Você está na página 1de 6

OAB 1ª FASE-EXTENSIVO VESPERTINO

Disciplina: Direito Administrativo


Prof. Alexandre Mazza
Data: 18.08.2009
Aula nº. 01

TEMAS TRATADOS EM AULA

Material de Estudo
- Anotações de Aula
- Livro do Curso
- Treinar com testes de provas anteriores

Bibliografia
Livro do Curso: José dos Santos Carvalho Filho - Manual de Direito Administrativo - Ed. Lumen Júris

1. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É o ramo do princípios e normas 2 do exercício da


Direito Público1 reguladores função administrativa 3
que estuda
1
Atuações estatais
2
Regime Jurídico Administrativo
3
Atenção: no direito, a palavra função designa uma atividade exercida por alguém na defesa do interesse de
terceiros. No Direito Administrativo, os agentes públicos atuam em nome próprio na defesa dos interesses da
coletividade (interesses públicos).

A noção de interesse público pode ser compreendida em duas acepções diferentes:

Duas
acepções

Interesse Interesse
Público Público É uma falsa compreensão do
Primário Secundário Interesse público

Verdadeiro Interesse do
interesse da Estado como
sociedade pessoa
jurídica. Ex:
atraso no
pagamento
dos
precatórios.

CURSO – OAB EXTENSIVO VESPERTINO – Direito Administrativo – Alexandre Mazza – 18.08.2009 – Aula n. 01
2. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR

 É CONCORRENTE

U E DF
M (interesse local)

Ver art. 24, CF: a competência concorrente não inclui o Município.

PERIGO! A competência concorrente é a regra geral. Porém, algumas matérias do D. Administrativo são de
competência privativa da União. Ex: leis sobre desapropriação.

3. FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

Conceito:
Função exercida1 com caráter mediante
preponderantemente infralegal2 prerrogativas
pelo Poder Executivo. Instrumentais3

1
Função típica (art. 2º, CF). Os três poderes são independentes e harmônicos entre si.

Funções
Típicas

PODER EXECUTIVO

PODER PODER
LEGISLATIVO JUDICIÁRIO
Função administrativa

Inovar a ordem Solucionar


Jurídica conflitos de Aplicar de
Interesse ofício a lei

mediante provocação de ofício


ou por provocação

Para garantir a harmonia, cada poder exerce também atividades próprias dos outros dois, chamadas de
funções atípicas. Ex: art. 62, CF – MP (função legislativa atribuída ao chefe do Poder Executivo).

CURSO – OAB EXTENSIVO VESPERTINO – Direito Administrativo – Alexandre Mazza – 18.08.2009 – Aula n. 01
Pergunta: no Brasil, quem pode exercer função administrativa?
a) Administração Pública Direta e Indireta (função típica)
b) Poder Legislativo e Judiciário (função atípica). Ex: licitação no Senado para compra de água mineral;
concurso da magistratura.
c) MP. Ex: concurso para promotor.
d) Tribunais de Contas: São órgãos auxiliares do Poder Legislativo. Exerce um controle externo da
administração.
TCU
Seus membros são ministros vitalícios.
TCE
Seus membros são conselheiros vitalícios.
TCM
Existem apenas 2 TCMs (São Paulo e Rio de Janeiro) . A CF/88 proibiu a criação de novos TCMs além dos
que já existiam.
Seus membros são conselheiros vitalícios.

Muito importante: segundo recente decisão do STF, cada Estado pode ter , além do TCE, um Tribunal de
Contas dos Municípios (órgão estadual para fiscalização municipal)

e) Alguns particulares exercem função administrativa por delegação. São os concessionários de serviço
público e os permissionários.

2
Caráter infralegal:
H. Kelsen

CF

LEIS

ATOS ADMINISTRATIVOS

A característica mais importante da função administrativa é sua absoluta submissão à lei.


3
Prerrogativas

Ex: prazos processuais em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar. Prazo simples para responder
recursos; poder de desapropriação; dever de dar passagem no trânsito para viaturas.
Esses poderes nunca poderão ser usados para a defesa de interesse alheio em benefício pessoal ou
para favorecer amigos ou parentes, o ato será nulo por desvio de finalidade.

♫ Desvio de finalidade
Ou tredestinação
Anulam o ato
Se o agente que o praticou
Usa os poderes do cargo
Em benefício pessoal

Exemplos de desvio de finalidade

CURSO – OAB EXTENSIVO VESPERTINO – Direito Administrativo – Alexandre Mazza – 18.08.2009 – Aula n. 01
1)Certo governador que construiu uma estrada ligando a capital ao interior para valorizar fazendas dele.
2) Prefeito que desapropriou a casa da mãe de um vereador
3) Governador que transferiu policial civil para o interior a fim de encerrar o romance dele com a sua filha.

Aprofundando na teoria do desvio da finalidade


1) O desvio de finalidade, hoje, é considerado um defeito objetivo (de conduta ou comportamento) e não um
vício subjetivo de intenção por isso não basta intenção viciada para tornar o ato nulo. É preciso que ocorra
também violação objetiva do interesse público.

Desvio de finalidade = intenção viciada + violação concreta do interesse público

Ex: não tem desvio de finalidade na lavratura de uma multa de trânsito para punir inimigo do fiscal, se
realmente aconteceu à infração.

2) Não é defeito de competência, mas de finalidade só acontece quando for realizado por agente
incompetente.

Tredestinação lícita: o Código Civil permite que um bem desapropriado receba uma outra destinação pública
diferente daquela prevista no Decreto.

3. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

DUAS FUNÇÕES CENTRAIS

Supra-princípios
do
D. Administrativo
Supremacia do Interesse Indisponibilidade do
Público sobre o privado. interesse público.

Os interesses públicos (da coletividade) são mais fortes que os interesses individuais.

Cuidado: só existe supremacia do interesse público primário sobre o privado. Interesse público secundário
não tem supremacia.

Indisponibilidade do interesse público: o agente público não é dono dos interesses que protege.
Muito importante: foi acrescentado à lei 8987/95 o art. 23-A que admite a arbitragem nos contratos de
concessão.

A supremacia e a indisponibilidade são noções relativas, pois comportam exceções.

3.1. Princípios Constitucionais (Art. 37, CF)

CURSO – OAB EXTENSIVO VESPERTINO – Direito Administrativo – Alexandre Mazza – 18.08.2009 – Aula n. 01
• Legalidade
• Impessoalidade
• Moralidade
• Publicidade
• Eficiência

A OAB tem reconhecido como princípio expresso a celeridade e participação (a lei deverá assegurar e formas
de participação do usuário na administração).

a) Legalidade
É uma atuação conforme a lei e o Direito.
A lei do processo administrativo (lei 9784/99 – art. 2º) criou o chamado bloco da legalidade, que inclui as leis,
CF, leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias, tratados e convenções internacionais e atos
administrativos normativos.

Bloco da legalidade

Leis CF LC MP Tratados Atos Admnistrativos


e
Convenções

LEGALIDADE ADMINISTRATIVA = LEGALIDADE PRIVADA

Agentes Públicos Particulares

Só podem fazer o Podem fazer tudo


que a lei autoriza que a lei não proíbe

b) Impessoalidade
Objetividade na defesa do interesse público (lei 9784/99). A administração deve tratar todos da mesma
maneira
Impessoalidade = Isonomia = Imparcialidade = Igualdade

Representa uma dupla proibição:


- Quanto ao tratamento discriminatório
- Quanto ao atendimento privilegiado

Muito importante: em algumas situações, o princípio da igualdade obriga a administração a dar um tratamento
diferente quando houver uma justa razão (nexo de pertinência lógica entre o fator da discriminação e a
finalidade da norma). Ex: nada impede que edital de concurso para a Guarda Feminina proíba a participação
de homens.

Cuidado: o art. 37, §1º, CF é uma norma de impessoalidade, sem nenhuma relação com o princípio da
publicidade. A publicidade de atos, programas e obras do governo deverão ter caráter educativo, não
podendo conter nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de agentes públicos ou
autoridades.
Imagem  logomarcas.

CURSO – OAB EXTENSIVO VESPERTINO – Direito Administrativo – Alexandre Mazza – 18.08.2009 – Aula n. 01
c) Moralidade
Além de respeitar a lei, o agente deve atender também aos valores da ética, probidade, decoro, boa-fé e
lealdade vigentes na sociedade (lei 9784/99).
A boa-fé está relacionada com a conduta do agente e não com sua intenção, com sua vontade. Trata-se da
boa-fé objetiva.

A CF/88 prevê dois instrumentos para defesa da moralidade administrativa: ação popular e ação civil pública
por ato de improbidade.
Ação popular: proposta pelo cidadão.
ACP por improbidade: proposta pelo MP ou pessoa jurídica interessada

QUESTÕES SOBRE O TEMA

1. (OAB/CESPE – 2006.3) Considerando os princípios da administração pública assinale a opção


correta.
A) O ato imoral não pode ser anulado por meio de ação popular, já que esta pressupõe lesividade econômica,
não se estendendo ao dano moral.
B) Com base no princípio da segurança jurídica, o ordenamento jurídico em vigor veda, no âmbito da União, a
aplicação retroativa de nova interpretação jurídica dada pela administração ao mesmo dispositivo legal.
C) Com base no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, é lícito ao Estado desapropriar
qualquer bem particular, sem que haja prévia e justa indenização.
D) O princípio da razoável duração do processo, inserido na Constituição por emenda, não se estende, pelo
menos expressamente, aos processos administrativos.

2. (OAB/CESPE – 2007.3. PR) Assinale a opção correta acerca dos princípios da administração
pública.
A) O princípio da eficiência não constava expressamente do texto original da CF, tendo sido inserido
posteriormente, por meio de emenda constitucional.
B) O princípio da motivação determina que os motivos do ato praticado devam ser determinados pelo mesmo
órgão que tenha tomado a decisão.
C) Embora seja consagrado pela jurisprudência e pela doutrina, o princípio da impessoalidade não foi
consagrado expressamente na CF.
D) Em virtude do princípio da legalidade, a administração pública somente pode impor obrigações em virtude
de lei; direitos, por sua vez, podem ser concedidos por atos administrativos.

3. (OAB/CESPE – 2006.3) Assinale a opção correta quanto aos poderes e deveres dos administradores
públicos.
A) O poder de delegação e o de avocação decorre do poder hierárquico.
B) A possibilidade de o chefe do Poder Executivo emitir decretos regulamentares com vistas a regular uma lei
penal deriva do poder de polícia.
C) O poder discricionário não comporta nenhuma possibilidade de controle por parte do Poder Judiciário.
D) O poder regulamentar é exercido apenas por meio de decreto.

GABARITO
1. B
2. A
3. A

CURSO – OAB EXTENSIVO VESPERTINO – Direito Administrativo – Alexandre Mazza – 18.08.2009 – Aula n. 01

Você também pode gostar