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Universidade Federal do Piauí

Campus Universitário Profa. Cinobelina Elvas – Bom Jesus, PI


Profa. Gisele

IV - PROBABILIDADE

1. INTRODUÇÃO
Os estatísticos ao modelarem dados experimentais ou amostrais, estão sempre a considerar a
variabilidade apresentada por esses dados. A descrição por meio da distribuição de freqüências é
um mecanismo usado para avaliar a variabilidade dos dados. O fenômeno sob estudo não necessita,
na maioria dos casos, ser observado diretamente. Existem inúmeros modelos teóricos que são
apropriados para reproduzir a distribuição de freqüência que seria obtida da observação direta do
fenômeno.
A teoria das probabilidades nos dá o instrumental para a construção e análise de modelos
matemáticos relativos a fenômenos aleatórios. Ao estudarmos um fenômeno aleatório temos diante
de nós um experimento cujo resultado não pode ser previsto. Daí a utilização de probabilidades
indica que existe um elemento do acaso, ou de incerteza, quanto à ocorrência ou não de um evento.
Em outras palavras, a teoria das probabilidades estuda os fenômenos aleatórios com vários
resultados possíveis, quantificando as suas probabilidades de ocorrência. Com base na teoria das
probabilidades, jamais será possível afirmar por antecipação o que vai ocorrer num experimento
aleatório, pois isso dependerá sempre do acaso, no entanto, ela permite prever o que pode ocorrer e
ainda dimensiona a chance de ocorrência de cada uma das possibilidades. Entende-se por “chance”
a medida da ocorrência das circunstâncias favoráveis.
A obtenção de valores numéricos de probabilidades não é o principal objetivo da teoria das
probabilidades, mas sim a descoberta de leis gerais e a construção de modelos teóricos satisfatórios,
importantes em muitas situações que envolvam tomadas de decisão. Com o advento dessa teoria,
todos os processos inferenciais são aplicações de distribuições de probabilidade. Assim, o
conhecimento dos conceitos da teoria das probabilidades é de fundamental importância para a
utilização das técnicas estatísticas.

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
2.1. EXPERIMENTO
É o fato ou fenômeno que se está estudando.

1
Ex:
* o lançamento de uma moeda;
* extração de uma carta de um baralho; a análise do clima; o estudo da economia, etc.

2.2.1. Experimento determinístico ou não aleatório


Aquele que quando repetido sob as mesmas condições conduzem sempre ao mesmo resultado.
Ex1:
* Ebulição da água em 10 latas de mesma capacidade.
* Considerando a equação e = −4,9t 2 + vo t , que representa a distância vertical percorrida por um
objeto acima do solo, sendo vo a velocidade inicial e t o tempo gasto na queda. Portanto, conhecidos
os valores de vo e t, o valor de e fica implicitamente determinado. Nota-se que existe uma relação
definida entre t e e, que determina univocamente a quantidade no primeiro membro da equação, se
aquelas do segundo membro forem fornecidas.

2.1.2. Experimento probabilístico ou aleatório ou não determinístico


É aquele cujos resultados podem não ser os mesmos, ainda que sejam repetidos sob condições
essencialmente idênticas.
Ex:
* lançar uma moeda 10 vezes e observar o número de caras obtidas;
* selecionar uma carta de um baralho com 52 cartas e observar seu “naipe”;
* jogar um dado ao ar e observar a sua face superior.

2.2. MODELO
Todas as vezes que empregamos a matemática a fim de estudar alguns fenômenos de
observação, devemos essencialmente começar pro construir um modelo matemático (probabilístico
ou determinístico) para esses fenômenos. O modelo deve simplificar a avaliação do fenômeno e
certos pormenores devem ser desprezados.

2.2.1. Modelo determinístico


É aquele que, a partir das condições em que o experimento é realizado, pode-se determinar seu
resultado.

2.2.2. Modelo probabilístico


É aquele em que as condições de execução de um experimento não determinam o resultado
final, mas sim o comportamento probabilístico do resultado observável.

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2.3. ESPAÇO AMOSTRAL (S)
Chama-se espaço amostral o conjunto de todos os possíveis resultados de um experimento
aleatório ou, em outras palavras, é o conjunto universo relativo aos resultados de um experimento.
Pode ser discreto (enumeração finita ou infinita) ou contínuo.
Assim, pode-se dizer que, a cada experimento aleatório ou probabilístico sempre estará
associado um conjunto de resultados possíveis ou espaço amostral S.
Ex: Experimento aleatório: lançamento de três moedas consecutivas.
Espaço amostral:
S = {CaCaCa; CaCaCo; CaCoCa; CaCoCo; CoCaCa; CoCaCo; CoCoCa; CoCoCo}
Em que, n = 8 (n = número de eventos que ocorrem no espaço amostral S)

2.3.1. Espaço amostral finito


Seja S um espaço amostral finito: S = {a1, a2, a3, ... , an}
Um espaço de probabilidade finito é obtido associando-se a cada ponto ai ∈ S, um número
real Pi, chamado de probabilidade de ai, satisfazendo às seguintes condições:
(i) Pi ≥ 0, para i = 1, 2, ..., n
n
(ii) Pi + Pi + ... + Pi = ∑ P =1 i
i =1

Ex: Número de caras em três lançamentos consecutivos de uma moeda.


S = {0, 1, 2, 3}
P (0) = 1/8; P(1) = 3/8; P(2) = 3/8 e P (3) = 1/8
8

∑ P = 1/8 + 3/8 + 3/8 + 1/8 = 1


i =1
i

2.3.2. Espaço amostral finito equiprovável


Seja S um espaço de probabilidade finito. Se cada ponto de S tem a mesma probabilidade de
ocorrer, então o espaço amostral chama-se equiprovável ou uniforme. Em particular se S contém n
1 1
pontos, então a probabilidade de cada ponto será ou
n número de elementes de S
r
Se um evento A tem r pontos, então P( A) =
n
Este método de avaliar P (A) é frequentemente enunciado da seguinte maneira:
número de elementos de A
P (A) =
número de elementes de S
Ex: lançamento de um dado

3
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
P (1) = P (2) = P ( 3) = P (4) = P (5) = P (6) = 1/6
EVENTO A – jogando o dado cair 2, 3 ou 4
A = {2, 3, 4}
P (A) = P (2) + P (3) + P (4) = 1/6 + 1/6 + 1/6 = 3/6

Ex.: Número de caras em três lançamentos consecutivos de uma moeda.


S = {0, 1, 2, 3}

EVENTO A - no máximo uma cara


A = {0, 1}
P (A) = P (0) + P (1) = 1/8 + 3/8 = 4/8

2.4. EVENTO
É todo conjunto particular de resultados de S ou ainda, todo subconjunto de S.

Os eventos são classificados em:


2.4.1. Evento simples
Formado por um único elemento do espaço amostra S.
Ex: ocorrência da face 3 no lançamento de um dado.

2.4.2. Evento composto


Formado por mais de um elemento do espaço amostral S.
Ex: ocorrência de face par no lançamento de um dado.

2.4.3. Evento certo


É aquele que ocorre em qualquer realização do experimento. É o espaço todo S, então
P(S) = 1.
Ex: no lançamento de um dado fatalmente sairá a face 1, 2, 3, 4, 5 ou 6.

2.4.4. Evento impossível


É aquele que não ocorre em qualquer realização do experimento. É o conjunto vazio ∅, então
P (∅) = 0
Ex: no lançamento de um dado sair a face 7

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2.4.5. Evento complementar
Para um evento A qualquer, o complementar de A, denotado por A é dado por A = S – A, ou
seja, é um conjunto formado pelos elementos que pertencem a S e não pertencem a A. O resultado
da reunião de A e A é exatamente o espaço amostral.
Ex: Coroa é complementar de cara (e vice-versa); o conjunto de cartas de paus, ouros e copas são
complementares do conjunto de espadas.

2.4.6. Eventos mutuamente exclusivos


Caracteriza-se quando dois ou mais eventos não podem ocorrer simultaneamente, ou seja, a
ocorrência de um exclui a possibilidade de ocorrência do outro evento. Correspondentemente,
caracterizam-se, na teoria dos conjuntos, por dois conjuntos disjuntos, isto é, que não possuem
nenhum ponto em comum (Ex: A ∩ B = ∅). Em outras palavras, dois eventos A e B são
mutuamente exclusivos se o seu conjunto interseção for vazio, ou seja, A ∩ B = ∅ ⇔ A e B são
disjuntos.
Ex:
* se a carta é de copas, então ela não é de ouro;
* se o tempo está nublado, então não há sol;
* ocorrência de face menor que 2 ou maior que 5 no lançamento de um dado.
P (face menor que 2) = 1/6 = 0,167 ou 16,7%
P (face menor que 5) = 1/6 = 0,167 ou 16,7%
Nota-se que os eventos “face menor que 2 ou face maior que 5” são mutuamente excludentes,
pois a ocorrência de um, impossibilita a ocorrência do outro. Porém, não são complementares, pois
não esgotam todos os resultados possíveis do experimento. Eventualmente, poderão esgotar todos
os resultados possíveis, nesse caso serão chamados de mutuamente excludentes e exaustivos.

2.4.7. Eventos independentes


Diz-se que dois ou mais eventos são independentes quando não exercem ações recíprocas,
comportando-se cada um de maneira que lhe é própria sem influenciar os demais. Caracteriza-se,
portanto, quando a ocorrência de um evento não for afetada pela ocorrência do outro, sendo a
recíproca verdadeira.
Ex: considerando o lançamento de duas moedas
Tem-se que S = {CaCa; CaCo; CoCo; CoCa}, os resultados dos eventos são independentes de uma
moeda para outra.

5
2.4.8. Evento condicionado
Quando associados dois ou mais eventos a um experimento aleatório qualquer dizemos que
eles são condicionados a outro evento B do mesmo experimento. Caracteriza-se quando a
ocorrência de um evento A qualquer dependa da ocorrência de outro evento B.
Ex:
* retirada, sem reposição, de duas cartas vermelhas de um baralho completo.
* uma caixa contém 20 bolas numeradas de 1 a 20. Pretendo sortear a bola 5 e a bola 8. Tiro uma
bola e verifico que é a bola 8.

3. AXIOMAS DO CÁLCULO DE PROBABILIDADES

AXIOMA é uma proposição evidente por si mesma e que não carece de


demonstração e sobre a qual se funda uma ciência.

Seja E um experimento e S um espaço amostral associado a S. A cada evento A de S


associaremos um número real P (A), denominado probabilidade de ocorrência do evento A, se
forem satisfeitas as seguintes condições ou axiomas:
(i) P (S) = 1
(ii) 0 ≥ P (A) ≤ 1, para qualquer evento A em S.
(iii) Se A e B são dois eventos de S e são mutuamente exclusivos, então P (A ∪ B) = P (A) + P (B)
Este último axioma pode ser generalizado para o caso de um número finito de eventos
mutuamente exclusivos, ou seja,
n
P( A1 ∪ A2 ∪ ... ∪ An ) = P ( A1 ) + P ( A2 ) + ... + P( An ) = ∑ P( Ai )
i =1

4. TEOREMAS DO CÁLCULO DE PROBABILIDADES


Além dos axiomas, o cálculo das probabilidades possui teoremas ou propriedades.

TEOREMA é uma proposição que, para ser admitida ou se tornar evidente,


necessita de demonstração.

Esses teoremas são ilustrados e mais facilmente compreendidos com o uso da teoria dos
conjuntos. O Diagrama de Venn consiste numa das formas mais simples e simples de se apresentar
e tornar compreensível os conceitos e propriedades ,apresentadas.

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S
A B C
A∩B

Como (A ∩ B) ≠ 0, então A e B não são mutuamente exclusivos. O Diagrama de Venn mostra que
os eventos A e B ou A e C são mutuamente exclusivos, pois se A ocorrer, C não ocorre e vice-versa. Para
essas situações:
(A ∪ C) = P (A) + P (C)
(B ∪ C) = P (B) + P (C)

4.1. Teorema da soma das probabilidades – P (A ou B)


Se A e B são dois eventos quaisquer, então:
Para eventos NÃO mutuamente exclusivos:
P (A ou B) = P (A ∪ B) = P (A) + P (B) – P (A ∩ B)

Para eventos mutuamente exclusivos:


P (A ou B) = P (A ∪ B) = P (A) + P (B)

OBS1: Para três eventos quaisquer:


P (A ∪ B ∪ C) = P (A) + P (B) + P (C) – P (A ∩ B) – P (A ∩ C) – P (B ∩ C) + P (A ∩ B ∩ C)

OBS: Regra intuitiva da adição: Para achar P (A ou B), somamos o número de ocorrências
possíveis de A e o número de ocorrências possíveis de B, adicionando esses números de tal modo
que cada resultado seja contado apenas uma vez. P (A ou B) é igual a essa soma dividida pelo
número total de resultados possíveis.
P (pelo menos um) = P (ao menos um) = P (um ou mais) = 1 – P (não obter nenhum item daquele
tipo)

Ex: Numa urna são misturadas cinco bolas numeradas de 1 a 5. Uma bola é retirada. Qual a
probabilidade de sair par?
1 1
P (2 ou 4) = P (2) + P (4) = + = 2/5
5 5

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4.2. Teorema do produto das probabilidades – P (A e B)
4.2.2. Independência estocástica ou probabilística (eventos independentes)
Se dois eventos A e B são independentes, então P (A/B) = P (A). A ocorrência de B não afeta
a probabilidade de A ocorrer. Então, se A for independente de B tem-se a definição de
independência.
P (A e B) = P (A ∩ B) = P (A) . P (B)
É fácil observar que se A é independente de B, então, B é independente de A.

Ex: Retiram-se, com reposição, duas peças de um lote de 10 peças, onde 4 são boas. Qual a
probabilidade de que ambas sejam defeituosas?
Sejam os eventos A = {a 1ª peça ser defeituosa}
B = {a 2ª peça ser defeituosa}
P(A I B) = P(B) × P(A) = 6/10 × 6/10 = 0,36 ou 36%

4.2.2. Probabilidade condicional (eventos condicionados)


É a probabilidade de um evento A ocorrer dado que um evento B já tenha ocorrido e vice-versa.
P (A ∩ B)
P (A/B) = ∴ P (A ∩ B) = P (B).P (A/B)
P (B)
P (A ∩ B)
P (B/A) = ∴ P (A ∩ B) = P (A).P (B/A)
P (A)
Ex: Suponha o seguinte experimento aleatório: o lançamento de um dado.
Queremos obter a probabilidade de num lançamento sair o número 3 e ser ímpar. Os eventos são,
portanto: A → de sair o número 3; B → de ser ímpar.
Ou seja, P (A) = {3} = 1/3
P (B) = {1, 3, 5} = 3/6 = 1/2
Dada a informação da ocorrência de um evento B, teremos a redução do espaço amostral ao
avaliar a ocorrência do evento A; no exemplo o espaço S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} foi reduzido para S* =
{1, 3, 5}, e é nesse espaço reduzido que se avalia a probabilidade do evento A dado a ocorrência de
B. Ou seja, P (A/B) = 1/3. Em outras palavras, pode-se dizer que P (A/B) significa dizer a
probabilidade de ocorrer o evento A dentro do espaço amostral de B. Ou ainda, P (A/B) significa
dizer a probabilidade de ocorrer o evento A dentro do espaço amostral de B.

Utilizando uma fórmula, temos que:


3 1 1
P (A ∩ B) = P (B).P (A/B) = . =
6 3 6

8
Outro Ex: Numa urna são misturadas cinco bolas numeradas de 1 a 5. Duas bolas são
retiradas (a, b) sem reposição. Qual a probabilidade de:
a) a + b = 5
P (1 e 4) ou P (2 e 3) ou P (3 e 2) ou P (4 e 1) =
P (1) . P (4) + P (2) . P( 3) + P (3) . P(2) + P (4) . P (1) =
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
. + . + . + . = 4. . = 1 / 5
5 4 5 4 5 4 5 4 5 4

b) ambas as bolas serem pares


1 1 1 1 1 1
P (2 e 4) ou P (4 e 2) = P (2). P (4) + P (4) . P (2) = . + . = 2. . = 1/ 10
5 4 5 4 5 4

Outro Ex: Retiram-se, sem reposição, duas peças de um lote de 10 peças, onde 4 são boas.
Qual a probabilidade de que ambas sejam defeituosas?
Sejam os eventos A = {a 1ª peça ser defeituosa}
B = {a 2ª peça ser defeituosa}
P(A I B) = P(B) × P(A/B) = 6/10 × 5/9=1/3 0,333 ou 33,3%

4.2.2.1. Teorema da Probabilidade total:


Se os eventos B1, B2, ..., Bn são eventos mutuamente exclusivos e exaustivos e constituem
uma partição de um espaço amostral S. Então, para um evento arbitrário A,
n
P (A) = ∑ P (A/Bi ).P (B)
i =1

É claro, que podemos escrever A como sendo a união dos eventos mutuamente exclusivos, isto é:
A = ( A ∩ B1 ) ∪ ( A ∩ B2 ) ∪ ... ∪ ( A ∩ Bn )

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Logo, P( A) = ( A ∩ B1 ) + ( A ∩ B2 ) + ... + ( A ∩ Bn )

O teorema da probabilidade total deve atender as seguintes condições:


(i) se B1, B2, ..., Bn é um conjunto de eventos mutuamente exclusivos e exaustivos, quaisquer dois
eventos Bi e Bj não podem ocorrer ao mesmo tempo e um deles deve ocorrer. Ou seja, Bi ∩ B j = ∅,

com i ≠ j.
(ii) B1 ∪ B2 ∪ ... ∪ Bn = S

(iii) P (Bi) > 0

Exemplo:
Um pesquisador desenvolve sementes de quatro tipos de plantas: P1, P2, P3 e P4. Plantados
canteiros-pilotos destas sementes, a probabilidade de todas as sementes P1 germinarem é de 40%,
30% para P2, 25% para P3 e 50% para P4. Escolhido um canteiro ao acaso, qual a probabilidade
que todas as sementes tenham germinado?

Sabendo-se que:
P (G/P1) = 0,40; P (G/P2) = 0,30;
P (G/P3) = 0,25 e P (G/P4) = 0,50
S = {P1, P2, P3, P4} = P (1) = P (2) = P (3) = P (4) = 1/4

Então, utilizando-se o teorema da probabilidade total, tem-se:

n
P ( A) = ∑ P ( A / Bi ).P ( Bi )
i =1

P ( A) = 0,40.0,25 + 0,30.0,25 + 0,25.0,25 + 0,50.0,25


P ( A) = 0,362 ou 36,2%

Logo, escolhido um canteiro ao acaso, a probabilidade de que todas as sementes tenham


germinado é 36,2%.

4.2.2.2. Teorema de Bayes


Com base na definição de probabilidade condicional pode-se estabelecer um resultado
bastante útil, conhecido como Teorema de Bayes ou também denominado fórmula da probabilidade
das “causas” ou dos “antecedentes”.

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Este teorema é baseado na partição de um espaço amostral S, num evento associado a esta
partição e na probabilidade de qualquer evento Bi ocorrer dado que o evento A já tenha ocorrido. Ou
seja, a expressão do teorema de Bayes dá a probabilidade de um particular Bi (causa), dado que o
evento A tenha ocorrido.
Sejam A e B dois eventos arbitrários com P (A) > 0 e P (B) > 0. Então,
P( A / B).P( B)
P( A / B) =
P ( A)
Combinando este resultado com o teorema da probabilidade total, temos como conseqüência:
P ( A / B j ).P( B j )
P( B j / A) = n

∑ P( A / B ).P( B )
i =1
i j

Para qualquer j onde os Bi representam um conjunto de eventos mutuamente exclusivos e


exaustivos.
A utilidade deste teorema consiste em permitir-nos calcular a probabilidade “a posteriori”
P (B/A) em termos das informações “a priori” P (B) e P (A).

Bayes e o raciocínio bayesiano:

Thomas Bayes foi um reverendo presbiteriano que viveu no início do século XVIII na
Inglaterra. Em 1731 apareceu na Inglaterra um livro anônimo – hoje creditado a Bayes – chamado
Benevolência divina. Em 1736, publicou seu primeiro e único livro de matemática, chamado The
doctrine of fluxions. O nome fluxion foi dado pelo matemático e físico Isaac Newton para a
derivativa de uma função contínua (que Newton chamava de fluent).

O RACIOCÍNIO BAYESIANO:
O raciocínio bayesiano pode ser explicado com um exemplo médico, relacionado com a
chance de uma mulher ter câncer de mama, usando dados de um artigo do norte-americano Eliezer
Yudkowsky, pesquisador da inteligência artificial. Recomenda-se que, a partir dos 40 anos, as

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mulheres façam mamografias anuais. Nessa idade, 1% das mulheres é portadora de um tumor
assintomático de mama. Sabe-se que a mamografia apresenta resultado positivo em 80% das
mulheres com câncer de mama, mas esse mesmo resultado ocorre também com 9,6% das mulheres
sem o câncer. Imagine agora que você chega em casa e encontra sua tia aos prantos, desesperada,
porque fez uma mamografia de rotina e o resultado foi positivo! Qual a probabilidade de ela ter um
câncer de mama?
Vamos montar o problema de uma maneira bayesiana. Em primeiro lugar, sua tia tem o
câncer de mama (CA) ou não (não-CA). Essas alternativas, mutuamente excludentes, podem ser
colocadas em uma tabela, como abaixo. Podemos iniciar o raciocínio pela probabilidade de cada
alternativa ‘antes de fazer qualquer teste’. É a chamada probabilidade a priori – ter câncer ou
não ter. Como em média 1% das mulheres de 40 anos tem um tumor de mama, a probabilidade a
priori de sua tia ter um câncer é de 1% (0,01) e de não ter é de 99% (0,99).

Agora vamos incorporar o resultado da mamografia. Se o câncer de mama está presente, a


probabilidade condicional de a mamografia ser positiva é 0,80 (80%), e se não está presente é de
0,096 (9,6%).

Observe que a soma das probabilidades a priori é 1, mas isso não acontece com as
probabilidades conjuntas.

Para fazer com que a soma das probabilidades conjuntas seja igual a 1, é preciso usar uma
normalização, dividindo cada probabilidade conjunta pela soma das duas. Chegamos assim à
chamada probabilidade a posteriori.

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Portanto, o raciocínio bayesiano nos levou de modo muito simples a concluir que a
probabilidade a posteriori (ou seja, após o teste) de sua tia não ter um câncer de mama é de 0,54
(54%) e você pode tranqüilizá-la de que a situação não é inevitável.

Exemplo:
Um pesquisador desenvolve sementes de quatro tipos de plantas: P1, P2, P3 e P4. Plantados
canteiros-pilotos destas sementes, a probabilidade de todas as sementes P1 germinarem é de 40%,
30% para P2, 25% para P3 e 50% para P4. Escolhido um canteiro ao acaso, verificou-se que todas
as sementes haviam germinado, qual a probabilidade que sejam P4?

Sabendo-se que:
P (G/P1) = 0,40; P (G/P2) = 0,30;
P (G/P3) = 0,25 e P (G/P4) = 0,50
S = {P1, P2, P3, P4} = P (1) = … = P (4) = 0,25

Então, utilizando-se o teorema da probabilidade total, tem-se:

P ( A / Bi ).P ( Bi )
P( A) = n
=
∑ P( A / B ).P( B )
i =1
i i

P(G / P 4).P ( P 4)
P( A) =
P (G / P1).P( P1) + ... + P(G / P 4).P( P 4)
0,50.0,25
P( A) = = 0,35 ou 35%
0,40.0,25 + ... + 0,50.0,25

Logo, escolhido um canteiro ao acaso, em que todas as sementes tenham germinado, a


probabilidade que sejam P4 é 29%.

Outros teoremas:
4.3. Se φ é um conjunto vazio, então P (φ) = 0.
A=A∪∅
P (A) = P (A ∪ ∅)
Se A e ∅ são mutuamente exclusivos.
Logo, P (A) = P (A) + P(∅)
P (∅) = P (A) – P (A)
P (∅) = 0
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4.4. P (A ∩ ∅) = P (∅) = 0
P(A) . P (∅) = P (A) . 0 = 0

4.5. P (A ∩ S) = P (A)
P (A) . P (S) = P (A) . 1 = P (A)
4.6. P (A ∪ ∅) = P (A)

P (A) + P (∅
∅) = P (A)

4.7. P (A ∪ S) = P (S)
P (A) + P (S) = 1 = P (S)

4.8. P ( φ ) = P (S) = 1

4.9. P ( S ) = P (∅) = 0

4.10. Se A é o complementar de A, então P (A) = 1 – P ( A ).


A e A são eventos mutuamente exclusivos (A ∩ A = ∅) e complementares (A ∪ A = 1)
P (A ∩ A ) = P (∅)
P (A ∪ A ) = P (S)
P (A) + P( A ) = 1
P ( A ) = 1 = P (A)
O mesmo raciocínio vale para B, ou seja: P ( B ) = 1 = P (B)

4.11. P [ ( A ∪ B )] = 1 − P( A ∩ B)

4.12. P [ ( A ∩ B )] = 1 − P( A ∪ B)

4.13. Se A e B são dois eventos quaisquer e B é o complementar de B, então:


P (A ∩ B ) = P (A) – P (A ∩B)
P ( A ∩ A) = P (B) – P (A ∩B)
4.14. Se A ⊂ B (lê-se se A está contido em B), então P (A) ≤ P (B)

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5. LITERATURA CONSULTADA
ARA, A. B.; MUSETTI, A. V.; SHNEIDERMAN, B. Introdução à estatística. São Paulo: Egard
Blucher: Instituto Mauá de Tecnologia, 2003.152p.
CARVALHO, S. Estatística básica. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2006. 464p.
FERREIRA, D. F. Estatística básica. Lavras: UFLA, 2005. 664p.
TRIOLA, M. F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC, 2005. 656p.

Este conteúdo é resultado de pesquisas em vários livros e apostilas de estatística básica e aplicada,, portanto, ainda
deve ser revisado. Qualquer erro de digitação (ou outro qualquer), sugestões, críticas, etc., por favor, me comuniquem.
Obrigada.

Profa. Gisele

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Campus Universitário “Profa. Cinobelina Elvas” – Bom Jesus, PI
Lista de exercícios: Probabilidade

1. Dê o espaço amostral de cada um dos seguintes experimentos:


a) Lançamento simultâneo de duas moedas.
b) Lançamento de dois dados, um após o outro.
c) Lançamento simultâneo de três moedas.
d) Distribuição de sexo de uma ninhada de três filhotes de coelhos.

2. Considere uma ninhada de três filhotes de coelho. Ache a probabilidade de obter:


a) Três fêmeas
b) Duas fêmeas e um macho
c) Uma fêmea somente
d) Pelo menos um macho
e) Nenhuma fêmea

3. A freqüência esperada de pessoas RH+ em uma população é estimada em 90%. Qual a freqüência
esperada, nessa população, de casais:
a) RH+ x RH+ →
b) RH- x RH- →
c) RH+ x RH- →
d) marido RH+ x mulher RH- →
e) marido RH- x mulher RH+ →

4. Uma mostra é retirada de um rebanho bovino e enumerada de 1, 2, 3,...,30, dentre esta amostra
um número é escolhido ao acaso. Qual é a probabilidade de o número escolhido ser:
a) Divisível por 5 ou 8?
b) Divisível por 6 ou 8?

5. Considerando o espaço amostral de um experimento constituído do lançamento de dois dados


perfeitamente simétricos, pede-se:
a) Qual a probabilidade de que o primeiro dado mostre a face 2 e o segundo a face 3?
b) Qual a probabilidade de que ambos os dados mostrem a mesma face?
c) Qual a probabilidade de que o segundo dado mostre um número par?

6. Uma moeda perfeita é lançada 3 vezes e observado o número de caras. Qual a probabilidade de
ocorrer?
a) Pelo menos uma cara?
b) Só uma cara ou só uma coroa?
c) Exatamente uma cara?

7. Das 10 alunas de uma classe, 3 têm olhos azuis. Se duas são escolhidas aleatoriamente, qual a
probabilidade de:
a) Ambas terem olhos azuis?
b) Nenhuma ter olhos azuis?
c) Pelo menos uma ter olhos azuis?

8. Em um certo colégio, 25% dos estudantes foram reprovados em matemática, 15%$ em química e
10% em matemática e química ao mesmo tempo. Um estudante é selecionado aleatoriamente. Pede-
se:
a) Se ele foi reprovado em química, qual a probabilidade de ele ter sido reprovado em matemática?

16
b) Se ele foi reprovado em matemática, qual a probabilidade de ele ter sido reprovado em química?
c) Qual a probabilidade de ter sido reprovado em matemática ou química?

9. Um dado é viciado de tal forma que a probabilidade de sair um certo número é proporcional aos
eu valor. Pede-se:
a) Qual a probabilidade de sair o 3, sabendo-se que saiu é ímpar?
b) Qual a probabilidade de sair um número par, sabendo-se que saiu um número maior que 3?

10. Um grupo de 15 mudas de bananeira contaminadas e não-contaminadas com determinada praga,


apresenta a seguinte composição:
Pacovan Nanica
Contaminada 5 3
Não contaminada 5 2

Uma muda é escolhida ao acaso. Pergunta-se:


a) Qual a probabilidade de ser Pacovan?
b) Qual a probabilidade de ser não contaminada?
c) Qual a probabilidade de ser contaminada dado que é nanica?
d) Qual a probabilidade de ser não contaminada dado que é Pacovan?

Duas mudas são escolhidas ao acaso. Pergunta-se:


a) Qual a probabilidade de ambas serem Pacovan, se a escolha é feita com reposição?
b) Mesmo problema anterior sem reposição?

11. Num exame de múltipla escolha há três alternativas para cada questão e apenas uma delas é
correta. Portanto, para cada questão, um aluno tem probabilidade 1/3 de escolher a resposta
correta se ele está assinalando aleatoriamente e 1 se sabe a resposta. Um estudante sabe 30% das
respostas do exame. Se ele assinalou corretamente uma das questões, qual é a probabilidade de
que ele tenha assinalado ao acaso?

12. Uma urna contém 5 bolas vermelhas e 3 brancas. Uma bola é selecionada, aleatoriamente, dessa
urna e não é reposta. Em seguida, duas bolas de cor diferente da bola extraída anteriormente
(branca ou vermelha) são colocadas na urna. Se uma segunda bola é extraída aleatoriamente,
qual a probabilidade de:
a) A segunda bola ser vermelha?
b) A segunda bola ser da mesma cor da primeira?

13. A probabilidade de uma mulher estar viva daqui a 30 anos é 3/4 e de seu marido 3/5. Calcular a
probabilidade de:
a) Apenas o homem estar vivo;
b) Somente a mulher estar viva;
c) Pelo menos um estar vivo;
d) Ambos estarem vivos.

14. A probabilidade de um indivíduo da classe A comprar um carro é 3/4, da B é 1/6 e da C é 1/20.


A probabilidade do indivíduo de classe A comprar um carro da marca D é 1/10; de B comprar
um carro da marca D é 3/5 e de C é 3/10. Em certa loja comprou-se um carro da marca D. Qual
a probabilidade de que o indivíduo da classe B o tenha comprado?

15. Em certo colégio, 5% dos homens e 2% das mulheres têm mais do que 1,80m de altura. Por
outro lado, 60% dos estudantes são homens. Se um estudante é selecionado aleatoriamente e
tem mais de 1,8m de altura, qual a probabilidade de que o estudante seja mulher?

17
16. Três máquinas, A, B e C produzem respectivamente 40%, 50% e 10% do total de peças de uma
fábrica. As porcentagens de peças defeituosas nas respectivas máquinas são 3%, 5% e 2%. Uma
peça é sorteada ao acaso e verifica-se que é defeituosa. Qual a probabilidade de que a peça tenha
vindo da máquina B?

17. Apenas uma em cada dez pessoas de uma população tem tuberculose. Das pessoas que têm
tuberculose 80% reagem positivamente ao teste Y, enquanto apenas 30% dos que não têm
tuberculose reagem positivamente. Uma pessoa da população é selecionada ao acaso e o teste Y
é aplicado. Qual a probabilidade de que essa pessoa tenha tuberculose, se reagiu positivamente
ao teste?

18. Suponha que 75% das pessoas tenham olhos castanhos, 20% tenham olhos azuis e 5% tenham
olhos verdes. Suponha ainda que 70% das pessoas com olhos castanhos, 20% das pessoas com
olhos verdes e 5% das pessoas com olhos azuis tenham cabelos castanhos. Qual é a
probabilidade de uma pessoa de cabelos castanhos, escolhido ao acaso, ter olhos verdes?

19. Numa cidade 40% da população possui cabelos castanhos, 25% olhos castanhos e 15% olhos
castanhos e cabelos castanhos. Uma pessoa é selecionada aleatoriamente.
a) Se ela tiver olhos castanhos, qual a probabilidade de também ter cabelos castanhos?
b) Se ela tiver cabelos castanhos, qual a probabilidade de ter olhos castanhos?

20. Temos duas caixas: na primeira há 3 bolas brancas e 7 pretas, e na segunda há 1 branca e 5
pretas. De uma caixa escolhida aleatoriamente, selecionou-se uma bola e verificou-se que é
preta. Qual a probabilidade de que tenha saído da primeira caixa?

21. Em torno de 30% dos gêmeos humanos são idênticos e o restante são fraternos. Gêmeos
idênticos têm necessariamente o mesmo sexo - metade são homens e metade são mulheres.
Um quarto dos gêmeos fraternos são ambos homens, um quarto são ambas mulheres e metade
são mistos: um homem e uma mulher. Você acaba de ser comunicado de que terá gêmeos e
que ambas são meninas. Com esta informação, qual é a probabilidade de que elas sejam
gêmeas idênticas?

Respostas:
2.
a) 1/8 b) 3/8 c) 3/8 d) 7/8 e) 1/8

3.
a) 81% b)1% c)9% d) 50% e)50%

4.
a) 9/30 b)8/30

5.
a) 1/6 b) 1/6 c) 3/6

6).
a) 7/8 b) 6/8 c) 3/8

7.
a) 1/15 b) 7/15 c) 8/15

18
8.
a) 67% b) 40% c) 30%

9.
a) 3/9 b) 10/15

10.
a) 10/15 b) 7/15 c) 3/5 d) 5/10
a) 100/225 b) 90/210

11.
a) 43,75%

12.
a) 41/72 b)13/36

13.
a) 15% b) 30% c)90% d) 45%

14.
0,53 ou 53%

15.
0,21 ou 21%

16.
0,64 ou 64%

17.
0,23 ou 23%

18.
0,018 ou 1,8%

19.
a) 0,6 ou 60% b) 0,375 ou 37,5%

20.
0,46 ou 46%

21.
0,4615 ou 46,15%

19

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