Você está na página 1de 1

UM CANTO DE LIBERDADE

J Pinoli
Passará meu eu peregrino,
Fusão de etnias,
Refém de heranças genéticas,
Impregnado de valores da nação,
Sinto que ao nascer, morremos ... Condenado por desejos,
Partimos de algum lugar sem bandeiras, Afogado num mar de ismos, de ídolos,
Para outro, que não escolhemos, De dogmas e premissas de crenças vãs;
Separado por abismos e fronteiras.
Passará este eu de camadas,
Entre incontroláveis circunstâncias, Capturado por aderências
Embalados em noções que herdamos, De espessa e repulsiva gosma,
Sacrificamos a integridade da razão Mas, Eu mesmo, não passarei.
E avançamos guiados por sentimentos,
Que não consultam o coração. Eu sou o que sou,
E não o que estou.
E se não vigia o consciente, Passará o que não sou,
Perde-se a liberdade Pois, em verdade,
Por escolhas inconsequentes. Enquanto estive,
Nunca fui.
Todavia, tragada pelo tempo,
Passará toda circunstância, Vivo — estou já sepultado em ataúde,
Mas, o Eu que reflete Obra desses tantos atributos.
A essencial instância Morto — estarei exonerado
Não passará nunca; Dessa viscosidade degradante,
Livre para ressurgir
E ascender a alturas culminantes.

Você também pode gostar