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Melhor maneira:
Cliente sentado, em uma cadeira de assento baixo
Topo de sua cabeça mais ou menos na altura do
apêndice xifóide do examinador.
Examinar toda a orla de implantação dos cabelos no couro cabeludo: ANOTAR FALHAS, “ENTRADAS”,
RETRAÇÕES.
Observar os cabelos desde a sua saída no óstio folicular, até sua extremidade distal.
Procurar alterações específicas da haste como genodermatoses (alterações ocorridas na haste dos
cabelos de causas diversas), lêndeas, etc.
ANOTAR TAMANHO DOS CABELOS, COR, BRILHO, SE É TINGIDO OU NÃO, SE É
ALISADO, TIPO DE PENTEADO, OLEOSIDADE.
Observar o estado das extremidades distais dos cabelos, como bifurcações, cortes a pique,
fissuras, extremidade em pincel e outras (tricoptilose, tricorrexe nodosa, pilli torti, etc).
Quanto à reposição de cabelos, notar atentamente se estão sendo substituídos ou não (velos,
terminais de tamanho diferentes).
No caso das alopecias focais, observar número de lesões, tamanho, localização, forma, superfície,
periferia etc.)
As lesões podem ser descritas de maneira geral, como nevos, tumorações, telangiectasias, foliculites,
descamações, cicatrizes etc;
As lesões mais específicas, ou seja as relacionadas à queixa principal, devem ser detalhadas, como
tamanho, forma, limites, contornos, superfície, coloração, edemas, secreções e tipo de descamações.
Descrições minuciosas facilitam muito a definição do quadro em casos de psoríase, lúpus eritematoso,
dermatite seborréica, líquen plano (doença auto-imune, associada à alopecia com eritema e escamação),
tínea do couro cabeludo e muitas outras.
Para registro no “prontuário” do examinado podemos usar um diagrama com o desenho de uma cabeça
vista por vários ângulos.
Desenha-se no papel a localização da doença.
Mede-se o tamanho de cada lesão e anotam-se os valores.
Alguns trabalhos preconizam que o couro cabeludo seja dividido em quatro áreas distintas:
a) Uma, no topo do crânio - região parietal - 40% do couro cabeludo.
b) Região posterior da nuca - região occipital - 24% do couro cabeludo
c) Regiões laterais e temporais - cada uma, 18% do couro cabeludo
Topo da cabeça
(parietal)
Região da nuca
(Occipital)
Regiões laterais
e temporais
ANAMNESE
A abordagem de um paciente com queixa tricológica, obedece aos mesmos padrões da anamnese clássica
em medicina. História detalhada, exame físico geral, exame clínico e laboratorial dos cabelos e do couro
cabeludo devem ser cuidadosamente realizados.
A queixa deve ser muito bem indagada. Com certeza o paciente sempre tem muitas informações que
podem ajudar muito no diagnóstico final. A queixa mais freqüente em tricologia é a "queda de cabelos". Na
realidade, esta expressão pode ter algumas interpretações:
1) Pode significar realmente um aumento na quantidade média de cabelos que caem diariamente. O quadro
pode ser agudo como ocorre no eflúvio telógeno ou crônico como ocorre na alopecia ferropênica;
2) Por vezes, após uma manipulação cosmética qualquer, o paciente nota um aumento significativo na
queda de cabelos, e na realidade não se trata de uma verdadeira perda de cabelos, mas sim uma quebra dos
fios. Este fato também acontece espontaneamente em algumas genodermatoses que envolvam a haste do
pêlo;
3) Paciente que tem verdadeira obsessão pelos cabelos e por menor que seja a queda, para ele pode
significar um verdadeiro transtorno;
A segunda queixa é:
"Doutor, eu estou ficando careca", ou seja, ele está desenvolvendo uma alopecia. Embora pareça uma
conseqüência da queixa anterior, na realidade não é. Um paciente pode ter uma queda muito intensa de
cabelos e não desenvolver uma alopecia. Pelo contrário, há pessoas com alopecias avançadas que nunca
observaram uma queda anormal.
Como na queixa anterior, as interpretações neste caso, também são várias, entre elas,
destacamos:
O paciente não percebe uma queda aumentada e diz estar ficando careca porque o volume de seus
cabelos diminuiu, percebendo nitidamente quando corta os cabelos bem curtos ou quando com
cabelos longos no uso de fivelas ou elásticos. Esta situação pode ocorrer na alopecia androgenética
difusa;
O paciente realmente está observando uma queda acelerada e ao mesmo tempo vê seus cabelos
desaparecerem como é o caso do eflúvio telógeno;
Não raro o paciente não percebe uma queda de cabelos nem uma alopecia, porém seus parentes ou
amigos, que perceberam que ele está ficando com poucos cabelos o alerta, como ocorre na alopecia
androgenética tipo difuso;
4) O paciente cita uma queda intensa acompanhada de uma rarefação muito grande dos cabelos após por
exemplo um alisamento químico, porém nestes casos, o paciente não está desenvolvendo uma verdadeira
alopecia e sim uma quebra intensa dos cabelos;
5) Os cabelos podem estar afinando muito e o paciente tem a impressão de estar ficando calvo, como
acontece no hipotiroidismo. Enfim, as situações que levam um paciente a queixar- se de que está com
alopecia são múltiplas e devem ser muito bem interpretadas.
Mulheres e homens com cabelos longos, muitas vezes reclamam que existe algo errado com seus cabelos,
porque percebem que ao prenderem os cabelos, tipo "rabo de cavalo", estão cada vez usando prendedores,
presilhas ou elásticos menores. Nestes casos, devemos também pensar em afinamento dos cabelos e não
necessariamente uma rarefação capilar.
Dois fatos curiosos relatados por pacientes que estão desenvolvendo uma alopecia ou afinamento intenso
dos cabelos são: sente que, quando toma sol, queima o couro cabeludo ou no inverno sente frio no couro
cabeludo, sintomas que não aconteciam no passado.
Outras queixas menos freqüentes são: cabelo não cresce, cabelo seco ou oleoso, mudou de consistência,
clareou ou escureceu, cabelos quebrados ou bifurcados etc.
Queixas referentes ao couro cabeludo também não são raras, entre elas podemos citar: descamação, crostas,
coceira, ardor ou dor no couro cabeludo, aparecimento de odor desagradável, e muitas outras.
A duração e forma de evolução da queixa também deve ser muito bem detalhada. Deve-se saber como
começou, se há surtos, se está melhorando ou piorando, se houve comprometimento de outros sistemas,
adenopatias, mucosas, alterações das unhas, pêlos do corpo, pele e dentes.
Ao conversar com o paciente, deve-se prestar muito atenção em seu grau de ansiedade frente à queixa. Se
ele leva muito as mãos aos cabelos, se traciona compulsivamente ou se fica puxando para mostrar a queda.
Para facilitar o diálogo entre o TERAPEUTA e o PACIENTE é conveniente que se tenha um protocolo,
que pode ser respondido pelo paciente no momento da consulta ou poderá levá-lo para casa para responder
com tempo; pensando calmamente em cada pergunta.
Anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma entrevista realizada por um
profissional da área da saúde com um paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico
de uma doença. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam
com a doença e à pessoa doente.
Uma anamnese, como qualquer outro tipo de entrevista, possui formas ou técnicas corretas de serem
aplicadas. Ao seguir as técnicas pode-se aproveitar ao máximo o tempo disponível para o atendimento, o
que produz um diagnóstico seguro e um tratamento correto. Sabe-se hoje que a anamnese, quando bem
conduzida, é responsável por 85% do diagnóstico na clínica médica, liberando 10% para o exame clínico
(físico) e apenas 5% para os exames laboratoriais ou complementares.
Após a anamnese é realizado o exame físico, onde se procuram os sinais e sintomas da doença.
Elementos da Anamnese
Identificação: A identificação é o início do relacionamento com o paciente. Adquire-se o nome, idade,
sexo, cor (raça), estado civil, profissão atual, profissão anterior, local de trabalho, naturalidade,
nacionalidade, residência atual e residência anterior.
Queixa principal (QP): Em poucas palavras, o profissional registra a queixa principal, o motivo que levou
o paciente a procurar ajuda do profissional.
História da doença atual (HDA): No histórico da doença atual é registrado tudo que se relaciona quanto à
doença atual: sintomatologia, época de início, história da evolução da doença, entre outros. Em caso de dor,
deve-se caracterizá-la por completo.
Histórico médica pregressa (HMP): Adquire-se informações sobre toda a história médica do paciente,
mesmo das condições que não estejam relacionadas com a doença atual.
Histórico familiar (HF): Neste histórico é perguntado ao paciente sobre sua família e suas condições de
trabalho e vida. Procura-se alguma relação de hereditariedade das doenças.
História pessoal e social (HPS): Procura-se a informação sobre a ocupação do paciente,como: onde
trabalha, onde reside, se é tabagista, alcoolista ou faz uso de outras drogas. Se viajou recentemente, se
possui animais de estimação (para se determinar a exposição a agentes patogênicos ambientais). Suas
atividades recreativas, se faz uso de algum tipo de medicamentos (inclusive os da medicina
alternativa),pois estas informações são muito valiosas para o médico levantar hipóteses de diagnóstico.
Revisão de sistemas: Esta revisão, também conhecida como interrogatório sintomatológico ou anamnese
especial, consiste num interrogatório de todos os sistemas do paciente, permitindo ao médico levantar
hipóteses de diagnósticos.
Caracterização da dor
As principais perguntas que se referem à dor, nos dão bons indicativos para continuação da anamnese. São
elas:
1
• Onde dói? (o paciente deve mostrar o local)
• Quando começou?
• Qual o tipo da dor? (queimação, pontada, pulsátil, cólica, constritiva, contínua, cíclica, profunda,
superficial)
• E que piora?
Questionário
As perguntas a serem feitas ao pacientes dividem-se em 3 tipos: abertas, focadas e fechadas.
Perguntas Abertas - As do tipo abertas devem ser feitas de tal maneira que o paciente se sinta livre para
expressar-se, sem que haja nem um tipo de restrição. Ex: "O que o sr. está sentindo?"
Perguntas Focadas - As focadas são tipos de perguntas abertas, porém sobre um assunto específico, ou
seja, o paciente deve sentir-se à vontade para falar, porém agora sob um determinado tema ou sintoma
apenas. Ex:"Qual parte do rosto fica mais oleosa? ".
Perguntas Fechadas - As perguntas fechadas servem para que o entrevistador complemente o que o
paciente ainda não falou, com questões diretas de interesse específico. Ex: "A pele fica mais oleosa de
manhã ou de noite?".
PROTOCOLO EM TRICOLOGIA
Identificação do Paciente
Nome, idade, sexo, cor, nacionalidade, procedência, profissão.
Anamnese
1) Qual é a queixa principal?
2) Qual a área ou áreas acometidas?
3) A doença acomete outras áreas do corpo?
4) Faz quanto tempo?
5) A doença está estável, aumentando ou diminuindo?
6) Houve mudança nas características ou consistência dos cabelos?
7) Houve mudança na cor dos cabelos?
8) Ficou mais fino ou mais crespo?
9) Ficou mais oleoso ou mais seco?
10) Apresentou alterações no couro cabeludo como dor, coceira, ardor, inflamação, caspa,
crosta ou feridas?
11) Já teve outras crises?
12) No caso de queda de cabelos, eles estão caindo com a raiz ou estão quebrados?
13) No caso de queda de cabelos, tem idéia de quantos cabelos caem diariamente?
14) No caso de queda de cabelos, tem percebido se os cabelos estão sendo substituídos?
15) No caso de queda de cabelos, há mais queda dos cabelos: no banho, à noite no
travesseiro ao pentear, durante o dia etc.?
16) Sua doença tem sido percebida por amigos ou parentes?
17) Houve alguma alteração na pele, unhas, pelos do corpo ou dentes?
18) Houve alguma manipulação dos cabelos?
19) Você costuma puxar, tracionar ou torcer os cabelos?
História Pessoal
1) Descrever últimas doenças, operações, ou internações.
2) Você tem alguma doença atual?
3) Perdeu peso ou teve alguma crise emocional nos meses que precederam a doença
atual?
4) Profissão atual e anteriores. Detalhar.
5) Você teve problemas no trabalho, mudou de endereço, problemas com mulher e filhos
etc. ?
6) Quais as drogas que tomou nos últimos meses e por que tomou?
7) Toma anticoncepcional?
8) Tem alergia a drogas?
9) Tem filhos? Quantos? Qual a data da última gravidez?
10) A gravidez piorou a doença atual?
11) Teve queda de cabelos alguns meses após o último parto?
12) Tem alguma alteração menstrual?
13) Tem algum problema endócrino?
14) Sente intolerância ao frio ou calor?
15) Como é sua alimentação?
16) Teve contato com pessoas ou animais com queda de cabelos?
17) Teve contato com algum tipo de radiação como raios X ou radioatividade?
Cuidados com os Cabelos no Momento
1) Uso de xampu, condicionador, spray:
2) Freqüência de uso.
3) Faz alisamento, relaxamento, amaciamento, etc.
4) Quais os tipos: químicos ou físicos (por exemplo pente quente)?
5) Usa gel, rolinhos, faz "escova"?
6) Tintura - tipo e freqüência de uso.
7) Clareadores - tipo e freqüência de uso.
8) Estilo dos cabelos - usa elástico, presilha, bonés, capacetes, fitas, tiaras?
História Familiar
Qualquer que seja a doença é sempre bom indagar se há casos na família, quer em enfermidades
hereditárias, quer nas infecciosas.
A história familiar tem que ser cuidadosa. Muitas vezes o paciente desconhece a existência de casos
familiares, em outros casos não os considera, como exemplo: se perguntarmos se o paciente tem calvos na
família, normalmente ele nega, pois
entradas, rarefações parietais ou no vértice eles não consideram como calvície. Neste caso, costumo
mostrar ao paciente, uma tabela com desenho da classificação de Hamilton/Norwood, em caso de homens
com calvície, bem como a classificação de Ludwig em mulheres, também nos seus diversos graus, e peço
que identifique em cada parente próximo, tanto homens como mulheres, o grau da calvície. É
surpreendente como, após consultar a tabelas, o paciente identifica vários familiares co-sanguíneos com
algum grau de calvície.
Uma vez obtido estes dados, é feita esquematicamente uma pequena árvore genealógica do paciente.
História de Drogas
Como vimos em capítulo anterior, uma pessoa produz em média 40m de cabelos ao dia, mostrando que a
atividade mitótica no couro cabeludo é muito grande, logo se torna um local vulnerável a uma série de
situações, em particular a ação de drogas.
A quantidade de medicamentos que podem causar danos capilares é tão grande que deve ser enfatizada. O
quadro tricológico associado às drogas mais freqüente é a queda de cabelos, que pode levar a uma alopecia.
Em alguns grupos de medicamentos a ocorrência de queda de cabelos é freqüente e merece uma atenção
especial, como é o caso das medicações psicotrópicas, principalmente os antidepressivos.
Convém ressaltar que muitas vezes a queda de cabelos pode ocorrer muitos meses após a ingestão da
medicação, como por exemplo nos eflúvios telógenos, e nem mesmo o paciente lembra de tê-la ingerido. A
queda de cabelos pode ser estabelecida de várias formas, após o uso da droga. De uma forma geral, todo
medicamento citostático pode levar a um deflúvio anágeno, pois como a matriz do folículo é mitoticamente
muito ativa, torna-se alvo natural da droga, logo a alopecia começa a se formar imediatamente após seu
uso. A maioria dos deflúvios anágenos são reversíveis, embora existam descrições de casos irreversíveis
após uso de bussulfano e ciclo-fosfamida, bem como a ciclofosfamida pura. Quando uma droga citostática
é dada em pequena dose, os cabelos podem se tornar finos, quebradiços e descolorados. Por vezes, o uso
crônico de uma determinada droga pode levar a uma queda diária discreta, porém constante dos cabelos, e
a longo prazo produzir uma alopecia total, caso o médico não perceba a relação da alopecia com a droga,
como é o caso da amiodarona, medicamento muito usado em cardiologia. Drogas como o
paraaminossalicilato podem causar uma erupção liquenóide no couro cabeludo levando a uma alopecia
cicatricial. Já outras drogas podem agir indiretamente sobre os cabelos. É o caso do captopril que diminui
os níveis de zinco sérico, conseqüentemente levando a uma alopecia nutricional. Os retinóides aceleram a
velocidade de crescimento dos cabelos, fazendo com que o ciclo biológico dos cabelos fique mais
acelerado, dessa forma existe um amadurecimento muito mais precoce do ciclo, levando a uma queda
telógena intensa, porém durante o uso da droga o paciente pode apresentar um deflúvio anágeno. Existe até
casos de alopecia areata desencadeada por medicamentos como zotepina, bem como dezenas de casos
descritos após uso de vacinas.
O uso de medicamentos tópicos também devem ser pesquisados. Existem relatos de casos de eflúvio
telógeno pelo minoxidil, assim como queda de cabelos anágenos distróficos após uso de xampus à base de
sulfeto de selênio, Colírios à base timolol, betaxolol e levobunolol e atos do simples cotidiano como
enxaguar a boca com o ácido bórico contido em anti-sépticos bucais podem causar uma alopecia , No
mercado, existem centenas de produtos que contém ácido bórico e este fato não deve ser esquecido.
Produtos muito usados, principalmentes por atletas e freqüentadores de academias são os polivitamínicos e
os suplementos alimentares, ambos geralmente possuem o L-triptofano, que é um causador de alopecia e
outras dermatoses. O L-triptofano também é usado em medicina para insônia, tensão pré-menstrual,
síndromes reumáticas e algumas alterações psiquiátricas.
Para facilitar a anamnese, as principais drogas que podem causar alterações tricológicas serão apresentadas
futuramente. Evidente que outras drogas não mencionadas, também podem ocasionar as mais diversas
alterações no folículo piloso. À medida que anamneses mais dirigidas forem feitas e novas medicações
forem lançadas no mercado, esta lista deverá aumentar muito. Esta relação é imprescindível na elaboração
da história do paciente que está perdendo cabelos ou apresentando alterações capilares. Inicialmente é feito
uma lista de substâncias que causam alopecia, a seguir algumas drogas que causam descoloração dos
cabelos, drogas que podem dar alopecias cicatriciais por causarem erupções tipo líquen plano ou lúpus, e
finamente drogas que podem desencadear dermatite seborréica. Nas tabelas é citado o nome da droga, entre
parênteses seus nomes comerciais (Baseado no Dicionário de Especialidades Médicas, do ]BM, 2000/2001
e Pocketbook of Drug Eruptions and Intractions) 199913.
CLÍNICA ESCOLA DE ESTÉTICA
FICHA DE ANAMNESE CAPILAR
1. IDENTIFICAÇÃO
11.Tegumentar
Área comprometida:
( ) Localizada: ( ) Lesão única ( ) Múltiplas
( ) Total ( ) Rarefação difusa ( ) Rarefação frontoparietal
( ) Retenção da linha frontal ( ) Recessão bitemporal ( ) Vértex
( ) Outras regiões:
_________________________________________________________________________
Outras regiões:
_____________________________________________________________________________
Alterações do couro cabeludo:
( ) Não ( ) Sim: ( ) atrofia ( ) escama ( ) eritema ( ) outras: __________________________
Topo da
cabeça
(parietal)
A seguir serão descritas algumas manobras que auxiliarão ora no diagnóstico ora na avaliação da
intensidade da doença e por vezes para se estudar a evolução de uma patologia tricológica, quer
tratada ou não.
Na alopecia areata o sinal de jacquet pode ser positivo, porém trata-se de um "falso-positivo", pois
nesta doença pode haver recuperação dos cabelos.
Em algumas alopecias cicatriciais como o lúpus eritematoso, queimaduras, e outras, a intensa fibrose
não deixa o couro cabeludo preguear, dando um sinal de jacquet "falso-negativo".
O sinal de jacquet nos orienta da presença ou não de folículos pilosos no couro cabeludo.
O teste consiste em prender alguns fios de cabelos entre as polpas digitais do indicador e polegar, junto
à superfície da pele .
Ao realizar o exame, é necessário que os cabelos fiquem espalhados por toda a superfície de contato das
polpas digitais, para que nenhum deles fique sem ser tracionado.
Uma quantidade muito grande de fios, faz com que os situados no centro do chumaço não sejam
tracionados.
A pressão exercida pelos dedos pode variar em muito entre os examinadores.
O importante é que a pressão exercida tem que ser o suficiente para que os pêlos se deslizem
firmemente entre os dedos
Em geral uma tração bem feita causa um pouco de desconforto ao paciente, mas não dor.
Cortam-se as extremidades distais (garras) e coloca-se um pedaço de manguito de látex com cerca de 2
cm de comprimento nas extremidades.
1) A pressão exercida sobre todos os fios será suave, pois a pinça não comprime como um
porta agulhas;
2) A pressão sobre os fios será sempre constante, pois a pinça sempre trava com a mesma força;
3) A pressão sobre os cabelos também será uniforme
4) Tem-se uma visão bem melhor sobre os cabelos tracionados;
5) Sempre tracionaremos aproximadamente a mesma quantidade de cabelos;
6) Os cabelos soltos, que ficam presos na pinça, podem ser levados diretamente ao dermatoscópio para
análise na própria pinça; e
7) Caso a análise seja feita posteriormente, os cabelos presos na pinça podem ser colocados
diretamente em um frasco.
Cuidados ao ser realizado o teste:
A sudorese e a oleosidade dos cabelos do examinado e dos próprios dedos do examinador podem
influir muito nos resultados.
É aconselhável o examinador lavar bem as mãos, e se necessário remover a oleosidade dos cabelos a
serem tracionados com uma mistura de partes iguais de álcool etílico e éter (licor de Hoffmann).
Cabelos muito longos principalmente ondulados podem dificultar o exame.
Nestes casos desliza-se os dedos ou a pinça, apenas alguns centímetros ao longo dos cabelos (da pele
até mais ou menos 20 cm no sentido distal dos cabelos).
Este deslize é suficiente para perceber a soltura de alguns fios.
Em cabelos muito curtos ou crespos a realização do exame é inviável.
A lavagem dos cabelos também pode influenciar no teste.
Ao lavar o couro cabeludo, muitos cabelos telógenos que já estavam prestes a cair são eliminados com
muita facilidade, isto pode gerar resultados errôneos.
Para se realizar um teste da tração, o examinado deve ficar alguns dias sem lavar os cabelos.
Alguns autores, propõem cinco dias, outros sugerem apenas um dia sem lavar os cabelos
Numa queda difusa - em vários pontos do couro cabeludo (em média de cinco lugares diferentes).
Em quedas localizadas como na alopecia areata, pseudopelada de Brocq (alopecia cicatricial
progressiva, normalmente causada por liquen plano) e outras - na periferia da lesão (se possível,
fazer o teste em uma área contralateral, em região normal).
Na alopecía androgenética deve-se fazer o teste em várias regiões da área calva e área normal.
a) Telógeno
A presença de telógeno com saco epitelial é um sinal claro de que a tração foi muito vigorosa, o que
inutiliza totalmente a sua interpretação.
Hiperpigmentação na clava ou haste, pode ser sinal típico da alopecia areata (sinal de Widy);
Sinal de Widy
b) Anágeno
A presença de cabelos anágenos normais ou distróficos é sempre patológica (a não ser por uma tração
muito forte)
Cabelos anágenos normais podem ocorrer na placa de pseudopelada, pseudo tinea amiantácea,
síndrome da queda anágena, alopecia areata e outras.
Anágenos distróficos podem aparecer no eflúvio anágeno, na alopecia androgenética difusa e algumas
genodermatoses.
Haste
Pelo teste da tração suave algumas hastes podem se quebrar.
São exemplos de grande fragilidade da haste: algumas genodermatoses, alopecia areata, tricorrexe
nodosa, tricorrexe invaginada, manipulação cosmética dos cabelos e outras.
Deve ficar claro que muitas vezes mesmo quando há queixa de uma queda intensa, o teste pode ser
negativo e este fato não afasta uma queda de cabelos acentuada.
Nestes casos, devemos usar outras técnicas de avaliação tricológica.
Feathering = depenar
O teste também pode ser realizado usando-se um porta-agulhas, estando suas extremidades envolvidas por
um manguito de látex de 2 cm.
A finalidade do teste é determinar a fragilidade anormal das hastes e avaliar a adesividade dos
cabelos ao folículo piloso.
A manobra deve ser feita em várias regiões do couro cabeludo e em cada região pode ser repetida
várias vezes.
Os pedaços de cabelos que quebraram e ficaram presos entre os dedos devem ser examinados em um
microscópio óptico comum.
Para este teste não é necessário deixar de lavar os cabelos.
Usando o porta-agulhas, em cada teste são presos cerca de 100 fios.
Segurando pelo cabo do porta-agulhas, dá-se alguns trancos, não o suficiente para quebrar ou arrancar
os cabelos normais.
Os fios que se desprendem no porta agulhas, devem ser levados para um dermatoscópio para análise
dos cabelos extraídos.
É um teste útil em genodermatoses em que há fragilidade da haste como: moniletrix, pseudomoniletrix,
tricorrexe nodosa, tricorrexe invaginada, pêlo torcido, pêlo encaracolado (kinky hair), tricotiodistrofia;
pós manipulações cosméticas como alisamentos químicos, alisamento a quente, etc..
Os cabelos devem ser tracionados a uma distância entre dois e três centímetros do couro cabeludo.
Em alguns casos, como na tricorrexe nodosa distal e desgaste natural (weathering), o teste tem que ser
feito na região distal do fio, independente do tamanho do fio.
O teste do puxão também é útil na sindrome da queda anágena, eflúvio telógeno, pseudopelada, etc.
4) TESTE DO ATRITO
É uma manobra feita para avaliar a fragilidade da haste.
Entre as afecções examinadas estão: genodermatoses como tricorrexe invaginada, moniletrix, etc.,
distrofias da haste como na alopecia areata, tricorrexe nodosa, fragilidade adquirida pelo desgaste
natural e muitas outras patologias.
Normalmente o teste é melhor observado quando o paciente tem os cabelos com mais de 5 centímetros
de comprimento.
Junta-se um chumaço com aproximadamente 100 a 150 fios de cabelos
Faz-se uma pequena torção em sua parte mais proximal para que fiquem todos juntos.
Com uma das mãos estendida, coloca-se sobre a palma a maior parte do chumaço de cabelos isolados.
Com o dedo indicador/polegar da mão contralateral, comprime-se os cabelos contra a palma e os atrita
fazendo movimentos circulares.
Ao remover o chumaço de cabelos, deve-se ter o cuidado de dar uma pequena chacoalhada para
soltar alguns possíveis cabelos quebrados presos no chumaço.
b) Caso a doença acometa a parte distal dos cabelos (desgaste natural) o teste pode ser feito com
o cabelo inteiro e em sua extremidade distal.
Os pedaços de cabelos podem ser observados pela microscopia óptica comum ou com
dermatoscópio para avaliar o tipo de fratura.
5) TESTE DA GAZE
Este teste constitui-se em mais uma maneira de avaliar a fragilidade da haste dos cabelos.
Seu uso depende muito da habilidade do examinador, bem como tamanho, estilo e quantidade de cabelos
do examinado.
Devemos juntar um pequeno chumaço dos cabelos a serem examinados e o torcemos suavemente ao
longo de seu eixo longitudinal.
Com auxílio dos dedos (geralmente o indicador e o polegar), são feitas várias torções em vários
sentidos e atritos sobre a gaze.
Havendo quebra de cabelos, os pedaços ficarão retidos sobre a gaze e podem ser levados para análise
pela microscopia óptica comum.
Este teste é feito para cabelos mais longos, geralmente acima de 5 cm de comprimento.
Em cabelos muito curtos este teste é inviável.
Os movimentos têm que ser contínuos e lentos, repetidos em várias direções no couro cabeludo.
Em caso de fragilidade da haste, pedaços de cabelos quebrados ficam presos na gaze.
Este teste pode ser feito em cabelos de qualquer tamanho, porém tem sua principal utilidade em cabelos
muito curtos.
Não só pedaços de cabelos podem ser retidos pela gaze.
Podemos colher também descamações para exames micológicos, assim como também, após tratar os
cabelos com uma substância ácida, como o, ácido acético (vinagre), coletar lêndeas ou até mesmo o
próprio piolho.
Os cabelos coletados são colocados diretamente sobre uma lâmina de vidro, e depois de cobertos com
lamínula e embebidos em água são levados diretamente ao microscópio óptico comum para análise.
Este teste também avalia a integridade da haste.
E particularmente útil em pessoas negras, com estilo "afro”
Nestas pessoas, o índice de quebra de cabelos é muito grande
Embora seja uma manobra de avaliação subjetiva, se for feita por um observador experiente, poderá
fornecer valiosa informação.
Principalmente em casos de alopecias difusas ou áreas alopécicas esparsas pelo couro cabeludo.
Em geral, faz-se na região parietal, no plano sagital, mas pode ser realizada em várias regiões do
couro cabeludo, inclusive comparando região com região.
Na alopecia androgenética difusa na mulher, cerca de 50% das mulheres apresentam a risca na larga região
frontal, diminuindo na direção do vértice.
8) TESTE DO DESLIZE
Utilizado quando existe alguma alteração na haste, como tricorrexe nodosa, pêlo torcido (Pili torti),
lêndeas, moniletrix, triconodose e outras, principalmente quando o examinado tem cabelos longos.
A
manobra consiste em segurar alguns fios pela sua extremidade distal, usando as polpas digitais do
primeiro e segundo dedos esticando-os suavemente, perpendicularmente à superficie do couro
cabeludo.
Com a outra mão, faz-se leve compressão dos cabelos entre as polpas digitais, também do primeiro
e segundo dedos.
O chumaço terá sua parte proximal grossa e a parte distal mais fina (em forma de cone), com vários
cabelos emergindo em toda a extensão do chumaço.
Isto também pode ocorrer em algumas genodermatoses, quando os cabelos se quebram em vários
níveis, alopecias medicamentosas crônicas, quedas traumáticas e multas outras.
Também pode ocorrer em situações normais, quando uma pessoa tem um período de anágeno
muito curto, tendo portanto uma reposição grande e constante;
2) A tradicional colocação dos pêlos em uma lâmina de vidro e coberta por uma lamínula, não
necessitando coloração especial, apenas água é adicionada.
11) TESTE DA LAVAGEM
É a força que tem de ser exercida sobre um fio de cabelo para arrancá-lo do folículo piloso, sem arrebentá-
lo.
Segundo estudiosos, pacientes com má nutrição protéico-calórica, tem massa de arrancabilidade menor
que indivíduos saudáveis.
Assim que o fio se soltar, lê-se diretamente na escala a força exercida sobre o pêlo.
Esta radiação é conseguida após a emissão da luz ultravioleta por um arco de mercúrio, a qual é
filtrada por uma chapa de vidro composto de silicato de bário e 9% de óxido de níquel.
A pessoa a ser examinada deve estar de preferência sentada em uma cadeira, em um ambiente
totalmente escuro, e todo o couro cabeludo deve ser examinado.
A sala sem nenhuma iluminação faz com que a lâmpada tenha a sua melhor eficácia.
Algumas micoses do couro cabeludo e dos cabelos têm características muito específicas:
a) A Malassezía furfur apresenta uma fluorescência róseo-alaranjada.
b) Os fungos Microsporum canis e Microsporum audouini dão uma coloração verde-azulada.
d) A hiperceratose folicular resultante da tração dos cabelos, apresenta uma cor amarelo-rosada.
Em algumas situações, o examinado nega qualquer tipo de manipulação dos cabelos, como
é o caso da tricotilomania, tricocriptomania.
Tricocriptomania, é o desejo compulsivo de cortar os cabelos com as unhas - indivíduo não arranca,
somente corta com as unhas).
Mesmo com o diagnóstico definitivo, indivíduo e seus acompanhantes, na maioria das vezes, não
aceitam este diagnóstico.
Para isso, costuma-se fazer em pacientes com suspeita de manipulação proposital dos cabelos, o
chamado "teste da luz fluorescente".
Utiliza-se a tinta usada nas canetas tipo marcador de texto (a tinta pura pode ser fornecida pela
indústria Pilot Pen do Brasil).
A tinta fluorescente existe em várias cores: amarela, vermelha, laranja e verde. Deve-se usar a cor mais
próxima possível da coloração dos cabelos do examinado.
A solução é assim preparada: em um pequeno recipiente coloca-se 5 cm3 de vaselina líquida.
Com uma seringa de 1 cm3, as do tipo usada para injeção de insulina, adiciona-se lentamente algumas
gotículas da tinta até dar coloração suficiente para dar brilho quando iluminada com luz de Wood.
Quando a pessoa vier ao local onde será submetida ao exame, sem que ela perceba, passa-se
discretamente a solução no couro cabeludo e parte proximal das hastes.
Pede-se então para ela voltar no dia seguinte, sem lavar os cabelos para a realização de novo exame.
Examina-se a mão dela com a lâmpada de Wood
Caso tenha manipulado os cabelos, a tinta impregnada
em suas mãos ou unhas, dará uma fluorescência muito
intensa.
Mesmo que o examinado tenha lavado as mãos a
fluorescência permanecerá.
O teste pode auxiliar muito em casos de tricotilomania, principalmente em crianças muito pequenas.
É utilizado para a realização do tricograma, para uma análise dos cabelos eliminados espontaneamente,
para um exame anatomopatológico, para uma citologia, para um exame micológico, para verificação do
diâmetro do cabelo e outros.
Os cabelos analisados de imediato, após coleta pelo método da tonsura, devem ser preparados para
estudo. São dois, os métodos de preparo mais usados:
1. Os cabelos são colocados diretamente sobre um lâmina comum de vidro que será coberta com uma
lamínula para que os fios fiquem no mesmo plano, o que facilita a localização do aparelho.
Para facilitar a visualização da haste pode-se colocar uma gota de água entre a lâmina e a lamínula.
2. O segundo método é o uso de uma fita adesiva transparente de dupla face para fixar os cabelos na
lâmina de vidro.
Caso o cabelo tenha mais que 7 cm, devemos cortá-lo em pedaços de aproximadamente 5 cm.
Nos cabelos muito longos, utilizamos sempre o primeiro e último segmentos e 1 ou 2 intermediários.
Alterações estruturais como pili torti, moniletrix, tricorrexe nodosa e outras dão imagens muito
claras e precisas do processo.
CUTÍCULAS
TRICOTIODISTROFIA
MONILETRIX
PILLI TORTI
TRICONODOSE
TRICORREXE NODOSA
(José Marcos Pereira, Propedêutica das Doenças dos Cabelos e do Couro Cabeludo, 2001)