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DISCIPLINA: PROGRAMAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA EPS 5211


SEM 2004.2

COMENTÁRIOS INICIAIS
No estudo da evolução do pensamento contábil, percebe-se que o
desenvolvimento da Contabilidade esteve sempre associada ao desenvolvimento das
relações comerciais de cada época. Pode-se observar em diversos relatos históricos a
influência direta da evolução cultural e econômica do homem, adaptando-se às novas
situações para atingir seus objetivos.
Na medida em que as transações comerciais tornaram-se mais complexas,
devido a fatores como a sofisticação dos processos produtivos, a integração e ampliação
dos mercados, tornaram-se igualmente complexas as técnicas administrativas, exigindo,
consequentemente, sistemas de informações mais avançados e eficazes.
Hoje, a contabilidade continua ganhando cada vez mais espaço, os usuários
desta ciência estão à procura de controles eficazes, relatórios condizentes com a
realidade da economia mundial, informações que demonstrem a responsabilidade social
da empresa e dados que venham a combater a concorrência. Assim, o maior diferencial
do contabilista é saber transformar os dados contábeis em informações e estas em ações
que ajudem maximizar os resultados da organização.
Neste contexto, a contabilidade é responsável pela geração de informações
necessárias ao gerenciamento do negócio, é difícil encontrar um único setor, empresa
ou organização de qualquer espécie, que não tenha passado a fazer uso intenso das
informações, se tornando dependente do conhecimento e da tecnologia da informação
aliada às informações contábeis como instrumento para melhor gestão dos
empreendimentos.
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1 – CONCEITOS DE CONTABILIDADE
A contabilidade é uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades,
mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos ocorridos,
com o fim de oferecer informações sobre a sua composição e suas variações, bem como
sobre o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial”.

Entidades

Capital Pessoas Produtos Mercado

Durante todo o processo evolutivo da contabilidade os autores conceituaram a


contabilidade de acordo com a utilidade que esta lhes tinha na ocasião.
Para Hermann Jr., a contabilidade é “a ciência contábil que estuda os fatos que
produzem variações patrimoniais, classificando-os de modo a fornecer elementos de
orientação ao governo, da riqueza”.
Segundo Hilário Franco “é a ciência que estuda e controla as variações no
patrimônio das entidades econômico-administrativas, através de um conjunto
sistematizado de preceitos e normas próprias”.
Já Fayol, define a contabilidade como sendo “(..) o órgão visual das empresas.
Deve permitir que se saiba a todo instante onde estamos e onde vamos. Deve fornecer
sobre a situação econômica da empresa ensinamentos exatos, claros e preciosos. Uma
boa contabilidade, simples e clara, fornecendo uma idéia exata das condições da
empresa, é um poderoso meio de decisão”.

2 – OBJETO E OBJETIVOS DA CONTABILIDADE


Antes de iniciar qualquer trabalho ou empreendimento, é importante deixar claro
quais os objetivos que se pretende atingir com tal iniciativa.
O objetivo da Contabilidade é a geração de informações para que os diversos
usuários possam tomar conhecimento da situação da organização em dado momento,
para fins de tomada de decisões.
Desta forma o objeto da Contabilidade, é então, o patrimônio. Onde o
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patrimônio é formado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados à entidade
econômico-administrativa, e este constitui o objeto indispensável para que esta realize
seus objetivos. Em torno do patrimônio a Contabilidade desenvolve suas funções como
um meio de atingir suas finalidades, que é a de informar e orientar a administração
sobre o estado desse patrimônio e suas variações.
Para a contabilidade conhecer a situação do patrimônio de uma empresa em um
determinado momento, bem como suas variações e os efeitos da ação administrativa
sobre a riqueza patrimonial, esta registra, interpreta e analisa os fenômenos que ocorrem
no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, objetivando demonstrar a seus usuários,
por meio de relatórios próprios, informações sobre o comportamento dos negócios,
buscando fornecer aos administradores, dados precisos para a tomada de decisões.
Aparentemente esse processo é muito simples, a contabilidade obtém os dados
através de documentos (notas fiscais, requisições, mapas de custos etc), sintetiza-os e
apresenta aos usuários em forma de relatórios.

Processo: dados – processamento – informação


eventos – contabilização – relatórios

No entanto, existem dois pontos fundamentais a serem considerados, que complicam


o processo de geração de informações:
 quem são os usuários da informação contábil?
 como gerar informações para esses usuários?

3 – USUÁRIOS DA CONTABILIDADE
Os usuários da contabilidade tanto podem ser internos como externos, ambos
possuem interesses diversificados, razão pela qual as informações contábeis devem ser
amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da situação patrimonial
da entidade e das mutações sofridas por este patrimônio, permitindo a realização de
inferências sobre o seu futuro.
 Nos usuários internos incluem-se os administradores, gerentes, encarregados,
diretores, chefes de departamento, enfim, os administradores de todos os níveis.
 Os usuários externos podem ser considerados os bancos, fornecedores,
sindicatos, acionistas, governo, etc.
É evidente que cada tipo de usuário necessita de informações diferenciadas,
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neste sentido, entre os principais usuários das informações contábeis podemos citar:
INFORMAÇÕES DIFERENCIADAS

Usuários Informação contábil mais importante


Bancos e Financiadores em geral Capacidade de pagamento da empresa;
(ao emprestar dinheiro sua preocupação
maior é que a empresa possua capacidade
de gerar fluxo e caixa futuro para saldar a
dívida).
Entidades Governamentais O lucro tributável;
Produtividade;
Valor adicionado;
Acionistas ou cotistas minoritários Retorno sobre o capital investido.
Empregados Fluxo de caixa capaz de assegurar a
empresa condições de uma boa
remuneração.
Administração Rentabilidade e Capacidade de Pagamento.

De maneira geral, os usuários da informação contábil estão preocupados com a


compacidade de geração de caixa e rentabilidade da empresa, isto significa que as
informações contábeis somente serão importantes, se servirem como instrumentos de
predições futuras. Assim, o processo decisório acaba sendo influenciado pelas
informações contábeis disponíveis, o que requer do contador sensibilidade para entender
que seria injusto oferecer as mesmas informações padronizadas para os usuários
externos e internos. O papel do contabilista é suprir, com informações, todos os usuários
na medida de suas necessidades, sem buscar privilégios e benefícios de qualquer um em
particular.

4 - CAMPO DE APLICAÇÃO
A Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou
em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia).
Esta ciência tem como campo de aplicação as entidades econômico-
administrativas, constituídas para um objetivo econômico ou social, que se utilizando
bens patrimoniais necessitam de um órgão administrativo que pratique atos de natureza
econômica. Exemplos:
 Pessoa física;
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 Pessoa jurídica de natureza privada;
 Pessoa de direito público:
 União;
 Estados;
 Municípios.

Quando a Contabilidade Geral for aplicada as empresas:


 comerciais, denomina-se Contabilidade Comercial;
 industriais, denomina-se Contabilidade Industrial;
 públicas, denomina-se Contabilidade Pública;
 bancárias, denomina-se Contabilidade Bancária;
 hospitalares, denomina-se Contabilidade Hospitalar;
 agropecuárias, denomina-se Contabilidade Agropecuária;
 de seguros, denomina-se Contabilidade Securitária etc.

5 - TÉCNICAS CONTÁBEIS
Para atingir sua finalidade a contabilidade utiliza-se de meios próprios que são:
A) Escrituração;
B) Demonstrações Contábeis;
C) Auditoria;
D) Análise de Balanços.

A) Escrituração: Consiste na técnica de registro em ordem cronológica das fatos


administrativos que interferem no patrimônio. Os registros são efetuados com base
nos documentos comprobatórios ou evidencias objetivas dos fatos, em ordem
cronológica de maneira que são organizadas seqüencialmente, conforme um plano
de contas, de modo a facilitar a preparação dos futuros relatórios e demonstrações.
B) DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: As demonstrações contábeis são a reunião
em demonstrativos sintéticos dos fatos registrados na escrituração. Quando a
demonstração tiver a finalidade de expor os componentes patrimoniais (bens,
direitos e obrigações), recebe o nome de BALANÇO PATRIMONIAL (BP).
Quando tiver a finalidade de expor o resultado econômico e a variação patrimonial
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de um determinado período, recebe o nome de DEMONSTRAÇÃO DO
RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE).
Além do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, a
Lei 6.404/76 instituiu outras demonstrações que também devem ser publicadas pela
maioria das grandes empresas. São as seguintes:
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados: Evidenciação clara do
lucro do período, sua distribuição e a movimentação ocorrida no saldo da conta lucros e
perdas.
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: Fornece a
movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas componentes do
Patrimônio Líquido.
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos: Tem por objetivo
apresentar de forma ordenada e sumariada, principalmente as informações relativas às
operações de financiamentos e investimentos da empresa durante o exercício, bem como
evidenciar as alterações na posição financeira da empresa.
Notas Explicativas: São informações complementares às demonstrações
contábeis, representando parte integrante das mesmas. Podem ser apresentadas sob a
forma descritiva, em forma de quadros complementares, ou até mesmo em forma de
outras demonstrações contábeis julgadas necessárias para o esclarecimento das
demonstrações anteriores.

C) AUDITORIA: Consiste no exame aleatório dos documentos, livros e registros,


obedecendo as normas especiais de procedimentos, com o objetivo de verificar se as
demonstrações contábeis representam adequadamente a posição econômica e
financeira do patrimônio e os resultados do período administrativo, de acordo com
os princípios de contabilidade e legislação em vigor.

D) ANÁLISE DE BALANÇOS: É a técnica especializada que permite decompor,


comparar e interpretar as demonstrações contábeis, oferecendo aos interessados na
situação econômica e financeira da entidade, dados analíticos e interpretação sobre
os componentes do patrimônio, bem como sobre os resultados da atividade
econômica desenvolvida.
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6 - O PATRIMÔNIO
O Patrimônio pode ser conceituado como uma grandeza constituída por bens,
direitos e obrigações de uma pessoa ou entidade. Pode ser considerado simplesmente
como um conjunto de bens econômicos, ou um conjunto de bens com um fim
específico.
É um complexo de valores pertencentes a alguém, pessoa física ou jurídica, que
o explora ou o utiliza com um fim determinado. O patrimônio se forma pela acumulação
de bens e se apresenta conforme o objetivo específico da entidade (industrial, comercial,
agrícola, financeira ou de prestação de serviços), adquirindo características diferentes de
grandeza e complexidade.
BENS: é tudo que a empresa possui, seja para uso, troca ou consumo. Podem
ser:
 Materiais – são os bens corpóreos – móveis, imóveis, veículos etc;
 Imateriais – são os bens incorpóreos - Gastos com a Organização, Marcas e
Patentes, Investimentos em Pesquisas etc.
DIREITOS: são os valores que uma empresa tem a receber.
OBRIGAÇÕES: são os valores que a empresa tem a pagar.

Assim, o patrimônio de uma organização é composto por uma parte positiva,


denominada de ATIVO, que engloba os bens e os direitos; e uma parte negativa
denominada de PASSIVO, que contempla todas as obrigações da organização para com
terceiros. O excesso de ATIVO sobre o PASSIVO, representa o capital, também
chamado de PATRIMÔNIO LIQUIDO, parcela que aparece no Passivo para completar
a igualdade entre o total do Ativo e do Passivo.
A contabilidade estuda os componente patrimoniais em seus aspectos
qualitativos e quantitativos.
No aspecto qualitativo, eles são classificados de acordo com a natureza de cada
um dos bens, direitos e obrigações que formam esse patrimônio, e são representados por
contas, como: Caixa, Bancos, Mercadorias, Contas a Receber, Veículos, Ordenados e
Salários a Pagar etc.
Já o aspecto quantitativo, está relacionado aos valores monetários que cada um
dos bens, direitos e obrigações representam.
A composição do patrimônio varia de acordo com o objetivo, natureza e a
finalidade de cada entidade. Desta forma, não podemos estabelecer uma classificação
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uniforme para todos os tipos de entidades, mas podemos criar grupos gerais de contas,
comuns a todos os tipos de entidades.

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UM PATRIMÔNIO


ATIVO PASSIVO
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES
- Dinheiro - Empréstimos
- Duplicatas a Receber - Financiamentos
- Contas a Receber - Fornecedores
- Valores à recuperar - Contas a Pagar
- Aplicações Financeiras - Impostos a Pagar
- Estoques
- Investimentos (ações) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
- Prédios - Capital Social
- Terrenos - Reservas
- Veículos
- Máquinas

A parte positiva desse complexo é representado pelos bens e direitos da entidade


(ATIVO). A parte negativa pelas obrigações (PASSIVO). A diferença entre o que a
entidade possui e o que deve, que genericamente pode ser chamada de situação líquida,
representa o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. O Patrimônio Líquido, aparece no Passivo para
completar a igualdade entre o total do Ativo e do Passivo, o que denominamos equação
patrimonial.
ATIVO = BENS + DIREITOS (parte positiva)
PASSIVO = OBRIGAÇÕES (parte negativa)
PATRIMÔNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES

A) Ativo:
São todos os bens e direitos de propriedade da empresa, expressos em moeda, e
que representam benefícios presentes e futuros a empresa, isto é, que tenham
potencialidade de geração de caixa.
Para ser considerado Ativo, é necessário preencher quatro características
simultaneamente:
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- Bens ou Direitos: Bens são todos os materiais móveis e imóveis, com os quais
a empresa executa suas atividades. Direitos são os valores que a empresa poderá
dispor em prazo imediato ou futuro. Ex.: Duplicatas à receber, marcas e
patentes.
- Propriedade: é o legitimo poder de decidir sobre o destino do objeto em
questão. Nem sempre para ser o proprietário é preciso ter a posse. Ex.
mercadorias adquiridas que ainda se encontram em poder da transportadora;
máquinas encaminhadas para outras empresas.
- Mensuráveis em dinheiro: os bens devem ter a possibilidade de serem
avaliados em dinheiro. Ex. um carro usado, que não tenha mais capacidade de
gerar fluxo de caixa e nem tenha mais valor comercial, não é mensurável.
- Benefícios Presentes e Futuros: Os bens ou direitos devem trazer benefícios no
presente ou no futuro. Ex. máquinas em perfeito estado de uso, duplicatas a
receber com perspectivas de recebimento.
B) Passivo:
É composto pelas obrigações (passivos, exigibilidades), as quais formam os
elementos negativos da empresa. São os recursos de terceiros, ou seja recursos
provenientes de outras fontes que contribuem para o desenvolvimento das atividades da
empresa, como por exemplo os financiamentos e empréstimos bancários, ou mesmo, os
originados de compras à prazo e contas à pagar.
A existência do passivo pode ser justificada por:
- Necessidade de Capital de Giro: Na insuficiência de recursos próprios, a
empresa recorre a terceiros, na forma de empréstimos, etc.
- Oportunidade de Negócio: Oportunidades oferecidas pelos fornecedores que
incorporam taxas de juros inferiores à receita obtidas na aplicação do capital em
outra oportunidade.
C) Patrimônio Liquido:
Esse grupo corresponde a diferença entre o Ativo (bens e direitos) e o Passivo
(obrigações), e será colocado no lado do passivo para assegurar a igualdade ente os dois
lados. De forma geral, todas as vezes que incorrer uma movimentação desigual de
valores entre o Ativo e o Passivo, o Patrimônio Líquido sofrerá uma variação. Assim, o
Patrimônio Líquido é o resultado final de todo esforço da entidade em alocar os seus
ativos e passivos da forma mais eficiente possível.
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As fontes de recursos ou origens de recursos do Patrimônio Líquido são os
investimentos realizados pelos sócios, os lucros, doações.
A representação gráfica que demonstra o Patrimônio (bens, direitos e
obrigações) é denominado de BALANÇO PATRIMONIAL, que é assim composto:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Bens e Direitos Capital de Terceiros

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Próprio

6.1 - ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS


No lado do Passivo, temos os Capitais de Terceiros – representado pelas
obrigações e os Capitais Próprios - representados pelo Patrimônio Liquido. O Passivo
representa todas as origens ou fontes de Recursos – toda a origem do capital. Nenhum
recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Liquido.
No lado do Ativo temos caracterizado as Aplicações de Recursos originadas
no Passivo e Patrimônio Liquido. Assim fica muito fácil de entender porque o Ativo
será sempre igual ao Passivo + Patrimônio Liquido.
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
ORIGEM = APLICAÇÃO

ATIVO – APLICAÇÕES PASSIVO E PL – ORIGENS


Bens + Direitos Passivo – Capitais de Terceiros

Patrimônio Liquido – Capitais


Próprios

Genericamente, a diferença entre o Ativo e o Passivo, pode ser chamada de


situação líquida, podendo o patrimônio representar três situações líquidas:
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Situação Patrimonial Positiva: ATIVO > PASSIVO teremos o PL > 0


Revela que a empresa possui bens e direitos maiores que as obrigações.
Portanto a empresa possui riqueza própria.
ATIVO PASSIVO
Caixa 100 Fornecedores 50
Bancos 100
Situação Liquida Positiva 150
TOTAL 200 TOTAL 200

Situação Patrimonial Negativa: PASSIVO > ATIVO teremos PL < 0


Revela que a empresa encontra-se em má situação, apresentando o Passivo a
descoberto, isto é, mais obrigações do que bens e direitos.
ATIVO PASSIVO
Caixa 100 Fornecedores
Bancos 100 250

Situação Liquida Negativa (50)


TOTAL 200 TOTAL 200

Situação Patrimonial Nula ou Equilibrada: ATIVO = PASSIVO teremos o PL = 0


Revela que a empresa não possui riqueza própria. Todo o seu ativo está
comprometido com as dívidas.
ATIVO PASSIVO
Caixa 100 Fornecedores
Bancos 100 200

Situação Liquida Nula


TOTAL 200 TOTAL 200

6.2 - AGRUPAMENTO DO ATIVO E DO PASSIVO


O Ativo pode ser classificado em três grandes grupos de contas, os quais são
apresentados em ordem decrescente de grau de liquidez.
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ATIVO CIRCULANTE: No Ativo Circulante temos todas contas de liquidez
imediata, ou que se convertem em dinheiro em curto prazo.Ex. Contas a Receber,
Estoques, Investimentos Temporários.
ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO: Neste grupo temos todos os direitos da
empresa, realizáveis após o término do exercício seguinte ao encerramento do
Balanço. Ex. Empréstimos concedidos a diretores, acionistas, coligadas ou
controladas.
ATIVO PERMANENTE: No Ativo permanente temos os itens que representam menor
grau de liquidez – que não podem ser vendidos, pois esses itens são usados na operação
normal da empresa. Ex. Investimentos em outras empresas, Imobilizado, Diferido (mais
de um exercício)

O Passivo agrupará contas de acordo com o seu vencimento, isto é, aquelas contas
que serão liquidadas mais rapidamente integrarão o primeiro grupo. Aquelas
que serão pagas num prazo mais longo formarão um outro grupo. Assim,
pode-se concluir que as contas do passivo são agrupadas por ordem de
exigibilidade.
PASSIVO CIRCULANTE: No Passivo Circulante estão todas as obrigações a curto
prazo da empresa, isto é, aquelas cujos vencimentos ocorrerão até o final do exercício
social seguinte ao do encerramento do balanço. Ex. Contas a pagar, Fornecedores,
Empréstimos Bancários, Impostos a Recolher, Salários a Pagar etc.
PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO No Passivo Exigível a Longo Prazo
classificam todas as obrigações da empresa cujo vencimento ocorre após o
término do exercício seguinte ao encerramento do Balanço. Ex. Empréstimos
a longo prazo.
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS: Neste grupo relacionam-se as receitas
recebidas pela empresa e que devem ser reconhecidas nos resultados, pelo regime de
competência, em exercícios futuros. Ex. vendas de terrenos, imobilizado não recebidos,
aluguel recebido antecipadamente.
PATRIMÔNIO LIQUIDO: Representa a identidade contábil, medida pela diferença
entre o Ativo e o Passivo Exigível. Indica o volume de recursos próprios da empresa,
pertencentes a seus acionistas ou sócios. Ex. Capital Social, Reservas de Capital,
Reservas de Lucros, Lucros ou Prejuízos Acumulados .
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VISÃO SINTÉTICA DO BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
São as contas que estão constantemente em São obrigações exigíveis que serão liquidadas
giro – em movimento – sendo que a conversão no próximo exercício social: nos próximos 360
em dinheiro será no máximo, no próximo dias após o levantamento do Balanço.
exercício social.
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
São os bens e Direitos que se transformarão em São as obrigações exigíveis que serão
dinheiro um ano após o levantamento do liquidadas com prazo superior a um ano –
Balanço. dívidas a longo prazo.
Permanente Patrimônio Liquido
São Bens e Direitos que não se destinam a
São os recursos dos proprietários aplicados na
venda, e no caso do bens que têm vida útil.
empresa. Os recursos significam o Capital mais
- Investimentos
o seu rendimento - Lucros e Reservas.
São as inversões financeiras de caráter
permanente que geram rendimentos que
são necessários à manutenção da atividade
fundamental da empresa.
- Imobilizado
São os itens de natureza permanente que
serão utilizados para a manutenção da
atividade básica da empresa.
- Diferido
São aplicações que beneficiarão resultados
de exercícios futuros.
7 - ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
É o ato de registrar nos livros da empresa as movimentações ocorridas em seu
patrimônio. A escrituração pode ser definida como um conjunto de lançamentos das
operações da empresa em ordem cronológica.
Quando a Contabilidade é organizada, os procedimentos se tornam rotineiros e
podem até ser realizados por auxiliares, ficando o contador disponível para solucionar
os casos de maior complexidade.
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Todas as empresas estão obrigadas a manter uma série de livros de escrituração.
Os livros são classificados como obrigatórios e facultativos.
Obrigatórios pela legislação comercial: Livro Diário e Livro Razão.
Obrigatórios para as S/A: Livro de Registro das ações nominativas, Livro de
transferência de ações nominativas, Livro das atas das assembléias gerais e Livro de
presença dos acionistas.
Livros Facultativos: Caixa, Controle de Estoque, Controle de Duplicatas.
Livros Fiscais mais importantes: Livro de Apuração do Lucro Real, Livro de
Apuração do IPI, Livro de entrada de mercadorias, Livro de saída de mercadorias, Livro
de apuração do ICMS, Livro de inventário, Livro de Registro de empregados.

7.1 – MÉTODOS DAS PARTIDAS DOBRADAS


É uma forma de se registrar os fatos contábeis, difundido na Itália por volta do
século XIV e exposto por Frei Luca Pacioli. É universalmente aceito e adotado de 1494.
A essência do método pelas partidas dobradas é que no registro de qualquer operação ou
fato, haverá sempre para cada débito um crédito correspondente, de forma que a soma
dos valores debitados sejam sempre igual à soma dos valores creditados.

ATIVO = PASSIVO
SALDO DEVEDOR = SALDO CREDOR

“NÃO HÁ DÉBITO (S) SEM CRÉDITO (S) E CORRESPONDENTE (S)”.

7.2 - LANÇAMENTOS
É o registro de um fato contábil através do método das partidas dobradas. É feito
em ordem cronológica e deve possuir: data da ocorrência do fato, conta a ser debitada,
conta a ser creditada, histórico e valor.

8 – CONTAS
Para simplificar e agilizar o serviço de escrituração e elaboração das
demonstrações contábeis, todos os fatos da mesma natureza que representam a
movimentação de um mesmo elemento patrimonial são registrados em um controle
(livro, ficha, arquivo do computador) sob uma mesma denominação.
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A conta registra os débitos e créditos da mesma natureza, identificados por um
titulo que qualifica um componente do patrimônio ou uma variação patrimonial. Ex.
Caixa, bancos, Moveis e Utensílios, Fornecedores, Títulos a Pagar etc.
As contas apresentam características qualitativa e quantitativa . A característica
qualitativa deve-se a necessidade das operações da entidade serem identificadas,
intituladas, isto é, necessitam de uma denominação específica. Ex. Caixa, Bancos
(denominação). Já os valores atribuídos às contas garantem a característica de
quantitativa (valoração. Ex. 20000 - 5.000,00 etc).
As contas podem ser classificadas em Integrais ou Patrimoniais e Diferenciais ou
de Resultado.
As contas Integrais ou Patrimoniais são aquelas representativas de todos os
valores que formam o patrimônio (bens, direitos, obrigações e situação liquida) Ex.
Caixa, Bancos conta Movimento, Capital Social. As contas Diferenciais ou de
Resultado são as contas oriundas das operações da entidade em determinado tempo e
que serão utilizadas na confrontação para apuração do resultado do período, são,
portanto, representativas das variações aumentativas ou diminutivas da situação liquida
do patrimônio (receitas e despesas) Ex. Vendas a vista, Despesas Administrativas etc.
As contas de despesas são sempre debitadas e acarretam a diminuição na
situação liquida positiva do patrimônio. Já as receitas são sempre creditadas e acarretam
o aumento da situação liquida positiva do patrimônio.

9 - RAZÃO
Antigamente as contas eram registradas em um livro denominado Livro Razão.
Atualmente este livro foi substituído por fichas soltas, nos sistemas mecanizados ou
pela memória do computador, nos sistemas computadorizados de contabilidade. Cada
ficha destina-se aos registros dos fatos referentes a uma só conta. Nesta ficha é
registrado a data em que ocorreu o fato, histórico descritivo do fato e o valor
movimentado, bem como o saldo atualizado da conta.
Para simplificação de ilustrações, explicações e resoluções de exercícios,
utilizaremos uma representação gráfica de conta bastante simples, que denominaremos
de razonete T ou simplesmente razonete. Para todas os razonetes em T colocaremos o
nome da conta sobre o traço superior do T. No lado esquerdo serão lançados os valores
que estarão debitando a conta, e do lado direito os valores que estarão creditando a
conta. Vejamos um exemplo:
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Nome da Conta

Débito Crédito

9.1 CONTAS DO ATIVO


Os elementos que compõe o ATIVO (bens e direitos), por convenção, figuram
do lado esquerdo do balanço patrimonial. Em coerência, as contas do ativo devem
apresentar saldo no lado esquerdo, isto é, saldos devedores. Em conseqüência, sempre
que quisermos registrar um aumento no saldo da conta do ativo faremos um débito nesta
conta.
Nome da Conta
do Ativo

Débito Crédito
(aumenta) (diminui)

9.2 – CONTAS DO PASSIVO


As contas do passivo sempre aparecem no lado direito do balanço, por isso
acontece com estas contas o inverso das contas do ativo. Devem apresentar saldos
credores. Aumentos e diminuições no saldo devem ser registrados da seguinte forma:
Nome da Conta
do Passivo

Débito Crédito
(diminui) (aumenta)
As contas do Patrimônio Líquido tem funcionamento semelhante às contas do
Passivo. Como não existem obrigações positivas, todas as contas do Passivo e do
Patrimônio Líquido terão saldo credor (negativo).

10 - PLANO DE CONTAS
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A contabilização das transações de uma empresa é feita pelo departamento,
seção ou setor de contabilidade. As transações das empresas nem sempre são da mesma
natureza, variando o tipo de conta utilizada para o registro das operações. Por exemplo,
uma empresa que somente presta serviços nunca terá uma conta de “venda de
mercadorias”, mais sim uma conta de “venda (ou receita) de serviços”. Da mesma
maneira, a nomenclatura das contas varia de acordo com a preferência do responsável
pela contabilidade. Enquanto um contador prefere chamar “venda de serviços”, outro
pode preferir usar uma conta “receita de serviços”, que na realidade são a mesma conta
com nomenclaturas diferentes. Assim, para assegurar a uniformidade na utilização de
contas para o registro das transações, as empresas se utilizam de um plano de contas.
Um plano de contas representa a organização das contas usadas pela empresa
para o registro das transações, com o objetivo de assegurar a uniformidade na sua
utilização.

11 – ESTRUTURAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


Toda empresa possui um objetivo operacional, ou seja, uma atividade principal.
As empresas industriais objetivam a transformação das matérias-primas em produtos
acabados, as empresas comerciais objetivam a comercialização de mercadorias no
processo de revenda e as Empresas prestadoras de serviços objetivam o fornecimento de
serviços especializados aos diversos usuários.
Para que os usuários da informação contábil possam conhecer cada empresa, os
mesmos se utilizam as Demonstrações Contábeis, que representa o principal meio
informativo da situação patrimonial e dos resultados obtidos.
O objetivo da contabilidade é prestar informações aos usuários, portanto faz-se
necessário que além da aplicação dos princípios fundamentais da contabilidade é
necessário cuidados especiais quanto a forma, o conteúdo e o nível de detalhes das
demonstrações contábeis. Para que os mesmos sejam considerados relevantes,
confiáveis, comparáveis, e úteis no auxílio na tomada de decisões.
Normalmente as informações geradas para os usuários externos são
padronizadas e atendem aos requisitos da Lei nº 6.404/76.
De acordo com esta Lei as demonstrações contábeis são:
• Balanço Patrimonial - B.P.;
• Demonstração de Resultado do Exercício - D.R.E.;
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• Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos - D.O.A.R.;
• Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido - D.M.P.L.

Mas é preciso que o profissional de contabilidade saiba dentre as diversas


concepções de elaboração e apresentação dos relatórios contábeis. aquele que melhor se
adapta aos usuários, levando em consideração as necessidades de cada usuário.
Para atendermos o conteúdo programático da disciplina iremos estudar
somente o Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício.
A Demonstração do Resultado do Exercício é uma demonstração da dinâmica
patrimonial. Na dinâmica patrimonial, estuda-se as variações da situação líquida, que
podem ser provocadas pelas operações com os sócios, como também, pelas operações
da empresa. O objetivo é demonstrar como os fatos ocorridos em determinado período
de tempo provocaram tais alterações.
Além da Demonstração do Resultado do Exercício, as demonstrações que
representam a dinâmica patrimonial são:
• Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; e
• Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos.

11.1 – BALANÇO PATRIMONIAL


O balanço Patrimonial é uma demonstração estática, pois apresenta a situação
da empresa em um dado momento. Portanto, o B.P. é a demonstração utilizada para
refletir a posição financeira e patrimonial da empresa em dado momento.
É a demonstração de maior utilização pelas empresas e tem por finalidade
demonstrar a posição dos bens e direitos (ativo), as obrigações com terceiros (passivo) e
as obrigações com os sócios (patrimônio líquido) evidenciando a situação líquida.
O B.P. caracteriza-se como importante instrumento para análise da estrutura de
capital e da capacidade de pagamento.
Conforme o artigo 178 da Lei nº 6.404/76, as contas serão classificadas segundo
os elementos do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o
conhecimento e a análise da situação financeira da empresa, pois no Balanço
Patrimonial está representada as Fontes de onde provieram os Recursos utilizados para a
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empresa operar (Passivo e Patrimônio Líquido) e os Bens e Direitos (Ativo) em que
esses recursos se acham investidos.
No Ativo da empresa, as contas devem ser classificadas em ordem decrescente
de grau de liquidez, ou seja, inicialmente são apresentados os bens e direitos que mais
rapidamente se convertam em dinheiro e no Passivo, as contas devem ser classificadas
em ordem decrescente de prioridade de pagamento das obrigações.

BALANÇO PATRIMONIAL
EM / /
ATIVO PASSIVO
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Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Obrigações Operacionais
Caixa Fornecedores
Bancos c/ Movimento Obrigações Financeiras
Créditos Empréstimos
Duplicatas a Receber Obrigações Trabalhistas
Outros Créditos Obrigações sociais e fiscais
Antecipações a Recuperar Outras Obrigações
Investimentos Temporários Obrigações Provisionadas
Aplicações Financeiras Passivo Exigível a Longo Prazo
Estoques Financiamentos
Mercadorias Resultado de Exercícios Futuros
Despesas do Exercício Seguinte Receitas Diferida
Prêmios de Seguro a Apropriar
Ativo Realizável a Longo Prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Empréstimos Concedidos Capital Social
Ativo Permanente Reservas de Capital
Investimentos Reserva de Reavaliação
Ações Reserva de Lucros
Imobilizado Lucros ou Prejuízos Acumulados
Terrenos
Diferido
Despesas Pré-operacionais

11.1.1 - Agrupamento do Ativo

11.1.1.1 - Ativo Circulante


De forma geral, a Lei 6.404/76 define as características dos elementos que
devem compor o ativo Circulante, são elas:
• Valores disponíveis para utilização imediata ou conversíveis em moeda corrente
a qualquer tempo; normalmente são reunidos sob o título de “Disponibilidades”.
• Direitos conversíveis em valores disponíveis durante o curso do exercício
seguinte àquele do balanço ou realizáveis durante o ciclo operacional da
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empresa se esse exceder a um ano; correspondem a “Direitos realizáveis a Curto
Prazo”.
• Valores relativos a despesas já pagas que beneficiarão o exercício seguinte
àquele da data do balanço; são denominados “Aplicações de Recursos em
Despesas”.

Disponibilidades
Representa o dinheiro em mãos da empresa, os depósitos bancários a vista e as
aplicações de imediata conversibilidade em dinheiro. Diversas contas integram as
disponibilidades. Às vezes aparecem englobadas sob o título “Disponível” ou
“Disponibilidades”, enquanto outras vezes aparecem subdivididas em várias contas.
Enquadram-se também como disponibilidades as chamadas Aplicações de
Liquidez Imediata que são investimentos feitos pela empresa a curtíssimo prazo - uma
quinzena, uma semana ou um dia-; em virtude de existência de um mercado altamente
dinâmico, podem ser consideradas com dinheiro em mãos.

Clientes (Créditos)
Compreende os valores a receber decorrentes das vendas efetuadas pela
empresa. Eventualmente, no caso de empresas prestadoras de serviços, podem ser
inclusos os serviços já prestados e ainda não faturados.
As duplicatas descontadas indicam desconto antecipado das duplicatas a receber
em estabelecimentos bancários. O banco compra à vista as duplicatas, “descontando” no
ato as despesas bancárias e os juros a que tem direito pelo período que transcorrerá
entre a data do desconto e a data do vencimento das duplicatas. Do ponto de vista de
direitos sobre o título, é indubitável que após a negociação, passa a pertencer ao banco
e, assim, não mais ao ativo da empresa. Por essa razão nos balanços publicados,
Duplicatas Descontadas aparecem como conta subtrativa de Duplicatas a Receber (só
não aparece o saldo líquido de Duplicatas a Receber porque, sendo a empresa
descontante do título e avalista do mesmo, poderá ter de arcar com a sua liquidação se o
cliente não pagar). Entretanto, do ponto de vista de investimentos e financiamentos, a
interpretação é outra. A empresa, através de suas vendas com prazo de pagamento
concedido ao cliente, gera um investimento para o qual não dispõe de recursos.
Recorre, então, ao banco que lhe fornece esses recursos sob a modalidade de
negociação de duplicatas, ou seja, o banco entrega certa quantia à empresa calculada
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sobre o valor bruto da duplicata menos juros, comissões etc. e torna-se dono da
duplicata. Acontece que o investimento da empresa decorrente das vendas a prazo é de
caráter contínuo, pois, quando recebe de uma empresa, já está financiando outro cliente.
Assim, requer financiamento constante para cobrir esse investimento. Não tendo capital
próprio, recorre a capital de terceiros; no caso, desconto de duplicatas. Portanto, para
efeito de Análise de Balanços, as duplicatas descontadas devem figurar no Passivo
Circulante, pois o Passivo representa financiamentos de terceiros obtidos pela empresa.
A empresa passa a depender dos bancos para poder efetuar o investimento em
duplicatas a receber. Se amanhã os bancos não quiserem mais descontar duplicatas da
empresa, seja qual for o motivo, ela será obrigada a deixar de investir em duplicatas a
receber (vendendo somente à vista se for possível) ou obter outra fonte de
financiamento.

Estoques
Os estoques compreendem produtos e materiais de propriedade da empresa.
Compõem os estoques as seguintes contas:
• Produtos Acabados: representa os produtos cujo processo de fabricação foi
concluído e já se encontram em condições de venda.
• Mercadorias para Revenda: compreende as mercadorias adquiridas para
comercialização.
• Produtos em Elaboração: representa o valor do inventário de produtos que se
acham em processo de fabricação na data de levantamento do balanço;
compreende todos os custos aplicados nesses produtos.
• Materiais: compreende todo tipo de material existente na empresa, tanto aquele
que se incorpora ao produto como aquele auxiliar da produção, administração e
entregas;
• Mercadorias em Trânsito: compreende os bens comprados pela empresa que
na data do balanço se acham em transporte, a caminho da empresa.

Aplicações Financeiras
Freqüentemente, por excesso de recursos monetários, por obter boas taxas
remuneratórias, por obrigações contratuais ou por falta de opções de negócios, as
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empresas efetuam aplicações financeiras por prazos que variam desde um dia até alguns
anos, embora raramente ultrapasse um ano. As aplicações de curtíssimo prazo devem
ser englobadas às disponibilidades; entretanto, as de maior prazo devem constituir um
item à parte do Ativo Circulante (ou Realizável a Longo Prazo, se for o caso).

Outras Contas do Ativo Circulante


Existem uma infinidade de direitos, normal e individualmente de pequena
monta, que podem surgir no Ativo Circulante de uma empresa, como decorrência de
inumeráveis operações possíveis, como adiantamentos a fornecedores, verbas de
propaganda a recuperar, valores a receber por vendas não operacionais, venda de
imóveis, maquinismo, despesas antecipadas de seguros, assinaturas, aluguéis etc.
O analista deve observar a relevância de cada uma dessas contas
individualmente e decidir se vale a pena considerá-las como um item isolado ou, então,
agrupá-las em outras contas.
Na prática, geralmente, as demais contas do Ativo Circulante, além das
Disponibilidades, Duplicatas a Receber e Estoques, costumam ser agrupadas para efeito
de análise. A não ser em casos especiais, nenhum item com menos de 5% do Ativo
Circulante precisa ser destacado. Acima de 10% convém refletir sobre a necessidade ou
não de destacá-lo. Com mais de 20% certamente deverá ser destacado. Essa não é,
contudo, uma regra fixa; é apenas uma sugestão geral que precisa ser analisada em cada
caso.
As chamadas Outras Contas do Ativo Circulante podem ser assim apresentadas:
• Diversas Contas a Receber: representativas de direitos a receber da sociedade
provenientes de empréstimos a outras empresas, incentivos fiscais, vendas não
relacionadas às operações da empresa, tais como venda de imóveis,
maquinismos, investimentos ou outros bens.
• Adiantamentos: englobam o numerário entregue pela sociedade a funcionários
ou terceiros: neste caso, visa à aquisição de matérias-primas, produtos, serviços.
• Contas Correntes: são direitos a receber da sociedade, provenientes de
empréstimos de numerário a acionistas, sócios, diretores, coligadas e controladas
ou a terceiros, cuja recuperação ocorre com a devolução do dinheiro emprestado.
• Importação em Andamento: compreende os desembolsos por conta de
produtos ou matérias em processo de importação.
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• Impostos a Recuperar: referem-se aos valores a recuperar do ICMS e IPI,
decorrentes de isenções fiscais ou da atividade de compra e venda da empresa.
Pela própria sistemática fiscal desses impostos, mensalmente os débitos pelas
vendas são compensados pelos créditos das compras, remanescendo um saldo a
recolher ou a recuperar, de acordo com o volume de compras e vendas.
• Cheques em Cobrança: compreende os cheques devolvidos por insuficiência
de fundos, bem como aqueles não disponíveis imediatamente por se referirem a
praças distantes.
• Despesas Antecipadas: representam aplicações de recursos as sociedades em
despesas que serão futuramente apropriadas, como aluguéis, seguros, comissões,
assinaturas etc. Caso apareçam Despesas Financeiras a Vencer sobre
empréstimos com instituições financeiras, devem-se adotar os seguintes
procedimentos:
- A parcela das despesas financeiras a vencer classificada no Ativo Circulante
deve ser deduzida dos débitos com instituições financeiras classificadas no
Passivo Circulante e a parcela de despesas financeiras classificadas no
Realizável a Longo Prazo deve ser deduzida dos débitos com instituições
financeiras classificados no Exigível a Longo Prazo.
- Se as despesas financeiras a vencer estiverem totalmente no Ativo
Circulante deverão ser deduzidas das dívidas com instituições financeiras,
proporcionalmente, a curto e a longo prazo. As despesas financeiras a vencer
podem figurar no balanços das empresas com as seguintes denominações:
- Juros a Vencer;
- Encargos Financeiros a Vencer;
• Outros Créditos: este item destina-se a agrupar as contas do Ativo Circulante,
cujos valores são irrelevantes, comparativamente às outras evidenciadas.

11.1.1.2 - Ativo Realizável a Longo Prazo


O Realizável a Longo Prazo compreende teoricamente as mesmas contas do
Ativo Circulante (com exceção das Disponibilidades) cujo prazo de realização seja
superior a um ano ou ao ciclo operacional se este for superior a um ano.
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Uma empresa tem, normalmente, em conseqüência de suas operações, dos tipos
de investimentos. Um necessário para atingir a produção, vendas e administração
representado pelo Imobilizado; outro decorrente exatamente de suas atividades
comerciais, representado pelo Ativo Circulante.
Em vista disso, contas do Realizável a Longo Prazo surgem em caráter
excepcional.
Em algumas empresas, o ciclo operacional - prazo decorrido entre a compra e o
recebimento da quantia faturada na venda - pode ser superior a um ano. Nesses casos,
contas cujo prazo de realização ultrapasse a um ano deveriam ser abrangidas pelo Ativo
Circulante, pois conforme prevê a Lei das S. A. , Ativo Circulante compreende os
valores realizáveis no curso do exercício seguinte ou no prazo do ciclo operacional
quando este for superior a um ano.
Pode ocorrer que o ciclo operacional normal da empresa seja inferior a um ano,
mas que existam certos itens de estoque ou de recebimentos que ultrapassem a um ano.
Estes irão, pois, para o Realizável a Longo Prazo, na hora da padronização. A não ser
nesses casos, o Realizável a Longo Prazo fica realmente apenas com as exceções.
Vejam-se os componentes do Realizável a Longo Prazo.
• Duplicatas a Receber (Títulos a Receber).
• Estoques.
• Aplicações Financeiras.
• Depósitos Compulsórios.
• Impostos a Recuperar.
• Reflorestamento.
• Outros Créditos.
As contas correntes com empresas ligadas a acionistas e diretores, provenientes
de créditos não decorrentes de transações comerciais, devem figurar no Realizável a
Longo Prazo, mesmo que se preveja recebimento com prazo inferior a 360 dias, porque,
sendo créditos junto a pessoas ligadas, nada garante que a empresa credora faça esforço
para recebê-los como faria se fosse contra terceiros.
Por isso a Lei das S. A ., numa autêntica posição de quem analisa balanços,
determinou que fossem os referidos créditos lançados no realizável a Longo Prazo.
Se alguma crítica pode ser feita a essa determinação pelos auditores, para os
analistas de balanços é perfeita.
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11.1.1.3 - Ativo Permanente


No Ativo permanente temos os itens que representam menor grau de liquidez –
que não podem ser vendidos, pois esses itens são usados na operação normal da
empresa. São Bens e Direitos que não se destinam a venda, e no caso do bens que têm vida
útil. Ex. Investimentos (São as inversões financeiras de caráter permanente que geram
rendimentos que são necessários à manutenção da atividade fundamental da empresa.),
Imobilizado (São os itens de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção
da atividade básica da empresa), Diferido (São aplicações que beneficiarão mais de um
exercício e não devem, portanto, ser apropriadas ao exercício em que foram gastas).

Investimentos
A Lei das S. A . estabelece que devem ser classificadas em Investimentos as
participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza que
não se destinem à manutenção da atividade da empresa e não se classifiquem no Ativo
Circulante ou Realizável a Longo Prazo.
• Participações Permanentes em Outras Sociedades: este item engloba as
participações de capital em outras empresas na forma de ações ou de quotas com
características de investimentos permanentes. As aplicações de capital em outras
empresas, normalmente, são de natureza voluntária e representam uma extensão ou
diversificação da atividade econômica da própria empresa. Acima de 10% de
participação (sem deter o controle de capital), a outra empresa será uma coligada da
investidora. Se houver o controle - definido como preponderância nas deliberações
sociais e poder de eleger a maioria dos administradores -, a outra empresa será
controlada.
• Outros Investimentos Permanentes: são representados por diversos tipos de
investimentos, sempre desvinculados da atividade principal da empresa. Exemplos:
 Obras de Arte.
 Imóveis não destinados ao uso.
 Bens locados a terceiros.

Imobilizado
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O imobilizado compreende os bens e direitos destinados à manutenção da
atividade da empresa.
As principais contas componentes do imobilizado são:
• Terrenos
• Construções.
• Instalações.
• Máquinas e Equipamentos.
• Móveis e Utensílios.
• Veículos.
• Marcas e Patentes.
• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros.
• Obras em andamento.
• Adiantamento para Imobilização.
O custo dos bens levados para o Imobilizado compreende todos os gastos
necessários para ter os bens em funcionamento na empresa. Por exemplo, o custo de
uma prensa será, além daquele constante da nota fiscal, o custo de transporte e
instalação no local, até o seu funcionamento. Não se integram nesses custos, porém, os
custos financeiros.
Veja-se a seguir o que compreende cada um dos mencionados itens do
imobilizado.
• Terrenos - esta rubrica compreende os investimentos efetuados pela
empresa na aquisição de terrenos, incluindo os gastos legais com escritura,
registros e cisa. Apenas os terrenos utilizados nas operações da empresa devem
estar aqui compreendidos. Os terrenos relativos a construções em andamento
devem estar classificados em “Obras em Andamento, enquanto eventuais
terrenos adquiridos para especulação, para aluguel ou expansão remota devem
ser classificados em investimentos.
• Construções: Incluem-se aqui todos os custos incorridos pela empresa
na construção de edifícios utilizados nas operações da empresa, tanto industriais
como de administração e vendas. No caso de imóveis adquiridos, esta rubrica
poderá ser substituída pela intitulada “Imóveis” ou “Edificações”.
• Instalações: devem ser registrados como instalações todos os gastos
necessários ao funcionamento da empresa despendidos na instalação de
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divisórias, estantes, prateleiras, bem como as instalações especiais elétricas e
hidráulicas requeridas para melhor funcionamento ou por condições especiais
das operações da empresa. Quando os gastos de instalações se confundirem com
o próprio equipamento instalado, deverão fazer parte do custo de equipamento;
porém, quando for possível identificar a própria instalação em si, com vida útil
autônoma, os custos integrarão a rubrica instalações.
• Máquinas e Equipamentos: são aqui incluídos os custos havidos na
aquisição e instalação de máquinas e equipamentos, ou seja, todos os custos
além do preço pagos a fornecedores, como impostos, transportes, preparação
para instalação etc. No caso, por exemplo, da instalação de um equipamento de
pintura, poderá ser necessária uma instalação elétrica especial devido à
voltagem requerida pelo equipamento de pintura. O custo dessa instalação será
incorporado ao do equipamento. A empresa poderá ter ainda efetuado
instalações antipoluente e contra incêndio, as quais constituirão um item à parte
dentro da rubrica instalações.
• Móveis e Utensílios: esta conta registra todos os bens representados por
mesas e cadeiras, máquinas de escrever e calcular, arquivos, armários etc.
• Veículos: registra-se aqui o custo de aquisição de veículos de transporte
externos à empresa, tanto utilizados pela administração, como por vendas e pela
produção. Empilhadeiras, vagões, carrinhos etc. utilizados internamente fazem
parte de “Equipamentos”.
• Marcas e Patentes: são os custos da empresa na aquisição de marcas
e/ou de patente de terceiros, bem como aqueles decorrentes de desenvolvimento
interno através de pesquisas e que tenham sido efetivamente registrados nos
órgãos competentes, a fim de que fiquem devidamente incorporados ao ativo da
empresa.
• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros: as melhorias, reformas, pinturas,
construções e adaptações efetuadas em imóveis de terceiros constituirão os
custos que farão parte deste item.
• Obras em Andamento: são compreendidos por este item os custos
incorridos pela empresa na construção de unidades fabris, comerciais e
administrativas, incluindo custo de construção, importação em andamento,
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adiantamentos a fornecedores e prestação de serviços, bem como almoxarifado
de materiais a serem utilizados.

Diferido
Este grupo compreende gastos que não foram apropriados a Resultados e que
irão beneficiar exercícios futuros. São gastos de uma atividade que se espera venha
gerar receitas nos próximos exercícios. Existe um princípio contábil segundo o qual as
receitas devem ser confrontadas com custos ou despesas necessários para produzi-las.
As despesas que não geraram receita ou são perdas irrecuperáveis e nesse caso devem
ser apropriadas a resultado não operacional - ou produzirão receita futuramente, quando
então deverão ser lançadas no Ativo Diferido. Normalmente, esse tipo de despesa (que a
rigor não é despesa, mas gasto, pois será despesa somente quando apropriada a
Resultado) ocorre na fase pré-operacional ou da empresa como um todo ou de
determinadas filiais ou ainda de projetos. Caracterizam-se ainda como Ativo Diferido os
gastos em pesquisas e desenvolvimento de produtos ou de processos.
A definição do que e quanto deve ser ativado como Diferido, bem como sua
amortização, é inteiramente arbitrária. Os principais componentes do Ativo Diferido
são:
• Gastos de Implantação e Pré-Operacionais: este item agrupa todos os gastos
incorridos pela empresa, antes do início de suas operações, que serão apropriados a
Resultados quando do início de suas operações.
• Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos: referem-se aos gastos
incorridos na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos, que serão
amortizados durante o período em que tais produtos desenvolvidos produzirem
resultados para a empresa.
• Amortização Acumulada (conta redutora do Permanente Diferido): tem por
finalidade registrar quanto das Despesas Diferidas já foi apropriado a Resultados.

11.1.2 - Agrupamento do Passivo


O Passivo agrupará contas de acordo com o seu vencimento, isto é, aquelas
contas que serão liquidadas mais rapidamente integrarão o primeiro grupo. Aquelas que
serão pagas num prazo mais longo formarão um outro grupo. Assim, pode-se concluir
que as contas do passivo são agrupadas por ordem de exigibilidade.
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11.1.2.1 - Passivo Circulante
Compreende todas as obrigações da empresa, vencíveis no prazo de um ano ou,
se o ciclo operacional for maior que um ano, as obrigações vencíveis no prazo do ciclo
operacional. Essas obrigações devem ser tanto as conhecidas (por exemplo, duplicatas a
pagar, promissórias a pagar, salários a pagar) como as calculáveis com precisão, tais
como variações cambiais e juros, quanto as calculáveis apenas aproximadamente, como
provisões para férias e 13º salário dos empregados.
Dentro do Passivo Circulante encontram-se as contas a seguir descritas:
• Fornecedores: esta conta se origina das operações de compra a prazo, no
mercado nacional ou no exterior, de matérias-primas a serem usadas no processo
produtivo, mercadorias destinadas a revenda ou de insumos, outros materiais e
serviços. Tais compras são adquiridas pela empresa no mercado nacional ou no
exterior, sendo representadas por duplicatas a pagar na data do balanço.
• Duplicatas a Pagar Coligada ou Controlada: tal conta se refere a
obrigações da sociedade oriunda de transações normais, ou seja, das compras de
matérias-primas ou mercadorias a prazo de coligadas e controladas, como se
fossem quaisquer outros fornecedores.
• Tributos a Recolher: compreende as obrigações relativas a impostos,
taxas e contribuições. Pode aparecer destacada ou englobadamente nos balanços.
• Salários e Encargos Sociais: refere-se às obrigações da empresa junto a
seus empregados, bem como aos agentes arrecadadores de contribuições sociais,
como INSS e CEF (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Devem figurar
aqui tanto as obrigações conhecidas como aquelas previsíveis e calculáveis na
data do balanço.
• Empréstimo e Financiamentos de Instituições Financeiras:
compreendem os recursos obtidos pela empresa junto a instituições financeiras do
país para financiamento das imobilizações ou do giro dos negócios. Essas
obrigações são contraídas mediante contratos que fixam o valor total, forma e
época de liberação das parcelas, finalidades dos recursos, cláusulas de pagamento
e que especificam também os juros, a forma de correção etc. Recomenda-se
utilizar a expressão empréstimos para aqueles recursos tomados para livre
aplicação pela empresa, onde normalmente as garantias são representadas por
duplicatas entregues em caução e cobrança. A expressão financiamentos seria
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usada para os recursos destinados especificamente a financiar determinados bens,
como máquinas, equipamentos, construções, que servirão de garantia para a
instituição financeira. É comum neste caso os recursos serem creditados
diretamente ao fornecedor dos bens.
• Outras Contas de Passivo Circulante: a regra com relação ao Passivo
Circulante é semelhante à do Ativo Circulante, no que se refere a outras contas:
pequenos valores podem ser agrupados, enquanto as contas mais significativas
devem ser individualizadas. Valem para o Passivo Circulante os mesmos
percentuais e observações feitas para as “Outras Contas do Ativo Circulante”. As
contas mais encontradas, sob esse grupo, no Passivo Circulante são:
 Adiantamentos: representam os valores recebidos pela empresa por conta de futura
entrega de bens ou serviços.
 Contas a Pagar: representativas das obrigações da empresa surgidas em função de
aquisição de utilidades e serviços, como energia elétrica, água, telefone, propaganda,
honorários profissionais de terceiros, aluguéis etc.
 Dividendos Gratificações e Participações: referem-se às participações nos lucros
destinados a empregados, administradores e partes beneficiárias previstas no estatuto
social.
 Empréstimo em Moeda Estrangeira: referem-se às obrigações da empresa junto a
instituições financeiras do exterior, cujos recursos obtidos foram destinados ao
financiamento das imobilizações ou do capital de giro.
 Empréstimo Exterior Coligados/Matriz: conta representativa das obrigações da
sociedade junto a coligada situada no exterior, proveniente de empréstimos de
numerário.
 Imóveis a Pagar: referem-se às obrigações da empresa, provenientes de aquisição de
bens imóveis, financiados pelos próprios vendedores de tais bens.
 Títulos a Pagar: são obrigações resultantes de financiamentos obtidos junto a
pessoas físicas ou outras empresas que não sejam instituições financeiras.
 Empresas Coligadas/Controladas: representativas das obrigações da sociedade
junto a empresas coligadas, sediadas no país, provenientes de empréstimos de
numerário, cujo resgate da dívida ocorre com a devolução do dinheiro emprestado.
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 Outros Débitos: esse item destina-se a agrupar as contas do Passivo Circulante cujos
valores são irrelevantes, comparativamente com as demais evidenciadas, bem como
as contas que não precisam ser evidenciadas com títulos específicos.

11.1.2.2 - Passivo Exigível a Longo Prazo


O Exigível a Longo Prazo compreende as obrigações da empresa vencíveis a
prazo superior a um ano ou superior ao ciclo operacional da empresa. Normalmente, os
créditos superiores a um ano ocorrem por contratos firmados pela empresa com
instituições financeiras, como Bancos de Investimentos ou de Desenvolvimento.
Excepcionalmente, podem surgir créditos de longo prazo decorrentes de negociações
com fornecedores ou de parcelamentos de dívidas junto ao Governo e ao INSS.
Integram o Exigível a Longo Prazo as seguintes contas:
• Financiamentos de Instituições de Crédito (sob diversas modalidades).
• Adiantamentos (idem Passivo Circulante).
• Contas a Pagar.
• Contas Correntes.
• Empresas Coligadas/Controladas.
• Imóveis a Pagar.
• Títulos a Pagar.

11.1.2.3 - Resultado de Exercícios Futuros


Compreende as receitas de exercícios futuros deduzidas as despesas incorridas
ou a incorrer. Essas receitas são aquelas faturadas antecipadamente, em relação ao
momento de sua efetiva realização. Entretanto, é preciso cuidado: a essas receitas não
deve corresponder eventual devolução ou execução de obras ou produtos, pois, nesse
caso, não se configuraria como receita, mas como adiantamento de cliente e se
enquadraria no Passivo Exigível (Circulante ou Longo Prazo).
As principais contas desse grupo são:
• Resultado Diferido de Incorporação de Imóveis: compreende a receita
diferida, deduzida dos custos efetivamente incorridos, e os custos previstos a
incorrer, relativos às unidades imobiliárias vendidas, pertencentes a
exercícios futuros.
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• Resultado Diferido de Venda de Terrenos: refere-se a receita não
recebida deduzida dos custos efetivamente incorridos e dos custos a incorrer
relativos a terrenos vendidos, urbanizados ou não, pertencentes a exercícios
futuros.
• Resultado na Venda de Imobilizado: compreende a receita a receber
proveniente da venda de imobilizado que será baixada à demonstração do
resultado quando do seu recebimento, independente do seu ramo de atividade.
• Aluguel Recebido Antecipadamente: refere-se a receita recebida
antecipadamente e ainda não realizada. Tal conta é considerada resultado de
exercícios futuros somente quando houver contrato que estabeleça o não-
reembolso, mesmo que o locatário devolva antes o imóvel ou bem.

11.1.2.4 - Patrimônio Líquido


O Patrimônio Líquido representa os recursos dos acionistas formados por Capital
- Dinheiro ou Bens - entregues pelos acionistas à empresa ou por lucros gerados pela
empresa e retidos em diversas contas de reservas ou de lucros acumulados.
Eventualmente, podem existir entradas do tipo doações ou subvenções recebidas de
terceiros.
É interessante observar que certos procedimentos contábeis previstos na Lei das
S. A ., que são uma herança negativa da lei anterior, criam confusões e desinformações,
principalmente entre leigos e, não raro, mesmo entre técnicos.
As reservas de lucros, por exemplo, nada mais são do que lucros acumulados.
Reserva Legal, por exemplo, é o lucro acumulado por determinação da Lei das S.A .
Reserva Estatutária é o lucro acumulado por determinação dos estatutos.
A criação dessas reservas acarreta vários tipos de problemas. O primeiro decorre
do uso do termo Reserva que sugere existir um fundo, uma aplicação específica, e dá
impressão para o leigo da existência de um Ativo vinculado a cada reserva. O segundo é
a disseminação do lucro acumulado em várias contas dentro do Patrimônio Líquido; tal
fato provoca o uso de vários títulos para uma única origem de Patrimônio Líquido e
sugere falsamente que alguma providência está sendo tomada no Ativo. Por exemplo,
quando se transfere um valor de Lucros Acumulados para Reserva Estatutária dá-se a
impressão para o leitor de que a empresa está destinando recursos para uma aplicação
específica, quando, na realidade, nada disso acontece.
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Outro problema sério de desinformação é a prática de se aumentar o Capital
Social com Reservas de Lucros e/ou Prejuízos Acumulados; perdem-se com isso duas
informações:
1-Qual o Capital que os acionistas entregaram à empresa?
2-Qual o lucro que a empresa vem acumulando? O ideal seria que o Capital
refletisse exclusivamente os aportes de recursos conferidos pelos acionistas e
que os lucros não distribuídos como dividendos ficassem sempre numa única
conta de Lucros Acumulados.

De acordo com a Lei nº 6.404/76, são integrantes do grupo Patrimônio Líquido


os seguintes elementos:
• Capital Social: compreende os recursos iniciais conferidos pelos acionistas/sócios à
empresa; os aportes posteriores de capital efetuados, ambos sob a forma de dinheiro
ou bens; os aumentos por transferências das contas de Reservas e Lucros
Acumulados. O valor do Capital que deve constar no Patrimônio Líquido é o
Realizado, ou seja, o total efetivamente integralizado pelos proprietários. Dessa
forma, se existir parcela de Capital Social Subscrito e a conta devedora de Capital a
integralizar, sendo que o líquido entre ambas representa o capital realizado.
• Reservas de Capital: referem-se a acréscimos patrimoniais que não transitaram pelo
resultado como receitas. São classificadas como reservas de capital as seguintes
contas:
 Correção Monetária do Capital: item que registra o resultado da
correção monetária (até 31.12.1995) do capital realizado enquanto não
capitalizado. A partir de 1996, esta prática foi extinta, tornando-se dispensável
enquanto a inflação permanecer baixa.
 Ágio na Emissão de Ações: refere-se ao valor excedente do preço pago
pelos acionistas à sociedade, quando da subscrição de ações, em relação ao
valor nominal. Caso a companhia adote o critério de ação sem valor nominal, a
contribuição do subscritor que ultrapassar o preço de emissão será considerada,
também, reserva de capital.
 Alienação de Partes Beneficiárias: refere-se ao valor ganho pela
sociedade na venda de partes beneficiárias no mercado de valores mobiliários.
As partes beneficiárias são títulos estranhos ao capital social que conferem a
seus titulares apenas o direito de participação no lucro da sociedade; são
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emitidas para distribuição gratuita a fundadores, empregados, acionistas e
terceiros como remuneração a serviços prestados (situação em que não são
contabilizadas) ou para distribuição remunerada a terceiros através de sua
colocação no mercado de capitais. As partes beneficiárias não têm valor
nominal e não podem ultrapassar a 10% do Patrimônio Líquido.
 Alienação de Bônus de Subscrição: compreende o valor ganho pela
sociedade; provém da venda de direito de subscrição. Esses títulos conferem
aos adquirentes o direito de subscrever ações no próximo aumento de capital,
sendo uma espécie de ágio pago antecipadamente.
 Prêmio na Emissão de Debêntures: compreende o valor ganho pela
sociedade; provém da venda de debêntures no mercado mobiliário, acima do
seu valor nominal.
 Doação de Bens: refere-se aos valores do bens imóveis ou direitos
recebidos pela companhia. Esses ativos doados devem ser contabilizados pelo
valor de mercado. Assim, se a empresa receber um terreno, deverá avaliá-lo
para saber quanto lhe custaria caso tivesse comprado. Esse deverá ser então o
valor da contabilização do imóvel e o da reserva de capital.
 Subvenção para Investimentos: refere-se aos valores concedidos às
empresas pelo Governo Federal, Estadual ou Municipal como incentivo ou
ajuda a setores econômicos, em cujo incremento tenha interesse. As subvenções
consideradas reservas de capital são somente aquelas concedidas tendo em vista
a aplicação em imobilizações para expansão.

• Reservas de Incentivos Fiscais: oriundas da opção da própria empresa em aplicar


parte do imposto de renda devida em incentivos fiscais feita a cada exercício
mediante indicação na declaração de rendimentos.
• Reserva de Reavaliação: refere-se à contrapartida de aumento de valor atribuído a
componente do ativo, em virtude de nova avaliação, baseada em laudo de avaliação,
firmado por peritos ou empresa especializada. À medida que a empresa realizar o
valor reavaliado, deverá ser transferido para RESULTADO. Considera-se realizado
o bem reavaliado vendido ou a parte depreciada do mesmo.
• Reserva de Lucros: são as contas de reservas constituídas por transferências de
lucros da empresa. As principais contas aqui compreendidas são:
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 Reserva Legal: constituída na base de 5% do Lucro líquido do exercício, por
disposição de Lei das S. A . . Aplica-se somente às Sociedades Anônimas.
 Reservas Estatutárias: são constituídas por determinação estatutária e absorvem,
normalmente, uma parcela dos lucros do exercício. Há várias modalidades de
reservas estatutárias, entre as quais:
1. Reserva para Resgate ou Amortização de Ações;
2. Reserva para Resgate de Partes Beneficiárias;
3. Reserva para Expansão.
 Reservas para Contingências: constituídas com a finalidade de compensar, em
exercícios futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável.
Com a sua constituição está-se fortalecendo a posição da sociedade e evita a
distribuição de dividendos quando se prevêem significativas quedas no lucro
líquido.
 Reservas de Lucros a Realizar: constituídas com o objetivo de reter na empresa
a parcela de lucros ainda não realizada financeiramente e, assim, evitar a
distribuição de dividendos relativos a lucros existentes economicamente, mas
financeiramente não realizados. Os lucros a realizar são provenientes de:
1. Saldo Credor da conta de correção monetária.
2. Aumento do valor de investimento em coligadas e controladas.
3. Lucro em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte.

•Lucros ou Prejuízos Acumulados: conta representativa do saldo restante dos


lucros ou prejuízos após as destinações para reservas de lucros e dividendos
distribuídos. Essa conta interliga o balanço à demonstração do resultado do
exercício.

Contas Retificadoras do Patrimônio Líquido: podem figurar no Patrimônio Líquido


contas retificadoras. As principais são:
• Capital a realizar (a Integralizar): refere-se à parcela de capital social subscrita
pelos sócios, mas não paga à empresa. Por isso, deve ser deduzido do Capital Social.
• Ações em Tesouraria/Quotas Liberadas: são aquelas adquiridas pela própria
empresa, tendo em vista:
- operações de resgate, reembolso ou amortização de ações/quotas.
- diminuição do capital.
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A operação de compra de ações/quotas pela própria companhia equivale a uma
devolução de patrimônio líquido, motivo pelo qual a conta que a registra (ações em
tesouraria/quotas liberadas) deve ser deduzida da conta do patrimônio que registra a
origem dos recursos aplicados na sua aquisição.

11.2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


A Demonstração de resultado do Exercício visa fornecer de maneira
esquematizada o resultado (lucro ou prejuízo) apurado em determinado exercício social,
os quais são transferidos para as contas do patrimônio líquido.
O lucro ou prejuízo do exercício é resultado do confronto das receitas com os
custos e despesas ocorridas no exercício, segundo o princípio da realização da receita
em confrontação com as despesas. Desta forma, as receitas e as despesas deveram ser
reconhecidas segundo o regime de competência, ou seja, as receitas e as despesas
deveram ser registradas independentemente de que estes valores tenham sido recebidos
ou pagos.
Portanto é uma demonstração que evidencia os aumentos e as reduções causadas
no patrimônio líquido pelas operações da empresa.
A DRE caracteriza-se, portanto, como sendo uma apresentação em forma
resumida das operações da empresa, durante um exercício social, onde mostra a situação
econômica da empresa
É uma demonstração estruturada pelo raciocínio dedutivo, isto é, parte do geral
para o específico, tomando como ponto de partida a receita operacional bruta (venda) e
a partir daí as deduções de todos os sacrifícios para obter as receita, consequentemente
chega-se ao resultado do exercício. Dentro da DRE iremos trabalhar com contas de
resultado, contas que teremos que encerrar para apuração do resultado.
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MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

PERÍODO....
Receita bruta
(-) Deduções da receita bruta
Devoluções e abatimentos

Impostos s/ vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) Custo das mercadorias vendidas
= LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com vendas
• Despesas gerais e administrativas
• Despesas financeiras + receitas financeiras
(+/-) OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONAIS
= RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO
(+/-) RECEITAS/DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
(+) Receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
= RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DA C.S. E I.R.
(-) Provisão para Contribuição Social
(-) Provisão para Imposto de Renda
= RESULTADO DO EX. ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Participações

= RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Para a apuração do resultado é fundamental o CMV – Custo das Mercadorias


Vendidas (empresas comerciais), para apurá-lo existem dois métodos de controle de
estoque: Inventário Periódico e Inventário Permanente.
No periódico não há um controle a cada venda e a cada compra, assim para se
conhecer o CMV, deve-se efetuar um levantamento físico (inventário) das mercadorias
e valorar o estoque final, e a seguir, utilizar-se da seguinte formula: CMV= EI + C -
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EF. Já no permanente, há um controle a cada compra e a cada venda, permitindo o
usuário conhecer a qualquer momento o valor e a quantidade de seu estoque.
Após apuração do resultado (confrontação da receita x despesa) demonstrado na
DRE, este será transferido o Balanço Patrimonial, aumentando ou diminuindo o
Patrimônio Líquido, isto é, receita > despesa = lucro, receita < despesa = prejuízo.

11.2.1 – Principais Contas da Demonstração do Resultado do Exercício

A) RECEITA OPERACIONAL BRUTA


A Receita Operacional Bruta da empresa é constituída pelo valor bruto faturado.
O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos provenientes das
operações normais de venda a prazo ou a vista, no mercado nacional e exterior, de
produtos, mercadorias ou serviços. Outras receitas de caráter operacional secundário
devem figurar após o Lucro Bruto, reservando-se para este, portanto, o papel de mostrar
o resultado bruto da atividade operacional da empresa.
Da Receita Operacional Bruta devem ser deduzidos os impostos incidentes sobre
vendas, as vendas canceladas e os abatimentos concedidos para se chegar à Receita
Operacional Líquida.
É interessante notar que a legislação tributária define a Receita Bruta como
vendas faturadas menos impostos diretos não cumulativos, como o IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados), que, portanto, não se inclui entre os impostos incidentes
sobre vendas. Assim, a Receita Bruta é dada pelas vendas faturadas menos esses
impostos, enquanto a Receita Líquida é dada pela Receita Bruta menos as deduções de
abatimentos e devolução, menos os impostos incidentes sobre vendas, como ICMS, ISS,
e menos encargos proporcionais às vendas, como PIS e COFINS.
Isso não é exatamente o que prevê a Lei das S.A . que não faz nenhuma distinção
entre as citadas categorias de impostos, bem como não se refere a encargos
proporcionais às vendas.
Na prática, a maioria das empresas segue as determinações tributárias,
entretanto, algumas incluem o IPI entre os impostos incidentes sobre vendas e
apresentam as Vendas Brutas sem a exclusão do IPI.

DEDUÇÃO DAS VENDAS


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• Vendas Canceladas: é a conta devedora que registra o montante das vendas
devolvidas pelos clientes, tendo em vista defeitos apresentados ou não-atendimento
das especificações do pedido.
• Abatimentos sobre Vendas: compreendem os descontos concedidos a clientes, após
a entrega de produtos/mercadorias, por defeitos de qualidade, danos de entrega, não-
atendimento completo de especificações etc.

IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE VENDAS


• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): é um imposto cobrado pela União
sobre os produtos que sofrem industrialização definida como operação que lhe
modifique a natureza, o funcionamento ou o seu acabamento. A empresa atua como
agente arrecadador do IPI; nas suas vendas cobra dos clientes o IPI correspondente;
desse valor deduz a parcela já paga nas compras; a diferença entre o imposto cobrado
nas vendas e pago nas compras é recolhida ao governo federal. Para fins de
apresentação a empresa mostra o valor das vendas brutas já deduzido do IPI
incidente sobre as vendas. Entretanto, algumas empresas incluem o IPI entre os
impostos incidentes sobre vendas.
• Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): é um imposto
incidente sobre o valor agregado em cada circulação de mercadoria. O valor pago
pela empresa refere-se à diferença entre o imposto contido nas vendas e aquele pago
nas compras, apurado através de escrituração fiscal específica.
• Imposto sobre Serviços (ISS): é m imposto cobrado pelos municípios, incidente
sobre serviços prestados.

B) CUSTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS (CPV)


• Custo dos Produtos Vendidos (empresas industriais): as empresas industriais,
caracterizadas pela transformação de bens e sua comercialização apresentam os
seguintes componentes do custo dos produtos vendidos:
CPV = EI + CPP - EF
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CPP = MC + MOD + CIF
onde:
EI = Estoques Iniciais
CPP = Custo de Produção do Período
EF = Estoques Finais
MC = Materiais Consumidos
MOD = Mão de Obra Direta
CIF = Custos Indiretos de Fabricação

O custo de produção do período CPP é dado pela soma de materiais consumidos,


mão de obra direta e custos indiretos de fabricação.
MATERIAIS CONSUMIDOS: corresponde ao custo dos materiais utilizados
na produção durante o período compreendido pela demonstração do resultado.
Seu valor é obtido da seguinte forma:
MC = EIM + CL - EFM
onde:
EIM = Estoque inicial do Material existente na empresa no início do período.
CL = Compras Líquidas: compras brutas de matérias-primas realizadas no
período deduzidas das devoluções de compras, abatimentos, impostos faturados
(IPI, ICMS), e adicionadas das despesas de transportes de compras, seguros de
compras etc.
EFM = Estoque Final de Material existente na empresa no final do período, ou
seja, o material adquirido e não consumido.
MÃO-DE-OBRA DIRETA: compreende a remuneração paga aos empregados
da fábrica cujo trabalho é diretamente proporcional à produção física. Incluem-
se, também, os adicionais de salários como horas extras e prêmios de produção,
bem como os encargos sociais.
CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO: representam todos os custos
necessários à produção, mas que não são diretamente vinculados ao produto
nem variam proporcionalmente à produção.

• Custos dos Serviços Prestados: O Custo dos Serviços Prestados no caso das
empresas prestadoras de serviços, corresponde aos custos incorridos para a prestação
de serviços. Os itens componentes do Custo dos Serviços Prestados variam de
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empresa para empresa, em função do seu próprio ramo de atividade. Há, porém,
casos de empresas prestadoras de serviços que não evidenciam na demonstração do
resultado o custo dos serviços prestados, contabilizando-o com as despesas
operacionais, o que é um erro bastante prejudicial para a Análise de Balanços.

Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) (empresas comerciais): É o custo das


mercadorias vendidas revendidas no mercado. (critério de apuração já visto
anteriormente).

C) DESPESAS OPERACIONAIS
As Despesas Operacionais, segundo a Lei das S.A ., compreendem as despesas
necessárias para a empresa funcionar, isto é, vender, administrar e financiar suas
atividades. Não se confundem com as despesas de produção, ou seja, aquelas
necessárias para transformar a matéria-prima em produto acabado. Do ponto de vista da
Análise de Balanços, seria interessante que as despesas financeiras não estivessem entre
as despesas operacionais. Assim, poder-se-ia apurar o lucro das empresas
independentemente de sua estrutura de capital, porque as despesas financeiras
dependem do volume de empréstimos tomados. Caso a empresa não tome empréstimos,
não terá despesas financeiras. Assim, essas despesas não dependem da capacidade
operacional, mas de sua estrutura de capital.
• Despesas de Vendas: representam as despesas necessárias para as vendas, bem
como as de promoção e distribuição dos produtos da empresa no mercado, e ainda os
riscos assumidos pela venda, como garantias.
• Despesas Administrativas: compreendem as despesas incorridas para a direção e
execução das tarefas administrativas, bem como as despesas gerais que beneficiam os
negócios da empresa.
• Despesas Financeiras: representa a remuneração paga a terceiros que financiaram a
empresa. As despesas financeiras englobam:
 Comissões e despesas bancárias: são despesas cobradas pelas instituições
financeiras nas operações de desconto, repasses, empréstimos etc.
 Descontos concedidos: são descontos dados a clientes por pagamentos
antecipados de duplicatas.
 Juros: são os juros pagos em empréstimos, financiamentos, desconto de títulos
etc.
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 Variação Cambial: registra os acréscimos de dívidas devidos à atualização
periódica dos empréstimos e financiamentos pagáveis em moeda estrangeira.

• Receitas Financeiras: representam os ganhos de capitais aplicados em


investimentos temporários, bem como outros ganhos de natureza financeira como:
 Descontos Obtidos: decorrem de pagamentos antecipados de duplicatas a
fornecedores.
 Juros Ativos: referem-se ao juros cobrados de clientes por atraso de pagamento,
postergação de vencimento de títulos etc.
 Receita de Investimentos Temporários: aqui são registradas as receitas totais
provenientes de aplicações temporárias de caixa.

• Outras Receitas e Despesas Operacionais: compreendem as receitas e despesas


oriundas das atividades acessórias do objeto social da empresa, tais como:

D) OUTRAS RECEITAS E DESPESAS


• Participação nos resultados de coligadas e controladas pelo método de
equivalência patrimonial: compreende os acréscimos ou diminuições de
investimentos avaliados pela equivalência patrimonial, em função de lucros ou
prejuízos nas coligadas ou controladas.
• Dividendos e rendimentos de outros investimentos: compreende os ganhos ou
perdas decorrentes de amortização de ágio ou deságio havido na aquisição de ações e
quotas avaliadas pela equivalência patrimonial.
• Receitas diversas: compreendem receitas provenientes de transações eventuais ou
secundárias.
E) DEMAIS CONTAS DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Após a apuração do Lucro Operacional, surgem diversos itens na Demonstração
do Resultado. Primeiramente, são os resultados não operacionais que representam
receitas e despesas, ganhos e perdas não previsíveis, cuja ocorrência constitui um fato
esporádico ou de eventual, não ligado às atividades normais de obtenção de lucro ou de
despesas. Após o resultado não operacional, temos a provisão do imposto de renda, as
participações no lucro (representadas por gratificações aos empregados, participações de
administradores, debenturistas etc.).
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Chega-se então ao lucro líquido que representa o resultado final alcançado pela
empresa após remunerar todos os fatores de produção, exceto o capital próprio, cuja
remuneração é o próprio lucro líquido.
Veja-se, agora, em detalhe, sob que títulos aparecem as demais contas de
resultados nas demonstrações divulgadas pelas empresas.
• Resultado não Operacional: compreende o resultado das operações não vinculadas
ao objeto social da empresa como lucros ou prejuízos na venda do Ativo Permanente,
baixa de Ativo Permanente, sinistros e suas indenizações etc.
• Provisão para o Imposto de renda: apurando o lucro, uma parte será destacada para
pagamento do imposto de renda.
• Gratificações e Participações Estatutárias: representam para a empresa despesas
proporcionais ao lucro, em virtude de participações de empregados, diretores,
debenturistas, portadores de partes beneficiárias, bem como contribuições para
instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados. Essas
participações e contribuições, sempre que previstas estatutariamente, são
contabilizadas na própria data do balanço mediante débito na Demonstração do
Resultado e crédito de provisões no Passivo Circulante. Os principais componentes
desse item são:
 As participações no lucro de empregados ou administradores: que representam
uma espécie de parcela complementar de salários cujo valor, contudo, é apurado
com base no lucro, mas não deixa de ser uma despesa adicional da prestação de
serviço recebida.
 As participações dos debenturistas: que representam uma espécie de despesa
financeira adicional, pois é a parte variável da remuneração recebida aos
adquirentes das debêntures emitidas.
 As contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de
empregados: que representam as contribuições apuradas em função do lucro do
exercício.

REFERÊNCIAS:

EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. 9. ed. São


Paulo: Atlas, 1998
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DISCIPLINA: PROGRAMAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA EPS 5211
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FAVERO, Hamilton Luiz et al. Contabilidade teoria e prática. v.1 São Paulo: Atlas,
1997.

FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23.ed. São Paulo: Atlas, 1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual


de contabilidade das sociedades por ações: aplicável também às demais
sociedades. FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

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