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de
elaboração de relatórios
e
tratamento de resultados experimentais
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Grandezas fı́sicas e sua medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Erros ou incertezas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Classificação dos erros de medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.4 O Sistema Internacional de Unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.5 Dimensões das grandezas fı́sicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.6 A notação cientı́fica dos números . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 5
2.1 Aparelhos de medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Resolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Calibração dos instrumentos de medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Tratamento de resultados e realização de experiências . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.5 Erros sistemáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3 RESULTADOS 9
3.1 Registo de resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2 Grandezas de medição directa e indirecta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.3 Algarismos significativos e arredondamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4 CÁLCULOS 12
4.1 Resolução e desvio padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.2 Distribuição de medidas e valor médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.3 Variância e desvio padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.4 O histograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4.5 Desvio padrão da média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4.6 Incerteza padrão combinada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.7 Rejeição de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.8 Lei de propagação das incertezas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.9 Um exemplo de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.10 Gráficos. Aplicações e regras de construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.11 Determinação dos parâmetros de uma recta pelo método gráfico . . . . . . . . . . 21
4.12 Método dos mı́nimos desvios quadrados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.12.1 Regressão linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
i
4.12.2 Aplicação da regressão linear ao termómetro de gás a volume constante . 25
5 DISCUSSÃO 27
5.1 Apresentação do resultado final de uma experiência . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.2 Verificação experimental de uma lei fı́sica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.3 Comparação de valores medidos com valores previstos . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.4 Comparação de duas medições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
6 BIBLIOGRAFIA 29
B Constantes 33
C A distribuição Gaussiana 34
ii
Procedimentos para a elaboração de um relatório
FÍSICA EXPERIMENTAL I
Engenharia Fı́sica
Dinâmica na calha de ar
2002/20/02
João Carlos Paiva
Maria Alexandra Urbano
(Turma P2, Grupo A)
iii
b) PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL - Indicar os aparelhos e suas caracterı́sticas
principais, quando relevante. Descrever o processo experimental realmente utilizado. Incluir
diagramas do arranjo experimental.
c) RESULTADOS - Apresentar claramente todos os resultados experimentais, bem como
a resolução com que foram medidos, sob a forma que for mais conveniente.
d) CÁLCULOS - Efectuar e apresentar todos os cálculos necessários à obtenção dos resul-
tados pretendidos e respectivas incertezas. Apresentar os gráficos dos resultados experimentais
que tenham sido elaborados como suporte à visualização e/ou ao tratamento dos resultados.
e) DISCUSSÃO - Resumir e comentar o trabalho experimental realizado e os resultados
obtidos, comparando-os com os valores previstos. Analisar o cumprimento do objectivo proposto
para o trabalho. Enumerar as principais causas de erro experimental e possı́veis métodos de os
evitar ou minorar. Fazer uma análise crı́tica do conjunto do trabalho.
f) BIBLIOGRAFIA - Listar os livros, tabelas, manuais, etc., que serviram de base para
a elaboração do relatório.
6 - No final, assinar o relatório.
7 - Anexar ao relatório a folha usada para o registo dos valores experimentais (que deverá
ter sido rubricada pelo docente no final da aula).
8 - Agrafar todas as folhas do relatório.
iv
1 INTRODUÇÃO
RELATÓRIO:
e=x−V (1)
Este erro não está relacionado com o facto de haver algum engano na medição mas revela
que existe uma diferença, que não se conhece nem se consegue eliminar, entre o valor medido e
o valor verdadeiro. Como não é possı́vel conhecer V , também não é possı́vel saber exactamente
qual o valor de e; pode, no entanto, ultrapassar-se esta dificuldade estimando um valor para o
erro, a que se chama incerteza da medição.
A indicação do resultado de uma medição só está completa quando forem indicados o
valor medido e a incerteza associada a essa medição. Uma medição traduz-se portanto não em
um, mas sim em dois valores: o valor medido e a respectiva incerteza.
A estimativa do erro é muito importante: não nos podemos esquecer que os valores
medidos por nós se tornam, assim que os divulgamos, parte da comunidade. Deste modo, a sua
utilização depende da forma como os apresentamos. Estes resultados poderão ser utilizados,
por exemplo, por engenheiros que pretendem projectar uma máquina, ou por cientistas que
pretendem comprovar novas teorias e estão interessados em saber até que ponto a teoria é
consistente com os valores experimentais.
1
1.3 Classificação dos erros de medição
Os erros associados a uma medição podem ser classificados, consoante a sua natureza,
em: aleatórios e sistemáticos.
Os erros aleatórios são aqueles que estão associados à dispersão das medidas em torno
do valor verdadeiro da grandeza. De origem por vezes difı́cil de explicar, são o acumular de um
grande número de pequenos efeitos. Traduzem-se, na prática, pela obtenção de diferentes valores
quando se efectuam várias medições de uma mesma grandeza. Por exemplo, ao medir o perı́odo
de oscilação de um corpo suspenso de uma mola com um cronómetro, os erros associados ao
inı́cio e fim da contagem do tempo, a pequenas irregularidades no movimento oscilatório, podem
ser considerados erros aleatórios. Estes erros podem ser compensados medindo o perı́odo um
grande número de vezes, por forma a que, ao calcular a média de todas as medições, os erros
surgidos num sentido sejam compensados por outros surgidos no sentido oposto.
Valor verdadeiro
Valor verdadeiro
2
1.4 O Sistema Internacional de Unidades
Unidade de base
Grandeza de base
Nome Sı́mbolo Dimensão
Comprimento metro m L
Massa quilograma kg M
Tempo segundo s T
Intensidade de corrente eléctrica ampere A I
Temperatura termodinâmica kelvin K Θ
Quantidade de matéria mole mol N
Intensidade luminosa candela cd J
Qualquer grandeza, G, pode ser expressa como função das grandezas de base com as
quais se relaciona. A dimensão de uma grandeza é uma expressão que representa essa grandeza
como um produto de potências de factores que representam as grandezas de base. Assim, em
geral, a dimensão de G é expressa pelo produto de dimensões:
Os expoentes da eq. (2) são chamados expoentes dimensionais. Por exemplo, a dimensão
de trabalho é: dim W = L2 M T−2 .
Chama-se grandeza adimensional a uma grandeza em que todos os expoentes dimensio-
nais são iguais a zero; por exemplo, os ângulos plano e sólido, o ı́ndice de refracção, o coeficiente
3
de atrito, etc.
De uma forma geral, uma grandeza exprime-se como
G = {G}[G]
onde {G} representa o valor numérico da grandeza expressa na unidade [G]. Ou seja, pode dizer-
se que o valor de uma grandeza fı́sica é igual ao produto de um valor numérico pela unidade
correspondente:
grandeza fı́sica = valor numérico × unidade
Muitas das quantidades com que se lida experimentalmente não têm a mesma ordem de
grandeza das suas unidades SI. Por exemplo, a constante gravitacional, G, é igual a
0,000 000 000 066 73 N·m2 ·kg−2 . Surge, então, a necessidade de expressar os números de uma
forma mais compacta e legı́vel: eles apresentam-se, de um modo geral, com uma vı́rgula após o 1o
algarismo significativo, sendo a ordem de grandeza dada por uma potência de 10 multiplicativa.
Assim sendo, a constante gravitacional escreve-se:
4
2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
RELATÓRIO:
2.2 Resolução
5
Num instrumento analógico, a resolução pode corresponder a uma estimativa dado que
depende não só das condições em que é efectuada a medição como da sensibilidade do próprio
observador. Em geral, toma-se como resolução do instrumento a menor divisão da escala em
que a leitura é efectuada. Esta escala tanto pode ser a escala própria do aparelho como uma
escala com divisões menores que é visualmente sobreposta à do aparelho. Contudo, ao estimar
para a resolução do aparelho analógico um valor inferior à menor divisão da escala marcada deve
usar-se o bom senso e ter-se em atenção que se deve garantir que a indicação dada pelo aparelho
esteja contida no intervalo de valores experimentais dado por
No exemplo da figura 4 um multı́metro analógico é usado para medir uma tensão contı́nua.
A gama de indicação usada é a de 0 a 3 volt, pelo que o valor da tensão lido no mostrador do
multı́metro é igual a 1,5 V. Quanto à resolução com que o valor é lido, se adoptassemos o valor da
menor divisão da escala usada, então a resolução seria igual a 0,1 V. Deste modo, o intervalo de
valores experimentais seria de 1,45 a 1,55 V. O comprimento deste intervalo é manifestamente
excessivo, pelo que, neste caso, podemos adoptar como valor da resolução metade da menor
divisão da escala de leitura, ou seja, 0,05 V.
6
fabricante o erro máximo cometido na medição do valor da grandeza é
Dado que não existem instrumentos perfeitos, existirão sempre erros sistemáticos. Deve-
mos, no entanto, tentar reduzi-los ao mı́nimo tendo em atenção as possı́veis origens destes erros
e actuando em consonância. Os erros sistemáticos devem-se, normalmente, a:
i) funcionamento deficiente dos instrumentos de medição, devidos à (falta de) qualidade
dos componentes e a uma calibração deficiente ou fora de validade;
ii) utilização incorrecta dos instrumentos de medida;
iii) influência dos parâmetros ambientais no funcionamento do instrumento;
iv) observação incorrecta.
Para tentar reduzir ao mı́nimo os erros sistemáticos devidos a estas causas, é necessário:
i) utilizar aparelhos cuja classe de exactidão seja adequada ao objectivo da experiência,
acompanhada de calibrações cuidadosas e periódicas;
ii) conhecer detalhadamente as caracterı́sticas dos aparelhos usados e a forma correcta
de os utilizar nas condições de realização da experiência;
iii) observar as condições ambientais de utilização dos aparelhos, que, particularmente no
caso dos de maior sensibilidade, estabelecem limites aos intervalos de temperatura, humidade
relativa e pressão atmosférica em que devem ser usados;
iv) efectuar as leituras com atenção, particularmente no caso dos aparelhos analógicos,
evitando cometer erros de paralaxe. Deve ter-se sempre em conta que factores como o cansaço,
a pressa e a desatenção levam frequentemente o observador a cometer erros na leitura das
indicações dos instrumentos.
A experiência acumulada por um experimentalista é um outro factor extremamente útil:
ele consegue mais facilmente detectar e corrigir os erros sistemáticos. Contudo, um aparente
7
erro sistemático pode ser devido a um fenómeno previamente desconhecido. O estudo deste novo
efeito pode levar a novas descobertas e a um aumento da compreensão da natureza.
Apesar de, tal como o valor verdadeiro de uma grandeza, o erro sistemático e as suas
causas não poderem ser conhecidos por completo, há situações em que uma componente do
erro sistemático é bem conhecida. Pode, inclusivamente, ser intencional, por tal facilitar a
realização da experiência. Nestes casos, o resultado bruto da medição (que é o valor de uma
grandeza fornecido por um instrumento de medição) deve ser corrigido: a correcção efectua-se
acrescentando algebricamente ao resultado bruto da medição um valor igual e de sinal contrário
ao erro sistemático estimado. Ao valor obtido chama-se resultado corrigido.
8
3 RESULTADOS
RELATÓRIO:
Durante a realização de uma experiência o registo das medições efectuadas deve ser tão
claro e rigoroso quanto possı́vel.
Todas as medições devem ser registadas imediata e directamente, sem excepção. Não se
deve ler o valor no aparelho para depois fazer uma conta trivial antes de registar no papel, pois
passado algum tempo qualquer engano já não poderá ser corrigido. Após efectuado o registo,
deve confirmar-se que a anotação coincide com o valor lido no aparelho.
Não se deve passar a limpo a folha onde foram anotados os dados; é uma perda de tempo,
poderá copiar-se mal e não se poderá evitar a tentação de ser selectivo naquilo que se copia,
não se podendo mudar de opinião mais tarde acerca daquela medição que talvez até fosse útil
na obtenção dos resultados pretendidos.
Sempre que se puder, devem utilizar-se tabelas para registar os resultados. Torna-se
mais fácil apontar, organizar e consultar o trabalho. A tabela deve ser vertical pois é mais
fácil comparar e ler dados nessa direcção do que na horizontal. As entradas devem ter sı́mbolos
indicativos da grandeza tabelada e as unidades em que estão expressas. Uma das entradas
deverá ser a numeração dos ensaios efectuados. Deve anotar-se sempre a resolução com que foi
efectuada a leitura das grandezas. Todo o registo de dados deve ser datado.
Devem elaborar-se diagramas dos arranjos experimentais sempre que se achar que eles
ajudam a fixar e a compreender o que se está a fazer. Mais tarde, quando se olha para o
diagrama, tem-se uma ideia mais concreta do que se fez durante a experiência. Os diagramas
não precisam incluir tudo, apenas os aspectos essenciais.
9
A generalidade das grandezas fı́sicas não pode ser medida directamente numa experiência.
De facto, é com base noutras grandezas de medição directa que é possı́vel medir, indirectamente,
as quantidades pretendidas. A estas últimas chamamos medidas indirectas:
- a velocidade e a aceleração, calculadas a partir de um espaço e um tempo;
- a energia potencial gravı́tica, calculada a partir de uma massa e de uma altura;
- a distância focal de uma lente, calculada a partir de duas distâncias;
- a constante elástica de uma mola, calculada a partir de um tempo e uma massa, ou de
um comprimento e de uma massa;
- a capacidade térmica de um corpo, calculada a partir de massas e temperaturas; etc.
Para calcular uma grandeza de medição indirecta e a incerteza a ela associada, deve
primeiro determinar-se o melhor valor (normalmente, o valor médio) e a incerteza de todas as
grandezas de medição directa de que depende aquela que pretendemos determinar.
Frequentemente, é objectivo de um trabalho estudar a variação de uma grandeza em
função de outra(s). A análise gráfica dos resultados obtidos é fundamental, e, através do método
gráfico ou do método dos mı́nimos desvios quadrados, são obtidos os parâmetros da recta ou
curva que melhor representa a relação entre as grandezas estudadas. Os dois métodos referidos
serão estudados nas secções 4.11 e 4.12.
10
Número Algarismos significativos
0,012 34 4
1234,0 5
1,234 ×102 4
55 2
ser arredondado de forma a que o último dı́gito seja da mesma ordem de grandeza (isto é, esteja
na mesma casa decimal) que a incerteza. Por exemplo, a velocidade do corpo (exemplo dado
acima) deve apresentar-se sob a forma
s = (1,349 ± 0,001) m
t = (28,4 ± 0,2) s
m = (3,25 ± 0,05) × 10−3 kg
As regras aqui descritas para a apresentação dos resultados finais também se aplicam aos
cálculos intermédios, mas neste caso deve indicar-se mais um ou dois algarismos do que seria
justificável numa resposta final para evitar a introdução de erros por arredondamentos. Pelo
mesmo motivo, quando se fazem cálculos envolvendo constantes, estas devem ser utilizadas com
mais um ou dois algarismos do que o pretendido no resultado final.
Os arredondamentos devem obedecer às seguintes regras:
- o último algarismo a reter é escolhido de forma a que o erro do arredondamento não
seja superior a meia unidade do último algarismo retido. Por exemplo, temos um número com
4 algarismos e pretendemos reter apenas 2: o número 2,348 é arredondado para 2,3 enquanto
que 2,353 é arredondado para 2,4;
- quando a quantidade desprezada é exactamente meia unidade da última casadecimal a
reter, quer se arredonde por defeito quer por excesso, convencionou escolher-se o último algarismo
de tal forma que este seja par (exemplo: 2,350 é arredondado para 2,4).
O erro cometido ao arredondar o valor de uma grandeza (ou seja, a parte que se despreza
ou se soma ao valor para reter apenas o número de casas decimais desejado) deve ser somado
à incerteza associada à grandeza. No exemplo da velocidade, ao arredondar o valor encontrado
para 4,176 cm·s−1 desprezam-se 0,000136 cm·s−1 que devem ser somados à incerteza, pelo que
resulta para a incerteza o valor 0,00687 cm·s−1 .
No caso do arredondamento de uma incerteza, se as regras acima enunciadas implicarem
um arredondamento por defeito em que se despreze uma parte superior a 5% do valor da incer-
teza, então o arredondamento deve ser feito por excesso. Por exemplo, ao arredondar 0,34 para
0,3 despreza-se uma fracção igual a 12% do valor da incerteza, pelo que o arredondamento deve
ser feito por excesso, ou seja, para 0,4.
11
4 CÁLCULOS
RELATÓRIO:
Ao relatar o resultado da medição de uma grandeza fı́sica, é necessário dar uma indicação
quantitativa da qualidade da medição, ou seja, da incerteza associada ao valor experimental. Só
assim é possı́vel comparar os resultados de determinações independentes da mesma grandeza ou
comparar um valor obtido com um valor tabelado.
No caso de uma grandeza de medição directa, as principais contribuições para a incerteza
são a resolução do instrumento de medida, a dispersão dos valores resultantes de uma série de
medições e a calibração do aparelho de medida. No caso de uma grandeza de medição indirecta,
o método a seguir para a obtenção da incerteza associada à medição depende do próprio método
de cálculo da grandeza. Os métodos mais usuais envolvem a propagação das incertezas (secção
4.8) e a regressão linear (secção 4.12)
A contribuição da resolução do instrumento para a incerteza de medição de uma grandeza
de medição directa calcula-se supondo que o valor da grandeza que se está a medir está contido,
de acordo com uma determinada distribuição de probabilidades, dentro do intervalo
[x − δx/2; x + δx/2]
12
p(x)
2 δx
δx
p(x)
δx
1
δx
x x
x-δx x-sR µ x+s R x+δx x-δx x-sR x x+sR x+δx
2 2 2 2
Após calcular o valor médio das medidas efectuadas, deve estimar-se a incerteza a ele
associada. O desvio de cada uma das medições em relação ao valor médio x é definido por
di = xi − x (6)
13
Note-se que a variância tem as mesmas unidades da grandeza a que diz respeito, mas
elevadas ao quadrado, pelo que um critério mais usado é a raiz quadrada positiva da variância,
chamada desvio padrão experimental:
sP
di2
s= (8)
n−1
Quando as medidas efectuadas estão distribuı́das de acordo com uma distribuição Gaus-
siana, mostra-se que, no limite em que o número de medições tende para infinito, o desvio
padrão da amostragem tende para o parâmetro σ da curva de Gauss. Nesta situação, 68% das
medidas estão contidas no intervalo [x − s; x + s]. Um resultado idêntico a este diz-nos que se
for efectuada uma nova medição da grandeza X usando exactamente o mesmo sistema e pro-
cedimento experimentais, então há 68% de probabilidade de a nova medida estar contida no
intervalo referido.
4.4 O histograma
O histograma é um gráfico de barras que representa o número de vezes que foi obtido um
dado valor ou intervalo de valores. O histograma da figura 6 foi construı́do a partir de 100 valores
obtidos para o tempo que um corpo levou a percorrer uma determinada distância 2 . Os valores
foram medidos com um cronómetro digital de resolução 0,01 s, pelo que a incerteza padrão
devida à resolução do instrumento de medida é sr = 0,0029 s. A construção do histograma deve
obedecer a duas regras:
1) o valor médio do conjunto de valores experimentais representado deve ser o valor
central de uma das classes (intervalos);
2) o comprimento de cada classe deve ser cerca de metade do desvio padrão experimental,
de preferência um valor facilmente divisı́vel por 2.
No exemplo da figura 6, o valor médio das 100 medições é igual a 3,83 s e o desvio padrão
experimental é igual a 0,074 s, pelo que para o comprimento das classes foi escolhido o valor
0,04 s.
Construı́do segundo estas regras, o histograma evidencia que os valores experimentais se
distribuem em torno do valor médio segundo uma distribuição de probabilidades Gaussiana (o
andamento da altura das colunas lembra a forma da distribuição Gaussiana, representada na
figura 16).
2
A situação descrita refere-se à queda da esfera de aço através da glicerina no trabalho prático sobre o atrito
sólido-lı́quido
14
30
Frequência
25
20
15
10
0
3,63 3,71 3,79 3,87 3,95 4,03
Tempo / s
Figura 6: Histograma de 100 valores experimentais cuja média é igual a 3,83 s e cujo
desvio padrão experimental é igual a 0,074 s.
Desta definição resulta que o desvio padrão da média é menor do que o desvio padrão
√
experimental por um factor de n. É este o critério mais vulgarmente adoptado para denotar
a incerteza associada à média de um conjunto de determinações de uma grandeza experimental.
Podemos construir o intervalo [x − sm ; x + sm ] no qual, no limite em que o número n de
medições tende para infinito, há 68% de probabilidade de o valor verdadeiro X estar contido.
Uma forma semelhante de expressar esta propriedade é a seguinte: se for efectuado um novo
conjunto de n medições (em que n → ∞) da grandeza X, usando exactamente o mesmo sistema
experimental, então há 68% de probabilidade do novo valor médio obtido estar contido naquele
intervalo.
15
4.7 Rejeição de dados
No de medições 4 5 6 8 10 15 20 25 30 40 50 100
xsusp − x
1,54 1,65 1,73 1,86 1,96 2,13 2,24 2,33 2,39 2,50 2,58 2,81
s
Vamos supor que estamos interessados em calcular o valor de uma grandeza de medição
indirecta Z que depende de duas outras grandezas independentes X e Y por meio de uma
função conhecida Z(X,Y ). Tendo as grandezas X e Y sido previamente determinadas e obtidos
os valores x e y, com incertezas padrão combinadas uc (x) e uc (y), o valor da grandeza Z obtém-se
16
calculando o valor da função Z(X,Y ) no ponto (x,y):
z = Z(x, y) (12)
A incerteza associada ao valor z, que se representa por uc (z), calcula-se através de:
∂Z 2 ∂Z 2
2 2
(uc (z)) = (uc (x)) + (uc (y))2 (13)
∂X ∂Y
∂Z ∂Z
em que ∂X e ∂Y representam as derivadas parciais de Z em ordem a X e a Y , calculadas
no ponto (x,y). A equação (13) é chamada lei de propagação das incertezas. Ao valor uc (z)
chama-se incerteza padrão combinada da grandeza de medição indirecta Z.
No caso particular de a função Z(X,Y ) ser do tipo
Z = aX b Y c (14)
com a, b e c constantes reais (ou seja, quando a função só envolve produtos e/ou quocientes), a
aplicação da lei de propagação das incertezas à função (14) conduz à expressão seguinte para a
propagação das incertezas de X e Y à grandeza Z:
A equação (15) é mais simples de aplicar do que a lei de propagação das incertezas (eq.
13) mas apenas é válida quando a relação entre as grandezas puder ser expressa por uma equação
do tipo (14).
Como exemplo de aplicação da lei de propagação das incertezas vamos analisar o que se
passa no cálculo do momento de inércia de um anel metálico. O momento de inércia pode ser
calculado através da equação
M
3D12 + D22
I= (16)
8
em que M é a massa do anel, D1 é o diâmetro interno e D2 o diâmetro externo. Suponhamos
que foram obtidos os seguintes valores: M = 1,202 kg, lido numa balança digital de resolução
1 g; D1 = 27,2 × 10−2 m e D2 = 30,4 × 10−2 m, ambos lidos com uma régua (analógica) de
resolução 1 mm. Como estas medidas foram realizadas uma única vez, não há lugar ao cálculo
de médias e a incerteza padrão combinada das grandezas de medição directa (M , D1 e D2 )
reduz-se ao desvio padrão da distribuição de probabilidade associada à resolução do aparelho de
medida (rectangular no caso do aparelho digital e triangular no caso do aparelho analógico).
O momento de inércia resultante tem o valor I = 0,04723 kg·m2 . Como o momento de
inércia depende de três grandezas de medição directa, temos uma equação semelhante à (13)
mas com 3 termos no 2◦ membro. A aplicação da lei de propagação das incertezas à equação
(16) conduz a
∂I 2 ∂I 2 ∂I 2
2 2 2
(uc (I)) = (uc (M )) + (uc (D1 )) + (uc (D2 ))2 (17)
∂M ∂D1 ∂D2
17
Note-se que neste caso não podemos aplicar a forma particular da lei de propagação das
incertezas já que a equação (16) não tem a forma expressa em (14).
Após o cálculo das derivadas parciais, obtemos
2 2 2
2 1 2 2 2 3 2 1
(uc (I)) = (3D1 + D2 ) (uc (M )) + M D1 (uc (D1 )) + M D2 (uc (D2 ))2 (18)
8 4 4
Substituindo em (18) os valores indicados, a incerteza padrão combinada de I toma o
valor uc (I) = 5,47 × 10−5 kg·m2 . Usando a fórmula de propagação de incertezas é possı́vel,
como vimos, determinar a incerteza associada a uma grandeza de medição indirecta com base
numa soma de parcelas que dependem, cada uma delas, da incerteza duma grandeza de medição
directa. Destas grandezas, a que origina a maior parcela é definida como variável crı́tica na
determinação da grandeza indirecta pois é a que lhe comunica uma maior incerteza. No exemplo
apresentado, a incerteza do momento de inércia é, pela expressão (18),
pelo que a variável crı́tica na determinação do momento de inércia é o diâmetro interno do anel
(D1 ) que contribui com a maior parcela para a incerteza final.
18
∆P / Pa·m−1 v / 10−3 m·s−1
0,3
7,8 35
15,6 65 v / m .s-1
23,4 78
31,3 126 0,2
39,0 142
46,9 171
54,7 194
0,1
62,6 226
78,3 245
87,6 258
93,9 271 0,0
101,6 277 0 20 40 60 80 100 120
109,9 284 .
ΔP / Pa m -1
118,0 290
N = N0 exp(−λ × t)
30
d /m
20
Recta teórica
10
Pontos experimentais
0 5 10 15 20
t/s
19
250
ΔT / ˚C
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
ddp / mV
0
10
Decaímento nuclear
N / mol
-1
10
-2
10
-3
10
0 2 4 6 8 10
t / min
No caso de uma relação do tipo y = ln(x) é utilizado o mesmo tipo de papel, trocando-se
os eixos do x e do y em relação ao gráfico anterior.
Quando a relação é do tipo y = AxB , a aplicação do operador logaritmo a ambos os
membros da relação resulta em ln |y| = ln |A| + B ln |x|. Traçando o gráfico em papel loga-
rı́tmico, obtém-se uma recta de inclinação B e ordenada na origem ln |A|. Um exemplo desta
situação é a distância percorrida por um objecto em queda livre partindo do repouso:
1
d = g t2
2
20
3
10
1
10
0
10
0 1
10 10
t/s
0 1 2 3 4 0 2 4 6 8 0 5 10 15 20
É frequente numa experiência pretender determinar-se a forma como varia uma grandeza
em função de outra através da determinação de uma constante de proporcionalidade ou de
21
quaisquer outros parâmetros.
Consideremos o seguinte problema: mediram-se diversos pares de valores (xi ,yi ), corres-
pondentes às grandezas X e Y , respectivamente. Sendo a variação de Y com X linear, pode ser
traduzida pela equação
Y = mX + b
Esta equação representa a recta sobre a qual estariam os pontos medidos se estes não
estivessem afectados de erros. Pretende-se então determinar m e b, de tal forma que a recta
determinada seja aquela que menos se afasta dos pontos medidos.
Suponhamos que suspendı́amos massas numa mola e que mediamos a elongação resul-
tante. Suponhamos também que a incerteza de medição associada ao valor das massas é des-
prezável e que a resolução com que a elongação da mola é medida é igual a 1 mm. A figura 12
mostra um conjunto de valores possı́veis e a representação gráfica desses valores. Desenharam-se
barras de incerteza (pequenos segmentos de recta verticais) em cada ponto experimental para
melhor mostrar qual a incerteza associada aos valores da grandeza representada no eixo vertical.
A recta traçada é aquela que parece melhor representar o conjunto de pontos marcados.
30
Massa / g Elongação / mm
s / mm
δm = 1 g δs = 1 mm
50 3
20
100 6
150 8
200 11
250 14 10
300 17
350 19
400 23 0
450 27 0 100 200 300 400 500
m/g
Para calcular a inclinação da recta tomam-se dois pontos desta, afastados um do outro.
Sejam os pontos (x1 , y1 ) = (85 g, 5 mm) e (x2 , y2 ) = (430 g, 25 mm). A inclinação da recta é
calculada através de:
y2 − y1
m=
x2 − x1
Resulta então o valor m = 0,005 92 m·N−1 . A constante elástica da mola é o inverso
deste valor, ou seja, k = 169 N.m−1 . A ordenada na origem pode ser lida directamente no gráfico
ou em alternativa podem usar-se um dos pontos da recta e o valor calculado para m:
b = y − mx
22
Tomando o ponto (x1 , y1 ) e m = 0,0580 m·N−1 , resulta b = -0,000 07 m.
Podemos também determinar graficamente os intervalos de valores possı́veis de m e de
b. Para tal traçamos as rectas de inclinação máxima e de inclinação mı́nima que ainda sejam
representativas dos valores marcados, isto é, aquelas que passem próximo dos valores que se
afastam mais da melhor recta (ver fig. 13). Seguidamente, calculam-se as inclinações k1 e k2
destas rectas, usando o método descrito. O resultado final para a constante elástica da mola é
dado pelo intervalo [k2 ; k1 ], sendo o valor mais provável k.
Numa situação em que tanto a variável dependente quanto a variável independente este-
jam afectadas de incertezas relativas não negligenciáveis (superiores a cerca de 1%) devem ser
traçadas barras de incerteza (que terão a forma de cruzes) que ilustrem as incertezas associadas
a ambos os conjuntos de valores marcados.
30
k1
s / mm
k2
20
10
0
0 100 200 300 400 500
m/g
23
e a distância, medida na vertical, de yi à recta (ver fig. 14) é
di = yi − (mxi + b) (21)
Se elevarmos ambos os membros desta expressão ao quadrado, ela conterá ainda in-
formação acerca da distância de cada ponto à recta, mas já não importará se a distância é
positiva (ponto acima da recta) ou negativa (ponto abaixo da recta).
A melhor recta é aquela cujos m e b fazem com que o somatório do quadrado das
distâncias,
X X
S= d2i = (yi − mxi − b)2 (22)
seja mı́nimo. Para tal é necessário que as derivadas parciais de S em ordem a m e a b se anulem,
∂S
X
= −2xi (yi − mxi − b) = 0
∂m (23)
∂S =
X
−2 (yi − mxi − b) = 0
∂b
Como m e b são constantes podem passar para fora dos somatórios, obtendo-se então
duas equações a duas incógnitas em m e b,
X X X
m x2i + b xi = xi yi
X X (24)
m xi + b n = yi
onde n é o número de pontos medidos. A última equação mostra que a melhor recta passa por
(x, y). Resolvendo as eqs. (24) obtemos,
P P P
n x i y i − xi yi
m =
P 2P d P P (25)
xi yi − xi xi yi
b=
d
onde se define o denominador comum d através de
X X 2
d=n x2i − xi (26)
y
i di
xi X
24
desvios padrão de m e de b são dados por,
s
n s2y
sm =
d
s P (27)
s2y x2i
sb =
d
em que a quantidade s2y , que representa a variância das medições yi , é dada por
P 2
2 di
sy = (28)
n−2
Para exemplificar a aplicação das fórmulas da regressão linear vamos efectuar o trata-
mento dos resultados de um trabalho sobre o termómetro de gás a volume constante. O objectivo
do trabalho é determinar a temperatura do zero absoluto (tza = -273 ◦ C) e o coeficiente de ex-
pansão do ar (α = 0, 00366◦ C−1 ), suposto comportar-se como um gás ideal. A relação entre a
pressão do gás e a temperatura expressa em graus Celsius é dada por
P = P0 (1 + α t) (29)
25
xi = t/ ◦ C yi = P / mmHg (xi )2 (xi )(yi ) di (di )2
20 756 400 15120 -1,250 1,563
30 785 900 23550 2,214 4,903
40 809 1600 32360 0,679 0,460
50 831 2500 41550 -2,857 8,163
60 862 3600 51720 2,607 6,797
70 882 4900 61740 -2,929 8,577
80 912 6400 72960 1,536 2,358
)2 = (di )2 = 32,82
P P P P P P
xi = 350 yi = 5837 (xi 20300 xi yi = 299000 di = 0,000
d = 19600 ◦ C2 m = 2,554 mmHg·◦ C−1 (sy )2 = 6,564 (mmHg)2 sm = 0,048 mmHg·◦ C−1
b = 706,2 mmHg sb = 2,6 mmHg
26
5 DISCUSSÃO
RELATÓRIO:
27
o valor universalmente aceite para essa grandeza. Vamos, como exemplo do procedimento a
adoptar, tomar para valor aceite da aceleração da gravidade
g = 9,80 m·s−2
Neste caso, o valor previsto (g = 9,80 m.s−2 ) encontra-se dentro do intervalo de valores
experimental (gexp ∈ [9,3 ; 9,9] m·s−2 ), pelo que podemos concluir que a medição efectuada é
satisfatória e que o valor obtido é concordante com o valor esperado.
O significado do intervalo de valores experimental de gexp mostra que o valor de g está
dentro daqueles limites com um certo grau de probabilidade; por isso, mesmo que o valor aceite
caia ligeiramente fora daqueles limites, podemos considerar os dois valores como concordantes.
Se a gama de valores entre os quais se admite encontrar gexp estiver muito desviada do valor aceite
para g, então concluı́mos que os dois valores não concordam e teremos de procurar as razões de
tal discrepância de modo a corrigi-las. Entre as razões para a não coincidência poderão estar
erros de cálculo ou erros sistemáticos.
0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
.
k/Nm -1
28
6 BIBLIOGRAFIA
RELATÓRIO:
Listar os livros, tabelas, manuais, etc., que serviram de base para a elaboração do
relatório.
29
Apêndices
30
Algumas unidades SI derivadas
Grandeza Unidade SI Expressão em função Redução às unidades
Nome Sı́mbolo Nome Sı́mbolo de outras unidades SI de base
Frequência f, ν hertz Hz s−1
Força F~ newton N kg·m·s−2
Pressão p pascal Pa N·m−2 kg·m−1 ·s−2
Energia E, W joule J N·m kg·m2 ·s−2
Potência P watt W J·s−1 kg·m2 ·s−3
Carga eléctrica Q, q coulomb C A·s
Potencial eléctrico V volt V W·A−1 kg·m2 ·A−1 ·s−3
Fluxo magnético φ weber Wb V·s kg·m2. A−1 ·s−2
Indução magnética ~
B tesla T Wb·m−2 kg·A−1 ·s−2
Indutância L henry H Wb·A−1 kg·m2 ·A−2 ·s−2
Capacidade C Farad F kg−1 ·m−2 ·A2 ·s4
Prefixos e sı́mbolos SI
Múltiplos Submúltiplos
Factor Prefixo Sı́mbolo Factor Prefixo Sı́mbolo
1024 yotta Y 10−1 deci d
1021 zetta Z 10−2 centi c
1018 exa E 10−3 mili m
1015 peta P 10−6 micro µ
1012 tera T 10−9 nano n
109 giga G 10−12 pico p
106 mega M 10−15 fento f
103 quilo k 10−18 atto a
102 hecto h 10−21 zepto z
101 deca da 10−24 yocto y
31
Regras de escrita e utilização dos sı́mbolos das unidades SI
32
B Constantes
Valores recomendados pelo CODATA (Committee on Data for Science and Technology)
em 1998.
33
C A distribuição Gaussiana
Trata-se de uma função contı́nua que descreve a probabilidade de, partindo de uma
distribuição cujo valor expectável (ou valor médio) é µ e desvio padrão σ, o resultado de uma
observação ser x. Como a distribuição é contı́nua, devemos definir um intervalo no qual o valor
x esteja contido. A função densidade de probabilidade G(x, µ, σ) é definida de tal modo que a
probabilidade, dPG (x, µ,σ), de o valor de uma observação qualquer estar contida no intervalo
infinitesimal, dx, em torno de x é dada por
A forma desta distribuição é ilustrada na figura 16. É uma curva em forma de sino e
simétrica em torno do valor médio µ. A largura da curva gaussiana é caracterizada pelo desvio
padrão σ ou pela chamada largura a meia altura, Γ. Esta largura é definida como o intervalo
entre os valores de x, centrado em x = µ, para os quais a função G é metade do seu valor
máximo:
1 1
G(x = µ ± Γ, µ, σ) = G(x = µ, µ, σ) ⇒ Γ = 2, 354 σ (32)
2 2
1
! 2#
G (x,µ,!)
!
1 "
2! 2#
4
Karl Friedrich Gauss, astrónomo, matemático e fı́sico alemão (1777-1855).
34
A função G é normalizada, de modo que o seu integral ao longo de todos os valores de x
é igual à unidade, ou seja, a probabilidade de, numa observação, se obter um valor x qualquer,
é igual à unidade: Z +∞
G(x, µ, σ) dx = 1 (33)
−∞
z 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,5 3,0 4,0
AG 31,08 45,15 57,63 68,27 76,99 83,85 89,04 92,81 95,45 98,76 99,73 99,99
100
A
G 90
% 80 Percentagem de Probabilidade
da distribuição Gaussiana
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
z
35
D Glossário de termos metrológicos
Neste apêndice apresenta-se a definição de alguns dos termos metrológicos mais impor-
tantes. As definições são as que constam do Vocabulário Internacional de Metrologia, Instituto
Português de Qualidade, 3a ¯ ed., 2008. O uso de palavras entre parênteses nos nomes significa
que essas palavras podem ser omitidas sempre que não houver confusão. Explicações mais de-
talhadas acerca do significado destes termos podem ser encontradas no presente manual e no
Vocabulário Internacional de Metrologia.
Grandeza
Propriedade de um fenómeno, corpo, ou substância, que se pode exprimir quantitativa-
mente sob a forma de um número e de uma referência
Nota: Uma referência pode ser uma unidade de medida, um procedimento de medição,
um material de referência ou uma combinação deles.
Medição
Processo experimental para obter um ou mais valores razoavelmente atribuı́veis a uma
grandeza
Mensuranda
Grandeza que se pretende medir
Resultado de medição
Conjunto de valores que são atribuı́dos à mensuranda juntamente com qualquer outra
informação relevante
Valor medido
Valor de uma grandeza que representa um resultado de medição
Valor verdadeiro
Valor de uma grandeza consistente com a definição da grandeza
Valor convencional
Valor de uma grandeza atribuı́do por convenção a uma grandeza para um dado fim
Exactidão
Aproximação entre um valor medido e um valor verdadeiro de uma mensuranda.
36
Fidelidade de medição
Aproximação entre indicações ou valores medidos obtidos por medições repetidas no
mesmo objecto ou objectos semelhantes em condições especificadas
Erro de medição
Diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência
Erro sistemático
Componente do erro de medição que em medições repetidas permanece constante ou
varia de uma forma previsı́vel
Erro aleatório
Componente do erro de medição que em medições repetidas varia de forma imprevisı́vel
Condição de repetibilidade
Condição de medição num conjunto de condições, que inclui o mesmo procedimento de
medição, os mesmos operadores, o mesmo sistema de medição, as mesmas condições operativas
e a mesma localização, e medições repetidas no mesmo objecto ou objectos similares, num curto
intervalo de tempo
Condição de reprodutibilidade
Condição de medição num conjunto de condições, que inclui os diferentes locais, opera-
dores e sistemas de medição e medições repetidas no mesmo objecto ou objectos similares
Incerteza de medição
Parâmetro não-negativo que caracteriza a dispersão dos valores da grandeza que são
atribuı́dos à mensuranda a partir das informações usadas
Incerteza definicional
Componente da incerteza de medição resultante da informação intrinsecamente finita da
definição da mensuranda
Incerteza-padrão de medição
Incerteza de medição expressa sob a forma de um desvio-padrão
37
Incerteza-padrão combinada
Incerteza-padrão que é obtida a partir das incertezas-padrão individuais associadas às
grandezas de entrada num modelo de medição
Modelo de medição
Relação matemática entre todas as grandezas envolvidas na medição
Correcção
Compensação num valor medido de um efeito sistemático conhecido
Instrumento de medição
Dispositivo usado para realizar medições, isolado ou em conjunto com dispositivos com-
plementares
Indicação
Valor de uma grandeza fornecido por um instrumento de medição ou um sistema de
medição
Sensibilidade
Quociente da variação de uma indicação de um sistema de medição pela correspondente
variação do valor da grandeza medida
Resolução
A menor variação numa grandeza a medir que provoca uma variação perceptı́vel na
correspondente indicação
38