Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Do ponto de vista das artes plásticas, usando uma acepção mais ampla da palavra, toda a
arte abstrata geométrica do período (décadas de 1920, 30 e 40) pode ser grosseiramente
chamada de construtivista (o que inclui as experiências artísticas na Bauhaus, o
Neoplasticismo e outros movimentos similares). No teatro, um de seus principais nomes
foi o diretor teatral Meierhold, no cinema o grande nome foi Eisenstein, com suas teorias
sobre a montagem cinematográfica.
“Uma arte construtiva que não decora, mas organiza a vida” – El Lissitzky, 1922
O “Manifesto Realista”, escrito por Naum Gabo e assinado por seu irmão Antoine Pevsner,
definia claramente os limites e possibilidades da arte-não figurativa e contrariava as
idéias metafísicas de Malevitch. Considerado o primeiro manifesto construtivista, o
“Manifesto Realista” foi afixado nos muros de Moscou durante o primeiro levante de
revolução política em meio à guerra civil e teve, portanto, grande repercussão. A partir
dele, muitos manifestos de correntes antagonistas, distintas, porém, que buscavam
também essa questão social, foram anunciados.
Ao que tudo indica, portanto, trata-se, desde a origem, de um “ismo” plural, pelo fato de
entremear artistas de diversas correntes que buscavam a valorização da construção da
obra de arte em oposição à composição. Para alguns críticos e historiadores, o termo
construtivismo toma o “lugar da arte não-objetiva (as formas puras)” e, para outros, o
termo substitui o "objetivismo" oriundo da cultura dos materiais de Tatlin.
Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que o construtivismo é uma das principais
tendências da linha de uma arte útil. Para interpretar essa "utilidade" basta observar
determinadas características construtivistas: a busca da técnica da engenharia, a utilização
dos novos materiais, a tendência para a arquitetura e o design, a opção pela atividade
coletiva em oposição ao individualismo, a idéia de construir objetos entendidos como
sínteses, a superação dos limites da arquitetura, da escultura e da pintura, entre outros.
Para Tatlin, um dos maiores representantes do movimento, a arte deve estar a serviço da
revolução, fabricar coisas para a vida do povo, como antes fabricava para o luxo dos
ricos. A pintura e a escultura também são construções (e não representações) e devem,
portanto, utilizar os mesmo materiais e os mesmos procedimentos técnicos da
arquitetura, que, por sua vez, deve ser simultaneamente funcional e visual, isto é,
visualizar a função. Não mais existem artes maiores e menores: como forma visual, uma
cadeiranão difere em nada de uma escultura, e a escultura deve ser funcional como uma
cadeira.