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Construtivismo Russo (1° parte eu estudo e apresento) Ale

Cartaz de El Lissitzky, 1929.

O Construtivismo Russo foi um movimento estético-político iniciado na Rússia a partir


de 1919, como parte do contexto dos movimentos de vanguarda no país, de forte
influência na arquitetura e na arte ocidental. Ele negava uma "arte pura" e procurava abolir
a idéia de que a arte é um elemento especial da criação humana, separada do mundo
cotidiano. A arte, inspirada pelas novas conquistas do novo Estado Operário, deveria se
inspirar nas novas perspectivas abertas pela máquina e pela industrialização servindo a
objetivos sociais e a construção de um mundo socialista. O termo arte construtivista foi
introduzida pela primeira vez por Malevich para descrever o trabalho de Rodchenko em
1917. O construtivismo como movimento ativo durou até 1934, tanto na União Soviética
como na República de Weimar, as suas proposições inovadoras influenciam fortemente
toda a arte moderna. A partir do Congresso dos Escritores de 1934 a única forma de arte
admitida na URSS seria o Realismo socialista e todas as outras tendências artísticas durante
o Stalinismo seriam consideradas formalistas.

Caracterizou-se, de forma bastante genérica, pela utilização constante de elementos


geométricos, cores primárias, fotomontagem e a tipografia sem serifa. O Construtivismo teve
influência profunda na arte moderna e no design moderno e está inserido no contexto das
vanguardas estéticas européias do início do Século XX. (São considerados manifestações
influenciadas pelo Construtivismo o De Stijl, a Bauhaus, o Suprematismo, assim como
grande parte da vanguarda russa).

Do ponto de vista das artes plásticas, usando uma acepção mais ampla da palavra, toda a
arte abstrata geométrica do período (décadas de 1920, 30 e 40) pode ser grosseiramente
chamada de construtivista (o que inclui as experiências artísticas na Bauhaus, o
Neoplasticismo e outros movimentos similares). No teatro, um de seus principais nomes
foi o diretor teatral Meierhold, no cinema o grande nome foi Eisenstein, com suas teorias
sobre a montagem cinematográfica.

Questão social, política e contexto


histórico(2° parte Kevin estuda e
apresenta)
(Rússia, primeiros trinta anos do século XX)

“Uma arte construtiva que não decora, mas organiza a vida” – El Lissitzky, 1922

Até o surgimento do Construtivismo, nenhum movimento na evolução da arte moderna


tinha sido uma expressão tão inserida numa realidade revolucionária concreta, ou tinha
colocado tão explicitamente a função social da arte como uma questão política. O
Construtivismo foi uma expressão artística com forte influência do marxismo e estava
intimamente ligado ao processo revolucionário iniciado na URSS e na Alemanha.
O Construtivismo tinha a convicção de que o artista podia contribuir para suprir as
necessidades físicas e intelectuais da sociedade como um todo, relacionando-se
diretamente com a produção de máquinas, com a engenharia arquitetônica e com os
meios gráficos e fotográficos de comunicação. A arte torna-se instrumento de
transformação social, participa da reconstrução do modo de vida e da
“revolucionarização” da consciência do povo, deseja satisfazer as necessidades
materiais e organizar e sistematizar os sentimentos do proletariado revolucionário - seu
objetivo: não a arte política, mas a socialização da arte. Este ponto de vista iria
estimular determinadas correntes da arte brasileira a partir da década de 30 em artistas
como Patrícia Galvão e Oswald de Andrade e o crítico Mário Pedrosa.

A partir de 1915, o Suprematismo de Malevitch e o Construtivismo de Tatlin (1885-1953) são


as duas grandes correntes da arte russa; ambas se inserem no vasto movimento da
vanguarda ideológica e revolucionária, liderada por Maiakovski e oficialmente sustentada
pelo comissário para a instrução do governo de Lênin, Lunacharsky.

O “Manifesto Realista”, escrito por Naum Gabo e assinado por seu irmão Antoine Pevsner,
definia claramente os limites e possibilidades da arte-não figurativa e contrariava as
idéias metafísicas de Malevitch. Considerado o primeiro manifesto construtivista, o
“Manifesto Realista” foi afixado nos muros de Moscou durante o primeiro levante de
revolução política em meio à guerra civil e teve, portanto, grande repercussão. A partir
dele, muitos manifestos de correntes antagonistas, distintas, porém, que buscavam
também essa questão social, foram anunciados.

Com o surgimento do NEP em 1921, a Nova Política Econômica de Lênin, a utilidade do


construtivismo passou a ser seriamente questionada. E em seguida, com sua morte e a
queda de Lunacharsky, a nova burocracia stalinista reduziu a arte a um instrumento de
propaganda política e de divulgação cultural chamado Realismo Socialista. A vanguarda
foi desautorizada e reprimida; os padrões acadêmicos de determinado realismo do
século xix, revalorizados. A partir de 1930 aproximadamente, a pintura, a arquitetura e a
escultura da União Soviética tornaram-se semelhantes, exceto na temática, à pintura, à
escultura e à arquitetura oficiais do fascismo italiano e do nazismo alemão.

Estética e conceitos (3° parte Renata)


Na Rússia, a ruptura com a pintura e a escultura cubista foi parcialmente estimulada pelo
futurismo e pelo livro Do espiritual na arte, de Kandinsky. Deste modo, os russos
encontravam-se preparados para lançar-se rumo a uma arte completamente não-
figurativa.

Após a revolução, as linhas artísticas haviam sido traçadas em Moscou e a discussão de


projetos e filosofias de arte era bastante aberta, apesar das controvérsias.

De um lado, achavam-se os que acreditavam que os artistas deveriam servir às massas,


deveriam ser compreensíveis em relação às necessidades do proletariado e usar técnicas e
materiais industriais. Tal posição era incitada por Tatlin, Rodchenko e por El Lissitzky. Do
outro lado, havia os que viam na arte não-figurativa uma poesia pura, liberada de
ideologias, como era proclamado por Malevitch, apoiado pelos irmãos Pevsner.

Tratando-se de críticos e historiadores de arte, essa oposição de pensamentos surge em


relação à própria definição do termo construtivismo que, para alguns é uma arte
geométrica e não mimética, e permeia, dessa forma, Tatlin, Malevitch, Gabo, Kandinsky,
pelo fato de todos utilizarem os traços da arte geométrica. Em oposição, outros falam do
construtivismo como uma arte puramente tecnológica, estritamente submetida aos
imperativos do material e do objeto, uma antecipação do design.

Ao que tudo indica, portanto, trata-se, desde a origem, de um “ismo” plural, pelo fato de
entremear artistas de diversas correntes que buscavam a valorização da construção da
obra de arte em oposição à composição. Para alguns críticos e historiadores, o termo
construtivismo toma o “lugar da arte não-objetiva (as formas puras)” e, para outros, o
termo substitui o "objetivismo" oriundo da cultura dos materiais de Tatlin.

Mesmo com tantas controvérsias, percebemos um consenso entre todos os artistas a


respeito da finalidade social da arte. Nenhum artista russo do período 1917-21 parece ter
ficado de fora dos acontecimentos sociais e políticos. Assim, vemos que os critérios são
menos estéticos, intra-artísticos, do que sociais, já que a arte atribui a si mesma uma
tarefa de peso, a de organizar a vida, e não de decorá-la. A pintura de cavalete é, por
conseguinte, abolida.

Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que o construtivismo é uma das principais
tendências da linha de uma arte útil. Para interpretar essa "utilidade" basta observar
determinadas características construtivistas: a busca da técnica da engenharia, a utilização
dos novos materiais, a tendência para a arquitetura e o design, a opção pela atividade
coletiva em oposição ao individualismo, a idéia de construir objetos entendidos como
sínteses, a superação dos limites da arquitetura, da escultura e da pintura, entre outros.

Os artistas construtivistas acreditavam, portanto, que um novo mundo tinha nascido e


que o artista devia ocupar seu lugar ao lado do cientista e do engenheiro. Eles elogiavam
as formas simples e viam na geometria - áreas uniformes de cores puras – uma
objetividade própria com novos significados e novas formas. Buscavam a fabricação de
coisas socialmente úteis e acreditavam que a direção materialista de suas obras
desvendaria as qualidades e a expressividade inatas dos materiais.

Como aspiravam à unificação da arte e da sociedade, os construtivistas eliminaram de


suas mentes e de seu vocabulário as classificações arbitrárias que tradicionalmente
haviam imposto à arte uma escala hierárquica, sendo a supremacia conferida à pintura,
escultura e arquitetura. A idéia de que as Belas-Artes são superiores às chamadas "artes
práticas" perdera para eles toda a validade.

Para Tatlin, um dos maiores representantes do movimento, a arte deve estar a serviço da
revolução, fabricar coisas para a vida do povo, como antes fabricava para o luxo dos
ricos. A pintura e a escultura também são construções (e não representações) e devem,
portanto, utilizar os mesmo materiais e os mesmos procedimentos técnicos da
arquitetura, que, por sua vez, deve ser simultaneamente funcional e visual, isto é,
visualizar a função. Não mais existem artes maiores e menores: como forma visual, uma
cadeiranão difere em nada de uma escultura, e a escultura deve ser funcional como uma
cadeira.

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