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Métodos de Amostragem de

Vertebrados Anura

Daniel Din Betin Negri


Porque da Metodologia?

A metodologia refere-se a sistematização para obtenção de


dados biológicos, assim, a metodologia varia de acordo com os
objetivos do trabalho.
Metodologia específica para realizar um
levantamento de anfíbios anuros

A anurofauna da Mata Atlântica pode ser considerada pouco


conhecida, o que demonstra a importância e a urgência de levantamento
de espécies e estudos ecológicos nesta formação (AB’ SABER, 1977).
Estudos esses que possuem diversas metodologias para sua
realização, nesta apresentação, serão abordados os seguintes métodos:
Trajeto linear (line tansect); Armadilha de queda (pitfall traps); Bioacústico e
amostragem de girinos (HEYER, et.al., 1994).

Trajeto linear (line transect)

Armadilhas de queda (pitfall traps)

Vocalização Amostragem de girinos


Equipamentos de suma importância no campo
para realização do levantamento
O estudo dos anfíbios anuros é realizado no período noturno, pois, a
maioria das espécies possuem hábitos noturnos, porém encontramos
espécies com hábitos diurnos. Entretanto, como a maioria das espécies
apresentam hábitos noturnos revela-se de extrema importância ter lanterna
de cabeça, conjunto com pilhas ou baterias reserva, o tipo de lanterna ou
pilha a ser utilizado fica pela preferência do pesquisador.
Equipamentos de suma importância no campo

Assim para realização de um trabalho de campo contamos com uma


lista de equipamentos:

1. Equipamento para coleta (Licença do IBAMA)


2. Equipamento para observação, estudo e medição
3. Equipamento para registro
4. Equipamento para amostrar larvas
5. Equipamento para preservar
6. Produtos químicos
7. Recipientes
Equipamento para coleta
Para a efetuação da coleta vale lembrar que, é necessária a
obtenção prévia de licença do IBAMA e dá região de estudo.

Equipamentos:
Roupa impermeável
Bota de borracha
Mochila tipo caixa estanque
Lanterna de cabeça e de mão (Pilhas reserva)
Saco de coleta de vários tamanhos
Termômetro
Higrômetro
Canivete
Repelente de inseto (Opcional)
Bújula
Mapa da região
GPS
Caderneta de campo
Equipamento para observação, estudo e medição
Equipamento:

Fita métrica de 100cm


Lupa de mão
Recipientes plástico
Paquímetro (Opcional)
Câmera fotográfica
Binóculos (Opcional)
Gravador (Pilhas e Fita)
Microfone (Pilhas)
Caderneta de campo
Lanterna
Equipamento para registro de observações

Equipamento:

Caderneta de campo
Guarda chuva
Lapiseira
Grafite
Borracha
Planilhas
Saco plástico para colocar a caderneta
Equipamento para amostrar larvas de anfíbios
anuros

Equipamento:

Puçá com diferentes tamanhos


Redes (grandes e pequena)
Profundimetro
Fita métrica de 5 metros
Saco plástico médio
Recipiente plástico
Teste de pH
Teste de O² dissolvido
Equipamento para fixação das espécimes

Equipamento:

Pinças (pequena e grande)


Tesoura de ponta fina
Bisturi
Seringa (de 3 ml até 10 ml)
Bandeja para fixação
Recipiente plástico para armazenamento
Papel higiênico branco
Isqueiro ou vela
Luvas descartável
Produtos químicos

Equipamento:

Formol 10% tamponado


Álcool 100%
Álcool 70%
Lidocaína 5%
Recipientes

Equipamento:
Frasco plástico de diversos tamanhos (0,5 a 3,0 litros)
Recipiente para transporte do material em liquído
conservante (tambores de fibra de pouco peso).
Trajeto linear (line transest) ?

O método do Trajeto linear (line transect) é um método que visa


estabelecer regiões nas quais serão percorridas a partir de um ponto inicial
até o ponto final (HEYER et.al., 1994).
Trajeto linear (line transest) ?

No trajeto linear utilizamos as técnicas de busca ativa, aural e visual,


na procura dos anfíbios anuros embaixo de troncos, sobre a superfície de
folhas, entre os arbustos e árvores e nas rochas dos corpos d’água com
auxilio de lanterna de cabeça de luz branca (HEYER et.al., 1994).
Trajeto linear (line transest) ?

Este método consiste em uma busca sistematizada, empenhada de


maneira efetiva com as espécies que vivem em habitat facilmente
identificado, as observações irão depender do tipo de estudo ocorrendo
normalmente das 18:00hr com término as 0:00hr (HEYER et.al., 1994).
Porém isto irá depender da disposição...
Trajeto linear (line transest) ?

A busca se conduz em velocidade lenta pelo trajeto e cada ocorrência


é registrada em caderneta de campo, com a hora, temperatura do
ambiente, altura de empoleramento e o dia da observação (HEYER et.al.,
1994).
O que devemos registrar na caderneta?

As anotações na caderneta de campo devem condizer com seus


objetivos, assim, anotaremos os seguintes dados:
Hora que o animal foi observado
Anotar a possível identificação da espécie
Tamanho do exemplar
Possível identificação do sexo
Posição onde o exemplar foi encontrado
Atividade do animal (Cantando, em repouso, em movimento,
saltando e em reprodução)
Temperatura e Umidade relativa
Descrever região onde a espécie foi encontrada (vegetação
de empoleramento).
Busca Bioacústica ?

A bioacústica dos anfíbios anuros está relacionado com a época


reprodutiva do mesmo, assim se demonstra de grande importância o
monitoramento das vocalizações nos sítios reprodutivos (HEYER et.al.,
1994; POMBAL, 1997).
Busca Bioacústica ?

O acompanhamento das vocalizações normalmente é efetuado


durante os turnos de vocalização,desta forma são registradas em conjunto
com a busca ativa (HEYER et.al., 1994; POMBAL, 1997.
Busca Bioacústica ?

A vocalização pode fornecer dados que auxilia na identificação dos


anfíbios ao nível de espécie, desta forma espécies que são gravadas em
campo pode ser identificados através de comparações com banco de
dados de vocalização (HEYER et.al., 1994; POMBAL, 1997).
Busca Bioacústica ?

Na gravação deve ser registrado o responsável pela gravação,


horário, e a possível identificação da espécie e condições climáticas
(temperatura da água, do ar e a umidade relativa), a gravação normalmente
é realizada próxima do animal podendo ser gravados animais em coro
(HEYER et.al., 1994; POMBAL, 1997).
Armadilha de queda (pitfall traps) ?

A armadilha de queda representa uma metodologia complementar no


estudo dos anfíbios anuros que captura principalmente espécies de hábito
terrícola (CECHIN & MARTINS, 2000).
Armadilha de queda (pitfall traps) ?

Este tipo de armadilha é composto por uma linha de baldes enterrada,


ficando rente ao nível do solo interligados por uma lona fixada em estacas
a fim de manter a cerca estabilizada em posição vertical em toda sua
extensão (CECHIN & MARTINS, 2000).
Armadilha de queda (pitfall traps) ?

A metodologia de armadilha de queda, consegue amostrar os anfíbios


de serrapilheira que normalmente são de difícil amostragem (CECHIN &
MARTINS, 2000).
Amostragem de girinos ?
Os girinos são de fácil visualização em ambientes lênticos (Lagoa) porém
em ambientes lóticos (Rio) apresentam uma maior dificuldade em visualizar em
seus microhabitats, desta forma existe diversas metodologias que variam
conforme o ambiente no qual se irá trabalhar.
Amostragem de girinos ?

Quando trabalhamos com larvas de anfíbios anuros, temos que


destacar alguns pontos; são nadadores e podem escapar de uma rede que
se passa lentamente pelo habitat. 2- As larvas comumente escapam se
escondendo no fundo lodoso impedindo sua coleta. 3- Em ambientes onde
a vegetação é abundante pode ser dificultosa a passagem de rede.
Existindo assim uma gama de metodologia para adequar conforme os
objetivos, ou, ao corpo d'água a ser amostrado (HEYER et.al., 1994).
Método de campo para amostrar larvas de
anfíbios anuros
Técnicas para amostragem:

Amostra com rede de arraste


Amostra com rede de fundo
Amostra por armadilha
Amostra com rede de arraste

Este método consiste na utilização de rede de arraste, a qual é


passada pelo corpo d'água onde a rede também tem que manter o contato
com o fundo e a superfície. Portanto, a rede terá que se ajustar conforme o
ambiente onde será realizado a pesquisa (HEYER et.al., 1994).
Amostra com rede de arraste

Este método demonstra maior eficiência em lagoas de pequeno porte


e médio porte. Sendo importante destacar que o pesquisador responsável
por passar a rede terá que tomar cuidado para não espantar as larvas
(HEYER et.al., 1994).
Amostra com rede de fundo ?

Este método consiste na utilização de rede aquário ou puçás com


alça flexível ideal para pequenos orifícios entre troncos e também em
pequenos remansos. A malha da rede preferencialmente deverá ser fina
para poder coletar larvas recém eclodidas (HEYER et.al., 1994).
Amostra por armadilha ?

Este método consiste em um cilindro com um lado cônico e o outro


tampado. Desta forma o girino entra pelo lado cônico, não conseguindo sair
mais devido ao menor diâmetro.
Como verificar se a amostragem foi eficiente?

Curva cumulativa de espécies ou do coletor:

O que é?

Para que serve?

Como obtê-la?

Estimadores de Riqueza: É a quantidade de espécies na sua área de


estudo.
Curva do Coletor da Área X

Meses Número cumulativo de espécies


1 20
2 20
3 21
4 24
5 27
6 30
7 31
8 35
9 35
10 35
Como verificar se a amostragem foi eficiente?
Curva do coletor com estimador

Jackknife
Estimadores de Riqueza

Estes métodos são utilizados para estimar o erro padrão, ou o


intervalo de confiança de um parâmetro (no nosso caso a estimativa de
riqueza de espécies de uma área) por meio da reamostragem da amostra
original.

Os métodos de Jackknife (baseado na abundância que quantifica


raridade, representados somente por 1 ou 2 indivíduos) e Bootstrap
(Estimador de riqueza baseado na incidência de espécies), são baseados
no mesmo princípio: a ausência de qualquer outra informação, a melhor
suposição que temos da distribuição da população (estatística) é a nossa
própria amostragem.
Estimadores de Riqueza
A escolha de um estimador deve estar ligada a dois fatores: i) à
estrutura da comunidade estudada e ii) à forma como o dado foi coletado.
Se o grupo de trabalho for muito diverso, o mais correto é utilizar os
estimadores para estimar a riqueza de espécies.

Programas que fazem os cálculos: EstimateS, Past, Spade.


‘Pecados’
Pecados’ mais comuns em amostragens
– Não conhecer sua espécie ou grupo de estudo;

– Não saber exatamente o que esta amostrando;

– Amostrar em uma ou poucas áreas grandes ao invés de muitas e menores;

– Não precisar corretamente o local das observações;

– Amostrar somente em locais de agregações;

– Pressupor que amostras tomadas em um mesmo local sempre são réplicas


(pseudoreplicação);

– Não ter controles ao lidar com experimentos de manejo;

– Não ser honesto quanto a metodologia aplicada;

– Acreditar que a densidade amostrada é a mesma da real;

– Assumir que a eficiência amostral é similar em diferentes hábitats;


‘Pecados’
Pecados’ mais comuns em amostragens
– Não saber exatamente todos os pressupostos das técnicas de amostragem
utilizadas;

– Assumir que outros irão coletar os dados da mesma maneira que vc;

– Ser muito ambicioso;

– Não saber a diferença entre acurácia e precisão;

– Acreditar piamente nos resultados;

– Não guardar/organizar a informação de maneira que ela possa ser revista a


frente;

– E finalmente não dizer ao Mundo o que vc concluiu………

OU SEJA NÃO PUBLICAR OU NÃO DIVULGAR PARA COMUNIDADE

EM TORNO DA ÁREA DE ESTUDO….


Referências:

AB’SABER, A. N. Diretrizes para uma política de preservação de reservas naturais no Estado de São
Paulo. Geografia e Planejamento, USP, São Paulo, n. 30, p. 1-27, 1977.

CECHIN, S. Z.; MARTINS, M. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps) em amostragens de anfíbios e répteis
no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, n. 17, p. 729-740, 2000.

HEYER, W. R.; DONNELY, M. A.; McDIARMID, R. W.; HAYEK, L. C.; FOSTER, M. S. Measuring and monitoring
biological diversity. Standard methods for Amphibians. Washington : Smithsonian Institution Press, 1994

POMBAL JR, J.P. Distribuição espacial e temporal de anuros (Amphibia) em uma poça permanente na Serra de
Paranapiacaba, Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Biologia, n. 57, p. 583-594, 1997.
Preparação de anfíbios como espécimes científica

A documentação de espécimes registradas em projetos sobre


biodiversidade e inventário incluem a preparação de exemplares de
referencia proporcionando credibilidade no trabalho.
Preparação de anfíbios como espécimes científica

Os exemplares que se tornaram especies testemunhas, devem conter


no mínimo os seguintes dados; Local, Hora, Coletor, Método da amostra,
Habitat, etc.
Preparação de anfíbios como espécimes científica

Os anuros coletado devem conter uma etiqueta ou uma escrita no


saco de coleta para não haver confusão na hora de tombar o exemplar no
livro tombo. Assim a maioria dos biólogos utilizam suas iniciais seguido por
um n°(DDBN 120) que posteriormente será anexado na p erna do exemplar
coletado e fixado.
Procedimento para eutanasiar o exemplar

Para eutanasiar um anfíbio temos que utilizar uma técnica eficaz e


eficiente, a eutanásia terá que transcorrer num ambiente tranqüilo e
adequado, longe de outros animais visando minimizar a aflição do mesmo.
Procedimento para eutanasiar o exemplar

No próprio dia da coleta o animal terá que ser submetido a prática de


eutanásia, seguindo os métodos químicos de acordo com a resolução 714
de 20 de junho de 2002 do CFMV (Conselho Federal de Medicina
Veterinária). Visando o método de superdose de droga anestésica para
não causar sofrimento ou dor ao animal, segundo a lei estadual
11.977/2005.
Procedimento para fixação dos exemplares

A fixação pode ser feita em diferentes potes, para ilustra o


procedimento; o pote com as dimensões de 6cmx19cmx11cm (H x C x L)
onde o animal será colocado sobre a base do recipiente em posição
anatômica dorsal e com assistência de pinça posicionaremos de maneira
ordenada todos os componentes dos membros anteriores e posteriores.
Posteriormente será colocado um papel absorvente em cima onde será
borrifado formol10%.
Procedimento para fixação do exemplar

Após borrifar formol o pote será mantido fechado num período de 48


horas e posteriormente o animal já fixado será acondicionado em um
vasilhame de 5 litros contendo formol 10% durante 20 dias após esses dias
o exemplar será lavado em água corrente secando o mesmo em papel
absorvente branco e posteriormente depositado em um vasilhame de 5
litros contendo álcool a 70% até o seu depósito em uma coleção
herpetológica.

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