A avaliao da obra de arte misterioso orculo do gosto ou do juzo
universal?
Como podem o leitor e o crtico no ter em conta o prprio gosto?
o gosto , com efeito a espiritualidade de uma pessoa, ou de um perodo
histrico, traduzida numa espera de arte, um modo de ser, viver, pensar, sentir, resolvido num concreto ideal esttico, num sistema de ideias, pensamentos, convices, crenas, aspiraes, atitudes, tornando sistema de afinidades eletivas em campo artstico
*dessa forma, no pensvel que o leitor e o crtico possam despojar-se
dessa bagagem cultural ao avaliarem uma obra de arte, pois isso seria como privar-se de sua prpria personalidade. Por outro lado, no seria verdadeira a crtica que se confia no puro gosto.
o juzo acerca de uma obra de arte no pode permanecer ao nvel da
mudana, reduzindo-se a simples declarao de uma preferncia subjetiva ou uma mera degustao sensual e papilar, mas deve alar-se ao plano do universal, exprimindo uma valorizao imutvel e nica, onirreconhecvel e aceita por todos
Como pode conciliar-se a multiplicidade, a mutabilidade e a
historicidade do gosto com a unicidade, a definitividade e a universalidade do juzo?
*Gosto pessoal e histrico e juzo universal no so dois modos opostos de
conceber e teorizar a experincia esttica, pois o gosto diz respeito no propriamente avaliao, mas a interpretao da obra. O gosto pessoal e histrico do leitor e do crtico se inclui na interpretao da obra. J a crtica no tem necessidade de se remeter a uma categoria vazia e abstrata. Basta-lhe a concreta e singular individualidade da obra.