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NOME DO ALUNO
[Turma: 5º X]

TRABALHO ACADÊMICO:
RESUMO DO LIVRO
“DOS DELITOS E DAS PENAS”, de Cesare Beccaria

Trabalho de Graduação apresentado à


Faculdade de Direito da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como exigência
parcial para satisfazer os requisitos da
Disciplina ‘Direito Penal IV’

Professor: Carlos Alberto Correa de Almeida Oliveira

São Paulo
2005
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O mote central da obra de Cesare Beccaria, “Dos

Delitos e das Penas”, é comover a sociedade, mas principalmente os

governantes, a refletir e repensar por completo o sistema de punições ainda em

vigor à sua época, qual seja, o século XVIII. É notória e contagiante a suprema

indignação do autor com as práticas de punição então vigentes, a que ele se

recusa chamar de “leis”, referindo-se a elas como meras “orientações” friamente

seguidas pelos governantes, oriundas de “fragmentos de legislação pouco

inteligíveis”, compilados ao longo dos séculos, sem nunca terem sido pensadas

se estavam servindo ao fim a que supostamente se destinavam.

O obra consiste, indubitavelmente, de um

corajoso manifesto do autor contra os abusos praticados no sistema criminal de

sua época, incitando a todos a refletirem sobre ele, a fim de que a sociedade

conte com instituições melhores e mais justas e com “leis sábias”. Estas,

segundo o autor, seriam obra de um “prudente observador da natureza humana”,

capacitado a orientar todas as ações da sociedade com uma única finalidade:

promover “todo o bem-estar possível para a maioria”. Beccaria denuncia

justamente que as leis, na maior parte das vezes, são uma antítese desse

princípio, ou seja, são elas fruto do instrumento das paixões da maioria, ou fruto

do acaso e do momento. O autor tenta despertar a sociedade para fazer a devida

e cuidadosa análise e diferenciação das diversas espécies de delitos e a forma de

punir cada um deles, indicando os princípios mais gerais. Para isso, Beccaria
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examina e esclarece a origem das penas, e o fundamento do direito de punir,

questionando ainda o sentido de se levar a cabo os “tormentos e torturas”, e a

eficácia desse métodos. Para o autor, o direito de punir se fundamenta no que ele

chama de “coração humano”, ou seja, nas paixões mais autênticas do ser

humano, que é um ser egoísta e com tendência ao despotismo, com a maioria

dos indivíduos estando longe de se ater aos princípios estáveis de conduta. O

direito de punir deve ir até o ponto de fazer justiça; se for além disso, será

“abuso”. Segundo Beccaria, uma pena justa precisa ter apenas o grau de rigor

suficiente para afastar os homens da senda do crime. O autor esclarece ainda

acerca da interpretação das leis – e adverte sobre a obscuridade das leis,

afirmando que a interpretação das leis jamais deve ser feita pelos magistrados,

cabendo isso ao “soberano, isto é, o depositário das vontades atuais de todos” –

caso contrário, abrir-se-ia espaço para muitas injustiças.

Beccaria discorre também sobre a pena de prisão

e sua razão de ser, denuncia a forma como são conduzidos os julgamentos – na

maior parte das vezes a título arbitrário, contrariamente ao que hoje conhecemos

como o “devido processo legal”, esclarecendo sobre o depoimento das

testemunhas, e até mesmo a prática de “acusações secretas e interrogatórios

sugestivos”. O autor denuncia a prática da pena de morte como injusta, não

existindo em um governo “sábio”, posto que ela não se apóia em nenhum

“direito”.
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Sobre o que seria a “exata medida dos delitos”,

seria ela o prejuízo efetivamente causado à sociedade; além disso o autor volta a

citar Deus, fazendo referências ao pecado ou à ofensa em relação a Deus, que se

refere à maldade no coração de cada um. O autor prossegue descrevendo cada

um dos delitos, quais sejam, os crimes de lesa-majestade – que são os

prejudiciais à sociedade, analisando um a um: os atentados contra a segurança

dos particulares, as injúrias, os duelos, o roubo, o contrabando, as falências, os

crimes que perturbam a tranqüilidade pública, a ociosidade, o suicídio, e

finalmente os delitos “difíceis de serem constatados”, como o adultério, a

pederastia e o infanticídio.

Depois de esclarecer sobre as injustiças mais

comuns na legislação, e sobre a importância do espírito de família para a

prevenção dos crimes, fala justamente que é preferível “prevenir” os delitos a ter

de puni-los.

A conclusão de Beccaria se dá com o que ele

denomina de “teorema geral”, qual seja: “para não ser um ato de violência

contra o cidadão, a pena deve ser, essencialmente, pública, pronta, necessária, a

menor das penas aplicáveis nas respectivas circunstâncias, proporcional ao

delito, e determinada por uma lei”.

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