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O GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS NO ESTADO DE SÃO PAULO


CADASTRO DE ÁREAS CONTAMINADAS E REABILITADAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

A origem das áreas contaminadas está relacionada ao desconhecimento, em épocas passadas, de procedimentos
seguros para o manejo de substâncias perigosas, ao desrespeito a esses procedimentos seguros e à ocorrência de
acidentes ou vazamentos durante o desenvolvimento dos processos produtivos, de transporte ou de armazenamento
de matérias primas e produtos.

A existência de uma área contaminada pode gerar problemas, como danos à saúde, comprometimento da qualidade
dos recursos hídricos, restrições ao uso do solo e danos ao patrimônio público e privado, com a desvalorização das
propriedades, além de danos ao meio ambiente.

Em maio de 2002, a CETESB divulgou pela primeira vez a lista de áreas contaminadas, registrando a existência de 255
áreas contaminadas no Estado de São Paulo. O registro das áreas contaminadas é frequentemente atualizado, e, após
a última atualização, ocorrida em novembro de 2009, foram totalizados 2.904 registros no Cadastro de Áreas
Contaminadas e Reabilitadas no Estado de São Paulo.

O gráfico a seguir apresenta a evolução do número de áreas contaminadas cadastradas.

Evolução do número de áreas cadastradas

3500
2.904
3000
2.514
2500 2.272
Número de áreas

1.822
2000 1.664
1.596
1.504
1500
1.336

1000
727

500
255

0
mai out nov mai nov mai nov nov nov nov
2002 2003 2004 2005 2005 2006 2006 2007 2008 2009

O aumento no número de áreas cadastradas observado nesta atualização demonstra o esforço na identificação de
novas áreas, passando de 2.514 para 2.904 o número de registros (aumento de 13%).

No quadro a seguir, é apresentada a distribuição das áreas contaminadas por regiões no Estado de São Paulo.

Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo - novembro de 2009

Atividade
Região
Comercial Industrial Resíduos Postos de Acidentes/ Total
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A tabela a seguir mostra a distribuição das áreas contaminadas nas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos
– UGRHI, por tipo de atividade.

Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo - novembro de 2009

Atividade
UGRHI
Comercial Industrial Resíduos Postos de Acidentes/ Total
combustíveis Desconhecida
1 Mantiqueira 0 0 0 7 1 8
2 Paraíba do Sul 2 29 2 125 1 159
3 Litoral Norte 0 0 4 46 2 52
4 Pardo 1 1 0 43 0 45
5 Piracicaba/Capivari/Jundiaí 25 78 20 309 3 435
6 Alto Tietê 55 189 41 1043 7 1.335
7 Baixada Santista 13 30 16 127 0 186
8 Sapucaí/Grande 0 2 1 24 0 27
9 Mogi Guaçú 4 3 1 49 1 58
10 Sorocaba/Médio Tietê 2 23 4 80 5 114
11 Ribeira de Iguape/Litoral Sul 0 5 0 28 0 33
12 Baixo Pardo/Grande 0 0 1 44 0 45
13 Tietê/Jacaré 4 7 5 53 2 71
14 Alto Paranapanema 0 1 0 69 0 70
15 Turvo/Grande 8 4 0 110 1 123
16 Tietê/Batalha 1 3 0 33 0 37
17 Médio Paranapanema 5 1 0 15 1 22
18 São José dos Dourados 0 0 0 18 0 18
19 Baixo Tietê 1 1 0 19 0 21
20 Aguapeí 0 0 0 12 0 12
21 Peixe 2 2 0 14 0 18
22 Pontal do Paranapanema 0 3 1 11 0 15
Total 123 382 96 2.279 24 2.904

Os postos de combustíveis destacam-se na lista de novembro de 2009, com 2.279 registros (79% do total), seguidos
das atividades industriais com 382 (13%), das atividades comerciais com 123 (4%), das instalações para destinação de
resíduos com 96 (3%) e dos casos de acidentes e fonte de contaminação de origem desconhecida com 24 (1%).
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Distribuição por atividade - novembro de 2009

Resíduo (96) Indústria (382)


3% 13%
Acidentes/Fonte
desconhecida (24)
1% Comercial (123)
4%

Posto de combustível
(2.279)
79%

O aumento constante do número de áreas contaminadas é devido à ação rotineira de fiscalização e licenciamento dos
postos de combustíveis, das fontes industriais, comerciais, de tratamento e disposição de resíduos e do atendimento a
acidentes.

A contribuição de 79% do número total de áreas registradas atribuída aos postos de combustíveis é resultado do
o
desenvolvimento do programa de licenciamento que se iniciou em 2001, com a publicação da Resolução CONAMA N
273, de 2000. No atendimento à Resolução e contando com o apoio e sugestões da Câmara Ambiental do Comércio
de Derivados de Petróleo, fórum que congrega técnicos da CETESB e representantes do setor de combustíveis, da
indústria de equipamentos e das empresas de consultoria ambiental, a CETESB desenvolveu e vem conduzindo esse
programa, que dentre outras ações, exige a realização de investigação confirmatória, com o objetivo de verificar a
situação ambiental do empreendimento a ser licenciado, bem como a realização da troca dos equipamentos com mais
de 15 anos de operação.

Os principais grupos de contaminantes encontrados nas áreas contaminadas foram: solventes aromáticos,
combustíveis líquidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), metais e solventes halogenados, conforme pode
ser observado no gráfico a seguir.
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Constatações de grupos de contaminantes - novembro de 2009

10.000
1.871
1.854
1105
1.000
351
186
91
100 63 56
43 36
24
18
7
10
3 3 3

1
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do
s

A CETESB vem aperfeiçoando o procedimento para gerenciamento de áreas contaminadas, definido inicialmente em
2000, com o objetivo de agilizar a implementação das medidas de intervenção. O novo procedimento foi consolidado
pela Diretoria da CETESB por meio da Decisão de Diretoria 103/C/E, de 22 de julho de 2007, que pode ser obtido no
endereço eletrônico (http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/proced_gerenciamento_ac.pdf). No novo
procedimento de gerenciamento de áreas contaminadas foi estabelecida uma nova classificação de áreas
contaminadas. As classes são as seguintes:

• Contaminada sob investigação (AI): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria onde há
comprovadamente contaminação, constatada em investigação confirmatória, na qual estão sendo realizados
procedimentos para determinar a extensão da contaminação e identificar a existência de possíveis
receptores, bem como para verificar se há risco à saúde humana. A área também será classificada como
área contaminada sob investigação (AI), caso seja constatada a presença de produtos contaminantes (por
exemplo, combustível em fase livre), ou quando houver constatação da presença de substâncias, condições
ou situações que, de acordo com parâmetros específicos, possam representar perigo.
• Contaminada (AC): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria, anteriormente classificada
como área contaminada sob investigação (AI) na qual, após a realização de avaliação de risco, foram
observadas quantidades ou concentrações de matéria em condições que causem ou possam causar danos à
saúde humana. A critério da CETESB, uma área poderá ser considerada contaminada (AC) sem a
obrigatoriedade de realização de avaliação de risco à saúde humana quando existir um bem de relevante
interesse ambiental a ser protegido.Nas áreas classificadas como área contaminada (AC) devem ser
implantadas pelo Responsável Legal medidas de intervenção, em conjunto ou isoladamente, entre as
seguintes opções: medidas de remediação (MR), medidas de controle institucional (MCI) e medidas de
controle de engenharia (MCE).
• Em processo de monitoramento para reabilitação (AMR): área, terreno, local, instalação, edificação ou
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UGRHI Classificação
Reabilitada Em processo de Contaminada Contaminada Total
monitoramento sob investigação
para reabilitação
1 Mantiqueira 0 4 3 1 8
2 Paraíba do Sul 5 44 73 37 159
3 Litoral Norte 1 10 35 6 52
4 Pardo 6 10 13 16 45
5 Piracicaba/Capivari/Jundiaí 9 120 162 144 435
6 Alto Tietê 62 403 676 194 1335
7 Baixada Santista 5 39 121 21 186
8 Sapucaí/Grande 0 13 4 10 27
9 Mogi Guaçú 0 18 32 8 58
10 Sorocaba/Médio Tietê 10 28 42 34 114
11 Ribeira de Iguape/Litoral Sul 1 10 10 12 33
12 Baixo Pardo/Grande 0 18 19 8 45
13 Tietê/Jacaré 2 19 42 8 71
14 Alto Paranapanema 1 10 28 31 70
15 Turvo/Grande 4 36 72 11 123
16 Tietê/Batalha 0 9 23 5 37
17 Médio Paranapanema 2 9 8 3 22
18 São José dos Dourados 0 8 6 4 18
19 Baixo Tietê 0 6 7 8 21
20 Aguapeí 0 2 5 5 12
21 Peixe 1 2 6 9 18
22 Pontal do Paranapanema 1 1 9 4 15
Total 110 819 1396 579 2904

A figura a seguir mostra a distribuição das áreas contaminadas no Estado de São Paulo, em relação à classificação,
considerando todas as atividades, segundo as definições estabelecidas em julho de 2007. Nesta figura destaca-se que
929 áreas, ou 32% do total de áreas registradas podem ser consideradas aptas para o uso declarado, ou seja, a soma
do número de áreas reabilitadas (110) e em processo de monitoramento para reabilitação (819). Também se destaca
que nas áreas classificadas como área contaminada, que totalizam 1397, ou 48% do total de áreas registradas,
medidas de intervenção (medidas de remediação, medidas de controle institucional ou medidas de controle de
engenharia) estão implantadas ou em implantação.

Distribuição das áreas cadastradas quanto a classificação


novembro 2009 (todas as atividades)
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A figura a seguir mostra a distribuição das áreas contaminadas em relação à classificação, considerando a atividade
“posto de combustível”, segundo as novas definições estabelecidas de acordo com o novo procedimento de
gerenciamento de áreas contaminadas.

Distribuição das áreas contaminadas cadastradas quanto


a classificação
novembro 2009 (postos de combustível)

Em processo de
monitoramento
Reabilitada (78)
para reabilitação
3%
(678)
Contaminada 30%
sob investigação
(442)
19%

Contaminada
(1.081)
48%

A figura a seguir mostra a distribuição das áreas cadastradas em relação à classificação, considerando as atividades
industrial, comercial, resíduos, acidentes e fonte desconhecida, segundo as definições estabelecidas de acordo com o
procedimento de gerenciamento de áreas contaminadas.
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Distribuição das áreas contaminadas cadastradas quanto a classificação


novembro 2009
(industrial/comercial/resíduos/acidentes/desconhecido)

Reabilitada (32) Em processo de


5% monitoramento
Contaminada sob para reabilitação
investigação (137) (141)
22% 23%

Contaminada
(315)
50%

Nas áreas que se encontram em remediação, ou nas quais a remediação foi finalizada, ou seja, em 1275 áreas, pode-
se constatar que o bombeamento e tratamento, a recuperação de fase livre e a extração multifásica foram as técnicas
mais empregadas no tratamento das águas subterrâneas, enquanto que a extração de vapores e a remoção de
solo/resíduo destacam-se como as técnicas mais utilizadas para os solos. As demais técnicas empregadas podem ser
visualizadas no gráfico apresentado a seguir.
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Constatações de técnicas de remediação implantadas - novembro de 2009

1000 583
486
353
216 216
124
110
100
50
36

21
18
15
11
10 8
7
5

3 3 3
2

1
Bom

Recu

Extra

Extra

Rem

Air sp

Aten

Barre

Oxid

Biorr

Cobe

Outro

Biosp

Barre

Enca

Biove

Lava

Declo

Barre

Fitorr
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rada

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Em conjunto ou isoladamente com as medidas de remediação, outros tipos de intervenções vêm sendo adotadas,
como as medidas de controle institucional, propostas ou implantadas em 580 áreas e medidas de controle de
engenharia, propostas ou implantadas em 5 áreas. Também se destaca a adoção de medidas emergenciais em 669
áreas.

Considerando a continuidade das ações de fiscalização e licenciamento da CETESB, além da colaboração de outros
setores da sociedade, fica evidente que o número de áreas contaminadas registradas no Estado de São Paulo deverá
crescer nas próximas atualizações da lista de áreas contaminadas.

Deve ser destacado que a CETESB está promovendo a capacitação de seus técnicos, criando e disponibilizando
infraestrutura e procedimentos para enfrentar os problemas gerados pela existência das áreas contaminadas. Destaca-
se, também, o Programa de Implementação de Gerenciamento de Áreas Contaminadas com Base no Risco – PIA,
criado pela Câmara Ambiental do Comércio de Derivados de Petróleo com o objetivo de capacitar os profissionais que
atuam na gestão de áreas contaminadas, assim como conscientizar os responsáveis legais por essas áreas.
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Também, em dezembro de 2009, foi publicada a Resolução CONAMA 420 que estabelece valores orientadores de
qualidade de solos, quanto à presença de substâncias químicas e critérios para o gerenciamento de áreas
contaminadas (primeira regulamentação federal específica sobre gerenciamento de áreas contaminadas).

O equacionamento da questão relativa às áreas contaminadas se dará como resultado da mobilização de diversos
setores da sociedade, cabendo à CETESB, com a participação efetiva dos órgãos responsáveis pela saúde, recursos
hídricos e planejamento urbano, nos níveis estadual e municipal, o gerenciamento do processo. Em decorrência dessa
mobilização e do gerenciamento adequado, os problemas atualmente existentes poderão ser solucionados ou mesmo
transformados em ações de incentivo ao desenvolvimento econômico e à geração de empregos. O sucesso de um
programa de gerenciamento de áreas contaminadas depende do engajamento das empresas que apresentam
potencial de contaminação, dos investidores, dos agentes financeiros, das empresas do setor da construção civil, das
empresas de consultoria ambiental, das universidades, do poder público em todos os níveis (legislativo, executivo e
judiciário) e da população em geral.

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