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Fascículo 05
Cinília Tadeu Gisondi Omaki
Maria Odette Simão Brancatelli
Índice
História do Brasil
Resumo Teórico
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Mesmo com a concorrência holandesa nas Antilhas (após meados do século XVII) e o
apogeu da extração de ouro (século XVIII), o açúcar constituiu nosso principal produto econômico. Tal
situação somente seria alterada a partir da década de 1830, quando o café alcançou o primeiro lugar
na pauta das exportações.
Exercícios
01. (UFSM – 99) “O monopólio do comércio das colônias pela metrópole define o sistema colonial porque
é através dele que as colônias preenchem sua função histórica, isto é, respondem aos estímulos que
lhes deram origem, que formam a sua razão de ser, enfim, que lhes dão sentido.”
NOVAIS, Fernando A. “O Brasil nos quadros do Antigo Sistema Colonial”. In: MOTA, Carlos Guilherme
(org.). Brasil em perspectiva. São Paulo: Difel.
O texto expressa a situação do Brasil no chamado Pacto Colonial. Sobre isso, pode-se dizer que
a. a colonização do Brasil se inseriu nos quadros da expansão imperialista mundial e constituiu um
importante pilar de sustentação do Estado colonial.
b. a colonização foi, em sua essência, motivada pelo interesse do Estado e dos grupos dominantes em
adquirir e acumular metais preciosos e terras e em conquistar mercados.
c. o pacto transformava a economia colonial numa economia central cuja função era gerar riquezas
para a economia periférica metropolitana.
d. o pacto favorecia os senhores feudais da metrópole que, recebendo dos colonos os privilégios do
monopólio, apropriavam-se do extraordinário lucro gerado pela industrialização das colônias.
e. a colônia era estimulada a produzir mercadorias manufaturadas, o que promovia o desenvolvimento
do mercado interno e a acumulação de capital comercial pela burguesia mercantil nacional.
02. (Puccamp – 98) Considere as afirmações a seguir sobre a economia do Brasil no Período Colonial.
I. A produção era ditada pelas necessidades da economia européia que se constituía no centro de
todo o sistema.
II. O comércio externo era monopolizado pela metrópole que impunha preços mínimos para os artigos
coloniais, garantindo lucros tanto na compra como na venda.
III. O latifúndio, a monocultura e a mão-de-obra escrava se impuseram diante da necessidade de
produzir em alta escala e de garantir grande lucratividade aos empresários portugueses.
03. (UFRN – 99) A implantação do sistema colonial transformou as relações amistosas existentes entre
indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil. Essa transformação se deveu à
a. grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar nas novas plantações
açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses.
b. crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra, levando à
escravização dos índios, que reagiram aos colonos.
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c. importação de negros africanos, cuja mão-de-obra acabou competindo com a dos indígenas,
excluindo estes do mercado de trabalho agrário.
d. introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas, desestruturando a
economia comunal dos grupos nativos.
04. (Cesgranrio – 92) Sobre a revitalização de formas compulsórias de trabalho nas áreas coloniais durante
a Época Moderna – quando na Europa ocorria um movimento inverso da liberação de mão-de-obra –
podemos afirmar que
I. a adoção do trabalho compulsório de escravos africanos insere-se na lógica do Antigo Sistema
Colonial, pois o tráfico negreiro, controlado pela burguesia mercantil metropolitana, era uma
atividade altamente lucrativa e contribuía para a acumulação primitiva de capital na metrópole.
II. a grande disponibilidade de terras impediu a exploração de trabalhadores livres e assalariados, que
poderiam ter acesso à terra e desenvolver uma economia de subsistência, o que seria contrário ao
sentido da colonização e à organização de grandes propriedades produtoras de mercadorias para o
comércio metropolitano.
III. a adoção do trabalho escravo na Colônia se deveu à falta de dinheiro dos grandes proprietários de
terra para pagar salários, pois, como vendiam seus produtos a baixos preços aos comerciantes
metropolitanos, só podiam utilizar mão-de-obra que não exigisse nenhum investimento de capitais.
05. (Fuvest – 93) A sociedade colonial brasileira “herdou concepções clássicas e medievais de organização
e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das
ocupações, raça, cor e condição social. (...) As distinções essenciais entre fidalgos e plebeus tenderam
a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores portugueses tornava todo europeu,
de fato, um gentil-homem em potencial. A disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores
possibilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de
uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se em um substituto do campesinato, um
novo estado, que permitiu uma reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem
aborígenes e, mais tarde, os africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos europeus,
criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor.”
Stuart B. Schwartz, Segredos Internos.
a. a diferenciação clássica e medieval entre clero, nobreza e campesinato, existente na Europa, foi
transferida para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no elemento fundamental da
sociedade brasileira colonial.
b. a presença de índios e negros na sociedade brasileira levou ao surgimento de instituições como a
escravidão, completamente desconhecida da sociedade européia nos séculos XV e XVI.
c. os índios do Brasil, por serem em pequena quantidade e terem sido facilmente dominados, não
tiveram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade colonial.
d. a diferenciação de raças, culturas e condição social entre brancos e índios, brancos e negros, tendeu
e diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus na sociedade colonial.
e. a existência de uma realidade diferente no Brasil, como a escravidão em larga escala de negros, não
alterou em nenhum aspecto as concepções medievais dos portugueses durante os séculos XVI e
XVII.
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06. (Mackenzie – 96) Constituíram importantes fatores para o sucesso da lavoura canavieira no início da
colonização do Brasil
a. o Domínio Espanhol, que possibilitou o crescimento do mercado consumidor interno.
b. o predomínio da mão-de-obra livre com técnicas avançadas.
c. o financiamento, transporte e refinação nas mãos da Holanda e a produção a cargo de Portugal.
d. a expulsão dos holandeses que trouxe a imediata recuperação dos mercados e ascensão econômica
dos senhores de engenho.
e. a estrutura fundiária, baseada na pequena propriedade voltada para o consumo interno.
07. (Cesgranrio – 94) A ocupação do território brasileiro, restrita, no século XVI, ao litoral e associada à
lavoura de produtos tropicais, estendeu-se ao interior durante os séculos XVII e XVIII, ligada à
exploração de novas atividades econômicas e aos interesses políticos de Portugal em definir as
fronteiras da colônia.
As afirmações a seguir relacionam as regiões ocupadas a partir do século XVII e suas atividades
dominantes.
I. No vale amazônico, o extrativismo vegetal - as drogas do sertão - e a captura de índios atraíram os
colonizadores.
II. A ocupação do pampa gaúcho não teve nenhum interesse econômico, estando ligada aos conflitos
luso-espanhóis na Europa.
III. O planalto central, nas áreas correspondentes aos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso, foi um dos principais alvos do bandeirismo, e sua ocupação está ligada à mineração.
IV. A zona missioneira no sul do Brasil representava um obstáculo tanto aos colonos, interessados na
escravização dos indígenas, quanto a Portugal, dificultando a demarcação das fronteiras.
V. O sertão nordestino, primeira área interior ocupada no processo de colonização, foi um
prolongamento da lavoura canavieira, fornecendo novas terras e mão-de-obra para a expansão da
lavoura.
08. (Vunesp – 99) “E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moedas
para os reinos estranhos e a menor é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil, salvo o que se
gasta em cordões, arrecadas e outros brincos, dos quais se vêem hoje carregadas as mulatas de mau
viver e as negras, muito mais que as senhoras.”
André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, 1711.
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09. (FMTM – 99) Comparando o Nordeste açucareiro e a região mineradora, quanto à economia e à
sociedade no Brasil colonial, é correto afirmar que
a. a concentração de renda foi maior nas cidades mineiras do que nos engenhos nordestinos.
b. ambos promoveram o comércio interno, articulando as várias regiões da colônia.
c. a mineração gerou maior diferenciação social e fez surgir cidades no interior.
d. enquanto o primeiro baseou-se no trabalho escravo, no segundo predominaram os assalariados.
e. ambos contribuíram para o desenvolvimento do ensino superior e da arte barroca no Brasil.
Gabarito
01. Alternativa b.
A colonização do Brasil foi um prolongamento da expansão marítima da Idade Moderna,
constituindo elemento básico de sustentação do Estado metropolitano. Interessava à Coroa
fortalecer-se e enriquecer-se; aos nobres, obter terras; à burguesia, lucrar com o comércio
monopolizado. A economia colonial era dependente e produtora de artigos primários para o mercado
externo, promovendo a acumulação de capital na Europa.
02. Alternativa e.
O Sistema Colonial na América baseou-se no Mercantilismo, com a função de gerar a
acumulação de capital nas metrópoles européias por meio do monopólio comercial. A colônia deveria
complementar a economia metropolitana, fornecendo-lhe produtos agrícolas em larga escala a preços
baixos e consumindo manufaturados caros. Desenvolveu-se o sistema de plantation: latifúndio,
monocultura de exportação e mão-de-obra escrava.
03. Alternativa b.
A relativa harmonia entre indígenas e portugueses, nas primeiras décadas do século XVI,
foi rompida quando se iniciou a colonização. A agricultura exigia sedentarização; a ocupação de terras
e a escravização dos nativos para a implantação de engenhos provocaram atritos. Apesar da
resistência e da introdução de escravos africanos, os indígenas foram escravizados.
04. Alternativa c.
A adoção da escravidão na colônia atendeu aos interesses de lucro, pois seria inviável usar
trabalhadores livres e pequenos proprietários. A rentabilidade do tráfico negreiro para a metrópole
explicou a preferência pelo escravo africano ao indígena. Destaca-se que a aquisição de escravos exigia
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grande investimento de capital e que na Europa o trabalho assalariado ainda não era generalizado.
05. Alternativa d.
De acordo com o autor, a distinção clássica e medieval entre nobres e plebeus, existente
na Europa, não se adaptou à realidade brasileira. Conhecida na Europa, a escravidão de indígenas e de
africanos criou na colônia novas distinções baseadas em critérios étnico-culturais, raciais e sociais. Os
brancos assumiram uma posição superior, independente de sua riqueza.
06. Alternativa c.
A implantação de engenhos dependeu da doação de sesmarias, onde se desenvolveu o
sistema de plantation, e do financiamento dos holandeses. Esses também controlaram o transporte, a
refinação e a distribuição do açúcar na Europa, ficando com a maior parte dos lucros. O auge da
produção açucareira ocorreu sob o domínio holandês no NE, decaindo após sua expulsão na segunda
metade do século XVII, devido à concorrência nas Antilhas.
07. Alternativa c.
No sertão nordestino, primeira área de interiorização da colonização, desenvolveu-se a
pecuária, empregando mão-de-obra livre. No século XVIII, a ocupação do Sul ligou-se a interesses
econômicos – a expansão da pecuária no pampa gaúcho, que ganhou impulso ao fornecer gado para
a região mineradora – e estratégicos – a proximidade da foz do rio da Prata, que permitia o acesso a
terras espanholas.
08. Alternativa c.
O jesuíta Antonil denunciava o prejuízo, para a colônia e a metrópole, do contrabando de
ouro, o que se observa em “o pior é que a maior parte do ouro (...) passa em pó e em moedas para os
reinos estranhos”. Embora os ingleses tenham sido os maiores beneficiários do ouro brasileiro, devido
à dependência portuguesa consolidada no Tratado de Methuen (“Panos e Vinhos”, 1703), Antonil não
fez referência ao acordo, nem à corrupção ou ao contrabando.
09. Alternativa c.
A exploração de ouro exigiu menor investimento de capitais do que o açúcar, gerando
menor concentração de renda e maior chance de mobilidade social. Ambos basearam-se no trabalho
escravo, mas a diversificação das atividades econômicas na mineração foi fator de diferenciação da
sociedade. Destaca-se que a exploração aurífera promoveu a arte e interligou outras regiões da
colônia, que forneciam alimentos e animais à população dos núcleos urbanos mineiros.
10. Alternativa b.
De fato, o açúcar foi o principal produto de exportação do Brasil desde o início da
colonização (século XVI) até a década de 1830, quando o café passou a ocupar essa posição. Mesmo
com a concorrência holandesa nas Antilhas e o apogeu da exploração de ouro, o açúcar manteve sua
primazia.