coletivo pelo fato das empresas ndo cumprirem a sua parte no contrato; ndo realizavam a devida manutengao nos énibus, no tinham a quantidade necessaria de linhas e deixavam de cumprir 0 itinerdrio e hordrio estabelecidos. A intervengao foi realizada até a regularizagdo da situago. As empresas, em contrapartida, entraram com ago judicial pedindo ressarcimento dos danos causados pela intervengdo realizada pelo governo municipal. SOCOHHSHOHSHSSHSSHHSSHSHSHSHHHOHSHHSHHHOHHHSHHHHOHHECHHHOHOHOOOOLE DIREITO ADMINISTRATIVO 3? avaliagdo - 2014 AGENTES PUBLICOS 4, CONCEITO DE AGENTES PUBLICOS: Séo os sujeitos que servem ao Poder Publico, mesmo que ocasionalmente. Assim, quem quer que desempenhe fungdes estatais, enquanto as exercita, é um agente puiblico. Por isso, a nogao abarca tanto 0 Chefe do Poder Executive (em qualquer esfera) quanto os senadores, deputados, vereadores, ocupantes de cargos ou empregos piiblicos da Administracao direta dos trés Poderes, etc. Nem todos integram o aparelho estatal, mas todos esto sobre um denominador comum: so, ainda que alguns esporadicamente, agentes que exprimem manifestagao estatal, munidos de uma qualidade que sé podem possuir porque o Estado Ihes emprestou sua forga juridica e os habilitou a assim agirem. So dois os requisitos para a caracterizacaio do agente publico: a) Ordem objetiva: A natureza estatal da atividade desempenhada. b) Ordem subjetiva: A investidura nela. OBS: “Funcionério de fato” — E aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situagao tem a aparéncia de legalidade. Em nome do principio da boafé dos administrados, da seguranga juridica e da presungao de legalidade dos atos administrativos, reputam-se validos os atos por ele praticados, se por outra razdo nao forem viciados. 2. CLASSIFICAGAO DOS AGENTES PUBLICOS: Os agentes publicos classificam-se em agentes politicos, servidores estatais (abrangendo servidores publicos e servidores das pessoas governamentais de Direito Privado) e particulares em colaboracéo com 0 Poder Publico. GLASSIFICACAO DOS AGENTES PUBLICOS 1. AGENTES POLITICOS: Os agentes politicos exercem uma fungo publica de alta diego do Estado. Ingressam, regra geral, através de eleigdes, desempenhando mandatos fixos ao término dos quais sua relacdo com o Estado desaparece automaticamente. O vinculo destes agentes com o Estado nado é de natureza profissional, e sim de natureza politica. Assim, o que os qualifica para o exercicio de suas fungdes nao sao suas aptidées técnicas, mas sua qualidade de cidadaos. A relacdo juridica que os vincula ao Estado é de natureza institucional, estatuaria. Seus direitos e deveres nao advém de contrato travado com o Poder Publico, mas descendem diretamente da Constituigo e das leis. Sao eles: Presidente da Reptblica, Governadores, Prefeitos ¢ respectivos vices, Ministros, Secretarios, Senadores, Deputados federais e estaduais e os Vereadores. 2, SERVIDORES ESTATAIS: Sdotodos aqueles que tém com o Estado e suas entidades da Administracao indireta, independentemente de sua natureza puiblica ou Privada, relagdo de trabalho de natureza profissional e carter no eventual sob vinculo de dependéncia. Sao divididos em dois grandes grupos: a) Servidores publicos: So todos aqueles que mantém vinculos de trabalho Profissional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da Unigo/DF/estados/municipios, respectivas autarquias e fundagées de Direito Publico. Em suma, s&o os que tém com o Estado e com as pessoas de Direito Publico da Administragao indireta relagao de trabalho de natureza profissional e cardter no eventual sob vinculo de dependéncia. Compreendem as seguintes espécies: - Servidores titulares de cargos publicos na Administragdo Direta (anteriormente chamados funcionarios publicos), nas autarquias e fundagées de Direito Publico da Unido, dos estados, do DF e dos municipios, assim como no Poder Judiciario ena esfera administrativa do Legislativo. + Servidores empregados das pessoas supra-referidas, ou seja, os servidores que se encontrem sob vinculo empregaticio por uma dentre as seguintes razées: admitidos sob vinculo de emprego para fungées materiais subaltemas (exemplo: motorista, servente, jardineiro); remanescentes do regime anterior, no qual se admitia 0 regime de emprego; contratados, sob vinculo trabalhista, para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse piiblico. b)Servidores das pessoas governamentais de Direito Privado: Séo os empregados de empresas puiblicas, sociedades de economia mista e fundagées de Direito Privado instituidas pelo Poder Publico, os quais estario todos, obrigatoriamente, sob regime trabalhista. 3. PARTICULARES EM COLABORAGAO COM A ADMINISTRAGAO: Também chamados “agentes honorificos”, constituem uma classe de agentes piiblicos, em Tegra, sem vinculagao permanente e remunerada com o Estado. S40 os sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares (pessoas alheias a intimidade do aparelho estatal, com excegéo dos militares), exercem fungao publica, ainda que as vezes em carater esporddico. Sao eles: a) Requisitados para a prestacao de atividade publica: Jurados, membros de Mesa receptora ou apuradora de votos nas eleigdes, recrutados para o servigo militar obrigatério, etc. Estes agentes exercem um munus piblico. b) Gestores de negécios piiblicos: Sao particulares que assumem espontaneamente uma tarefa publica, em situagdes emergenciais, quando o Estado nao esta presente para proteger o interesse ptiblico. Exemplo: Socorrista de parturiente. c) Contratados por locagao civil de servigos: E 0 caso, por exemplo, do jurista famoso que é contratado para emitir um parecer. d) Concessionarios e permissionarios: Exercem fungo publica por delegacao estatal. e) Delegados de fungao ou oficio puiblico: E o caso dos titulares de cartérios. SERVIDORES PUBLICOS OBS: Classificagao dos servidores ptiblicos conforme dado em aula pelo professor, que utilizou a diviséo de Hely Lopes Meirelles. O tema principal é este (estatuérios), mas é importante entender as classificagées anteriores. 4. CONCEITO DE SERVIDORES PUBLICOS: Os servidores publicos em sentido amplo so todos os agentes piiblicos que se vinculam @ Administragao Publica, direta ¢ indireta do Estado, sob regime juridico: (a) estatutario regular, geral ou peculiar; (b) administrativo especial e (c) celetista, de natureza profissional e empregaticia. 2. TIPOS DE SERVIDORES PUBLICOS a) Servidores publicos em sentido estrito (estatuarios): Sao 0s titulares de cargo publico efetivo e em comissdo, com regime juridico estatudrio geral ou peculiar e integrantes da Administragao direta, das autarquias e das fundagées publicas com personalidade de Direito Puiblico. Tratando-se de cargo efetivo, seus titulares podem adquirir estabilidade e estarao sujeitos a regime peculiar de previdéncia social. b) Empregados pilblicos (celetistas): Sao todos os titulares de emprego pubblico da Administragao direta e indireta, sujeitos ao regime da CLT ¢ admitidos mediante concurso piiblico, de modo a assegurar a todos a possibilidade de participagao. S40. obrigatoriamente enquadrados no regime geral de previdéncia social. c) Contratados por tempo determinado: Sao os servidores publicos submetidos ao regime juridico administrativo especial da lei prevista no art. 37 IX da CF/88, bem como ao regime geral de previdéncia social. A contratagéio so pode ser por tempo determinado e com a finalidade de atender a necessidade temporaria de excepcional interesse ptiblico. Ademais, a lei deve prever os casos de contrataco temporaria de forma especifica. 1. DISTRIBUIGAO DOS CARGOS a)Classe: E o agrupamento de cargos da mesma profissdo, e com idénticas e atribuigdes, responsabilidades e vencimentos. As classes constituem os degraus de e acesso na carreira. e b) Carreira: E 0 agrupamento de classes da mesma profisséo ou atividade, @ escalonadas segundo a hierarquia do servigo, para acesso privativo dos titulares @ dos cargos que a integram, mediante provimento originario. © conjunto de carreiras @ de cargos isolados constitui o quadro permanente do servigodos diversos Poderes @ @ Orgdos da Administragdo Publica. As carreiras iniciam-se e terminam nos @ respectivos quadros. e c) Quadro: E 0 conjunto de carreiras, cargos isolados e fungées gratificadas de un @ mesmo servigo, érg&o ou Poder. O quadro pode ser permanente ou provisério, mas sempre estanque, no admitindo promogao ou acesso de um para outro. d) Cargo de carreira: E 0 que se escalona em classes, para acesso privativo de seus titulares, até o da mais alta hierarquia profissional. e) Cargo isolado: E 0 que no se escalona em classes, por ser 0 unico na sua categoria. Os cargos isolados constituem excegao no funcionalismo, porque a hierarquia administrativa exige escalonamento das fungées para aprimoramento do servigo e estimulo aos servidores, através da promogao vertical. Nao € 0 arbitrio do legislador que deve predominar na criacdo de cargos isolados, mas sim a natureza da fungao e as exigéncias do servigo. f) Cargo técnico: E 0 que exige conhecimentos profissionais especializados para seu desempenho, dada a natureza cientifica ou artistica das fungdes que encerra. g) Cargo em comissao: E 0 que s6 admite provimento em carater provisério. Sdo declarados em lei de livre nomeagéio (sem concurso pitblico) e exoneragao, destinando-se apenas as atribuigdes de diregao, chefia e assessoramento. h) Cargo de chefia: E 0 que se destina a diregdo de servigos. Pode ser de carreira ou isolado, de provimento efetivo ou em comissao, tudo dependendo da lei que o instituir. i) Lotagao: E o numero de servidores que devem ter exercicio em cada repartigao ou servigo. A lotagao pode ser numérica ou basica (corresponde aos cargos e fungées atribuidos as varias unidades administrativas) e nominal ou supletiva (importa a distribuigéo nominal dos servidores para cada reparti¢ao, a fim de preencher os claros do quadro numérico). 2. ACUMULAGAO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNGOES PUBLICAS + Em regra, 0 ordenamento juridico brasileiro proibe a acumulagao remunerada de cargos ou empregos piiblicos. Porém, a Constituigaéo Federal prevé um rol taxativo de casos excepcionais em que a acumulagao é permitida. Importante destacar que, em qualquer hipétese, a acumulagao s6 seré permitida se houver compatibilidade de hordrios e observado 0 limite maximo de dois cargos. Deve-se também respeitar 0 teto salarial, * Sdo as hipéteses de acumulacao constitucionalmente autorizadas: (a) a de dois cargos de professor (art. 37 XVI a da CF); (b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientifico (art. 37 XVI b da CF); (c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais da satide, com profissdes regulamentadas (art. 37 XVI c da CF); (d) a de um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou fungo publica {art. 38 Ill da CF); (e) a de um cargo de magistrado com outro no magistério (art. 95, paragrafo Unico | da CF). * A proibigdio de acumular cargos atinge também empregos e fungdes pibblicas na Administragéo Publica indireta, isto 6, nas autarquias, fundagdes publicas, empresas piiblicas, sociedades de economia mista, fundagdes governamentais, bem como nas suas subsididrias e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Piblico. © Oart. 118 da Lei n® 8.112/90, em que pese ser uma lei aplicével somente ao Ambito da Unido, estende a proibigéo de acumular cargos ou empregos publicos as entidades da administragao indireta do Distrito Federal, dos estados, dos tertitérios e dos municipios. 3. PROVIMENTO DE CARGOS: Provimento é 0 ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo puiblico, com a designagao de seu titular. O provimento pode ser de dois tipos: originario e derivado. a) Provimento originario: Também chamado inicial, 6 0 que se faz através da nomeagao, que pressupée a inexisténcia de vinculacdo entre a situagdo de servico. anterior do nomeado e 0 preenchimento do cargo. Assim, tanto é provimento inicial a nomeagao de pessoa estranha aos quadros do servigo pubblico quanto a de outra que j exercia fungao publica como ocupante de cargo nao vinculado aquele para o qual foi nomeada. b)Provimento derivado: Se faz por transferéncia, promogao, remogdo, acesso, reintegragao, readmisséo, enquadramento, aproveitamento ou reversao, e é sempre uma alteragao na situacao de servico do provido. OBS: Em razao do art. 37 Il da CF,qualquer investidura em carreira diversa daquela em que o servidor ingressou por concurso ¢, hoje, vedada. Ademais, a Unica reinvestidura permitida sem concurso é a reintegragao decorrente da ilegalidade do ato de demissao. 4. ACESSIBILIDADE AOS CARGOS, FUNCOES E EMPREGOS PUBLICOS: A @ Constituigéo assegura aos brasileiros natos e naturalizados, salvo as excecdes @ constitucionals, 0 direito de acesso aos cargos, fungdes e empregos piblicos. Porém, @ a acessibilidade 6 condicionada ao preenchimento de requisitos estabelecidos em lei, @ de modo que a Administragao esta autorizada a prescrever exigéncias quanto 4 @ capacidade fisica, moral, técnica, cientifica e profissional que entender conveniente. @ e 5. CONCURSO PUBLICO: A obrigatoriedade de concurso piblico, ressalvados os @ cargos em comissao e empregos com essa natureza, refere-se a investidura em cargo @ ‘ou emprego publico. O concurso é o meio técnico posto a disposigao da Administragao @ Publica para obter-se moralidade, eficiéncia e aperfeigoamento do servigo publico e, a0 mesmo tempo, propiciar igual oportunidade a todos os interessados que atendam aos requisitos da lei. 6. ESTABILIDADE: Aprovagao em concurso ptiblico, nomeagao em cargo efetivo, trés anos de efetivo exercicio € aprovagao na avaliagaio de desempenho. DIREITOS DO SERVIDOR PUBLICO 1) Remuneragao: E 0 vencimento do cargo efetivo somado as vantagens pecuniarias permanentes estabelecidas em lei. 2)Vencimento: Consiste na retribuigéo pecunidria pelo exercicio do cargo publico, com valor fixado em lei. O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de @ carater permanente, é irredutivel, sendo vedado o recebimento de remuneragéo @ inferior ao salario minimo. Entretanto, o principio da irredutibilidade de vencimentos @ nao é absoluto, podendo haver redugao de remuneragao nos casos de adaptagao @ de valores ao teto constitucional ou sistema de pagamento por subsidios. 3) Vencimentos: Os servidores piblicos recebem vencimentos.E a remuneragdo padrdo, ou seja, vencimento (salario) + adicionais + gratificagées + indenizagoes. 4) Subsidio: Os agentes piblicos recebem subsidio.E amodalidade deremuneragao fixada em parcela Unica, que néo admite acréscimos extraordindrios, salvo as indenizagoes. E paga obrigatoriamente aos detentores de mandato eletivo e aos @ demais agentes politicos, tais como Chefes do Executivo; parlamentares; e magistrados; ministros de Estado; secretarios estaduais/distritais/municipais; membros do Ministério Publico, Defensoria Publica e Advocacia Publica. 5) Indenizagdes: Além do vencimento, poderao ser pagos ao servidor indenizacgdes, gratificagdes e adicionais. As indenizagdes nao se incorporam ao vencimento ou provento, mas as gratificagées e@ os adicionais sao incorporados nos termos previstos na legislagao. O Estatuto prevé as seguintes espécies de indenizagées: (a) ajuda de custo por mudanga; (b) ajuda de custo por falecimento; (c) diérias por deslocamento; (d) indenizagdo de transporte; (e) auxilio-moradia. 6) Retribuicées, gratificagdes e adicionais: Retribuigao pelo exercicio de fungao de dirego, chefia_e assessoramento; gratificagdo natalina; adicional_ de insalubridade/penosidade/periculosidade; adicional pela prestagéo de trabalho extraordindrio; adicional notumo; adicional de férias; gratificacéo por encargo de curso ou concurso. OBS: O vencimento, a remuneragéo e 0 provento nao serao objetos de arresto, sequestro ou penhora, salvo nos casos de prestagao de alimentos resultante de determinagao judicial. 1) Dever de lealdade: Também chamado dever de fidelidade. Exige de todo o servidor a maior dedicago ao servico e o integral respeito as leis e as instituicdes constitucionais, identificando-o como os superiores interesses do Estado. Tal dever impede que o servidor atue contra os fins e os objetivos legitimos da Administracao, pois, se assim agisse, incorreria em infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que é a demisso (desligamento compulsério do servigo publico). 2) Dever de obediéncia: Impde ao servidor 0 acatamento as ordens legais de seus superiores e sua fiel execugdo. Tal dever resulta da subordinaco hierarquica e assenta no principio disciplinar que informa toda organizacdo administrativa. Por este dever, 0 servidor nao esté obrigado a cumprir mecanicamente toda e qualquer ordem superior, mas, unicamente, as ordens legais (aquelas emanadas de autoridade competente, em forma adequada e com objetivos licitos). Tanto o cumprimento de ordem manifestamente ilegal quanto o descumprimento de ordem legal acarretam para o servidor a responsabilidade disciplinar e criminal. 3)Dever de conduta ética: Decorre do principio constitucional da moralidade administrativa e impde ao servidor pubblico a obrigacdo de jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. 4) Dever de eficiéncia: A todos, no Ambito judicial e administrativo, séio assegurados a razoavel duragao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitagao (art. 5° LXXVIII da CF). OBS: Os deveres so requisitos para o bom desempenho de seus encargos e para @ regular funcionamento dos servigos piiblicos. A Lei de Improbidade Administrativa, de @ natureza nacional, diz que constitui ato de improbidade administrativa que atenta @ contra os principios da Administragao Publica qualquer ag&o ou omissao que viole os @ deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade as instituigdes. RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR 1) Civil: Relacionada 4 reparago de dano patrimonial. Decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuizo ao erdrio ou a terceiros. 2)Penal: Para apuragéio de eventual crime. Abrange os crimes e contravencdes imputadas ao servidor, nessa qualidade. 3) Administrativa: Voltada a aplicagéo de punigdes funcionais. Resulta de ato ‘omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fungao (conceito de Alexandre Mazza). E a que resulta da violagao de normas internas da Administragao pelo servidor. A falta funcional gera o ilicito administrative @ da ensejo a aplicagaio @ de pena disciplinar, pelo superior hierarquico, no devido processo legal. e OBS: Os trés tipos sao distintos e independentes, mas podem ser cumulativos. O @ Estatuto do Servidor Publico contempla a Unica hipétese em que a decisdo de um @ processo repercute nas outras duas instancias: a responsabilidade administrativa e @ civil do servidor seré afastada no caso de absolvico criminal que neque a existéncia @ do fato ou de sua autoria(somente nestes dois casos - exemplo: absolvigao por faltade @ provas n&o afasta a responsabilidade civil e administrativa). Isso ocorre pois 0 @ processo penal, entre todas as esferas de responsabilizagao, 6 o mais “garantista", @ projetando a absolvicéo também sobre as demais instancias, de maneira a evitar @ decisdes contradit6rias nos outros processos. APOSENTADORIA DO SERVIDOR 1. APOSENTADORIA: A aposentadoria 6 a garantia de inatividade remunerada reconhecida aos servidores que ja prestaram longos anos de servigo, ou se tornaram incapacitados para suas fungdes. Dependendo do regime adotado, a aposentadoria do servidor plblico pode apresentar-se como direito de natureza previdenciaria, dependente de contribuicéo, ou como direito vinculado ao exercicio do cargo publico, financiado inteiramente pelo Poder Publico, sem contribuigo do servidor. 2. MODALIDADES DE APOSENTADORIA a) Aposentadoria por invalidez: Com proventos proporcionais ao tempo de contribuigao, exceto se decorrente de acidente de servico, moléstia profissional ou doenga grave, na forma da lei. b) Aposentadoria compulséria: Aos 70 anos de idade, com proventos proporcionais ‘ao tempo de contribuicd ¢) Aposentadoria voluntaria: Quando requerida pelo servidor que tenha cumprido tempo minimo de 10 anos de efetivo servigo no servigo piblico e 5 anos no cargo efetivo em que se dard a aposentadoria, nas seguintes condigdes: - Com proventos integrais: 60 anos de idade e 35 anos de contribuigao, se homem; 55 anos de idade e 30 anos de contribuigao, se mulher. = Com proventos proporcionais ao tempo de contribui homem, 60 anos se mulher. : 65 anos de idade se OBS: O art. 40 §5° da CF disciplina a aposentadoria especial dos professores de ensino infantil, fundamental e médio (professor universitario nao), cujos requisitos de idade e tempo de servigo serdo reduzidos em 5 anos (homem 55 anos de idade e 30 anos de contribuigao, mulher 50 anos de idade e 25 anos de contribuigao). Exige exclusividade de magistério (inclusas atividades na escola, como diretor e coordenador), conforme a Lei 11.301/06. SERVICOS PUBLICOS 1. CONCEITO DE SERVIGO PUBLICO: E todo aquele prestado pela Administragao ‘ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundarias da coletividade ou simples conveniéncias do Estado. 2. CLASSIFICAGAO DOS SERVIGOS PUBLICOS a) Quanto a essencialidade * Servigos puiblicos: Propriamente ditos, séo os que Administragéo presta diretamente 4 comunidade, por reconhecer sua essencialidade ¢ necessidade para a sobrevivéncia do grupo social e do préprio Estado. Por esse motivo, tais servigos s&o considerados privativos do Poder Publico, no sentido de que sé a Administragao deve presté-los, sem delegagdo a terceiros, mesmo porque geralmente exigem atos de império © medidas compulsérias em relagio aos administrados. Exemplos: @ Defesa nacional, policia, preservagao da satide publica. Servigos de utilidade piblica: Sao os que a Administrago, reconhecendo sua @ Conveniéncia (ndo essencialidade, nem necessidade) para os membros da @ coletividade, presta diretamente ou através de terceiros (concessionarios, @ permissionérios ou autorizatarios), nas condigdes regulamentadas e sob seu @ controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneracéo dos @ usuarios. Desse modo, seus objetivos sao facilitar a vida do individuo na @ coletividade, pondo a sua disposigao utilidades que Ihe proporcionaréo mais @ conforto e bem-estar. Exemplos: Transporte coletivo, energia elétrica, gas, telefone. @ b) Quanto a destinagao * Servigos universais: Sao aqueles que a Administracao presta sem ter usuarios determinados, para atender a coletividade como um todo. Esses servicos satisfazem indiscriminadamente toda a populagdo e, por serem indivisiveis, séo mantidos por imposto (tributo geral). Exemplos: lluminago publica, calgamento. * Servigos individuais: Séo aqueles que tém usuérios determinados e utilizacdo particular e mensurdvel para cada destinatério, como ocorre com o telefone, a agua ea energia elétrica domiciliares. Por serem individuais, mensuraveis e facultativos, devem ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (prego publico). c) Quanto a finalidade * Servigos administrativos: Séo os que a Administragéo executa para atender a @ suas necessidades internas ou preparar outros servigos que serdo prestados a0 @ Piiblico, tais como os da imprensa oficial, estagdes experimentais, etc. * Servigos industriais: Consistem na exploragao de atividades econémicas pelo @ Estado, produzindo renda e lucro para o prestador. Exemplo: Venda de refeigses a @ Pregos populares por empresa publica municipal. 4) Quanto a adequagao * Servigos préprios do Estado: Sao aqueles vinculados as atribuigdes essenciais do Poder Publico, sendo em regra prestados diretamente pelo Estado, de modo gratuito ou mediante baixa remuneragao. Exemplos: Saude publica, seguranca piblica. * Servicos impréprios do Estado: Sao aqueles que nao afetam substancialmente as necessidades da coletividade, razdo pela qual podem ter a prestacdo outorgada a entidades estatais descentralizadas ou delegada a particulares. Exemplo: Telefonia fixa. SPOHCHOOHHOSSHHSSOSSSHOHSSSHOHOHSSHOHSHHOSHOHOHHSOHOOHSOOOOOE( 3. PRINCIPIOS DO SERVIGO PUBLICO a) Regularidade: A prestagao do servigo deve observar as condigées @ horarios adequados diante dos interesses da coletividade, sem atrasos ou intermiténcias. Deve haver um padrao de funcionamento. b)Continuidade: Significa que a prestagdo do servic ptblico nao pode sofrer interrup¢ao, devendo ser provida de forma continua. Entretanto, nao se caracteriza como descontinuidade do servigo a sua interrupgao em situagdo de emergéncia ou pés aviso prévio, quando: motivada por razes de ordem técnica ou de seguranga das instalagdes; por inadimplemento do usuario. ¢) Eficiéncia: O servigo piblico deve ser prestado buscando a melhor qualidade e os mais altos indices de aproveitamento possiveis (maximo resultado pelo menor custo). d) Seguranga: A prestagao do servigo nao pode colocar em risco a integridade dos usudrios ou a seguranca da coletividade. e) Generalidade: Também chamado principio da universalidade, diz que a prestagao do servico publico deve ser estendida a maior quantidade possivel de usuarios. f) Cortesia: Significa que o servigo e as informagées de interesse do usuario devem ser prestados com polidez e educagao. g) Modicidade nos pregos: Médico significa barato, acessivel. Portanto, significa que © valor exigido do usuério a titulo de remuneragao pelo uso do servigo deve sero ‘menor possivel. 4, FORMAS DE PRESTAGAO a) Prestagao direta: E aquela realizada pelo préprio Estado (Administragao Publica direta), Se houver cobranga em troca da prestacdo direta, a remuneragdo tera natureza tributaria de taxa. Pode ser realizada de dois modos: * Pessoalmente pelo Estado: Quando promovida por érgéos publicos da Administragao direta. Exemplo: Varrigao de ruas. + Com o auxilio de particulares: Os prestadores sao selecionados por procedimento licitatério, celebrando contrato de prestagdo de servicos. Exemplo: Coleta de lixo feita por empresa terceirizada. A prestacdo direta com auxilio de particulares é feita sempre em nome do Estado, e nao em nome do prestador, razéo pela qual, havendo prejuizo decorrente da prestagdo, a responsabilidade pela reparagdo é exclusiva do Estado. b) Prestagao indireta + Por outorga: “Outorga significa a transferéncia da titularidade do servigo ptiblico, e 86 pode ser feita mediante lei’. Portanto, havendo lei nesse sentido, a prestagao de servigos puiblicos pode ser realizada por meio de pessoas juridicas especializadas criadas pelo Estado (autarquias, fundagées publicas, etc.). Exemplo: Servigo postal exercido pela Empresa de Correios e Telégrafos. A remuneragao paga pelo usuario ao prestador tem natureza de taxa, e a responsabilidade pela reparagaio de danos decorrentes da prestagéo do servigo ¢ objetiva e direta do prestador. Porém, o Estado responde subsidiariamente pelo valor da indenizaco se o orgamento da autarquia (etc.) nao for suficiente para suportar o valor. * Por delegagao: “Delegagao significa a transferéncia (pelo Estado) da execugao do servigo, para que o delegado o preste ao puiblico em seu proprio nome e por sua conta ¢ risco, porém sob a fiscalizagao do Estado. A delegagao pode ocorrer por lei, contrato ou ato administrativo”. E realizada, apds regular licitagao, por meio de concessionarios @ permissiondrios, desde que a delegao tenha previséo em lei especifica (concessao) ou autorizagao legislativa (permissdo). A prestagao indireta por delegagéo sé pode ocorrer nos casos de servigos individuais. A responsabilidade também é direta ¢ objetiva do concessiondrio ou permissionario, e 0 Estado também responde somente em carater subsididrio. Porém, a natureza da remuneragao paga pelo usuario tem natureza juridica de tarifa ou prego puiblico. OBS: Hely Lopes Meirelles * Servigo centralizado: E 0 que 0 Poder Publico presta por seus proprios érgdos em seu nome e sob sua exclusiva responsabilidade. Em tais casos o Estado 6, ao mesmo tempo, titular e prestador do servigo, que permanece integrado na Administragao direta. * Servigo descentralizado: E todo aquele em que o Poder Publico transfere sua titularidade ou sua execugo, por outorga (quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado servigo) ou delegagéio (quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execugdo do servigo, a autarquias, fundagdes, empresas estatais, empresas privadas ou particulares individualmente). * Servigo desconcentrado: E todo aquele que a Administragéo executa centralizadamente, mas distribui entre varios érgéos da mesma entidade para facilitar sua realizagao e obtengao pelos usuarios. A desconcentragéo é uma técnica administrativa de simplificagéo e aceleragao do servico dentro de uma mesma entidade. + Execugao direta: A execugdo serd direta quando for realizada pelos proprios meios da pessoa responsével pela sua prestagdo ao pubblico, seja esta pessoa estatal, autarquica, empresarial, paraestatal ou particular. Considera-se servigo em execugdo direta sempre que o encarregado de seu oferecimento ao puiblico o realiza pessoalmente, por seus érgaos ou por seus prepostos. SPCHHOSOHSHSSHSSHSHSSSSHSHSSHSHSSSHSOSHSHSSSHSSHSSHHHSCEHSHOECE * Execucio indireta: Serd indireta quando o responsdvel pela sua prestagdo aos usuarios comete a terceiros para realizé-los nas condigdes regulamentares. Portanto, servigo préprio ou delegado, feito por outrem, execucdo indireta. 5. SERVIGOS CONCEDIDOS: Sao todos aqueles que o particular executa em seu nome, por sua conta e risco, remunerados por tarifa, na forma regulamentar, mediante delegacéo contratual ou legal do Poder Piblico concedente. Servigo concedido é o servigo do Poder Publico, apenas executado por particular em razio da concessao. * A regulamentagdo dos servigos concedidos compete inegaveimente ao Poder PUblico, por determinagao constitucional. * A licitagao para a outorga da concessao sera efetuada sempre na modalidade de concorréncia * Occontrato de concessao é o documento escrito que: encerra a delegagao do poder concedente; define 0 objeto da concessdo; delimita a rea, forma e tempo da exploragao; estabelece os direitos e deveres das partes e dos usuarios do servigo. 6. SERVIGOS PERMITIDOS: A permissao do servigo piblico é 0 ato administrativo unilateral, discricionario, intuitu personae e precdrio (que pode ser revogado a qualquer tempo) que realiza, mediante prévia licitagdo, a delegagdo temporaria da prestagao do servigo pubblico. Entretanto, embora a doutrina considere a permisséo um ato unilateral, a legislagao brasileira trata da permisséio como um contrato de adesao. 7. DIFERENCAS ENTRE A CONCESSAO E A PERMISSAO a) Quanto a natureza juridica: A concesséo é um contrato bilateral; a permissao é unilateral. b) Quanto aos beneficidrios: A concesséio sé beneficia pessoas juridicas; a permissao pode favorecer pessoas fisicas ou juridicas. ¢) Quanto ao capital: A concessao pressupée maior aporte de capital; a permissio exige menor investimento. ) Quanto a constituigo de direitos: A concessao constitui o concessionério em direitos contra 0 poder concedente; a permissao nao produz esse efeito. e) Quanto a extingao unilateral: Sendo extinta antecipadamente, a concessao enseja direito 4 indenizago para o concessionario; a permissdo, devido ao cardter precio, autoriza o Poder Publico a extinguir unilateralmente 0 vinculo, sem ocasionar ao permissionario direito a indenizagao. f) Quanto a licitagao: A concessao depende de licitagao na modalidade concorréncia; a permissao pode ser outorgada mediante licitagéo em qualquer modalidade. g) Quanto a forma de outorga: A concessdo do servico publico se da por meio de lei especifica; a permissao depende da simples autorizagdo legislativa. 8. CONCESSAO: E a delegagéo contratual da execugdo do servigo, na forma autorizada e regulamentada pelo Executive. O contrato de concessao é ajuste do Direito Administrativo, bilateral, oneroso, comutativo e realizado intuitu personae. Com isso, se afima que 6 um acordo administrativo (e néo um ato unilateral da @ Administragao), com vantagens e encargos reciprocos, no qual se fixam as condig6es @ de prestac&o do servigo, levando-se em conta 0 interesse coletivo na sua obtencdoe @ as condigdes pessoais de quem se propée a executé-lo por delegacdo do poder @ concedente. e * Sendo um contrato administrativo, fica sujeito a todas as imposighes da @ Administragao necessarias formalizacao do ajuste, dentre as quais a autorizagéo @ governamental, a regulamentagao e a licitagao. e + Pela concesséo o poder concedente nao transfere propriedade alguma ao @ concessionario, delega apenas a execugdo do servigo, nos limites e condigdes @ legais ou contratuais, sempre sujeita a fiscalizagao do concedente. e * A concessao, em regra, deve ser conferida sem exclusividade, para que seja @ possivel a competigdo entre os interessados, favorecendo os usuarios com os melhores servigos e tarifas mais baixas. Apenas quando houver inviabilidade técnica ou. econémica de concorréncia na prestagao do servigo, devidamente justificada, admite-se a concessao com exclusividade. * Findo 0 prazo da concessio, devem reverter ao poder concedente os direitos bens vinculados a prestag&o do servigo, nas condigdes estabelecidas no contrato. OBS: Comentério do professor — O contrato de concessaéo de servigos publicos contém ciéusulas exorbitantes fora da regra do Direto Civil. Sao elas: possibilidade de @ alteragao do contrato; reajustamento de pregos e tarifas; aplicagdo de sangdes pela @ Administragaio Publica; extingdo por conveniéncia/oportunidade/sangao; etc. e . e 9. FIM DA CONCESSAO e a) Reversdo: Término do prazo da concessdo, com o retorno do servigo ao poder @ concedente. Ocorre automaticamente, sem necessidade de ser declarada por ato @ do poder concedente. ® b) Encapagao ou resgate: E a retomada do servico publico, mediante lei autorizadora @ e prévia indenizagdo, motivada por razées de interesse puiblico, justificadoras da @ exting&o contratual. Predomina o entendimento de que é devida a indenizagao dos @ danos emergentes oriundos da extingao contratual, mas nao dos lucros cessantes (enriquecimento sem causa). c) Rescisao judicial: Ocorre por iniciativa do contratado, quando a Administragao nao cumpre a sua parte do acordo. Nesse caso, o concessionario faz jus a indenizagéo dos danos emergentes, mas nao dos lucros cessantes. d) Rescisao administrativa: Ocorre por iniciativa da Administragao, por inadimpléncia do concessionario (também chamada caducidade). e) Anulagao: E a extingdo motivada por ilegalidade ou defeito no contrato. f) Faléncia ou extingéo da empresa: Como os contratos tém natureza personalissima, o desaparecimento do contratado induz @ extingao do vinculo contratual. OBS: Consequéncia do fim da concessao = reversdo de bens. A extingéio do contrato de concesséo nao pode interromper a prestagdio do servigo puiblico, sob pena de violago do principio da continuidade. Por isso, a legislacdo prevé a reverséio ao poder concedente, com o término do contrato, dos bens pertencentes ao concessionério que forem indispensaveis para garantir a no interrupgo do servigo. A reverséo deve ser prevista no edital licitatério e no contrato de concesséo, incorporando-se assim as despesas previstas para o concessiondrio na execugéio do servigo. Em nome da supremacia do interesse publico 6 possivel, entretanto, determinar a reversao de bens do concessionario mesmo sem previsao no contrato, desde que a medida seja absolutamente indispensavel para garantir a continuidade na prestagao do servigo. Por dbvio, a reversdo realizada sem previsio contratual estd condicionada ao pagamento de prévia e integral indenizagao, desde que o investimento nos bens ndo tenha sido amortizado pelas tarifas. PROCESSO ADMINISTRATIVO 1. CONCEITO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO: A Administragao Publica, para registro de seus atos, controle da conduta de seus agentes e soluc&o de controvérsias dos administrados, utiliza-se de diversos procedimentos, que recebem o nome de “processo administrativo”. A exigéncia de observar-se um processo previsto na legistagao relaciona-se com a nogdio de legitimidade pelo procedimento, segundo a qual, no moderno Estado de Direito, a validade das decisdes praticadas pelos érgdos e agentes governamentais esta condicionada ao cumprimento de um rito procedimental preestabelecido. * Sdo aplicveis ao processo administrative os dois aspectos modernos do devido processo legal formal (consistente na obrigatoriedade de observancia do rito para a tomada da decisdo) e do devido processo legal material ou substantivo (a deciséo final do proceso deve ser razoavel e proporcional). * "Processo” é 0 conjunto de atos coordenados para a obtencéio da deciséo sobre uma controvérsia no Ambito judicial ou administrativo. “Procedimento” é 0 modo de realizagao do processo, ou seja, o rito processual. Assim, nao ha processo sem procedimento, mas ha procedimentos administrativos sem processo (exemplo: licitagao e concurso puiblico). * A Lei n° 9.784/99 estabelece o procedimento administrativo federal (ou seja, a ser seguido pela Unido). * O processo administrativo limita a atuagéo do Estado, busca a eficiéncia e 0 controle da ago do Estado, bem como é importante forma de assegurar a ampla defesa e o contraditério (comentario do professor). * So legitimados para o processo administrativo: titulares dos direitos e interesses que iniciem 0 processo, podendo ser pessoa fisicas ou juridicas; terceiros interessados que, sem terem iniciado 0 processo, possuem direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisdo a ser adotada; organizacées e associagdes representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; pessoas ou associagées legalmente constituidas quanto a direitos ou interesses difusos. 2. ESPECIES DE PROCESSO ADMINISTRATIVO a) Ampliativos: Sao voltados 4 expansao da esfera privada de interesses. Exempl Outorga de permissdo de uso. Dividem-se em: de iniciativa do préprio interessado, como no pedido de licenga; de iniciativa da Administracdo, como a licitaca concorrenciais, como o concurso piiblico; e simples ou ndo concorrenciais, como 0 pedido de autorizago de uso. b) Restritivos: Sdo aqueles que impéem limitages a esfera privada de interesses. Exemplo: Interdigao. de estabelecimento. Dividem-se em meramente restritivos (como as revogagées) ¢ sancionadores (como a sindicdncia). Para 0 professor, ¢ @ retirar da esfera do particular um direito que anteriormente Ihe fora concedido, como @ a demisséo do servidor piblico. 3. PRINCIPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO a) Legalidade: Definida como o dever de atuagao conforme a lei ¢ 0 direito. b) Oficialidade: Atribui sempre a movimentagdo do processo administrative 2 @ ‘Administragdo, ainda que instaurado por provocacéo do particular. Uma vez @ iniciado, passa a pertencer ao Poder Publico, a quem compete seu @ impulsionamento até a decisao final. e ¢) Informalismo: Adogdo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau @ de certeza, seguranga e respeito aos direitos dos administrados. E aplicavel aos @ processos restritivos e também em alguma medida aos processos ampliativos (s6 nas hipéteses em que nao vigora o processo formal). Todavia, quando a lei impoe uma forma ou uma formalidade, esta devera ser atendida sob pena de nulidade do procedimento. Como regra geral, esse principio nao vigora nos principios ampliativos, que so formais por natureza. ) Verdade material: Possibilidade que a Administragao Publica tem de utilizar todos os meios disponiveis para buscar a verdade, desde que licitos. E possivel rever o processo sempre (fato novo, fato antigo ndo conhecido, etc.). e) Revisibilidade: Possibilidade de ter 0 duplo grau de jurisdigao (remeter o processo a um outro 6rgéo julgador para que ele efetue outra andlise do processo). Até 5 anos depois da deciséio a parte pode rever o proceso. f) Devido processo legal: Art. 5° LIV e LV da CF. Processos ampliativos nao tém contraditério nem ampla defesa, pois eles nao tém a fungao de restringir os direitos nem o patriménio de ninguém. 9) Direito de acesso aos autos: Exceto nos casos de processos sigilosos. h) Motivagao das decisées: Indicagéo dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a decisao. i) Gratuidade: Proibigéo da cobranga de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei. O principio da gratuidade se aplica aos processos restritivos em razo do contraditorio e ampla defesa, para que a pessoa nao perca a chance de se defender por questées econémicas, mas pode néo se aplicar aos ampliativos (s6 sera gratuito excepcionalmente). J) Economia processual: Maximo resultado na atuagao do direito com o minimo emprego possivel de atividades processuais. k) Lealdade e boa-fé: As partes tém o dever de se conduzir com ética, lealdade e boa-fé, cabendo ao juiz reprimir qualquer ato atentatério a dignidade da justiga. 4. FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO a) Instauragao: E a apresentagao escrita dos fatos e indicagao do direito que ensejam © processo. Quando provém da Administracéio deve consubstanciar-se em portaria, auto de infragao, representagao ou despacho inicial da autoridade competente. Quando provocada pelo administrado ou pelo servidor deve formalizar-se por Tequerimento ou petigéio. Em qualquer hipétese, a pega instauradora recebe autuagao para 0 processamento regular pela autoridade ou comissao processante. O essencial 6 que a pega inicial descreva os fatos com suficiente especificidade, de modo a delimitar o objeto da controvérsia e a permitir a plenitude da defesa. Caso contrario, 0 processo sera nulo. b) Instrugao: E a fase de elucidagao dos fatos, com a produgéo de provas, como depoimento da parte e testemunhas, pericias técnicas e juntada de documentos pertinentes. c) Defesa: A defesa é garantia constitucional de todo acusado, e compreende a ciéncia da acusagao, a vista dos autos, a oportunidade para oferecimento de contestago e provas, testemunhas e a observncia do devido processo legal. d)Relatério: E a sintese do apurado no processo, feita por quem o presidiu individualmente ou pela comissdo processante com apreciagdo das provas, dos fatos apurados, do direito debatido e a proposta conclusiva para deciséo da autoridade julgadora competente. E pega informativa e opinativa, sem efeito vinculante para a Administragao ou para os interessados no processo. Dai porque pode a autoridade julgadora divergir das conclusdes e sugestées do relatério, sem qualquer ofensa ao interesse puiblico ou direito das partes, desde que fundamente sua decisdo. Isso ocorre nos processos restritivos, porque quem apura ¢ diferente de quem julga. e) Julgament : E a decisdo proferida pela autoridade ou érgéo competente sobre o objeto do processo. O essencial 6 que a decisdo seja motivada com base na acusago, na defesa e na prova, nao sendo licito a autoridade julgadora argumentar com fatos estranhos ao processo ou silenciar sobre as razées do acusado, porque isso equivale a cerceamento de defesa e conduziré a nulidade do julgamento. 5. HIPOTESES EM QUE E OBRIGATORIA A ABERTURA DE PROCESSO * Sempre que o administrado provocar a Administracao. * Quando a ago administrativa envolver a privagao de liberdade ou de bens. * Quando a decisao administrativa envolver litigio sobre direito do administrado ou the impor sangées. * Quando houver expressa determinagao constitucional. Exemplo: Licitagao, concurso pubblico, desapropriacao. 6. OBSERVAGGES DO PROFESSOR a) Processo de expediente: E aquele que na verdade é um processo acessério, que no decide nada, ndo gera direitos nem obrigagdes, mas que serve de impulso aos demais processos. b)Processo de outorga: Quando o particular pleiteia, perante a Administragao Publica, o exercicio de direitos, o reconhecimento de situagées individuais. c) Processo de controle: E aquele que faz a verificagdio e 0 reconhecimento de situagdes existentes, mas ele, em si, ndo gera direitos ou obrigagdes. A consequéncia dele é que pode gerar. SHCHOHHOHSHSSSHSHSHSSSHSHSHHSHSHHSHSHHSHSHHSHHHHSHHHSHSHOHHHOCHOOOE QUESTOES DA 3* AVALIACAO - 2014 . Considerando a classificagao do processo administrativo (ampliativos e restritivos), cite e justifique a no aplicagao de alguns de seus principios. . Cite e justifique os requisitos para aquisicdo do direito 4 estabilidade no servigo piiblico e diga quais as hipéteses constitucionais que permitem a sua quebra. . Cite as hipéteses constitucionais que asseguram ao servidor o direito a aposentadoria com integridade e paridade de vencimentos. |. Sobre 0 edital de Porto Alegre, esto presentes os principios do servigo publico estabelecidos na lei geral de concesses? Explique. DIREITO ADMINISTRATIVO 4? avaliagao - 2014 RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINSITRACAO > Responsabilidade civil € a que se traduz na obrigagéo de reparar danos patrimoniais e se exaure com a indenizago. Como obrigagdo meramente patrimonial, a responsabilidade civil independe da criminal e da administrativa, com as quais pode coexistir sem, todavia, se confundir. Assim, a responsabilidade civil da Administragéo Publica é a que impée a Fazenda Publica a obrigaco de reparar 0 dano causado a terceiros por agentes puiblicos, no desempenho de suas atribuig6es ou a pretexto de exercé-las. > O agente nao seré responsabilizado administrativa e civilmente quando, na esfera penal, for comprovado que ele ndo praticou o fato ou que o fato nunca existiu. > No cabe responsabilidade civil nos seguintes casos: quando regulada em contrato; quando no for prestacao de servigo pubblico; quando for sacrificio de direito. + A responsabilidade do Estado é disciplinada pelo art. 37 §6° da CF: “As pessoas juridicas de direito publico e as de direito privado prestadoras de servigos publicos responderéo pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsavel nos casos de dolo ou culpa.” > A Constituigéo adotou, como regra, a teoria objetiva na modalidade do risco administrativo. Isso significa que o pagamento da indenizagao néo precisa de comprovago da culpa ou dolo (objetiva), e que existem excecdes ao dever de indenizar (risco administrativo), EUNDAMENTOS DA.RESPONSABILIDADE 1. Atos licitos: Parte do principio da distribuigdo igualitéria dos énus e encargos a que esto sujeitos os administrados. Acontece quando uma conduta que beneficia a coletividade prejudica um ou mais individuos de forma especial, de modo que os prejuizos devem ser reparados. 2. Atos ilicitos: Parte do principio da legalidade, todo ato administrative deve estar fundado na observancia da lei. REQUI Existéncia de um sujeito agindo em nome do Estado. 2. Ago ou omissao: Agdo é 0 comportamento que produz um resultado. A omissao em si no produz nenhum resultado, mas cria as condigées para que o dano ocorra, 3. Dano: A conduta (aco ou omissdo) realizada pelo agente estatal deverd produzir um dano. 4, Nexo causal: Nexo de causalidade entre a conduta e o dano. TEORIAS DA RESPONSABILIDADE 1. Teoria da culpa administrativa: Aqui ndo se indaga da culpa subjetiva do agente administrativo, mas perquire-se a falta objetiva do servigo em si mesmo, como fato gerador da obrigagéo de indenizar o dano causado a terceiro. Essa teoria exige muito da vitima que, além da lesdo sofrida injustamente, fica no dever de comprovar a falta do servico para obter a indenizagao. A falta do servico pode se apresentar de trés modos: inexi ncia do servigo, mau funcionamento do servigo ou retardamento do servigo. Ocorrendo quaisquer dessas hipéteses, presume-se a culpa administrativa e surge a obrigagao de indenizar. Exige-se a falta do servico, a culpa 6 presumida da falta administrativa. 2, Teoria do risco administrativo: Faz surgir a obrigagdo de indenizar o dano do s6 ato lesivo e injusto causado @ vitima pela Administragao. Nao se exige qualquer falta do servigo pUblico, nem culpa de seus agentes: basta a leséo, sem o concurso do lesado. Assim, basta que a vitima demonstre o fato danoso ¢ injusto ocasionado Por acéo ou omissao do Poder Pliblico. Embora dispense a prova da culpa da Administragao, essa teoria permite que 0 Poder Publico demonstre a culpa da vitima, que pode excluir ou atenuar a indenizagao. Exige-se o fato do servigo, a culpa é inferida do fato lesivo da Administragao. 3. Teoria do risco integral: Para essa teoria, a Administragao ficaria obrigada a indenizar todo e qualquer dano suportado por terceiros, ainda que resultante de dolo ou culpa da vitima. Essa teoria jamais foi adotada, pois permite abusos. EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE 1. Caso fortuito ou forga maior: Um evento imprevisivel e incontrolével (humano ou da natureza) afasta a responsabilidade. 2. Culpa da vitima: A culpa exclusiva da vitima exclui a responsabilidade civil da Administragéo, enquanto a culpa concorrente “diminui” a responsabilidade, atenuando a indenizagao. Assim, cada um responde na medida em que concorre para o dano. RESPONSABILIDADE POR _ATOS LEGISLATIVOS E POR ATOS JUDICIAIS: Quanto aos atos legislativos e judiciais, a Fazenda Publica s6 responde mediante a comprovagao de culpa manifesta na sua expedigéio, de maneira ilegitima e lesiva. Essa distingéo resulta do texto constitucional, que sé se refere aos agentes administrativos (servidores), excluindo os agentes politicos (parlamentares ¢ magistrados). 1.Ato legislativo tipico: E a lei, e dificilmente poder causar prejuizo indenizavel ao particular, pois, como norma abstrata e geral, atua sobre toda a coletividade. Como a reparago civil do Poder Publico visa a restabelecer o equillbrio rompido com o dano causado individualmente a um ou alguns membros da comunidade, ndo ha que se falar em indenizagéo da coletividade. Nao ha fundamento juridico para a responsabilizagdo civil da Fazenda Publica por danos eventualmente causados por lei, ainda que declarada inconstitucional. 2. Ato judicial tipico: E a sentenga/deciso, e enseja responsabilidade civil da Fazenda Publica nas hipéteses do art. 5° LXXV da CF/88. Nos demais casos, 0 STF tem entendido que ela no se aplica aos atos do Poder Judicidrio e de que o erro judiciario no ocorre quando a decisao judicial est devidamente fundamentada. Ficard © juiz individual e civilmente responsavel por dolo, fraude, recusa, omissao ou retardamento injustificado de providéncias de seu oficio, nos expressos termos do art. 133 do CPC, cujo ressarcimento do que foi pago pelo Poder Publico deve ser cobrado em ago regressiva contra o magistrado culpado. OBS: Quanto aos atos administrativos praticados por érgéos do Poder Judicirio e do Poder Legislativo, equiparam-se aos demais atos da Administragao e, se lesivos, empenham a responsabilidade civil objetiva da Fazenda Publica. REPARACAO _DO_DANO: A reparagao do dano causado pela Administragdo a terceiros obtém-se amigavelmente ou por meio da agdo de indenizagao e, uma vez indenizada a lesdo da vitima, fica a entidade publica com o direito de voltar-se contra 0 servidor culpado para haver dele o despendido, através da agao regressiva, autorizada pelo art. 37 §6° da CF/88. ‘Quadro comparativo entre acio indenizatéria e agdo regressiva el | ‘Acio indenizatoria ‘Acéo regressiva | ‘Previsio at. 37, § 6, da CF art. 37, §6o, da CF | Partes tina x Estado estado x agente pibico i Fundamento [tore objetia tea subjetva Visa apurar |responsabidade do Estado Iresponsabidade pessoal do agente mee peeing mm CONTROLE DA ADMINISTRAGAO CONCEITO DE CONTROLE: E a faculdade/poder de vigildncia, orientagéo e corrego que um Poder, orgao ou autoridade exerce sobre a conduta funcional do outro. Pode ser realizado pela administragao, pelo legislativo ou pelo judiciar NATUREZA JURIDICA DO CONTROLE: Os mecanismos de controle tém natureza juridica de principio fundamental da Administragao Publica. E 0 que se extrai da norma contida no art. 6°, V, do Decreto-Lei n. 200/67: “As atividades da Administracao Federal obedecero aos seguintes principios fundamentais: planejamento; coordenagao; descentralizagao; delegagao de competéncia; controle’. CLASSIFICAGAO QUANTO AO ORGA 4. Controle administrativo: E todo aquele que o Executivo e os érgaos de administragao dos demais Poderes exercem sobre suas proprias atividades, visando manté-las dentro da lei. Para o professor, “E 0 controle exercido intemamente pela Administragdo Publica. S40 os érgaos que, por lei, estabelecem entre si uma relagdo de hierarquia.” a)Subordinago direta: Quando houver subordinagéio direta, incide fiscalizagéo hierarquica. E 0 caso dos érgaos da Universidade. b)Subordinacao indireta: Quando houver subordinagao indireta (também chamada meramente legal), incide supervisdo ministerial. Ela é sempre limitada nos termos da lei que a autoriza. Por isso, alguns autores dizem que incide apenas da Administragao direta para a indireta. 2. Controle legislativo: E aquele realizado pelo parlamento com auxilio dos Tribunais de Contas. Exemplo: Comissdes Parlamentares de Inquérito. Sua abrangéncia inclui o controle politico sobre o proprio exercicio da fungao administrativa e 0 controle financeiro sobre a gestéo dos gastos publics dos trés Poderes. O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administrag&o Publica tem que se limitar as hipéteses previstas na Constituicao Federal. 3. Controle judicial: E aquele promovido por meio das ages constitucionais perante © Poder Judicidrio. O controle judicial pode ser exercido a priori ou a posteriori, conforme se realize antes ou depois do ato controlado, respectivamente. O controle judicial sobre a atividade administrativa é sempre realizado mediante provocagao da parte interessada. Exemplo: Mandado de seguranga. O Poder Judiciério pode examinar os atos da Administracéo Ptiblica de qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou bilaterais, vinculados ou discricionarios, mas sempre sob 0 aspecto da legalidade e da moralidade. CLASSIFICACAO QUANTO A EXTENSAO 1. CLASSIFICAGAO QUANTO AO MOMENTO DE EXERCICIO = PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DO CONTROLE - Fiscalizagao hierarquica: E exercida pelos érgos superiores sobre os inferiores Controle interno: Realizado por um Poder sobre seus préprios érgéios e agentes, @ mantendo assim a legalidade de seus atos. Exemplo: Controle exercido pelas @ chefias sobre seus subordinados. Esta previsto no art. 74 da CF. e Controle externo: Quando o érgéo fiscalizador se situa fora do Ambito do Poder @ controlado. Exemplo: Anulago judicial de ato da Administracéo. e Controle popular: Também chamadocontrole social da Administraco Publica, 6 @ aquele feito pela propria populagao, que pode denunciar irregularidades através de @ ago popular ou associagées. Tem a finalidade de tornar a Administragao Publica @ mais transparent. Controle preventivo: Também chamado controle prévio ou controle a priori, aquele realizado antes do ato controlado. Exemplo: Mandado de seguranga impetrado para impedir a pratica de ato ilegal. Controle concomitante: E aquelepromovido durante a execugo da atividade controlada. Exemplo: Fiscalizagao durante a execugao de obra publica. Controle subsequente: Também chamado controle corretivo, posterior ou a posteriori, é aquele realizado apés a pratica do ato controlado. Serve para corrigir, anular, revogar ou cassar este ato. Exemplo: Agao popular proposta visando anular ato lesivo ao patriménio publico. Os da mesma Administragao, visando ordenar, coordenar, orientar e corrigir suas atividades e agentes. E inerente ao poder hierarquico, e sao suas caracteristicas a permanéncia e a automaticidade, visto que se exercita sem descontinuidade e independentemente de ordem ou solicitagao especial. Superviséo ministerial: E um meio atenuado do controle administrativo, geralmente aplicavel nas entidades da Administragao indireta vinculadas a um Ministério. A supervisao resulta do sistema legal imposto as autarquias e empresas estatais. A supervisdo é limitada aos aspectos que a lei indica, para nao suprimir a autonomia administrativa e financeira das entidades vinculadas a Administragéio central. Controle finalistico: E o que a norma legal estabelece para as entidades auténomas, indicando a autoridade controladora, as faculdades a serem exercitadas e as finalidades objetivadas. Por isso mesmo, é sempre um controle limitado € externo. Nao tem fundamento hierarquico, porque ndo ha subordinagéo entre a entidade controlada a autoridade controladora. Para o professor, "E a possibilidade que a Administragao direta tem de controlar no aspecto finalidade a atuagéo da Administragéo Publica indireta. Decorre da mera vinculagdo administrativa, por isso é um controle limitado em razdo de que nao existe subordinagao.” OBS: A Administragao Publica deve anular seus proprios atos quando eivados de vicio de legalidade, e pode revogd-los por motivo de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos (art. 53 da Lei 9.784/99). RECURSOS ADMINISTRATIVOS: Art. 5° LV da CF/88. Recursos administrativos so todos os meios que podem utilizar os administrados para provocar o reexame do ato pela Administragéo Publica. Os recursos administrativos decorrem do Estado democrético de direito, pois propiciam aos administrados e servidores que séo afetados por atos da administragao a possibilidade de recorrer de decisées, garantindo assim o principio da ampla defesa, que pressupde o duplo grau de jurisdi¢do. Os Tecursos em geral so interpostos voluntariamente pelo particular interessado (recurso provocado) e os hierdrquicos 0 séo também pela autoridade que proferiu a decisao inferior (recurso de oficio), desde que a lei ou regulamento assim o determine expressamente. 1. Voluntarios: Também chamados provocados, séo aqueles que dependem da manifestagéo de vontade expressa da parte interessada. Devem ser fundamentados, com a exposicao dos fatos e indicagdo da ilegalidade impugnada. 2. De oficio: E aquele realizado sem necessidade de provocagéo da parte interessada, quando a propria autoridade que o profere decorre da decisdo para a autoridade superior. E uma excec&o no direito brasileiro, e sé pode acontecer quando houver expressa previséo em lei. Exemplo: Quando houver a obrigagao de restituigao de valores da Administragao Publica para o particular. REEORMATIO IN PEJUS: No proceso administrativo, 0 recurso ira reexaminar todo 0 caso, e ndo apenas a questo de interesse do sujeito (0 que ele ndo conseguiu), de modo que essa nova interpretagao pode ser prejudicial, sendo denominada “reformatio in pejus” (pode perder o que havia conseguido). OBS: A deciséo administrativa, embora nao faga coisa julgada, possui efeito vinculante para a Administragéo. Uma vez tomada ela obriga a propria Administragao, e 86 se desobrigaré por uma questo de legalidade. No recurso, a Administragéo Pablica pode valorar novamente 0 mérito, o que ndo é permitido ao juiz. A precluséo é para recorrer na via administrativa e a prescrigdo 6 para a via judicial. A prescrigao, como regra geral, acontece em 5 anos, mas existem situagdes em que a prescrigao 6 anual (depende de lei especifica). CLASSIFICACAO DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS 1. Representagao: E a deniincia formal e assinada de irregularidades intemas ou abuso de poder na pratica de atos da Administragao, feito por qualquer pessoa a autoridade competente para conhecer e coibir a ilegalidade apontada. O direito de Tepresentar est previsto na Constituigéo e 6 incondicionado, imprescritivel e independe do pagamento de taxas. 2, Reclamagio: E a oposigao expressa a atos da Administragao que afetem direitos ou interesses legitimos do administrado. O direito de reclamar é amplo e se estende a toda pessoa fisica ou juridica que se sentir lesada ou ameacada de lesfo pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos. Tal direito, se nao tiver outro prazo fixado em lei, extingue-se em um ano. 3. Reconsideragio: Pedido de reconsideragaéo 6 aquele pelo qual o interessado requer 0 reexame do ato propria autoridade que o emitiu. Deferido ou indeferido, total ou parcialmente, no admite novo pedido, nem possibilita nova modificaco pela autoridade que jé reapreciou o ato. 4, Recurso hierarquico proprio: E aquele enderegado a autoridade superior & que praticou o ato recorrido. Como tal recurso é inerente a organizagao escalonada da Administragao, pode ser interposto sem necessidade de previsdo legal. Exemplo: Recurso contra autuagao dirigido a chefia do setor de fiscalizacao. 5. Recurso hierarquico improprio: E aquele dirigido a autoridade que nao ocupa Posigao de superioridade hierérquica em relacdo a quem praticou o ato recorrido. Tal modalidade de recurso s6 pode ser interposta mediante expressa previsio legal. Exemplo: Recurso contra deciséo tomada por autarquia enderegada ao Ministro da pasta a qual a entidade recorrida esta vinculada. 6. Reviséo: E o recurso de que se utiliza o servidor publico, punido pela Administragéo, para reexame da deciséo, em caso de surgirem fatos novos suscetiveis de demonstrar a sua inocéncia. EFEITO DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS 1. Devolutivo: Regra geral. E 0 efeito normal de todos os recursos, independendo de norma legal; ele devolve o exame da matéria & autoridade competente para decidir. 2. Suspensivo: Excegdo. Suspende os efeitos do ato até a devisdo do recurso. Ele 86 existe quando a lei o prevé expressamente. Em outras palavras, no silencio da lei, 0 recurso tem apenas efeito devolutivo. INTERVENGAO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA Entende-se por intervengao na propriedade privada todo ato do Poder Publico que compulsoriamente retire ou limite os direitos de propriedade privados. © fundamento juridico geral que autoriza o Estado brasileiro a intervir na propriedade de particulares é 0 principio da fungao social da propriedade, estabelecido no art. 5° XXIII da CF, segundo o qual “a propriedade atenderd sua fungao social’. Embora a propria Constituigéo assegure 0 direito de propriedade (art. 5°, XXII), trata- se de um direito relativo na medida em que o seu exercicio, para ser legitimo, deve se compatibilizar com os interesses da coletividade. Cabe ao Estado, utilizando os instrumentos de intervengao na propriedade, o papel de agente fiscalizador do cumprimento da fungao social. O proprietario que desatende aos requisitos da fungao social incide na pratica de ato ilicito, podendo sujeitarse a imposiggo de instrumentos sancionatérios de intervencéo na propriedade, como € 0 caso da desapropriagaio por interesse social com indenizacao paga em titulos (arts. 182, §4°, Ill, e 184 da CF). Entretanto, o descumprimento da fungao social nao é requisito para a intervengao do Estado na propriedade privada. Alguns instrumentos de intervencdo, como a servidéo e 0 tombamento, por exemplo, ndo tém carater sancionatério, podendo recair sobre propriedades cumpridoras da fungdo social. A propriedade urbana cumpre sua fungo social quando atende as exigéncias fundamentals de ordenago da cidade expressas no Plano Diretor (art. 182 §1° da CF). J& a propriedade rural cumpre a fungéo social quando atende simultaneamente, segundo critérios e graus definidos em lei, aos seguintes Tequisitos (art. 186 da CF): aproveitamento racional e adequado;Ciutilizagao adequada dos recursos naturais disponiveis e preservagéo do meio ambiente;Clobservancia da legislacao trabalhista;lexploracdo que favorega o bem- estar de proprietarios e trabalhadores. Como regra geral, os instrumentos de intervengao do Estado na propriedade privada tém seu uso autorizado e disciplinado pelo proprio ordenamento juridico. Entretanto, ha casos como o de apossamento administrativo, também chamado de desapropriagao indireta, em que a intervengdo estatal é realizada por meio de um ato ilicito violador da ordem juridica (vide art. 46 da Lei Complementar n. 101/2000, que veda a desapropriagao indireta). Intervengao supressiva de dominio: O Estado intervém na_propriedade modificando a titularidade da coisa, resultando na sua transformagao em bem pliblico. E caso da desapropriacao, do confisco (art. 243 da CF) e da pena de perdimento de bens (art. 5°, XLVI, b, da CF). Intervengao nao supressiva de dominio: A intervencao estatal ocorre mantendo ‘© bem no dominio privado. Séo formas nao supressivas de dominio o poder de policia, a servidéo, o tombamento, a requisigao e a ocupagao temporaria. DESAPROPRIAGAQ Desapropriagao ou expropriagéo € 0 procedimento administrative pelo qual o @ Estado transforma compulsoriamente bem de terceiro em propriedade publica, @ pagando indenizacao prévia, justa e em dinheiro. A desapropriagéo é forma @ origindria de aquisigao de propriedade. e Ocorre em trés casos: Necessidade publica (a aquisicao é emergencial, @ indispensavel), utilidade publica (a aquisigéo é conveniente, oportuna) e interesse @ social (carater punitivo, reforma agraria para politica urbana, sem pagamento de @ indenizagao.) e Trata-se da modalidade mais agressiva de intervengao do Estado na propriedade @ privada na medida em que suprime o dominio do bem expropriado, razo pela qual 60 tinico instrumento de intervengdo que garante prévia indenizagao (art. 5° XXIV da CF). ‘A desapropriagéo constitui também a Unica modalidade interventiva na propriedade com natureza juridica de procedimento administrativo, estando por isso obrigada a garantir contraditério e ampla defesa ao expropriado (art. 5° LV da @ cr). e A desapropriago desenvolve-se por meio de uma sucessao de atos definidos em @ lei e que culminam com a incorporagao do bem ao patriménio publico. Esse @ procedimento compreende duas fases: a declaratéria e a executoria, abrangendo, @ esta Ultima, uma fase administrativa e uma judicial. e A fase de natureza declaratéria é consubstanciada na indicagdo da necessidade @ ‘ou utilidade publica ou do interesse social. Seria a emissdo e publicagdo do @ decreto expropriatério pelo Chefe do Executivo. A fase de carater executrio @ compreende a estimativa de justa indenizagdo e a transferéncia do bem @ expropriado para o dominio do expropriante. Seria a desapropriagao em si. O processo desapropriatério ndo admite que haja outra discussdo além do prego. Para discutir legalidade, por exemplo, deve-se entrar com outra ago. Existem alguns critérios legais para estipular 0 valor do imével: 0 valor declarado para 0 proprietario para critérios de tributagao, e a atualizagao do valor de compra, que traduz aquilo que o proprietario distendeu para aquisicéo do bem. Entretanto, muitas varidveis influem na modificacao do prego, tais como melhorias feitas no prédio, obras publicas realizadas nos arredores e especulagao imobilidria. > Na desapropriagdo, uma vez citado 0 desapropriado, abre-se 0 prazo para que ele ofereca a contestagao fundamentada em questao do prego. Nao ha possibilidade de pedir a improcedéncia, apenas se discute o prego. + Quando o juiz designa perito, havendo uma diferenga de avaliagao entre o valor oferecido e 0 real, sobre o valor da diferenga incidirdo juros moratérias e juros compensatérios. > Vencido todo processo, chega o momento da sentenga que vai reconhecer ou nao © direito a indenizago maior que a oferecida. O oferecido ¢ o valor base, nunca podera ser menor. 1. TIPOS DE DESAPROPRIAGAO a) Desapropriagao direta: Quando 0 procedimento ¢ realizado de forma licita, em conformidade com o devido processo legal, especialmente atendendo as regras impostas pela Lei Geral de Desapropriagao (Decreto-Lei n. 3.365/41), b) Desapropriacao indireta: Também chamado apossamento administrative, é 0 esbulho possessério praticado pelo Estado quando invade area privada sem observancia do devido proceso legal. 2, CARACTERISTICAS DA DESAPROPRIAGAO a) Aspecto formal: Meng&o a um procedimento. b) Sujeito ativo: O Poder Publico ou seus delegados. c) Pressupostos: Necessidade publica, utilidade publica ou interesse social. 4) Sujeito passivo: O proprietario do bem. e) Objeto: A perda de um bem. f) Indenizagao: A reposigaéo do patriménio do expropriado por meio de justa indenizagao. 3, INDENIZAGAO * Indenizagao prévia significa que 0 expropriante deveré pagar ou depositar 0 prego antes de entrar na posse do imével. * Indenizagao em dinheiro significa que 0 expropriante ha de pagar o expropriado em moeda corrente. Por excegao constitucional permite-se 0 pagamento em titulos especiais da divida publica e da divida agraria, respectivamente, para iméveis urbanos que nao atendam ao Plano Diretor Municipal e para os iméveis rurais. * A fixagdo da indenizago pode ser feita por acordo administrativo ou por avaliagéo judicial. Conforme o professor, “a indenizagao nao tem um valor pré-estabelecido, de modo que é necesséria a presenga de um perito para avaliar o bem de acordo com prego de mercado”. * O pagamento da indenizago expropriatéria faz-se na forma do acordo, ou nos termos do julgado em execugao. Nesse Ultimo caso, a CF determina que o pagamento ha de ser feito na ordem de apresentacao da requisigao (precatério) e & conta dos créditos respectivos, proibida a designagao de casos ou de pessoas nas dotagdes orcamentarias ou nos créditos especiais abertos para este fim. 4. RETROCESSAO: 0 instituto da retrocessdo esta previsto no art. 519 do CC, segundo 0 qual “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade publica, ou por interesse social, ndo tiver o destino para que se desapropriou, ou nao for utilizada em obras ou servigos publicos, caberd ao expropriado direito de preferencia, pelo prego atual da coisa”. Para Alexandre Mazza, “retrocessfo é a reverséo do procedimento expropriatério, devolvendo-se 0 bem ao antigo dono, pelo prego atual, se nao Ihe for atribuida uma destinagao publica’ DOMINIO PUBLICO + Em sentido amplo, dominio publico é 0 poder de senhorio que o Estado exerce sobre os bens pliblicos, bem como a capacidade de regulacdio estatal sobre os bens do patriménio privado. A nog&o lato sensu de dominio puiblico deriva do chamado dominio eminente, que é “o poder politico pelo qual o Estado submete a sua vontade todas as coisas de seu territério.” Porém, o dominio eminente exercido pelo Estado nao quer dizer que detenha a propriedade de todos os bens existentes em seu territorio. Os bens piblicos pertencem ao Estado; j4 os bens privados estéo submetidos a uma regulagao juridica estatal. © dominio em sentido amplo é composto por diversos subdominios: terrestre, hidrico, mineral, florestal, da fauna, espacial, ambiental, do patriménio histérico e do patriménio genérico. + Em sentido estrito, a expresséio dominio piblico compreende o conjunto de bens méveis e iméveis, corpéreos e incorpéreos, pertencentes ao Estado. Nesta ultima acep¢ao, portanto, dominio publico é o mesmo que patriménio publico. CLASSIFICACAO DOS BENS QUANTO A DESTINACAQ 4. Bens de uso comum + Também chamados bens do dominio puiblico, so aqueles abertos a uma utilizagao universal, por toda a populagao. + Exemplos: Logradouros piblicos, pragas, mares, ruas, florestas, meio ambiente, etc. e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e Os bens de uso comum do povo, enquanto mantiverem essa qualidade, néo podem ser alienados ou onerados (art. 100 do CC). Somente apds 0 proceso de desafetagao, sendo transformados em dominicais, poderao ser alienados. Assim, tals bens fazem parte do patriménio publico indisponivel. Os bens de uso comum do povo admitem utilizagao gratuita ou remunerada, conforme for estabelecido legalmente pela entidade cuja administragao pertencerem (art. 103 do CC). . Bens de uso especial ‘Também chamados bens do patriménio administrativo, séio aqueles afetados a uma destinagao especifica. Fazem parte do aparelhamento administrativo, sendo considerados instrumentos para execugao de servigos publicos, Art. 99 II do CC, Exemplos: Edificios de repartigdes publicas, mercados municipais, cemitérios ptiblicos, veiculos da Administragao, etc. Assim como os de uso comum, os bens de uso especial, enquanto mantiverem essa qualidade, nao podem ser alienados ou onerados (art. 100 do CC), compondo o denominado patriménio pitblico indisponivel. A alienagdo de tais bens somente sera possivel com sua transformagao, via desafetago, em bens dominicais. . Bens dominicais Também chamados bens do patrim6nio piblico disponivel ou bens do patriménio fiscal, so todos aqueles sem utilidade especifica, podendo ser utilizados em qualquer fim, ou mesmo alienados pela Administragdo. Exemplos: Terras devolutas, viaturas sucateadas, terrenos baldios, carteiras escolares danificadas, divida ativa, etc. A Administragéo pode, em relagéo aos bens dominicais, exercer poderes de proprietério, como usar, gozar e dispor. Diz-se que os bens dominicais so aqueles que Poder Publico utiliza como dele se utilizam os particulares. Art. 99 Ill do CC. Os bens dominicais podem ser alienados, nos termos do disposto na lei, por meio de compra e venda, doagdo, permuta, dagdo, investidura e legitimagao da posse. A doagao, a permuta, a dagfo em pagamento, a investidura ¢ a venda a outro érgao da Administragao Publica dispensam a realizacdo de licitagao. Os bens de uso especial e os bens de uso comum do povo esto afetados a protegao dos interesses da coletividade, vale dizer, do interesse pubblico primario. Pelo contrario, os bens dominicais estéo vinculados ao interesse patrimonial do Estado, que é 0 interesse pubblico secundério. “A permuta do bem pitblico, como as demais alienacées, exige autorizagao legal e avaliagéo prévia das coisas a serem trocadas, mas no exige licitagdo pela impossibilidade mesma de sua realizagdo, uma vez que a determinagao dos objetos da troca n&o admite substituico ou competicao licitatéria. Qualquer bem publico, desde que desafetado do uso comum do povo ou de destinagao publica especial, pode ser trocado com outro bem publico ou privado, da mesma espécie ou de outra. O essencial 6 que a lei autorizadora da permuta identifique os bens a serem permutados e avaliacdo prévia atribua-Ihes corretamente os valores, para efetivacdio da troca sem lesdo do patriménio publico.” * "No proceso de desafetagdo, a autoridade competente abre processo reconhecendo que nao tem mais finalidade: desafeta e coloca o patriménio disponivel através de leildo.” OBS: O prof. deu esta matéria extra (dominio piblico) apenas para quem fez a 2° chamada, mas acabou ndo pedindo na prova. QUESTOES DA 4? AVALIACAO - 2014 1. Disserte sobre “recurso administrative” nos seguintes tépicos: a) Conceito b) Fundamento constitucional/juridico ¢) Classificagao 4d) Reformatio in pejus e) Efeitos 2. Disserte sobre o tema “responsabilidad civil da administragao publica” nos seguintes t6picos: a) Requisitos da responsabilidade b) Excludentes c) Dever de indenizar por atos judiciarios 3. Cite e aponte o dispositivo constitucional que fundamenta, apenas isso, as hipéteses constitucionais de desapropriacao. 4, Disserte sobre as seguintes modalidades especiais de recursos: a) Reclamagao b) Reconsideragao c) Representagdo OBS: Para a turma da manhé foram as questées 1, 2 e 3. A turma da noite teve as questées 1, 2, 3 e 4. Questées diferentes da prova de 2° chamada: Falar sobre desapropriagao e indenizago; falar sobre o controle legislativo. QUESTOES DE PROVAS ANTIGAS 1. O Direito Administrativo brasileiro sofre a influéncia de dois grandes ramos: 0 romano/germanico/francés e o Direito Comum. Cite — apenas isso — duas caracteristicas de cada um desses ramos que estdo presentes no Direito Administrativo brasileiro. 2. Quais sao as caracteristicas que identificam o Direito Administrativo? Explique de modo breve. 2 Estabeleca a distingao entre “anulagao” e “revogagao” dos atos administrativos. 4. Faga breve diferenciagdo entre “pessoas administrativas”, “érgaos administrativos” e “agentes da administragao” 5. O principio da legalidade sempre determina a anulagao dos atos administrativos ilegais? Justifique em 08 linhas. 6. Nos termos do texto de Edmir Netto de Araujo, cite o fundamento e as caracteristicas do poder de policia. 7. Quais s4o as condigdes para aquisigao do direito a estabilidade? Justifique o ponto de vista da doutrina segundo 0 qual o proceso de avaliagao 6 dispensavel se ndo realizado no tempo certo. 8. Em que casos a sentenga penal interferiré no julgamento administrative? Apenas cite-os. 9. Conceitue poder discricionario. 40. Explique, em 10 linhas (no maximo), a possibilidade de expedicéo de decreto regulamentar auténomo. 41. Conceitue autarquia e fundacdo publica 412. Disserte sobre autotutela. 43. Quais elementos servem para conceituar servico publico? 14. Classifique servigos piblicos segundo essencialidade e destinacao. Dé exemplos. 45. Diferencie outorga de delegagao. 16. Quais sdo as garantias constitucionais e legais dos bens puiblicos? 47. Quando é obrigatéria a instauraco do processo administrative? 18. Quais principios do processo administrative podem ser violados no processo ampliativo? 19. Quais sao as condigdes para aquisigao do direito a estabilidade? 20. Conceitue e dé as caracteristicas de agentes piblicos. 21. Explique a possibilidade de expedicao do decreto regulamentar auténomo. 22. Cite 3 privilégios da Administragao Publica. 23. Cite 2 principios de seguranga do administrado. 24, A vigilancia sanitéria fechou um estabelecimento que possui produtos com a data de validade vencida. Cite quais os poderes usados e quais foram infringidos. BIBLIOGRAFIA Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro — 33 ed. Sao Paulo: Malheiros editores, 2008. Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo — 4 ed. S4o Paulo: Saraiva, 2014. De Mello, Celso Anténio Bandeira. Curso de Direito Administrativo — 26 ed. Sao Paulo: Malheiros editores, 2008. DiPietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo — 27 ed. Sdo Paulo: Atlas, 2014.

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