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O CRIME QUE NÃO COMETI E PELO QUAL PAGUEI
TRIBUNAL JUDICIAL DE CASTELO BRANCO
Nesta data, 07/07/2011, não queria deixar de assinalar os 11 anos que passaram sobre a data sinistra em
que ocorreu a agressão de que fui vítima por um cliente da empresa EDP, onde prestava serviço, dia
07/07/1999 cerca das 17 horas, nas instalações da empresa, na Av. Nuno Álvares, n.º3 - Castelo Branco.
Na participação do sinistro, pela EDP, à Seguradora Mundial Confiança, pode ler-se, cito, … «DESCRIÇÃO DO
ACIDENTE: O sinistrado foi agredido, pelo Sr. Tiago Homem Sousa Pires, quando falava no Hall de Entrada
do 1.º andar do edifício na Av.ª Nuno Álvares, n.º 3, com o Sr. Eduardo Trindade Eusébio»», … fim de
citação.
Na sequência da agressão, fui hospitalizado de urgência no Hospital Amato Lusitano, com traumatismo da
pirâmide nasal e fractura dos ossos próprios do nariz, onde fui submetido a intervenção cirúrgica, seguida de
internamento por 15 dias, para tratamento psiquiátrico intensivo, na Clínica de Montes Claros em Coimbra.
No formulário do SINISTRO, a artigos 38 e 39 pode ler-se, cito...«38. Indique o objecto próximo que
conduziu à lesão que provocou o acidente: Mão do agressor 39. Descreva a tarefa que o sinistrado
executava no momento do acidente: Atendia um cliente», … fim de citação.
A sentença proferida não passou de uma mera convicção do autor da sentença, sem fundamento, baseada
nas declarações do arguido, com a deturpação dos factos ocorridos, absolvendo-o de um crime de ofensas à
integridade física pelo qual vinha acusado.
Em consequência da deturpação dos factos ocorridos na audiência de discussão e julgamento, resultou uma
sentença com 12 FALSIDADES, da qual:
Mas a realidade dos factos ocorridos é, porém, bem diferente daquela que constitui os factos apurados
no julgamento, como se poderá constatar.
Leiam a sentença e os comentários anexos e retirem as vossas conclusões, de que lado está a mentira.
Ao fazer o cruzamento de informação das declarações do arguido, e o que está escrito na sentença, verifica-
se que é o juiz que aos poucos lhe arranja uma cara arranhada,..depois uma cara esgadanhada, com sangue
e tudo. Ora nada disto ele apresentou quando fez queixa na polícia. As expressões cabrão, filho da puta,
saídas de um telefonema, onde estão as provas, nenhumas?
Queria aqui recordar que o advogado que me representou, um tal Aníbal Pedro, me informou no dia da
audiência, que não estava nada a gostar como as coisas estavam a decorrer, cito «que este juiz lhe teria
dado no dia anterior uma acção de milhares de contos a ganhar»…, fim de citação; que o mesmo é dizer que
teria que fazer este favor ao, de perder esta acção. Houve aqui jogo sujo. É este o estado da justiça em
Portugal!
À hora a que fui agredido, 17 horas do dia 07/07/1999, em que dou conhecimento publico desta situação,
quero também lembrar a estes agressores que estou vivo e jamais os esquecerei.
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O CRIME QUE NÃO COMETI E PELO QUAL PAGUEI
TRIBUNAL JUDICIAL DE CASTELO BRANCO
Na data da notificação, pelo TRIBUNAL JUDICIAL DE CASTELO BRANCO, para efectuar o pagamento por conta, no
montante de 3.335,33 €, de custas cíveis e penais, referente ao Proc.º n.º 383/99.3 PBCTB-3º JUÍZO, noticiado «SÃO
PEDRO AGREDIDO NA EDP», o Movimento Pro Vítimas da Justiça Portuguesa vem numa breve síntese divulgar os factos
ocorridos, em resultado dos quais, o mencionado foi obrigado a efectuar o pagamento da referida quantia, por um
crime que não cometeu, isto é: de vítima de agressão passou a ser autor do crime (agressor); enquanto o autor da
agressão passou a ser a vítima do crime (agredido).
«38. INDIQUE O OBJECTO PRÓXIMO QUE CONDUZIU À LESÃO QUE PROVOCOU O ACIDENTE: Mão do agressor
39. DESCREVA A TAREFA QUE O SINISTRADO EXECUTAVA NO MOMENTO DO ACIDENTE: Atendia um cliente»
(A conversa relatada pelo jornalista, no contacto tido com o agressor), cita-se noticia:
….«O eng.º Tiago, depois de sair do gabinete do engenheiro Candeias, no interior do imóvel da LTE, cruzou-se com o eng. São
Pedro, no hall da entrada, poisou uma pasta e um telemovel em cima da secretária do segurança, e iniciou, de imediato, uma
sessão de socos, massacrando de modo contundente, sistemático e impiedoso o nariz do engenheiro S. Pedro. S. Pedro teve de
recorrer aos seviços do Hospital Amato Lusitano, onde foi submetido, de urgência a uma intervenção cirúrgica ao nariz», … fim
de citação.
Cita-se: «O Ministério Público, nesta comarca, ACUSA, em Processo Comum e a fim de ser submetido a julgamento perante
Tribunal Singular: TIAGO HOMEM DE SOUSA PIRES, porquanto:
O arguido quis ofender o corpo e a saúde do ofendido, o que conseguiu, bem sabendo que agia contra a vontade do mesmo.
Agiu de uma forma voluntária, livre e consciente, bem sabendo que tal conduta é proibida e punida pela lei.
Incorreu, pelo exposto, na prática de um crime de ofensa à integridade física simples, punível nos termos do n.º 1, do art.º
143 do Código Processo Penal», fim de citação.
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As declarações contraditórias do arguido em Audiência de Acareação e de Julgamento
Em audiência de acareação, diz o arguido, cita- Em audiência de Julgamento, cita-se o arguido:
se:«que vem, de mãos ocupadas, telemóvel e pasta e «…..quando chego ao átrio, deparo com ...(o queixoso).e disse:“o Sr. agora vai-me chamar os nomes
papéis, que está junto a uma mesa, e que São Pedro que me chamou ontem à noite” e ele começou-me aos empurrões “seu Sacana, cabrão, filho da puta”,
se dirige para ele e que lhe esfarrapa a camisa».
coisas desse género... e a empurrar-me para trás, a provocar-me e eu fui empurrado para trás». “seu
Pergunta-lhe o Dr. Juiz, e o Sr. não faz nada ao Eng.º
sacana, seu filho da puta, meu cabrão, levas já aqui!” até que me encostei à secretária da recepção;
São Pedro. - Dr. Juiz, olhe que o relatório médico, diz
aqui coisas muito graves. O arguido, cita-se .... «dei- levava um telemóvel, voltei-me para trás, poisei, voltei-me para a frente e ele sempre na mesma
lhe uma chapada». Ao que o São Pedro interpela o Dr. atitude provocatória e ameaçadora, perto de mim, perguntei: “levas onde?” E aí ele estendeu as mãos
Juiz, faça favor de concluir, Sr Dr. Juiz, cita-se ..... para a frente e arranhou-me na cara e eu, na defesa, de facto, investi contra ele, porque ele não me
«se é com uma chapada que se originam os danos largava e continuava muito perto de mim, sempre ameaçadoramente a tentar agarrar-me, eu
físicos, descritos no relatório médico»,... fim de confesso, não sei bem o que aconteceu, a certa altura, sei que me defendi e como se costuma dizer
citação. em língua corrente, “ceguei”, eu devo ter cegado porque não me lembro exactamente, sei que
Nota: Foi com base no exposto que o tribunal desferi murros, umas estaladas, não sei bem exactamente o que aconteceu».
decidiu levá-lo a julgamento.
Comentários: A versão das declarações do arguido, na audiência de acareação e durante a audiência de Julgamento são bem
diferentes e demonstrativas daquela que foi a sua primeira versão, (como autor da agressão), quando contactou o citado Jornal
“ Povo da Beira”, que promoveu a notícia (ver relato conversa com o jornalista pág. anterior).
Comentários:
- Nada mais honroso do que mudar a justiça de sentença, quando lhe mudou a convicção. (Rui Barbosa)
- Quem decide um caso sem ouvir a outra parte não pode ser considerado justo, ainda que decida com justiça. (Seneca)
CONCLUSÃO FINAL:
A sentença proferida não passou de uma mera convicção do seu autor, sem fundamento, baseada nas
declarações do arguido, com a deturpação dos factos, absolvendo-o de um crime de ofensas à integridade
física pelo qual estava acusado. pelo Ministério Público.
De facto, na sentença fez-se errada apreciação da prova, quer quanto a factos propriamente ditos, quer
quanto à sua dinâmica, quer quanto ao seu móbil.
Na verdade, não ficou provado que:
· S. Pedro tenha tido a iniciativa de agressão ou sequer haja agredido o arguido agarrando-o com violência e
agredindo-o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais agressões de molde a arranhar a
cara e a rasgar a camisa do arguido (cito parágr. 2.1.2 da sentença); nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo,
apenas, o arguido.
Crê-se sim, e isso ficou provado, por confissão do arguido, que ele lhe teria desferido murros e estaladas e
não apenas um murro na vista direita; isso sim, é dito pelo arguido.
· Do mesmo modo não ficou provado que S. Pedro tenha insultado o arguido, designadamente, com as
expressões "cabrão" e filho da puta"; nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.
· O mesmo não ficou provado que na véspera dos factos tenha havido violenta discussão entre S. Pedro e o
arguido, e que este o tenha ameaçado ou insultado; nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o
arguido.
O MINISTÉRIO PÚBLICO pediu a condenação do arguido nas alegações finais da audiência de Julgamento
Posteriormente ao julgamento, ao ser pedida explicação ao M.º P.º, para o que se passou, eis a resposta, cita-
se… «O depoimento do arguido, em nada convenceu o tribunal»; «O juiz sabia bem o que podia fazer no Proc.º
…….». Assim vai a justiça em Portugal!..
Pronúncia
Despacho de Acusação
NOTA DE NOTIFICAÇÃO
O Ministério Público, nesta comarca, ACUSA, em Processo Comum e a fim de ser submetido a julgamento perante Tribunal
Singular:
TIAGO HOMEM DE SOUSA PIRES, casado, Eng° Agrónomo, nascido a 26.02.56, natural de S. Sebastião da Pedreira – Lisboa,
filho de José Pedro Carneiro de Castro Norton e Sousa Pires e de Maria Rita,
porquanto:
No dia 7 de Julho de 1999, pelas 17.00 horas, no pátio de entrada das instalações da EDP, na Av. Nuno Alvares, em Castelo
Branco, área desta comarca, o arguido, após agarrar ambos os braços do ofendido Joaquim Emílio São Pedro, dando vários
abanões, desferiu um murro na vista direita, o que lhe provocou a quebra dos óculos, que usava, os quais se encontram
examinados a fls 77. Após e, não obstante tentativas de o impedir de continuar, desferiu, ainda, vários murros na face do
mesmo ofendido Joaquim Emílio São Pedro.
Em consequência das agressões descritas, sofreu o ofendido equimose palpebral superior e inferior, escoriação no punho
esquerdo, medindo cerca de 2 cm de comprimento e traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz,
as quais lhe causaram um período de 21 dias de doença, com incapacidade para o trabalho — cfr exames de fls 2 e 18 e
documentação clínica de fls 10 e segs, e cujo teor se dá por inteiramente reproduzido.
O arguido quis ofender o corpo e a saúde do ofendido, o que conseguiu, bem sabendo que agia contra a vontade do mesmo.
Agiu de uma forma voluntária, livre e consciente, bem sabendo que tal conduta é proibida e punida pela lei. Incorreu, pelo
exposto, em autoria material, na prática de um crime de ofensa à integridade física simples p º e p º pelo art° 143° do
C.Penal.
x
PROVA:
Documental: a constante nos autos.
Testemunhal: Joaquim Emílio São Pedro, id° a fls 7
Eduardo Trindade Eusébio, id° a fls 8.
ESTATUTO PROCESSUAL: Entendo que o arguido deverá aguardar os ulteriores termos do processo sujeito a TIR, a prestar nos
termos da nova redacção do art° 196 do C.P. Penal, caso ainda não tenha sido efectuado.
Cumpra o disposto no art° 283° n° s 5 e 6 do C.P.Penal, devendo o arguido prestar TIR nos termos da nova redacção do art°
196° do C.P.Penal.
No decurso da instrução procedeu-se à inquirição de várias testemunhas e à acareação entre o arguido e o Eng. São Pedro. Por fim,
realizou-se o debate instrutório. Cumpre proferir decisão instrutória.
Todavia, previno desde já que, pelas razões largamente explicitadas a fls. 118 a 121, o tribunal não admitiu a abertura de
instrução na parte em comprovação da decisão do Ministério Público de arquivamento do processo quanto aos factos imputados ao
Eng. São Pedro.
Posto isto, cabe agora a p r e c i a r a prova produzida nos autos quer em fase de inquérito quer em fase de instrução, a fim de
apurarmos se existem indícios para submeter o arguido a julgamento, isto é, indícios dos quais resulte uma probabilidade razoável
de, em julgamento, lhe vir ser aplicada, por força deles, uma pena ou medida de segurança, art. 283°, n.º 1 e 2 do CPP, ex-vi art.
308° do mesmo diploma).
O arguido e o Eng. São Pedro apresentam versões diferentes dos factos, imputando um ao outro a autoria de agressões físicas.
Todavia comungam de um pormenor, que por isso nos carece fortemente indiciado: a testemunha Eduardo Eusébio estava no local
e interveio quando o episódio ocorreu. Ora, esta testemunha depôs a fls. 08 dos autos, tendo descrito as agressões da mesmíssima
maneira por que foram vertidas na acusação. Está assim fortemente indiciada a ofensa à integridade física.
Nenhuma outra testemunha viu as agressões, mas várias afirmam ter acorrido ao local onde tudo se passou quando se aperceberam
do barulho anormal e viram Eng.º São Pedro a sangrar na face da cara – Miguel Santos, fls. 135; Elizabete Amaro, fls. 150; António
Mendes, fls. 151.
Mais ainda: foi o Eng. São Pedro quem recebeu assistência/médica em momento seguido ao episódio dos autos (ver fls. 10 a 15 dos
autos). No entanto, não há notícia de que o arguido tenha tido necessidade de qualquer assistência médica.
Tudo visto, entendo que o arguido deve ser pronunciado pelos factos constantes da acusação, da seguinte forma:
Em processo comum e para julgamento com a intervenção do Tribunal Singular, pronuncio o arguido:
- Tiago Homem de Sousa Pires, casado, Eng.º Agrónomo, nascido a 26.02.1956, natural de S. Sebastião da Pedreira – Lisboa, filho
de José Pedro Carneiro de Castro Norton e Sousa Pires e de Maria Rita Fernandes Homem Rodrigues e Sousa Pires, residente na -
Herdade de Joanafaz – Idanha-a-Nova, pelos seguintes factos:
No dia 07 de Julho de 1999, pelas 17.00 horas, no pátio de entrada das instalações da EDP, na Avenida Nuno Alvares, em Castelo
Branco, o arguido, após agarrar ambos os braços de Joaquim Emílio São Pedro, dando vários abanões, desferiu um murro na vista
direita deste, o que lhe provocou a quebra dos óculos que usava. Após, e não obstante tentativas de o impedir de continuar,
desferiu, ainda, vários murros na face do mesmo Joaquim Emílio São Pedro.
Em consequência das agressões descritas, sofreu o ofendido equimose palpebral superior e inferior, escoriação no punho esquerdo,
medindo cerca de 2 cm de comprimento, e traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz, as quais lhe
causaram um período de 21 dias de doença, com incapacidade para o trabalho.
O arguido quis ofender o corpo e a saúde de Joaquim São Pedro, o que conseguiu, bem sabendo que agia contra a vontade do
mesmo.
Arguido (AR); Queixoso (QX); Procuradora (PR); Juiz (JZ); Advogado do arguido (DA); Advogado do queixoso (DQ );
Testemunha (TT):
Após, e não obstante tentativas de o impedir de continuar, desferiu ainda vários murros na face do queixoso.
Notas: Foi o queixoso que recebeu assistência médica em momento seguido ao episódio dos autos (fls. 10 a 15 dos autos). No entanto, não há
notícia de que o arguido tenha tido necessidade de qualquer assistência médica.
O tribunal, quando da acareação com o arguido, não admitiu a abertura de instrução na parte em comprovação da decisão do Ministério Público
de arquivamento do processo, quanto aos factos que foram imputados ao queixoso.
Contrariando a decisão do tribunal (em audiência de acareação), que não admitiu a abertura de instrução quanto aos “factos que foram
imputados ao queixoso”, tais factos acabaram por marcar o início da audiência de discussão e julgamento:
Ao ser dada a palavra ao arguido, este começa por relatar os factos que constituíram a matéria de arquivamento, um projecto que ele afirma, e
muito bem, que eu providenciei a sua elaboração e que ele nunca pagou mas que sempre quis pagar, por diversas vezes, eu é que nunca quis
receber; fala também de um engenheiro que recebeu cheques emitidos de dois projectos que eu providenciei a sua elaboração, que sabe que ele
quis pagar este projecto, enfim histórias inventadas, que não convencem ninguém.
Sobre os alegados factos, arrolou 8 testemunhas, e o Tribunal não admitiu a abertura de instrução; em audiência discussão e julgamento, ouvem-
se apenas as declarações falsas do arguido e o autor da sentença lembra ao arguido, sobre os factos referidos, ….cito « Ouça, não é o
ofendido que está a ser julgado neste processo; quanto aos alegados factos relativos à elaboração de projectos, há certidões das
declarações do arguido, para o M.ºP.º querendo investigar…, fim de citação». MP investigar, o que estava investigado??
O que se vai seguir nas declarações do arguido é uma conversa muito longa, acerca de um contacto telefónico, ocorrido na véspera do episódio das
agressões, que conforme se evidenciará nos comentários finais, excede em muito os 3 períodos de tempo da chamada telefónica registados na
factura mensal da Portugal Telecom.
Declarações do arguido - interpelado pelo juiz António Declarações do queixoso - interpelado pela Sr.ª Proc.ª Adj. Dr.ª
Gabriel Baptista dos Santos Amália Rolão Preto
…………. ………….
Arguido (AR) - O que foi alegado não corresponde à verdade. Procuradora (PR) - Então conte-nos lá o que aconteceu.
De facto houve um confronto. Mas as razões e a forma não Eng.º S. Pedro (QX) – Eu ia de passagem no hall de entrada do
coincidem com o que está dito. Basicamente, no acto em si, edifício, e cruzei-me com,... que estava no hall, e estávamos ali
eu vinha de uma reunião com o Eng.º Candeias, da parte na conversar.
interior dos escritórios e tinha estado antes a falar com o Sr.
Eusébio,....quando chego ao hall, deparo então com..... PR - Lembra-se do dia e a hora em que isso aconteceu.
Eng.º S. Pedro - Na EDP, no dia 7 de Julho, às 16 e 45 h de 1999,
Tinha havido uma conversa entre nós no dia anterior, cruzei-me ali com uma pessoa conhecida, estávamos a
telefónica; Telefonou-me o Eng.º São Pedro por causa de conversar, eu ia para junto do meu chefe de departamento.
uma dívida, que eu de facto tinha, por causa de um projecto Entretanto, chega esse senhor que me agrediu, o Sr. Eng.º Tiago
que executou, pelos menos providenciou, na sua elaboração. e eu, que estava ali, não pensando que tal iria acontecer, a
Projecto esse que não seria, com certeza, assinado por ele. pessoa vem no corredor, vem ao meu encontro e eu, julgando
Já não era o primeiro projecto, conhecíamo-nos há vários que ele me vinha cumprimentar, abro (estendo) os braços e a
anos, tínhamos um contacto bastante razoável, diria até, pessoa agarrou-me nos dois braços e deu-me vários abanões. De
afável; tínhamos longas conversas e a conversa nesse dia não seguida a esses abanões, eu apenas questionei: “mas o que há,
decorreu no mesmo tom. mas o que há?” e nesse preciso momento esse Sr. dá-me um
murro na vista direita e parte-me os óculos. De seguida dá
Não sei se posso contá-la... Trata-se de um projecto de vários murros.
electrificação. Tenho explorações agrícolas que trato de Entretanto, a pessoa que estava presente agarrou-me, fiquei
electrificar e desde há muito que toda a cidade sabia que a prisioneiro dela (no bom sentido) para evitar mais problemas.
pessoa que mais celeridade conseguia na elaboração dos Portanto, eu fiquei sem qualquer possibilidade de me
projectos era o Sr. Eng.º S. Pedro, funcionário da EDP. Como defender....
é óbvio, não podia ele próprio tratar do assunto, portanto Escusado será dizer que o que se seguiu a partir daí foi que ele
arranjava quem desenhasse, fizesse levantamentos e me esbofeteou a cara, por onde quis, quanto quis, e até onde
medições e quem assinasse os projectos. quis. Enfim...
Seguidamente a esse acto, ele foge pela porta do hall, eu
Nós, os clientes, pagar-lhe-íamos a ele próprio, sem recibo, agarro-o pela camisa e a camisa esfarrapou-se, porque ele já
sem factura, como é óbvio... então do lado de lá da porta e eu entrei deste lado e eu agarrei-
o...
Dr. Juiz – Não é óbvio! A partir daí ele foge em debandada pela escada a baixo.
Eng.º Tiago – Já não era o primeiro projecto e pouco tempo PR – Quem era essa pessoa que o segurou?
antes eu tinha até emitido cheques para os dois projectos Eng.º S. Pedro - Era o Sr. Eusébio.
anteriores e os cheques não foram emitidos à ordem dele,
foram emitidos à ordem de um Eng.º que estava presente na PR - ...?
altura e sabe o motivo da emissão dos cheques. Eng.º S. Pedro - Sim, ele agarrou-me e empurrou-me como que a
tentar evitar a desavença, digamos...
Na altura quis-lhe pagar um projecto que estava em dívida,
na quantia de 180.000$00, pedidos pelo Eng.º S. Pedro, PR - ...?
porque ele fez o cálculo do valor a pagar com base numa Eng.º S. Pedro - As coisas acontecem na boa intenção, ele
tabela de custos de obras da Ordem dos Engenheiros. Como segura-me para evitar que houvesse mais alguma intenção da
ele não podia fazer assim o calculo, ele atribui um valor de minha parte...
base sendo esse, fazia depois um desconto posteriormente,
como não era emitido recibo não haveria IVA e simplesmente PR – Para evitar que o Sr.....
dizia: “não paga x e paga y” e as pessoas concordavam ou Eng.º S. Pedro - Sim, exactamente, penso que foi certamente o
não. Eu concordei com os 180.000$00. que aconteceu.
Na altura quis emitir o cheque e ele disse: “não já está a PR – E porque é que isso aconteceu?
emitir aqui 3 cheques, emita o cheque mais tarde”. E eu, Eng.º S. Pedro - Não faço a mínima ideia.
como diz o povo “pagar e morrer, quanto mais tarde puder
ser”. Dr. Juiz – Oh Sr. Eng.º não é normal não haver um motivo, uma
outra pessoa chegar e começar aos murros e aos bofetões...
Mais tarde, ele pediu-me o pagamento da dívida e eu disse Eng.º S. Pedro - Não faço ideia. Havia processos a decorrer na
que sim, viria à EDP pagar, mas confesso que me esqueci; ele EDP, processos relacionados com obras, se estavam a correr mal
insistiu e eu tornei a pedia desculpa porque de facto, me ou bem, não eram da responsabilidade do meu departamento,
passou; pedi-lhe a morada para enviar o cheque e, portanto, se as coisas não estivessem a decorrer pela vontade do
meramente por esquecimento, não lho enviei. cliente eu não sei; eu é que chefiava esse departamento e as
Dr. Juiz – Tem que dizer os palavrões! Para sabermos se é Dr. Aníbal – Se teve oportunidade ou não?
grave, se não é grave! Eng.º S. Pedro - Não, nunca tive oportunidade, não chegue a ter
oportunidade, não
Eng.º Tiago – Eu posso dizer: “Sacana, cabrão, filho da
puta,” coisas desse género... Dr. Aníbal – Mas o Sr. Eng.º quando chega perto de si, não
conversam um bocadinho?
Dr. Juiz – Mais alguma coisa? É que se não fico na convicção Eng.º S. Pedro - Não, não. Ele diz qualquer coisa que eu não
de que o Eng.º S. Pedro poderia ter-se dirigido a si: “O meu percebo e, quando ele se agarra aos meus braços, eu apenas
amigo, dê cá um abraço!” temos que saber da gravidade... pergunto: “mas o que há, mas o que há?” quando sinto que ele
não está por boas intenções
Eng.º Tiago – Não, não, foi assim: “seu sacana, seu filho da Eng.º S. Pedro - Eu pressinto, naquele momento, que ele não
puta, meu cabrão, levas já aqui!” está por boas intenções, quando se me agarrou aos braços e
desferiu aqueles abanões...
Comentário:
Dr. Aníbal – Ele vinha de mãos livres, tinha alguma coisa nas
Os palavrões que não existiram, ficam para o polígrafo, no programa
mãos?
TVI tardes da Júlia.
Eng.º S. Pedro - Esse Sr., aquilo que trazia, poisou numa mesa
do hall, tudo muito rápido, e é que se dirige para mim.
Dr. Juiz – E mais?
Dr. Aníbal – Então, afinal ele trazia alguma coisa nas mãos!
Eng.º Tiago – Basicamente foi isto. Começou-me a empurrar,
Eng.º S. Pedro - Poisou ali naquela mesa e então, agarra-se a
“levas já aqui, levas já aqui”, até que me encostei à
mim.
secretária da recepção; levava um telemóvel, voltei-me para
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Dr. Juiz – Ouça, não é o ofendido que está a ser julgado Dr. Aníbal – Durante esses cinco anos todos, como é que os Srs.
neste processo; quanto aos alegados factos relativos à tentaram resolver isso?
elaboração de projectos, há certidões das declarações do Eng.º S. Pedro - Contactos que houve, muito distantes, de talvez
arguido e ao M.ºP.º para, querendo investigar.... 6 meses, 2 anos, em que eu vinha recordando à pessoa que devia
efectuar o pagamento do trabalho; havia despesas inerentes que
Dr. Juiz – Mas diga-me uma coisa, isto passou-se, segundo a
nem sequer teriam sido pagas na altura...
sua versão, agiu porque sentiu-se ameaçado pelo ofendido
que o insultou, ameaçou...
Eng.º Tiago – e agrediu Dr. Aníbal – Então a discussão dos pagamentos vinha-se
discutindo de há cinco anos para cá?
Comentário: Eng.º S. Pedro - Sim, sim.
Repare-se que o discurso do arguido estava esgotado. A versão e as
palavras proferidas são da autoria do juiz, cito,..… «agiu porque Dr. Aníbal – Nunca deram origem a discussão assim violenta,
sentiu-se ameaçado pelo ofendido que o insultou, ameaçou», ao qual não?
este acrescenta, cito, …«e agrediu», mas não explica como Eng.º S. Pedro - Nunca. Aliás ele esteve várias vezes na EDP,
foi agredido, nem fala dos arranhões, de nada, nunca houve sequer, a esse respeito, qualquer contacto nesse
absolutamente nada. sentido, dentro da EDP.
Nota: é importante referir estes pormenores, porque o autor da
sentença os transcreve integralmente para a sentença final. Dr. Aníbal – Nós precisamos de saber qual foi a motivação
O objectivo estava atingido, não importava esclarecer como tinha porque tudo isto aconteceu...
sido agredido. O Juiz queria apenas ouvir da parte do arguido que Eng.º S. Pedro - A experiência que tenho é que naquelas alturas
tinha sido agredido, o que é falso, vamos esclarecer isso com o
polígrafo, no programa TVI, tardes da Júlia. as pessoas andam muito agitadas, quando são ligações muito em
cima da hora, porque têm culturas de tabaco... e todos os anos
Versão do arguido em audiência de acareação, cito: assim acontecia, era em cima da hora que tudo era feito e é
«que vem com uma pasta, telemóvel e papéis, de mãos ocupadas,
que está junto a uma mesa, e que eu me dirijo para ele e lhe normal que, se calhar, a pessoa estivesse muito enervada por
esfarrapa a camisa». Pergunta-lhe o Dr. Juiz, e o Sr. não faz nada ao essa falha de ligação... por não existir no imediato...
Eng.º São Pedro. - Dr. Juiz, olhe que o relatório médico, diz aqui
coisas muito graves. O arguido, cito .... «dei-lhe uma chapada». Ao
que eu interpelo o Dr. Juiz, faça favor de concluir, Sr Dr. Juiz, Dr. Aníbal – Mesmo depois disso acontecer, o Sr. não tentou
cito,... «se é com uma chapada que se originam os danos físicos, saber qual teria sido a verdadeira motivação disso...?
descritos no relatório médico»,... Foi com base no exposto que o Eng.º S. Pedro - Não, nunca chegue a depreender o que se
tribunal decidiu levá-lo a julgamento.
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Dr. Juiz – exagerou na agressão... na resposta... Dr. Aníbal – O que é que ele pretendia com isso?
Eng.º Tiago – Provavelmente, terei perdido a calma...
Eng.º S. Pedro - Não sei, eu entendi, então, que ele estava com
Comentário: más intenções
O Juiz prossegue o discurso do arguido, «o sr. às tantas, Dr. Aníbal – Então e entre os vários abanões, o murro na vista e
descontrola-se, deu uns murros», ao que este acrescenta «depois de
agredido»; mal parecia, está justificado nos relatórios médicos. os outros vários murros, não há aí um “intervalozinho” em que o
É importante referir que juiz e arguido não falaram de qualquer Sr. possa também meter 1 murro?
ferimento relacionados com a agressão de que este foi vítima, mas é Eng.º S. Pedro - Não. Aquilo foi tudo muito rápido.
uma questão de tempo, estejam atentos ao desenrolar dos
acontecimentos.
(na verdade também estes nunca existiram) Dr. Aníbal – O Sr. então, já só o consegue apanhar quando ele
está de saída?
Dr. Juiz - Factos relativos à vida pessoal do arguido, Eng.º S. Pedro - Exactamente. Só quando ele está, na parte
rendimentos:
final, a fugir pela porta, é que fica entalado entre as 2 portas e
– É casado, vive com a sua mulher... eu agarro-o pela camisa; aí é que se dá o acto de rasgar a
- Paga 200 contos de IRS camisa. E fugiu a toda a velocidade pela escadaria abaixo.
- A mulher ganha cerca de 200 contos por mês ...(?)
– Um automóvel, tem?
Eng.º Tiago - Um Mazda, uma 4 x 4 e mais três carros
Dr. Paula – Quanto aos factos: há uma pessoa que está presente,
que conhece de vista, não a consegue identificar. Há uma outra
que é o Sr. Eusébio, que é testemunha...
Eng.º Tiago - Esse conheço.
Dr.ª Paula - Depois de terem ocorrido estes factos falou com ele
alguma vez sobre a possibilidade de ele vir a ser testemunha?
Eng.º Tiago - Falei no próprio dia, ao telefone.
Dr.ª Paula – Mas pediu-lhe que fosse testemunha para vir dizer o
que tinha visto?
Eng.º Tiago - Exactamente. Eu quero é que ele conte, ele que
diga como é que eu estava antes da reunião, se não falei bem
dele, em mera cavaqueira, e porque é que aquilo acontece; o Sr.
S. Pedro apanhou uma fúria, transtornou-se, eu nunca o tinha
visto assim, sempre conversei lindamente com o S. Pedro.
Eng.º Tiago – cito, … «Já não era o primeiro projecto e pouco tempo antes eu tinha até emitido cheques para os dois projectos
anteriores e os cheques não foram emitidos à ordem dele, foram emitidos à ordem de um Eng.º que estava presente na altura e
sabe o motivo da emissão dos cheques.» Falsas declarações
Comentário:
Como se pode constatar pelas declarações iniciais do arguido, aliás assim lhe foi permitido, este começou por trazer ao debate matéria que por
decisão do tribunal e em confirmação com a decisão do Ministério Público, não admitiu a abertura de instrução quanto aos factos que me tinham sido
imputados.
Tratou-se de facto de um relato muito dilatado, com projectos, cheques, um engenheiro, a EDP, muita mistura, cujo objectivo era o de meter tudo ao
barulho, pois é, mas enquanto para o autor da sentença, o telefonema que existiu sem gravações fez de prova para o arguido, a cópia da factura da PT,
vai servir de comparativo entre o tempo da chamada telefónica, tida com o arguido, no dia que antecederam as agressões e o tempo gasto por este no
relato de audiência, que consta da cassete áudio, e depois, vamos tirar conclusões no final.
O arguido fala de dois projectos, que me teria solicitado posteriormente, e que foram projectados nas mesmas condições que os anteriores, por um
colega meu, que os elaborou, e para evitar mais um calote, antes da entrega dos mesmos, procedeu à cobrança dos respectivos honorários.
Como ele afirma, o cheque foi emitido à ordem de um Eng.º, autor dos projectos, que ele conhece bem, mas pelos vistos parece agora
desconhecer, cito, ...«estava presente na altura e sabe o motivo da emissão dos cheques». Pois sabe, o motivo da emissão dos cheques é
relativo ao pagamento dos 2 projectos que ele elaborou recentemente, e por isso os cheques foram emitidos à ordem dele (ele foi o autor dos
projectos); pois é, e o que é que eu tinha a ver com tais projectos e pagamentos.
A história dos cheques, além de mal contada, é falsa: O arguido quer justificar que quando do pagamento dos referidos cheques, eu lhe teria dado
indicação para emitir um dos cheques mais tarde, o que é falso, nunca lhe foi proposto tal acordo e por isso são falsas as declarações.
Pelas declarações do arguido, o pagamento dos 2 projectos foi acordado com o Eng.º autor do projecto mediante emissão de cheques emitidos à
ordem dele, (repare-se que arguido não cita o nome do Eng.º, ainda assim não se lembrasse o tribunal de o convocar para prestar esclarecimentos.
O arguido afirma que eu disse, cito, …«já está a emitir aqui 3 cheques, emita o cheque mais tarde», como não assisti ao acordo ou emissão dos
cheques, entre ambos, ficam assim demonstradas as falsas declarações.
Na altura quis emitir o cheque e ele disse: “não já está a emitir aqui 3 cheques, emita o cheque mais tarde”. E eu, como diz o
povo “pagar e morrer, quanto mais tarde puder ser”. Falsas declarações
Comentário:
O Engº. a que ele se referiu anteriormente, e que não citou o nome propositadamente, autor dos dois projectos mais recentes, é o Eng.º Caetano;
portanto ele conhece-o bem e pode testemunhar que nada foi revelado sobre o projecto em dívida, quando este lhe efectuou o pagamento dos
projectos mais recentes.
A afirmação, cito …«“não, já está a emitir aqui 3 cheques, emita o cheque mais tarde”», é falsa. Primeiro, desconheço o acordo de pagamento em
cheque que existiu, relativamente aos dois projectos recentes, foi efectuado entre ele e o autor do projecto, Eng. Caetano. Nada tive a ver com o
acordo de pagamento em causa, porque razão havia eu de dar essa indicação? O Eng. Caetano conhece certamente o motivo da emissão dos
cheques, na medida que fui eu que tomei a iniciativa de o informar, para que antes de proceder à entrega dos projectos fizessem um acordo de
pagamento, para evitar mais um calote idêntico ao meu.
Afinal que conclusão se pode retirar, que são falsas as afirmações! O caloteiro quer apenas demonstrar que quis pagar, cito,…«na altura quis pagar,
mostrou má vontade».Que engraçado, inventa lá outra, é tão giro caloteiro, brincar aos cheques nos tribunais, vá lá, a matéria arquivada e tantas
pessoas a testemunhar o juiz até está a gostar”.
Mais tarde, ele pediu-me o pagamento da dívida e eu disse que sim, viria à EDP pagar, mas confesso que me esqueci; ele insistiu
13
Comentário:
(ao
Que contradição esta, … «que viria à EDP pagar, e depois que me pediu a morada para enviar o cheque, mas também se esqueceu» …, caloteiro.
quadrado)
Quando ele telefonou à 3ª vez, no dia anterior ao facto, fiquei atrapalhado e pedi-lhe imensa desculpa porque já era a 3ª vez.
Falsas declarações
Comentário:
(ao cubo)
Não houve qualquer pedido de desculpas, e por isso é falso o afirmado, …. caloteiro.
Por incrível que pareça, tinha estado na EDP de manhã, nesse dia, a falar com o Eng.º Candeias, estive à porta do gabinete dele
e não me lembrei de bater à porta e pagar, foi mesmo assim!. Falsas declarações
Comentário:
O arguido invoca o esquecimento, do não pagamento, pretendendo apenas ligar o assunto do projecto com os assuntos internos EDP, cito, …«estive
à porta do gabinete dele e não me lembrei de bater à porta e pagar», o que nunca lhe foi ou seria admitido.
E disse-lhe que, sem falta, no dia a seguir iria à EDP pagar-lhe, pedia imensa desculpa, que não voltava a acontecer. Falsas
declarações
Comentário:
Apesar de ser falso, dizer, cito, … «no dia a seguir iria à EDP pagar-lhe», que pedia imensa desculpa, mais uma vez o arguido pretende ligar o
pagamento do projecto com a EDP; mas tal não passou de uma montagem, entre este e a advogada defensora, o mesmo já se tinha passado durante
a audiência de acareação, mas não conseguiram. Ele pretende apenas misturar os assuntos com a EDP.
E ele disse, nessa altura, que não eram 180 contos mas 240 contos. E eu perguntei porquê, se tinhas combinado 180 contos? –
“não porque o Sr. anda a brincar, já passou muito tempo.” Falsas declarações
Comentário:
Esta é a maior falsidade, cito, …«eu, na altura quis-lhe pagar, mostrou má vontade...»
O montante da dívida que estava em causa sobre pagamento de 2 projectos era de 240 000$, que incluía as despesas de levantamento topográfico
da quinta, da sua inteira responsabilidade (80.000$) e despesas inerentes aos dois projectos.
Posteriormente, foi-lhe proposto e por diversas vezes o informei que caso pretendesse efectuar o pagamento, o valor a pagar seria de 180 000$,
onde se incluía as despesas de levantamento topográfico da quinta, da sua inteira responsabilidade (80.000$), e despesas inerentes aos dois
projectos a que correspondia o valor de 50 000$/projecto.
Ora, como este nunca pretendeu efectuar o pagamento da importância de 180 000$, num prazo razoável, é lógico que para proceder à cobrança
coerciva da dívida, o valor a considerar seja o inicialmente proposto (240 000$), acrescido de juros de mora, é o que diz a lei).
Eu, na altura quis-lhe pagar, mostrou má vontade... “Ah sim, mas o valor não é esse, eu tenho ali escrito no papel”. Papel esse
onde estava escrito tudo, que eu ainda tenho. Falsas declarações
Ele foi buscar o papel, eu também, e chegou à conclusão que eu tinha razão, o valor que ele estava a dizer não era aquele. –
“Mas isto não pode ser, passou muito tempo, já passou das marcas” e começou-se a alterar. Eu até disse: - “Eu nem o estou a
conhecer!” Nós, normalmente, não lidamos assim. “- Não, você paga os 240 contos a bem ou a mal!”
Eu, sinceramente não percebo qual foi a alteração dele porque eu nunca tinha tido este tipo de conversa com o Eng.º S. Pedro,
sempre nos demos bastante bem. Falsas declarações
Comentário:
Esta de eu e ele termos ido buscar o papel é pura invenção. A conversa foi célere.
Comentário:
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E mais não disse, a chamada terminou aqui, foram 2 períodos (19 e 38 segundos), ver anexo cópia recibo PT.
Ai põe? Eu não sei se tem a categoria académica para executar e assinar o projecto, sei que não pode assiná-lo porque é
funcionário da EDP, e o Eng.º que arranjou para assiná-lo eu não conheço e nunca me enviou factura nenhuma! Como tal eu não
devo nada a ninguém! E ele começou a insultar-me com palavras, até que eu desliguei o telefone. Falsas declarações
Comentário:
Sobre este último parágrafo nada foi mencionada pelo arguido ao telefone, e essas declarações aparecem apenas com a intenção de suscitar em
tribunal o assunto dos projectos, arquivado pelo MP e por parte da EDP no inquérito disciplinar EDP, arquivado.
Quanto aos insultos, que não existiram, ficam para o polígrafo, no programa TVI tardes da Júlia.
Como demonstrarei pelo anexo que se segue da factura da PORTUGAL TELECOM, do Mês 07/1997, a chamada ocorrida no dia 06 /07/1997,
foi de 3 períodos de tempo a que correspondem 19 a 38 segundos.
O arguido apresentou uma extensa declaração à qual acrescentou factos, a que corresponde um tempo de conversação de 10 minutos, da
cassete de gravação de áudio.
A análise comparativa dos dois tempos permite concluir que acrescentou factos novos, ao contacto telefónico do dia 06 /07/1997, que não
correspondem ao tempo de conversação ocorrido.
Drª Paula – Admite ser possível ter havido um telefonema na véspera desses factos, seu para o Sr. Eng.º Tiago?
Eng.º S. Pedro - Como digo, já não tenho mais nada a dizer sobre isso; havia tantos telefonemas para tantos clientes,
não sei se houve nesse dia...
Drª Paula – Nem é possível que essa tal dívida que existia...
Eng.º S. Pedro - Eu sei que houve, houve de facto, vários...
Drª Paula - ... uma omissão por parte do Eng.º Tiago, que diz que se ia esquecendo de regularizar...
Eng.º S. Pedro - Disse que havia outros cheques em relação a outros projectos?
Dr. Paula – Diz que já tinham trabalhado antes. É verdade? Diz que havia outros projectos...
Eng.º S. Pedro - Talvez apenas um só projecto...
Drª Paula – Estava ou não impedido, enquanto funcionário da EDP, de participar num projecto que iria ser aprovado pela EDP?
Eng.º S. Pedro - Mas não fui eu que fiz o projecto, nem esse, nem outros...
Drª Paula – Mas era o Sr. que orientava, que recebia, que cobrava... só não assinava, porque não podia... então e vem dizer que
não sabe que estava impedido, – se diz que não pode assinar.
Eng.º S. Pedro - Não, eu não queria misturar os assuntos, posso-lhe dizer mais: eu estava autorizado até inclusivamente, a fazer
tudo o que fosse particular, por pessoas dentro daquela casa. A nível particular, posso dizer que houve pessoas que me disseram
que podia fazer tudo o que quisesse para além daquilo que era o meu horário de trabalho.
Dr. Juiz – As pessoas não mandam na lei; a pergunta é simples e clara, o Sr. enquanto funcionário da EDP, pode ou não fazer
projectos?
Eng.º S. Pedro - Eu não posso é assinar os projectos.
Dr. Juiz – Então, na sua convicção, não pode assina-las mas pode fazê-las?
Eng.º S. Pedro - Eu posso dar a minha colaboração, a alguém que me peça, naquilo que for necessário...
Drª Paula – É que não é só colaboração, foi o próprio a dizer que não só tratava como cobrava honorários por isso.
Dr. Juiz – Sr.ª Drª., é melhor esclarecer a testemunha que pode recusar-se a responder a este tipo de perguntas. Oh Sr. ...., se
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Drª Paula – Já está respondido. O Sr. Eng.º já tinha dito que cobrava...
Drª Paula - Conhece o Sr. Eng.º Mário Lopes da Silva?
Eng.º S. Pedro – Sim.
Drª Paula – Era um dos tais senhores que o Sr. Eng.º arranjava para assinar os projectos do Eng.º Tiago?
Eng.º S. Pedro - Para fazer os projectos
Dr. Juiz – Oh Sr. pode não responder a este tipo de perguntas, basta dizer “Não respondo”
Eng.º S. Pedro - Posso acrescentar mais qualquer coisa?. Houve muito recentemente, quase em cima dos acontecimentos, mais
contactos para a feitura de mais projectos, mais uma vez...
Dr. Juiz – A propósito das agressões, o arguido contactou com o Sr., no sentido de regularizar a situação, no sentido de se
reconciliarem?
Eng.º S. Pedro - Não houve.
Dr. Juiz – Aqui não se está a discutir os pagamentos. Os pagamentos pressupõem um entendimento entre duas pessoas, porque
há 2 partes; há a parte cível e a parte crime.
Quanto à parte crime, não houve nenhuma explicação, uma tentativa de chegar a entendimento. E depois, também, vá lá...
pagarem-se da forma que quisessem ou entendessem? Não houve essa disponibilidade por parte do arguido?
Eng.º S. Pedro - Não
Drª Paula – Voltemos ao dia 7. Já referiu que estava com o Sr. Eusébio. Estavam parados, os dois a conversar, no hall. A primeira
vez que vê o Eng.º Tiago, é quando?
Eng.º S. Pedro - Quando ele vem no corredor.
Drª Paula – O Eng.º Tiago diz que a primeira coisa que lhe fez foi arranhá-lo. Porque é que diz que a primeira coisa que fez foi
estender-lhe os braços, como para o abraçar?
Eng.º S. Pedro - Eu nunca o ofendi; julguei perfeitamente que ele me vinha cumprimentar. Acontece de facto esse acto,
estendi-lhe os braços, julgando que ele me vinha a cumprimentar.
Comentário:
Atenção à pergunta da Advogada do arguido dirigida para mim, cito, …«a primeira coisa que fez foi arranhá-lo», (ela quer explorar a cara
arranhada do arguido, que nunca existiu, da qual este nunca apresentou provas ou necessidade de assistência médica, vejam-se os autos)
«Drª Paula – O Eng.º Tiago diz que a primeira coisa que lhe fez foi arranhá-lo. Porque é que diz que a primeira coisa que fez foi
estender-lhe os braços, como para o abraçar?»
A advogada de defesa para fazer crer que o estender dos braços é para o abraçar e não para cumprimentar, põe a questão, cito, … «como para o
abraçar?»
A afirmação anterior de que eu teria estendido os braços, como para o abraçar é falsa; atendendo ao facto de não ter havido da minha parte
qualquer comportamento menos correcto, discussão, injúrias, que justificasse a atitude ofensiva do arguido, acontece esse acto, num gesto de
maior cordialidade, estendi-lhe os braços, julgando que ele me vinha a cumprimentar,
É evidente que a realização do cumprimento se entende à altura do estender dos braços e mãos, razão pela qual ele me agarra pelos dois braços
a nível dos cotovelos e me dá os abanões, a que eu me refiro anteriormente.
A advogada do arguido tentou fazer a ligação do cumprimento, estender dos braços, o abraço, com o arranhar da cara, que nunca existiu.
Como poderemos observar nos próximos episódios, o juiz consegue arranjar, por malabarismo, uma cara arranhada para o arguido, transformar
a cara arranhada do arguido numa cara esgadanhada, com sangue e tudo (estou a rir, naturalmente, era o meu nariz que partiu, e estava a
sangrar fortemente, quando isso aconteceu).
Drª Paula – Depois disso, assim que os seus braços são abanados, tem os braços presos, não é?
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Drª Paula – Quando conseguiu desenvencilhar-se, ou foi o Eng.º Tiago que lhe largou os braços?
Eng.º S. Pedro - O Eng.º Tiago largou-me os braços e dá-me o primeiro murro
Drª Paula – Mas ele segurou-o, de que forma?. Por trás, pela frente, ou de lado?
Eng.º S. Pedro - Trancou os movimentos dos meus braços. Imobilizou-me...
Resumindo e concluindo:
«Drª Paula – tem os braços presos, , não é?… assim que os seus braços são abanados.
Eng.º S. Pedro - Sim, tenho. O Eng.º Tiago largou-me os braços e dá-me o primeiro murro. E nessa altura, o Sr. Eusébio que estava ali ao
lado, digamos... deitou-me as mãos, trancou-me pela cintura. Trancou os movimentos dos meus braços. Imobilizou-me.»
Drª Paula – O Sr. Eng.º tem uma excessiva preocupação em demonstrar que só não lhe bateu porque não pôde. Não tem que ficar
humilhado com isso.
Eng.º S. Pedro - Eu não tive qualquer intenção.
Comentário:
Pelos vistos a advogada do arguido não gostou nada da conclusão evidente a que se chegou anteriormente
Dr. Juiz – Mas é esquisito, quando alguém vê outra pessoa a bater, não vai agarrar-se à pessoa que está a ser sovada, vai
agarrar-se ao agressor a quem estava a levar.
Eng.º S. Pedro - Ele agarrou-se à pessoa que está mais próxima, ele está próximo de mim.
Cita-se …«O Eduardo Eusébio agarrou ambos os braços do queixoso por este ter iniciado uma agressão contra o arguido, nomeadamente,
agarrando-o com violência e agredindo-o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais agressões de molde a arranhar a cara
e a rasgar a camisa do arguido» … fim de citação.
Nota: Repare-se que eu nunca estive agarrado ao arguido, nem ele a mim. Este juiz violentador foi de facto longe demais, e para completar digo,
não exibiram a camisa como prova, porque a mesma se encontrava rasgada nas costas, quando eu o segurei entre as portas, já ele ia a fugir para a
escadaria.
Dr. Juiz – Mas quem é que estava a agredir quem? Se o arguido está a agredir o ofendido, não faz sentido a pessoa
que assistia ir tolher os movimentos à pessoa que estava a ser sovada? Então devia aqui estar como arguido, porque estava a
ajudar o Eng.º Tiago a bater no Sr. E, no entanto não apresenta queixa contra ele.
Eng.º S. Pedro - Ele tinha boa intenção.
Cita-se …«O arguido, ao agir como agiu, quis apenas defender-se da agressão que o queixoso iniciou, tanto mais que foi este queixoso quem
iniciou, a agressão de forma violenta, ao arguido; havia-o anteriormente ameaçado e insultado; e é muito mais alto e corpulento que o
arguido» … fim de citação.
Nota: Observem se faz sentido o que o juiz agressor acaba de referir relativamente a este parágrafo da sentença.
Comentário:
Também pelos vistos o próprio juiz não gostou nada da conclusão evidente a que se chegou anteriormente
É evidente que soluções para o momento o juiz já arranjou uma, sempre que isso aconteça deve agarrar-se o agressor e não à vítima. Mas agarrou-
se a mim porque estava mais próximo dele e o juiz numa lógica irracional conclui. É o que o Juiz transcreve para a sentença.
Imaginem a lógica deste irracional, que interpreta a atitude do Eusébio ao agarrar-se a mim, que foi por causa de eu ter iniciado as
agressões, para daí concluir que eu, o ofendido, é que fui agredir o arguido
Em relação à pergunta do Juiz irracional - Mas quem é que estava a agredir quem?
Resposta: Agressor Tiago
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Drª Paula – Isso ainda mais nos leva a crer que o Sr. Eng.º era também o agressor.
Eng.º S. Pedro - Não agredi ninguém, estive sempre imobilizado. Os meus braços não se mexeram.
Dr. Juiz – De qualquer forma, o arguido já disse de facto, que deu os murros, que deu até mais murros do que achava que
deveria ter dado.
Eng.º S. Pedro - Mas ele disse há uns tempos atrás, que me deu apenas uma chapada, agora é que refere que deu
murros?
Drª Paula – Depois então, desse envolvimento, o que também é estranho, é que, quem teve o comportamento que teve o Eng.º
Tiago, depois fugir? E o Sr. Eng.º é que foi agarrá-lo? Quer dizer, bateu, bateu, bateu, e depois fugiu!?
Eng.º S. Pedro - Sim, sim, exactamente. Foi o que ele fez! Ele bateu, bateu e “espantou-se” e deixou abandonados os papéis e
a pasta e tudo o que lá ficou em cima de uma mesa.
Comentário:
…… deixou abandonados papéis e a pasta e tudo o que lá ficou em cima de uma mesa
Dr. Juiz – Ele fugiu. teve medo do Sr. e fugiu, ao fim e ao cabo.
Eng.º S. Pedro - Não, ele sabe o acto que cometeu e, como tal, pressupondo que iria haver represálias (iria certamente haver),
fugiu (cometeu o que cometeu e fugiu).
Dr. Juiz – Não é lógico fugir. Se o estava a agredir, fugiu porquê? Por muito que corresse, muito dificilmente fugiria à acção da
justiça, mesmo que fosse lá para a herdade...
Eng.º S. Pedro - Mas o que ele fugiu muito rapidamente, fugiu.
Dr. Juiz – Mas porquê? Não se percebe porquê, se ele estava a bater...
Eng.º S. Pedro - Não sei, não sei explicar. Agora que ele fugiu, fugiu. Pela escadaria a abaixo; eu só o agarro aí.
Comentário:
O acto de rasgar a camisa é só o acto final, quando ele está até entalado nas portas e eu segurei-o pela camisa.
Drª Paula – Então, o Sr. Eng.º não ficou assim tão mal. Ainda teve acção para ir a correr atrás dele.
Eng.º S. Pedro - Não sei... o que é que diz o relatório...
Drª Paula – É que o Sr. oscila entre duas coisas. Por isso é que não faz sentido. Por um lado “eu não bati”, mas se não bati, é
humilhante: então diga que eu não bati porque não pude, tentei bater-lhe mas ele já ia a fugir”
Eng.º S. Pedro - Quer dizer, estava a olhar para o nariz, o nariz estava aqui pendurado, não é?
Drª Paula – Já sabemos que foi ao hospital e foi tratado. Mas não ficou lá, foi só operado no dia seguinte. Mas não ficou
internado. Veio para casa. Foram buscá-lo? Veio a conduzir?
Eng.º S. Pedro - Foi a minha esposa que me veio buscar...
Drª Paula – É ou não verdade que andava a ser tratado de uma depressão, à data dos factos?
Eng.º S. Pedro - Sim, é.
Drª Paula – Já estava com depressão, que se agravou com estes factos. Porque é que os médicos não concordaram com isso?
Alguns médicos dizem não haver causa efeito entre a agressão e o seu estado!
Eng.º S. Pedro - Não conheço nenhum médico que tenha dito isso!
(A Drª Paula junta o Relatório do Médico da Mundial Confiança. Diz que a Seguradora o juntou na acção declarativa contra o
Eng.º Tiago)
Dr. Aníbal – Se o Sr. Eusébio, quando agarra o Sr. Eng.º, o agarra no sentido de o proteger ou no sentido de o impedir de ir atrás
do Eng.º Tiago?
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Drª Paula – Para além da expressão: “o que há, o que há?”, houve mais alguma expressão? O Eng.º Tiago esteve sempre em
silêncio?
Eng.º S. Pedro - Eu apenas proferi isso. O Eng.º Tiago, pelo menos não ouvi, não me recordo.
Dr. Juiz – O Sr. tem algumas relações pessoais, profissionais, familiares ou outras com estes dois senhores que eu vou dizer?:
Tiago ....... e Joaquim ..........
Eusébio - Desculpe, eu não percebi...
Dr. Juiz – Já teve com os dois. Não está de mal com nenhum deles?
Eusébio – Não.
Dr. Juiz – Olhe, e tem alguma coisa contra o Hospital Amato Lusitano?
Eusébio - Se tenho alguma coisa contra? Tenho mas não é para aqui chamado.
Dr. Juiz – Mas pode depois falar com o Dr. Ferro? Mas para dizer a verdade.
Eusébio - Juro, sim, sim
Dr. Juiz – Tem algum interesse directo da forma como vai ser decidida a causa?
Eusébio – Não.
Dr. Juiz - Vai fazer o favor de se sentar e de responder à Sr.ª Procuradora Adjunta (Sr.ª Dr.ª como queira)
Sr.ª Procuradora – O Sr. Eduardo Eusébio sabe porque é que estamos aqui hoje. Lembra-se, é capaz de nos descrever aquilo a
que assistiu, repito, é capaz de descrever aquilo a que assistiu por favor, lembre-se que dia e hora.
Eusébio - Já está descrito na sua documentação.
Sr.ª Procuradora – Sim, mas não é..., há uma regra processual que diz que só podem ser valoradas, tirando algumas excepções,
as provas que forem produzidas em audiência de questões em julgamento. Só aí é que, portanto, o que o Sr. disse no inquérito,
vai dizer aqui, e essencialmente, vai dizer aquilo que se passou. O seu depoimento é importante, o Sr. está metido nesta
embrulhada e nunca ninguém lhe pediu opinião, mas o que é facto é que está metido nela e do seu depoimento pode resultar
uma coisa tão simples como esta condenar um inocente ou absolver um culpado. Portanto, veja lá o que o Sr. diz.
Eusébio - Faça favor.
Sr.ª Procuradora - Lembra-se que dia é que era, as horas, onde foi o local?
Eusébio - As horas aproximado, a data sei que foi em Julho de 1999 e as horas devia ser aproximadamente entre as cinco e as
cinco e meia.
(Dr. Juiz interrompe – Como diz, o Sr. é testemunha, e se tiver algum problema, quando este Senhor acabar o depoimento dirá o
problema, está bem? Muito obrigado).
Eusébio -... (cont.) Portanto, eu ia para ir ao encontro do Eng.º Candeias, entretanto o Sr. Eng.º Tiago entrou e deixou a pasta
na mesa que lá está e foi lá, na minha frente, ao Eng.º Candeias e eu fiquei ali à espera da minha vez e até, ao mesmo tempo,
olhando pela pasta dele. Estive ali assim e depois de um bocado aparece o Eng.º São Pedro que eu não tinha nem tenho ciente se
ele vinha das escadas ou se vinha do gabinete dele. Essa parte não a sei definir, pronto. Chegou ali e eu levantei-me para o
cumprimentar e entretanto aparece o Eng.º Tiago que vinha da parte do Eng.º Candeias. Ora bem, pronunciaram-se palavras, do
Eng.º Tiago que não percebi, não entendi, sei que havia descontentamento, e entretanto eu, entrei de frente para o Eng.º São
Pedro, agarrei-o para o fazer entrar para o lado do gabinete dele, para o lado do gabinete do Eng.º São Pedro e pronto, nisto,
quando eu então, de frente, deito o braço e puxo, foi quando o Eng.º Tiago o agrediu. Depois aparece também já o Eng.º Tiago
arranhado e esfarrapado, que sei, eu não vi, isto foi tudo envolvido. Não vi mas sei que foi o Eng.º São Pedro, só estávamos os
três, não é, portanto ninguém mais se bateu.
Sr.ª Delegada – Mas o Sr. previu que havia aí qualquer coisa e por isso é que agarrou o Eng.º São Pedro, foi?
Eusébio - Quando ouvi as palavras do Eng.º Tiago, é evidente que vi que havia um descontentamento e tentei distanciar, como é
lógico. De qualquer forma, se me dá licença, o Eng.º Tiago, tivera sido meu cliente numa determinada altura, talvez nas
dificuldades comerciais maiores que ele teve, cumpriu, dessa parte só tinha a dizer bem e estava na presença de dois amigos;
aliás, tinha estado a cumprimentar o Eng.º Tiago e nessa altura, estava na presença de duas pessoas amigas e pronto, de
qualquer deles não tenho razão de queixa, de qualquer deles não tenho, não tenho.
Sr.ª Delegada – Portanto, mas o Sr. agarrou o Sr. Eng.º São Pedro, ainda antes de ...
Eusébio - Na tentativa de o levar para dentro
:.... (cont.) ainda antes de ser agredido Falsas declarações: Quando ele se agarrou a mim eu já estava agredido
Eusébio - Sim, foi tudo naquele instante
Sr.ª Delegada – Agarrou-o e ele foi agredido pelo Sr. Eng.º Tiago?
Eusébio - Foi
Dr.ª Delegada – Não sabe quantos socos deu, vários murros, se deu só um...
Eusébio - Aquilo é tudo..., eu também entrei em pânico, não estava a contar com aquilo, quem é que fica ...., diga lá
Sr.ª Delegada – Mas o Sr. Eng.º Tiago não agarra nos braços do Eng.º São Pedro?
Eusébio – Não Falsas declarações
Drª Delegada – Ele diz que foi atrás dele, e que o agarrou e ...
Eusébio - conforme eu o agarrei, eu fiquei de costas para o Eng.º Tiago, não é ...
Dr.ª Delegada – Portanto, o senhor não tem dúvidas que viu a agressão, que houve uma agressão do primeiro, em primeiro lugar
do Sr. Eng.º Tiago ao Eng.º São Pedro
Eusébio - Não, não tenho dúvidas, eu já vi isso, eu já dei esse parecer... A conversa, neste momento, já está a ficar velha...
Dr. Juiz e Dr.ª Delegada interrompem – está bem, mas tem que dizer aqui, não temos outro remédio, vocês têm que o dizer e
nós temos que ouvir, não temos outro remédio, é a lei que diz isso. Sei que o Sr. já o falou noutras alturas e a gente já ....
(claro, temos que dizer aqui outra vez, a prova tem que ser toda provada em audiência, são as regras)
Dr.ª Delegada – E o que é que o Sr. Eng.º São Pedro sofreu, lembra-se?
Eusébio - Se eu me lembro?
Dr.ª Delegada – Olhe, e o Sr. Eng.º Tiago, ele depois fugiu, foi?
Eusébio - Não o Eng.º Tiago ficou ali assim um bocadinho, e depois foi levado por um tal Sr. Rogério e Abílio, é que o
conduziram cá para baixo, para evitar mais complicação. Falsas declarações: (ele fugiu pela escadaria abaixo e foram estes que lhe
entregaram a pasta e os papeis deixados em cima da mesa quando este subia a escadaria acima para os ir buscar)
Dr. Aníbal – Olhe, então vamos lá a saber, o senhor adivinhava que o Eng.º Tiago ia para bater no Eng.º São Pedro?
Eusébio - Se eu ....
Dr. Aníbal – Adivinhou que o Eng.º Tiago ..... porque é que foi logo agarrar o Eng.º São Pedro?
Eusébio - É que verifiquei que as palavras eram de desordem, e por isso é que ... Falsas declarações
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O arguido quando se dirigia para junto de nós, não proferiu qualquer palavra, porque nessas condições, eu não lhe teria estendido os braços para o
cumprimentar.
Dr. Aníbal, Ah, pelas palavras que ouviu do Eng.º Tiago .....
Eusébio - Era o tom de voz, eu não percebia, aliás desde o principio que houve palavras por ambas as partes mas que eu não
entendi. Falsas declarações
Dr. Aníbal – Mas então, o Sr. Eng.º Tiago dirigiu expressões, palavras que não percebeu, quais eram....
Eusébio - Não percebi o que é que ele disse Falsas declarações
Dr. Aníbal - Pronto, e nessa altura o Sr. percebeu que seria capaz de haver agressão, imediatamente.
Eusébio - É evidente
Dr. Aníbal – E por causa disso, segurou então, o Eng.º São Pedro?
Eusébio - A ideia foi levá-lo para o gabinete
Dr. Aníbal – Foi evitar que também o Sr. Eng.º depois ripostasse?
Eusébio - Oh Sr. Dr., desde que eu separasse um deles, só uma pessoa, acabava ali o diálogo, não é?
Dr. Aníbal – Sim senhor. Olhe, e então, o Sr. não deu conta que o Eng.º Tiago estivesse a dar abanões antes de desferir os
murros?
Eusébio - Aquilo foi tudo muito rápido, Sr. Dr.
Dr. Aníbal – Deixe lá, deixe lá ... deixe esses comentários que não são precisos
Eusébio - Estava na presença de dois amigos...
Dr. Aníbal – Oiça, veja se percebeu ou não, dentro desse movimento que foi muito rápido, talvez fracções de segundo, enfim,
mas se apercebeu que tivesse havido abanões antes dos murros.
Eusébio - Não me apercebi
Dr. Aníbal - Olhe, então qual é o momento em que o Eng.º rasga a camisa do Eng.º Tiago?
Eusébio - Não vi essa parte, eu só vi que foi o Eng.º São Pedro porque não havia lá mais ninguém. Não sei se foi o Eng.º Tiago
que tentou bater segunda vez e depois o Eng.º São Pedro se lhe agarrou, dessa parte não ...
Dr. Aníbal – Então, mas viu a camisa rasgada ainda lá dentro do hall?
Eusébio - Vi, vi
Dr. Aníbal – Viu.
Eusébio - Vi o Eng.º Tiago arranhado e rasgado Falsas declarações
Comentário:
Quando das declarações como testemunha no processo, não falou nestes arranhões e na camisa esfarrapada; ele apenas ouviu falar da cara
arranhada e da camisa rasgada, mas nunca viu nem a cara arranhada nem a camisa rasgada, não consta das declarações dos autos.
Dr. Aníbal – Estava arranhado, a camisa rasgada, então mas não sabe como é que isso aconteceu, como foi?
Eusébio - não vi concretamente.
Dr. Aníbal – Então, mas vamos lá ver, não conseguiu levar o Sr. Eng.º para o gabinete, ficou ali, não é assim?
Eusébio - Sim
Dr. Aníbal – O Sr. agarrou-o no sentido de o levar para o gabinete e não conseguiu levá-lo para o gabinete, pois não? ... ficou ali.
Eusébio - Exacto
Dr. Aníbal – E o outro Sr. Eng.º Tiago, para onde é que foi?
Eusébio - O Sr. Eng.º Tiago andava por detrás de mim, não sei se para bater ou, olhe, não sei.
Dr. Aníbal – Mas acabado o momento da agressão, para onde é que foi o Sr. Eng.º Tiago?
Eusébio - Naquele momento aparece o Rogério e o Abílio e eu já só vejo o Eng.º arranhado e eles agarraram na pasta e
acompanharam-no. Falsas declarações
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Dr. Aníbal – Então esteve ali consigo, viu alguma vez rasgar a camisa, ou arranhar o Sr. Eng.º Tiago?
Eusébio - Isso foi tudo naquele impasse em que eu estava agarrado a ele.
Dr. Aníbal – Não podia ser mais ninguém, não viu ou não ouviu, são coisas diferentes
Eusébio - São coisas diferentes, então se o homem está .....
Dr. Aníbal – O Sr. Eng.º (são Pedro) diz assim, eu rasguei-lhe a camisa quando ele já ia a ir-se embora, à saída, a fugir, rasguei-
lhe a camisa, não diz que o apanhou. E o Senhor não o viu rasgar a camisa, não o viu arranhar, mas diz assim: Quem é que havia
de ser?... é assim que o Sr. diz não é?
Eusébio - Não vi rasgar não.
Dr. Aníbal – Então o Sr. não teve sempre o Sr. Eng.º Preso?
Eusébio - Então se eu estava agarrado a ele, a puxá-lo para trás, se o Eng.º Tiago estava por detrás de mim, como é que o Sr. Dr.
quer que eu visse?
Dr. Aníbal – Então se o Sr. está no meio dos dois, como é que o Sr. Eng.º ia arranhar por trás?
Eusébio - O facto de o Eng.º São Pedro andar com as mãos no ar, levantar as mãos e arranhar, eu tinha que ver?
Dr. Aníbal – Mas então, ah, entretanto, apareceu o Sr. Rogério e mais quem?
Eusébio - O Abílio.
Dr. Aníbal – Na altura da agressão, só estavam os três, mais ninguém estava convosco?
Eusébio – Exactamente.
Dr. Aníbal – Mais ninguém pôde presenciar o que se passou. Quando aconteceu a agressão, estavam os senhores os três e mais
ninguém?
Eusébio - Estava a recepcionista. Falsas declarações
Dr. Aníbal – Estou só a perguntar-lhe se ela lhe disse que tinha visto ou não, ela .... que tivesse visto ...
Eusébio - Ela, no sítio onde estava via, então não via, não tinha de ver? No hall de entrada ela estava no local de trabalho dela.
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Dr.ª Paula – Olhe, o Sr. é o exemplo de que às vezes o decurso do tempo faz-nos avivar a memória. É que já disse aqui mais do
que prestou em declarações, e oxalá tivesse dito antes que havia também uma queixa do Eng.º Tiago contra o Eng.º São Pedro e
não havia prova. O Sr. não falou nestes arranhões e na camisa esfarrapada. Falsas declarações
….não há notícia de que o arguido tenha tido necessidade de qualquer assistência médica.
…. foi o Eng. São Pedro quem recebeu assistência/médica em momento seguido ao episódio dos autos (ver fls. 10 a 15 dos autos).
Dr.ª Paula - Olhe, pergunto-lhe o seguinte: Quando vê a primeira vez o Eng.º Tiago, ele não foi poisar a mala ou a carteira, ele
já tinha deixado lá a pasta.
Eusébio - Pasta, pasta.
Dr.ª Paula – Sim, ele poisou a pasta e foi à reunião com o Eng.º Candeias e depois é que voltou. Quando voltou, foi buscar a
pasta ou dirigiu-se logo para o Eng.º São Pedro?
Eusébio - dirigiu-se logo. Falsas declarações
Dr.ª Paula – É que o Eng.º São Pedro diz que ele ainda foi nessa altura poisar a pasta.
Eusébio - Se foi poisar, não foi a pasta.
Dr.ª Paula – Se foi, mas eu pergunto, lembre-se se foi à mesa ou veio directamente
Eusébio - Não, foi directamente. Falsas declarações
Dr.ª Paula – Olhe, e viu que ele proferiu umas palavras, não sabe o quê... , não eram .....estava descontente.
Eusébio - que havia descontentamento percebi eu .... a que era alheio até ali, eu até ali estava alheio.
Dr.ª Paula – Olhe, pergunto, para tentarmos abreviar, a que distância estava o Eng.º Tiago dos senhores quando começou a
falar?
Eusébio - dois metros talvez, à saída de um corredor e a entrar no hall.
Dr.ª Paula – Mas nós não conhecemos, portanto é mais ou menos dois metros, é isso?
Eusébio - Mais ou menos.
Dr.ª Paula – E diz que ouve palavras de ambos, ou seja, por essas palavras o Eng.º São Pedro também respondeu alguma coisa?
Eusébio - Eu disse que eram palavras de ambos. Falsas declarações
Dr.ª Paula - Mas também era descontentamento, era resposta a diálogo, tente lá descrever, mesmo não se lembrando, quais
eram as palavras, era assim género de uma discussão, um com o outro?
Eusébio - O que é que refere discussão?
Dr.ª Paula - O Sr. disse que o Eng.º Tiago proferiu palavras e houve palavras de ambos, não foi o que disse?
Eusébio - Exactamente, proferiram palavras ambos Falsas declarações
Dr.ª Paula – Com certeza. Foi troca de palavras um com o outro, ou estavam a falar para o ar?
Eusébio - Não, o Eng.º Tiago quando se vinha a aproximar da recepção, falou em alta voz qualquer coisa.
Dr. JUIZ – Oh Sr. Eduardo Eusébio, Sr. Eusébio, quem é que proferiu essas palavras?
Eusébio - Inicialmente, foi o Eng.º Tiago
Dr. Juiz - É evidente, não, porque se fosse evidente estava eu aí ou outro colega meu, não era o Sr. que estava aí a responder
atrás de mim, e eu a assistir e escusávamos de o chamar cá. Pronto, o Sr. Eng. Tiago, entra e começa, dirigindo-se contra o
Eng.º São Pedro, a dizer qualquer coisa que o Sr. não percebeu, mas que devia ser qualquer coisa agressivo ou ofensivo, certo? E
depois? Falsas declarações
Eusébio - Certo. E depois, o Eng.º São Pedro no mesmo momento também proferiu palavras, nesse pequeno curto espaço é que
eu empurrei o Eng.º São Pedro e que o tracei pelo meio. (eu proferi, o que há, o que há)
Dr. Juiz – Então, entre as palavras do Eng.º Tiago e o Sr. agarrar houve alguma tentativa de agressão, não foram só
palavras. Porque o Sr. não ia defender ninguém, se eram só palavras.
Eusébio - Oh Sr. Dr. Quando eu oiço aquele tipo de palavras, sabia que ia haver agressão, senti na pele que ia haver agressão.
Dr. Juiz – Pois, está bem, as razões aqui não interessam muito. O Sr. diz-me assim, ouviu o Eng.º Tiago a dirigir palavras contra
o Eng.º São Pedro, o Eng.º São Pedro a responder e, imediatamente, agarrou o Eng.º São Pedro para ele não ser mais agredido.
Eusébio - Para o empurrar para o gabinete, para evitar o que aconteceu, pronto, para evitar o que já aconteceu, vá. Quando eu
tentei empurrar para a frente ...
Dr. Juiz – É que o Sr. diz que são só palavras, então, se calhar, se o Sr. não tivesse empurrado o Eng.º São Pedro não tinha
havido nada, ficavam-se pelas palavras?
Eusébio - Se eu não tivesse empurrado, segurado e levado para trás, ah, então havia com certeza,
Dr. Juiz – Em que é que o Sr. se baseia para dizer que antes de o Sr. ter agarrado não houve agressão?
Eusébio - Não houve
CASSETE II (cont.)
Dr. Juiz – Olhe, Sr. Eusébio eu pergunto-lhe se as palavras do Eng.º Tiago podem ter sido assim em voz alta a dizer, “então
chama-se agora aqui, os nomes que me chamaste ontem ao telefone”, era assim deste género?
Eusébio - Vamos lá ver, se ouvisse isso já teria dito isso no princípio da conversa
Dr. Juiz – Mas não ouviu. Eram palavras injuriosas ou podiam ser mesmo só de discussão, ou estar a discutir, ou lembra-se de ter
ouvido algum palavrão do Eng.º Tiago?
Eusébio - O que é que chama, esse tipo de coisas?
Dr.ª Paula – Olhe, o Sr. não comece, já fez vários reparos que eu acho muito desagradáveis, o Sr. está aborrecido de vir cá, mas
tem que responder ao que lhe perguntam.
Dr. JUIZ – Não, faz muito bem Sr.ª Dr.ª, tem que responder tem, e os comentáriozinhos acabaram-se a partir de agora, está
bem? O Sr. ou sabe e tem obrigação de o dizer, ou diz que não sabe, ainda que a gente tente, que avive a sua memória. Parece
que o Senhor está aí com uma ameaça qualquer.
Eusébio - Não, é que está a perguntar-me que tipo de pergunta, de fala, é que utilizou o Eng.º Tiago, não é? E eu disse que a
fala era de agressivo.
Dr.ª PAULA – È que o Sr. numas coisas!.... Agora vai ter que me ouvir e o Sr. Dr. Juiz vai ter que me desculpar, o Sr. numas
coisas tem uma boa memória e até se apercebeu, intuiu que ia haver uma agressão quando nem viu agressão nenhuma e depois
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Eusébio - Distingui que elas eram de ordem de agressão e já eu percebi de principio, agora como é que eu defino isso bem, se
não entende? Falsas declarações
Dr. Paula – É porque o Sr. está a querer ocultar as palavras que ouviu, percebe?
Eusébio - Não
Dr.ª Paula – Olhe, já agora, está do lado do Eng.º São Pedro e não diga que não sabe o que ele respondeu, ao Eng.º Tiago?
Eusébio - Então, no meio daquele conflito como é que ....
Dr.ª Paula – Quando há palavras ainda não havia conflito, o Sr. já disse
Eusébio - Quando eu o atei pelo meio....
Dr.ª Paula – Então e o Eng.º São Pedro não foi ao encontro dele estender-lhe os braços, como se fosse para o
cumprimentar?
Eusébio - O Eng.º Tiago a cumprimentar o Eng.º São Pedro
Dr.ª Paula – Não, o Eng.º São Pedro quando viu o Eng.º Tiago a falar em voz alta, dirigiu-se a ele ou não, ou ficou parado a seu
lado?
Eusébio - Ele estava a conversar comigo
Dr.ª Paula – Tenha calma, ouça a pergunta; quando o Eng.º Tiago falou, ouviu as palavras e achou que estava descontente, o
Eng.º S. Pedro estava ao seu lado. Perante a entrada do Eng.º Tiago e dessas palavras, o Eng.º São Pedro avançou para o Eng.º
Tiago ou ficou parado ao seu lado?
Eusébio - Ele não avançou... Falsas declarações
Dr. Paula - Mas para a agressão dele, ele queria-se fazer ao Eng.º Tiago como se costuma dizer, queria avançar para o Eng.º
Tiago...
Eusébio - Se ele tentou avançar? Eu não me apercebi dessa parte, eu não me apercebi
Dr.ª Paula – Pois não, o problema é esse, o Senhor só não se apercebeu dessa parte
Eusébio - Pois não
Dr.ª Paula – Não se apercebeu de quê, eu só lhe pergunto se o Senhor avançou ou não avançou
Eusébio - Se o Eng.º São Pedro tentou avançar para o Eng.º Tiago, nessa parte não me apercebi
Dr. Paula – É possível que tenha tentado assim estender-lhe os braços, viu alguma vez o Eng.º São Pedro ...
Eusébio - O Eng.º São Pedro tentou estender-lhe os braços por cima de mim, quando o esfarrapou, com certeza, não é? Falsas
declarações
Dr.ª Paula – Não estou a perguntar se é difícil, está aqui a responder, eu não sou testemunha. Pergunto, de que forma é que
agarrou o Eng.º São Pedro?
Eusébio - conforme eu lhe agarrei foi de frente, foi assim...
Rd: Paula - Não ficou de frente para ele ou agarrou-o nas costas?
Eusébio - Primeiro agarrei-o de frente e rodei-o assim e depois fiquei de costas
Dr.ª Paula – Isso é para parar uma agressão, esse comportamento é alguém que vai agredir e nós tentamos que essa pessoa não
avance. Porque senão, dizia assim, o Sr. Eng.º vamos para ali, então não era? puxava-lhe o braço, não o agarrava para
manipular, para lhe obstruir os movimentos.
É ou não é verdade que o Eng.º São Pedro ia para reagir, e parece que chegou a reagir, conseguiu, pelos vistos, arranhar.
Eusébio - Sim, sim, sim,... Falsas declarações
Dr.ª Paula – Quando houve, já agora, a primeira agressão do Eng.º Tiago ao Eng.º São Pedro, qual foi, a primeira agressão, foi
uma bofetada , foi um murro, um arranhão, o que é que o Eng.º Tiago fez? A primeira coisa?
Eusébio - A primeira coisa, pareceu-me que foi um murro no nariz ..., eu vi os óculos e o nariz...
Dr.ª Pula - Então e ele não tinha já chegado ao pé do Eng.º Tiago, antes?
Eusébio - O Eng.º S. Pedro não saiu do mesmo sítio
Dr.ª Paula – É que aquilo que o Sr. está a descrever é possível que se tenha passado assim, quem não esteve lá, tem que tentar
perceber, Sr., não é coerente naquilo que diz...
Eusébio - Sim, sim
Dr.ª Paula - ... parece que houve palavras, troca de palavras, houve um choque, uma agressão, mas que até pode ter começado
pelo Eng.º S. Pedro, tanto que o Sr. não se virou para travar o Eng.º Tiago, mas para travar o Eng.º S. Pedro
Eusébio - O Eng.º S. Pedro era a pessoa que estava mais perto de mim, estava na frente dele a conversar quando oiço as
palavras... Falsas declarações
Dr.ª Paula – Então se havia agressão estavam os dois juntos um ao outro, ou estavam a dois metros de distância?
Eusébio - Eu com o Eng.º S. Pedro, não
Dr.ª Paula – Não, o Eng.º Tiago e o Eng.º S. Pedro estavam a que distância um do outro, nessa altura?
Eusébio - no inicio das palavras ou no acto?
Dr. Paula – Então, porque é que o Sr. diz que está mais perto do Eng.º S. Pedro do que do Eng.º Tiago?
Eusébio - Então, eu não estava a cumprimentar o Eng.º S. Pedro, quando aparece .... de costas?
Dr.ª Paula - Mas isso foi antes das palavras, estou a dizer nesse momento, estava de lado quer de um quer de outro, então
estavam...
Eusébio - Eu nunca larguei o Eng.º S. Pedro
Dr.ª Paula – Por isso mesmo é que é o momento anterior, o Sr. agarra pela razão que não nos quer dizer aqui.
Eusébio - não quero dizer, não. Não é o caso
Dr.ª Paula – Então tem que esclarecer isto, porque o Sr. não sabe explicar isto. Não pode dizer que estava mais perto do Eng.º S.
Pedro e que o agarra a ele, quando ele já tinha sido agredido..., o desgraçado já levou um murro (segundo o que está a dizer) e
anda por cima lhe tolhe os movimentos que ele nem sequer se pode defender. À frente e depois ainda vai para trás dele, na
altura até podia o Sr. ter ficado confuso, é bonito, admite-se, mas depois ainda vai para trás dele, agarra-o atrás e é ao Eng.º S.
Pedro que continua a tolher os movimentos..., para o deixar ser agredido; não se percebe, o Sr. está a esconder alguma coisa,
pode não ter visto tudo, já admitiu que há coisas que se passaram lá e o Sr. não viu.
Eusébio - Sim, naquele conflito entrei em pânico, quando aquilo se deu
Dr.ª Paula – O Eng.º Tiago não lhe chegou a telefonar a dizer se o Sr. pode ser testemunha para ir lá dizer o que se passou? O
Sr. até disse, “eu chego lá digo que não me lembro de nada, que eu não quero me envolver”, lembra-se desse telefonema?
Eusébio - Como é que diz ... isso?
Dr. Paula – Lembra-se desse telefonema? O Sr. diz que era amigo de um e era amigo do outro, mas o Eng.º S. Pedro já lhe deu
muito dinheiro a ganhar, com os projectos, é ou não verdade?
Eusébio - Ai, nesse, neste momento tenho que lhe dizer que é verdade, mas não sei para que lado tomba a balança. Desde o
princípio que eu disse aqui que o Eng.º Tiago também me ajudou bastante, portanto não ...
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Dr.ª Paula - E lembra-se da sua resposta, de dizer, “eu não quero porque eu sou amigo de um, sou amigo do outro”, não disse
isso?
Eusébio - Não confirmo isso
Dr.ª Paula – Não confirme, isso não é resposta, ou diz é verdade, ou diz não é.
Eusébio - Há três anos, não me venham perguntar agora, qual foi a resposta que eu dei ao Eng.º Tiago
Dr.ª Paula – Ah, mas é que o Sr. já falou tudo em ...., Sr. Rd, agora não.
Dr. JUIZ – Oh Sr. Eusébio, oiça lá, pronto, para além de ter dito essas coisas ...
Eusébio - houve uma chamada, de facto
Dr. Juiz - ... oiça, Sr. Eusébio, o Sr. tem que esclarecer o Tribunal qual foi a dinâmica do conflito, como é que o Sr. explica,
porque o Sr. diz assim: “ai não porque o Eng.º São Pedro nunca agrediu o Eng.º Tiago”. Certo? O Sr. disse isso, por outras
palavras, foi isso que disse.
Eusébio - Nunca agrediu
Dr. Juiz – O Sr. não viu isso, o Sr. não viu isso porque o Sr. vai afastar a briga, quer dizer, o Sr. diz assim, “entra o Eng.º Tiago,
começa a decifrar, exaltado com o Eng.º S. Pedro e tenta bater” e o Sr. para separar a briga, em vez de agarrar no agressor –
Eng.º Tiago, não, agarra no agredido para o encaminhar para a porta do gabinete, e entretanto, ...
Eusébio - nessa altura ainda não estava agredido, quando eu o agarrei. Falsas declarações
Comentário: O agarrar e a agressão não foram simultâneas, como ele afirmou anteriormente.
Quando o Eusébio se agarrou a mim eu já estava agredido, tinha levado o primeiro murro, que me provocou a fractura do nariz e a quebra dos
óculos que usava.
Só depois do primeiro murro, é que ele se agarrou a mim, e me aprisionou pela cintura e braços impedindo de os movimentar, enquanto decorriam
as agressões por parte do arguido, com vários murros na face da cara, descritos a relatório médico.
Comentário:
Não consta das declarações dos autos qualquer testemunho desta natureza: faltava esta do sangrar, para juntar ao
arranhado, esgadanhado e outras mais …
Dr. Juiz - Então eles tiveram contacto, o Sr. estar ali a agarrar o Eng.º S. Pedro, ou não ter estado, foi a mesmíssima coisa, o
Sr. não fez nada!
Eusébio - Não consegui fazer nada, não
Dr. Juiz – Não conseguiu
Eusébio - Ao fim e ao cabo não consegui evitar, a partir da altura em que não consegui evitar
Dr. Juiz – Porquê? Porque de facto, o Eng.º S. Pedro também veio a agredir o Eng.º Tiago, certo?
Eusébio - Sim
Dr. Juiz – Não se apercebeu que fugisse, olhe o Eng.º São Pedro, diz que ele que fugiu, e que ainda lhe deitou a mão para o
agarrar pela camisa, como é que o Sr. explica isto?
Eusébio - o que me apercebi, o que eu penso é que foi numa segunda tentativa de o Eng.º Tiago querer bater mais ou menos, e
que o Eng.º S. Pedro o agarrasse, dá-me impressão que foi assim...
Dr. Juiz – Mas olhe,.... aquilo que o Sr. está a dizer não faz sentido, porque foi do próprio Eng.º S. Pedro que o Eng.º Tiago
fugiu, embora não tenha explicado bem, porque quem estava a bater nele era o Eng.º Tiago, que de repente foge. E foi aí que
deitou a mão à camisa e é que terá rasgado a camisa. O Sr. lembra-se disto? Consegue-se lembrar disto? O Sr. estava lá, a única
coisa que o Sr. presenciou foi o Eng.º Tiago a querer bater no Eng.º S. Pedro, as palavras, primeiro houve as palavras, não eram
palavras amigáveis, eram palavras de exaltação e de insulto e, eventualmente, de intempéries de parte a parte, tendo
começado pelo Eng.º Tiago, é isto?
Comentário:
Não houve palavras insultuosas, nem da minha parte, nem da parte do arguido, porque a existirem, eu não lhe teria estendido os braços (mãos)
para o cumprimentar.
Dr. Juiz – O Eng.º Tiago começou, com intempéries, com palavras que não devem ser ditas, mais palavras, é? E o Eng.º S. Pedro
responde ou não?
Eusébio - também respondeu. Falsas declarações
Dr. Juiz – Respondeu!... e depois o Sr. diz que o Eng.º Tiago tenta agredir o Eng.º S. Pedro
Eusébio - Ele não tentou agredir, ele agrediu
Dr. Juiz – Agrediu, pronto, melhor, agrediu o Eng.º S. Pedro e o Sr. agarra o Eng.º S. Pedro...
Eusébio - Agarra não, já estava agarrado
Dr. Juiz - ... Já estava agarrado, já estava agarrado, ou seja, o Eng.º S. Pedro, que não estava a agredir ninguém, é que foi
agarrado, porquê?
Eusébio - Porque ia distanciá-lo para o gabinete dele, se eu o conseguisse levar na minha frente, para trás ....
Dr. Juiz – Mas o que é facto, quando o Sr. o agarra, ele também já estava com uma atitude agressiva, porque o Sr., se ele não
estivesse com uma atitude agressiva, o Sr. tinha-o conseguido levar para o gabinete dele, e a única coisa que o Sr. fez foi piorar
a situação dele, porque lhe tolheu os movimentos
Eusébio - evidente, com tudo isso, tudo isso aqui agora é fácil, na altura ...
Dr. Juiz – Mas nós queremos apenas a verdade, o que é que se passou?
Eusébio - Eu, eu, o meu raciocínio na altura, portanto, penso que isto acontece em quase todo o lado, é evitar, não é?
Dr. Juiz – Claro, a gente sabe, mas o Sr. não está a ser julgado, o Sr. está a depor como testemunha
Eusébio - e foi o que eu fiz
Dr. Juiz – E foi o que fez, agarrando o Eng.º São Pedro, mas no entanto o Eng.º São Pedro ainda bateu ao Eng.º Tiago
Eusébio - Sim, sim, não havia lá mais ninguém e se o homem aparece arranhado e esfarrapado, eu tenho a certeza que foi o
Eng.º São Pedro. Falsas declarações
Dr. Juiz – Então se o Sr. não viu nem um nem outro, como é que sabe que foi primeiro o Eng.º Tiago a bater?
Eusébio - Como é que sei?
Dr. Juiz – Olhe, quando o Sr. agarrou o Eng.º São Pedro, o Eng.º S. Pedro começou a crescer para o Eng.º Tiago...
Eusébio - Eu só vi, eu só vi o Eng.º Tiago, já esfarrapado, quando eu já andava meio por trás agarrado ao Eng.º S. Pedro, é que
vi assim, arranhado..., naquele impasse de frente eu não vi! Falsas declarações
Dr- Juiz – Então vamos lá por partes, Sr. Eusébio, o Eng.º Tiago cresce para o Eng.º S. Pedro, o Sr. está de costas ....
Eusébio - Sim, para o Eng.º S. Pedro, para o Eng.º Tiago,
Dr. Juiz – Para o levar para o gabinete, mas quando torna a olhar para o Eng.º Tiago ele está arranhado?
Eusébio - quando eu rodo mais para o lado onde o estava a pasta...
Dr. Juiz – ... já o viu arranhado o que significa que o Eng.º Tiago cresce para o Eng.º S. Pedro, o Sr. está no meio, é assim?
Eusébio - é sim
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Dr. Juiz - Portanto, o Eng.º S. Pedro não quis sequer fugir da briga
Eusébio - se não quis fugir ...
Dr. Juiz – E depois o Sr. olha e já está o Eng.º Tiago com a cara esgadanhada, não foi o Sr. que lhe esgadanhou a cara?
Eusébio - não, não fui eu não
Dr. Juiz – Só quem é que poderá ter esgadanhado a cara do Eng.º Tiago?
Eusébio - já disse desde o princípio para todos perceberem
....
....
Dr. Juiz – Portanto, foi isto que se terá passado, sim senhor.
Comentário:
Chama-se a isto moldar uma sentença a belo prazer pelo juiz. Primeiro, os arranhões que nunca existiram (provas?), depois a cara esgadanhada,
esta última com assinatura do autor da sentença; estejam atentos que a coisa não vai ficar por aqui, ainda lhe vão arranjar uma cara com sangue.
Havia de facto muito sangue no chão, mas da vítima da agressão, mas quanto a esta, nem uma gota de sangue.
Por favor, deixem-me desabafar, “isto mais parece um teatro”, talvez se perceba melhor a moldagem de que vos falava, da testemunha em
consentir tudo o que se lhe apresenta, depois de esgotada ao longo do interrogatório, resumindo esta última parte em caracteres cuja leitura não
seja perceptível que o objectivo estava atingido, baralhar a testemunha, que esta depois acaba por consentir tudo o que lhe for sugerido:
Dr- Juiz – Então vamos lá por partes, Sr. Eusébio, o Eng.º Tiago cresce para o Eng.º S. Pedro, o Sr. está de costas ....Eusébio - Sim, para o Eng.º S. Pedro, para o Eng.º Tiago, Dr. Juiz - ... e tenta agarrar o Eng.º S. Pedro? Eusébio - O Eng.º S. Pedro estava de
frente de mi, eu estava a cumprimentá-lo nessa altura...Dr. Juiz – Para o levar para o gabinete, mas quando torna a olhar para o Eng.º Tiago ele está arranhado? Eusébio - quando eu rodo mais para o lado onde o estava a pasta...Dr. Juiz – Já o Eng.º Tiago...
Eusébio - já o vi arranhado... Dr. Juiz – ... já o viu arranhado o que significa que o Eng.º Tiago cresce para o Eng.º S. Pedro, o Sr. está no meio, é assim? - é sim Dr. Juiz – O Sr. está no meio, e quando olha o Eng.º S. Pedro estava a crescer para o Eng.º Tiago
Eusébio - se ... Dr. Juiz – Estava a crescer para o Eng.º Tiago... Eusébio - Bom, tentou crescer como é lógico, senão, também eu tinha levado um empurrão para trás Dr. Juiz – Tinha levado um empurrão para trás Eusébio - é evidente Dr. Juiz - Portanto, o
Eng.º S. Pedro não quis sequer fugir da briga Eusébio - se não quis fugir ... Dr. Juiz – O Eng.º S. Pedro não quis fugir da briga Eusébio - não fugiu não Dr. Juiz – Isso, não quis Eusébio - Isso não quis, se fugisse também eu o levava fácil para trás, puxava-o Dr.
Juiz – E depois o Sr. olha e já está o Eng.º Tiago com a cara esgadanhada, não foi o Sr. que lhe esgadanhou a cara? Eusébio - não, não fui eu não Dr. Juiz – Só quem é que poderá ter esgadanhado a cara do Eng.º Tiago?
DRª PAULA – Então e o murro que não viu, sabe que foi dado o murro mas não viu. Na altura estava de costas, para o Eng.º
Tiago, ou estava já atrás do Eng.º S. Pedro?
Eusébio - Estava de frente, já foi dito tanta vez aqui.
Dr. Juiz - Mas tem que dizer tantas vezes, quantas forem necessárias até o Tribunal perceber
Eusébio - claro, Sr. Dr.
Dr.ª Paula – Não, mas é que o Sr. já disse que quando estava de frente, foi logo no inicio, depois foi agarrar nas costas ...
Eusébio - aquilo é segundos
Dr.ª Paula - São segundos, pois por isso mesmo é que nós precisamos de, não é massacrá-lo, mas estamos a tentar esclarecer.
Eusébio - exacto
Dr.ª Paula - A pergunta é quando é dado o murro o Sr. ainda estava de frente, ou estava de lado ou estava de trás do Eng.º S.
Pedro?
Eusébio - quando foi dado o murro eu estava de frente para o Eng.º S. Pedro
Dr.ª Paula – Então, como é que sabe se foi dado nessa altura, se não viu?
Eusébio - foi dado nessa altura, então eu não vejo logo o homem a sangrar, então estava de frente para ele
Dr.ª Paula – Se estava de frente para ele, os braços dele estavam seguros, ou ele tentava com o braços ...
Eusébio - Não, os braços estavam livres Falsas declarações
Comentário:
O Eusébio agarrou-me pela cintura e braços, razão pela qual fiquei com a cara exposta e ele me deu vários murros na face; os braços
estavam aprisionadas, o que não permitiam que eu me defendesse ou ripostasse às agressões.
Comentário:
O Eusébio agarrou-me pela cintura e braços, razão pela qual fiquei com a cara exposta e ele me deu vários murros na face; os braços
estavam aprisionadas, o que não permitiam que eu me defendesse ou ripostasse às agressões.
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Comentário:
O Eusébio agarrou-me pela cintura e braços, razão pela qual fiquei com a cara exposta e ele me deu vários murros na face; os braços estavam
aprisionadas, o que não permitiu que eu me defendesse ou ripostasse às agressões.
Dr.ª Paula – Se estava de costas para o Eng.º Tiago, se os braços do Eng.º São Pedro estavam livres, como é que sabe, pode ou
não dizer que o Eng.º S. Pedro agrediu o Eng.º Tiago?
Eusébio - Como é que eu sei, foi depois de o ver arranhado e não haver lá mais ninguém
Dr.ª Paula – Mas não lhe pergunto é se foi antes de ele dar o murro.
Eusébio - o arranhado!...
Dr.ª Paula - Mas é possível ou não ter sucedido nessa altura, e o Sr. não viu, estava de costas
Eusébio - o impossível, o possível é sempre possível
Para acabar com esta macacada toda de quem bateu em quem, vou agora demonstrar ao nosso juiz macaco de que fui eu a ser agredido e
não o agressor, aliás eu nem sequer arranhei ou esgadanhei o arguido.
Antes da testemunha Eusébio se agarrar a mim, o arguido vem no corredor, poisa um telemóvel e uns papéis que trazia consigo na mão em
cima de uma mesa do hall, e ao estender-lhe os dois braços, para o cumprimentar, agarra-me nos dois braços, dá-me vários abanões e
desfere-me um murro na vista direita, que me provocaram a quebra dos óculos que usava. Lembro-me das únicas palavras que proferi, cito,
…«mas o que há, o que há»
De seguida o Eusébio agarra-se a mim pela cintura e braços e tolhe-me os movimentos. (A intervenção do Sr. Eusébio começa aqui, na
tentativa de me arrastar para o meu gabinete, isto é, ele só se agarra a mim neste preciso momento, em que eu já tinha levado o primeiro
murro, e porquê? Porque a partir de agora em vez de me facilitar a vida, acaba por me prender também os braços e tolhe-me os
movimentos.
Após e, não obstante tentativas de o impedir de continuar, o arguido desferiu ainda vários murros na face.
Repare-se que o juiz macaco só fala do que lhe interessa; ele está ali nitidamente pela outra parte, por isso só fala de um murro mas o
relatório fala de vários murros na face (eu tinha a cara num bolo, por isso não vou esquecer macacos deste género), e sabem porquê e com
isto demonstro toda a verdade da mentira. É que só assim se justifica que tenha ficado com a cara exposta e o agressor me tenha feito a
cara num bolo. Eu estava com a cintura e braços aprisionadas pelo Eusébio. Só quando me liberto é que reajo e vou à procura dele e
apanho-o entre as duas portas de vidro e aí é que se dá o acto de rasgar a camisa pelas costas.
Em consequência das agressões descritas, sofri de traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz, equimose
palpebral superior e inferior, escoriação no punho esquerdo, medindo cerca de 2 cm de comprimento, as quais lhe causaram um período de
21 dias de doença, com incapacidade para o trabalho — cfr exames de fls 2 e 18 (o juiz macaco ignora os relatórios médicos a meu
respeito).
Como disse nas minhas declarações, e mais uma vês o confirmo, estive sempre aprisionado pela testemunha Eusébio, razão pela qual,
nunca foi possível da minha parte ter atingido o arguido.
Dr. Juiz - ... e tentasse esgadanhar o Eng.º Tiago, diga-me só, se é possível ou não tentar esgadanhar o Eng.º Tiago e depois o
Eng.º Tiago dá-lhe o tal murro, dá-lhe o tal murro e quando o senhor se volta já vê o Eng.º Tiago com o sangue.
Eusébio - Possível, é evidente que é...
Dr. Juiz – O Sr. não me diga que é evidente porque eu não estava lá, não se...
Eusébio - o Sr. Dr. desculpe lá, desculpe lá a minha linguagem, possível é, mas que eu visse não vi
Dr. Juiz – Só vê o Eng.º S. Pedro a sangrar, e depois, quando olha para trás, já está o Eng.º Tiago a sangrar Falsas declarações
Comentário:
Ele nunca esteve a sangrar como é que pode dizer que viu? Eu bem dizia para estarem atentos: Primeiro a cara arranhada, melhor dizendo
esgadanhada, finalmente temos em vez da vítima a sangrar o Eng.º Tiago a sangrar.
Atenção ao juiz macaco, as afirmações são dele, “arranhado” “esgadanhado” e a “sangrar”, acaba de transformar o agressor em
vítima.
Dr. Juiz – arranhado. Portanto o Sr. não viu o arranhão nem o murro
Eusébio - como diz
Dr. Juiz – não viu as consequências, viu a pessoa já arranhada e os óculos a cair, é isso, não é?
Eusébio - não percebi, Sr. Dr.
Dr. Juiz –viu os óculos a cair, e em princípio terão sido...; vamos imaginar esta situação: primeiro o Eng.º S. Pedro arranha o
Eng.º Tiago, o Sr. está de costas, o Eng.º S. Pedro arranha e o Eng.º Tiago dá o murro. O Sr. vê os óculos cair. Quando se volta
para trás já está o Eng.º Tiago arranhado a sangrar, certo?
Agora vamos imaginar a situação ao contrário. Primeiro dá o Eng.º Tiago o murro e depois, o Eng.º S. Pedro arranha o Eng.º
Tiago. Quando o Sr. volta para trás o que é que vê, o Eng.º Tiago arranhado, certo? O Sr. assim que o Eng.º Tiago dá o murro
vira-se logo para trás ou não?
Eusébio - Quando o Eng.º Tiago deu o murro, ...
Dr. Juiz – Quando sente o Eng.º Tiago a dar o murro no Eng.º S. Pedro, o Sr. olha logo para trás ou não?
Eusébio – para ver se tinha sido ele a dar o murro
Dr. Juiz – Logo a seguir a ele dar o murro, olha logo para trás ou ainda avança um bocado?
Eusébio - Não, nessa altura eu avancei ainda um bocadinho
Dr. Juiz – Portanto, não sabe se o empurrão, se o murro foi dado antes ou depois do arranhão. A única coisa que sabe é que
quando o Sr. dá o murro, e há um tempo de espera, enquanto ..., são fracções de segundo, o Sr. empurra, quando olha para
trás, já está o Eng.º Tiago a sangrar.
Eusébio - sim...
Dr. Juiz – Portanto, o Sr. não sabe o que é que foi dado primeiro, se o murro se foi o arranhão
Eusébio - Não, o primeiro que foi dado foi o murro
Comentário:
É importante perceber que: momentos antes de se agarrar a mim, a testemunha Eusébio, que está um pouco
atrás de mim, ao tentar prestar-me auxilio, me vê a sangrar e os óculos a cair ao chão
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Dr. Juiz – A distância que vai de um ao outro é a mesma. O Sr. Eng.º S. Pedro, levante-se lá o Sr.. Olhe é uma escadinha,
ponha-se lá no meio, entre, entre. O Sr. chegue-se um bocadinho mais para a direito, qual é que é mais baixo?
Eusébio - Foi ao contrário, é... aquele Sr. estava, estava de frente,...
Dr. Juiz – pois, mas a ordem era esta. Estava o Eng.º S. Pedro, o Senhor e o Eng.º Tiago. Agora diga-me lá, como é que o Eng.º
Tiago dá o murro ao Eng.º S. Pedro, passando por cima do Senhor, sendo certo que o Sr. diz que na posição em que estava o
Eng.º S. Pedro não consegue arranhar o Eng.º Tiago, porque o Sr. estava a empurrar,... a distância tem que ser a mesma, e até
lhe digo uma coisa, é mais fácil, é mais fácil o Sr. Eng.º S. Pedro arranhar o Eng.º Tiago, que é o movimento descendente, ou,
atendendo à normalidade (isto é especulativo), atendendo à normalidade do que o Eng.º Tiago dar o murro ao Eng.º S. Pedro,
porque é um movimento ascendente, ou seja, aquele tinha que crescer, enquanto aquele senhor bastava inclinar-se para baixo;
e o Sr. está no meio, agora como é que explica que, aquele senhor, não tenha arranhado primeiro, ou não tenha arranhado
depois, o Eng.º Tiago? É que o senhor está de costas, não se esqueça disso, para o Eng.º Tiago
Eusébio - Estava, sim
Dr. Juiz – Exactamente, portanto o que o senhor vê é o murro, sim senhor, mas os braços do Eng.º São Pedro,... (podem sentar-
se todos), não está a perceber, Sr. Eusébio?
Eusébio - estou a perceber, só não consigo é explicar toda aquela rapidez que aquilo,... acontece
Dr. Juiz – È isso que nós queremos , que nós queremos, como é que o Sr. diz que de certeza foi o Eng.º Tiago a dar primeiro o
murro,... o Sr. está de costas e quando olha, já tem..., o Eng.º S. Pedro a cara ensanguentada e depois, como é que explica a
seguir, na tese do Eng.º S. Pedro, o Eng.º Tiago fugia e ele foi atrás, foi aí que lhe rasgou a camisa e, na sua tese, o Sr. quando
olha já tem a camisa rasgada.
Eusébio - Na minha tese, foi que, quando...,... se é que,...
Dr.ª PAULA – Só um esclarecimento, sabe quantas vezes é que ele foi arranhado o Eng.º Tiago, foi só uma vez ou era dos dois
lados da cara?
Eusébio - não, não, isso não
Comentário:
A advogada do arguido já não se lembra do que disse, cito, …«que o Sr. Eusébio é o exemplo de que às vezes o decurso do tempo nos faz avivar a
memória. É que já disse aqui mais do que prestou em declarações, e oxalá tivesse dito antes que havia também uma queixa do
o Sr. não falou nestes arranhões e na camisa esfarrapada »
Eng.º Tiago contra o Eng.º São Pedro e não havia prova;
A testemunha acabava de apresentar um depoimento falso, aliás, ele nunca viu os arranhões e a camisa esfarrapada como poderão constatar
seguidamente, mas como a situação era favorável ao arguido, a advogada sabia que ele estava a mentir e o juiz deixa seguir e fazer prova o que
nunca existiu.
Quanto ao advogado que me representou, fez o papel de mero observador. Segundo me informou, no próprio dia da audiência de julgamento
Dr.ª Paula – Olhe, eu pergunto só o seguinte: conhecia já ambos, não é? Há algum tempo, conhecia quer o Eng.º Tiago quer o
Eng.º S. Pedro, já os conhecia.
Dr.ª Paula – Então, o Sr. diz que já os conhecia...
Eusébio - não, eu ia dizer-lhe, responder, pois,...
Dr.ª Paula - Pergunto, havia algum problema, já a nível da EDP, do Eng.º São Pedro, de problemas com colegas, devido a uma
depressão nervosa que ele tinha, ouviu falar nisso?
Eusébio - Eu ouvi, já ouvi comentários depois disso, mas eu fui chamado aqui para dizer o que vi e o que sei,...
Dr.ª Paula – Não é isso, não tenha receio de falar sobre isso.
Eusébio - Eu não posso estar, não posso estar, não posso vir agora falar...
Dr.ª Paula – Eu sei, que o Sr. tem tido a preocupação de não ir contra o Eng.º S. Pedro.
Eusébio - O quê?
Dr. JUIZ – Não é preciso jurar, já prestou juramento,.... qualquer conhecimento. depois disso.
Eusébio - Depois disso, ouvi comentários de que havia relações....
Dr. Aníbal – Tenho eu aqui,... uma série de coisas, não é... finalmente queria perguntar se de facto ele viu ou não viu o Eng.º
Tiago a dar o murro no Sr. Eng.º S. Pedro,....
Dr. Aníbal – Não, espere aí que eu quero ouvir outra vez, eu quero ficar aqui esclarecido, eu quero ficar ....
Dr. Aníbal – A testemunha foi clara no princípio, não é, no fim de tanto trabalhada, começou a baralhar também a gente.
Dr. Juiz – O Srs. Drs., calma aí, calma aí, que eu vou fazer a pergunta:
– O Sr. viu ou não viu o Eng.º Tiago a dar o murro no Eng.º S. Pedro?
Eusébio - Sr. Dr. já lhe, ..... se eu estava..., se eu ao agarrar no Eng.º S. Pedro, de frente, e vejo o Eng.º S. Pedro a sangrar,
porque aquilo foi tudo num instante, não houve espaço para diálogo nem conversação ali.
Dr. Juiz – Oiça, oiça,... a pergunta é muito simples, o Sr. viu ou não viu o Eng.º Tiago a dar o murro no Eng.º S. Pedro?
Eusébio - a mão lá a bater não vi,
Dr. Juiz – Vê o homem a sangrar e os óculos a cair, mas não vê o murro, porque é mais baixo e está a agarrá-lo...
Eusébio - sim, sim...
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Dr. Juiz – Apercebe-se de que houve o murro porque vê o homem a sangrar, na sua expressão e os óculos a caírem partidos, é
isto?
Eusébio - Sim
Dr. Aníbal – Sr. Dr. Juiz, a testemunha diz que viu o homem a sangrar e faz este gesto assim...
Dr. Juiz – Pois faz, mas... , oh Sr. Dr. a testemunha diz o que diz, o Sr. viu o murro ou não viu o murro?
Dr. Aníbal – e nessa altura, e no princípio disse sempre que viu, só não viu arranhões nem viu agressão da camisa
Dr.ª Paula – Mas agora esclareceu...
Dr. Juiz – Sr. Dr. Aníbal Pedro, Sr.ª Dr.ª Paula Brum, Sr. Eusébio, concluí que tinha havido um murro ou viu o murro?
Eusébio - eu conclui que o murro foi dado pelo Eng.º S. Pedro... (lapso)
Dr. Juiz – Não é isso que está em causa, o Sr. tem que dizer aquilo que viu.
Eusébio - agora, esta parte vi.
Dr. Juiz – O Sr. tem que dizer aquilo que viu, o Sr. não viu o murro, simplesmente viu o nariz esmurrado e os óculos a cair, é
isto, ou viu o murro?
Eusébio - Sim, sim, ele deu-lhe por trás de mim assim (empunhando o braço)...
Drª PAULA – Se estivermos aqui mais meia hora, ele já diz que viu dois murros em vez de um.
Dr. ANIBAL – Pois é, o que interessa é o que ele diz no princípio, isso é verdade,
Dr. Juiz – Não, não, não, o Sr. viu o murro a ser dado?
Eusébio - eu não vi o murro a ser dado, eu vejo o homem a bater...
Dr. Aníbal – Perguntava-lhe a seguir se, uma vez que ele disse que o Eng.º Tiago foi rápido, ir ao encontro do Eng.º S. Pedro,
dar-lhe o murro,... se nesse espaço, entre esses, nesse momento, nesse intervalo, se havia possibilidade do Sr. Eng.º S. Pedro
ter agredido o Sr. Eng.º Tiago.
Dr. Juiz – Ou seja, a pergunta é esta, ouve ali um intervalo de ... a pergunta é esta...
Eusébio - Dá-me ideia que houve um intervalo de tempo
Dr. Juiz – A pergunta é, se dava espaço quando o Senhor, espaço físico e espaço de tempo,...o Senhor agarrou o Sr. Eng.º S.
Pedro, dava espaço para o Eng.º Tiago se dirigir ao Eng.º S. Pedro, é o tal murro, se dava espaço para o Eng.º S. Pedro agredir o
Eng.º Tiago.
Eusébio - Não houve espaço, da maneira como eu o tracei e a empurrar, ele veio atrás de nós e é que bateu.
Dr. Juiz – Então se não havia esse espaço, e agora a pergunta já é minha, não é do Sr. Dr., como é que o Eng.º Tiago consegue
chegar ao Eng.º S. Pedro, sendo certo que o Eng.º Tiago tem os braços mais pequenos?
Eusébio - Como é que ele lá chegou?
Drª Paula – está gravado, obviamente é, e a questão é se o Sr. Eng.º Tiago consegue dar o murro no Eng.º S. Pedro, como é que o
Eng.º S. Pedro não tem espaço para o esgadanhar?
Eusébio - A libert...., a...., ele também estava mais liberto, o Eng.º Tiago estava muito mais liberto de acção que não estava o
Eng.º S. Pedro.
Dr. Juiz – E o esgadanhar, esgadanhar é precisamente com isso, é com as mãos..., o esgadanhar, lá os arranhões, é com as mãos.
Eusébio - Sim, sim, tudo leva a crer que foi...
Comentário:
Dr. Juiz (O juiz ajuda) - e o esgadanhar é com as mãos, ….. os arranhões, é com as mãos …., como é possível eu com os
braços aprisionados, o arguido ter a cara esgadanhada, só pode ter sido ummonstro:
Esse monstro irracional é o Juiz ajuda
Dr. Juiz – Fez assim, ele faz assim...
Eusébio - Dá a ideia...
Drª Paula – Desculpe, sei que é maçador e a testemunha já está farta, mas há um esclarecimento, porque o meu ilustre Colega
pretendeu agora dizer que a testemunha sempre disse que viu o murro....
Dr. Aníbal – Não, isso está gravado, está gravado, não vale a pena discutirmos isso.
Dr. Juiz – Senhores Doutores, o Sr. Eusébio está cá também no dia... de Julho, pelas 9,30 h, que é melhor não se ir embora. As
pessoas que estavam para as duas horas têm que vir às três, está?
Esta audiência...
Versão da testemunha
…eu ia para ir ao encontro do Eng.º Candeias, entretanto o Sr. Eng.º Tiago entrou e deixou a pasta na mesa que lá está e foi lá, na minha frente,
ao Eng.º Candeias e eu fiquei ali à espera da minha vez e até, ao mesmo tempo, olhando pela pasta dele. Estive ali assim e depois de um bocado
aparece o Eng.º São Pedro que eu não tinha nem tenho ciente se ele vinha das escadas ou se vinha do gabinete dele. Essa parte não a sei definir,
pronto. Chegou ali e eu levantei-me para o cumprimentar e
……entretanto aparece o Eng.º Tiago que vinha da parte do Eng.º Candeias. Ora bem, pronunciaram-se palavras, do Eng.º Tiago que não percebi,
não entendi, sei que havia descontentamento, e entretanto eu, entrei de frente para o Eng.º São Pedro, agarrei-o para o fazer entrar para o lado
do gabinete dele, para o lado do gabinete do Eng.º São Pedro e pronto, nisto, quando eu então, de frente, deito o braço e puxo, foi quando o
Eng.º Tiago o agrediu. Depois aparece também já o Eng.º Tiago arranhado e esfarrapado, que sei, eu não vi, isto foi tudo envolvido. Não vi mas
sei que foi o Eng.º São Pedro, só estávamos os três, não é, portanto ninguém mais se bateu.
Versão do Agredido
Cruzei-me ali com uma pessoa conhecida (o Sr. Eusébio, testemunha), estávamos a conversar, eu ia para junto do meu chefe de departamento;
entretanto, chega este senhor que me agrediu, o Sr. Eng.º Tiago e eu, que estava ali, não pensando que tal ia acontecer, a pessoa vem no
corredor, vem ao meu encontro e eu, julgando que ele me vinha cumprimentar, abro (estendo) os braços e a pessoa agarrou-me nos dois braços e
deu-me vários abanões. De seguida a esses abanões, eu apenas questionei: “mas o que há, mas o que há?” e nesse preciso momento esse Sr. dá-
me um murro na vista direita e parte-me os óculos. De seguida dá vários murros. Entretanto, a pessoa que estava presente agarrou-me, fiquei
prisioneiro dela (no bom sentido) para evitar mais problemas. Portanto, eu fiquei sem qualquer possibilidade de me defender... etc.
Escusado será dizer que o que se seguiu a partir daí foi que ele me esbofeteou a cara, por onde quis, quanto quis, e até onde quis. Enfim...
Seguidamente a esse acto, ele foge pela porta do hall, eu agarro-o pela camisa e a camisa esfarrapou-se, porque ele já então do lado de lá da
porta e eu deste lado agarrei-o...
Aqui está mais uma prova em que o agressor confessa ao seu amigo, director do jornal” Povo da Beira”, a verdade dos factos, cito… «depois de
sair do gabinete do engenheiro Candeias, no interior do imóvel da EDP, cruzou-se com o engenheiro São Pedro, no hall da entrada, poisou uma
pasta e um telemovel em cima da secretária do segurança, e iniciou, de imediato, uma sessão de socos, massacrando de modo contundente,
sistemático e impiedoso o nariz do engenheiro S.Pedro»,…fim de citação.
Versão do Agressor
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Começou a falar sobre a matéria a mentir, vou ter que esclarecer o que ele referiu:
Em audiência de acareação, cito, .. «que vem com um telemóvel pasta e papéis, que está junto a uma mesa, e que eu me dirijo para ele
e que lhe esfarrapo a camisa».
… quando chego ao hall, deparo então com ....e disse: “o Sr. agora vai-me chamar os nomes que me chamou ontem à noite”
Dr. Juiz – Tem que dizer os palavrões! Para sabermos se é grave, se não é grave!
Eng.º Tiago – Eu posso dizer: “Sacana, cabrão, filho da puta,” coisas desse género...
Quanto aos palavrões que não disse, só me resta, submeter-me ao teste do polígrafo, programa TVI tardes da Júlia.
A pergunta é simples: Na véspera dos factos em que ocorreram as agressões de que foi vítima em 07/07/1999,
injuriou, a quem o agrediu, com palavrões: Sacana, cabrão, filho da puta. Resposta, Sim ou Não?
Dr. Juiz – Mais alguma coisa? É que se não fico na convicção de que o Eng.º S. Pedro poderia ter-se dirigido a si: “O meu amigo, dê cá um abraço!”
temos que saber da gravidade...
Eng.º Tiago – Não, não, foi assim: “seu sacana, seu filho da puta, meu cabrão, levas já aqui!”
Como se isso não bastasse, o arguido embalado pelos palavrões, acrescenta ainda, levas já aqui,….é o vale tudo nesta
audiência. Mas que ligação têm a ver os palavrões, citados no dia anterior, com o “levas já aqui”, no desenrolar dos acontecimentos do
dia seguinte, na audiência? Isso só prova a falta de coerência dessas afirmações e inverdades. Fica mais que provado que é
falso.
Eng.º Tiago – Basicamente foi isto. Começou-me a empurrar, “levas já aqui, levas já aqui”, até que me encostei à secretária da recepção; levava
um telemóvel, voltei-me para trás, poisei, voltei-me para a frente e ele sempre na mesma atitude provocatória e ameaçadora, perto de mim.
Perguntei: “levas onde?”
Comentário:
Comentário:
Além das declarações serem totalmente falsas, não há notícia de que ele tenha tido necessidade de qualquer assistência médica.
Eu confesso, não sei bem o que aconteceu, a certa altura, sei que me defendi e como se costuma dizer em língua corrente,
“ceguei”, eu devo ter cegado porque não me lembro exactamente, sei que desferi murros, umas estaladas, não sei bem
exactamente, o que aconteceu.
Comentário:
São as desculpas do agressor confesso, cito,..«Lembro-me que estava lá, na altura, o Eduardo Eusébio, que assistiu, e lembro-me que havia uma
pessoa por detrás dos vidros porque aquilo tem umas portas de vidro, pessoa essa que eu não sei quem é, tenho ideia de o conhecer de Castelo
Branco, que não sei identificar, nunca me foi apresentada. Na altura, como disse à Dr.ª Paula, pensei procurá-la mas depois desisti porque não
sei quem é».
Versão do arguido em audiência de acareação, cita-se: «que vem com um telemóvel pasta e papéis, que está junto a uma mesa, e que
eu me dirijo para ele e que lhe esfarrapo a camisa». Pergunta-lhe o Dr. Juiz, e o Sr. não faz nada ao Eng.º São Pedro. - Dr. Juiz, olhe que
o relatório médico, diz aqui coisas muito graves. O arguido, cita-se....«dei-lhe uma chapada». Ao que eu questiono o Dr. Juiz, faça
favor de concluir Sr. Dr. Juiz, se é com uma chapada que se originam os danos físicos descritos a relatório médico.
Nota: Foi com base no exposto que o tribunal decidiu levá-lo a julgamento.
Na audiência de acareação com o arguido, tive a oportunidade de esclarecer o Sr. Dr. juiz, que o que acabava de ouvir, da parte do
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Repare-se que a conversa dos palavrões, “sacana, cabrão, filho da puta”, foi inventada, para a audiência de discussão e julgamento, tenho
a certeza que não existem em parte alguma estas expressões, porque senão ele tê-las ia proferido, que eu o teria ofendido, na audiência
de acareação.
Aliás pessoas que foram a depor, algumas delas, que estavam a escassos metros, máximos 5 metros do local, numa sala ao lado, de porta
aberta, será caso para perguntar ninguém ouviu nada, pois não, é que nada foi pronunciado, de facto!
Também nunca referiu que eu o arranhei na cara, isso nunca existiu, nunca apresentou provas, quando apresentou queixa
Afinal, ele só veio para aqui falar de projectos e mais projectos, ameaças de morte, que lhes dava tiros e que ia buscar a caçadeira. É
conhecido por muita gente na cidade
Quanto às agressões:
em audiência de acareação, cita-se: ....«dei-lhe uma chapada», ao que eu questiono o Dr. Juiz, se é com uma chapada que se
originam os danos físicos descritos a relatório médico.
em audiência de discussão e julgamento, … a certa altura, sei que me defendi e como se costuma dizer em língua corrente, “ceguei”, eu
devo ter cegado porque não me lembro exactamente, sei que desferi murros, umas estaladas, não sei bem
exactamente, o que aconteceu.
Dr. Juiz – Então ó estava o Senhor, o ofendido e essa pessoa, o Eduardo Eusébio
Eng.º Tiago – Esse Sr. Eusébio que eu conheço muito bem, com o qual estava a falar antes de ir ter a reunião com o Eng.º Candeias, já
inclusivamente, executou serviços para mim, de projectos elaborados pelo Eng.º S. Pedro. Portanto não era um conhecimento recente, é antigo.
Já havia vários contactos entre nós, que sempre correram bem. De repente, por alguma razão, ouvi mais tarde, que esse senhor andava
problemas, inclusivamente, dentro da própria EDP falei com colegas que ele ameaçou
desequilibrado, com
de morte, que lhes dava tiros e que ia buscar a caçadeira. É conhecido por muita gente na cidade que ele andava
desequilibrado....eu não sabia, passo o meu tempo na exploração.
As ameaças de morte e os tiros de caçadeira deram o que deram nos inquéritos e no ministério público, resultado zero.
Esses colegas a que se refere o Agressor são 2 cobardes da pior espécie, e tenho razões para o afirmar, apanhei-os a conspirar, numa
comunicação de um para o outro, e numa reunião arrasadora, com o então director Eng.º Chaleira, e após tudo ficar esclarecido, um deles, o
autor da comunicação, foi severamente punido na avaliação de desempenho. Foram eles que estiveram envolvidos com o agressor na publicação
da notícia do jornal povo da beira, logo a seguir ao episódio da agressão.
A Empresa procedeu internamente a um inquérito preliminar para averiguar de eventuais responsabilidades que pudessem sustentar o processo
disciplinar, o qual permitiu concluir não ter havido qualquer violação dos meus deveres, consignados no Acordo de Empresa (ACT), pelo que não
permitiu formalizar a respectiva nota de culpa, tendo sido arquivado.
Afinal, onde estavam as fontes EDP que contactaram o Jornal, e que alegaram que também tinham sido alvo de ameaças de morte. Então não se
pronunciaram? Então não falaram no inquérito? Onde estão esses cobardes que falaram nos jornais? Currículo de irregularidades, têm eles.
Sabem, o que vos posso dizer, do que me foi transmitido por algumas pessoas que foram inquiridas, é que o que se estava de facto a passar mais
parecia uma “república das bananas”, isto é, não se sabia “quem mandava em quem”. Daí a desordem e caos que se havia instalado, pelo
desrespeito da estrutura hierárquica no Departamento de Equipamento que eu chefiava, causado por estes dois Senhores Directores Aires Messias
e seu seguidor Maia Alves, que aqui deram o tudo por tudo para dar a sua mãozinha a um seu amigo de partido, e depois deu o que deu.
Dr. Juiz – Ouça, não é o ofendido que está a ser julgado neste processo; quanto aos alegados factos relativos à elaboração de projectos, há
certidões das declarações do arguido e ao M.ºP.º para, querendo investigar....
Dr. Juiz – Mas diga-me uma coisa, isto passou-se, segundo a sua versão, agiu porque sentiu-se ameaçado pelo
ofendido que o insultou, ameaçou...
Eng.º Tiago – e agrediu
Comentário:
Primeiro eram as desculpas do mau pagador que queria pagar e nunca pagou, agora são as desculpas de vitimização agiu porque sentiu-se
ameaçado, foi insultado e agredido, e mais, o que é que falta na lista …, chama-se a isto linguagem dos manuais de direito, é para brincar aos
tribunais portugueses, que envergonham Portugal e os portugueses.
É a versão dele, agressor, e do juiz macaco que a vai transcrever para a sentença, do anexo
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Comentário:
Afinal o arguido confessa que se descontrola e deu uns murros (na vista direita, e na cara,
descritos no relatório médico )
Comentário:
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Relatório - Sentença
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Relatório - Sentença
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1.1. Na sequência de despacho de pronúncia proferido nos autos, foi ordenada a remessa dos autos a julgamento, em
processo comum, com intervenção do tribunal singular, de Tiago Homem de Sousa Pires, casado, engenheiro agrónomo,
nascido a 26 de Fevereiro de 1956, natural de São Sebastião da Pedreira, Lisboa, filho de José Pedro Carneiro de Castro
Norton e Sousa Pires e de Maria Rita Fernandes Homem Rodrigues de Sousa Pires, residente na Herdade de Joanafaz,
Idanha a Nova; porquanto indiciam suficientemente os autos que é imputável ao arguido a prática, em autoria material,
de 1 (um) crime de ofensa à integridade fisica simples, previsto e punível pelo art.° 143°, n° 1 Código Penal, conforme
douto despacho de pronúncia de fls. 172 e ss., o qual se dá por inteiramente reproduzido.
1.2. O ofendido não se constitui como assistente, tendo pedido, a título de indemnização cível, a condenação do
demandado ao pagamento da quantia de 3.990,38 € por danos não patrimoniais.
Também o Hospital Amato Lusitano apresentou pedido de indemnização cível pugnando pela condenação do demandado
ao pagamento da quantia de 249.148$00, a título de danos patrimoniais.
1.3. O arguido apresentou contestação escrita à acusação alegando em sua defesa tudo o que se viesse a provar em
audiência de discussão e julgamento.
Contestou, ainda, o pedido de indemnização cível alegando que também havia no mesmo tempo e lugar sido agredido
pelo demandado. Arrolou 8 testemunhas.
1.5. Procedeu-se a julgamento, com observância do legal formalismo, não se tendo suscitado nulidades, excepções,
questões prévias ou incidentais de que cumpra conhecer.
2. FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO
2.1.1. No dia 7 de Julho de 1999, pelas 17h 00 m, no pátio das instalações da EDP, na Avenida Nuno Álvares, em Castelo
Branco, após o Eduardo Trindade Eusébio agarrar ambos os braços de Joaquim Emílio São Pedro, colocando-se à sua
frente e de costas para o arguido, este deu-lhe vários abanões, desferiu um murro na vista direita deste, o que lhe
provocou a quebra dos óculos que usava.
2.1.2. O Eduardo Eusébio agarrou ambos os braços do queixoso por este ter iniciado uma agressão contra o arguido,
nomeadamente, agarrando-o com violência e agredindo-o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais
agressões de molde a arranhar a cara e a rasgar a camisa do arguido.
2.1.3. Os abanões e murro desferidos pelo arguido contra o queixoso foram-no pelo facto deste, nas mesmas
circunstâncias de tempo e lugar, ao ver o arguido a entrar naquele local, a ele se ter dirigido para o agredir. Na
sequência da agressão perpetrada pelo queixoso, veio o arguido a sofrer vários arranhões e a ficar com a camisa
rasgada. Tais factos sucederam a iniciativa do queixoso, o qual iniciou a agressão, e enquanto este agredia o
arguido proferia insultos como "Cabrão!" e "Filho da Puta!", sendo certo que o queixoso é muito mais alto e
corpulento que o arguido.
2.1.4. Na verdade, o arguido e o queixoso andavam já desavindos, sendo certo que, na noite da véspera dos factos,
este havia telefonado àquele tentando que lhe fosse paga uma dívida antiga, tendo a conversa terminado em
violenta discussão, na qual o queixoso ameaçou e insultou o arguido.
2.1.5. Em consequência dos factos descritos de 2.1.1. a 2.1.3., o queixoso sofreu equimose palpebral superior e
inferior, escoriação do punho esquerdo, medindo cerca de 2 cm de comprimento, e traumatismo da pirâmide nasal
com fractura dos ossos próprios do nariz, as quais lhe causaram um período de 21 dias de doença, com incapacidade
para o trabalho.
2.1.6. O arguido, ao agir como agiu, quis apenas defender-se da agressão que o queixoso iniciou, tanto mais que foi
este queixoso quem iniciou, de forma violenta, a agressão ao arguido; havia-o anteriormente ameaçado e insultado;
e é muito mais alto e corpulento que o arguido.
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2.1.7. O arguido iniciou um processo de fuga assim que as agressões do Joaquim São Pedro cessaram, por força,
nomeadamente, da intervenção do Eusébio Trindade, o qual impediu que o queixoso agredisse mais o arguido.
2.1.8. O demandante sofreu fortes dores não só no momento dos factos praticados pelo arguido como depois de tais
factos e, ainda, por vários dias.
2.1.9. O demandante sofreu prolongados incómodos, aborrecimentos e sensações de mal-estar pelo que esteve internado
e depois do internamento.
2.1.10. O demandante sentiu-se profundamente vexado e humilhado pelos factos praticados pelo demandado, sendo
certo que tais factos se fizeram constar publicamente inclusive através de uma imprensa regional.
2.1.11. O demandante padecia então de uma depressão crónica (distimia) de que ainda não se encontra curado, e que se
expressa em tristeza, pessimismo, desânimo, anorexia, irritabilidade, insónia e dificuldade na esfera sexual.
2.1.12. A doença referida em 2.1.11. exponenciou a atitude agressiva do demandante contra o demandado, no momento
da prática dos factos.
2.1.13. O demandante teve de sujeitar-se a um internamento de cerca de 15 dias na Clínica de Montes Claros, em
Coimbra, sujeito a medicação que lhe causou necessariamente absoluta sonolência e imobilidade o que lhe acarretou
mais elevados e continuados incómodos, aborrecimentos e mal estar, danos morais que ainda hoje perduram.
2.1.14. Os danos materiais sofridos pelo demandante foram considerados como acidente de trabalho e foram ressarcidos
pela seguradora "Mundial Confiança, S.A.".
2.1.15. O demandado foi alvo de uma agressão por parte do demandante, na sequência de provocações anteriores
efectuadas telefónica e presencialmente por este.
2.1.16. O demandado é uma pessoa séria e honrada que vive do seu trabalho, não tendo antecedentes criminais.
2.1.17. Já antes do incidente ocorrido com o demandado que o demandante havia demonstrado uma personalidade
desequilibrada, dada a conflitos pessoais e profissionais.
2.1.19. Vive com a mulher, que também é técnica agrária, na área da silvicultura e com o arguido trabalha, e com 3 filhos,
um de 11 anos, outra de 10 anos e outro de 6 anos, todos estudantes.
2.1.20. O agregado familiar vive da exploração agrícola de duas propriedades, em situação económica desafogada.
Finalmente, provou-se que:
2.1.21. Joaquim São Pedro recebeu cuidados médicos e assistência no Hospital Amato Lusitano de 7 a 9, 11 e 12 de Julho de
1999, 7 de Setembro de 1999 e 11 e 19 de Outubro de 1999.
2.1.22. Tais tratamentos foram, em parte, resultado dos ferimentos sofridos pelo Joaquim São Pedro aquando da ocorrência
dos factos referidos de 2.1.1. a 2.1.7.
2.2.2. O arguido, após ter praticado os factos referidos em 2.1.1. desferiu vários murros na face do queixoso.
2.2.3. O arguido quis ofender o corpo e a saúde de Joaquim São Pedro, o que conseguiu, bem sabendo que agia contra a
vontade do mesmo.
2.2.4. Agiu de forma deliberada, livre e consciente, bem sabendo que tal conduta é proibida e punida por lei como crime.
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2.2.6. O demandante esteve internado por uma semana e que o tempo em que esteve internado foi-o por força dos factos
praticados pelo arguido.
2.2.7. Os factos referidos em 2.1.13 foram consequência dos factos praticados pelo arguido.
2.2.8. O pai do demandado faleceu muito cedo, tendo ficado a sua mulher com o encargo de educar os filhos.
a) nas declarações do arguido, o qual, não obstante esta sua qualidade, apresentou um depoimento coerente e objectivo.
Na verdade, confessou parcialmente os factos tendo trazido ao conhecimento do tribunal, uma versão plausível dos
mesmos. As declarações do arguido serviram para criar no tribunal a sua convicção quanto às suas condições pessoais.
b) O depoimento do queixoso e demandante cível teve de ser valorado em termos muito hábeis.
Na verdade, para além de não ter conseguido dar explicação para o facto do arguido também ter sofrido, ele próprio,
arranhões e ter ficado com a camisa rasgada, a sua versão dos acontecimentos é perfeitamente incompaginável com as
suas declarações: diz que foi agredido pelo arguido quando se dirigia a ele de braços abertos para o abraçar (não
podemos esquecer que tinha havido uma violenta discussão entre ambos há bem pouco tempo, na qual o queixoso havia
ameaçado e insultado o arguido), no entanto, foi impedido de o abraçar pelo facto da testemunha Eduardo Trindade
Eusébio o ter agarrado (a ele, ofendido), permitindo, desta forma, que o arguido o agredisse da forma que bem quis e
entendeu, ou seja, se ia para o abraçar, porque é que o Eusébio Trindade se agarrou a ele, queixoso, permitindo que o
arguido o sovasse?
Além disto, declarou ignorar as razões pelas quais o teria o arguido agredido, nomeadamente esbofeteado, e também não
conseguiu arranjar qualquer explicação para o facto do arguido dele ter fugido. Afivelou sempre uma máscara de inocência
e uma postura de vítima que não convenceu o tribunal e não é, aliás, consentânea com a versão por ele trazida nem com as
lesões também sofridas pelo arguido.'
Para além desta versão, em termos de experiência comum não fazer qualquer sentido, tem de ser cotejada com o
depoimento da testemunha indicada:
c) A testemunha Eduardo Trindade Eusébio desde logo começou por declarar ter uma relação muito mais próxima ao
queixoso, de quem é amigo, que do arguido. Na verdade, e segundo as suas próprias palavras, "Deve muitos favores ao
queixoso" e, embora "também os deva, ao arguido", é notório que os "deve muito mais ao queixoso", o qual "lhe deu muito
dinheiro a ganhar" (sic). Para além disso, esta testemunha prestou declarações contraditórias, incoerentes e
comprometidas, tendo tentado sempre demonstrar a absoluta inocência do ofendido.
No entanto, não conseguiu explicar qual o motivo pelo qual agarrou o queixoso, tolhendo-lhe os movimentos perante a
alegada agressão do arguido: tal não faz sentido uma vez que se alguém está a ser alvo de uma agressão por parte de
outrem tenta-se sempre impedir o agressor de agir e nunca se tenta imobilizar o agredido em ordem a este não se poder
ofender.
A tal acresce o facto de ser amigo do queixoso: na versão deste testemunha, ela (testemunha) ao ver o queixoso (de
quem é amigo) ser agredido (pelo arguido), tolhe os movimentos daquele (queixoso), permitindo, desta forma, que o
arguido lhe bata da forma que bem quer e entende!! É, no mínimo, absurdo. Na verdade, qualquer pessoa normal, ao
ver um amigo a ser agredido, tenta impedir a agressão e não, como alegadamente fez a testemunha, imobilizar o
amigo, permitindo que o agressor agrida ainda mais.
Frisa-se que esta testemunha pretendeu sempre transmitir uma imagem de absoluta inocência do queixoso, não
tendo dado qualquer explicação para o facto de também o arguido se encontrar ferido e com a camisa rasgada, não
ter conseguido explicar o porquê da fuga do arguido ao queixoso e não ter conseguido explicar porque é que, se
estava o queixoso a ser agredido (muito mais alto e corpulento que o arguido), em vez de impedir a agressão por
parte do arguido antes preferiu tolher os movimentos do queixoso (factos estes que confirmou).
d) as demais testemunhas arroladas depuseram de uma forma coerente e isenta relativamente aos factos por elas
directamente percebidos, sendo certo que, ou se encontravam na altura da prática dos factos nas proximidades do
local, tendo assistido a parte dos factos, ou são familiares do queixoso, e com ele privam, tendo pois um
conhecimento directo do que ele passou.
Quanto a este último aspecto, de referir que, naturalmente, a mulher e a filha do queixoso tentaram transmitir uma
imagem de absoluta inocência e vitimização do seu, respectivamente, marido e pai, imagem essa que esbarrou na
própria conduta deste.
Todas as testemunhas que as viram puderam constatar quer as lesões e danos sofridos pelo queixoso, quer as lesões
e danos sofridos pelo arguido na altura da prática dos factos.
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e) Mais baseou o tribunal a sua convicção nos documentos juntos aos autos, nomeadamente nos que constituem fls. 2, 9 e
ss., 18, 85, 97 e ss., 105, 145, 158 e 224 e ss. e nos Certificados de Registo Criminal do arguido juntos a fls. 53, 89 e 218.
São elementos objectivos do tipo de crime de crime de ofensas corporais simples, p. e p. pelo art.° 143° n.° 1 do Código
Penal o causar uma ofensa no corpo ou na saúde de outrem.
Com a sua conduta o arguido, ao abanar o queixoso e desferir-lhe um murro, provocou-lhe as lesões apuradas as quais configuram
ofensa no corpo ou na saúde do ofendido, pelo que se mostram preenchidos os elementos objectivos do tipo legal.
Por outro lado, importa referir que o arguido agiu com ânimus deffendendi, ou seja, agiu com o intuito de se defender da
agressão física de que estava a ser vítima, a qual era actual (uma vez que se havia iniciado) e ilícita (porque lesiva do
bem jurídico integridade física do agente).
Mostram-se, desta forma, preenchidos os pressupostos da legítima defesa (cfr. Artº 32" do Código Penal).
Impõe-se, no entanto, indagar, se terá havido excesso de legítima defesa (excesso de defesa), face às lesões
efectivamente sofridas pelo queixoso.
Assim, temos que o queixoso vinha manifestando comportamentos Violentos e agressivos contra o arguido, tendo-o já
ameaçado e insultado; por outro lado, é muito mais alto e corpulento que o arguido; ao ver o arguido, avançou para ele,
agredindo-o, de tal forma que levou o seu amigo (testemunha Eusébio) a acudir a favor do arguido, tentando impedir o
queixoso de prosseguir nessa agressão; finalmente, o arguido, ao mostrar-se controlada a agressão por parte do queixoso,
pôs-se em fuga. Ora, perante tal, e estando a agressão a decorrer, qualquer pessoa desferiria abanões e um murro no
agressor.
Face a esta factualidade, não é possível concluir, com segurança, que houve excesso de defesa. Aliás, é de referir a
Douta anotação ao Código Penal constante de fls. 191 do "Código Penal Português", anotado e comentado M. Maia
Gonçalves, Almedina-Coimbra, 1996:
Não foi regulada a questão da proporcionalidade entre o bem agredido e o defendido, cessaram as referências aos
requisitos da falta de provocação (a qual, in casu, existiu) da impossibilidade de recurso à força pública e da
necessidade racional do meio empregado.
Quanto à proporcionalidade, deve entender-se não ser exigível do defendeste rápida e minuciosa valoração dos
bens em jogo. Por outro lado, aqueles casos da manifesta desproporção entre o bem agredido e o defendido
poderão ser resolvidos através do abuso de direito.
De referir, ainda, o Ac. do Supremo Tribunal de Justiça, de 13 de Janeiro de 1989, citado in op. cit. a págs. 193 e
publicado no B.M.J. n° 283, pág. 248:
III – A necessidade do meio para repelir a agressão iminente atenfle não só ao instrumento utilizado, como à
modalidade de emprego, devendo ter-se por afastada quando a utilização se faça com ex cesso de intensidade; mas
também deve atender-se ao receio ou medo que venha a tomar justificadamente um defendente, por modo a impedir
uma avaliação ponderada da necessidade dos meios usados.
E o Ac. do Supremo Tribunal de Justiça, de 13 de Janeiro de 1989, citado in op. cit. a págs. 194:
A necessidade de defesa há-de apurar-se segundo a totalidade das circunstâncias em que ocorre a agressão e, em
particular, com base na intensidade daquela, da perigosidade do agressor e da forma de agir. Deve ajuizar-se
objectivamente ex ante, na perspectiva de um terceiro prudente, colocado na situação do agredido (ac. do Supremo
Tribunal de Justiça de 4 de Novembro de 1993, proc.46089/3).
Consigna-se que se fez uso do princípio do in dúbio pro reo quanto à factualidade apurada no que a este aspecto concerne.
Deve, pois o arguido ser absolvido do crime pelo qual se mostra acusado, uma vez que agiu ao abrigo de uma cláusula de
exclusão da ilicitude, qual seja a constante das disposições conjugadas dos art°s 31°, n°s 1 e 2 al.a a) e 32°, ambos do
Código Penal.
A obrigação de indemnizar vem prevista no art.° 483° do Código Civil que, no seu n.°1, dispõe que:
Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada
a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.
A obrigação de indemnizar assenta, segundo os Profs. Antunes Varela e Pires de Lima, em cinco pressupostos: "a) o facto;
b) a ilicitude; c) a imputação do facto ao lesante; d) o dano; e) Um nexo de causalidade entre o facto e o dano" in Código
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5. DECISÃO
a) Absolver o arguido Tiago Homem de Sousa Pires da prática, em autoria material de um crime de ofensa à integridade
física simples, previsto e punível nos termos do art° 143°, n° L b) Sem custas a parte crime.
a)Pelo exposto, julgo totalmente improcedentes, por não provados, os pedidos de indemnização cível formulados
pelos demandantes, Joaquim Emílio São Pedro e Hospital Amato Lusitano, e deles absolvo o demandado Tiago
Homem de Sousa Pires.
b)Custas na parte cível pelos demandantes Joaquim Emílio São Pedro e Hospital Amato Lusitano.
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Fis. 259: pague-se em conformidade sendo a quantia peticionada a título de compensação pelo tempo a de 1 (uma)
consulta no domicílio, em conformidade com a tabela oportunamente junta.
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Cumpra o disposto no art.° 372°, n.° 5 do C.P.P.. ***
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