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Ttulo:

O desejo a falta

Autor:

Plato

Ano:

Pginas:

01

Obs:

Traduzido por Clvis de Barros Filho

Como o amor, o desejo procede de uma falta. Ele se manifesta sob a forma de um desequilbrio que incita posse
do objeto de que se carece.

"- Tente nos dizer, retoma Scrates, sobre o Amor, se Amor de alguma coisa ou Amor de nada.
- certamente Amor de alguma coisa.
- Guarde, ento na tua memria, diz Scrates, de que Amor e responda somente a isto: o Amor deseja ou no o objeto que ama?
- Ele o deseja.
- Mas, retoma Scrates, quando ele deseja e ama, ele dispe daquilo que deseja e ama, ou no?
- Aparentemente, ele no dispe, diz Agathon.
- Veja, continua Scrates, se no lugar de dizer aparentemente no deveramos dizer necessariamente. Que aquele que deseja,
deseja algo que lhe falta e no deseja algo que no lhe falta. Para mim, claro que isto necessrio. E para voc?
- Para mim tambm, diz Agathon.
- Muito bem. Ento um homem que grande no poderia querer ser grande e um homem que forte, querer ser forte?
- impossvel, de acordo com o que tnhamos concludo.
- verdade, sendo o que j , ele no poderia tornar-se.
- verdade.
- Mas, retoma Scrates, se algum estando em boa sade desejasse estar em boa sade, ou sendo rico desejasse ser rico, isto ,
desejasse ter aquilo de que j dispe, ns responderamos: Voc que goza da riqueza, da sade, da fora, voc quer gozar destes
bens no futuro tambm, uma vez que no momento presente, querendo ou no, voc j os possui. Ser que voc no est
querendo dizer: eu quero possuir tambm no futuro os bens que eu j possuo agora. Acho que concordaria, no?
- Penso como voc, diz Agathon.
- Scrates retoma: no amar uma coisa que de que ainda no dispomos e que no temos, quando desejamos para o futuro a
continuidade de uma posse presente?
- Certamente, diz Agathon.
- Este homem, ento, como todos os que desejam, deseja o que no atual nem presente; o que no tm, o que no , o que falta,
eis os objetos do desejo e do amor."

Plato, Le Banquet (385 a. C.) 199e - 200c. Ed. Flammarion, coll. "G.F.", 1964, pp. 66/67.

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