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COMO FAZER VERSOS?? ‘Tenho de es Em diferentes debates literérios, 20 conversar com jovens atuantes em diferentes associacies de producso, verbal (rap, tap, pap, etc.) 3, ow em descomposturas aos Criticos, tive com freqiéncia necessidade de arrasar ov, pelo menos, desacreditar a velha poética. A velha poesia, Come tal, que nao era culpada de nada, naturalmente foi pouco atingida. Ela apanhava sbmente quando os fervo- Fosor defensores das velharias escondiam-se da arte nova sob os traseiros dos monumentos. ‘Ao contrério: tirando os monumentos do pedestal, devastando-os © virando, més mostramos 205 leitores 05 Grandes por um lado completamente desconhecido © nfo estudado wer sbbre &se tema, 167 As criangas (e também. as jovens escolas itedrias) sempre se ineresam pelo que existe dente do cavalo de Papelio. Depots do teebaho dos formalises, so evidentes a8 entranhas dos caval e eofantes de papel. Se durante essa operagio os cavalossofverum algum dato = descul Fem-nos! Neo precisimon encarigat-nos contra & poeta So pasado: cla € noto material te eto © nosso Scio principal © constate desaba ste « wulgaridade critico-cangoneuista, ‘Sdbre-aquéles que véem {Oda a grande2a da velba poesia no fato ‘de que! tanbere es. amaram, como” Oniéguin e "Tatiana". (Consondncia ftimat), de" que. também Ges compreendem os, poetas Caprenderam to ginésio!) e que os iambos thes acarclam © ouvido.Odiames esta Ill danga-aswobio’ porque cla Sria, 2m tGrno do dif e importane trabelho. rocco, ume atmosfera de estremecimento sexual e desfalerimento ¢ a crenga de que sOmente 2 poss imotal nao € aprech. ida por nenhuma diatca e que 0 unico, proceso de rodugio, no caso, & consituide por um levanar isp rado da cabega, a espera de que a celestial poesiaespinto deaga sbbre « eareca, em forma de pombo, pavao ou ates tue Nao 6 dificil desmascarar ésses seohores. Basta comparar © amor de Tatiana ¢ a “cincia car- tada por Nato com o antepojte ds lel don snares lor 0 techo de Pachkin sbre‘o “lorgnon desi” aos mineiros da bacia do Don ou correr ante das colunas de ‘anifestantes n9 1? de Maio © beret: "Meu tio gutavase pela honradez® E pouco provével que. depois de_semelhante expe- tina, Uma pessoa jovern aisiosa de dedcar suas forgas 4 Revolugio, ‘enka intengdo séra de se ocupar do ofkio arqueotégico-postco. Ji se flou e escreveu muito abbre isto. A uprovacio ruidesa do auit6tio sempre esteve Jo nosso lade. Mas, apis a aprovagio, surgem wooes eécas = Yocts apenas destoem © no crim nada! Os vethos eompéndion nao pest, mas onde ett0. novor? Décmnnos as reprar da potion de woes!” Déomnos manure A referéacia 40 fato de que 4 velhe poética existe ‘hé 1.500 anos e a nossa ha uns 30 nfo ¢ mais do. que fugir a0 assuno e ajuda mito. poueo, Vooés querem escrever © querem saber como isto se faz, Por que alguém se recisa 4 considetar como porsia uma coisa"esrita de acdrdo com todas as reptas ‘chen. 168 guclianas*, com pleno respeito as rimas © aos iambos € coreus? Vocés tém o direito de exigir dos portas que les nfo levem consigo para o timulo os segredos de seu oficio. Quero escrever sébre © meu no como um exegeta, ‘mas como um prético. Meu artigo nfo tem nenhuma i pportincia do ponto de vista cientifico. Escrevo agora six bre o meu trabalho, © qual, segundo minhas observagées , fundamentalmente pouco se distingue do trax balho de outros poetas profissionsis. ‘Mais uma vez, insisto muito na seguinte observagao: ‘eu néo fornego nenbuma regra para que uma pessoa se tore poeta, para que escreva versos. E, em geral, tais regras ndo existem. Damos o nome de poeta justamente 2 pessoa que cria essas regras poéticas. ‘Vou repetir pela centésima vez 0 meu j& cacéte exem- plo-analogia, © matemético é o homem que cria, completa ¢ desen- volve as regras mateméticas, 0 homem’ que introduz algo de ndvo no conhecimento da matemética. Quem pela primeira vez formulou que “dois mais dois sio quatro” foi um grande matemétice, mesmo que tenha chegado a essa verdade somando duas guimbes a outras duss. Os homens que vieram depois, ainda que somassem objetos ‘muito grandes, por exemplo uma locomotiva com outra, ‘ndo foram mateméticos. Esta afirmagio de modo alum diminui o mérito do trabalho de quem soma lozomotivas Numa época em que os meios de transporte esto destrui- dos, o seu trabalho pode ser centenas de vézes mais pre~ ios que a nua verdade aritmética, Mas nio se deve enviar um célculo sbbre reforma de locomotivas a uma associagio de matematicos e exigir que fle seja estudado patalelamente & Geomettia de Lobatchévski, Isto enrai- Yeceria a comissio de planejamento, suscitaria ddvidas 308 ‘mateméticas e deixaria of calculadores de tarifas sem sa- ber o que fazer. Vio dizer-me que estou arrombando portas j abertas, que estas coisas so claras mesmo sem a minha explicagao. Nada disso. 80% das baboseiras rimadas so aceitas pelas nossas redegdes Unicamente porque os redatores ngo tém nenhu- ‘ma nogio sébre a poesia precedente ou nio sabem para que a poesia é necesséria Os redatores conhecem apenas 0 “gosto” ou “nio gosto” © se esquecem de que 0 proprio gosto pode e deve ser educado, Quase todos os redatores me expressaram & 199 ‘queixa de que néo sabiam como devolver manuscrites poé ficos: no sabiam © que dizer na ocasifo, Um redator aifabetizado deveria dizer a0 posta: “Os seus versos sfo muito exatos, éles foram construidos = gundo a tereeira edigo do manual de versificagio de M. Brodévski (ou Chenguéli, Gretch, etc.), t6das as suas rimas so rimas experimentadas, elas existem hd muitos anos no dicionério completo das rimas russas, de N. Abramov. * Considerando que eu no disponho agora de bons versos novos, vou aceitar de bom grado os seus, pagando-os como trabalho de um copista qualificado, isto é, a trés rublos a falha, com a condigéo de que sejam apresentadas tres © poeta nao tera argumentos para xingar. Ble dei- xaré de escrever, ou passaré a considerar os versos como lum trabalho que exige maior esforgo.? Em todo caso, 0 poeta deixaré de olhar de cima para o repérter, que pelo ‘menos fornece novas ocorréncias em troca de seus tres rublos por noticia. Bem que o repérter gasta o fundilho das calcas, & cata de escindalos ¢ incéndios, enquanto semelhante poeta apenas gaste 0 cuspe no virar das pé- inas, Em nome da melhoria da qualificagio poética, em nome do florescimento futuro da poesia, € preciso aba donar 0 destague dado a ésse trabalho’ — 0 mais facil de todos — dentre as demais formas de trabalho humano. You explicar melhor: a criagio de regras nfo cons- titui em si a finalidade da poesia, senfo 0 pocta se tor- nara um escoldstico, que se exercitaré na formulagio de rogras para objetos e teses inexistentes ou desnecessérios. Por exemplo, nio hi razio para se inventar regras para a contagem de estrélas sSbre uma bicicleta em alta velo- cidade a vida quem apresenta as teses que exigem for- tmulagao, que exigem regras. Os meios de formulagio & © objetivo das regras so determinados pela classe pelas exigéncias de nossa lute Por exemplo: a Revolusio langou a rua a fala rude de mithées, a giria dos arrabaldes se derramou pelas ave- nidas centrais; 0 idiomazinho enfraquecido dos intelectuais, ‘com as suas palavras esterilizadas: “ideal”, “principios da justiga", “principio divino”, “a imagem transcendental de Cristo € do Anticristo”, tédas esas falas que se profe- iam num murmério not restaurantes, foram varridas. E > novo cataclismo da lingua. Como tornélo pottico? ‘As velhas regras, com as “‘osas formosas” ¢ 08 versos ale- 170 xandrinos, no servers mais, Como introduzir a lingua fgem cologuial na poesia e como livrar a poesia de tais falas? Cuspir na Revolugdo em nome dos iambos? Maus e submissos de hoje em diante, ‘A fuga ests interditada: ‘Com a mio suja e assoberbante, Vikjel nos corta a retirada, (Z. Hippius) ‘io! é indtil conter num tetrimetro anfibrquico inventado para © murmirio, 0 reboardistuidr da Revo lugao! |A her6is, peregrinas do mar, albatrozes, Pareeiros de mesa em festins infernais, Estirpe de Sguias, marujos, marujos, Dedico fgneo canto: rubis e cristais, (Kirilev) Nao! E preciso conceder imediatamtne todos o* direitos de cidadania & nova linguagem: grito em lugar de cant Tena, rufar de tambor em lugar de nina-nana: Revoluglo, mantém © passo! (Blok) * Formai coluna em plena marcha! (Maiakowski) £ pouco dar exemplos do verso névo © normas para agit com a palavra sbbre as multiddes da Revolugio: & preciso que © céleulo dessa agéo vise a méxima ajuda 4 classe, pouco dizer que “o inimigo arma o seu taco (Blok). E preciso indicar exatamente Esse inimigo ov, pelo menos, permitir representer com exatidéo 2 sua imagem. pouco formar colune em plena marcha. E preciso dar meia-volta de acérdo com todas as normas da batalha de rua, colocando 0 telégrafo, os bancos ¢ os arsenais nas mios dos operirios rebelados. Dai ‘Come ananés, Mastiga perdiz, Teu dia esta prestes, burgués (Maiakovski) m Um verso assim seria diftcilmente legalizado pela poe- sia cléssica. Em 1820, Gretch no conhecia as tchartichki, ‘mas, se as conhevesse, esereveria provavelmente s6bre elas com o mesmo desdém com que escreveu sébre a versifi casio popular: "Tals versos nfo conhecem pés nem con- Mas 1'"O acador & aor" ae LF Othe @e Valie Behan (13-1920) do ia Aaa de hahaa aparece uma forma save gue inifies: “corer tas ¢ com gut Msiakeeus sacncte “aeeeiates Babe, Some Na radu. Heo ost, tom todo tow talento pea, inponttee ‘in 28 © sano semtntico, do orginal fot reprodurdo. Aperus, em reso, vee Sepuib records apa Ciproptson) «ter tain © sen eevee inner ome obra or senda OC, OL 9), tales dew lace Be, “tutante: seo prebie, Maaktnak! no argo “Schasoelt de yaaa ea ferme ee cae ere Sos Cb. am EPs ee Dat ce eye Reroaagan Stain Vadim Matakows, Porras po. 1A ST eh ne nan Chee tcf SRL Tain sce eto. shuns oper Bo a reo Bag fat torch lin ak wees 6 ‘pickin. Secs rcs ce, nt ada ae ney Sse a aa gemaast e LTE SSR EE, cho fe hereunto Me sagt sat rs ca tS, a Seecnuem let di" seat Teiveoseones gia axe, ak Se Eee ciate Eirini tog care oe Tea Rv ES me reacties Sac alias ae caeetete ei evrtins ge aaa ER ee Sete ah Sie Sa ites Barter cic aks Tah arigane ae 219

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