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Remessa de Ofício/Apelação n. 02.

002724-9
Órgão: 1ª Câmara Especializada Cível
Embargante: Estado do Piauí
Embargado: Nelson Nery Costa
Relator: Des. Fernando Carvalho Mendes

Tratam-se de Embargos de Declaração (fls. 68/72) opostos pelo ESTADO D


O PIAUÍ em face do acórdão de fls. 62/64, que, à unanimidade, negou provimento ao apelo
de fls.35/39, mantendo a decisão a quo hostilizada.
Em suas razões, alega o embargante que o acórdão atacado é contraditório ao não
reconhecer a prescrição do direito do autor/embargado, quando na realidade o está, con
siderando que o mesmo pleiteia importância referente ao mês de dezembro, bem como o
13º salário, do ano 1994, tendo ingressado com a ação somente em 2000. Aduz ainda que o
referido acórdão foi omisso quando não fundamentou especificamente os motivos que ense
jariam a fixação de honorários em patamar superior, em contradição ao disposto no artigo 2
0, §4º do CPC.
Pugna o embargante que seja dado provimento aos presentes aclaratórios
, emprestando-lhe efeitos infringentes, com o fito de dar provimento à Apelação interp
osta.
Intimado regularmente, a parte embargada, não se manifestou, conforme
certidão de fl. 82-v.
É o que importa relatar.
Como é sabido, o manejo dos embargos de declaração está adstrito às hipóteses e
encadas no art. 535 do CPC.
Não é o que se verifica no presente caso.
Com efeito, a contradição aduzida pelo embargante, referente ao reconhec
imento da prescrição quinquenal, não corresponde à realidade. Não há que se falar em contra
ição quando a decisão simplesmente acolheu entendimento diverso daquele defendido pelo
embargante. É farta a doutrina e jurisprudência no sentido de que o convencimento d
o magistrado deve ser livre e consciente, fundamentando-se de acordo com seu ent
endimento, o que, no caso em tela, de fato ocorreu.
Do mesmo modo, a omissão alegada referente à não fundamentação dos motivos ens
ejadores do arbitramento dos honorários advocatícios no patamar de 20% (vinte por ce
nto) não merecem acolhida. Conforme se observa no texto do acórdão, o nobre relator ju
stificou sua decisão, frise-se, confirmando a sentença de 1º grau, citando os motivos
nos quais se embasara para arbitrá-los no percentual atacado, senão vejamos: (...) e
ainda, condeno o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no
valor de 20% da condenação, tendo em vista o zelo profissional e o trabalho realizad
o pelo patrono do autor . Assim, se fundamentada no que dispõe o artigo 20 do Código d
e Processo Civil, não há que se falar em omissão do julgador.
O que se percebe, claramente, nas duas situações, é a franca tentativa de,
por meio de embargos de declaração, rediscutir matéria já decidida, trazendo à baila argu
mentos que já foram amplamente vistos e verificados em momento oportuno. Caso houv
esse atendimento à suposta alegativa de contradição e omissão, o julgado seria modificad
o em razão da apreciação dos fatos alegados. Não se pode querer que, em sede de Embargos
de Declaração, se proceda à nova discussão da matéria, a fim de modificar o resultado que
claramente foi desfavorável ao embargante. Como é deveras sabido, existem muitos ou
tros meios possíveis a rechaçar a decisão atacada, dentre os quais não se inclui a espécie
em análise.
Nesse mesmo diapasão, vale expor os ensinamentos do mestre Humberto Th
eodoro Júnior, que assim manifesta-se acerca do objeto de julgamento dos embargos d
e declaração, in verbis:
O que, todavia, se impõe ao julgamento dos embargos de declaração é que não se proceda a u
m novo julgamento da causa, pois a tanto não se destina esse remédio recursal. As ev
entuais novidades introduzidas no decisório primitivo não podem ir além do estritament
e necessário à eliminação da obscuridade ou contradição, ou a suprimento da omissão.
Igualmente, não é outro o entendimento do e. STJ, que assim pronuncia-se
, in litteris:
EFEITOS MODIFICATIVOS. NÃO CABIMENTO. Os embargos prestam-se a esclarecer, se exis
tentes, dúvidas, omissões ou contradições no julgado, não para que se adeque a decisão ao e
tendimento do embargante (STJ, EdclAgRgREsp nº 10270-DF, 1ª Turma, Rel. Min. Pedro A
cioli, julgado 28.08.1991, DJU 23.09.1991, p. 13067).
Portanto, vislumbra-se que os presentes embargos não possuem razão
para prosperar, porquanto a matéria foi apreciada de forma correta, não havendo qual
quer motivo para embargá-la.
Diante do exposto, conheço dos presentes embargos de declaração, pois
preenchidos, na espécie, os requisitos de admissibilidade recursal, e, no mérito, n
ego-lhes provimento, mantendo o acórdão vergastado em sua totalidade.

Des. Fernando Carvalho Mendes


Relator

É consabido que, a rigor, o julgador não está obrigado a responder todas as questões ale
gadas pelas partes, quando encontra razão suficiente para fundamentar o seu conven
cimento.
No que diz respeito à fixação dos honorários, ao exame da DECISÃO embargada se constata qu
e não ocorreu nenhum vício na sua fixação,tendo a matéria sido claramente definida; ao con
trário do afirmado pelos embargantes o acórdão não pecou por nenhum vício.
EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS - EFEITO MODIFICATIVO - PREQUESTIONAMENTO - IMPOSSI
BILIDADE - INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES - FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - REAVALIAÇÃO NÃO
NA VIA DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS - CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL. - Se a PARTE dissente d
os fundamentos esposados no aresto embargado, cumpre-lhe questioná-los na via recu
rsal própria, eis que os embargos de declaração se destinam a suprir omissão, obscuridad
e ou contradição de que padeça a DECISÃO embargada, não se prestando à mera reabertura do d
bate acerca de questões já decididas. - Se o acórdão, no ponto em que definiu a verba ho
norária de acordo com as disposições do artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil, é cla
e não apresenta qualquer vício, os embargos declaratórios são rejeitados no aspecto, mor
mente porque foi respeitado o princípio da razoabilidade. - O prequestionamento si
gnifica o prosseguimento do debate de matéria apreciada na DECISÃO recorrida; entret
anto, devem ser observados, rigorosamente, os requisitos exigidos no artigo 535,
I e II, do Código de Processo Civil.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N° 1.0024.02.874172-6/002 EM APELAÇÃO CÍVEL - COMARCA DE BELO HORIZO
TE - EMBARGANTE(S): MG TURISMO CÂMBIO LTDA E OUTRO(A)(S) - EMBARGADO(A)(S): TELEMA
R NORTE LESTE S/A - RELATOR: EXMO. SR. DES. OSMANDO ALMEIDA publicado em 30/06/2
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 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 31 ed. Forense: Rio
de Janeiro, 2000, p. 527. v. 1.





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-----------------------Acórd-ApCív-EmbDecl n. 02.002724-9 (Teresina/2ª Vara da Fazenda
Pública)

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