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Fen09 hires gos ate 1 do Vay Mand Moun. Se hocr 2 Collen tt destinaclo a fiwore Oddiscturso sobre a obra nao ¢ um simples addjacvan cerlhe a aproensito e a aprecieacelo, mas um momento ca producd det obra, de sen sentido ¢ de seu veilor, (Pierre Bourdieu, sociGlog noes. Trecho extraida de As regres da arte.) foi se desenvolvendo & me- qué a consciéncia do prazer esiética foi sendo descoberta © cultivada, estando sempre ligada, de uma qaneis ou de Outra, a julgamentos do ‘ipo “gostel, “Ao gostei”, “€ helo”... Isso vale tanto para o julgamento subjetivo do palico em geral como para a critica profissional e especializada. Foi na Grécia, por volta do século IIT aC, que surgiram os primeiros estudos sobre estética ¢ arte, procurando orientar e educar artistas'e pUblico. Era uma critica de cariter flos6fico, que buscava explicar anatureza do fazer artistico e, ao mesmo tempo, estabelecer as regras da boa arte. A critica de arte 6 importante por pro- ‘vocar uma convergéncia de gostos e de cri- térios de apreciacao artistica, fazendo com que Certos aspectos pessoais € subjetivos s¢ tomem coletivos 4 medida que passem 4 ser compartilhados. Vocés podem repa- ‘at qué, quando varias pessoas assistem a ‘um espeticulo juntas, geralmente demons- vam prizer em tecer comentarios sobre 0 ue Viram € ouviram. As opinides do ou- to sempre ajudam 0 desenvolvimento de Assa Sensibilidade, chamando a atencdo Tuitas vezes para elementos novos ¢ dife- Tentes, independentemente de coneordar- MOS com tais opinides. Pois bem, a critica Pecializada faz exatamente a mesma Coisa: percorre os diversos elementos de bes manifestagio antistica estabelecendo julgamentos e fazendo companagdes entre obras de um mesmo artista, A cli renga entre 0 julgamento do critico profissional. ou da chamada critica expecializ do piblico leigo & que a utilizar critérios mais ¢ tem, como a propria art © pensamento de uma época. f por isso que, ao lado da hist6ria da arte, desenvolve-se também uma historia da critica de arte A ESTETIC ESTETICAS § GLASSICA £ OUTRAS Quiais seriam entio os critérios da eritica dissemos que entre os gregos predominavam critérios que foram depois chamados de clissicos, ou modelares. Eram.prineipios que serviram de base par o desenvolvimento do campo artistico da Europa moderna quando os humanistas os resgataram juntamente com outras herancas da Antiguidade. Eram eles: « Idealismo — 4 arte deve sugerit como a realidade deveria ser, estimulando aproximarem desse ideal naturalismo — @ tacdo que os homens a se © Verossimilhanca € busea por formas de rep se assemelhassem, na sua aparéncia, 40 mundo q identificagdo do pi ci © Racionalidade mundo respeitando 8 racions organiz > © de da obra, tais como sir prop dade € equilibrio © Btica e moralidade — tem contetido piblico € filoséfico ex gai moral, se possivel antindo 4 obra uma fungao s aspirados na f € na historia politica da Grécia, ex deuses ¢ heréis © Humanismo — valorizaga grandecimento do homem e de s grac jo em uma ordem cOsmica Esses critérios constitutivos ¢ tod: esentes em todas grega estavam f nifestacdes artisticas: no teatro, ma tura ena masic Muito diferer -latino, predomir imanista, foi a estética me » Transcendéncia — de acordo com a doutrina cristi, a arte medieval procura- va mostrar. o homem como um ser dual, dowddo de corpo e espirito, sendo este o responsivel por sua origem divina, * Espiritualidade — era funcio da ate desenvolver a espiritualidade humana, tomando evidente a superioridade da alma sobre a materialidade da vida. Dessa pos- tura resultava @ pouca importincia dada pelos artistas medievais a yerossimilhanca 4 concepeao perspectiva do espago. * Misticisme —a emogio estética deve ler par origem a emog3o mistica que resulta do encontro do espirito humano com Deus. A misica ¢ a arquitetura, por sua natureza mats abstrata do que sensivel e por depen- der mais do uso da inteligéncia do que dos sentides, eram tidas como as manifestacdes artisticas mais elevadas do homem. * Evangelizagio— a educacio religio- ste a divulgagao do Cristianismo deveriam Ser as principais preocupacdes dos artistas no desenvolvimento de sua missiio. A Idade Modema tem inicio com um movimento artistico que promove a retoma- a dos principies filosGficos classicos, mziio pela qual recebeu o nome de Renascimen- '0. Os artistas renascentistas procuravam despertar nos homens a vontade de viver © 0 gosto pela vida e, com esse objetivo, Sriram uma arte mais prxima do cotidiano do que das ideais civicos tio apreciados na 3 Antiguidade. E embora seja perceptivel na Renascenga a heranea religiosa medieval, ha também a presenca marcante e central da figura humana e do homem comum, grindioso em sua humanidade. Assim, cada periodo foi onganizando um conjunto de critérios para avaliagdo da arte, tendo por objetivo sensibilizar os artistas e formar 0 gosto do publico para o reconhecimento desses valores nas obras Os criticos tiveram especial importincia na divulgacao dessas ideias, mas seus critérios estiveram sempre ligados 4 sua época, a uma tradigao © ao jogo de interesses que se fazem presentes em qualquer manifes- tacdo da vida social. Além de instruir e informar artistas e pti- blico, a critica deixa registrados para o futuro os valores estéticos de sua época. Fol em parte gragas aos escritos criticos que pude- MOS ter acessO a6 pensamento dos povos da Antiguidade clissica sobre sua arte. A ATITUDE CRITICA O julgamento critico da arte, entretan- to, no tem apenas a funcao de estabelecer uma estética ou de selecionar artistas € obras, Lionello Venturi, estudioso de tica de arte, afirma que “uma preferéncia é sempre 0 comege de uma critica”. Essa preferéncia, essa atitude critica, € justa- mente a expressdo dos sentimentos que ‘eoesrons OF aT A ciengaio exigida palo © bruidat do obra nos despertam a obra de arte, elemento mesmo e€ pene indispensivel da fruicdo estética de que chamamos proj tanto falamos, Nao se trata de uma postura na obra e passa a se do. O espectat pretensiosa pela qual tentamos legitimar de seu julgamento estético € de ou ndo uma manif de uma disposic¢ado e de uma disponibilida- esteja diante de uma ea estagao artistica, Trata-se E possivel, en a frui arias 4 percepgdo estética, atra consi, de nece: vés da qual colocamos nossa sensibilidade rador que esteja preocupac a serviga da contemplaca mensagem ou com a form a do artista, mas sim com A fruicao da arte exige essa entreg: experiéncia artistica, o que significa ir ao tinta por mrindo seus conteidos seu in’ encontro dela desc e recursos. A fruiglo é entio o encontrode — para desenvolver seu t duas subjetividades ¢ de duas sensibilida- precisa tenci s des: a do plblico ¢ a do artista, Para isso a emogao que 2 ese de certa forma € preciso destig a a de quiio proximo se est — ‘Vima pessoa apaixo- por cinema ou um. colecionador que ee informados ou acompanhem ose oe divergindo em relacao a eae provavelmente, utilizario cri- ie ee e valores proximos tek ica especializada. J4 yma pes ma i ecupada, que s6 va ao cinema part diventir € que no acompanhe vavelmente, tera valores muito difere! 56 it .€ to importunte? Porque O trabalho do critico tem por objetive nto 56 despertar 4 sensibilidade do pablico para aspectos novos da produgio artistica, ¢fiando um efeito-antecipagao, como também re; trar, marear, selecic de validade. O critica, em sua apreciagdo, mantém-se # meio caminho entre sensil} jidade do espectador ea do anh cemrurn espace de avallagae 1 na subjetivismo nem pura ODIEHY dade. E Meforma num ponio de referee aay riubilidade é legitimar criterios: sim se 0 utiliza antes serisil pilidades. das opin! -siioawean = ARF filésofos que consideravam as questoes de arte peme seiite de eu misters A ‘eles cabia, muitas vezes, orientar a pritica artistica para que ela da forma mais correta possivel, desempenhar as suas fungdes, engrande- eendo o homem € 4 sua trajetOria heroica. também na Idade Média, 0 critico era um intérprete € um orientador que buscava com seu discurso ajustar os principios es- téticos aos anseios da sociedade. Mas foi 36 com a organizacdo do campo artistico ea instalagdo do) mercado de arte que o eritico se profissionalizou. Inicialmente seu) tribalho era junto As instituicdes ar- tisticas € ao mercado agindo como um expert que orientava nao s6 0 ptiblico es- pectador, mas também o comprador. No ——-século XIX, com aparecimento da im- prensa, o critico de arte passa a ter espaco casero | selecao da boa arte. Seu trabalho foi se tornandlo cada vez 4 medida que a proliferacao de obras ¢ estilos, aa lado do cresci- selegio um processo de dificil . Com uma oferta diversificada € € um piiblico numeroso, © critico que os artistas © vejam sempre Teserva e clesconfianc: se tornado cada vez mais delicado em mazao da proliferagio de manifestagdes artisticas e de postos. O Modernismo, tendo enfraquecido o poder das insti- tui intimeros movimentos, cada um com uma proposta diferente. O desenvolvimento da indiistria cultural trouxe para o paleo um sém-nimero de manifestagdes que pare- S artisticas, levou a emengéncia de cem escapar dos reconhecidos critérios de avaliacao artistica, desafiando os criticos. © crescimento da industria do entreteni- mento provoca certo desconforto entre aqueles que buscam aprimorar seu gosto € que nao querem apenas se divertir. E, finalmente, a globalizagio renova os pa- drées artisticos numa velocidade que tora dificil uma correspondente atualizacao do pubblico. Diante desse cendrio complexo € miltiplo, 0 critico pode ser uma referéncia cuja opiniio pode alcangar um minimo de objetividade e discernimento. O ctitico de arte tem ainda outra fun- do na atualidade: registrar em textos, en- sais € cattilogos as manifestagGes artisticas de caraver efémero como 0 teatro de rua, os happenings © as performances. Essas munifestages, muitas vezes, sO chegam ao. piiblico através da critica que as coment. © critics ajuda o pablico a tomar conheci- mento daquilo que esti acontecendo sem que assist « tudo. Cabe ao critico organi- zar uma memoria cultural Os esperaculos de 10 ¢ 0s que rompem com 0s pa tradicional: A arte contemporanea criou gé eatro de rua é O nome das encenagGes que, em vez de St zadas nos teatros convencionais, sao apresentadas er ruas € publicas. Essa apgao permite que 0 teatro chegue ao grande publico, espet jalmente aquel com pequene poder aquisitivo. Performance 6 um tipo de arte, criada nos anos 1960, que in tegra varias linguagens, como danca, misica e interpretagao. Tem um (carater experimental e reduz-se a um ntimero pequeno de apresenta- 0es. Hoje as performances utilizam o suporte do video e da televisdo Os happenings, que surgiram na década de 1970, tém um carter de apresentacao informal e espontanea, geralmente com grande partici- pagao do pi Todos esses géneros so contemporaneos e se carac- informalidade, improvisagao e por sua efemeridade 58 QuEsT des OF ANTE

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