Você está na página 1de 7

1

Brunno Alves Bezerra, RA 049169


Clayton Albino Xavier, RA 049055
Thayan Reis, RA 043235

Profº Pedro Maciel


Disciplina: Direito Administrativo

CONTROLE ADMINISTRATIVO

Direito Turma A
METROCAMP/2007
2

CONCEITO

Controle administrativo é todo aquele que o Executivo e os órgãos de


administração dos demais Poderes exercem sobre suas próprias atividades, visando mantê-
las dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas e econômicas
de sua realização, pelo que é um controle de legalidade e de mérito. Sob esses dois aspectos
pode e deve operar-se o controle administrativo para que a atividade pública em geral se
realize com legitimidade e eficiência, atingindo a sua finalidade plena que é a satisfação das
necessidades coletivas e atendimento dos direitos individuais dos administrados. Daí
porque o Supremo Tribunal Federal já sumulou que: “A administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial” (STF, Súmula 473).
O controle administrativo deriva do poder-dever de autotutela que a
Administração tem sobre seus próprios atos e agentes. Esse controle é normalmente
exercido pelos órgãos superiores sobre os inferiores (controle hierárquico próprio das
chefias e corregedorias), com auxílio de órgãos incumbidos do julgamento de recursos
(controle hierárquico impróprio) ou ainda de órgãos especializados em determinadas
verificações (controle técnico de auditorias, etc.), mas integrantes da mesma
Administração, pelo que se caracteriza com controle interno, pois que o externo é sempre
atribuída a órgão estranho ao Executivo.
Através do controle administrativo, a Administração pode anular, revogar ou
alterar seus próprios atos, e punir os seus agentes com as penalidades estatutárias. A
administração só anula o ato ilegal e revoga ou altera o ato legal mais ineficiente,
inoportuno ou inconveniente, se ainda passível de supressão ou modificação.

MEIOS DE CONTROLE

Os meios de controle administrativo, dividem-se em fiscalização hierárquica e


recursos administrativos embora a lei possa especificar outras modalidades mais adequadas
3
para certos órgãos, entes ou atividades da Administração direta ou indireta, como é a
prestação de contas.
Fiel a essa orientação doutrinária, O Decreto-lei 200/67, ao dispor sobre a Reforma
Administrativa Federal, depois de incluir o controle como um de seus princípios
fundamentais (art 6º, V), estabeleceu que deverá exercer-se em todos os níveis e órgãos,
como o das chefias competentes (controle hierárquico próprio), o dos órgãos especializados
de cada sistema (controle técnico) e o da aplicação e guarda dos dinheiros e bens públicos
pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria (fiscalização financeira), (art .
13, a, b, c), e rematou com a determinação prática de supressão de controles que se
evidenciarem puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco
(art.14).
Essas regras de controle, embora dirigidas à União, são aplicáveis nas
Administrações estaduais e municipais pela universalidade de seus preceitos. Além disso,
no que concerne à fiscalização da administração financeira e orçamentária, essas mesmas
regras constam da Vigente Constituição Federal (arts. 70 e 71) e já eram impositivas para
os três níveis de Governo pela Lei 4.320, de 17/03/1964, que estatui os preceitos gerais de
direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados-membros, Municípios e Distrito Federal.

FISCALIZAÇÃO HIERÁRQUICA

A fiscalização hierárquica é exercida pelos órgãos superiores sobre os inferiores da


mesma administração, visando ordenar, coordenar, orientar e corrigir suas atividades e
agentes. É inerente ao poder hierárquico, em que se baseia a organização administrativa, e,
por isso mesmo, há de estar presente em todos os órgãos do Executivo.
São características da fiscalização hierárquica a permanência e a automaticidade, visto que
se exercita perenemente, sem descontinuidade e independentemente de ordem ou de
solicitação especial. É um poder-dever de chefia, e, como tal, o chefe que não a exerce
comete inexação funcional.
Para o pleno desempenho da fiscalização hierárquica o superior deve velar pelo
cumprimento da lei e das normas internas, acompanhar a execução das atribuições de todo
subalterno, verificar os atos e o rendimento do trabalho dos agentes e avaliar os resultados,
4
para adotar ou propor as medidas convenientes ao aprimoramento do serviço, no âmbito de
cada órgão e nos limites de competência de cada chefia.

RECURSOS ADMINISTRATIVOS

Recursos administrativos são todos os meios hábeis a propiciar o reexame de decisão


interna, pela própria Administração. No exercício de sua jurisdição, A Administração
aprecia e decide as pretensões dos administrados e de seus servidores, aplicando o direito
que entenda cabível, segundo a interpretação de seus órgãos técnicos e jurídicos. Pratica,
assim, atividade jurisdicional típica, de caráter parajudicial quando provém de seus
tribunais ou comissões de julgamento. Essas decisões geralmente se escalonam em
instâncias, subindo da inferior para a superior através do respectivo recurso administrativo
previsto em lei ou regulamento.
Os recursos administrativos são um corolário do Estado de Direito e uma
prerrogativa de todo administrado ou servidor atingido por qualquer ato da Administração.
Inconcebível é a decisão administrativa única e irrecorrível, porque isto contraria a índole
democrática de todo o julgamento que possa ferir direitos individuais, e afronta o princípio
constitucional da ampla defesa que pressupõe mais de um grau de jurisdição. Decisão única
e irrecorrível é a consagração do arbítrio, intolerado pelo nosso direito.
Os recursos em geral são interpostos voluntariamente pelo particular interessado
(recurso provocado) e os hierárquicos o são também pela autoridade que proferiu a decisão
inferior (recurso de ofício), desde que a lei ou o regulamento assim o determine
expressamente.
5

Superior Tribunal de Justiça


Revista Eletrônica de Jurisprudência

RECURSO ESPECIAL Nº 880.662 - MG (2006⁄0170488-9)


RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
RECORRIDO : JOSÉ ROMUALDO FIALHO CRONEMBERGER
ADVOGADO : JOELCIO ANTÔNIO PEREIRA E OUTRO

EMENTA

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESPESAS DE VIAGEM.


PRESTAÇÃO DE CONTAS. IRREGULARIDADE. LESÃO A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. ELEMENTO
SUBJETIVO. DANO AO ERÁRIO. COMPROVAÇÃO. DESNECESSIDADE. SANÇÃO DE RESSARCIMENTO
EXCLUÍDA. MULTA CIVIL REDUZIDA.
1. A lesão a princípios administrativos contida no art. 11 da Lei nº 8.429⁄92 não exige dolo ou culpa na
conduta do agente nem prova da lesão ao erário público. Basta a simples ilicitude ou imoralidade
administrativa para restar configurado o ato de improbidade. Precedente da Turma.
2. A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade independe da aprovação ou rejeição das contas
pelo órgão de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas (art. 21, II, da Lei 8.429⁄92).
3. Segundo o art. 11 da Lei 8.429⁄92, constitui ato de improbidade que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade e lealdade às instituições, notadamente a prática de ato que visa fim proibido em lei ou
regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competência (inciso I), ou a ausência de prestação de
contas, quando esteja o agente público obrigado a fazê-lo (inciso VI).
4. Simples relatórios indicativos apenas do motivo da viagem, do número de viajantes e do destino são
insuficientes para comprovação de despesas de viagem.
5. A prestação de contas, ainda que realizada por meio de relatório, deve justificar a viagem, apontar o
interesse social na efetivação da despesa, qualificar os respectivos beneficiários e descrever cada um dos
gastos realizados, medidas necessárias a viabilizar futura auditoria e fiscalização.
6. Não havendo prova de dano ao erário, afasta-se a sanção de ressarcimento prevista na primeira parte do
inciso III do art. 12 da Lei 8.429⁄92. As demais penalidades, inclusive a multa civil, que não ostenta feição
indenizatória, são perfeitamente compatíveis com os atos de improbidade tipificados no art. 11 da Lei 8.429⁄92
(lesão aos princípios administrativos).
7. Sentença mantida, excluída apenas a sanção de ressarcimento ao erário e reduzida a multa civil para cinco
vezes o valor da remuneração recebida no último ano de mandato.
8. Recurso especial provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Eliana Calmon e João
Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 15 de fevereiro de 2007 (data do julgamento).

Ministro Castro Meira


Relator
6

Superior Tribunal de Justiça


Revista Eletrônica de Jurisprudência

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 10.478 - DF (2005⁄0031960-6)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


IMPETRANTE : CHRISTIANO LEAL DE MORAES
ADVOGADO : JOSÉ PÉRICLES COUTO ALVES E OUTRO
IMPETRADO : MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA

EMENTA

ADMINISTRATIVO – ANISTIA – PROCESSO ADMINISTRATIVO – DEMORA NA APRECIAÇÃO –


OMISSÃO.

1. É certo que não incumbe ao Judiciário adentrar no mérito administrativo substituindo o juízo de
valor a ser proferido pela Administração Pública. Sem embargo, insere-se no âmbito do controle
judicial a aferição da legalidade dos atos administrativos. Donde sobressai a necessidade de o
Estado cumprir os prazos legais e regulamentares de tramitação e apreciação do processo
administrativo, notadamente quando envolvem interesses de particular.

2. No caso presente, o processo perdura há mais de quatro anos; tempo suficiente a ensejar um
pronunciamento da Administração Pública. O acúmulo de serviço não representa uma justificativa
plausível para morosidade estatal, pois o particular tem constitucionalmente assegurado o direito
de receber uma resposta do Estado à sua pretensão. Precedente: MS 10792⁄DF; Rel. Min.
Hamilton Carvalhido, DJ 21.8.2006.

Ordem concedida, para determinar que a autoridade coatora aprecie o processo administrativo do
impetrante em 60 dias.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça "A Seção, por unanimidade, concedeu
a segurança nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, José
Delgado, Eliana Calmon, Luiz Fux, João Otávio de Noronha, Teori Albino Zavascki, Castro Meira e
Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 28 de fevereiro de 2007 (Data do Julgamento)

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Relator
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEIRELLES, Hely Lopes-Direito Administrativo Brasileiro, 16ª edição, revista dos


Tribunais., S. Paulo,1990.
http: www.stj.gov.br acesso em 12/05/07

Você também pode gostar