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Depois de quase demolido, casarao sera centro cultural Seria mais um imével “apagado” ¢ esquecido no meio da movimentagao da Grea central, mas quem pas- sa pelo Largo Boa Morte jé comeca a ver cores surgindo no casarqo da esquina entre a ‘Rua Boa Morte ¢ Presidente Roosevelt. [Nos tapumes figuramossim- bolos histricos da cidade, retr- tados em tragos, como a igreja Boa Morte, gruta e Edificio Pra- da. A arte remete a vida que 0 local deve retomar, a0 ser trans- formado em centro cultural de- pois de passar pela revitalizagao iniciadaagora. AAs obras serio feitas pela Engep, que agora detém o imé- ‘vel, apés permuta com 0 antigo proprietirio, “Tentaremos revita- lizar 0 casario com as caracte- risticas originais transformé-lo ‘num espago cultural. Anda nfo oi definido o que ser, mas, en- tte as opsées, a provavel é um mugen’, disse Roberto Martins, diretor da Engep. ‘Um ano é 0 prazoestimnado paraotrabalho no patiménio is {rico municipal, que teve jane- las e portas descaracterizadas Dai, a tentativa de se fazer algo ‘mais préximo possivel as oF gens. “Id ndo cabe restauragao [porque muito foi pertido, porisso a revitalizacio”, lembrou Mar, tins. Réplicas sero produzidasa partirdoestudo dos materiaisuss- dos na fundago do local. ‘Opréio ficou parado duren- teanos, depois de funcionarcomo Iojas e restaurante. “O tethado est prejudicado, Faremos uma revisioparaevitar maisestragos, fenguanto os tapumes jé relem- brarao os pontos historicos da cidade, mostrandoa popullagaoo ponto cultural que o local sera”, Joao Eges fez 0 trabalho de pintura em moldes nos tapumes; ‘casardo passaré por obres até se tornar centro cultural declarou Martins. Para Joio Egea, 44, etreiro artesanal que faziao trabalho de aplicagao e pintura dos pontos hist6ricos nos tapumes, aarte & uma forma de uniro ttl a0 agra PSE ieta Nos formed elcg ‘opassado de uma nova forma”, disse. O casaréoest como tom- bamento em fase de conclusio, segundo a arquiteta Juliana Bi- notti, do Conselho Municipal de Defesa do Patriménio Histrico ’AquitetOnico de Limeira(Con- dephali). O registro mais antigo 6 da década de 1870, quando 0 Ceasar era propriedade de Eze Quiel de Paula Ramos, entao se- nador. Com origem tio antiga, foi por pouco que ocasarao "s0- breviveu”” Ble teve parte demo- lida em 2006, trabalho interrom- ppido pelo Condephali, apds de- ‘incia do que estava sendo feito no local. "O prédio jétinha pas- sado por reformas em 2003, ‘quando recebeu vitrines no t- ¢gardas janclas. Na época, odi- retor de Cultura, José Eduardo Heflinger Junior, 0 Toco, ten- tou com documentagao cance- Jarasalteragdes, sem sucesso”, cexplica Juliana Ja em.2006, a obra come- ‘cou. ser feta internammette, Coit 0s vidios tapados com papel. “In- felizmente, as vezes a5 pessoas desconhecem o valor hist6ricoe a importincia arquitetdnica des- ses imiveis. A obra de dem: 40, que comegoupordentro, foi praticamente interrompida na ‘metade, Embora o telhado com ‘madeira de lei fosse poupado, sos forros da Spoca foram per- didos”, diz Juliana. O caso fot pararno MinistérioPablico, des- fa ver, com ganho de causa 20 Condephali ¢ 0 local ficou sem uso desde entio, até chegar 20 novo projeto da Engep. imvel é um dos poucos, junto igreja Boa Morte Pala- ceete Levy, que fazem parte da ‘paisagem cultural original do lar- ‘g0,emmeioatedoorestantemo- Aificado. O casario possufaquin- tal nos fundos, assim como 0 Palacete, onde tio 0 quarteira0 fazia parte da propriedade. “Na- aquela épeca, era comumascons- tmuebescomecaremalinhadas 20 inicio do lote, mas tinham gran- ddes quintaisnos fundos”,lembra Juliana. ‘A casa do Largo Boa Morte era a moradia “na cidade” de Bzequiel de Paula Ramos € sua familia, fundadores da Fazenda Quilomibo, que hoje pertence aos seus bisnetos. Natural de Bana- nal (SP), ele era advogado e veio a Limeira no inicio da década de 1870, onde fundou escrtério de advocacia, nocasaraodo Largo, se casou com Anna Eufrosina Joriao. Os primeirosregistros do ‘n6vel, de impostos prediais, da- tam de 1874, embora baja uma série com infcio em 1774 e tér- ‘minoem 1891, referindo-ocomo situado na “rua do Teatro”. Em 1891, a familia Ramos smulou-se para capital paulista, para a sua eleigao a0 mesmo a0 cargo, de senador estadual.. No ‘mesmo ano, participa da elabo- racioda primeira Consttuiclo do ‘pequenos intervalos. Elegeu-se rovamente senadornaquele ano, cargoque ocupouaté 1903, quan- do se afasiou da atividade potti- ca por motivo de doenga. Fale cou em Sio Paulo, em 24 de ‘argo de 1905. (DL)

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