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Os pais da Sociologia – Por Matheus Lima Vital

Augusto Comte

Augusto Comte nasceu em 1789 na França, desde cedo já mostrava


interesse pelas ciências naturais, aos 16 anos ingressou na politécnica da Paris,
trabalhava ao lado de Saint Simom, porém não acatou sua tese e resolveu criar a
chamada sociologia positivista. É considerado o pai da sociologia por ter a
sociedade como objeto de estudo. Além da sociologia Positivista, Comte teve como
base de estudos as estatisitcas sociais e as leis dos três estágios, debatidos logo
abaixo.

Sociologia Positivista

Defende uma unidade metodológica para investigação de dados tanto


naturais como sociais. A idéia é que tanto os fenômenos da natureza como os da
sociedade são regidos por leis invariáveis. Assim, nas pesquisas de orientação
positivista, os dados empíricos são processados quantitativamente, coletados e
trabalhados com objetividade e neutralidade e, a partir de um referencial teórico, o
pesquisador levanta hipóteses e as testa. O positivismo não aceita outra realidade
que não sejam os fatos, fatos que possam ser observados. Não se interessa pelas
causas dos fenômenos, porque isso, segundo os positivistas, não é tarefa da
ciência. Não está interessado também em conhecer as conseqüências de seus
achados. Sua postura deve ser de neutralidade diante do objeto da pesquisa e de
seus resultados. Tendo os fatos como único objeto, cabe ao cientista social
descobrir as relações entre eles com instrumentos específicos, sempre na busca da
objetividade científica.

Estática social e dinâmica social

Para Comte, assim como o organismo, a sociedade deveria ser estudada em


duas dimensões: a da estática social (análise de suas condiciones de existência; de
sua ordem) e a da dinâmica social (análise de seu movimento; de seu progresso).
Ordem e Progresso se relacionam estreitamente. A primeira é possível sobre a base
do consenso, que assegura a solidariedade dos elementos do sistema. O segundo
deve ser conduzido de tal maneira que assegure a manutenção da solidariedade, a
fim de evitar a desintegração social.
Lei dos Três Estágios

Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade, Comte


formulou a Lei dos Três estados, segundo a qual a sociedade evolui através de 3
estágios: o estágio teológico, em que o pensamento sobre o mundo é dominado
pelas considerações do sobrenatural ? religião e Deus; o estágio metafísico em que
predomina o pensamento filosófico sobre a essência dos fenômenos e pelo
desenvolvimento da matemática e da lógica; o estágio positivo, em que o
conhecimento passa a ter utilidade prática porque se baseia na ciência, ou seja, na
observação cuidadosa dos fatos empíricos. Fazer da sociologia uma ciência positiva
é justamente a proposta de Comte.

Émile Durkheim

Durkheim nasceu na França, na região da Lorena, formado em filosofia,


estudou a sociedade humana como um organismo vivo que possui consciência
coletiva e defendeu o principio dos grupos sociais têm consciência comum, além de
estudar sobre a Moral e Educação. Suas obras tiveram bases para formação da
Escola Francesa de Sociologia. O aspecto mais importante da sociologia
durkheimiana é a noção de fato social. Para Durkheim, fato social é um modo de agir
e pensar que se impõe ao indivíduo que faz parte da sociedade. É social porque é
externo ao indivíduo, não diz respeito ao indivíduo singular, mas à sociedade.

Sociedade como Fato

O fato social - a integração dos indivíduos em uma comunidade moral de


significação - é irredutível aos fatos psicológicos e biológicos. É um fato coletivo,
objetivo, não subjetivo nem mental e que responde a leis sociais autônomas da
Psicologia e da Biologia. A característica essencial dos fatos sociais consiste no
poder que esses têm de exercitar do exterior uma pressão sobre as consciências
dos indivíduos.

Dessa noção de fato social deriva a primeira regra metodológica


estabelecida por Durkheim: os fatos sociais devem ser tratados como coisas. Isso
não significa, para Durkheim, entender os fatos sociais como algo material e sim
abordá-los com objetividade, isolando-os das manifestações individuais. Em resumo,
analisar os fatos sociais como coisas é tomá-los como uma realidade externa. Ao
cientista cabe examinar os atos e os fatos com olhos inquiridores e isentos,
libertando-se das falsas evidências, porque elas são criações de fora do campo
científico, que influem na paixão do observador sobre os objetos que se põe a
examinar.

Solidariedade e Coesão Social

Para Durkheim a sociedade se funda na solidariedade. Mas na sua


concepção, solidariedade não significa espírito de fraternidade ou inclinação para
fazer o bem. Solidariedade é a condição do vínculo social, é o conjunto de laços que
efetivamente prendem os elementos ao grupo, é a consciência interiorizada que os
indivíduos têm de viver em sociedade e compartilhar os seus valores. A
solidariedade é, portanto, o que garante o a integração geral da sociedade e é
justamente pesquisando os fundamentos da coesão social que Durkheim identifica
dois tipos de solidariedade:

Nas sociedades pré-modernas  nas quais não há divisão do trabalho não


há espaço para as diferenças e para a individualidade: o indivíduo se submete à
família, a família se submete ao clã e o clã se submete à tribo. Nessas sociedades, a
solidariedade é mecânica, como a de moléculas e um corpo inorgânico. A vida social
ocupa todos os espaços da vida dos indivíduos e é forte a reprovação social por
qualquer ato que transgrida as normas. Prevalece um sistema jurídico do tipo
repressivo: romper o vínculo de solidariedade constitui um reato.

Nas sociedades modernas -  de forte divisão do trabalho - a solidariedade


não se funda mais na igualdade e sim na diferença; cada indivíduo e cada grupo
exercem funções diferentes e permanecem juntos porque nenhum é auto-suficiente
e todos dependem de outros. Isso implica a cooperação consciente e livre dos
agentes sociais, o desenvolvimento da contratação das relações sociais e o
nascimento do Estado moderno. O sistema jurídico não visa mais reprimir e sim
restabelecer o equilíbrio quebrado por quem viola as normas. O tipo de
solidariedade que estabiliza essas sociedades é chamada por Durkheim de
solidariedade orgânica.

Individuo na Sociedade

Para Durkheim, a sociedade não é uma simples soma de indivíduos, é um


todo, um realidade específica dotada de características próprias. A interseção dos
grupos, a interdependência constante das instituições determinam o social, mas
dessas interações nasce uma série de fenômenos que dizem respeito ao todo
diretamente e não às partes que o compõem. No pensamento do sociólogo,
portanto, a sociedade prevalece sobre o indivíduo, pois quando este nasce tem de
se adaptar às normas já criadas, como leis, costumes, línguas, etc. É a sociedade,
como coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O
indivíduo aprende a seguir normas e regras que não foram criadas por ele, essas
regras limitam sua ação e prescrevem punições para quem não obedecer aos limites
sociais.

Max Weber

Economista e sociólogo alemão foi um analista da modernidade,


identificando na crescente tendência de racionalização uma característica específica
do desenvolvimento da civilização cultural ocidental. Rejeitando a aplicação do
modelo das ciências naturais à explicação dos fatos sociais, propôs uma sociologia
compreensiva ou interpretativa, ou seja, uma ciência que procure compreender os
processos da experiência humana que são vivos, mutáveis e precisam ser
interpretados para que se extraia deles o seus sentido.

Assim, ao contrário de Durkheim, Weber não pensa que a ordem social se


distinga dos indivíduos como uma realidade exterior a eles, mas que as normas
sociais se concretizam exatamente quando se manifestam em cada indivíduo sob a
forma de motivação. Daí o foco de sua análise nos atores e em suas ações. Para ele
o objeto da Sociologia é a ação social e seu objetivo é a captação da relação de
sentido da ação humana, ou seja, a compreensão do fenômeno social como fato
carregado de sentido que aponta para outros fatos significativos.

Ação social / Relação social

Mas o objeto da Sociologia não é qualquer ação. Para Weber só existe ação
social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação com os
demais, quando há uma orientação significativa visando outros indivíduos. Ação
social é, portanto, qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação de
outros.
Analisando o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações, Weber
estabelece quatro tipos de ação social:

1. Ação tradicional: determinada por um costume ou um hábito arraigado.

2. Ação afetiva: determinada por afetos ou estados sentimentais.


3. Racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor
considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade.

4. Racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca
fins e organiza os meios necessários para obtê-los.

Segundo Weber, só existe relação social quando as partes que agem


atribuem no comportamento um mínimo de senso comum à ação que executam.
Não se trata necessariamente de solidariedade, mas é necessário que o sentido
atribuído à ação pelas partes seja comum, ou seja, tenham o mesmo significado. O
sentido, quando se manifesta, dá à ação concreta o seu caráter, quer seja ele
político, econômico ou religioso. O objetivo do sociólogo é compreender este
processo, desvendando os nexos causais que dão sentido à ação social em
determinado contexto.

Especificidade do racionalismo ocidental


Segundo Weber, a especificidade do mundo ocidental e da modernidade está
vinculada à racionalização e ao desencantamento do mundo. Esses dois princípios
de ação social, que não aconteceram em nenhuma outra parte do planeta, se
expressam de maneira especialmente significativa na organização capitalista do
trabalho e no Estado burocrático moderno, com sua ênfase no critério de eficácia.

Somente no ocidente o processo de racionalização progrediu a ponto tal de


englobar os sistemas de crenças, as estruturas familiares, os ordenamentos
jurídicos, políticos e econômicos, a ciência e até mesmo as atividades artísticas. Isso
aconteceu, segundo Weber, devido à dessacralização do mundo terreno, que
permitiu encarar a realidade natural e humana como uma realidade objetiva, privada
de significados mágicos e, portanto, manipulável pela vontade humana. A ordem
social, liberado do sagrado, pode sofrer um processo de radical transformação na
direção da modernidade e, no interior desse processo, um papel de fundamental
importância foi desenvolvido pela ciência.
Tipo ideal

Para compreensão das sociedades em determinados momentos da história,


como no caso da sociedade capitalista e burocrata, Weber uso como instrumento
metodológico o tipo ideal. Trata-se de uma construção abstrata, idealizada, que
combina e acentua um determinado número de elementos que, embora encontrados
na realidade, são raramente ou nunca descobertos nesta forma específica. Não é,
portanto, uma descrição de um aspecto definido da realidade, nem uma hipótese,
mas um instrumento que pode ajudar tanto na descrição como na explicação do real.
Construído o tipo ideal, ele é testado empiricamente para medir o real, ou seja, para
verificar em que medida há correspondência ou não entre real e ideal.

A ética protestante e o espírito do capitalismo.

Weber procura entender porque o capitalismo se desenvolveu só no


Ocidente quando as potências mundiais eram a China, a Índia e zonas do Oriente
Médio. Sustenta a tese de que esse desenvolvimento não pode ser explicado por
fatores meramente econômicos. Defende que tal fenômeno se deve ao espírito do
capitalismo, isto é aos valores nos quais acreditavam os comerciantes e os
industriais daquele período, os quais acumulavam riquezas e as reinvestiam ao
invés de dissipá-las com o consumo. Esse comportamento, segundo Weber, tinha
bases religiosas: os protestantes seguidores de Calvino acreditavam na doutrina da
predestinação segundo a qual só alguns eleitos poderiam alcançar o paraíso e o
sucesso nos negócios era o sinal de pertencimento a esse grupo. A esse fator, o
sociólogo acrescenta o tipo de vida simples que esses protestantes levavam e a
crença que tinham de que os seres humanos são por vocação destinados por Deus
a trabalhar.

A burocracia

Weber sustenta que a burocratização não é inevitável apenas no


capitalismo, constitui o destino comum de todas as sociedades modernas, inclusive
das socialistas. Para o sociólogo, a burocracia é o pilar fundamental do moderno
estado de direito, na medida em que permite diferenciar a esfera político-
administrativa de outras esferas. Nesse sentido, cumpre um papel racionalizador. Se
existe um Estado de direito deve existir necessariamente uma burocracia que dê
sentido e estrutura organizativa à lei. Todos os sistemas organizativos eficazes se
baseiam na burocracia: o Estado, a empresa e inclusive as igrejas. Sem burocracia
não há racionalização, nem sociedade baseada na lei.

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