Você está na página 1de 1

BOA-FÉ SUBJETIVA E BOA-FÉ OBJETIVA

O princípio boa-fé objetiva se estabelece em uma regra ética, em um grande


dever de guardar fidelidade à palavra dada ou ao comportamento praticado, na
idéia de não fraudar ou abusar da confiança alheia, o respeito e a obrigação. Não
surgiu com o Código Civil de 2002 ou mesmo com o Código de Defesa do
Consumidor, mas, ao contrário, passou por uma lenta e gradativa evolução, desde
os tempos romanos, passando pelo direito alemão, sendo que, pelo legislador
constituinte de 1988 foi reconhecida e erguida à condição de princípio, adquirindo
o status de fundamento ou qualificação essencial da ordem jurídica. Isto significa
dizer que atua como postulado ético inspirador de toda ordem jurídica e que, por
fim, sempre deverá ser aplicado no caso concreto. Nos dias atuais, não há como
não se reconhecer a sua incidência em todos os temas de direito civil, direito
processual civil e direito do consumidor. A boa-fé objetiva teve seu conceito
advindo do Código Civil Alemão, que em seu parágrafo 242 já determinava um
modelo de conduta. Cada pessoa deve agir como homem reto: com honestidade,
lealdade e probidade. Leva-se em conta os fatores concretos do caso, não sendo
preponderante a intenção das partes, a consciência individual da lesão ao direito
alheio ou da regra jurídica. O importante é o padrão objetivo de conduta.
A boa-fé subjetiva, por outro lado, denota estado de consciência, a intenção
do sujeito da relação jurídica, seu estado psicológico ou intima convicção. Para
sua aplicação analisa-se a existência de uma situação regular ou errônea
aparência, ignorância escusável ou convencimento do próprio direito. boa-fé
subjetiva tem o sentido de conhecimento ou de desconhecimento de uma
situação. E a cláusula geral acima tratada, que é um princípio objetivo, no sentido
de comportamento.
Assim, a boa-fé objetiva constitui um preceito de conduta a ser observado
nas relações obrigacionais e portanto, ajusta-se à idéia de que o contrato é uma
forma pela qual as partes buscam a consecução de fins previamente
estabelecidos.
Ensina Orlando Gomes, que: "nos contratos, há sempre interesses opostos
das partes contratantes, mas sua harmonização constitui o objetivo mesmo da
relação jurídica contratual. Assim, há uma imposição ética que domina a matéria
contratual, vedando o emprego da astúcia e da deslealdade e impondo a
observância da boa-fé e lealdade, tanto na manifestação da vontade (criação do
negócio jurídico) como, principalmente, na interpretação e execução do contrato".

Você também pode gostar