A Percepo da Loucura no filme Contos Proibidos do Marqus de Sade
O filme nos transporta at a era napolenica, de modo a ilustrar as percepes vigentes da poca acerca do fenmeno da loucura. J nas primeiras cenas, percebemos o poder das intervenes da igreja e do Estado, condenando os ditos infiis ou revolucionrios considerados uma afronta sociedade direto para a guilhotina ou para chicotadas em praa pblica. O Marqus de Sade vivia em um asilo de loucos, aos cuidados de um jovem religioso. Ao saber das publicaes de suas obras, que por um lado fascinava o pblico leitor e por outro lado transgredia a moral, o governo resolve intervir, enviando um renomado mdico para fiscalizar o asilo e silenciar o autor de tais obras profanas. Diferentemente do tratamento que o jovem religioso prestava aos seus internos, inclusive conversando com o Marqus no quarto em que este ficava, o mdico possua uma metodologia extremamente invasiva para a cura da loucura. Dentre tais mtodos, o mais mostrado no filme dentro da perspectiva mdica da poca, era o afogamento dos pacientes psiquitricos como forma de tratamento. Fazendo um paralelo com a contemporaneidade, vemos como eram explcitos os muros, as correntes e as espessas portas de ferro, que isolavam o louco do restante da sociedade, naquela poca. Tais caractersticas, com o advento da reforma psiquitrica, aos poucos passaram a se dissolver em nvel nacional, com o concomitante desenvolvimento de polticas e instituies que adotam os modelos substitutivos, como o caso dos CAPS Centro de Ateno Psicossocial.