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A FOFOCA NO AMBIENTE DE TRABALHO.

"Ninguém fofoca sobre as virtudes dos outros". A frase do escritor irlandês


Bernard Shaw mostra o real objetivo do fofoqueiro: a maldade. Quem está saindo
com quem, quem vai ganhar uma promoção e quem levou uma bronca do chefe
são temas constantes na boca do leva-e-traz. Gerlamente, o tititi vem
acompanhado da frase "não conte a ninguem", que nada mais é do que a senha
para passar a informação adiante, e com mais riqueza de detalhe. Tudo bem, é
da natureza do ser humano falar dos outros, mas não quer dizer que devemos
sair por aí fazendo comentários sobre alguém ausente. Isso, no trabalho, pode
causar um prejuizo enorme para a vítima.

Falta de etiqueta
Não pense que "apenas" ouvindo ou repassando a informação você não seja
responsável pela fofoca. "É falta de etiqueta transmiti-la ou incentivar o o
interlocutor a contar todos os detalhes", diz Célia Leão, consultora de etiqueta.
Ela tem uma tática para escapar dessas armadilhas: não perguntar nada e não
repetir o que lhe disseram. Depois de um tempo deixarão de incomoda-la, porque
todo mundo vai saber que com você não funciona. Coach (treinadora) Eliana
Dutra aconselha seus clientes a seguirem outra estratégia. "Minha fórmula é ser
monissílaba. Se a colega insistir, diga diga que esta inaugurando uma fase em
sua vida: 'não falo nem ouço falar de pessoas ausentes. Vamos falar de nós?'.
Isso corta o barato de qualquer um", explica. Aliás, contar sobre sua vida pessoal
para colegas de trabalho é um verdadeiro perigo. Os espertinhos oferecem um
ombro amigo e acaba-se falando o que não devia. Para usarem essa informação
contra você é um pulo.
O fato é que a fofoca é destrutiva, contamina o ambiente de trabalho e
pode fazer um estrago grande na sua imagem. Isso acontece quando simples
rumores, baseados em suposições e achismos, ganham status de verdade.
Imagine se começam a espalhar pelos corredores que você está procurando
emprego ou foi assediada pela concorrência? É nessas horas que todos os
sentimentos veêm à tona: insegurança, ansiedade, rancores e queda de
produtividade, que podem até mesmo acabar em demissão. Não há um antídoto
contra a fofoca, mas dá para aprender a lidar melhor com a situação.
Se você conhece o fofoqueiro, a vontade é mesmo de pular no pescoço do
cretino. Porém, os especialistas garantem que essa não é a melhor alternativa.
Quando o zunzunzun é inofencivo ou pessoal, o ideal é ignorar, ja que não é
necessário provar nada a ninguém. Para ficar na sua, é preciso que você esteja
em pleno exercício da auto-estima e auto-confiança. Mas, quando os boatos
colocam em risco o seu cargo, é hora de entrar em ação. "A melhor maneira para
acabar com isso é expor a situação. Converse com o mexeriqueiro, seja firme, e
não grosseira diga que acha a atitude de mau gosto. A conversa franca o
desarma", acredita Maria Ignez Prado Lopes Bastos, diretora da MTB Assessoria
Organizacional. A publicitária Adriana Mendes, 30 anos, não teve essa coragem e
se deu mal. Há dois anos, ela trabalhava numa produtora, sua assistente era irmã
da chefe e entre as duas acabou acontecendo uma disputa de poder. Aí a fofoca
dominou o ambiente, Adriana não aguentou o clima e pediu demissão.

Abalada pelo boato


Outra que se deixou abalar pelo boato foi administradora Tatiana Parada,
34 anos. O fofoqueiro do setor espalhou que haveria cortes na empresa. Mais
tarde, comentou que ouvir falar que o nome de Adriana estava na lista. Foi então
que ela resolveu aceitar uma proposta da empresa concorrente com o mesmo
salário, entre tanto sem as mesmas perspectivas de ascensão, com receio de
carregar uma missão no currículo. "Nunca vou saber se realmente seria cortada,
mas logo em seguida me arrependi de tr saído por dar ouvidos a um boato",
desabafa. "Tudo o que não é bem comunicado acaba sentindo veiculado na 'rádio-
peão' de maneira inadequada", diz Davi de Aquino, consultor de recursos
humanos.

Comunicação equivocada
Em parte, a culpa é de algumas empresas. Quando a fofoca cai nos ouvidos
do chefe, por exemplo, é sinal de que a comunicação da companhia não vai nada
bem. Se o superior for fofoqueiro, sua sorte está nas mãos dele e não há muito o
qu fazer. Caso ele condene boatarias, não se preocupe, o assunto deve terminar
na sala dele mesmo. Segundo uma pesquisa da agência britânica de
recrutamento Officeangels, a maior parte dos chefes diz que jamais vai confiar
em um empregado que é comprovadamente um fofoqueiro e que indiscrição pode
afetar as perspectivas d promoção ou provocar até mesmo uma demissão. Cerca
de uma em cada dez empresas inglesas distribuíram memorandos alertando os
empregados a respeito de boatos e 4% despediram um integrante de sua equipe
por causa da fofoca.
O ideal é que cada empresa tenha a própria fórmula para diminuir os
rumores. A melhor é não deixar que a informação fique exclusivamente em poder
de presidentes, gerentes, supervisores e diretores. Outras boas ferramentas são
murais, jornais internos, intranet, memorandos e videoconferências. Dessa
forma, não há espaço para fofocar.

Para não cair na boca do leva-e-traz


Fique longe dos grupinhos dos fofoqueiros, ou você vai levar a fama por
tabela.
Fale em voz baixa, especialmente quando tratar de assuntos confidenciais.
Não espalhe seus resultados positivos, prêmios e novos projetos que lhe
foram confiados.
Caso tenha amigos no ambiente de trabalho, seja discreta. Não comente na
frente dos outros colegas os programas que vocês fizeram, pois desperta ciúme e
gera comentários.
Se trabalhar com alguém de quem não gosta, troque cumprimentos e não
mostre antipatia.
A atitude minimiza os atritos e evita que os outros reparem e fofoquem.
Cultive um bom relacionamento com seus colegas de trabalho. No falatório,
você terá aliados - ou então será alertada sobre o boato.

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