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O Impacto Ambiental
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Índice
1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4
EXERCÍCIO DIRIGIDO: ....................................................................................................... 7
2 - DEFINIÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL ....................................................................... 8
ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 11
3 - O SOLO COMO UM COMPONENTE DO AMBIENTE ................................................. 12
3.1. Fatores de formação dos solos ............................................................................... 14
3.1.1. Material de Origem ........................................................................................... 14
3.1.2. Clima ................................................................................................................ 17
3.1.3. Organismos ...................................................................................................... 20
3.1.4. Relevo .............................................................................................................. 22
3.1.5. Tempo .............................................................................................................. 25
3.2. Indicadores de impacto ambiental no solo .............................................................. 29
3.2.1. Indicadores Biológicos ...................................................................................... 29
3.2.2. Indicadores Físicos ........................................................................................... 31
3.2.3. Indicadores Químicos ....................................................................................... 34
ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 35
4 - ELABORAÇÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA E DO
RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE – RIMA .............................................. 36
4.1. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA ..................................................................... 36
4.1.1. Conteúdo .......................................................................................................... 37
4.1.2. Anexos .............................................................................................................. 50
4.1.3. Coordenação .................................................................................................... 50
4.2. Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - Rima ...................................................... 50
ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 53
5 - IMPACTOS NO SOLO E MEDIDAS MITIGADORAS ................................................... 54
5.1. Solos altamente suscetíveis a erosão ..................................................................... 56
5.2. Mecanismos de erosão do solo ............................................................................... 59
5.3. Perdas de nutrientes por erosão ............................................................................. 62
5.4. Impactos no solo devido a usos múltiplos ............................................................... 63
5.5. A desertificação ....................................................................................................... 64
5.5.1. Histórico e Principais Desertos do Mundo ........................................................ 64
5.5.2. Aspectos Conceituais ....................................................................................... 66
5.5.3. Áreas Desertificadas, em Processo de Desertificação e Potencialmente
Desertificáveis no Brasil ............................................................................................. 68
5.5.4. Fatores que Contribuem para o Processo de Desertificação ........................... 73
5.6. Práticas de manejo para conservação e recuperação de solos visando mitigação de
impactos ambientais....................................................................................................... 75
5.6.1. Manejo visando a Conservação dos Solos ....................................................... 76
5.6.2. Manejo visando a Recuperação dos Solos ....................................................... 76
ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 78
6 - ATRIBUTOS DO SOLO E A PREVISÃO DO IMPACTO AMBIENTAL ......................... 79
6.1. RELEVO DOMINANTE ........................................................................................ 79
6.2. Vegetação natural ................................................................................................... 83
6.3. Cobertura vegetal .................................................................................................... 85
6.4. Tipo de Horizonte A................................................................................................. 87
6.5. Classe de solo ......................................................................................................... 89
ESTUDO DIRIGIDO:.......................................................................................................... 92
7 - RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................................. 93
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7.1. Introdução ............................................................................................................... 93
7.2. Atividades degradadoras ......................................................................................... 94
7.2.1. Agropecuária .................................................................................................... 94
7.2.2. Mineração ......................................................................................................... 95
7.2.3. Construção de Estradas ................................................................................... 96
7.2.4. Barragens Hidrelétricas .................................................................................... 96
7.2.5. Áreas Urbanas .................................................................................................. 96
7.2.6. Indústria ............................................................................................................ 96
7.3. Práticas adotadas na recuperação de áreas mineradas ......................................... 97
7.3.1. Planejamento .................................................................................................... 98
7.3.2. Execução .......................................................................................................... 99
ESTUDO DIRIGIDO:........................................................................................................ 115
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 116
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1 - INTRODUÇÃO
O estudo do impacto ambiental nos solos, não só pelo seu uso agrícola mas
também sobre todos os outros aspectos que envolvem uma alteração de suas condições
naturais, tem adquirido importância, na medida em que grandes áreas vão sendo
incorporadas no processo produtivo (tanto a nível de produção, propriamente dita, quanto
a nível de ampliação de infra estruturas, tais como: aterros, barragens, estradas,
conjuntos habitacionais, etc.).
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Figura 1.1. O solo (pedosfera) como “interface” entre litosfera, atmosfera, biosfera e
hidrosfera.
Fonte: Resende (1988), modificado.
O solo, que é um recurso natural, por ocupar essa posição peculiar (Figura 1.1), é
um ecossistema, podendo ser denominado, por analogia, de pedosfera, contendo várias
ramificações das esferas; pois ele numa visão simplista, é composto por segmentos da
atmosfera (25% ar), hidrosfera (25% água), litosfera (45% fração mineral) e da biosfera
(5% de matéria orgânica), como pode ser observado na Figura 1.2.
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Fazendo um paralelo entre a definição de agricultura de Monteith (1958): “É a
exploração da radiação solar possível, através do suprimento de H2O e nutrientes para
manter o crescimento das plantas”, e as esferas formadoras dos ecossistemas:
Considerando ainda que o solo é um recurso natural não renovável, perder solo é
perder a chance de recuperar o estabelecimento do ecossistema ou manejá-lo
satisfatoriamente.
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EXERCÍCIO DIRIGIDO:
2) Entre as atividades que você citou, escolha a que considera mais impactante e
liste os impactos advindos de sua implementação.
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2 - DEFINIÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
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E: Entradas (Energia, CO2, O2, H2O, sustancias minerais).
F: Fotossíntese
H: Escorrimento pelo tronco; queda de folhas
M.O.M: Matéria orgânica morta.
T: Translocação.
A: Absorção.
PT: Processos de transformação no solo.
D: Decompositores
P: Perdas (Calor, CO2, O2, H2O, sustâncias minerais).
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No Brasil a avaliação de impactos ambientais, apesar de ainda passar por um
processo de adequação de metodologias, tem cada vez mais somado experiências, o
que, com certeza, tem contribuído para o conhecimento da interrelação dos vários fatores
ambientais; bem como no sentido de questionar, e assim, melhorar as metodologias de
avaliação de efeitos sobre o ambiente; cabendo ainda lembrar que, muitas vezes, a
inevitável modificação no ambiente por interferência humana, poderá gerar também
impactos positivos. Entre os estudos de impacto ambiental no Brasil, cita-se alguns, como
o caso da Hidrovia Tietê-Paraná; os estudos ambientais das grandes barragens, como a
U.H.E Tucuruí, no Pará; a U.H.E Balbina, no Amazonas; a U.H.E. Xingó no Nordeste; os
estudos de impactos ambientais causados pela abertura de linhas transmissão para essas
mesmas usinas hidrelétricas; os impactos causados pela abertura e/ou asfaltamento de
estradas, como no exemplo da BR-364 no trecho Mo Branco - AC a Porto Velho - RO;
estudos de impactos da implantação de plataformas de exploração de petróleo no mar,
como a Plataforma de Merluza, na Baía de Santos - SP; estudos de impactos ambientais
para implantação de grandes projetos agrícolas, como no caso da Jari, no Pará, e da
Fazenda Pio Cotia no Estado de Rondônia, etc.
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ESTUDO DIRIGIDO:
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3 - O SOLO COMO UM COMPONENTE DO AMBIENTE
Um fator de formação do solo pode ser definido como um agente, uma força,
condição ou "parentesco", ou uma combinação destes, que influencia, ou pode influenciar
um material de origem do solo, com o potencial de alterá-lo (Buol et al., 1973).
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Fatores e processos de formação de solos podem ser facilmente distinguidos.
Como já comentado previamente (Módulo I. Solos: Origem, Componentes e Organização
- Andrade e Souza), os processos que operam no solo (adição, remoção, translocação,
transformação), são responsáveis pela formação do solo; enquanto que os fatores, ao
contrário, definem o estado do sistema solo. E, de acordo com Birkeland (1984), se
houver um conhecimento preciso da combinação dos fatores que descrevem o sistema
solo, pode-se predizer as suas propriedades. Dessa forma, uma mudança em um fator
poderá mudar o solo resultante.
E, como foi proposto por Jenny (1941), a alteração dos fatores de formação do
solo, pode ser entendida de acordo com a equação:
onde,
S = solo
f = função de
Mo = material de origem
Cl = clima
Org = organismos
R = relevo
T = tempo
Conforme o que foi exposto, o solo pode ser entendido como um corpo que, apesar
de não estar vivo, possui vida. Em outras palavras, o solo é a expressão de vários
componentes do ambiente, e, na medida em que varia a combinação do grau de
alteração dos componentes ambientais (fatores de formação), haverá uma variação
na expressão final desses componentes.
Mo = [1 ; 5]
Cl = [-3; + 3]
Org = [0 ; 20]
R = [1 ; 5]
T = [1 ;n]
Então, considerando o solo 1 (S1) e o solo 2 (S2) como uma função dos valores
arbitrários abaixo, tem-se:
S1 = f [1 + 0 + 4 + 2 + 100] S1 = 107
S2 = f [5 + (-4) + 0 + 1 + 3 ] S2 = 5
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obtendo-se, assim, dois solos, onde os diferentes fatores de formação combinados em
graus diferentes, desenvolveram o S1 = 107 que possui combinações diferentes do S2 = 5.
Infere-se então que a quantidade de tipos de solos existentes pode ser muito
grande, e que as mudanças vão ocorrendo ao longo do tempo; sendo que sob
determinados aspectos as mudanças podem ser muito rápidas, enquanto, em outros,
essas mudanças podem demorar muito tempo.
A titulo de situar cada fator de formação do solo no ambiente, será feita uma
retrospectiva das suas principais características.
O material de origem pode ser definido, conforme Buol et al. (1973), como o
estágio de formação do solo no tempo zero, ou seja, é o corpo físico onde, a partir de
suas propriedades químicas e minerais, iniciam-se os efeitos de um ou mais dos outros
fatores de formação (ambiente e posição na paisagem).
Em geral, quanto mais jovem é o solo, maior sua relação com o material de origem,
e, na medida que o processo de intemperização ocorre, vai diminuindo a correlação entre
a natureza das rochas e o solo desenvolvido delas, apesar de se observar que, em
determinadas condições de ambiente, os atributos de solos bem desenvolvidos (como os
latossolos) são bem correlacionados com o material de origem (Marques Jr. et al., 1992).
Segundo Fitzpatrick (1986), tipos semelhantes de rochas podem originar solos diferentes,
dependendo da natureza dos outros fatores de formação, particularmente o clima. Basalto
pode originar solos altamente intemperizados de cor vermelha nos trópicos úmidos
(latossolos), ou pode originar solos escuros (vertissolos) em ambiente semi-árido. A
melhor correlação é com a textura. Materiais altamente quartzosos tendem a originar
solos arenosos, enquanto rochas básicas de sedimentos de granulação fina, tendem a
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originar solos de textura fina. Nos primeiros estágios de formação do solo, a tendência
geral é que rochas básicas e calcárias originem solos muito férteis, enquanto, por outro
lado, as rochas ácidas originam solos menos férteis.
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Tabela 3.1. Relações gerais entre rocha matriz e alguns atributos dos solos. Símbolos: A - álicos (alta saturação de Al)
D - disttróficos (baixa saturação de bases) , M - textura médis (15 a 35% de argila) . R - litossolo, C - cam-
bisso lo; PV; PE; TE - Solos com B textural; L - Latossolos.
A - Pedoforma Formas suaves (Não Tabulaar, ruiniforme. Suave ou acidentada. Suave ou acidentada.
pontiagudas, mes- Ondulada (dunas), pon- Afloramentos em for- Afloramentos em for-
mo se acidentadas. tiagudas (quartizito). ma de blocos (rocha ma de blocos (grani-
massiva). tos).
B - Cor Amarela - novo Depende do clima, dre- Vermelha Amarelada
Vermelha - velho nagem e cimento.
C - Textura Argilosa Arenosa (<15% de ar- Argilosa Argilosa e arenosa
gila)
D - Nutriente Pobres, alidos Depende do cimento. Rico pobre
LE
Ra Ca a
d LVa
d
TEe LRd PE e (raro)
LEdm LVdm, AQ PV
E - Sequências comuns Vermelho LRe a a
PVm a a
Cb / Ka d
PEm e e (raro)
F - Relações entre algu- Argila (silte) Gabro Diorito granito
mas rochas em termos areia
Argilito arenito diabásico Andesito riolito
de diagenese-metamor-
fismo (sedimentares, Folhelho quartizito basalto obsidiana
metamórmómicas) e Ardósia (sijtico)
granulometria (ígneas).
Filito
Micaxisto (pobre)
OBSERVAÇÕES: Pedoforma - O aplainamento pode horizontalizar a paisagem, independentemente da rocha.
Cor - A cor se refere ao horizonte B. O horizonte A é escuro, com grau e espessura variáveis.
O excesso de água (falta de oxigênio) tende a favorecer a redução química e retirada do Fe do sistema. Me-
nores teores de Fe e clima mais úmido (mesmo sem falta de oxigênio), favorece a formação de goetita dan-
do cor amarela (hematita ausente).
Textura - Solos mais novos são mais siltosos que solos mais velhos.
Nutrientes - Solo de praticamente qualquer rocha pode ser pobre ou rico. os mais velhos, tendendo aos La-
tossolos, são mais pobres.
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3.1.2. Clima
O clima, segundo Fitzpatrick (1986), é o principal fator que governa o tipo e a taxa
de formação do solo, sendo o principal agente determinante da distribuição da vegetação.
E, em situação de estresse extremo os dados climáticos da atmosfera, nem sempre
refletem a verdadeira situação do clima do solo. Por exemplo, a quantidade de água do
solo pode variar consideravelmente dentro de uma distância de poucos metros, desde
permanentemente saturado, para seco e com drenagem muito livre, sem no entanto,
haver diferença de precipitação entre os dois sítios - um sitio pode estar numa situação de
depressão onde a umidade é acumulada, e, o outro, apesar de adjacente, em situação
levemente elevada. Em geral, essas diferenças no regime de umidade de dois sítios
levam ao desenvolvimento de diferentes solos e comunidades de plantas contrastantes,
sendo uma comunidade de habitat seco e outra de habitat encharcado, na depressão.
a. Temperatura
A quantidade de calor absorvida é influenciada pela cor do solo, sendo que solos
escuros que absorvem mais radiação são os mais aquecidos. Uma grande proporção do
calor produzido é mantido no solo mas uma parte é perdida para a atmosfera por
convecção. Uma quantidade considerável é também perdida por evaporação da umidade
dentro da atmosfera, como pode ser observado em esquema na Figura 3.2.
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principal processo do solo, ao qual isto se aplica é o intemperismo de minerais. A taxa de
atividade biológica dentro do solo e a quebra da matéria orgânica, são também
aumentadas por uma elevação na temperatura (ver Siqueira (1993) - Biologia do Solo);
em adição, aumenta também a quantidade de água evaporada.
b. Umidade
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levando ao escorrimento superficial com risco de erosão. A precipitação pode também ser
interceptada pela folhagem da vegetação e, por último, ser perdida por evaporação.
Em geral, a água se move para dentro do solo após uma chuva, mas ela pode se
mover para a superfície, por capilaridade em condições de seca; ou lateralmente, em
função do declive do solo. A umidade pode ainda se mover dentro do solo na forma de
vapor, mas em menor quantidade.
Considerando então que o clima do solo está estritamente relacionado com o clima
atmosférico, é lógico usá-lo como caráter do solo, assim também como usar a textura, em
mudos casos, como um resultado direto da textura do material de origem.
Cabe aqui fazer uma referência ao papel que o próprio homem tem como agente
modificador do ambiente, especificamente no que diz respeito a retirada e/ou modificação
da cobertura vegetal natural. Pensando no efeito sobre o clima, mais especificamente
sobre a radiação, a água e temperatura, a ação antrópica é o agente modificador de efeito
mais rápido e, até mesmo, mais extenso. E, segundo Resende et al. (1993), o homem
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pode interferir na radiação que chega sobre a terra, com o uso da prática de queimadas
muito intensas, antes das chuvas (diminui a transparência da atmosfera); efeito que além
de temporário, tem se reduzido pela proibição das queimadas. Mas, a grande influência
do homem na qualidade de radiação que atinge a superfície do solo se deve a ausência
de cobertura vegetal, deixando o solo exposto, o que, consequentemente, influencia a
temperatura do solo. Essa ausência e/ou modificação da cobertura vegetal altera todo o
ciclo da água das chuvas; de tal forma que, substituindo a mata por vegetação rasteira,
para uma mesma lâmina de água precipitada, há uma redução na água interceptada pela
parte aérea e depois evaporada e nas perdas por transpiração, que são maiores nas
condições de mata. Assim, como as perdas d'água para atmosfera diminuem nas
condições de vegetação rasteira, há uma compensação com o aumento, nesta situação,
da água que infiltra e alimenta o lençol freático, e da formação de enxurrada, que
dependendo das condições pode formar voçorocas (Resende et al., 1993).
3.1.3. Organismos
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superficiais, que têm uma massa prolífica de atividade biológica (Fitzpatrick, 1986). A
maioria dos membros requer um ambiente aeróbico e uma temperatura ótima de 25 a
30ºC. Deve-se mencionar que esse ótimo de temperatura ocorre em alguns poucos solos,
entretanto, os microrganismos operam também abaixo desse ótimo.
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organo-minerais. O material que a biota mobiliza e circula em um ecossistema tende a ser
deportado dentro do solo e reciclado muitas vezes antes de uma eventual perda, tal como
fogo na floresta com liberação repentina de nutrientes armazenados. Ciclos de N e Ca
são dois exemplos dentre os muitos biociclos na combinação biota-solo.
3.1.4. Relevo
Pode-se dizer que a topografia ou o relevo local, controla a distribuição dos solos
na paisagem, de forma que solos de morfologia e propriedades marcadamente
contrastantes podem se unir lateralmente e, ao mesmo tempo, estar em equilíbrio nas
condições locais. Muitas das diferenças dos solos que variam com a topografia são
devidas a alguma combinação de microclima, pedogênese e processos geológicos
superficiais, sendo difícil a ordenação dos seus efeitos para cada distribuição de solo.
Segundo Birkeland (1984), os estudos de uma catena são uma boa mistura da
pedologia, geomorfologia, geoquímica e mineralogia, ao menos nos casos mais simples.
Tardy et al.(1973), citados pelo mesmo autor, estudaram aspectos de minerais de argila
em catenas, em função do clima e sugeriram que minerais de argila com alto conteúdo de
sílica usualmente ocorrem nas partes baixas da paisagem. Em seu “transect climático”, o
mineral de argila em baixo, nas partes pobremente drenadas da paisagem, em um
determinado regime climático, poderá ser também o mineral de argila estável em sítios
bem drenados da catena em clima seco (ver Figura 3.4).
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Figura 3.4. Variação na mineralogia da argila coma posição na vertente em diferentes
climas. Dentro de cada regime de clima, a seta indica a tendência esperada
nos clima secos.
Fonte: Birkeland (1984).
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Figura 3.6. Quatro elementos de um modelo de paisagem.
Fonte: Fitzpatrick (1986).
De acordo com Buol et al. (1973), a influência direta da topografia nas propriedades
do solo somente ocorre dentro de áreas geográficas específicas, sendo comumente
relacionadas ao relevo as seguintes propriedades do solo:
- profundidade do solum;
- espessura e conteúdo de matéria orgânica do horizonte A;
- umidade relativa do perfil;
- cor do perfil;
- grau de diferenciação do horizonte A;
- reação do solo;
- conteúdo de sais solúveis;
- tipo e grau de desenvolvimento de horizonte "pan" (endurecido);
- temperatura;
- caráter do material de origem.
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3.1.5. Tempo
De acordo com Buol et al. (1973), o tempo zero de formação do solo é aquele no
qual um evento pedologicamente catastrófico é completado, iniciando um novo cicio de
desenvolvimento do solo. A "catástrofe" pode ser uma mudança abrupta na topografia, na
superfície do solo ou no nível da lâmina de água causado por uma elevação geológica ou
inclinação da massa da litosfera; rápida remoção ou retração devido à erosão geológica,
ou mesmo devido a atividades humanas que podem chegar a níveis catastróficos para o
ambiente (mineração, excessiva mecanização, pastejo intensivo, desmatamento de áreas
muito grandes).
De maneira geral a relação do solo com o tempo pode ser discutida com respeito à:
c) taxa de formação;
A idade absoluta dos horizontes do solo e dos perfis pode ser obtida pelo método
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do C . Entretanto, a nível geral, os solos podem ser agrupados em jovens, imaturos,
maduros ou senis, de acordo com a sua identificação e posição na paisagem. Solos
jovens são os solos azonais (seqüência de horizontes A - C) e incluem os Entissolos e
Inceptissolos. Os solos imaturos incluem, os intrazonais, com desenvolvimento
dominado por excesso de água, sais ou carbonatos. Solos maduros ou zonais, são
aqueles em equilíbrio com o ambiente, e os solos senis caracterizam-se por acúmulos
pedogenéticos de material inerte - sexquióxidos e minerais pesados (Buol et al., 1973).
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Figura 3.7. Estágios de formação de um Podzol.
Fonte: Fitz Patrick (1976), modificado.
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Pelo que foi visto, pode-se inferir então que os processos de intemperismo, para o
desenvolvimento das feições provenientes do solo, são dependentes do tempo, e,
enquanto as propriedades do solo associadas com a matéria orgânica reconstroem o
desenvolvimento rapidamente, aquelas associadas com o intemperismo de minerais
primários têm uma lenta taxa de desenvolvimento. As rochas mais resistentes tais como
as rochas arenosas e ígneas, podem levar vários séculos para apresentarem algum
intemperismo, mesmo em clima úmido. Nos climas áridos o intemperismo ocorre em taxas
muito mais lentas.
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morfo-climático no qual ela evoluiu e continua a evoluir. Certos contextos vão acentuar ou
atenuar as formas estruturais originais; alguns processos serão mais geradores de formas
que outros (fluviais, marinhos, glaciais) bem como certos ambientes climáticos
desfavoráveis à vegetação (meio periglacial, desértico ... ), mas, salvo nos casos
extremos, onde processos mecânicos são exclusivos, os processos físico-químicos e
mecânicos interferem constantemente na morfogênese e pedogênese (Pellerin e Helluin,
1988; Resende et al., 1993).
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3.2. Indicadores de impacto ambiental no solo
a. % de recobrimento do solo
Pode ser avaliada pelo Sistema Integrado para Análise de Raízes e Coberturas do
Solo (SLARCS), desenvolvido pelo CNPDIA/EMBRAPA de São Carlos - SP. A exposição
do solo à radiação solar excessiva e ao impacto das gotas de chuva, favorece a
desestruturação com posterior desagregação e individualização das partículas,
promovendo seu arraste pelo escorrimento superficial das águas de chuva. A cobertura
vegetal mantém a terra e a umidade do solo, além do que com a decomposição da parte
aérea e do sistema radicular, aumenta a concentração de matéria orgânica promovendo a
agregação das partículas; favorecendo a drenagem capilar, evitando assim o
escorrimento superficial além de aumentar a concentração de nutrientes no solo.
Também pode ser avaliado pelo Método SLARCS desenvolvido pelo CNPDIA -
EMBRAPA de São Carlos - SP, determinando-se a densidade e comprimento das raízes.
Esses parâmetros correlacionados com a densidade do solo, distribuição de poros no
perfil, umidade gravimétrica, colonização micorrízica, distribuição da mesofauna etc., são
bons indicadores da alteração do ambiente.
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diversidade nos ecossistemas. Importância disso está ligada a absorção de nutrientes e
adaptabilidade das espécies.
e. Biomassa Microbiana
f. Caracterização da Mesofauna
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3.2.2. Indicadores Físicos
b. Textura
c. Densidade de partícula: Dp
d. Densidade do solo: Ds
Representa a relação entre a massa de sólidos e o volume total que essa massa
ocupa, ou seja, o volume do solo incluindo o espaço ocupado pelo ar e pela água. A Ds
reflete o arranjamento das partículas do solo, que por sua vez define as características do
sistema poroso, de tal forma que todas as manifestações que influenciarem a disposição
das partículas do solo, refletirão diretamente nos valores de densidade do solo, que
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normalmente varia de 0,9 a 1,5 g/m 3. Solos com estrutura granular apresentam menores
densidades e os solos com estrutura em blocos ou prismas apresentam maiores valores
de Ds. Os menores valores de Ds favorecem a retenção de água, crescimento de raízes,
trocas gasosas e vida microbiana. De forma que o conhecimento da Ds ajuda na tomada
de decisão quanto às práticas de manejo, a serem adotadas, que provocarão menor
alteração do ambiente do solo.
e. Umidade Gravimétrica
Sob o ponto de vista agrícola a estrutura do solo é considerada uma das mais
importantes propriedades, sendo fundamental nas relações solo-planta. Quanto mais bem
agregado o solo, melhor a distribuição de poros no perfil e, conseqüentemente, melhor a
percolação da água e a troca gasosa com a atmosfera. Essa estruturação do solo pode
ser alterada em função do manejo inadequado; tanto sob o aspecto físico (mecanização,
pastoreio) quanto sob o ponto de vista químico (adubação desbalanceada); além de ser
influenciada por mudanças de clima e atividade biológica.
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isto é os grãos estão envoltos num plasma denso, contínuo, com pouca tendência ao
desenvolvimento de microestrutura; implicando no surgimento de estrutura em blocos".
A avaliação da estrutura pode ser feita de forma indireta, por meio da avaliação do
comportamento de algumas propriedades físicas do solo, tais como:
Apesar da porosidade total não ser um bom parâmetro para indicar comportamento
em função do manejo, é necessária para o cálculo da distribuição de poros por tamanho,
no perfil. A alteração do tamanho dos poros tem implicação direta na velocidade de
infiltração da água, trocas gasosas, vida microbiana e crescimento das raízes finas; e,
ocorre principalmente em função da excessiva mecanização, uso de máquinas com solo
muito úmido ou muito seco e desbalanço das adubações. Estudos em latossolos com
diferentes constituições mineralógicas revelaram que a medida que há um aumento no
teor de gibbsita (predomina estrutura granular) aumenta-se a quantidade de macroporos.
O inverso ocorre para os solos cauliníticos, aumentando a quantidade de caulinita
(predomina estrutura em blocos) aumenta quantidade de microporos.
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- Estabilidade de agregados:
b. Metais pesados
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ESTUDO DIRIGIDO:
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4 - ELABORAÇÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA
E DO RELATÓRIO DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE – RIMA
Esse tipo de estudo é solicitado pelo órgão ambiental do estado, que fica
responsável pela análise dos estudos apresentados pelo executor (na maioria das vezes
uma empresa de consultaria ou um consórcio de consultores autônomos credenciados
para tal).
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grandes projetos agropecuários; implantação de usinas de tratamento de lixo; construção
da Linha Vermelha na cidade do Rio de Janeiro (RJ), etc.
4.1.1. Conteúdo
a) Introdução
b) Caracterização do Empreendimento
- Histórico do empreendimento.
37
- Empreendimento(s) associado(s) e decorrente(s).
38
- as informações cartográficas com a área de influência devidamente
caracterizada, em escalas compatíveis com o nível de detalhamento dos fatores
ambientais estudados.
Fatores ambientais
Meio Físico
Meio Biótico
Da mesma forma que para o meio físico, os itens aqui abordados serão aqueles
que caracterizam o meio biótico de acordo com o tipo e porte do empreendimento e
segundo as características da região. Entre os aspectos para os quais o detalhamento
pode ser necessário incluem-se:
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Em relação ao meio biótico, costuma-se subdividi-lo em vegetação e fauna
(aquática, terrestre, avifauna), numa visão mais macro do ambiente de estudo,
Meio Sócio-econômico
Qualidade Ambiental
40
Além do quadro citado, deverão ser identificadas as tendências evolutivas daqueles
fatores que forem importantes para caracterizar a interferência do empreendimento.
Os impactos serão avaliados nas áreas de estudo definidas para cada um dos
fatores estudados, caracterizados no item "diagnóstico" ambientar da área de influência,
podendo para efeito de análise, serem considerados como:
Este item deverá apresentar uma síntese conclusiva dos impactos relevantes de
cada fase prevista para o empreendimento (planejamento, implantação, operação e
desativação) e, para o caso de acidentes acompanhada da análise (identificação,
previsão da magnitude e interpretação) de suas interações. Deve também apresentar uma
descrição detalhada dos impactos sobre cada fator ambientar relevante considerada no
diagnóstico, quais sejam:
41
- impactos sobre o meio biótico;
Esta fase é a mais importante desse estudo, no sentido de que é aqui que se faz
uma apreciação dos efeitos do empreendimento sobre o meio ambiente. Portanto, uma
visualização conjunta dos fatores ambientais envolvidos é bastante útil nesta fase de
estudo, o que pode ser feito através de um quadro denominado matiz referencial de
impacto, conforme o exemplo na Tabela 4.1.
Portanto, a partir de uma matriz referencial de impacto já se tem uma idéia das
interrelações entre "ações do empreendimento" e os fatores ambientais afetados pelo
mesmo. Pode-se também elaborar um fluxograma de ação-impacto, para cada fase do
empreendimento mostrando, de uma forma qualitativa, os efeitos do empreendimento
sobre o meio.
42
Tabela 4.1. Exemplo de matriz referencial de impacto para uma usina de tratamento de
lixo.
Componentes
ambientais
Meio Biótico:
Vegetação
Biota aquática
Fauna alada
Fauna terrestre
Meio Físico:
Lençol freático
Recur. hídricos
Qualidade ar
Solo
Relevo
Recur. minerais
Clima
Meio Sócio-
Econômico:
Renda familiar
Saúde
Educação
Paisagem
Patrim. Hist.
Rec. econôm.
43
Tabela 4.2. Exemplo de um quadro de síntese e classificação de impactos para uma usina
de tratamento de lixo.
44
f) Avaliação da Ocorrência de Acidentes
45
h) Análise de Custo x Benefício
i) Legislação Ambiental
Para cada tipo de empreendimento ou para cada fator ambienta envolvido, existe
uma legislação que tem como objetivo ”proteger”, “preservar” e até mesmo ”recuperar” o
ambiente.
Deve-se então apresentar neste item uma seqüência das leis que estão envolvidas
no contexto do estudo, (resolução do CONAMA, 1990), de tal forma que permita uma
análise para esclarecer se o empreendimento proposto está de acordo; quando contrariar
a legislação, poderão ser sugeridas alterações para enquadramento na legislação vigente.
46
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
47
XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em
quantidade superior a dez toneladas por dia.
48
I - Diagnóstico ambientar da área de influência do projeto, completa descrição e análise
dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a
situação ambientar da área, antes da implantação do projeto, considerando:
49
j) Conclusão
k) Bibliografia
4.1.2. Anexos
Muitas figuras, quadros, mapas, fotografias, etc., que não são apresentados no
corpo do trabalho são colocados em anexo com as devidas indicações no texto.
4.1.3. Coordenação
O Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) é uma síntese do EIA, que deve
ser apresentado de uma forma que seja realmente acessível ao público interessado.
50
Importância
Legislação
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência
do projeto;
51
de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como
todas as conseqüências ambientais de sua implementação.
Parágrafo único - O prazo a que se refere o caput deste artigo terá o seu termo
inicial na data do recebimento pelo órgão estadual competente ou pela SEMA do estudo
do impacto ambiental e seu respectivo RIMA.
52
ESTUDO DIRIGIDO:
53
5 - IMPACTOS NO SOLO E MEDIDAS MITIGADORAS
54
biológica pode também ser causada pelo uso excessivo e indiscriminado de solventes
químicos.
55
relacionados ao carbono são facilmente enviados à atmosfera como CO2. A avaliação da
precisa magnitude do transporte de sedimentos e seu impacto no ambiente global
parecem ser os maiores desafios para os cientistas das ciências do solo, hidrológicas e
geográficas.
De acordo com Resende (1985), nos lugares de declive mais acentuado, a erosão
mesmo natural, é mais acentuada, mas a pedogênese também o é, devido a presença de
minerais primários facilmente intemperizáveis bem próximos a superfície, onde é intensa
a atividade biológica. Desta forma a manutenção de uma cobertura terrosa nessas áreas
íngremes fica na dependência de uma erosão igualmente acelerada. Por outro lado, em
solos com declives mais suaves, após uma taxa de pedogênese muito acentuada, é
provável que todos os minerais primários facilmente intemperizáveis tenham
56
desaparecido, tendo-se um solo profundo com taxa de pedogênese muito baixa, mas
também com muito pouca erosão (Figura 5.2).
Figura 5.2. As transformações, pedogênese e erosão, são maiores nos solos mais
acidentados. No solo mais plano já envelhecido, tanto a pedogênese quanto
a erosão são pouco intensas.
Fonte: Resende (1985)
Um exame mais atento da paisagem revela que a erosão tende a ser maior nos
terrenos mais declivosos e é mais desigual nos terrenos de conformação côncava, em
contraste com os convexos. Isto significa, conforme Resende (1985), que os fundos da
grota (côncava) tendem a apresentar uma erosão mais desigual do que as elevações em
forma de meia laranja (convexa), como pode ser observado na Figura 5.3. Somando-se a
esses aspectos, em relação a textura, a erosão é maior nos solos mais arenosos, mas
nem sempre, principalmente quando esses são muito permeáveis. No que diz respeito
aos fatores intrínsecos do solo, observa-se que os solos com horizonte A e B profundos
(solum) são mais resistentes à erosão, e que considerando dois solos com solum de
mesma profundidade, quanto mais profundo o horizonte C, mais suscetível ao
voçorocamento. Também o substrato que origina o solo tem efeito marcante nas
características do solo, via de regra, possuem vegetação mais exuberante originados de
substrato rico e, consequentemente, vão influenciar no potencial erosivo. A estrutura do
solo (agregação) é a responsável pela porosidade do solo (infiltração e reserva de água
do solo), de forma que todos os agentes agregantes (inclusive a matéria orgânica) têm
efeito direto nas propriedades físicas do solo e, portanto, influenciam erodibilidade do
solo.
Segundo Cox e Jackson (1948), o termo "solos leves" é comumente usado para
referir a solos arenosos que são facilmente trabalhados, enquanto que "solos pesados",
57
argilosos, são difíceis de arar e preparar. Esta separação em solos leves ou pesados se
refere, de maneira geral, ao uso de implementos agrícolas. Entre esses extremos há uma
ampla variedade de solos que possuem conteúdos variáveis de matéria orgânica, o que
reflete na capacidade dos mesmos em reter água- e, segundo esses autores, 100 libras
de solo arenoso saturado retém 25 libras de água, solo areno-argiloso retém 40 libras,
solo muito-argiloso 50 libras e o húmus retém 170 libras de água. Ressalta-se ainda que
capacidade de agregação dos solos aumenta no mesmo sentido em que aumentam os
teores de argila e matéria orgânica.
Outros fatores que influenciam a erosão do solo dizem respeito aos fatores
extrínsecos, ou seja, são devidos ao manejo inadequado ou devidos a utilização do solo
fora da sua classe de capacidade de uso,
Sempre que um solo passa a ser manejado para qualquer finalidade ocorrem
desequilíbrios nas relações solo-clima-vegetação, promovendo a instabilidade do
sistema. Dessa forma, considera-se que o conhecimento do equilíbrio do sistema solo-
clima-vegetação, em três dimensões, aumenta a capacidade de Previsão do técnico
sobre os sistemas de manejo através do tempo, permitindo assim, a redução dos riscos
de degradação do solo e das conseqüências daí advindas (Ministério da Agricultura,
1983).
58
Para fins de direcionamento do raciocínio visando evidenciar o solo como um
importante componente do ambiente e, com base no que já foi discutido, considera-se
que quando o solo não é altamente suscetível à erosão, devido à fatores intrínsecos à sua
constituição, o manejo inadequado ou sua utilização "além" de sua capacidade de uso,
podem torná-los altamente suscetíveis à erosão.
Pelo exposto considera-se então que o impacto das gotas de chuva sobre o solo
desprotegido, é o início do processo erosivo. Para Baver et al. (1972), o impacto das
gotas de chuva é variável em função do seu tamanho e, conseqüentemente, da
velocidade com que as mesmas atingem o solo. No primeiro momento o solo seco
absorve os pingos de chuva até que fique úmido e, os pingos seguintes, vão então
causando o salpicamento que vai deixando a água turva com o aumento da umidade. Em
outras palavras, a queda dos pingos de chuva coloca as partículas do solo em suspensão,
primeiramente pela quebra dos agregados ou pela separação das partículas da massa do
solo, sendo a água turva o resultado da obstrução dos poros devido ao impacto contínuo
59
das gotas que compactam e provocam um selamento do solo, formando uma crosta que
reduz a infiltração. Segundo Almeida (1981), considerando que o impacto das gotas de
chuva transportam o material desprendido por salpicamento das gotas, também imprimem
energia na forma de turbulência, à água de superfície. Em síntese, o encrostamento e/ou
selamento da superfície do solo diminui a água que penetra no solo, formando a
enxurrada, que ocorre quando a intensidade da chuva que cai é maior que a velocidade
de infiltração no solo.
A evidência de que a erosão já se instalou pode ser observada pela turbidez das
águas de enxurrada. De acordo com Baver et al. (1972), uma vez que o solo já esteja
desagregado pelo impacto das gotas de chuva, começa a outra fase do processo erosivo,
que é a fase de transporte.
Figura 5.4. Diagrama dos fatores determinantes na quantidade de água de chuva que
escorre e que pode produzir erosão.
Fonte: Worthen e Aldrich (1967).
60
A velocidade da enxurrada relaciona-se, principalmente, com a declividade,
comprimento de rampa e a rugosidade da superfície. Quanto maior a velocidade, maior a
capacidade de transportar sedimentos.
61
5.3. Perdas de nutrientes por erosão
62
Tabela 5.1. Nutrientes perdidos pela erosão e retirados pelo algodoeiro.
--------------------------- kg / ha ----------------------------
63
Sendo assim, a eutrofização dos rios e lagos se deve provavelmente ao fósforo contido
nos esgotos municipais.
5.5. A desertificação
64
A desertificação, de acordo com Bradyn (1978) citado por Boaventura (1986 a), é o
resultado de um somatório de condicionamentos e ações humanas predatórias. De tal
modo, que ela ocorre em ecossistemas em condições climáticas restritivas, rigorosas e
incertas, onde alternam-se situações favoráveis e desfavoráveis do ponto de vista
biológico: mas, que em condições naturais, tem capacidade de se recuperar dos períodos
de crise. Entretanto, essas áreas quando submetidas a excessivas pressões por
atividades humanas, perdem essa capacidade de auto-regeneração, devido a degradação
ambiental.
Este fenômeno é mais intenso na África, onde segundo Souto (1985), as terras ao
longo da fronteira meridional do Saara estão se transformando em deserto, numa
proporção de mais de 100 mil ha/ano. De forma que, a cada ano os limites do Saara estão
se deslocando vários quilômetros para o sul. E, de acordo com Kovda (1977), citado por
esse mesmo autor, a desertificação alcançou proporções alarmantes no Sudão, onde a
savana está avançando sobre a floresta; a estepe sobre a savana e, o deserto sobre a
estepe, de tal modo que a linha de demarcação entre a zona de vegetação e o deserto do
sul de Cartum, deslocou-se nos últimos 30 anos, numa proporção média de 5 km/ano.
65
Entre os desertos mais conhecidos do mundo cita-se o Saara e o Calaari, na África;
os da Arábia, do Turquesão, de Gobi e de Tar, na Ásia, os de Utá, do Colorado e Vale da
Morte (Califórnia), na América do Norte; de Atacama (Chile), na América do Sul; o
Deserto de Gibson e o Grande Deserto de Vitória, na Austrália. Além desses, existem os
chamados desertos frios, localizados nas paragens árticas e antárticas do Canadá, na
Groenlândia e na Sibéria Setentrional (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, vol. 6,
1967).
a. Deserto:
b. Desertificação:
c. Processo de Desertificação:
d. Área de Desertificação:
66
e. Área Propensa à Desertificação:
f. Deserto Específico:
2) um tipo de vegetação;
67
5.5.3. Áreas Desertificadas, em Processo de Desertificação e Potencialmente
Desertificáveis no Brasil
Segundo Souto (1985), apesar dos esforços feitos nos últimos anos pela
comunidade científica, pelos governos interessados e por organizações internacionais,
com o propósito de sustar a desertificação e despertar a consciência sobre o problema,
permanecem consideráveis dúvidas acerca de sua natureza, extensão e sua relação com
outros fenômenos.
68
de solos originados a partir de material de textura mais grosseira, originando solos com
baixa capacidade de armazenamento de umidade e retenção de nutrientes.
Entretanto vamos tentar uma abordagem generalizada das várias regiões do Brasil,
de acordo com algumas informações fornecidas pela literatura, que estão desertificadas
ou em processo de desertificação:
Semi-Árido:
Bahia:
Os dados apresentados pela SEMA (1986) indicam que 52,5 mil km 2, que
correspondem a 9,3% da superfície do Estado estão em processo de desertificação. A
área localiza-se à margem direita do Rio São Francisco, abrangendo o sertão de Paulo
Afonso, além dos tabuleiros de Euclides da Cunha e Jeremoabo. Nessa área localiza-se a
Reserva Ecológica do Raso da Catarina. O levantamento realizado identificou áreas onde
a vegetação está se tornando escassa e o solo apresenta-se desprotegido com indícios
de erosão acelerada. No entanto, a área considerada mais critica corresponde a uma
faixa de 5 km de largura, na margem direita do Rio São Francisco, que vai do município
de Rodelas até o município de Chorrochó, aproximadamente 300 km de extensão, com
vegetação de caatinga baixa e muito rala.
69
Pernambuco:
Piauí:
Sergipe:
Ceará:
70
Paraíba:
Amazônia:
Rondônia:
Paraná:
71
São Paulo:
De acordo com a SEMA (1986), mais de 70% da área cultivada está sob intenso
processo de erosão. Em 1984, perdas de solo foram estimadas em 215 milhões ton/ano;
incluindo 400 mil toneladas de nutrientes e 1,5 milhões toneladas/ano de fertilizantes.
Segundo as estimativas do IAC, a maior incidência ocorre nas culturas anuais, onde dos
3,25 milhões de ha plantados, perdem-se 68,3 milhões/ton/ano (20,9 ton/ha/ano).
Minas Gerais:
- Área II: compreende uma área de 42 km2, na bacia do rio Gorotuba, município
de Francisco Sá, localizada na região centro-norte do Estado (Área Mineira do
Nordeste). O rio Gorotuba é afluente da margem direita do rio Verde Grande,
sub-afluente do São Francisco também pela margem direita.
- Área III: compreende uma área de 1.375 km2, localizada nas bacias dos Médios
e Baixos São Pedro e São Domingos, no município de Espinosa, localizado na
região norte do Estado (Área Mineira do Nordeste). Os dos São Pedro e São
Domingos são afluentes pela margem esquerda do Mo Verde Pequeno, sub-
afluente do Rio Verde Grande, pela margem direita.
72
5.5.4. Fatores que Contribuem para o Processo de Desertificação
De acordo com que foi abordado, parece que o homem é o principal agente da
desertificação, atuando no sentido de ampliá-lo numa velocidade bem maior do que seria
o natural, sendo sua ação especificamente ligada ao uso inadequado dos solos e/ou uso
dos solos fora da sua capacidade de uso, acelerando os processos de erosão, que
culminariam com a desertificação, atingindo assim o grau máximo de degradação
ambiental.
Cabe ainda lembrar que nos países tropicais, além da erosão, os solos estão
expostos ao perigo de laterização. De acordo com Charbonneau et al. (1979), imensas
superfícies nas índias, no sudeste da Ásia e na África foram esterilizadas por este
fenômeno. Quando a floresta primária tropical é destruída pela derrubada total, pelo
pastoreio e cultivos abusivos, os efeitos conjuntos da lixiviação e insolação vão
transformar a estrutura pedológica dos solos, que pela migração de diversos elementos
minerais e alteração das argilas, expostas a freqüentes umedecimentos e secagem,
transformam-se em uma "couraça laterítica" irreversível, que é logo posta a descoberto
pela erosão, sobre a qual toda vida vegetal está comprometida. A formação de uma
crosta laterítica, também conhecida como canga, muito comum em áreas de oxissolos no
Brasil, pode ocorrer rapidamente; em alguns anos de uso descontrolado, os solos
desflorestados podem estar irremediavelmente perdidos, não só para qualquer tipo de uso
agrícola, mas para qualquer tentativa posterior de reflorestamento.
73
Os fatores que contribuíram ou que contribuem para o processo de desertificação
podem então ser agrupados em fatores naturais e aqueles artificiais (Vasconcelos
Sobrinho 1978 a, b e SEMA, 1986).
São devidos a fatores do clima ou do solo em sua condição natural, ou seja, sem a
intervenção do homem:
Destes fatores resulta uma cobertura vegetal pobre, com elevado índice de
permeabilidade à luz do sol e, em conseqüência, elevado poder de reflectância (albedo).
74
b. Conseqüências da Desertificação:
São devidas ao mau uso e/ou uso das áreas, além de sua capacidade de suporte e
que também contribuem para o processo de desertificação:
- aquecimento da atmosfera;
- pastoreio excessivo;
75
5.6.1. Manejo visando a Conservação dos Solos
Considerando então áreas que podem ser conservadas ou que se prestam para
conservação, todas aquelas onde o uso não causou, em termos de erosão, grandes
perdas de material, provocando voçorocamentos e/ou desbarrancamentos, enquadram-se
neste contexto, todas as classes de solos. Dessa maneira, aquelas áreas que tem
capacidade para o cultivo agrícola (tendo em vista que a agricultura é uma das
explorações que mais trabalha o solo), devem ser manejados considerando todas as
práticas conservacionistas, notadamente, aquelas que tem o uso mais restritivo, apesar
de poderem ser usadas para exploração mecanizada (Lepsch, 1991).
As práticas de manejo que visam a conservação dos solos sob os aspectos físicos,
muitas vezes, são coincidentes com aquelas que visam a conservação dos solos sob os
aspectos químicos e biológicos. Em primeiro lugar deve-se pensar nas técnicas de
manejo que evitem a desagregação do solo, que é o ponto inicial do processo erosivo, o
que, basicamente, seria o controle preventivo da erosão. De acordo com o Ministério da
Agricultura (1983), a técnica consiste basicamente na implantação de práticas
conservacionistas através do manejo adequado do solo e das culturas, de forma a impedir
o impacto das gotas de chuva diretamente sobre a superfície do solo. Dentre as diversas
alternativas destacam-se a implantação das culturas segundo a capacidade de uso do
solo; a preservação de matas nativas (e/ou reflorestamentos); manutenção do "stand"
ideal de plantas; rotação de culturas e consórcio; cobertura morta; adubação verde; e,
quebra ventos.
Num outro estágio deve-se pensar em técnicas que facilitem a infiltração da água
no solo, ou seja, técnicas que melhorem a sua estrutura e evitem a compactação. Cita-se
entre essas técnicas o manejo da matéria orgânica, plantio direto, a sub-solagem, rotação
e consórcio.
E, por último, pensar nas técnicas de manejo que visem a diminuição da velocidade
de escoamento da água e, conseqüentemente, que impeçam o carreamento de material
do solo. Além das técnicas citadas anteriormente, acrescenta-se as práticas mecânicas
de controle de erosão.
O detalhamento das práticas de manejo que visam a conservação dos solos podem
ser vistas no Módulo: Conservação de Solos - Bahia e Ribeiro (1994).
76
Pode-se definir essa reabilitação como sendo o conjunto de atividades que tem por
objetivo recompor a paisagem e, consequentemente, diminuir o impacto ambiental.
Dentre os vários tipos de áreas degradadas, maiores atenções devem ser dadas
àquelas originadas pela retirada da cobertura vegetal (principalmente florestal), tanto para
exploração da floresta em si como para outros usos, tais como agricultura intensiva,
pastagens, mineração e urbanização, abordando o processo básico da degradação das
terras e enfatizando os caminhos da recuperação. Conforme Jesus (1992), a visão
holística para interpretação das causas da degradação ambientar e as opções de
recuperação, considerando as necessidades sociais, econômicas e ecológicas, é o
primeiro passo para se atingir o sucesso na recuperação de áreas degradadas.
Na maioria das vezes as condições de restauração não são viáveis, visto que uma
grande quantidade de material já não se encontra à disposição (voçorocas, áreas de
empréstimo, mineração, etc.). Resulta assim a opção de se tomar medidas de
recuperação e reabilitação. Entretanto, muitas vezes, tem-se uma indefinição quanto ao
futuro uso e ocupação da área, tornando-se, as medidas de recuperação, mais
apropriadas.
77
ESTUDO DIRIGIDO:
3) Com base nos mecanismos de erosão do solo, faça uma proposta de medidas
(práticas de manejo) visando a conservação do ambiente, para cada fase do
processo erosivo.
4) O que você entende por impactos no solo devido à usos múltiplos? Quais são
os usos múltiplos que provocam impactos no solo? Faça uma síntese
explicando os impactos de cada atividade considerada como uso múltiplo.
78
6 - ATRIBUTOS DO SOLO E A PREVISÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
O uso intenso das terras exploradas com culturas (anuais e perenes), pastagens e
reflorestamentos ressalta a necessidade de se manter uma exploração racional a fim de
se preservar o potencial produtivo dessas terras, assegurando o sucesso do
empreendimento.
De acordo com Oliveira et ai. (1992), o termo relevo refere-se às formas do terreno
que compõe a paisagem. Pelo relevo, pode-se inferir sobre a dinâmica da água no perfil
do solo pelas variações de infiltração e escorrimento superficial, os quais agem
modificando o clima dos solos e, consequentemente sobre sua vida (ver Figura 3.3).
Desta forma, solos mais declivosos apresentam-se mais secos que solos de relevo mais
suave, mostrando diferenças significativas quanto a profundidade, tipo de vegetação (que
varia também de acordo com a exposição à ação solar), tipo de uso e suscetibilidade à
erosão. Logicamente, o relevo é um indicativo da possibilidade de impacto. Entretanto,
79
uma análise mais detalhada do ambiente requer não o conhecimento do atributo do solo
separadamente mas, as interações entre eles. Conforme Resende e Rezende (1983) o
relevo analisado juntamente com a fase de vegetação original traz muitas informações
importantes. Estes autores mencionam, por exemplo, o fato de ocorrência de relevo plano
com vegetação de cerrado como indicativo de solo profundo. Uma exceção é observada
quando se tem uma deficiência hídrica acentuada. O simples fato de um solo plano ser
raso deixa claro a presença de algo que está impedindo o aprofundamento do perfil (ou é
a deficiência hídrica ou o lençol freático elevado que está retardando a pedogênese,
segundo esses autores).
Além das informações fornecidas pelas interações entre os atributos, o relevo por si
só fornece dados importantes, como por exemplo, quanto ao uso de implementos
agrícolas e perda por erosão. A Figura 6.1 mostra a relação entre as classes de declive e
o uso de implementos agrícolas, contudo, há variações de uso pelo relevo em função do
tipo de solo. Quanto as perdas por erosão é mostrada na Figura 6.2 uma relação de
perdas de solo em função do grau de declive e do comprimento de rampa (denominados
de fator topográfico por alguns autores). Esta relação de perdas é muito importante em
áreas com pastagem onde a queima periódica proporciona lavagem e arrasto de grande
quantidade de cinzas, solo e sementes e em áreas de solo desnudo degradados por
qualquer atividade antrópica (principalmente mineração, margens de rodovias e
reservatórios, etc.). O efeito do comprimento de rampa sobre as perdas por erosão,
apresentado por Bertoni et al. (1972) citados por Castro (1987) na Tabela 6.1, é bastante
esclarecedor. Na referida Tabela, numa rampa de 50 m, os primeiros 25 m perdem 13,9
t/ha e os últimos 25 m, 25,9 t/ha, ou seja, quase o dobro. Já com a água da chuva
observa-se uma tendência inversa. Isso não quer dizer que o comprimento de rampa seja
mais ou menos importante que o declive. Ambos devem ser considerados em conjunto,
pois, à medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas vão-se
avolumando proporcionalmente, como também a sua velocidade de escoamento. Em
conseqüência, há aumento da erosão.
Tabela 6.1. Efeito do comprimento de rampa nas perdas de solo e água por erosão com
1300 mm de chuva e declive de 6,5 e 7,5%.
Compri- Média 1º s 2º s 3º s 4º s % de
mento t/ha 25 m 25 m 25 m 25 m Água da
de Rampa de solo t/ha t/ha t/ha t/ha Chuva
(m)
80
Figura 6.1. Relação entre classes de declive e uso de implementos agrícolas.
Fonte: Modificado de West, segundo Curtis et al. (1965) a Almeida (1979),
citados por Resende e Rezende (1983).
81
Figura 6.2. Perdas por erosão do solo com declive S, e comprimento de rampa L, em
relação ao solo de referências (S = 4,5% e L = 30 m). Quando, por exemplo, o
solo tem declive igual 10%, S = 10% e 1 = 30,0 m, as perdas por erosão
aumentam cêrca de três vezes à do solo com S = 4,5%.
Fonte: Stocking (1981), citado em Resende (1983).
82
6.2. Vegetação natural
83
Tabela 6.2. Formas de vegetação empregadas para colocar em fases as classes de solos.
Cerradão
Tropical
Cerrado
Equato-
rial
Tropical
Campos
Equato-
riais
Tropicais
Subtropi-
cais (2)
Cerrado: vereda equatorial, vereda tropical, campo cerrado equatorial, campo cerrado tropical
Campos: hidrófilo de surgente, pampas e xerófilo
Caatinga: de várzea, do pantanal, hipoxerófila, hiperxerófila
Restinga: arbustiva e campo, hidrófila, não hidrófila
Outras: manguezal, praias e dunas, ciliar de carnaúba, rupestre e halófilas
84
Tabela 6.3. Interpretação de características morfológicas e ambientais (vegetação)
pertinentes à fertilidade ou a características mais diretamente relacionadas à
fertilidade do solo.
Condição Interpretação
Floresta perenifólia Altos teores de matéria orgânica; distróficos; podem ser cauliní-
(cotas elevadas) ticos ou até gibbsíticos - as partes mais elevadas do Brasil
Sudeste.
85
torrenciais o solo foi se degradando gradativamente e o capim colonião foi, aos poucos,
sendo substituído por gramíneas menos exigentes, como o capim gordura. Enfatizando
este fato é mostrado abaixo (Figura 6.3) a "escada descendente feliz" ou "escada da
ilusão" apresentada por Corsi (1988) no Simpósio sobre Manejo da Pastagem. Nesta
escada, quanto menos exigente a gramínea mais baixa é sua localização (compare capim
colonião com grama batatais, por exemplo). Reforçando esta seqüência, Resende et al.
(1988) interpretam os ambientes de pastagens e culturas, ressaltando que o agricultor
que não utiliza adubos escolhe intuitivamente áreas que tendem a ser mais férteis para as
culturas (Tabela 6.4).
Colonião, Napier
Pangola
Brachiaria decumbens
Brachiaria humidícola
Andopogon
86
Tabela 6.4. Interpretação de características morfológicas e ambientais (uso) pertinentes à
fertilidade ou a características mais diretamente relacionadas à fertilidade do
solo.
Condição Interpretação
87
Tabela 6.5. Tipos de Horizonte A em seqüência geral do aumento do teor de matéria
orgânica e espessura.
HORIZONTE ESPECIFICAÇÃO
A B
a a Álico
a d Epiálico, endodistrófico
a e Epiálico, endoeutrófico
d a Epidistrófico, endoálico
d d Distrófico
d e Epidistrófico, endoeutrófico
e a Epieutrófico, endoálico
e d Epieutrófíco, endodistrófico
e e Eutrófico
88
Figura 6.4. Esquema ilustrando relacionamento entre solos epiálicos-endoeutróficos e
epieutróficos - endoálicos e raízes de plantas sensíveis ao alumínio, sob
duas condições de deficiência d'água: pronunciada (1) e (2) e nula (3) e (4).
Fonte: Resende e Rezende (1983)
89
latossólico, B textural, etc.) sugere medidas de controle da erosão através da adoção de
certas práticas agrícolas e contribui para a preservação dos recursos naturais. Isto porque
nos SDIOS onde há horizonte B, a identificação do solo, feda nas seções de controle,
refere-se ao solum (horizontes A + B), enquanto naqueles que não o possuem, é
geralmente considerado o horizonte C, ou em outros casos, na ausência deste, ao
horizonte A. Portanto, ao referir-se por exemplo, a um latossolo ou podzólico, aluvial ou
solo litólico, o pedólogo conhecedor das características de cada um, pode prever, de
forma geral, a possibilidade de degradação.
Trabalhando com três solos da região de ltumbiara (GO), Curi (1983) e Souza
(1985) encontraram comportamento diferenciado entre eles, os quais ocupavam,
respectivamente, as posições de topo (Latossolo Roxo distrófico), mediana da encosta
(Latossolo Variação Una de coloração pela escala de Munsell correspondente a 5 YR 3/4,
evidenciando maiores teores de hematita e gibbsita) e sopé (Latossolo Variação Una - 10
YR 3/4, com teores mais elevados de goethita e caulinita, porém sem hematita. Segundo
Resende (1982) a adição de 1% de hematita fina (pulverizada) é suficiente para mudar a
coloração do solo de 10 YR para 5,0 YR. As variações relativas à adsorção de P refletem
no desenvolvimento das plantas que, por outro lado, contribui para uma cobertura vegetal
90
de pior qualidade, podendo favorecer os processos de degradação do solo. Infere-se à
goethita a maior influência sobre a adsorção de P.
91
ESTUDO DIRIGIDO:
HG - Glei Húmico álico A húmico textura argilosa relevo plano fase campo
hidrófilo.
92
7 - RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
7.1. Introdução
93
empreendimentos já existentes não submetidos anteriormente a esta exigência, foi dado
um prazo de seis meses para que fossem apresentados seus Planos de Recuperação.
De qualquer forma, a recuperação de uma determinada área tem muito a ver com a
atividade que a tomou degradada bem como com o uso futuro do solo. No entanto,
independente deste fato, o primeiro passo será dar nova vida ao solo, devolvendo-lhe ou
dando-lhe nova condição de sustentar eficientemente as plantas que comporão sua
cobertura vegetal, ou seja, restabelecendo suas características físicas, químicas e
biológicas. Assim sendo, a seguir serão descritas as operações básicas da recuperação
de áreas degradadas, devendo-se alterá-las sempre que for necessário para garantir o
sucesso da operação.
7.2.1. Agropecuária
94
natural de média a alta, o relevo favorece a erosão e, muitas vezes, contribui
para o abandono;
- se tem a queimada como uma solução para a melhoria das pastagens e das
culturas. Essa prática, a curto prazo, pode até ser favorável, contudo,
repetidamente ou sem se tomar os devidos cuidados, se constitui numa das
grandes causas da degradação e depauperamento dos solos.
7.2.2. Mineração
A mineração, pelas suas peculiaridades, é uma das atividades que mais degrada o
solo num espaço de tempo muito curto. Tanto a mineração à céu aberto ou subterrânea
requer grandes áreas como depósitos de estéreis e/ou rejeitos. Algumas atividades
mineradoras, além de estéreis e rejeitos, geram outros poluentes que são os subprodutos
ou produtos intermediários utilizados durante a fase de beneficiamento. Por exemplo
pode-se citar a mineração da bauxita, onde, para separar a sílica do alumínio é
empregada grande quantidade de soda. Esta soda tem que ser armazenada em locais
próprios formando depósitos extensos. A mineração de aluvião degrada pelo desmonte
hidráulico, pela dragagem ou pela garimpagem, alterando os cursos d'água e causando
assoreamentos. Após a mineração o beneficiamento do minério degrada o ambiente
através dos depósitos de rejeitos e sólidos em suspensão lançados nos cursos d'água.
Além destes tipos de mineração, a exploração de pedreiras, cascalheiras e areiais
necessitam de áreas de apoio para depósitos e circulação. Estas, pelo intenso tráfego são
muito compactadas.
95
7.2.3. Construção de Estradas
7.2.6. Indústria
A indústria degrada pela localização inadequada (locais não apropriados para sua
instalação) ou pela sua concentração em áreas limitadas; pelo abandono de áreas
terraplenadas sem recuperação; pelos depósitos de rejeitos sólidos ou líquidos; pela
poluição atmosférica (a exemplo do que acontece em Cubatão); e, pelo lançamento de
poluentes líquidos nos cursos d'água eliminando matas ciliares, pântanos e mangues.
Segundo Barth (1989), a recuperação não é um evento que ocorre em uma época
determinada, mas um processo que se inicia antes do empreendimento e termina muito
depois deste ter-se completado.
96
7.3. Práticas adotadas na recuperação de áreas mineradas
97
De uma maneira geral, a recuperação de áreas degradadas pode ser dividida em
duas fases: planejamento e execução. As etapas que compõem a recuperação de áreas
degradadas devem ser realizadas de uma forma cronológica para permitir a
autorealização do processo de recuperação.
7.3.1. Planejamento
Após recuperada, a área deverá ser utilizada para outro fim, dependendo de vários
fatores como: atividades exercidas nas redondezas, proximidade de núcleos urbanos,
facilidade de acesso, nível cultural da vizinhança e dos freqüentadores, além do uso
original da área. De maneira generalizada, o uso futuro do solo pode ser: conservação da
vida selvagem (reserva); reflorestamento comercial; lavoura; pastoreio; piscicultura;
urbanismo; área industrial e recreação / áreas de fazer / turismo.
Qualquer que seja o uso futuro do solo deve-se levar em consideração sua
capacidade de uso e sua aptidão agrícola.
Plano de Recuperação
98
órgão ambientar competente o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) - ver
Capitulo 4.
7.3.2. Execução
São obras que visam evitar que águas superficiais pluviométricas e de mananciais,
entrem em contato com a mina e, posteriormente, contaminem os cursos d'água e as
terras baixas durante a operação da mina. Estas obras visam ainda evitar ao máximo a
ocorrência de processos erosivos e assoreamentos. Englobam a construção de valetas,
canaletas, calhas, escadas, tubulações e bueiros. Essas obras "complementares" são
obras de engenharia que visam o controle da sedimentação e da água ácida nos cursos
d'água, preservando e minimizando os impactos nos recursos hídricos. Segundo Griffith
(1980) as obras para controle da sedimentação englobam, dentre outras:
99
A água proveniente das áreas mineradas freqüentemente são ácidas, exigindo
obras que evitem que estas águas poluam os cursos d'água. Segundo Griffith (1980),
estas obras englobam:
- desvio dos cursos d'água ou outra água superficial antes que chegue ao local
minerado;
É a retirada da vegetação da área a ser minerada. É uma operação que tem que
ser realizada, pois o minério encontra-se abaixo da superfície do solo. Desta forma, uma
maneira de reduzir os custos da recuperação é retirar todo o material de valor comercial.
O que sobrou, entretanto, não deve ser queimado, pois poderá ser utilizado ou como fonte
energética nas operações de beneficiamento ou ser convertido em cobertura morta para
posterior aplicação na revegetação (Griffith et al. 1990). É recomendável que, no processo
de retirada da vegetação se retire apenas o necessário procurando assim, reduzir a
degradação. Em áreas de pastagem ou com vegetação rasteira, a retirada da vegetação
deve ser feita juntamente com a camada superficial do solo. Quando se for usar a
serapilheira como prática de revegetação esta deve ser retirada antes de se ratear a
vegetação. Se esta não for usada imediatamente poderá ser armazenada por um período
curto de tempo. No entanto, para se utilizar todo o beneficio da serapilheira, esta deve ser
retirada e aplicada imediatamente na área a ser recuperada (pode ser utilizada em outra
frente de lavra para recuperá-la).
Esta operação deve ser feita após a retirada da cobertura vegetal. Para a abertura
da cava para a mineração, todo o solo acima tem que ser retirado. Esta camada de solo
muitas vezes constitui o horizonte A, ou parte dele e/ou o horizonte B ou parte deste.
A camada superficial do solo (horizonte A), na maioria das vezes é mais rica em
matéria orgânica, macro e mesofauna e nutrientes e deve ser retirada isoladamente e
armazenada para uso posterior na revegetação. A camada abaixo desta, com menor teor
de matéria orgânica deve também ser armazenada para uso posterior no reafeiçoamento
da superfície após a mineração. A camada mais rica não deve ser armazenada por um
período superior a dois anos e as pilhas não devem ter mais que 1,50 m de altura.
100
Na abertura da cava para mineração é recomendável se retirar as camadas (ou
horizontes) obedecendo-se sua ordem para facilitar a reposição destas.
Sempre que for possível, a camada mais rica deve ser usada tão logo seja retirada.
Havendo necessidade de estocagem, Williams et al. (1990) fazem algumas
considerações, tais como:
- pode-se proceder uma cobertura das pilhas por vegetação morta, serapilheira ou
pelo plantio de gramíneas e/ou leguminosas para se evitar a lixiviação e
insolação, propiciando também a manutenção das características, atividade
biológica e umidade do solo;
Lavra do Minério
101
Deposição de Estéreis e Rejeitos
De acordo com Williams et al. (1990), estéril é uma substância natural (solo,
subsolo, rocha) não aproveitável economicamente, que ocorre em camadas (horizontais
ou inclinadas), corpos irregulares - ambos encaixando o minério, ou intimamente ligado a
ele. E, rejeito, é uma substância não econômica, separada do minério por beneficiamento
e que pode estar na forma de fragmentos ou partículas secas, ou em via aquosa.
Assim sendo, o estéril consiste, na maioria das vezes, de materiais diversos como
camada superior de subsolo, rochas decompostas ou em decomposição, ou rochas sãs.
Dentro do possível, o estéril deverá ser colocado no depósito na mesma seqüência do
jazimento. Contudo, ambos, nem rejeito nem estéril podem ser lançados diretamente nos
cursos d'água. Quando necessário o tratamento, após tratados podem ser usados para
preenchimento do corte de lavra. Quando não é possível usá-los para preencher a cava,
deverão ser depositados, conforme sua natureza, em áreas próprias tomando-se
cuidados especiais, sobretudo, no que se refere à recuperação (revegetação), à
contaminação atmosférica e/ou do lençol freático ou dos cursos d'água. Uma outra
situação é quando o rejeito é gerado distante do local da escavação. Neste caso, este
material deverá ser depositado também de forma a não contribuir com a degradação e/ou
poluição ambiental, conforme definido na fase de planejamento. Desta forma, existem
dois tipos de depósitos: a seco e, em bacias confinadas.
É uma operação realizada após o término da mineração de uma área. Tem como
objetivo, devolver uma composição estética harmoniosa e agradável para a percepção
humana, ou seja, recuperar a topografia e a paisagem originais desfiguradas pelas
atividades minerarias. São obras de terraplenagem onde se pretende aproximar ao
máximo da conformação original. Para se evitar a erosão estas obras visam dar
estabilidade ao solo e aos taludes, controlar a erosão, aspectos paisagísticos e estéticos
e o uso do solo pré-definido.
São operações que devem ser realizadas para dar ao solo minerado e remoldado,
condições mínimas para germinação e desenvolvimento das plantas. Engloba operações
que visam melhorar as condições químicas e físicas do solo e controle da erosão. Estas
envolvem: recolocação da camada de solo estocado; obras de drenagem;
descompactação; e, correção da fertilidade do solo.
102
Em se tratando de recuperação de área degradada, o ponto de partida é formar um
substrato capaz de garantir o sucesso da revegetação. Portanto, as operações a serem
realizadas tem o objetivo de dar, ao solo degradado, condições para receber e sustentar
as plantas, ou seja, enriquecer a base (solo) a fim de que se tenha condição de
germinação, crescimento e manutenção de espécies.
- Obras de drenagem
As obras de drenagem são obras que devem ser feitas na área minerada para
impedir que as águas superficiais escoem livremente sobre o terreno remoldado e arraste
a camada superficial do solo. Além de provocar a erosão, a falta destas obras pode
causar assoreamento dos cursos d'água e de terras baixas e desmoronamento de
taludes. Portanto, são obras de engenharia e/ou de drenagem que tem o objetivo de
desviar as águas fluviais. Incluem valetas, canaletas, calhas, escadas, tubulações,
bueiros e bacias de sedimentação. Sempre que estas obras apresentarem declividade
com risco de erosão, elas devem ser revestidas por um material estável ou serem
revegetadas.
103
remodelamento do terreno acompanhando as formas originais pode ser um risco. Em
locais onde as chuvas são regulares e bem distribuídas, esse remodelamento pode
funcionar eficientemente. Entretanto, em outras áreas onde há um período seco
pronunciado (4-5 meses/ano) e as primeiras chuvas são torrenciais, o remodelamento
apenas pode ser catastrófico, favorecendo o arraste de grande quantidade de solo.
Portanto, na escolha da forma de remodelagem da superfície, todos esses aspectos
devem ser minuciosamente considerados, optando-se pela(s) prática(s) mais eficiente(s).
Muitas vezes há necessidade de associar mais de uma prática para maior eficiência.
- Descompactação
É uma prática que deve ser realizada após o recobrimento da área com a camada
de solo estocada, visando romper as camadas compactadas do sub-solo. Para que a
descompactação seja eficiente, deve-se identificar o grau e a profundidade da camada
compactada. Para tal, deve-se fazer uma análise das características físicas do solo e do
sub-solo. Uma alternativa mais prática, porém menos precisa, é o uso do penetrômetro.
ara medições mais precisas deve-se usar o cilindro de Uhland. A determinação do grau
de compactação através do uso do penetrômetro não é uma boa medida, uma vez que, é
muito dependente das condições do solo no instante da medição, sobretudo quanto ao
teor de umidade. No entanto, as determinações físicas como a densidade do solo e a
porosidade são mais realísticas na identificação da compactação do solo.
a) Práticas mecânicas
104
- dimensionar o espaçamento adequado das subsolagens;
- realizar a subsolagem com solo seco para se ter melhor resultado. Caso
contrário há aumento da compactação.
b) Práticas culturais
105
encontrava-se estocada para tal, o material que encontra-se abaixo desta não dispõe de
condições satisfatórias para sustentação da vegetação.
No caso de não se ter material para recobrir o solo, e pela experiência do convênio
UFLA/CEMIG/FAEPE, recomenda-se, no primeiro ano, o preparo da área (substrato de
latossolo) com uma subsolagem; sulcamento e abertura de covas, sendo a adubação feita
na cova com 150 g de calcário dolomítico; 10 litros de esterco de curral; 100 g de
superfosfato simples; 200 g de fosfato natural; 20 g de cloreto de potássio (Davide, 1993).
Esse material deverá ser bem misturado com um pouco de terra no fundo da cova, antes
do plantio. No segundo ano, recomenda-se fazer uma adubação de cobertura com
nitrogênio. Em áreas de solos pobres, com cobertura vegetal pouco diversificada e muito
reduzida, fazer calagem a lanço seguida de incorporação através de gradagem leve
(grade aberta) antes da subsolagem. A quantidade de calcário será determinada pela
análise química do solo de cada área.
Revegetação
106
A implantação de espécies nativas (arbóreas) e as plantas nascidas da serapilheira
podem não dar o impacto visual rápido das espécies exóticas, porém, ecologicamente, é
a melhor prática. O uso da serapilheira geralmente dá uma cobertura mais rápida e densa
ao solo, devido ao banco de sementes existente nela. Todavia, em algumas situações
como nos taludes, por exemplo, esta prática não é mais eficiente, devendo-se preferir o
plantio por hidrossemeadura. Cabe ressaltar que, para a recuperação de áreas
degradadas deve-se considerar os conceitos de sucessão ecológica.
Quando se for usar espécies herbáceas para a revegetação, deve-se ter o cuidado
para não implantar espécies potencialmente invasoras que possam criar problemas nas
propriedades vizinhas e/ou no equilíbrio ecológico da região. Deve-se ainda, levar em
107
consideração o uso futuro do solo (o principal determinante da escolha da(s) espécie(s) a
implantar), as características do solo, o clima, a tradição agrícola da região, etc.
108
Tabela 7.1. Sugestão de distribuição das espécies por grupos ecológicos em número de
mudas por hectare.
b) Semeadura e Plantio
Sua coleta deve ser feita com rastejo (nunca cavando o solo), juntando o material
solto na superfície do solo. Deve ser feita na época das chuvas nas áreas próximas a
área a ser recuperada, no máximo um dia antes da sua colocação. É recomendável que a
coleta da serapilheira seja feita em cerca de 1 m 2 a cada 25 m2 ou em filas de 1 m de
largura espaçadas de 10m. A área desnuda deve ser recoberta com serapilheira vizinha.
O uso da serapilheira na revegetação de áreas degradadas deve ser feito espalhando-a
109
manualmente na superfície do terreno (após devidamente preparado), sem a
incorporação ao solo, na época das chuvas e no mesmo dia, ou no máximo, no dia
posterior à sua coleta na mata. Sua aplicação sobre a superfície do solo, em áreas onde
se vai plantar mudas, deve ser feita após o plantio das mesmas.
110
gramíneas e leguminosas, colocadas por último para diminuir sua queda por atrição
mecânica.
Uma vez produzidas as mudas, estas devem ser plantadas em covas. Deve-se
optar por mudas pequenas (até 20 ou 30 cm), porém, quando o tamanho da semente
permitir as mudas devem ser feitas em tubetes. O plantio não deve ser alinhado para não
dar a idéia de arborização, devendo-se distribuir as mudas ao acaso, sempre espaçadas
de acordo com as espécies utilizadas, com a topografia do terreno e com o uso futuro da
área. As dimensões da cova também vão depender da espécie utilizada, do tamanho e
tipo da muda, das condições físicas e químicas do solo e da topografia. Para controle da
erosão pode-se fazer antes do coveamento, sulcos em nível.
Cabe ressaltar que, o esquema de plantio em quincôncio não dá uma idéia de mata
natural e sim de arborização. Além do mais, a percentagem de espécies pioneiras é maior
(cerca de 67% contra 50-60% citado anteriormente). Contudo, é um esquema onde a área
é melhor aproveitada e a distribuição das mudas por grupo ecológico é facilitada. Portanto
sempre que possível deve-se utilizar espécies nativas da região e espaçamento ao acaso.
111
P --- P --- P --- P --- P --- P --- P --- P
C - - - SI - - - ST - - - SI - - - C - - - SI - - - ST - - - SI - - - C
declividade
do terreno
Figura 7.2. Disposição das mudas no campo segundo modelo proposto por vários
pesquisadores.
Fonte: Davide (1993)
Por ocasião do plantio deve-se tomar alguns cuidados como não colocar o adubo
mineral em contato com a raiz, retirar a embalagem para o plantio, não dobrar as pontas
das raízes, não enterrar demasiadamente a muda ou colocá-la pouco profunda, e quando
necessário, amarrar as mudas altas a estacas para evitar quebra ou tombamento com o
vento. Além destes cuidados, realizar o plantio no período das chuvas (irrigar quando
necessário), colocar na cova uma boa mistura de adubo orgânico, mineral, solo e
corretivo da acidez, combater formigas cortadeiras, fazer bacias de captação de água ao
redor das mudas (coroamento) e, fazer aceiros para evitar fogo.
112
Figura 7.3. Modelo teórico de plantio baseado em dados de campo com onze meses de
idade.
Fonte: Davide (1993).
Monitoramento
113
dos níveis nutricionais e estabelecer parâmetros mais seguros de correção. Deve-se
ainda manter o coroamento das mudas para se evitar a competição em luz, água e
nutrientes.
114
ESTUDO DIRIGIDO:
2) Qual (ou quais) o (s) principal (is) fator (es) que é (são) decisivo (s) na escolha
das espécies ou do tipo de vegetação que devem ser utilizadas na
recomposição vegetal de uma área degradada (por qualquer atividade
degradadora).
Comente sua resposta.
115
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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