Desenvolvimento
Organizacional
Campinas, 2000
DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
Conteúdo
I - Conceitos Básicos e Histórico ............................................................................................................... 4
Introdução ................................................................................................................................................ 4
Definições................................................................................................................................................. 4
Desenvolvimento Organizacional – DO............................................................................................. 4
Outras definições de DO .................................................................................................................. 5
Mudança .......................................................................................................................................... 5
Intervenção ...................................................................................................................................... 6
Cultura ............................................................................................................................................. 6
Cliente.............................................................................................................................................. 6
Patrocinador ..................................................................................................................................... 6
Agente de Mudança ......................................................................................................................... 6
Processo .......................................................................................................................................... 6
Sistema ............................................................................................................................................ 6
Subsistema ...................................................................................................................................... 6
Organização ..................................................................................................................................... 6
Partes interessadas (“stakeholders”) ................................................................................................ 7
Influências Filosóficas ............................................................................................................................... 7
Escola clássica................................................................................................................................. 7
Escola de relações humanas ............................................................................................................ 7
Pensamento sistêmico ..................................................................................................................... 8
Influências Metodológicas ......................................................................................................................... 8
Laboratórios de treinamento ............................................................................................................. 8
Pesquisa-ação ................................................................................................................................. 8
Pesquisa e realimentação ................................................................................................................ 9
Gestão da qualidade e reengenharia ................................................................................................ 9
Objetivos do Desenvolvimento Organizacional .......................................................................................... 9
Suposições Básicas do Desenvolvimento Organizacional ....................................................................... 10
Cronologia .............................................................................................................................................. 10
II - Consultoria administrativa .................................................................................................................. 14
Introdução .............................................................................................................................................. 14
É possível influenciar sem ter poder sobre as pessoas? ..................................................................... 14
Quem é o cliente? .............................................................................................................................. 15
Quem sabe? Quem se incomoda? Quem pode?............................................................................. 15
Processo da consultoria...................................................................................................................... 16
Contato Inicial ......................................................................................................................................... 16
Contratação ............................................................................................................................................ 17
Elementos do contrato ........................................................................................................................ 18
1. Limites de análise .................................................................................................................. 18
2. Objetivos do projeto ............................................................................................................... 18
3. Informações necessárias ao consultor ................................................................................... 18
4. Papel do consultor no projeto ................................................................................................. 18
5. Produto oferecido pelo consultor ............................................................................................ 19
6. Apoio e envolvimento do cliente ............................................................................................. 19
7. Cronograma........................................................................................................................... 19
8. Confidencialidade .................................................................................................................. 19
9. Feedback esperado pelo consultor......................................................................................... 19
Roteiro para reunião de contratação ................................................................................................... 19
Proposta de consultoria ...................................................................................................................... 22
Conteúdo da proposta .................................................................................................................... 22
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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
Consultores Internos........................................................................................................................... 23
Coleta de Dados ..................................................................................................................................... 24
Que dados coletar? ............................................................................................................................ 24
Passos para a coleta de dados ........................................................................................................... 25
Critérios para escolha do método de coleta de dados ......................................................................... 26
Diagnóstico............................................................................................................................................. 27
Realimentação e decisão de agir ............................................................................................................ 28
Características de uma realimentação útil ........................................................................................... 28
Reunião de realimentação .................................................................................................................. 29
Implementação ....................................................................................................................................... 29
Papel do consultor na implementação................................................................................................. 30
O que leva a uma implementação bem sucedida? .............................................................................. 30
1. Envolvimento ......................................................................................................................... 30
2. Liderança ............................................................................................................................... 31
3. Competências ........................................................................................................................ 32
4. Organização .......................................................................................................................... 32
Obtendo o compromisso do cliente ..................................................................................................... 32
O consultor deve lembrar-se de: ..................................................................................................... 33
Desligamento e acompanhamento .......................................................................................................... 34
III - MODELOS DE COMPORTAMENTO PARA DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO ............................... 35
Introdução .............................................................................................................................................. 35
Teorias X e Y de Douglas McGregor................................................................................................... 35
A Organização como Sistema Sociotécnico Aberto ............................................................................. 36
As Seis caixas de Marvin Weisbord .................................................................................................... 38
Modelo geral de comportamento de Porras e Robertson ..................................................................... 39
Modelo de motivação de Maslow ........................................................................................................ 40
Mais Teorias de motivação ................................................................................................................. 40
Fatores Intrínsecos e Extrínsecos de Frederick Herzberg ............................................................... 40
Teoria ERG de Clayton Alderfer ..................................................................................................... 41
Necessidades de McClelland.......................................................................................................... 41
Teoria da Avaliação Cognitiva ........................................................................................................ 41
Teoria do estabelecimento de metas .............................................................................................. 42
Teoria da Equidade ........................................................................................................................ 42
Teoria da Expectativa de Victor Vroom ........................................................................................... 42
Cultura Organizacional ....................................................................................................................... 43
a) Sobrevivência e adaptação ao ambiente externo,................................................................... 43
b) Integração interna .................................................................................................................. 44
c) Realidade, verdade, tempo e espaço ..................................................................................... 44
d) Natureza humana, atividade e relacionamentos ..................................................................... 44
Modelo de mudanças temporárias e duradouras de Peter Senge ........................................................ 45
Estilos de Liderança ........................................................................................................................... 46
Novo conceito de liderança (Lauro de Oliveira Lima) ........................................................................... 46
Processo de mudança organizacional segundo Lewin e Schein .......................................................... 48
Desenvolvimento Organizacional tipo “Grid”........................................................................................ 49
Grade (“grid”) gerencial de Blake e Mouton .................................................................................... 49
Influência do estilo gerencial sobre a participação das pessoas na administração........................... 50
Influência do estilo gerencial sobre os relacionamentos intergrupais ............................................... 50
Processo de Desenvolvimento Organizacional baseado no “grid” gerencial de Blake e Mouton ...... 51
Modelo de sistemas administrativos 1 a 4 de Likert ............................................................................. 52
Fases de evolução das organizações ................................................................................................. 53
Referências ............................................................................................................................................ 54
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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
Introdução
O Desenvolvimento Organizacional ou DO é uma disciplina que aplica conhecimento e
técnicas de ciências do comportamento humano para melhorar o desempenho das
organizações e a vida das pessoas que trabalham nelas.
O Desenvolvimento Organizacional estuda o processo de mudança planejada das
organizações, que são entendidas como sistemas sociais complexos, caracterizados
por processos e estruturas. Assim sendo, O DO visa conciliar metas e valores da
organização com os das pessoas e grupos que atuam nela.
Definições
Desenvolvimento Organizacional – DO
―Desenvolvimento organizacional é um esforço de longo prazo, liderado e apoiado
pela alta administração, para melhorar os processos de visão, envolvimento,
aprendizagem e resolução de problemas, através do gerenciamento contínuo e
cooperativo da cultura organizacional—com ênfase especial na cultura das equipes
formais de trabalho e outras configurações de equipes—utilizando o papel de
consultor - facilitador, teorias e técnicas da ciência comportamental aplicada,
incluindo a pesquisa-ação.‖ (French e Bell)
Esforço de longo prazo: a mudança duradoura e o desenvolvimento das
organizações levam bastante tempo, geralmente vários anos.
Liderança e apoio da alta administração: o processo de mudança é difícil e
doloroso, com momentos de sucesso e de desapontamento. Quando a alta
administração não dá o apoio necessário, o esforço de mudança costuma ser
abandonado ou desvirtuado.
Visão: processo pelo qual os membros da organização criam uma imagem viva
do papel e do futuro da organização. Essa imagem guia as realizações das
organizações.
Envolvimento: processo pelo qual as pessoas se dedicam ao sucesso das metas
da organização, utilizando e desenvolvendo suas habilidade, conhecimento e
talentos.
Aprendizagem: através da aprendizagem, as pessoas continuamente
expandem sua capacidade de criar os resultados que elas realmente desejam,
desenvolvem novas maneiras de pensar e aprendem novas maneiras de
aprender em conjunto.
Solução de problemas: métodos usados para diagnosticar situações, resolver
impasses, decidir, tomar ações em relação a desafios e oportunidades no
ambiente externo ou interno da organização. O DO estimula o uso de
processos transparentes de solução de problemas.
Gerenciamento contínuo e cooperativo da cultura organizacional: uma das
coisas mais importantes de que uma organização precisa cuidar é sua cultura,
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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
Outras definições de DO
―O Desenvolvimento Organizacional focaliza em assegurar relações saudáveis inter e
intra unidades e em ajudar grupos a provocar e gerenciar mudanças. A ênfase
primária do Desenvolvimento Organizacional é nos relacionamentos e processos entre
e com indivíduos e grupos. Sua intervenção primária é influenciar o relacionamento
dos indivíduos e grupos para provocar um impacto sobre a organização como sistema.
(McLagan).‖
―Desenvolvimento Organizacional foi definido como uma série de processos
planejados pelos quais recursos humanos são identificados, utilizados e
desenvolvidos, de maneiras que fortaleçam a efetividade organizacional através do
aumento das capacidades de resolver problemas e planejar. (Organization
Development: A straightforward reference guide for executives seeking to improve
their organizations)‖
Mudança
Mudar é romper uma situação vigente. Implicar mover-se em direção a uma meta,
um ideal, uma visão de como as coisas deveriam ser, afastando-se de condições,
crenças e atitudes presentes.
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Intervenção
Esforço ou processo de mudança. Significa uma penetração intencional em um
sistema em funcionamento, com o propósito de provocar ou introduzir mudanças.
Cultura
Cultura é definida como os valores, suposições e crenças compartilhadas pelos
membros de uma organização, que moldam a maneira como eles percebem, pensam
e agem. O foco da maioria dos esforços de mudança organizacional é a cultura de
uma organização.
Cliente
O cliente é a organização, grupo ou pessoas cujos interesses o agente de mudanças
serve. O consultor é responsável perante o cliente.
Patrocinador
Pessoa que apoia, legitima e defende um esforço de mudança ou intervenção de DO.
Geralmente possui uma posição destacada na alta administração da organização,
para poder exercer a influência necessária.
Agente de Mudança
Pessoa ou equipe responsável por provocar e manter um esforço de mudança. Os
agentes de mudança podem ser consultores ou facilitadores, internos ou externos.
Processo
Processo é um fluxo identificável de eventos inter relacionados movendo-se ao longo
do tempo em direção a um fim ou meta.
Sistema
No sentido mais simples, sistema é uma série de componentes interdependentes.
Organizações podem ser vistas como sistemas sociais porque elas dependem de
interações entre pessoas. Qualquer organização que troque informações ou recursos
com o ambiente é um sistema aberto.
Subsistema
Parte de um sistema. No caso de uma organização, podem ser as unidades de
trabalho, departamentos ou divisões. Em outro sentido, os subsistemas podem cruzar
através da organização e abranger atividades, processos ou estruturas. Pode-se
focalizar assim os subsistemas de preservação, de adaptação ou de gestão de uma
organização.
Organização
―Uma organização é a coordenação de diferentes atividades de contribuintes
individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas com o ambiente.‖
(Lawrence e Lorsch)
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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
Influências Filosóficas
Podemos identificar três orientações que influenciaram o pensamento administrativo,
cada uma deles com uma maneira diferente de entender as pessoas, o trabalho, as
organizações e as mudanças.
Escola clássica
A escola clássica dominou do fim do século XIX até a década de 30 e ainda influencia
bastante as práticas administrativas. Ela derivou do darwinismo social e da
vulgarização do trabalho de Frederick Taylor, Frank e Lilian Gilbreth e Henry Gantt.
O darwinismo social acredita que entre os homens, assim com entre outras espécies,
não apenas os mais competentes sobrevivem mas eles contribuem para a sociedade
de modo desproporcional ao seu número. Por outro lado, os esforços para preservar e
melhorar os menos competentes, além de dispendiosos, são potencialmente danosos
ao progresso evolutivo natural da humanidade.
A vulgarização do trabalho de Taylor propagou uma visão de eficiência baseada em
redução de custos unitários e aumento da produção. Isso resultou em atividades
monótonas, supervisão rígida por pessoas cuja autoridade se fundamentava apenas na
posição hierárquica e cargos cujo único aspecto atraente é o salário que pagam. Essa
escola acredita que os empregados acham o trabalho desagradável, dão mais valor a
recompensas financeiras e poucos deles são capazes de trabalhos criativos.
A visão clássica é essencialmente pessimista sobre a natureza humana. Taylor e a
administração científica são freqüentemente criticados como desumanos e
interessados apenas em aumentar a produção. McGregor sintetizou a atitude da
escola clássica na famosa Teoria X.
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Pensamento sistêmico
O pensamento sistêmico vê as organizações como sistemas complexos em interação
com o ambiente. Esses sistemas são orientados por propósitos e metas, cuja busca
envolve a transformação de entradas em saídas. Os sistemas organizacionais
compreendem dois grandes subsistemas interdependentes: o subsistema social e o
subsistema técnico. Alterações em um deles fatalmente provocam alterações no
outro.
O pensamento sistêmico procura conciliar as atitudes das teorias X e Y de McGregor.
Essa síntese é dialética, uma vez que as duas são contraditórias.
Influências Metodológicas
O desenvolvimento organizacional surgiu nos EUA, na década de 50, a partir de várias
aplicações das ciências e técnicas do comportamento à solução de problemas
organizacionais.
Laboratórios de treinamento
A técnica de laboratórios para treinamento de sensibilidade foi desenvolvida na
década de 40 visando provocar mudanças de comportamento social e começou a ser
aplicada em empresas na década de 50. A técnica mais usada é a dos grupos T, que
consiste em pequenos grupos não estruturados nos quais os participantes aprendem
com suas próprias interações e com a dinâmica do grupo.
O trabalho com grupos é um dos traços marcantes do Desenvolvimento
Organizacional, sejam eles grupos formados para treinamento, grupos temporários
dedicados a tarefas ou grupos formais de trabalho.
Uma das descobertas importantes que deram origem ao DO foi que as pessoas têm
dificuldade em aplicar ao seu trabalho os conhecimentos e habilidades adquiridos em
treinamentos, a menos que esses treinamentos sejam ministrados às equipes de
trabalho como um todo.
Pesquisa-ação
A pesquisa ação é uma investigação cooperativa entre um cliente e um consultor,
consistindo em um diagnóstico preliminar, coleta de dados sobre o cliente,
realimentação dos dados para o cliente, análise dos dados e planejamento da ação
pelo cliente e implementação da ação. O uso da metodologia de pesquisa ação
caracterizou o DO desde seus primórdios.
A idéia básica da pesquisa ação é que, nos sistemas sociais não é possível separar a
obtenção de conhecimentos da ação sobre o sistema. Para atuar sobre um sistema
social é preciso ter a colaboração das pessoas. As pessoas tendem a acreditar naquilo
que elas tiveram oportunidade de experimentar e apoiar as mudanças de cujo
planejamento elas participaram.
O ciclo PDCA adotado na gestão da qualidade total é uma adaptação da metodologia
de pesquisa ação para uso nas áreas operacionais das empresas.
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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
Pesquisa e realimentação
A técnica de pesquisa e realimentação constitui uma forma especializada da
pesquisa-ação. Seu princípio consiste em aplicar um questionário para medição de
atitudes a uma organização, realimentar os resultados a seus membros e discuti-los
em grupos, como forma de introduzir mudanças positivas no desempenho.
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Mecânicos Orgânicos
Baseiam-se em relações de autoridade e Funcionam através da confiança mútua
obediência
Ênfase nos indivíduos e cargos da Ênfase nos relacionamentos entre e dentro
organização de grupos
Insistem em divisão rígida do trabalho e Encorajam participação em grupos e
supervisão hierárquica responsabilidade
Decisão centralizada Compartilhamento amplo de
responsabilidade e controle
Solução de conflitos por meio de repressão, Solução de conflitos através de negociação
arbitragem ou hostilidade ou de solução de problemas
Cronologia
1911 A publicação dos Princípios de Administração Científica de Frederick
Winslow Taylor deu início ao movimento da administração científica, com sua
ênfase em estudos de movimentos e tempos e divisão do trabalho em tarefas
pequenas e repetitivas, tentando achar ―a melhor maneira‖ de fazer cada
trabalho. Engenheiros especializados e supervisores projetavam cada tarefa e
certificavam-se de que ela estava sendo feita corretamente. Sistemas de
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II - Consultoria administrativa
Introdução
Consultoria é o que acontece quando alguém com um problema ou dificuldade
procura ajuda de uma pessoa com competência especializada para solucionar o
problema ou resolver a dificuldade.
A missão do consultor é ajudar uma organização a mudar:
influenciando e aconselhando pessoas;
persuadindo e ajudando a fazer as coisas de modo diferente;
adaptando a organização a novas tecnologias, mudanças no mercado, novas
estruturas organizacionais.
O consultor deve estar preparado para provocar mudanças sem dispor de autoridade.
No caso de um consultor interno, sua posição na organização pode ser baixa.
Com a mudança do ambiente de trabalho para um clima de cooperação em vez de
autoritarismo, no qual as pessoas devem assumir compromissos, os gerentes
freqüentemente atuam como consultores e conselheiros de sua própria equipe.
Consultor é uma pessoa que precisa influenciar outros ou aconselhá-los sobre
possíveis linhas de ação para melhorar a efetividade de qualquer aspecto de suas
operações, sem qualquer autoridade formal sobre eles ou escolhendo não usar
qualquer autoridade que possa ter.
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pesquisa operacional
desenvolvimento organizacional,
pesquisa e desenvolvimento,
treinamento e desenvolvimento,
saúde e segurança.
Quem é o cliente?
Cliente é aquele que solicita ajuda ao consultor, a quem ele deve responder, em cujo
benefício deve atuar, cujos interesses deve promover. Às vezes é difícil entender
claramente quem é o cliente: uma pessoa, um departamento ou uma organização
como um todo? Diferentes elementos da organização cliente podem ter posições e
interesses diferentes ou mesmo conflitantes, deixando o consultor em dúvida quanto
à conduta mais adequada.
3. Coleta de
1. Contato inicial 2. Contratação
dados
5. Prognóstico
O processo da consultoria
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Processo da consultoria
O processo de consultoria compreende sete passos, cuja seqüência é apresentada na
figura acima.
1. Contato inicial: visa estabelecer uma relação de trabalho entre o cliente e o
consultor;
2. Contratação: esclarecer e, conforme necessário, formalizar o que o cliente
espera do consultor e o que o consultor espera do cliente;
3. Colher dados: obter informações objetivas e sistemáticas sobre o problema ou
situação;
4. Interpretar o significado dos dados, explicar o problema, entender a situação;
5. Prognóstico: propor alternativas de ação, tomar decisões, planejar a solução;
6. Implementação: acompanhar a implementação da solução planejada, dando
apoio e avaliando os resultados obtidos;
7. Saída: fazer os arranjos necessários para o acompanhamento posterior e
desligar-se do processo.
Contato Inicial
O contato inicial acontece quando uma pessoa entra em contato com o consultor,
geralmente por telefone, para falar de algum problema que ele está
experimentando. As razões para que o cliente procure o consultor podem ser várias:
1. O cliente ouviu falar de um trabalho que o consultor fez anteriormente;
2. O cliente leu um trabalho escrito pelo consultor ou assistiu a uma palestra do
consultor;
3. O consultor foi recomendado por alguma pessoa;
4. O chefe do consultor foi contatado anteriormente e acha que ele pode ajudar
o cliente.
Em qualquer desses casos, a pessoa procura o consultor porque está percebendo a
existência de um problema que não está sendo tratado de forma adequada pelos
processos organizacionais normais. Geralmente, o consultor não sabe exatamente
qual é esse problema e assim a melhor atitude é marcar uma reunião exploratória
para entender melhor a situação e verificar se há a possibilidade efetiva de iniciar o
processo de consultoria. Os objetivos dessa reunião são:
1. Determinar melhor qual é o problema;
2. Avaliar se o envolvimento do consultor vai realmente proporcionar ajuda
valiosa ao cliente;
3. Avaliar se o problema realmente interessa ao consultor;
4. Testar a possibilidade de um bom relacionamento entre o consultor e o
cliente;
5. Marcar os próximos passos do processo, caso o resultado da reunião seja
positivo.
Quem deve participar da reunião exploratória?
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Contratação
Um contrato é uma concordância explícita do que o consultor e o cliente esperam um
do outro e de como eles vão trabalhar juntos. Ele pode ser verbal mas às vezes
precisa ser escrito. Contratos com consultores externos costumam ser escritos,
especialmente porque há dinheiro envolvido. Mesmo no caso de consultoria interna é
bom ter alguma coisa por escrito, mesmo que seja apenas uma carta.
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Em qualquer caso, precisa haver pelo menos um contrato psicológico claro entre o
consultor e o cliente. Independentemente do grau de formalismo e da necessidade de
registrar informações, é indispensável uma comunicação clara sobre o que se espera
que vá acontecer no projeto.
Elementos do contrato
As expectativas a serem comunicadas, esclarecidas e negociadas na contratação
devem incluir pelo menos os seguintes elementos:
1. Limites de análise
Esclarecer o problema a ser estudado e até onde essa análise deverá se
estender. Às vezes é bom explicitar o que não está incluído no escopo do
projeto.
2. Objetivos do projeto
Melhorias esperadas caso a consultoria seja bem sucedida. Em geral, existem
três espécies de melhorias que o cliente pode obter da consultoria:
Resolver um problema específico;
Aprender a lidar com o problema por si mesmo, no futuro;
Melhorar as habilidades gerenciais da organização.
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DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DURVAL MUNIZ DE CASTRO
7. Cronograma
Normalmente, em função de outros compromissos, o consultor precisa de um
prazo adequado para poder começar a trabalhar no projeto. Um bom
cronograma deve prever marcos intermediários como entrega de produtos,
realização de workshops, etc. É bom deixar reuniões e workshops previstas
desde o início para que os membros da organização cliente possam agenda-
las. Às vezes um projeto atrasa porque os gerentes do cliente não encontram
espaço em suas agendas para reuniões e trabalhos com o consultor.
8. Confidencialidade
É bom estabelecer logo as informações a serem preservadas pelo consultor. Às
vezes isso é mais difícil para um consultor interno, que pode sentir-se
constrangido ao esconder certas informações de seus próprios chefes. É
importante preservar as informações consideradas delicadas pelo cliente.
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Início
Reconhecimento Pessoal
Compreensão do problema
Sim
Não
Acordo? Negociável?
?
Sim Não
Apoio ao cliente
Fim
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Proposta de consultoria
Algumas vezes, durante o processo de contratação, o cliente solicita ao consultor que
apresente uma proposta por escrito. Nesse caso, é importante que o consultor
disponha de informação suficiente para apresentar uma proposta que realmente
atenda às necessidades e expectativas do cliente. O ideal é fazer a reunião de
contratação antes e apresentar a proposta depois para formalizar o que foi acordado.
Às vezes isso não é possível e nesse caso o consultor deve obter o máximo de
informações na reunião exploratória e, se possível, pedir dados e entrevistas
adicionais com pessoas chave da organização.
A proposta de consultoria é uma oferta de assistência ou serviços a um cliente
potencial. A proposta reflete a competência do consultor para pensar e organizar
soluções para o problema do cliente. Por outro lado, os clientes normalmente
consideram suas experiências e contatos anteriores com o consultor, para decidir
sobre a contratação.
Uma boa proposta deve demonstrar:
Uma perspectiva orientada para o cliente;
Boa compreensão dos problemas e necessidades do cliente;
Um plano de ação realista para atacar o problema;
Conhecimento do problema e de sua importância para o cliente;
Credibilidade e reputação para fornecer os tipos de produtos e serviços
oferecidos;
Confiança e bom relacionamento com o cliente;
Custos compatíveis com os benefícios que a proposta oferece ao cliente.
Conteúdo da proposta
Uma proposta deve incluir:
1. Descrição do problema: o motivo para execução do trabalho, o problema que
o processo de consultoria deverá resolver;
2. Metodologia ou plano de trabalho: uma visão geral sobre como o consultor
abordará o problema, visando prevenir o cliente sobre o que esperar e
provendo uma estrutura para as atividades do consultor;
3. Resultados e benefícios esperados: explicitando as vantagens que o cliente
deverá obter, de forma objetiva, se possível quantificada;
4. Cronograma: incluindo quando o trabalho terá início, a seqüência de passos e
durações respectivas, o prazo para conclusão do processo completo;
5. Experiência prévia do consultor: histórico da empresa ou unidade de
consultoria, serviços prestados, clientes atendidos, exemplos de como o
consultor resolveu problemas semelhantes;
6. Equipe e carga horária: informações sobre os responsáveis pelo serviço e
dedicação prevista ao projeto;
7. Suposições adotadas: condições necessárias, esperadas pelo consultor, para
que o projeto produza os resultados esperados;
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Consultores Internos
Os consultores internos pertencem a uma unidade que presta serviços dentro da
organização. Assim sendo, eles precisam responder a seus chefes e observar as
metas, procedimentos e diretrizes da unidade, além de satisfazer as necessidades do
cliente. Por outro lado, eles às vezes não tratam com o nível mais alto da unidade
cliente, o que quer dizer que o cliente de contato precisa entender-se com seu
próprio chefe. Isso implica em contratos triangulares ou quadrangulares.
Chefe do consultor
Consultor Cliente
Consultor Cliente
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Coleta de Dados
Com a conclusão da etapa de contratação, o consultor tem condições de dar início ao
trabalho. A primeira coisa a fazer é obter os dados que vão permitir entender e
determinar as causas do problema do cliente. Os objetivos da coleta de dados são:
Coletar dados que permitam entender o problema apresentado pelo cliente e
também os problemas subjacentes;
Avaliar o clima organizacional e gerencial no qual o diagnóstico e as
recomendações serão recebidos;
Lidar com a resistência do cliente a compartilhar informações;
Encarar as entrevistas como elementos do processo de mudança;
Reduzir os dados obtidos a um conjunto compreensível e gerenciável;
Conduzir a coleta e análise dos dados de forma precisa e objetiva.
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Diagnóstico
O objetivo do diagnóstico é mobilizar para a ação sobre um determinado problema.
Existem diferenças entre as abordagens orientadas a pesquisa e a ação:
Diferenças entre consultoria e pesquisa científica
Orientação para pesquisa Orientação para ação
Interessada em todos os fatores que exercem Interessada nos fatores que influenciam o
influência sobre o problema estudado problema e estão sob controle do cliente
Quanto mais completo e abrangente o É suficiente que o diagnóstico seja
diagnóstico, melhor. significativo. Ser completo e abrangente pode
ser inoportuno.
O pesquisador pode fazer suas análises e tirar O envolvimento do cliente nas decisões,
suas conclusões, sem envolver a organização. análises e conclusões da pesquisa é
fundamental.
A pesquisa deve ser desinteressada, com Os consultores são pagos para promover os
ênfase na objetividade. Não há espaço para interesses da organização. Os sentimentos e
sentimentos e emoções do pesquisador. emoções devem ser valorizados.
Não faz diferença nenhuma se a organização Conseguir a aprovação e o compromisso da
vai aprovar ou não os resultados obtidos pelo organização é fundamental para o sucesso do
pesquisador. consultor.
Problema apresentado
Redefinição do problema
Dados
Recomendações
Modelo de diagnóstico: o que os dados revelam sobre o problema e o que deve ser
feito para resolver.
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Reunião de realimentação
Os passos para a reunião de realimentação são apresentados na figura abaixo.
Apresentar agenda
Expor o diagnóstico
Expor as recomendações
Reações do cliente
Decisão de continuar
Avaliar compromisso
Processo de realimentação
Implementação
A implementação é a parte decisiva do processo de consultoria. O sucesso da
consultoria é efetivamente avaliado pelas mudanças efetivamente implementadas e
pelas melhorias que elas trazem ao desempenho, ao ambiente de trabalho, à
qualidade de vida das pessoas da organização.
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1. Envolvimento
A mudança costuma ser um processo difícil e até doloroso mas quando existe
envolvimento as pessoas têm mais facilidade para enfrentar as dificuldades.
Existe envolvimento quando os colaboradores da organização sentem que são
donos do processo de mudança. Existem seis fatores que contribuem para isso:
Quantidade de informação que as pessoas têm sobre as mudanças;
Extensão em que as pessoas participaram das decisões sobre as mudanças;
Confiança que as pessoas depositam nas pessoas que comandam o processo
de mudança;
Experiência prévia com processos semelhantes;
Impacto que a mudança terá sobre as pessoas;
Peculiaridades das pessoas e do grupo.
A aceitação das mudanças pelas pessoas depende do estilo de trabalho dos
gerentes e do consultor. Num caso extremo, o consultor e os gerentes fazem o
diagnóstico e tomam todas as decisões, que são então apresentadas e impostas ao
grupo. No outro extremo, as pessoas afetadas pela mudança participam de todo o
processo de coleta de dados, diagnóstico e decisão. Nem sempre é possível
manter um estilo participativo. Quando não há participação, a aceitação das
decisões depende da confiança que as pessoas têm nos tomadores de decisões e
das informações fornecidas abertamente, tão logo as decisões sejam tomadas.
Para escolher o estilo mais adequado deve-se considerar:
Envolvimento emocional do grupo: se o grupo tem um envolvimento
emocional muito grande com a decisão, incluindo possibilidade de demissões,
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2. Liderança
Existe liderança quando as pessoas que comandam o processo estão efetivamente
comprometidas com a implementação. Muitos projetos de desenvolvimento
organizacional fracassam simplesmente porque membros importantes da equipe
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3. Competências
Para que as pessoas sejam capazes de implementar as mudanças, elas devem
possuir as condições necessárias para executar seus papéis. A competência
envolve três aspectos:
Cognitivo: as pessoas possuem os conhecimentos para implementar as
mudanças?
Comportamental: as pessoas possuem as habilidades e a experiência
prática para executar suas tarefas adequadamente?
Emocional: existem atitudes e sentimentos impedindo as pessoas de se
comprometerem com as mudanças?
Conhecimentos
Competência
Sentimentos Comportamentos
O triângulo da competência
4. Organização
O processo de mudança só poderá ser implementado com sucesso caso tenha sido
adequadamente planejado e organizado. Às vezes, as equipes envolvidas na
implementação provêm de setores diferentes, possuem formações e culturas
diferentes. Às vezes elas pertencem a departamentos com um passado de
conflitos. Quando os projetos envolvem muitas pessoas, é comum que ocorram
problemas de comunicação.
Por todos esses motivos, ao planejar a implementação é preciso considerar os
problemas de trabalho em equipe, resolução de conflitos, cooperação,
comunicação, procedimentos e aspectos culturais.
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Desligamento e acompanhamento
O momento ideal para o consultor se desligar do cliente é ao término da
implementação das mudanças. Desligar-se da organização cliente assegurando a
continuidade do projeto e programando acompanhamento para ocasião oportuna é o
desafio final do consultor. O desligamento deve ser preparado através de:
1. Envolvimento e preparação prévia de elementos do sistema cliente para
assumir as tarefas desempenhadas pelo consultor, por ocasião da saída deste.
2. Redução gradual da participação do consultor durante a fase final do projeto,
para que o cliente se acostume a resolver seus problemas sem ajuda do
consultor.
3. Planejamento desde o início de um resultado final da colaboração, como um
relatório, artigo ou outra publicação, para marcar o fim do projeto.
4. Acerto de um plano mínimo de manutenção e apoio, como visitas ou reuniões,
anuais ou semestrais de acompanhamento.
5. Acerto de uma celebração das realizações resultantes da colaboração.
Às vezes o consultor pode sentir-se tentado a abandonar um projeto antes da
implementação, porque não está obtendo cooperação e encontra dificuldade ou
desinteresse em progredir rumo às metas estabelecidas. Não faz sentido insistir em
um projeto cujo destino certo é o insucesso mas, antes de tomar qualquer passo para
encerrar o projeto, o consultor deve confrontar as dificuldades que está encontrando
e tentar resolve-las em conjunto com o cliente. Dessa maneira, muitos projetos
aparentemente fadados ao fracasso, acabam transformando-se em grandes sucessos.
O consultor deve começar a preparar sua saída bem antes do fim do contrato. O ideal
é começar o quanto antes, de modo a permitir que o cliente se prepare para isso e
evitar o choque de um desligamento abrupto.
Alguns consultores relutam em desligar-se de um projeto por medo de ficarem sem
serviço, o que, no caso de consultores internos, pode significar a demissão. Na
verdade a preparação para o desligamento cria a oportunidade para que outros
trabalhos sejam identificados, especialmente quando o consultor obtém bons
resultados de seu trabalho.
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Introdução
Conforme foi visto anteriormente, o Desenvolvimento Organizacional visa melhorar o
desempenho das empresas aplicando conhecimentos e técnicas das ciências
comportamentais aplicadas. Isso quer dizer que as intervenções de DO não podem ser
planejadas com base em palpites ou em técnicas da moda. É preciso em primeiro
lugar entender a situação da organização para que os resultados da intervenção
sejam previsíveis. Por isso, os primeiros passos de uma intervenção são a coleta de
dados e sua interpretação, formando um diagnóstico da situação e possibilitando um
prognóstico sistemático das ações recomendadas e resultados esperados.
Um modelo é uma formulação teórica que descreve um padrão de comportamento de
um sistema. Quando uma determinada situação é encontrada, podemos esperar que o
sistema tenda a se comportar de determinada maneira e apresentar reações
previsíveis a certas ações. Um exemplo de modelo de comportamento muito
conhecido é a crise da adolescência: quando um indivíduo está passando pela crise da
adolescência, espera-se que reaja à autoridade dos pais, se identifique com seu
grupo de pares, procure experiências sexuais, etc.
A seguir são apresentados alguns dos modelos mais usados em Desenvolvimento
Organizacional, usados para diagnosticar organizações e programar ações para
resolver os problemas enfrentados por elas.
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Teoria X Teoria Y
As pessoas são preguiçosas e indolentes. As pessoas são esforçadas e gostam de ter
o que fazer.
As pessoas evitam o trabalho. O trabalho é uma atividade tão natural
como brincar ou descansar.
As pessoas evitam a responsabilidade a As pessoas procuram e aceitam
fim de se sentirem mais seguras. responsabilidades e desafios.
As pessoas precisam ser controladas e As pessoas podem ser automotivadas e
dirigidas. autodirigidas.
As pessoas são ingênuas e sem iniciativa. As pessoas são criativas e competentes.
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Subsistemas
Administrativo
Psico-social
Objetivos
Entradas e valores Saídas
Estrutura
Tecnologia
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PROPÓSITO:
Em que negócio
estamos?
RELACIONAMENTOS: ESTRUTURA:
Como gerenciamos os Como dividimos o
conflitos entre as LIDERANÇA: trabalho?
pessoas? Alguém cuida do
equilíbrio entre as
caixas?
AMBIENTE
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Ambiente
Visão
Fatores
físicos
Arranjos
organizacionais Tecnologia
Fatores
sociais
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Necessidades de McClelland
As pessoas podem possuir em maior ou menos grau três tipos de motivação:
Realização: desejam sucesso em suas atividades. Para elas a realização pessoal é
mais importante do que as recompensas. Procuram fazer as coisas da melhor
maneira possível, superando a si mesmas e aos outros
Poder: desejam causar impacto sobre as pessoas. Querem ser influentes, controlar o
comportamento dos outros. Gostam de prestígio, competição, status. Sua
preocupação com desempenho é secundária.
Afiliação: desejam ser apreciadas, estimadas e aceitas pelos outro. Buscam amizade,
preferem cooperação a competição, apreciam situações onde há compreensão
mútua.
Os realizadores são bons empreeendedores mas nem sempre dão bons gerentes. Os
gerentes das grandes empresas geralmente possuem alta necessidade de poder e
baixa necessidade de afiliação.
É possível treinar uma pessoa para aumentar sua necessidade de realização.
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Teoria da Equidade
As pessoas comparam a relação do esforço que estão aplicando ao trabalho com as
recompensas que estão obtendo. Podem tomar como comparação pessoas dentro ou
fora da mesma empresa, situações passadas ou oportunidades de outros empregos.
Quando percebem uma situação injusta, procuram compensar mudando o esforço ou
tentando mudar o contexto (ex.: trocar de emprego).
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Cultura Organizacional
Edgar Schein define a cultura de um grupo como: Um padrão de premissas básicas
compartilhadas que o grupo aprendeu ao resolver seus problemas de adaptação
externa e integração interna, que funcionou bem o bastante para ser considerado
válido e, portanto, para ser ensinado aos novos membros como a maneira correta de
perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas.
Estruturas e processos
Artefatos
organizacionais visíveis
(difíceis de decifrar)
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b) Integração interna
Premissas ligadas aos dilemas básicos que um grupo precisa resolver para se integrar:
Linguagem comum e categorias conceituais: permitem que os membros do grupo se
comuniquem de forma eficaz;
Limites do grupo e critérios para inclusão e exclusão: permitem que o grupo se defina
e identifique quem faz parte dele e quem não é membro;
Distribuição de poder e status: determina as regras de divisão dos ganhos, as
maneiras aceitas como os membros ganham, mantêm e perdem poder, permitindo
que os sentimentos de agressão dos membros sejam administrados;
Normas de intimidade, amizade e amor: regras do jogo para as relações entre pares,
entre sexos, e como lidar com abertura e intimidade no contexto das atividades
organizacionais, permitindo que os membros administrem seus sentimentos de afeto
e amor;
Definição e atribuição de recompensas e punições: o grupo precisa saber o que é
heróico, o que é pecado e precisa ter um consenso sobre o que é recompensa e o que
é punição;
Atitudes perante o inexplicável—ideologia e religião: todos os grupos precisam
enfrentar acontecimentos inexplicáveis, aos quais é necessário atribuir significado de
modo que os membros saibam com agir na presença deles, evitando a ansiedade de
lidar com o que é inexplicável e incontrolável.
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Ordem
Implicada
Atitudes e Consciência e
crenças sensibilidade
Domínio da ação
(Arquitetura
organizacional)
Habilidades e
capacidades
Idéias
diretoras Domínio das mudanças
duradouras
(Ciclo da aprendizagem
Inovações na Teorias, métodos,
profunda)
ferramentas
infra estrutura
Resultados
As mudanças duradouras na organização decorrem do processo de aprendizagem em
grupo das pessoas, enquanto elas trabalham e vivem na empresa. Na medida em que
elas são sensíveis ao que está acontecendo e desenvolvem uma consciência da
situação, elas formam atitudes e crenças, que por sua vez levam-nas a desenvolver
novas habilidades e capacidades. Este é um domínio de mudanças lentas. Ele é
também influenciado por um nível mais alto, da ordem social e cultural na qual a
empresa se insere.
O domínio onde mudanças mais rápidas podem ocorrer, e onde são iniciadas as
mudanças organizacionais é o domínio da ação ou da arquitetura organizacional.
Neste domínio estão as infra-estruturas da empresa, como organogramas,
procedimentos, sistemas administrativos, etc. Estes sistemas são adaptados de
acordo com idéias diretoras sobre o negócio, como a missão, propósito e objetivos da
empresa. Além disso, a arquitetura organizacional é afetada por conhecimentos e
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Estilos de Liderança
Autoritário Democrático Laissez-faire
1. Toda determinação de 1. Todas as diretrizes são objeto 1. Completa liberdade para
diretrizes é feita pelo líder. de discussão e decisão do grupo, decisões do grupo ou dos
encorajado e assistido pelo líder. indivíduos, com um mínimo de
participação do líder.
2. Os passos e técnicas para 2. A perspectiva sobre o futuro da 2. Vários subsídios são
execução das atividades são atividade é obtida durante o oferecidos pelo líder, que deixa
ditados pela autoridade, um de período de discussão. Os passos claro que ele fornecerá
cada vez, de modo que futuros gerais para as metas do grupo informações quando solicitado.
passos ficam, em grande parte, são esquematizados e, quando o Fora isso, o líder não toma parte
incertos. aconselhamento técnico é na discussão.
necessário, o líder sugere dois ou
mais procedimentos alternativos,
entre os quais o grupo pode
escolher.
3. O líder geralmente determina 3. Os membros são livres para 3. O líder não participa da
as tarefas e os companheiros de trabalhar com quem eles atribuição de tarefas.
cada um. escolherem e a divisão das
tarefas é deixada ao grupo.
4. O dominador tende a ser 4. O líder é “objetivo” ou 4. Evita fazer comentários sobre
pessoal nos elogios e críticas do “orientado aos fatos” em seus as atividades dos membros, a
trabalho de cada um; permanece elogios e críticas; procura ser um não ser quando interrogado; não
distante da participação ativa, a membro normal do grupo sem tenta avaliar ou regula a
não ser quando faz assumir uma parte especial do seqüência dos acontecimentos.
demonstrações. trabalho.
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O termo liderança está hoje tão desgastado e confuso que vem sendo usado para
qualquer tipo de influência de um indivíduo sobre outro, podendo esta influência ir
desde a mais abstrata persuasão lógica até a mais brutal dominação física.
Pretendemos, neste curso, tornar o conceito de liderança bem nítido e diferenciado
de ideologia, demagogia, chefia, caudilhismo, peritagem, condução e outras formas
de influência. Pretendemos que a liderança é um aspecto apenas do grupo
autônomo.
Chamaremos, pois, liderança a permissão que um grupo autônomo dá a cada um de
seus membros para assumir a regulação do conjunto (coordenação do grupo) na
ocasião em que a situação corresponda às aptidões específicas de cada um deles.
Porque passa de um membro ao outro do grupo, de acordo com as circunstâncias da
vida grupal, conforme aparece oportunidade para cada um assumir o co-mando,
chamaremos esse processo de liderança emergencial, para significar que a situação
emergente faz o líder.
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Não tem pois cabimento, segundo esta definição de liderança, indagar-se “quais as
qualidades do líder”: só a circunstância dirá que membro do grupo, naquela ocasião,
é o mais indicado para assumir a liderança. Em cada momento, a liderança se
corporifica em um dos membros do grupo.
Pode-se, portanto, facilmente verificar se determinado grupo é de liderança. Se a
liderança não flutua e emerge circunstancialmente, provavelmente não há o
fenômeno de liderança no grupo. Neste caso não diremos que o agrupamento é um
grupo, mas um bando.
As pessoas que popularmente são chamadas de líderes naturais, segundo esta
definição de liderança devem ser chadas de caudilhos, condutores, chefetes,
caciques, fuehrer, duce, uma vez que não permitem que a liderança transite pelos
membros do grupo.
Uma das características da liderança emergencial é a resistência que o eleito
apresenta para assumir a liderança, quando o grupo o designa. Em geral, na liderança
emergencial, o escolhido surpreende-se com a indicação e reluta em assumir o co-
mando.
A escolha do líder emergencial, em geral, é unânime, espontânea e sem discussão,
como se o grupo tivesse tido um insight: parece extremamente natural a todos os
membros do grupo que, naquela circunstância, X assuma o co-mando do grupo.
Na liderança emergencial, logo que cessam os motivos para que alguém seja colocado
no co-mando do grupo, o escolhido para a emergência volta a nivelar-se com os
demais membros do grupo, mesmo sem deliberação consciente do grupo.
A fixidez do co-mando, portanto, é o melhor sinal de que em determinado grupo (isto
é, bando) não há liderança, segundo a definição supra, salvo se a vida do grupo é tão
uniforme e sem acontecimentos que não exija mudanças na liderança.
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Alta
9
Estilo 1.9 Estilo 9.9
8 Preocupação com Excelência.
as pessoas e total Preocupação com
7 despreocupação pessoas e com
com a produção produção.
Preocupação Estilo 5.5
com as 6
Mediocridade.
pessoas Alguma preocupação
5
com a produção e
4 com as pessoas
Estilo 1.1 Estilo 9.1
Pouca preocupação Preocupação com
3 com as pessoas e a produção e
pouca preocupação despreocupação
2 com a produção
Baixa com pessoas.
1
1 2 3 4 5 6 7 8 9
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Fim
Relaciona-
Consolidação mento entre
equipes
Implementa- Desenvolvi-
ção e geren- mento
ciamento estratégico
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É conveniente observar que a aplicação deste processo de DO não precisa ser restrita
à grade gerencial de Blake e Mouton. Ele pode ser combinado com outros modelos
teóricos, de acordo com as peculiaridades e necessidades da organização cliente.
É interessante comparar o processo de DO tipo grid com o modelo das seis caixas de
Marvin Weisbord, que indica os fatores que determinam o desempenho da
organização. Com um programa de DO desse tipo, todas as seis caixas são
trabalhadas, isto é: Liderança, Relacionamentos, Propósitos, Estrutura, Mecanismos
de Apoio e Recompensas. Assim sendo, existe uma expectativa razoável em relação à
melhoria de desempenho e da competência gerencial da organização.
Sistemas 1 2 3 4
Autoritário Autoritário Consultivo Participativo
Variáveis Coercitivo Benevolente
Relações Provocam São toleradas com Certa confiança nas Trabalho realizado
interpessoais desconfiança. certa pessoas e nas suas em equipes.
Organização informal condescendência. relações. A empresa Formação de grupos
é vedada e Organização informal procura facilitar o torna-se importante.
considerada incipiente é desenvolvimento de Confiança mútua,
prejudicial. Cargos e considerada como uma organização participação e
tarefas confinam as uma ameaça à informal sadia. envolvimento pessoal
pessoas. empresa. intensos.
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Referências
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14. Robbins, S. P., Organizational Behavior. Upper Saddle River, Prentice Hall,
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15. Lima, L. O., Treinamento em Dinâmica de Grupo, Petrópolis, Vozes, 1973.
16. White, R. e Lippitt, R., Comportamento do Líder e Reação dos Membros em
Três ―Climas Sociais‖ em Cartwright, D., e Zander, A., Dinâmica de Grupo,
São Paulo, Herder, 1972.
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