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O Ficha Limpa, projeto de lei de iniciativa popular que colheu mais de 1,7 milhão de

assinaturas, impede candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça que praticarem


crimes de corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas. Mas como
toda nova proposição, passou por diversos debates, questionamentos, mas por fim,
imperou o desejo da correta conduta do agente público.

O projeto estabelece casos de inelegibilidade, fixa prazos que variam de três a oito anos
para impedir a eleição de pessoas condenadas pela Justiça. Esta iniciativa popular fixa o
prazo geral para inelegibilidade que passa a ser de oito anos para todos os casos, contanto
que a condenação do político tenha sido proferida por órgão colegiado da Justiça ou em
decisão transitada em julgado - quando não pode mais haver recurso. Outra exigência para
tornar o candidato inelegível é que o condenado receba pena de mais de dois anos de
prisão, devido a situações nas quais houve dolo.

Na formação da consciência política desse projeto de lei, dois princípios constitucionais


destacam-se: o princípio presunção de inocência e o da prevenção. O primeiro refere-se à
prerrogativa conferida constitucionalmente ao acusado de não ser tido como culpado até
que a sentença penal condenatória transite em julgado, evitando, assim, qualquer
conseqüência que a lei prevê como sanção punitiva antes da decisão final. Já o segundo,
traz a ínsita idéia de antecipar-se, chegar antes, de ação que impede a ocorrência de fato
maléfico de tomar medidas antecipadas contra algo ou alguém.

Ainda, debateu-se constitucionalidade com base na Constituição Brasileira de 1988 em seu


artigo 5.°, inciso LVII - "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória". Desta forma, o acusado de ato ilícito tem o direito de ser
tratado com dignidade enquanto não se solidificam as acusações, já que se pode chegar a
uma conclusão de que o mesmo é inocente.

No entanto, prevaleceu o desejo de quase 2 milhões de assinaturas, propósito que atende


exatamente àqueles critérios balizadores – moralidade e vida pregressa – previstos no § 9º
do art. 14. Ademais, não há como vislumbrar inconstitucionalidade em uma proposição que
busca apenas garantir a prevalência do princípio da moralidade no trato da coisa pública e
aperfeiçoar a regulamentação de um dispositivo constitucional. onde

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