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“Tpoctenranian oe Indice Pref XXVIL PRIMEIRA PARTE: 0 DIREITO Estéticajuriica 1 OCONCEITO DE DIREITO. A.Direito justiga ‘A conduta humana como objeto de regras ' Definigio cientifcae defniglo politica de Direte pee « O conccito de Dei eaieia de justia 1A justga como um jlgamento subjetivo EE Valof 2 Direito natural 3.0 dualismo de Direte positive © Dieito tral. : 4 Justgae paz 5. Justiga egalidade B.0 critério de Diecito (0 Direlto como uma ‘éenica social especifia . . a. Motivagao dete indies bb Sanjes transcendent e scialmente org nizadas. € Puniio erecompensa II. Os elementos do Estado A.OTERRITORIO DO ESTADO 0 teritrio do Estado como a esfera territorial ‘devalidade da ordem juridiea nacional Se. Estado uma ordem juridica, entio deve sec possivel ‘ransformar os problemas que surgem dentro de uma teotia _geral do Estado em problemas que fagam sentido dentro dat ‘a geral do ireto. Deve ser possvelapresontar todas as pro- predades do Estado como propricdades de uma ordem jrcic, Quais so, ento, as propredades carateritcas de um Estado? ‘A doatrna tradicional distingue tres “elementos” do Esta- do: seu testi, seu povoe seu poder. Admite-se que soja da esséncia do Estado ele ocupar certo teritrio delimitado. A existéneia do Estado, diz Willoughby “depende do dreto por parte do Estado sobre um teriténio proprio”. O Estado, conce- bido como uma unidade social concreta, parece subentender ‘gualmente uma unidade geogrifica: um Estado — um tertitd- rio. Um exame mais rigotoso, porém, demonstra que a unia~ de do teritrio de Estado no 6, de modo algum, uma wnidade ‘geogrifca natural. O territrio de um Estado no tem de con= sistirnecesariamente em uma porgo de terra, Tal tersitrio € ‘designado como territri “integrado”. O teritério de Estado pode ser“desmembrado". As vezes, pertencem a0 mest ter- 1. Wilh, Pandonenal Coro MeL 300 TEORLA GERALDO DIREITOE DO ESTADO ritrio de Estado partes do espago que no so fisicamentecon- ‘igus, ms separadas entre spor teritrios pertencentes a ov ‘uo Estado ou, simplesmente, @nenhum Estado Petencem 20, territrio de um Estado a8 sus coldaias, das quis ele pode es: tar separado pelo oceano,c também os chamados “enclaves ‘que so completamente eitcundados plo terntrio de outro Estado. Essas reas geograficamente separadas formam uma ‘undade apenas na medida em que uma mesma ondem jurdica ‘suja valida para todas elas. A unidade do teritrio de Estado e, portanto, 2 unidade territorial do Estado, € uma unidade jrii ‘a, no geogritica ou natural. Porgueo teritério do Estado na verdade, nada mais € que aesfera territorial de validade d or trio do Estado em um sentido mais restito e em um sentido ‘mais amplo, Em um sentido mais restrit,o teritsio do Esta- do € 0 expaco dentro do qual um Estado, Estado aque pet- fence 6 teritrio, estéautorizado a eolocar em priti atos ‘oeteitivos, um expago do qual esto excuidos todos os outros Estados. £0 espago para o qual, segundo o Direito interac nal geal, apenas uma determinada ordem juridica esta autori- zada a prescreveratos coerctvos, éo espazo dentro do qual ‘apenas os atos coereitvesesipulados por ess ordem podem ser executados. £0 espago denteo das chamadas fontiras do Estado, ‘Mas existem também dreas onde todos os Estados tm ermisso para exeeutar tos coeeitivos, com cerasrestigbes. Tais reas slo 0 mar aberto (ou alto-ma) e os testrios que 18m o cariter de tera de Estado algum por ndo pertencerem juridicamente @ nenhum Estado particular. O mar aberto a pate do mar que se estende além das Aguas terntorais AS fguastrsitriis (a faxacostira)pertencem juridicamente 10 teritrio dos Estados Iitordneos, mas estes esti, de acordo ‘com o Direito internacional, sujitos a certs restrigdes. A res- trig mais importante ¢ esta: 9 Fado litorineo & obrigado, {emt tempo de paz, a peritr que os navios mercates de todos oxstapo 30s (0s outros Estados passem por suas iguas teritoriis de modo ‘nofensivo. No tocante 20s navis de guerra esrangeizos, a= mite-se que o direto de pasagem por trechos ais da faixa cos- teira que fagam parte das rota de teiasito internacional no pode ser negado, O mar aberte & uma rca ende qualquer Es. ‘ado estéautorizado a empreender qualquer ag30 e, em espe- cial, exercer seu poder coeritiv, a bordo de suis proprss embarcagBes, ou sea, a bordo das embarcagbes que navegam legiimamente sob a bandoia desse Estado. O exerccio do oder evercitvo de um Estado em alto-mar 56 ¢restrngido porque ele mio esti autorzado a exercer seu poder eoercitivo onta os navies de outos Estados, excet sob ceraseircuns- tancias Assim ele temo dizcito de puni todas asembarcagies estrangeiras que naveguem sob sua bandeira sem estarem auto- Fizades a fazé-o,¢ de punir a pirtaria, mesmo que cometida porestrangeizos. Os territrios que nto si terra de Estado algum possuem um status similar ao do mar abero. Aqui, cada Estado pode ‘exercer seu poder coeitivo sem vilaro Direit internacional Mas existe uma diferenga. O teritsrio que nfo & tera de ne- rlhum Estado pode ser anexado por qualguer Estado por meio «de ocupagio efetiva sem que ocora viola do Dire inter nacional. O Direito internacional ndo permite que nenhura parte do mar aberc sea submetida 8 dominagSo exclusive de um Estado, que se torn aesfera de validade exclusiva de uma ‘ordem juridica nacional, que se tone tertéio de wm Estado ‘no seatida mais esti do term, Esse €o principio juridca a “iberdade do mar aber." um dos principios fundamentas do Direitoimernaciona-O mar aberto eos ertrios que no 80 terra de Estado algum sio teritério de todos os Estados, mas ‘odo oteritério exclusivo de um Estado, ro soa esfera tersitrial de validade exclusiva de uma ordem jridica nacio- ‘al, Eles so um espago onde, por assim dizer, a esferasteti- toriis de validade das diversas ordens juridiasitencionas se interpenetram, Stina 321. 306 TEORUA GERAL DO DIREITOE DO ESTADO 4. A“impenetrabilidade” do Estado © principio de qu orem jude nacioa tm vaidade exch para un determina tert, otto do ES fad no seldom ett, ede uc, dent dese tet, todas ov indvidos esto mpeton Gna exlosvaments a Cire inal 0 pose vo do Ea, {ferment expose dzendose gu pode est um Es tao po mes tte —tomando empresa una ex presto de fica — que 6 Estado &“impenevivel Exist, ata cera excep: este rei. Pde ser coneei Gin Estado, por meto de tao intemal o dito mptecnde eras ges epecimens ode enpresnder as lures no eto de ou Emad, ats qu no seria pert pa Dre trace ral Em tempo eget um Eso tem permis, meso de aor com 0D ‘tis intrmacoal por, de mpecner aes certs em {Gro edrange us ele ocpeiltament Outta exe cdo 0 chanado condominium 0 comer exer por this (ous) Esador sobre omexo trio, Adem dic iia pre ese tert € a pat comur das odes Sires dos Estados qu exec o condominium AS nermas Jas rem juris so etl por meio dum sod tote os Eondos qe enero condone execuaas Pot Stas comuns aos os Esta, O tert do condomintim tm tert coma aeses Estados, uma esfra etal {calidad comum is suas rds juries aconis (Eto feral vezes cao como als uma exe clo; rgmentse io tert de cada Eatado-menio& Sutaeumene are do Estado fda. Port, esaremos lane de una exci concen apna eo cas Este vmembros dc un Estado feel Tore Exados penis Retomaremos asta questo masta ostavo a As fronteras do territrie de Estado (Mudangas no status territorial) principio de que ordem jurdica nacional é valida ex- tao er uno vad oD dou Esa, o«srivo a Um Estado pode declarar como “no devendo ser reco necida” a ancxagio de outro Estado por um ereiro porgue @ anexacio implica uma viola do Direto intemacional. Po- im, se anexapio for efica, isto, frmementeestabelecida, © governo do Estado nio-reconhecedor no pode sustentat que 2 comunidade incorporada ainda enibe todos of clementos essenciais a um Estado no sentido do Diteto internacional. En- to, 0 “ndo-reconhecimento” nfo pode subentender a opinido ‘do governonao-reconhecedor de que a comunidade anti ‘camente incorporada continua a existr como um Estado inde pendent. 0 “ndo-econhecimento” pode tr ui signifc politica. Ele pode expressr certa desprovagio por parte do ‘Roverno nlo-reconhecedor eo seu descjo de ver a comunidade antjuridicamente anexada restaurada como Estado indepen- dente. Imputar tal ni-reconhecimento o significado de que a ‘comunidade em questio nio deixou de exist como Estado implica uma fice, em contradigdo com a realidad juridica fico, por exemplo no Dirito dos Estados Unidos ou da Suiga, lag uma norma do Direto de certo Estado, se for vida para a tesfra de vaidade do Dirt dose Estado, segundo a sua cons- tituigto, O érgio de um Estado, especialmente o tribunal esti «em posi de aplicar a norma do Direto de outro Estado ape- nas se for abrigado a fz-o pelo Direito de seu proprio Estado ‘em ima instneia, se for obrigado pea sua constiuicio, ‘escita ou nloweserita. norma apicada pelo Gro do Estado 6 vilida para a etera de validage do Ditto do Estado apenas ‘sea sua aplicngo for preserita por ese Diteto. No que diz res peito ao seu fincionamento de validade, ela & norma do sise- fa juridico desse Estado, A regra que obria os tribunais de ‘um Estado eplicer normas de um Ditetoestangeiro a certos casos tem como efeito a incorporao das normas do Dirito ‘estrangeio ao Direito desc Estado, Tal gra temo mesmo ca- Titer que o dispositive de uma nova eonstiuigao,estabeecida por via revolucioniia, que espcifica que alguns dos statutos ilidos sb a antiga constiuigio,abolda por via revolucions- fia, dover permancoer em Vigor sob 2 nova eonsttuigdo. O toned desesestatuos permansce o mesmo, mas ofund- ‘mento da sua vaidade muda. Em vez de reprodizit oconteddo {os antigos estates (afim > coloc-los em vigor sob a nova Ctra Sa 215 350 TEORI GERAL DO DIREITOE DO ESTADO consttuigio), a segunda simpesmente faz referéncia a0 con- ‘edo dos antigo esatutos como normas de outro sistema juri- Aico, baseado na antiga constitu, abolida por viarevelucio- dria. O recurso a tal “eferéncia™ nada mais ¢ que uma legis co abreviada ‘De modo anilogo, ss normas do chamado Dirt interna: ional privado que preserevem a aplicagio de normas de ut Direto estrngeito a ceros casos “fazem referéncia” a normas Ae outro sistema juridico em ver de reproduze ocontedo des- sas normas, A norma de um Direto estangeiroaplicada pelo fro de um Estado ¢ “estangeira” apenas no que di respeto ao seu contetido. No tocante ao fundamento da sua validade, ‘ls € uma norm do Estado cujo éngo & obrigado a aplic-la, Esttamente falando, o érgdo de ur Estado pode eplicar ape ‘nas normas da ordem jurdica do seu proprio Estado, Conse- (qientemente, a afirmapio de que uma regra da ordem jutdica 4e cero Estado obrign um érgao desse Estado a aplicar~ em ‘cerios casos ~ uma norma de ordem juriica de ouro Estado ‘io € uma descrigo correta dos its jurdices envolvidos. O verdadero significado das regras do chamado Direitoinerna- ional privado é: o Diteito de um Estado manda que os seus ‘Sepos apliquem a certs casos normas que sio normas do Di reito do proprio Estado, mas que possuem o mesmo conteido que normas correspondents do Diteto de outro Estado. Ape- nas se tivermos sempre em mente o verdadeto significado de talexpressdo€ que poderemos dizer que um Estado aplca oDi- reito de outro Estado, No que diz respeito& aplicagdo do Drei de um Estado pelos érpios de ouro Estado, podem-sedistinguirduasposibi- Tidades diferentes: a Estado ¢juridicamente lve para apicar ‘cunioaplicar 0 Ditcto de out Estado acertos caso; b) 0 FS- ‘ado & juridicamente obrigndo, polo Direito internacional geal ‘ou particular, aplcar o Ditto de outro Estado a. certo casos. Alguns autores negam a exsténcia de regras do Direito inter ‘acional gral que obriguem o Estado a apicar 0 Direito de ‘outro Estado certos casos. Mas, se um teibunal ov outa gio aplcador de Direitotver de decir se um estangeir adquitia ¥ oestavo 3st jurdicamentealgum dirt privado no seu pals, ele sempre aplicario Direto deste pas; contudo, eo tibunal decid que 0 direto em questio no foi juridicamente adguiido porno ter sido adqurido de acordo com o Direto do tbunal que decida, 0 governo do Estado a que perience o estrangeiropos- sivelmente consderaré a decisbo como uma violagio do Di- reito internacional". Ainda assim, & verdade que o Direito internacional ger imp a obrgagio de apicaroDireitoestan- ‘gelro apenas num mito bastante limitado. Se ndo existe ne- ‘ahum tratado internacional obrigando o Estado a apicar Di- reito estrangeito a ceros casos, o Estado é— via de regra—juri- dlicamente livre nese aspecto. Por meio do seu proprio Direto, ele pode regulamentar a apicagio do Direito estangeiro a car. fos easos de acordo com os principio que eonsderaradequa~ dos, jasos e assim por diane, Consoqientemente, na medida em que nio exist nenhuma regra do Direto internacional, ge- ral ou particular, ebrigando o Estado aaplicar o Dirt estan ‘ei certos e405, o Dirt internacional privado (criminal, Administrative) no & Diritointeraciona, mas Dircitonacio. nal. Via de ogra, apenas o chamado Dirito internacional "pie Dlico”& Direito internacional. Se uma norma do Direito intr racional getal ou particular obriga um Estado a aplicar 0 Di- reito de outro Estado a certs casos, essa norma ndo & nem Direito“prvado” nem “pilico”,é que a dstingdo entre Di- reito privad cpblic ndo¢aplicivel ao Dirito internacional ‘rata de wma dstngdo entre dis tips de normas da mesma order juridica nacional. Os termos Dirt internacional “pi vvado" e “piblico” slo enganosos, aque parecer sugerir uma ‘oposigdo dentro da ordem juried interacional, embora 0 Di- reito internacional pblico seja simplesmente Digctoinerna- ional, 0 ajeivo“piblico”sendo de todo supérfluo, ao passo {que o Direito internacional privado¢, pelo menos normalmen- 1, um conjuto de norms do Diteito nacional caracerizadas pela materia de regulamentasaojurigia. 2 Beam pret, sopniode vce Verdot Yor), 382 TEORL GERAL DO DIREITO EDOESTADO ‘As normas das diferentes orden juridicas nacionais que segulamentam a aplicago de Dirito cstrangeirotendem a di- ferr muito entre i. Pode-se dizer o mesmo da teoria que just fica a decretgio de normas prescrevendo a aplicagio de Di reito estangeiro a ceros casos. Estados diversos, por motivos Aliversose com fins diversos, podem aplicar Diretoestrangei- ro, Namedida em que a “teoria” do Direito internacional priva- do tenha como objetivo uma jusificativa das regras em ques- to, nio existe nenbuma “tora” que sejacoreta para todos os divesos sistemas jurdics. Assim, por exemplo,atcoia dos “direitos adquirios” (vested right), vigente nos Estados Uni- dos, 60 principio de que os direitos, onde quer que tenham sido aduirdos, devem ser protegides. Trata-se de um principio politico que pode ov no infuenciaro legislador E ume rere Juridica, uma norma de Dieito positive, apenas se for incorpo rada a0 sista jurdico por meio de um ato criador de Direto, ‘Apresentada como uma "eoria, ela & corre apenas para esse sistema juridico, TEmbora o Estado como tl ou sea, os seus dros criado- res de Dieito,sejam lives para decretr normas que prescte ‘Vem a aplcasio de Direitoestrangeito a certos casos, uma Vez ‘Secretadas tis mormas,o8érgios plicadores de Direto, em es- Decal os tunis, no so ives, mas sim juridicamenteobri> fndos a aplicr as normas de Diritoestrangeiro,determinadas plas normas do chamado Direto internacional privat (cri= ‘inal, administrative), a certs casos, estes igualmente deter ‘minados por esas normas, Isto & sempre verdadeir, no im- portando se as normas gerais que rcebem o nome de Direito Internacional privado tém 0 carter de Dirito estautirio, Direito consuetudinitio ou Direito produzido por juz. O reo do Estado, especialmente o tribunal, que, determinsdo pelas normas gerais do chamado Direito internacional piv 0, aplicar Diretoestrangeir a certs casos, no tem nenhu- ma “escola” entre o Direito do seu Estado um Dircto es- ttangeiro, O 6rplo€ obrigado a aplicaro Dieito de um Estado testangeir detinido; as normas a serem apicadas sho prede- {erminadas pela prpriaordem juriica do érpio, Sdo normas orsrwwo 355 4c, em nome dessa predeterminacéo, se tornaram normas do proprio Direto do Org. As normas do chamado Direito in. ‘emacional privado nfo colocam o drei aplcador de Direto 1a posigdo de escolher entre sistemas juriicos diferentes. dentro de um mesmo sistema juridico, a ondem juridiea do ‘ngioaplicador de Direto, qu ocort o procedimento regula ‘mentado pelo Direto internacional privado, Por meio desse procedimento, incarporanse, ist ,eriam-se norms ue sio normas do Direto do dro aplicador, exatamente como 0 si0, asormas criadas de modo ordiniro pelo corpo legislative do Estado, 0 fato de essas normas possuirem o mesmo conteilo {que as normas correspondentes de um Diretaestrangeiro no pode alteraro seu carter de normas do Dirito do drei apli- cador.O termo regras de “escolha de Direito” éenganoso, j Aue produ a “aparnca” de uma esctha onde no existe 0 termo “escotha de Dircito” provavelmente resulta da Tia de um “coafito” entre Diteto do préprio Estado e um Direito estrangeiro. Mas no existe nenhum confit, ja que © Diretoesrangeio nio reivindicaa sua apicaco pelos drzios «do Fstadoeujo Direito internacional privado esi em questi, 0 segundo ndo recusa a aplicacio do primeito. Usanda a ter- minologa usual, Direito de um Estado prescreve a alicagio do Direto de outro Estado, eo segundo no Taz objegto a isso ‘nem o exge. Ee no tem dieitoalgum de fazé-o, que no realmente o seu proprio Direito que est send apicado pelo ‘outro Estado. O segundo aplica normas do seu prdprio Di- rato. O fato de ests normas possuirem o mesmo conteido ‘que as normas correspondentes de outro Estado no interest 20 segundo. A inica justifieativa para os termes “eonflito de leis" au regras de “escola de Diseito”& 0 filo de serem me- ores e de manuseio mais ficil do que uma expresso que ca- acterize mais corretamenteo chamtado Direito internacional Drivado (riminal, administrativo). Como a téniea specifica dessas norms consiste em “fazer referéncia” As normas de ‘outro sistema e, por faz-lo, em incorporar normas de contei= do ideatico a0 do seu proprio sistema juriico, seria mals jas 354 ‘ORLA GERALDO DIREITOE DO ESTADO tifcdvel chamé-as “regras de referéncia” ou “regras de in corporagao”, "A repr de eferéni, st usando aterminlogia usual ‘norma que regula a apicago de Direitoestrngeiro, pode et ‘istinguida da norma a ser aplicad, 00 seja, da norma a que se faz efergncia. Apenas a primeira, a rogra de referencia, uma norma do Direto internacional, Mas, a pari de ur ponto de ‘sta funcional, uma est essencilmenteligada & outa. Ape- has se fomadas em conjunto elas formam uma regea de Direito completa. Seria perfeiamente possivel descrever a relagao tite a regra de referencia, ou regra de escotha de Dirct, e a horma a qual faz referénca, a norma de Direito estangeiro aplcada, dizendo que a segunda ests virtualmente conida na primeiea A repra de referencia tl eomo mencionado acima,€ apenas uma formula abreviads que visa substtir normas == produzindo o conteide de normas do iret estrangeiro a que fe referencia E aplicando a repra de referénca, ou regra de ‘excolha de Diteto, que o tribunal chega 2 aplicago da norma 4e Dirt estrangeieo (a qual, na verdade, & uma norma do seu ‘rsprio Diteto),Portanto, écoretochamara primeira regra de “preliminar” ea segunda de “final”. ‘Aconex intima entre a regra de referéncia ou de escola de Direit ea regra de Diteito estangeiro aque se faz referén- ‘ia manifesta-senofato de que a primeira, e for uma regra de Direito nacional, é do mesmo tipo que a segunda Sea norma 8 (qual se faz referéncia for uma norma de Diretopivado, a repre ‘de referencia também & de iret pivado; se a norma que se fz referencia fr uma norma de Dire criminal ovadminisi- tive, © Dircito criminal ou 0 adminstativ esti emvolvido ‘Contd, se @ noma que obrigs 0 Estado aapicar a norma de ‘outro Estado a eros ea0s for uma norma de Dizeit intema- ‘ional, a obrgigiainteracional do Estado, como tal, ndo & tama obrigagso nem do Direitoprivado, nem do Direito crimi- fal nem do Diretoadinistraivo, mas, simplesmenie, do Di- ‘eit internacional. No entant, se a norma de Direitointems- ‘onal que prescreve a apicag de Diretoprivado estangeir, 22 Gon Neer Lan ge osravo 355 criminal ou administrative, for consideradajuntamente com & forma a ser aplcads,entio, e apenas entio, justifca-se, até «eto pont, falar de Diritoprivado intemacinal (criminal, a ministrativo). Este termo parece ser mais preciso que 0 term0 “Direito internacional privado” (criminal, adminstativo) FOS CHAMADOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS DOS ESTADOS 4. A doutrina do Dieito natural aplicada Asrelages entre Estados Segundo um parecer vigente nos séulos XVIII e XIX, € sustentado ainda hoje por alguns autores, td Estado tem ~ ern sa capocidade de membro da Familia das Nagdes ~ alguns Aliretos e deveresfundamentis, Esse direitos e deveres no ‘io, segundo essa douttna,estipulados pelo Dirito interna- ional consuetadinieio geal ou por tatads interacionais, ‘como so os outs direitos e deveres dos Estados, mas ori. ‘name da natureza do Estado ou d comunidade internacional. ce deveres fundamentas~di-se ~ possuem "uma mais ampla profunda que as regras positivas ‘ordinrias do Direito das Napes, do qual io, em boa pare, 2 ‘ase ou font lkima, epossuem uma forca de obrigatoriedade ‘maior...clest&m a natueza de princpios controladores ou fun- Sic em just compensa." Ei kr "inconsinconal” Replament 0 conto de testo fur pores consign una tei ju psoas o«sraD0 a «a sgniicativa apenas seas modificagBes na contigo tve- em de ocorrer em conformidade com um processo especial, diferente darotna ordinaria de leislagio. Apenas enti, um estatuo que no se conforma a corstitucio ¢ “inconstitcio nal”, apenas entlo, a sua “inconstiaconalidade” pode ter quis= «quer consegineias jurdieas”. Se a consitigdo puder ser mo- dificada do mesmo modo que um estattoerdndno, endo qual- quer estatuto “inconstitucional” significa, na realidade, uma ‘odificagio na constitugio, polo menos para a exfere de vai dade desseestatuo. Ent, um conto ent um estatuo © constituigdo tem o carter de um conflio entre ut n0¥0 € um velhoestatuto.Trata-se de um confito que precisa ser resolv do segundo o principio de lex posterior dermgat prior Sendo existr nenhum procedimento especial par egis- Jago constinucional,ndo pode existr nenbuma lei “inconstia onal” assim como no pode exstirnenhuma le “iets. Su- ponhamos que uma contigo que pode ser modifieada com tum estatuto ordinrio prescreva que “nenhum soldado poder, em tempo de paz, alojar-se em qualquer casa sem o consent mento do seu dono” (uma cliusuia na Tercera Emenda & Constiuigio dos Estados Unidos). Entdo, se fosse decretado tum estauto que ignorasse essa prescrigao,o estat no sera, de modo algum, “contriro 4 consttuigda”, porque o perio ¢statulo modificaria 8 constuigdo. Uma prescrigdo como a aque acaba de ser mencionadaobrigaria apenas os Gros exe- utivosejudicirios, noo ongio lisa, « ProbigBesconsttucionais, Paras perccberclaramente a significagio de proibigSes dirigidas pela constiuigao contra, ‘0s érgios dos posers legislative, executivo © judicirio, de Aspositios da consituicdo que proibem esses bs de trans: er eros intereses ds suetos (como a Quinta Emenda § Consituigdo dos Estados Unidos: "Nenhuma propriedade sed tomads para uso piblic sem justa compensagio"; ova oitva Emenda’ "Nao ser exigia fianga excessive, nem sero in posts multas excesivas, nom srdoinligidas puniges crus 316 {ORLA GERALDO DIREITOE DOESTADO ‘ouincomuns"), eve-se naar osegunte ato: os eos ds po eres lisativo, exeeutivo ejudicirio so incapazes de fun- ‘sionar sem estarem autorizads por uma norma juries gers, Seja ela uma lei consuetudindra ou estatutra. Pode ser uma roma que, em termos bem geri, meramenteautorize o gio ‘A atuar de acordo com 0 seu arbirio. Mas, de qualquer moso, toda agdo de parte do orgo deve estar baseada em alguma nor- ‘ma geral que estpul, pelo menos, que o Oro tem de atuat ‘ainda que ndo diga como ele tem de fazé-lo, deixando ao arbi- ‘tio do deg a determinago das sues prpras ages. Assim, 2 ‘onstituiglo, via derega, determina a fungao do gio legisla tivo, Ea sutorza certo rgio a lepsar sem determinaro con- teido da sua funeHo; mas, excepcionalmente,o contd a set decretado tambm pode ser preset pela constitugho. Desse ‘modo, 0 éngio lepisltivo também €, na realdade, um érgio trccutvo, Todo ato legisltivo um ato deexccutar 3 consti {0 Do contro, a lgisagio no podera ser reconhecida ‘Como uma Fungo 0 legislador como um Seo do Estado E, portant, auto-evidente qu pode exist um poder "exe cago tem realmente a natureza de uma ei. Apenas uma resti- ‘lo dese poder necesita de um dspositivo explicit, Embora 0 poder de um érgio aplicadar de Dieto que examine & cons ‘itucionaidade das leis sorem apicadase que rcuseaapica: ‘0 de uma let julgada por ele como inconsttucional no possa fer eliminado completamente cle pode ser resringido em dife- reatesgraus.O éngioaplicador de Diteito pode, por exemplo estar autorizado apenas a investgar sea norma que tem de set aplcada a um caso concreto fo efeivamente aprovada por um ‘rgio legislative, ou ento se a norma fo cried por um érgio legislative ou exccuivo competente para emitr otmasjurid- as peas, Caso se verifique qu esse & 0 cas, €possivel que © ‘rgio aplicador de Dircto no tena nenhum dteitoadcional

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