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CAPITULO 2 A terapia familiar estrutural Quando © pai é pai eo iho é filha, quando 0 imo mais velho desempenha 0 papel de irmio mais lio € 0 mais novo age de acorde com 0 de irmao mais novo, quando o marido é realmente ‘marido e a esposa & realmente espose, entao, existe 1. Chine 2.1 — NOGOES BASICAS modalidade terapéutica representa uma orientagao familiar & a qualidade das fronteiras que delimitam a familia ¢ seus subsistemas. Como foi mencionado anteriormente, a qualidade das fronteiras que delimitam a familia e seus subsistemas é determi: nada pelo padrio de interacao entre seus membros. Isto é, uma seqiiéncia de comportamentos padronizados, de caréter repetitivo, governados por regras que definem quem participa em cada subsis. tema ¢ de que maneira se da essa participacio. Em algumas familias. a distancia entre seus membros pode ser quase inexistente e a dife: renciagao dos subsistemas se prejudica, em conseqiiéncia de fronte! tas muito difusas. Outras familias podem desenvolver fronteir ‘muito difusas. Outras familias podem desenvolver fronteiras muito Figidas © a comunicagio entre seus membros fica entio prejudic Esses dois _extigmos das caracteristicas das fronteiras n sistema familia classificados de aglutinado © desengajado, sspectivainente. Esq abordagem terapéutica considera que todas as tias situam-se em algum tempo entre esses dois extremos. As ‘opcracGes nesses dois pélos opostos indicam areas de possivel dis funcao do sistema, As fronteiras de urha familia aglutinada sio muito difusas, fracas © de fécil travessia. Tal situagao resulta num funcionamento inade quado das tarefas a screm executadas pelos subsistemas. Por exemplo, © relacionamento do casal, ou seja, suas funcdes de marido e mulher em uma familia aglutinada podem ficar reduzidas estritamente is execugdes de fungses pareniais. Ou entio, a crianga pode inapropri damente desempenhar 8 papel de pai ou mae para seus préprios pais, a A indiferenciagio dos subsistemas de uma familia aglutinada propicia também uma ou mais formas de triangulagao (vide p. 22) Alem disso, nessas familias, devido ao envolvimento extremo entre membros, mudangas no comportamento de um deles ou no relacio namento entre uma diade repereute em todo o sistema. Os didlogos, via de regra, tornam-se rapidamente difusos pela intromissio de um outro membro, Ou entio, um membro da familia pode ser colocado no papel de office boy, trazendo ¢ levando mensagens para um ter ceiro. Conseqitentemente, em uma familia aglutinada, um conti c envelva uma diade pode estabelecer uma cadeia de aliangas que se altera dentro de toda a familia De modo geral, num sistema aglutinado, a diferenciagio de seus membros © de seus subsistemas € extremamente pobre. Os membros famflia intrometem-se constantemente nos sentimentos e pensa: mentos do outro, A funcao das fronteiras de proteger a diferenciagao ¢ danificada e, portanto, a individuagdo € radicalmente dificultada levando a uma percepcio indiferenciada do outro e de si mesmo O individuo perdese no sistema, Por outro lado, nas familias desengajada ronteiras excessivamente rigidas, nfio hé conexdes fortes entre membros, que pouco se relacionam entre si. Os membros de fam ‘ow subsistemgs desengajados podem funcionar autonomamente. ossuem inclinago para auséncia de sentimentos de lealdade para com a familia, auséncia de interdependéncia ¢ dificuldades em soli citar ajuda de um ou mais membros da familia, quando isso for caracterizadas por © sistema desengajado tolera uma ampla diferenciagao de seus membros, mas o estresse em um deles nao atravessa ay [ronteira inapropriadamente rigidas. Somente um nivel de estresse bastante alto pode reverberar suficientemente forte, para ativar o sistema de a da familia, Inversamente, num sistema aglutinado, © compor. nento de um membro imediatamente afeta 0 outro. Estresse em wim nieinbroreverbera fortemente através das frontciras ¢ ccoa rapidanente nos demais subsistemas ses dois extremos de estrutura do sistema familiar cousam probleinas quando mecanismos adaptativos sao evocados. A familia Aglutinads responde a qualquer variagio com intensidade ¢ velocl ade excessivas. A familia desengajada, ao contriio, tende 2 nao Wrponder quando isso se faz necessério e urgente. Por exemplo, os HH de uma familia aglutinada podem tornarse excessivamente Weupados porque « crianga nfo quis ir a avla de natagdo, enquanto de uma familia desengajada podem nao ter preocupacio fm relagio & fobis escolar apresentada pelo filho. um dos membros ou istema para reequ 1982, 1981) omemos como exemplo fragmentos de uma ses Minuchin e observada por n6s Marido ¢ rem sobre 0 a reagit com raiva explosiva, Apés curto dislogo, s olham para 0 terapeuta sem saber 0 lica que devem continuar © dislogo. pe. une-se 90 sis Esposa: — F mente, no consigo competir em cussio (0 marido ol ficar de fremte para a esposa), vista, também se comunica com as criancas por ndo a da fa © Mi 10 que voeé deve tentar. Eg mais € muito mais alto do que eu Marido: — Espere cinco tente. Mas, vooé primeir yente em voeés dois por alguns a. O terapeuta is vagaroso com \costumadas a pausas longas e respostas vagarosas. dois minutos e tente novamente. 0 se mais extrovertido © jovi c esposa): — Voo8 néo sabe o que fazer, ni do terapeuta de familia é ajudar ndo. a transformagio clul trés ): — Neste momento ela esti dizendo > que fazer, O que voeé ind fazer agora, para as coisas ja foram tentadas Terapeuta: — Converse com ela agora, sobre suas tentativas € promovem reestruturacio a jas ndo funcionam. ® : Matido: Terapeu Esposa ‘oc disse € um exemplo er. Do que sua nento. Continuem © que fazer, podem me jculdade do con s de solicitar ao casal para s dificuldades, ele os convii ha sesso 0 que os do por vomitos fregi conseguem. admi n a discutir, O terapeuta solicit as dos nente, a técnica de representacio € seguida por escalons. disso, repeticio de mensagem para o escalonamento de estresse, O quem voce devem concordar la fornece, entretanto, varios detalhes sobre a briga. wuarto, mas de ouvido espichado Terapeuta: — Voc! na discussio seus pais. ins momentos mais tarde o terapeute interrompe a discus: izendo que © confronto entre eles no pertence as s, mas somente a filha mais velha. O terapeuta solicita a jue se sente entre seus pais porque é o lugar em que cla se posiciona em casa, quando os pais brigam. Terapeuta (para a filha mais velha): — Por que vocé acha que tem que defender sua mie? © terapeuta solicita & mie e a filha mais velha que fiquem de pé, € pergunta qual das duas ¢ mais alta ‘Terapeuta: — Sua mie € bem mais alta. Por que vot acha, entao, que tem que proteger sua mae? Um pouco depois o terapeuta dispensa a filha mais nova da sala dizendo: “Ela € jovem. Ela deve ser protegida. Mas vocé (para fa filha mais velha) esté entre seus pois”. A mie nese momento esté desejando continuar a briga com 0 marido. rapeuta (para o pai): — Vooé & uma pessoa acomodada, Nesse instante a mie recomega seus ataques ao pai. O terapeuta, entio, tira a filha mais velha do meio dos pais. Terapeuta (pera a filha mais velha): — Venha cf. Eu quero proteger vocé, colocando-a ao meu lado. diferengas, procurar e encontrar resolugdes realgar 0 fato de que os membros da familia podem se lizar, pois conseguirdo, apesar disso, sobreviver juntos, Segundo inuchin (1981), a madgira pela qual o terapeuta intensifica uma interacdo depende, contudo, de sua coragem, sua crenga de que seu trabalho nao é 0 de torger as coisas ficeis ‘ec, também, de sua per. moral quanto ao seu dircito de aumentar estresse com 0 0 de promover mudancas. Esse autor acredita que, mesmo quando o terapeuta reconhece weficécia de sua intervengo e¢ quer mudé-la, aumentando sua intensidade, isso pode, algumas veres, ser ‘ificultado pelas regras de cortesia. Assim como seus clientes, os apeutas foram também treinados desde cia a respeitar © acei -* as peculiaridades dos ‘outros. Tanto os clientes como os terapeutas 2rtencem a uma mesma Itura € seguem, portanto, as ymesmas regras implicitas sobre como 40 4 posta. comecem a perceber 0 absurdo de se de superprotecio da mic, e seu conforto, ‘compo m sido 3 depress da expos, ele tinka que cuidar dos fithos Passar a -mpo na vido 2 sua intensa depressig la © the pergunta por que sua famflia Peuta ouve as queixas da mac, ita que comece a cozinhar para se com trejeitos ¢ , pois nfo saberiam o © terapeuta ini F sua Posicéio na familia, estrutural acre © pode produzit mudancas. signif sto capazes de experimey textos interpessoais, A téeni ipo de inter- icativas, quando os membros tar fun ‘erago do efeito d quando © te, io pouco dela, iudando-os do comportamento de c: seo, Szaves de simples pala ©, 0 pai de quem se diz demais é protetor” as que sesso podem quem oe la, por exemple, «. Numa a adoles- ara comprar, imeira ver evando em consid somente igo de tarefas pata casa fornece Algumas vezes a aceita ¢ tentando diferentes respostas da fami wece um melhor ent to para sobre como o sistema oper: qual execugio das tan sob © ponto de vista estra organizacao da familia com base no mativo proposto por Mi © processo parece bast ‘como se 0 terapeuta se perguntasse: c organizacao de uma familia onde as co ticamente, Sendo essa a intoma, sua “histéi interessado (© pai des fo disfuncion: . O proceso com comportamentos seer padres invisiveis de interacdo que.um terapeuta estru- riente pode captar & primeira vista aremos a seguir um caso de disfungao do sistema familiar creveremos os objetivos e intervengGes utilizados estrutural. Na apresentagio das aborda- Rel através por a caso a fim existentes entre is tres abordagens sistémicas. A familia A Sr C 1970 Sr. B Alberto Ruth ado. Hi mais ou menos um ano evadindo-se da escola, ou menos 2 meses ause touse completamente da escola ¢ da vida familiar, Nio quer mais sair de casa © passa quase o dia todo em seu quarto. Ruth — 11 anos. De acordo com os pais, no apresenta problemas. Numa primeira entrevista, como foi mencionado anteriorment © terapeuta estrutural -une-se a0 sistema familiar, reconhecendo ¢ orientando cada um desséus membros. O terapeuta faz. observagies, coloca questées e, com 4 finalidade de vivenciar a realidade da fa Pela qual cla se define, 0 terapeuta solicita que Fepresentem 0 que acontéce com todos cles quando chega a hora de Alberto ir a escola e ele se recusa a ir. Suponhamos entdo que foi representada a seguinte situago: ‘Todas as manbas, aSr.* C bate 2 porta do quarto de Alberto, reivindicandi io sua presenca no café da manha. As vezes, implora qu rontte © desca 0 mais rapido possivel. Outras zes, a Sr.* C dizhe veementemente que sua auséncia falta ‘de amor e cons exige vigorosamente escola. A Sr r Alberto. consigo, Quando isso quarto do filho e, pri de Alberto, que permanece em siléncio porta trancad: * C dirige-se também ¢ tenta acalmar seu marido, dizendo que e que, de uma hora para outra, Alberto foi sempre um bi mari jeito, ssesdados cas. importantes 's padres de interagSes existentes no sistema. existe ica forte entre Sr. Be Sr> C. Ou seja, até 0 a tentaram juntos controlar © com: pelo contririo, 0 siléncio do Sr. B sen: iante das tentativas inGteis o do quarto ¢ a abordagem “macia” da seu. marido se torna mais enérgico com 0 a do subsistema pa rapia observa-se também que Alberto sent is prOxima de sua mae do que de scu ps ona distante dos demais, como mostra o nos poucos di Alberto face a0s pro: iImente se preocupa escola, Voluntariamente Alberto como forma de ev 0 vezes, a interferéncia do itagdo ‘da mae. Na

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