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O Fator Ético 1

Hidemberg Alves da Frota

O Fator Ético1

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Hidemberg Alves da Frota

Se legislação penal severa e sistema penitenciário populoso fossem


sinônimos de paz social, o Brasil e os Estados Unidos seriam a Suécia.

Condicionada à transferência de responsabilidade, a sociedade


brasileira, de tempos em tempos, pressiona o Poder Legislativo por leis penais
mais duras, como se o sistema penitenciário fosse espécie de buraco negro, no
qual os apenados se isolam, por completo, do universo social, para nunca mais
a ele retornarem.

Em verdade, muitas vezes, organizações criminosas se agasalham no


relativo porto-seguro do cárcere, bunker de onde melhor podem intervir no seio
da coletividade.

Os elevados índices de violência, criminalidade e corrupção espelham a


sombra da sociedade, que ela tenta combater de forma paliativa, por meio de
excessivos diplomas legislativos e muito protesto.

O fundo de pano da distopia em que vivemos tem a ver com a


reconhecida e histórica necessidade de maior distribuição de renda,
desenvolvimento socioeconômico autossustentável e democratização do
acesso ao conhecimento em escala planetária.

1
Versão original do artigo publicada na revista Universo Espírita (caderno Conceitos), São
Paulo, v. 4, n. 41, p. 42, e, com modificações, em Reformador: revista de espiritismo cristão,
Brasília, DF, v. 124, nº 2.157, p. 33.
O Fator Ético 2
Hidemberg Alves da Frota

Ocorre que o cerne das mazelas sociais radica no fator ético. Há


gerações ressaltam os grandes líderes espirituais da humanidade: a sociedade
só será reformada quando o ser humano conhecer e reformar a si mesmo.

É sempre possível alterar e burilar normas jurídicas e políticas públicas.

No entanto, o ponto nevrálgico passa despercebido do discurso de


“formadores de opinião”: a urgência e a relevância de o indivíduo priorizar sua
evolução. Compreender a fundo suas virtudes, deficiências e excessos.
Sobrepujar, com eficácia, os aspectos negativos de sua personalidade.
Dedicar-se à realização íntima, pelo despertar em si de valores, hábitos e
vocações dignificantes, fruto da perseverança, na atuação na esfera pública e
privada, em diminuir o abismo entre a prédica e a prática dos ensinamentos da
Ética universal.

Criticar o criticável, porém indignar-se mais consigo próprio.

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