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INTRODUCAO

Até a década de 1980, os resíduos considerados perigosos incluíam aqueles provenientes de

hospitais. A denominação “lixo hospitalar” tornou-se comumente utilizada, mesmo quando os resíduos

não eram gerados em unidades hospitalares. Atualmente, este termo foi substituído por Resíduos de

Serviços de Saúde (RSS), que engloba os resíduos produzidos por todos os tipos de

estabelecimentos prestadores de serviços de saúde – hospitais, ambulatórios, consultórios médicos e

odontológicos, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, entre outros.

Porém, dentro de um hospital, nem todo lixo é hospitalar, já que invólucros de seringas, gases, luvas,

equipos de soros, os impressos, entre outros não são considerados “lixo hospitalar”.

Dessa forma, a identificação e separação dos resíduos devem ser feitas em seu local de origem

(unidade de internação e de apoio) e ainda ser classificadas entre resíduos perigosos e resíduos

comuns.

A seguir, a responsabilidade passa para o serviço de limpeza, que realiza a coleta interna nas salas

de armazenamento temporário de lixo ou na sala de utilidades (expurgo) e os transporta para a coleta

externa.

O destino final dos resíduos no ambiente hospitalar é administrado pelo serviço de engenharia, que

decide a forma de remoção e de tratamento dos resíduos.

Todo gerador de RSS deve elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

(PGRSS), que deve descrever as ações relativas ao manejo, característica, acondicionamento,

coleta, armazenamento, transporte, treinamento e destino final do resíduo hospitalar.

O PGRSS deve orientar as medidas que direcionarão as ações dos funcionários dentro da instituição

e as rotinas e critérios estabelecidos pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), o

atendimento às regulamentações dos sistemas de coleta externa, de transporte e de destino final a

serem adotadas em situação de emergência e acidente.


HISTÓRICO

A transformação da matéria e a produção de resíduos fazem parte integrante da vida e da atividade

humana. Inicialmente, o homem foi submetido às leis da natureza; Posteriormente, tentou entendê-

las e modificá-las.

O homem da Idade da Pedra simplesmente jogava seus restos de comida para fora da caverna,

juntamente com pedras e utensílios quebrados e também restos de seus inimigos. Sucessivas

culturas agrárias fizeram um pouco mais do que jogar seus lixos atrás de suas tendas, cabanas ou

barracas. Até mesmo as antigas poderosas civilizações chinesas, sul-americana, egípcia, grega e

romana fizeram um pouco mais do que jogar seus detritos ao final de cada vila ou cidade. Apesar de

manter a estratificação social que acompanha todas as civilizações, os cidadãos mais conscientes

com a saúde (neste caso os m a isabastecidos) puseram seus escravos para fazer o serviço sujo de

coletar e enterrar o lixo.

Enquanto os povos da Antiguidade viviam como nômades, não tiveram problemas de

canalização de água, instalação de rede de esgoto e remoção do lixo.

A medida em que foi "civilizando-se" a produção de lixo foi aumentando, mas ainda não havia

se constituído em um problema mundial.

Em Londres, um edital publicado no ano de 1354, afirma que o lixo deveria ser removido da

frente de suas residências uma vez por semana. Embora algumas leis zelassem pelo recolhimento do

lixo, o método mais comum na época era a população jogá-lo nos rios. No ano de 1407, os londrinos

foram instruídos a manter o lixo no interior de suas residências até ser recolhido pelo coletor,

mantendo esta forma de coleta durante cinco séculos.

As campanhas de limpeza pública eram freqüentes em Paris, porém, os parisienses,

ignorando os apelos governamentais, com persistência, continuavam a jogar os resíduos nas ruas e

praças. Portanto, entre os anos de 1506 a 1608, a capital francesa ficou conhecida como a cidade

mais suja da Europa. A superação desse problema teve início a partir de 1919, quando 300 veículos

circulavam pela cidade com o objetivo de coletar o lixo.

Por volta de 1340 em Boemia, na Tchecoslováquia, já se estudava a melhor forma de se

limpar a cidade. E Viena, até hoje, é conhecida como a cidade mais limpa da Europa, título

conquistado desde a época do Império Austro-Húngaro (COMLURB, 2000).


O grande lapso de tempo entre a legislação e ações de remediação nos serviços de lixo

urbano também pode ser observado na América do Norte.

MACF ARLANE (2000), cita que o maior interesse público em saneamento urbano foi

liderado pelas mulheres, como resultado da mortalidade devido à enfermidade entre os soldados na

Guerra Civil (1861 - 1865). Mas, para aprimorar os serviços de saúde na cidade de New York, a

legislação instituída em 1866, não transformou o sistema privado pobremente conduzido em um bem

organizado sistema de serviço de coleta até o início de 1890. Chicago também conduziu reforma nos

serviços de coleta de lixo neste período e auxiliou a fixação do exemplo para outras cidades dos

Estados Unidos.

HARRISON (1994) apud MACFARLANE (2000), afirma que uma noção substancial da

autonomia sobre os assuntos locais foi concedida pelo governo inglês na Índia Colonial, em 1882.

Esta noção foi conduzida principalmente pelos administradores britânicos, a fim de aumentar a renda

local para os serviços municipais, mas foi também para fazer provisão para as populações indígenas

a serem eleitas pelo governo local. O saneamento urbano parece ter progredido vagarosamente no

período compreendido entre 1882 a 1912. Nas principais cidades, 30% dos orçamentos urbanos, em

média, eram destinados à área de saneamento. Entretanto, as melhorias nos serviços de

saneamento encontravam resistência por grupos de negócios da Inglaterra e da Índia, os quais

encaravam-nas como muito dispendiosas, intrusivas nas individualidades ou como uma invasão nos

direitos de propriedade privada. Isto ocorreu principalmente porque algumas medidas incluíam a

remoção de cortiços sobre os quais estes homens de negócios tinham interesses.

O Rio de Janeiro iniciou sua formação como cidade, no século XVI, quando no Brasil, a

barra de melaço (forma beneficiada da cana de açúcar) era exportada para a Europa e predominava

o espírito mercantilista, ou seja, o mínimo de investimento para o máximo de lucro. Edificada sem

método e crescendo ao sabor das circunstâncias, sejam de ordem econômica ou outra do momento,

a cidade do Rio se desenvolveu sem preocupações que fossem além do futuro imediato. Segundo

COMLURB (2004), a cidade chegava aos 30 mil habitantes, em 1760, e a população atirava os lixos

por todas as partes. A população da região litorânea atirava os lixos nas praias e os moradores

vizinhos às lagoas, pântanos ou rios, ali mesmo faziam seus despejos.

A primeira postura da Câmara Municipal do Rio de Janeiro referente à limpeza, data de 1830.

Estas posturas eram basicamente normativas, isto é, definiam proibições e estabeleciam sanções
quanto ao despejo de lixo nas vias públicas.

Em 1885, o governo do Rio de Janeiro resolveu contratar Aleixo Gary, francês de origem,

para o serviço de limpeza das praias e remoção do lixo da cidade para a ilha de Sapucaia (bairro do

Caju) inaugurando, assim, uma nova era na história da limpeza pública do Rio de Janeiro, apoiada

principalmente em sua eficiência de trabalho e da atuação exemplar do empresário. Gary deixou

marcas na história da limpeza urbana pública no Rio de Janeiro, e tão intensa foi a sua atuação, que

os empregados encarregados pela limpeza, os lixeiros, passaram a ser chamados de "garis”,

conforme COMLURB (2004).

Na história de São Paulo, surgiam vários referenciais e editais públicos referindo-se à

limpeza das ruas. Particularmente, o edital de 15 de outubro de 1722 referia-se textualmente aos

ciscos e aos lixos das casas, e que os mesmos deveriam obrigatoriamente ser colocados em covas

públicas abertas especificamente com a finalidade de enterramento. Quem não cumprisse o

determinado deveria ser multado e pagar seis mil réis em cada infração, segundo FERRI (1976).

Conforme MACHADO (1996b), preocupações com o destino dos dejetos e sua relação com

a Saúde Pública tornaram-se mais intensas quando o sanitarista Osvaldo Cruz juntamente com o

urbanista Pereira Passos, tentou reverter o quadro alarmante do Rio de Janeiro, onde grassava a

febre amarela, a varíola, a peste bubônica e a tuberculose.

NOVAES (1977) apud GAUZER (1996) observou que na década de 70 havia muita

dificuldade de formação de administradores de saúde no Brasil, sua atualização e integração neste

setor, e constatou ainda a ocorrência da distribuição geográfica desordenada dos leitos hospitalares,

com profundas repercussões na saúde das populações que habitavam áreas rurais e na periferia de

grandes centros rurais do país. dados apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 Distribuição e proporção de leitos hospitalares no Brasil, na década de 70, de

acordo com as regiões.

Região Nº. Hospital % Leitos/população

Norte 126 3,09 2,7 leitos/l 000 hab

Nordeste 815 20,03 1,9 leitos/lOOO hab

Sudeste 1850 45,48 5,5 leitos/l 000 hab

Sul 1016 24,98 3,8 leitos/1OOO hab


Centro-Oeste 260 6,39 2,6 leitos/lOOO hab

TOTAL 4067 99,97 4, leitos/l 000 hab

Fonte: GAUZER (1996)

O problema dos resíduos sólidos acentua-se na medida em que se leva em conta a

heterogeneidade do volume de resíduos produzidos, caracterizando diferentes níveis de risco, tanto

para os trabalhadores que os manejam, como para a população e o ambiente em geral. Incluem-se

nestes resíduos sólidos, os chamados especiais, os Resíduos de Serviços de Saúde - RSS. Embora

constituam uma pequena parcela, em relação ao resíduo sólido total produzido, segundo MATTOSO

et aI. (2001), apresentam características específicas, com risco potencial no seu manejo rotineiro ou

ocupacional.

Segundo SILVA et aI. (2002) surpreendentemente, no Brasil, há mais de 30 mil unidades de

saúde produzindo esses resíduos e na maioria das cidades, a questão do manuseio e da disposição

final não está solucionada, e acrescenta que algumas unidades de saúde desconhecem a quantidade

e a composição dos resíduos que produzem.

A preocupação com o assunto não é recente e abrange uma grande parte do mundo. Na

década de 50, começam a introduzir nos Estados Unidos os primeiros incineradores e fornos

patológicos com tecnologia por excesso de ar, especialmente destinados para resíduos

anatômicos. Porém, a construção de um dos primeiros incineradores no mundo foi em

Nottingham na Inglaterra em 1874, com a finalidade de queimar o lixo urbano. Nos estados

unidos o primeiro incinerador para RSS foi instalado em 1981, segundo MATTOSO (1996).

Na década de 60, foram desenvolvidos fornos patológicos para uso hospitalar do tipo

pirolítico, os quais produziam menores quantidades de sólidos suspensos, já contavam com câmara

de pós-combustão, podendo assim, cumprir as restrições das normas vigentes, a respeito da

contaminação ambiental por emissão de gases.

Em São Paulo, uma lei municipal de 1963, torna a incineração obrigatória para todos os

resíduos provenientes de estabelecimentos de saúde. Esta lei surgiu 4 anos após a instalação do

incinerador de Ponte Pequena, na região centro-norte de São Paulo, com capacidade de 300

toneladas/dia, conforme ALVES (1979) apud MATTOSO (1996) e VERÍSSIMO (1995).

Na década de 70, uma lei do Estado de New York recomenda a incineração como método de
tratamento de RSS, aprovado pelo Departamento de Saúde.

Em 1967, em São Paulo foi instalado o incinerador Vergueiro e três anos mais tarde a incineração do

RSS tornou-se obrigatória no Estado de São Paulo através de um Decreto Estadual, segundo ALVES

(1979) apud MATTOSO (1996).

Na década de 80, com o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), vários

países europeus e os Estados Unidos estabelecem normas regulatórias. França em 1982 elaborou

um manual metodológico para a gestão e eliminação dos resíduos hospitalares. A Alemanha revisa

sua normatização em 1983, tornando obrigatória a incineração dos resíduos oriundos de locais de

isolamento, segundo o parágrafo 10 da "Lei Federal sobre Epidemias" e todo o resíduo

administrativo, de cozinha ou lanchonetes deverá ter como disposição final o aterro sanitário

(MACHADO, 1996b). A United States Environmental Protection Agency (USEPA) dita suas normas

em 1982, com publicação de um guia (Guide for Infectious Waste Management), para o

gerenciamento de sistemas de RSS, a ser seguido pelos estabelecimentos de saúde (LIMA, 2001).

Todos estes códigos, com raras exceções, passaram a considerar como "resíduos sanitários

especiais" entre 10 e 25% do total dos resíduos hospitalares ou similares produzidos, o que

correspondia, aproximadamente, entre 400 a 1000 gramas/leito/dia.

A crescente consciência sobre os riscos à saúde pública e ao ambiente, e a tendência

progressiva de adotar as denominadas "precauções universais" fez gerar quantidades maiores de

resíduos (1,5 a 2,0 kg/1eito/dia) na França, Bélgica e Inglaterra, segundo MACHADO (1996b).

Conforme NAPIAS HARGAIN (2001) posteriormente se iniciava a tendência na revisão das

normas, valorizando os riscos reais de infectividade e vários organismos oficiais recomendavam que

fossem adotados critérios mais restritivos. Entre esses órgãos estão: o Centro de Controle de

Enfermidade de Atlanta, nos Estados Unidos (CDC), o Ministério da Saúde da Alemanha e o

Conselho Nacional de Hospitais da Holanda. No entanto estas normas só foram aceitas parcialmente.

Em 1976, a "Environmental Protection Agency - Estados Unidos" (USEPA) foi encarregada

de avaliar o impacto dos resíduos infectantes na saúde pública e ambiente, concluindo que não

existia evidência epidemiológica disto, e excluiu os resíduos infectantes da classe de resíduos

perigosos, conforme TRONCONE (1990) apud MATTOSO (1996). A autora ainda relata, que na

década de 70 nos Estados Unidos surgiu uma preocupação e discussão com a emissão de poluentes

gasosos, especialmente com as dioxinas, poluentes mais eminentes associados às incineradoras.


Assim, ao final da década de 80, nos EUA teve início o fechamento dos fornos patológicos

hospitalares em virtude do grau de contaminação gerada, especialmente aquela provocada pela

grande quantidade de plásticos clorados incinerados. Também na Alemanha, mais de 50% desses

fornos instalados encerram suas atividades.

Em 1985, os RSS tornaram-se um dos temas mais arduamente discutidos na comunidade americana

e tema de campanha para prefeitura da cidade de New York, cujas leis estritas e altas multas

contribuíram para uma drástica redução de RSS inadequadamente dispostos. Entretanto, alguns

anos mais tarde, a ocorrência de vários incidentes relacionados com os perfurocortantes e outros

resíduos médicos acumulados nas praias do nordeste americano, foi responsável pela perda de

bilhões de dólares pelo setor turístico, conforme relatam RUTALA & MAYHALL (1992). O parecer de

várias agências federais como Environmental Protection Agency (EPA), Office of Technology

Assessment (OTA) e Centers of Disease Control (CDC), sobre os incidentes nos Estados Unidos,

apontaram os pequenos geradores como clínicas médicas, diabéticos e usuários de drogas como

sendo os principais responsáveis pela poluição nas praias, e que os RSS encontrados contribuíram

com menos de 0,2% dos resíduos totais e que não correspondiam aos resíduos gerados por

hospitais (RUTALA & MAYHALL, 1992). Entretanto, a opinião pública aliada à pressão da imprensa

culminou na aprovação do "Medical Waste Tracking Act" (MWTA) pelo Congresso Americano. Este

ato encarregou a USAEPA de implantar um programa de demonstração de 2 anos, em cinco estados

com objetivo de rastrear os resíduos de saúde gerados, da fonte até a disposição final, elaborando-

se, assim, guias para o seu gerenciamento (TRONCONE, 1990 apud MATTOSO, 1996; RUTALA &

MAYHALL, 1992; MACHADO, 1996b; FERREIRA,2000).

A partir de 1989, em diversos países (Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Espanha) foram

criados grupos de trabalho integrados por entidades públicas e privadas para avaliar a dimensão do

problema resultante do inadequado manejo dos resíduos de serviços de saúde para a saúde pública.

Segundo NAPIAS HARGAIN (2001), as conclusões são precisas: a maioria dos resíduos hospitalares

não implica em um risco progressivamente maior do que os resíduos urbanos. Somente um reduzido

grupo de resíduos infecciosos requer um tratamento especial.

Com a incorporação de novas tecnologias, no sentido de se facilitar a atividade diária e de se

dar maior segurança ao usuário e ao trabalhador da saúde, o volume e as características dos

resíduos gerados foram se ampliando e diversificando (MACHADO, 1996b).


Segundo o SUBCOMMITTEE ON ENVIRONMENTAL ISSUES (1991) citado por LIMA e

CASTRO (1995), 77% de todos os estabelecimentos prestadores de serviços de saúde nos Estados

Unidos, aumentaram 6% em peso a quantidade de resíduos devido aos materiais descartáveis.

Assim, todo esse avanço vem sendo questionado por alguns países desenvolvidos, que se

preocupam notadamente com a preservação do ambiente.

A Alemanha é, atualmente, o país onde os resíduos de serviços de saúde recebem o melhor

tratamento do mundo. Porém, segundo BARELLA (2004), o país ecologicamente correto descobre

que sua política ambiental paralisa a economia, pois gastam 2,1 bilhões de dólares por ano para

reciclar 65% do lixo e os empresários reclamam que o excesso de leis ambientais prejudica a

produtividade industrial.

O Canadá está entre os maiores produtores de lixo/per capita no mundo. Os pacientes dos

serviços de saúde geram 11,35 kg de resíduos por dia. Assim, "repensar" o resíduo tem sido uma

preocupação com redução na produção do resíduo, reutilização do lixo e reciclagem dos materiais.

Desse modo, em alguns hospitais canadenses o processo de reeducação dos profissionais, com

formação de comitês multidisciplinares ambientais, fez alterar algumas condutas, como a abolição

das fraldas descartáveis para recém-nascidos e lactentes, assim como as descartáveis de

incontinência para adultos (MACHADO, 1996b). Certamente, esses procedimentos poderiam

acarretar um outro problema que é a geração de efluentes líquidos com alta concentração de

detergentes e desinfetantes.

Os serviços de saúde no Brasil, em especial as Instituições hospitalares em unidades de

internação e ambulatoriais, de um modo geral não foram projetadas com essa finalidade, e passam

por adaptações apresentando, portanto, instalações inadequadas para a realização das atividades a

que se propõem, afirma MACHADO (1996b). O local para o armazenamento dos resíduos, em geral,

é improvisado e não possui caminhos preferenciais para o fluxo coerente na remoção dos resíduos

gerados, nem meios de transporte apropriados. O manejo inadequado desses resíduos pode levar a

situações de degradação ambiental e de agressão a eventuais comunidades que praticam uma

atividade comum nos locais de "depósito de lixo" - os catadores, sendo que os "lixões a céu aberto"

são bastante comuns nas cidades brasileiras, onde são depositados os resíduos domiciliares e os de

serviços de saúde, ampliando o problema do ponto de vista administrativo, ao se considerar áreas

municipais e/ou regionais. Assim, é imprescindível a adoção de procedimentos que visa a controlar a
geração e disposição dos RSS, conclui MACHADO (l996b).

Essa preocupação com os resíduos hospitalares, segundo TAKAYANAQUI (1993) apud

GAUZER (1996), manifesta-se na legislação brasileira, a lei Federal 4320/64, em seu anexo 5,

estabeleceu uma série de serviços que devem ser prestados à comunidade pela prefeitura, descritos

no referido diploma como atividades fins e incluindo: serviços de saúde e serviços urbanos (limpeza

pública, controle de produção e outros). Verifica-se ainda, no artigo 12 da Lei Federal 2312, de 03 de

setembro de 1954, que dispôs sobre normas gerais sobre a defesa e proteção da saúde, que diz: "a

coleta, o transporte e o destino final do lixo deverão processar-se em condições que não tragam

inconvenientes à saúde e ao bem estar público, nos termos da regulamentação baixada", que o país

já demonstrava preocupações com os resíduos sólidos.

Conforme ALVES (2002), a primeira legislação brasileira a abordar Especificamente sobre o

tema RSS foi a Portaria 53 de 01 de março de 1979, do Ministério do Interior, que em seu artigo VI,

determinou que, até agosto de 1991:

• Todos os resíduos sólidos portadores de agentes patogênicos, inclusive os de

estabelecimentos hospitalares e congêneres, assim como alimentos e outros produtos de

consumo humano condenado, deverão ser adequadamente acondicionados e conduzidos em

transporte especial nas condições estabelecidas pelo órgão estadual de controle e poluição e

de preservação ambiental e, em seguida, obrigatoriamente incinerados.

Analogamente aos países europeus e Estados Unidos, em 1991, a Secretaria do Meio Ambiente, da

Presidência da República, propôs que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) proibisse a

incineração do lixo hospitalar, em razão de riscos à saúde humana representados pela emissão de

dioxina.

2.2 Conceitos Gerais

2.2.1 Resíduos Sólidos

A noção de "resíduo" não existe na natureza, declara BIDONE (2001). Esta afirmação é

fundamentada pelos grandes ciclos naturais em que, comumente, o papel do decompositor é

transformar e/ou incorporar completamente as matérias descartadas pelos outros componentes do


sistema, sem alterar o equilíbrio natural. Assim, a noção de resíduo como elemento negativo

causador da degradação da qualidade ambiental, é de origem antrópica e, em geral, aparece quando

a capacidade de absorção natural pelo meio no qual está inserido é ultrapassada.

Com base na origem antrópica do resíduo, este é definido sob diferentes pontos de vista,

notadamente, etimológico, econômico, jurídico, sociológico, técnico, ambiental.

Etimologicamente a palavra resíduo é originária do latim residuum, de residere, que

significa assentado no fundo, segundo BUENO (1988), ou seja, resto, sobra, borra, sedimento, de

onde surge a conotação do termo atual, afirma BIDONE (2001). Já, a palavra lixo, em geral usada

como sinônimo de resíduo sólido pela maioria da população, origina-se do latim lix, que significa

cinza ou lixívia.

No dicionário FERREIRA (on-line - 2000), lixo é: 1. aquilo que se varre da casa, do jardim, da

rua, e se joga fora, entulho; 2. tudo o que não presta e se joga fora; 3. sujidade, sujeira, imundice; 4.

coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. A palavra resíduo significa: 1. aquilo que resta de qualquer

substância, resto; 2. o restante do que sofreu alteração de qualquer agente exterior, por processos

mecânicos, químicos, físicos etc.

Atualmente, o lixo é identificado, por exemplo como basura em espanhol, refuse, solid

waste, garbage na língua inglesa, déchet, em francês e refiuti, spreco sólido, em italiano.

Sob a ótica econômica, resíduo é definido como uma matéria sem valor, isto é, os valores de

uso e de troca são nulos ou negativos para seu detentor ou proprietário.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define-o como "qualquer coisa que o proprietário

não quer mais, em um certo local e em certo momento e que não apresenta valor comercial corrente

ou percebido", afirma BIDONE (2001). Revela, ainda, que para Comunidade Européia (lei 75/442) de

15 de julho de 1975, o resíduo é definido como "toda substância ou todo objeto cujo detentor se

desfaz ou tem a obrigação de se desfazer em virtude de disposições nacionais em vigor". A definição

francesa considera como "todo rejeito de processo de produção, transformação ou utilização, toda

substância, material ou mais geralmente, todo bem móvel abandonado ou que seu detentor destina

ao abandono", pela Lei 75-633 de 15 de julho de 1975, conclui BIDONE (2001).

A noção de resíduo deve ser considerada relativa tanto no tempo quanto no espaço: um

valor de uso ou utilidade nulo para um detentor pode corresponder a um valor de uso positivo para

outro. Assim, o status de resíduo é, portanto provisório, transitório, sendo dependente dos estados da
economia, da tecnologia e da informação. Porém, além das circunstâncias econômicas ou

tecnológicas do momento, o futuro do resíduo, seu abandono ou sua conservação pelo detentor, é

fortemente condicionado pelo contexto sociológico e psicológico, fatores que também evoluem no

tempo e no espaço.

A definição oficial de resíduos sólidos no Brasil adotada pela Norma Brasileira NBR - 10.004

- "Resíduos sólidos: classificação" (ABNT - 1987) é:

Aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da

comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes dos sistemas de tratamento da água, aqueles

gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos

cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de

água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

possível (CONAMA, Resolução 5/1993).

Esta definição segundo TEIXEIRA et aI. (1999), é muito ampla e equivoca-se ao incluir

líquidos como resíduos sólidos. A norma poderia incluir os líquidos juntamente com os resíduos

sólidos para efeitos de tratamento e disposição, mas não simplesmente defini-los como resíduos

sólidos.

No entanto, a Lei japonesa 137, de 1970, sobre disposição de resíduos sólidos e limpeza

pública, tem um conceito de resíduo sólido mais amplo, abrangendo, segundo MACHADO (1996a),

refugo de pequeno e grande porte, cinza, lama, excreções humanas, resíduos de óleo, resíduos

alcalinos e ácidos, carcaças e outras asquerosas e desnecessárias matérias as quais estejam no

estado sólido ou líquido (excluindo os resíduos radioativos ou aqueles que poluem pela

radioatividade dos resíduos).

Sob a ótica técnica, SALVATO (1982) apud BARROS JUNIOR (2002) define resíduo sólido

como qualquer rejeito, lixo, lodos de estações de tratamento de esgoto, de tratamento de água ou

equipamentos de controle de poluição, e outros materiais descartados, incluindo sólidos-líquidos,

semi-sólidos ou contendo gases resultantes de atividades industriais, comerciais, mineração, agrícola

e da comunidade, mas não inclui sólidos dissolvidos nos esgotos domésticos ou sólidos dissolvidos

em água de escorrimento pela irrigação ou por descargas industriais.

Segundo BAILIE et aI. (2000), o resíduo sólido é entendido como todo material sólido putrescível,
combustível, não-combustível, rejeitado pelas atividades industrial, comercial, agrícola e da

comunidade; aí não estão incluídos os materiais sólidos dissolvidos nos esgotos domésticos ou em

resíduos industriais aquosos e nem as emissões atmosféricas.

Sob a ótica gerencial, no capítulo 21 da AGENDA 21 (1992), os resíduos sólidos compreendem todos

os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o

lixo da rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão dos resíduos sólidos

também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores,

sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto.

Uma vez apresentadas as definições de resíduo sólido sob inúmeras óticas, pode-se entender,

simplificadamente, que o resíduo é todo material ou resto deste cujo proprietário ou produtor não mais

o considera com valor suficiente para conservá-lo.

2.2.2 Serviços de Saúde e estabelecimentos geradores de resíduos

MACHADO (1996b) define Serviços de Saúde como

todo aquele serviço que presta assistência médica ou paramédica e de apoio de nível

primário a terciário, aberto ou fechado, aos componentes da comunidade onde está inserido. Incluem-

se hospitais, ambulatórios, farmácias, laboratórios, serviços odontológicos e outros similares.

Esclarece, ainda, que especialmente o hospital é a parte integrante de um sistema coordenado de

saúde, cuja função é dispensar à comunidade uma assistência médica completa, preventiva e

curativa, incluindo serviços à família, em seu domicílio, e ainda um centro de treinamento médico e

paramédico e de pesquisa social.

Para o Centro Pan-Americano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente (CEPIS-1997), os

Serviço de Saúde compreendem hospital, sanatório, clínica, centro clínica, centro médico,

maternidade, sala de primeiros e todos estabelecimento onde se pratica atendimento humano ou

animal, em qualquer nível, com fins de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, inclusive os

estabelecimentos onde são realizadas pesquisas.

O conceito acima é também compartilhado por MONGE (1997), que afirma ainda, que os

serviços de saúde são encarregados de reduzir e prevenir os problemas de saúde da população.


Assim, baseando-se nos conceitos abordados acima, constituem-se como estabelecimentos

geradores de resíduos, todos aqueles relacionados às atividades e ramos de serviços de saúde,

incluido-se além dos hospitais, clínicas, ambulatórios de indústrias, instituições de ensino e pesquisas

médicas entre outros.

Efetuando-se uma análise extremista, afirma AKUTSU (1992), que além desses

estabelecimentos de saúdes, obviamente as residências em maior ou menor grau e de forma

contínua, apresentam-se ou constituem-se também como, fontes geradoras desses tipos de resíduos,

incluindo-se curativos, remédios vencidos, absorventes higiênicos, seringas descartáveis,

anticoncepcionais etc.

Residuos Sólidos de Serviços de Saúde

BERTUSSI FILHO (1997) apud BIDONE (2001) faz uma descrição completa, ampla e específica de

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSSS), definindo-os como todos aqueles gerados por

portadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica, instituição de ensino e

pesquisas médicas, relacionado tanto à população humana quanto veterinária que, possuindo

potencial de risco, em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção,

produtos químico perigosos, objeto perfurocortantes efetiva ou potencialmente contaminados, e

mesmo rejeitos radiotivos, requerem cuidados específicos de acondicionamento, transporte,

armazenamento, coleta, tratamento e disposição final.

Definição mais simplificadas são utilizadas tais como produto residual não utilizável resultante

de diversos procedimentos médico-hospitalares, afirma MOREIRA (1986) apud MACHADO (1996b).

Por sua vez, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) por meio da Resolução nº. 283/2001

define Resíduos de Serviços de Saúde como:

a) aqueles provenientes de qualquer unidade que executa atividades de natureza

médico-assistencial humana ou animal;

b) aqueles provenientes de centros de pesquisa, desenvolvime ou experimentação

na ária de farmacologia e saúde;

c) medicamentos e imunoterápicos vencidos ou deteriorados;

d) aqueleprovenientes de necrotérios, funerárias e serviços de medicina legal;


e) aqueles provenientes de barreiras sanitárias.

Segundo AKUTSU (1992), diversas são as denominadoções para os resíduos provenientes

de serviço de saúde, podendo-se citar como exemplos principais: lixo hospitalares, resíduos sólidos

hospitalares, lixo sépticos, resíduos sépticos hospitalares, res´duos hospitalares e a designação

estende, também a resíduos clínicos, resíduos médicos e resíduos infecciosos ou infectantes.

Segundo MATTOSO (1996), os ternos lixo hospitalar ou resíduos hospitalar nos remetem à

idéia de lixo altemente contaminado principalmente sobre o ponto de vista microbiológico. Entretanto,

um hospital não gera apenas este tipo de resíduos, mas resíduos químicos constituídos de

medicamentos vencidos, drogas quimioterápicas etc., resíduos radioativo, como também resíduos

provenientes das áreas administrativas do hospital. Provavelmente, o uso freqüente da terminologia

lixo hospitalar ou resíduos hospitalar deve-se ao fato dos hospitais serem os geradores maciços

desse tipo de resíduos. Cita, ainda, a autora que convém lembrar a existência de outros

estabelecimentos de saúde e deassistência sanitária tais como farmácias, ambulatórios, laboratórios

de análise clínicas, consultórios médicos edentários, clínicas veterinárias,bancos de sangue, centros

de saúde etc., que também geram estes tipos de resíduos em menor quantidade que os hospitais

considera isoladamebte. Portanto, os ternos lixo hospitalar e resíduos hospitalar são impróprios

porque por um lado superestima a gerção de resíduos patogênicos por um hospital, e por outro lado

não inclui outros estabelecimentos de menor porte gerador deste tipo de resíduo, conclui MATTOSO

(1996).

Os ternos Resíduos Hospitalar refere-se a res´duos sólido biológico ou não biológico

produzido em ambiente hospitalar, que é descartado e não utilizado na atividade fim, podendo ser

administrativo, resíduos resultante de dietas e resíduos médicos propriamente dito. O terno Resíduos

Médico refere-se a todo material gerado como resultado de diagnóstico, tratamento ou imunização de

pacientes, podendo ser tecidos sujos ou tubos intravenosos ou mesmo material potencialmente

reaproveitável. O terno Resíduo Infeccioso destina-se a uma porção do resíduo médico que poderia

transmitir doença infecciosa, constituindo-se por exemplo, em resíduos microbiológicos ou agulhas

descartáveis e outros riscos similares.

MACHADO (1996b) cita que em pssado bastante recente tentava-se classificar os resíduos

levando em conta as áreas que produziam (críticas, semicríticas e não-críticas). No entanto, a

tendência atual é de classificar os resíduos de acordo com a natureza.


O lixo hospitalar teve sua terminologia modificada pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) em 1987, passando a denominar-se Resíduos de Serviço de Saúde (RSS), afirma

TAKAYNAGUI (1996).

A “Environmental Protection Agency” (EPA), dos Estados Unidos, segundos MACHADO

(1996b), define Resíduos Infeccioso como qualquer resíduos que possa ter a capacidade de produzir

uma doença infecciosa. Este é causda por um resíduos infeccioso, entretanto, o susceptível deve ser

exposto ao agente patógeno com virulência e quantidades para causar a doença.

No manual de “Gestão dos Resíduos Hospitalares”, BRION (2002) arfima que um Resíduos

Infcciosa, requerendo para tal a existência de certos fatores necessários para a indução da

enfermidade:

presença de um agente patógeno com suficiente virulência;

porta de entrada;

defesa ou resustência desenvolvda por do hóspede afetado

Cita o mesmo autor que há quatro viaspossíveis de transmissão de enfermidade infecciosas: através

da pele (por feridas, cortes), das membramas mucosas, por inalação (de aerossóis ou pós-

contaminados por micróbios, porém contestado por outros autores) e

SEGUNDA PARTE DO CARLOS


RESIDUOS SOLIDOS DE SERVICOS DE SAUDE

A exemplo dos resíduos domiciliares, nos estabelecimentos prestadores de serviços de saude

também observamos uma geração continua e inesgotável destes resíduos, em conseqüência da

atividade humana. O problema do lixo hospitalar é um assunto polemico e de difícil dimensionamento

no nosso país. O país produz atualmente, cerca de 90.000 toneladas/dia de lixo, cuja destinação final

é a mais diversa sendo, na maioria das vezes, 80 a 90% deste percentual lançado a céu aberto, nos

conhecidos lixões.

Os resíduos sólidos hospitalares, apesar de representar uma pequena parcela do total de resíduos

sólidos produzidos por uma comunidade, são particularmente importantes tanto para a segurança dos

hospitais, para a saúde publica quanto para a qualidade do meio ambiente. A manipulação adequada,

classificação e disposição final são operações de extrema importância, favorecendo assim a

segurança dos hospitais e da comunidade. Os resíduos sólidos hospitalares são produzidos por

diversas fontes geradoras, apresentando diversidade em suas características e passiveis de

classificação em diversas categorias (NBR 12808/93).

Do ponto de vista da defesa do meio ambiente, alertamos para a possibilidade de poluição do ar

durante a incineração dos resíduos e a contaminação das águas resultantes do lançamento de

determinados tipos de resíduos hospitalares nas redes publicas de esgoto. Os resíduos hospitalares,

sempre constituíram uma fonte especial de disseminação de doenças na população, devido a

presença de organismos patogênicos.

Segundo pesquisa realizada pelo CETESB em diversos hospitais de São Paulo, são as seguintes as

porcentagens, em peso, das diversas unidades de um hospital, sobre o total de resíduos produzidos.

Porcentagem em peso das diversas unidades de um hospital, sobre o total de resíduos

produzidos:
COZINHA 50%
ENFERMARIA 15%
MATERNIDADE 10%
ORTOPEDIA 9%
CENTRO-CIRURGICO 7%
ESCRITORIO 5%
OUTROS 4%
CARACTERIZACAO FISICO-QUIMICA DOS RESIDUOS HOSPITALARES

Umidade – o teor de umidade de resíduos sólidos decorre da quantidade de matéria orgânica

presente, com valor médio situado na faixa de 50 a 60%. Os maiores valores do teor de umidade dos

resíduos hospitalares são encontrados nos resíduos de Maternidade e Centro-cirugico, como

placenta, sangue e tecidos humanos.

A importância do teor de umidade esta relacionada com o destino final dos resíduos. Por exemplo, na

incineração de resíduos as variações de umidade podem alterar determinados fatores operacionais.

Teor de Carbono – relaciona-se com o poder calorífico e dos sólidos voláteis, indicando ainda, o teor

de matéria orgânica presente nos resíduos.

No processo de incineração e decomposição biológica, a eficácia esta relacionada com o teor de

carbono dos resíduos.

Os maiores valores do teor de carbono são os encontrados nos resíduos oriundos da maternidade,

ficando os demais resíduos hospitalares com teores semelhantes aos resíduos domésticos, situando-

se na faixa de 30%.

Teor de hidrogênio – o teor de hidrogênio dos resíduos hospitalares, se aproxima dos teores

encontrados nos resíduos domésticos (Faixa 2,5 a 5%). Este valor se relaciona também com o teor

da matéria orgânica, indicando parcialmente, a quantidade de material plástico presente nos resíduos.

Teor de Enxofre – o enxofre presente nos resíduos, transforma-se em dióxido de enxofre quando

incinerado, gerando grave problema de poluição no ar. Do ponto de vista de proteção ambiental, não

se deve admititr valores acima de 2% de enxofre nos resíduos. Em relação aos resíduos hospitalares,

os valores encontrados ficaram na faixa de 0 a 0,5% com exceção dos provenientes da ortopedia,

com valores na ordem de 1,4%, provavelmente, pela presença de gesso, rico em sulfato.

Sólidos Voláteis – o teor de sólidos voláteis, indica a porcentagem em peso dos resíduos, podendo

ser volatilizada durante a incineração.


Assim, para os resíduos hospitalares, poder-se-ia esperar uma redução da ordem de 92% em peso,

após a incineração.

Poder calorífico – estes dados são importantes para o projeto e operação de incineradores de

resíduos sólidos, especialmente, os mais modernos, visando tambe a recuperação do calor gerado

durante a incineração dos resíduos.

Cloro e cloretos – do ponto de vista de poluição do ar e proteção do equipamento contra a corrosão,

são importantes por permitir o conhecimento da quantidade de acido clorídrico expelida pelas

chaminés dos incineradores.

Caracterização Bacteriológica e Virologica dos resíduos Sólidos Hospitalares – a presencao de

bactérias patogênicas e vírus nos resíduos sólidos hospitalares, foi evidenciada por estudos

atribuindo-se a estes organismos, importância significativa nos processos de infecções hospitalares.

A associação dos resíduos hospitalares com o meio ambiente, pode propriciar condições favoraves

de disseminação de doenças como: Salmonelose, Tuberculose, Desinteria, Febre Tifóide, Infecção do

Trato Urinário, Hepatite, Difteria e outras.

O contato com os microorganismos presentes nos resíduos, pode ser feito pelo manuseio direto dos

resíduos, de algum objeto contaminado e disseminação destes microorganismos no ar.

Característica microbiológicas

As característica microbiológicas referem-se a microganismo que podem se encontrados nos

resíduos de serviços de saúde. O conhecimento deste microrganismo é importante porque possibilita

a avaliação de tais resíduos, reúnem imformação e dados gerais sobre o tema como forma de

conhecimento do prpblema, além de ensejar um gerenciamento eficiente oferecento subsídios para a

redução do risco potencial à saúde pública.

SILVA (1995) apud ANDRADE (1997) diz que “não foram encotrados na literatura ensaios

que determinem, o grau de contaminação que um resíduo deva apresentar para ser considerado

infeccioso, nem quais seriam os microrganismos mais recomendados para indicadores”. Porém,
BIDONE (2001) arfirma que são diversos os microrganismos que podem ser encontrados nos

resíduos de serviços de saúde, alguns responsáveis pela infcção em pessoas que entrem em

contado com os mesmo. Destacam-se enterobactérias, como, Salmonella, Shigella spp., Vbrio

cholerae, helmintos, Mycobacterium tuberculosis, streptococcus pneumoniae, vírus da herpes,

Neisseria gonorrhoeae, Bacillus anthracis, vírusda imunodeficiência humana, Staphylococcus spp.,

Staphyococcus aureus, Enterococcus, Klebsiella, Cândida albicans e o viruos da hepatites A, B e C.

Os microrganismos acima enumerados, argumentos BIDONE (2001), são aqueles

classificados, pela Resolução CONAMA nº.93, como “infectates cujo potencial de risco está

associado à presença de agentes biológico” . Dentre estes microrganismos, Escherichia coli,

Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aerus são de grande interesses médico-sanitário, por

serem os grandes causadores de infecção hospitalar, além de serem os mais comumente em

análises microrganismos dos resíduos de serviços de saúde.

A Escherichia coli é um habitat normal da microbiota endógena dos seres humanos, com

algumas variedades causadoras de diarréias, além de infecções urinárias, bacteremias, meningites

em recém-nacidos, entre outras, afirma BIDONE (2001).

A temperatura variando de 30 a 37º C é considerado ótima para o seu crescimento e segundo

TODAR (2001), o pH ótimo varia entre 6,0 e 7,0 sendo 4,4 e 9,0 os valores mínimo e máximo,

respectivamente, para o crescimento ideal.

TRABULSI & SOUZA (2002) citam seis categorias das espécies que causam infecção

intestinais: E. coli enteroinvasora, E. coli enterotoxigênica, E. coli entroptogênica, E. coli

entero-hemorrágica , E. entroagregativa e E. coli que arere difusamente. Provavelmente, a

Escherichia coli é a bactéria mais versátil em termos de patogenicidade e segundo PELCZAR et al.

(1981), está presente (mais de 90%) em coliformes fecais.

As Pseudomonas aeruginosa são bactérias cosmopolista, constituintes de uma das poucas

espécies de bactérias causadoras de infecção nosocomial que não pertencem à microbiota humana

de pessoas sadias. Segundo TODAR (1998), apesar da colonização preceder a infecção por

Pseudomonas aeruginosa, sua fonte de transmissão não está clara.

Segundo os relatos da MATTOSO (1996), a bactéria pode causar “infecções urinárias associada ao

uso de cateteres, infecções respiratórias como pneumonias em pacientes que usam respiradores

artificias contaminados, otites etc. Pode causar ainda meningite, após punções lombares e
endocardites após cirugias cardíacas.” Nos hospitais, os reservatórios de pseudomonas aeruginosa

são desinfetantes, respiradores, alimentos, água etc. E a bactéria é introduzida no hospital tanto

através de portadores, como de frutas e vegetais conforme afirma BIDONE (2001) .

Em relação aos vírus pouco se “conhece sobre suas resistências nos resíduos de serviços de saúde,

pois o trabalho de indentificação deste microrganismos apresenta inúmeras dificudades pelas

seguintes razões: presente de desinfetantes nos resíduos, teor de umidade, pH e natureza do

coteúdo dos resíduos”, afirma SAITO et al. (1983) apud ANDRADE(1997).

CLASSIFICACAO DO RESIDUO HOSPITALAR

A classificacao RSS (Resíduos de Serviços de Saúde) objetiva destacar a composição desses

resíduos segundo as suas características biológicas, físicas, químicas, estado da materia e origem,

para o seu manejo seguro.

Uma classificação adequada dos resíduos gerados em estabelecimento de saúde permite que seu

manuseio seja eficiente, econômico e seguro. A classificação facilita uma segregação apropriada dos

resíduos, reduzindo assim riscos sanitários e gastos desnecessários no seu manuseio, já que os

sistemas mais seguros e dispendiosos se destinarão apenas à fração de resíduos que os requeiram e

não para todos.

A classificação abaixo adotada é baseada na Resolução CONAMA nº 5, de agosto de 1993,

Resolução CONAMA 283, de julho de 2001, na NBR-10004 da ABNT – Resíduos Sólidos –

Classificação, de setembro de 1987 e na NBR – 12808 da ABNT, de janeiro de 1993, e de outros

estudos e documentos pertinentes.

GRUPO A (potencialmente infectantes)

Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas catacteristicas de maior

virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

• Culturas e estoques de agentes infecciosos de laboratórios industriais e de pesquisa;

resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados, descarte de


vacinas de microorganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados

para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de engenharia

genética.

• Bolsas contendo sangue ou hemocomponentes com volume residual superior a 50ml; kits de

aférese.

• Peças anatômicas (tecidos, membros e órgãos) do ser humano, que não tenham mais valor

cientifico ou legal, e/ou quando não houver requisição previa pelo cliente ou seus familiares.

• Produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura

menor que 25 centimetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham

mais valor cientifico ou legal, e/ou quando não houver requisição previa pela família.

• Carcaças, pecas anatômicas e vísceras de animais – provenientes de estabelecimentos de

tratamento de saúde anima, de universidades, de centros de experimentação, de unidades de

controle de zoonoses e de outros similares, assim como camas desses animais e suas

forrações.

• Todos os resíduos provenientes de cliente que contenham ou sejam suspeitos de conter

agentes que apresentem relevância epidemiolgica e risco de disseminação, como: kits de

linhas arteriais endovenosas e dialisadores quando descartados, e ainda filtros de ar e gases

oriundos de áreas criticas, conforme ANVISA RDC 50/2002.

• Órgãos, tecidos e fluidos orgânicos com suspeita de contaminação e resíduos sólidos

resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais com suspeita de contaminação com

proteína prionica (materiais e instrumentais descartáveis e indumentária que tiveram contato

com os agentes acima identificados).

Obs: cadáveres com suspeita de contaminação com proteína prionica não são considerados

resíduos.

GRUPO B (químicos)

Resíduos contendo substancias químicas que apresentam risco à saúde publica ou ao meio

ambiente, independente de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e

toxicidade.
Resíduos dos medicamentos ou dos insumos farmacêuticos quando vencidos, contaminados,

apreendidos para descarte, parcialmente utlizados e demais medicamentos impróprios para consumo.

Divididos em:

Os que oferecem risco:

• Produtos hormonais de uso sistêmico.

• Produtos hormonais de uso tópico, quando descartados por serviços de saúde, farmácias,

drogarias e distribuidores de medicamentos.

• Produtos antibacterianos de uso sistêmico.

• Produtos antibacterianos de uso tópico, quando descartados por serviços de saúde,

farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos.

• Medicamentos citostáticos, antineoplasicos, digitalicos, imunossupressores,

imunomoduladores e anti-retrovirais.

Os que não oferecem risco:

• Todos os medicamentos não classificados acima, os antibacterianos e hormônios para uso

tópico, quando descartados individualmente pelo usuário domiciliar.

• Os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS

344/98 e suas atualizações.

• Desinfetantes e desinfectantes.

• Substancias para revelação de filmes usados em raios X.

• Resíduos contendo metais pesados.

• Reagentes para laboratório, isolados ou em conjunto e outros resíduos contaminados com

substancias químicas perigosas.

GRUPO C (rejeitos radioativos)

São considerados rejeitos radioativos quaiquer materiais resultantes de atividades humanas que

contenham radionuclideos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na norma


Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) 6.02 “Licenciamento de Instalações Radioativas”, e,

para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

• Resíduos contaminados com radionuclideos. As fontes seladas não podem ser descartadas,

devendo a sua destinação final seguir orientações especificas da CNEN.

GRUPO D (resíduos comuns)

São todos os resíduos gerados nos serviços abrangidos por esta resolução que, por suas

características, não necessitam de processos diferenciados relacionados ao acondicionamento,

identificação e tratamento, devendo ser considerados como resíduos solidos urbanos (RSU).

• Espécimes de laboratoro de analises clinicas e de patologia clinica, quando não enquadrados

na classificação do grupo A.

• Gesso, luvas, esparadrapos, algodoes, gazes, compressas, equipos de soros e outros

similares, que tenham tido contato ou não com sangue, com tecidos ou com fluidos

orgânicos, com exceção dos enquadrados na classificação grupo A.

• Bolsas transfundidas vazias ou que contenham menos de 50ml de produto residual (sangue

ou hemoderivados).

• Sobras de alimentos não enquadrados na classificação do grupo A.

• Resíduos provenientes das áreas administrativas e resíduos de varrição, flores, podas e

jardins.

• Materiais passiveis de reciclagem e embalagens em geral.

• Cadáveres de animais, assim como camas desses animais e suas forrações.

Obs: cadáveres de animais errantes ou domésticos não são considerados RSS. A destinação final

destes deve ser feita de acordo com as normas municipais ou do Distrito Federal.

GRUPO E (perfurocortantes)

São os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas,

capazes de cortar ou perfurar.


• Laminas de barbear, bisturis, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, laminas e outros

provenientes de serviços de saúde.

• Bolsas de coleta incompletas descartadas no local da coleta, quando acompanhadas de

agulha e independente do volume coletado.

UNIDADES GERADORAS DE RESIDUOS

Resíduos da preparação e serviços de alimento – resíduos da conzinha e refeitório de funcionários,

visitantes e doentes não contagiosos, devem ter sua coleta e disposição com as características dos

resíduos domésticos.

Resíduos procedentes do serviço e consumo de alimentos de doentes contagiosos, terão sua coleta e

disposição com as seguintes precauções:

I – lavagem e esterilização em áreas e equipamentos independentes dos demais serviços;

II – remoção dos resíduos dos utensílios em depósitos específicos e armazenamento em locais

apropriados;

III – lavagem dos utensílios com água e temperatura mínima de 75ºC; e

IV – esterilização dos resíduos, quando o serviço de disposição final não for apropriado para este tipo

de resíduo.

Resíduos de escritório – podem ser manejados sem perigo. Recomenda-se uma coleta separada

para evitar o transporte especial.

Resíduos de obstetrícia – constituem-se de: gaze, algodão, placenta, seringas, ampolas, absorventes

femininos, bolsas de lavagem intestinal e outros.

Estes resíduos constituem ou estão impregnados de substancias rapidamente putrescíveis, devendo

ser manejados e removidos de forma rápida e eficiente.

Requisitos mínimos recomendados para o manejo destes resíduos:

• os resíduos devem ser depositados, imediatamente, depois de serem produzidos, em

recipientes ou bolsas impermeáveis e descartáveis;


• os recipientes com estes resíduos não devem ser armazenados nas áreas de tratamento e

imediatamente encaminhados para incineração ou deposição em local apropriado, antes da

disposição final sanitária.

Resíduos provenientes do centro-cirurgico – são semelhantes aos da obstetrícia, seguindo idênticas

recomendações.

Resíduos produzidos em laboratrios de analises clinicas e departamento de anatomia patológica –

recomenda-se os mesmo procedimentos dos itens III e IV acima enumerados e alguns especiais.

Amostra de tecidos infectados – em geral a quantidade é muito pequena, recomendando-se sua

esterilização ou incineração no próprio laboratório.

Resíduos de necropsia ou cobaias – procede-se como na forma anterior.

Resíduos produzidos em quartos e enfermarias de doentes contagiosos – sem o manejo e

disposição, devem seguir a mesma orientação dos resíduos de alimentos correspondentes a resíduos

de laboratórios.

Resíduos produzidos em áreas de entrada, visita, circulação e deposito de materiais – constituem-se

de papeis, papelão, garrafas, flores, plantas e outros.

Em termos gerais, estes resíduos podem ser manejados, conjuntamente, com os resíduos de cozinha

em geral e escritórios.

Os procedentes das áreas de recuperação ou de doentes não contagiosos podem ser enquadrados

na mesma categoria.

Resíduos provenientes da radiologia e radioterapia – são constituídos por curativos, placas, material

radioativo, frascos, papel e papelão.

I – Material Radioativo: deve ser manejado por pessoa habilitada. Não deve ser depositado com os

demais ou no sistema de esgotamento sanitário. Acondicionado em concreto blindado.


II – Placas Radiográficas e Soluções para Revelação: não devem ser incinerados, pois causam

problemas ao equipamento e a quantidade de prata a ser removida é de grande valor.

LEGISLAÇÃO

A legislação pertinente aos Resíduos de Serviço de Saúde, tanto a nível Federal, quanto Estadual, e

também as Normas Técnicas da ABNT estão relacionadas no anexo 1 deste trabalho.


Gerenciamento de Rsíduos de Serviços de Saúde

Os Resíduos de Serviços de Saúde representam uma parcela significativa de todos os resíduos

urbanos gerados diariamente por uma cidade. A problemática desses resíduos discutida até aqui

evidencia que necessita de um manejo adequado e um sistema de gerenciamento compatível com os

resíduos gerados num estabelecimento de saúde. Segundo a RDC 33/2003-ANVISA, o gerencimento

dos Resíduos de Serviços de Saúde constitui-se em conjunto de procedimento de gestão,

planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais com o

objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um

encaminhomento seguro, de forma eficiente. O gerenciamento deve abranger o planejamento de

recursos físico, recursos materias e a capacitação de recurso humanos envolvidos no manejo dos

RSS.

Assim, um bom gereciamento de RSS passa por:

identificar e classificar todos os tipos de resíduos por fonte geradora ou setores e serviço

envolvidos;

prevenir e minimizar a produção de resíduos, principalmente os considerados perigosos;

implementar procedimentos de triagem, acondicionamento seguro e transporte de resíduos no

interior dos estabelecimentos de serviços de saúde;

encaminhar os resíduos para valorização (reutilização e reciclagem) sempre que possível;

providenciar que o manuseio, coleta e tratamento sejam efetuados apemas por pessoas devidamente

preparadas.

A história do gerenciamento de resíduos nos remete há muito tempo, às epidemias de

cólera na grande maioria das cidades européias em meados do século XIX. Sistemas municipais

formais de gerenciamento de resíduos foram introdualizados primeiramente por razões de saúde

pública, sendo que a prioridadeera tirar os lixo “debaixodospés”.

A gestão de resíduos evoluiu rapidamente a partir deste ponto inicial há aproximadamente

30 anos. O primeiro estágio focou na redução do impacto ambiental nas práticas de disposição

existentes. A parti dos meados dos anos 80, o passo inicial para se reduzir o impacto ambiental foi

gradativamente cedendo espaços a um segundo estágio, que focalizava no aprimramente dos

padrões técnos para o tratamento e disposição, denominada de “melhoria técnica” (WILSON,2000).


Neste ponto, segundo o mesmo autor, foi introduzido pela primeira vez a hierarquia no

gerenciamento de resíduos no 2º. Programa Ambiental da União Européia de 1977-1981. A opção

mais desejada é a de evitar a geração de resíduos em primeiro lugar, porém se o lixo já foi gerado,

então a sua qualidade poderia ser minimizada, pela reciclagem ou reutilização dos materiais. A

seguir vem o tratamento para recuperar a energia ou para reduzir o volume ou grau de periculosidade

do restante dos resíduos, visando a disposição final

O terceiro éstagio no desenvolvimento do gerenciamento de resíduos nos últimos 30 anos, é

o da integração das medidas políticas com o controle técnico, em que vários instrumentos de política

para promover a prevenção de resíduos e a reciclagem surgem de diversas formas e podem ser

classificados de inúmeras maneiras, conforme afrma WILSON(2000).

O último éstagio denominado de “foco na prevenção”, incluiu objetivos impositivos a fim de

forçar o movimento para o tratamento dos resíduos e aparece o principal intrumento denominado de

“responsabilidade do produtor”.

Este modelo de gerenciamento formulou na chamada Escola Clássica de Administração, segundo

ANDRADE (1997), tem sido cada vez mais considerado porque possibilita a preservação dos

recursos naturais, economia dos insumos e energia, reduzindo a poluição ambiental, traduzino-se,

portanto, em avanço e racionalidade. Também é oportuno compreender que, oconceito de

gerenciamento pressupõe uma ação conjunta envolvendo responsabilidade dos estabelecimentos

geradores de resíduos,da sociedade e do poder público, afirma WILSON (2000).

Hoje no mundo, segundo REGO (1994) apud GAUZER(1996), são praticados planos de gestão de

resíduos sólidos do topo clássico e dotipo gestão avançada, cujos critérios são:

Gestão Clássica: a totalidade dos RSS é considerado especial (resíduos de pacientes com infecções

virulentas, de pacientes com transmissão fecal-oral, resíduos perfurocortantes, cultivo, reservas de

agentes infcciosos, de animais infecciosos, sangue humano e resíduos anatômicos), e é adotado nos

países como França, Bélgica e Reino unido. No caso do Brasil, que adota a gestão clássica, a

totalidade dos RSS é considerada como infectante e como especiais.

Gestão Avançada: somente uma pequena parcela dos RSS é considerada infectante e/ou especial,

sendo adotada na Alemanha, Holanda, Canadá, Àutralia, Suécia.


PGRSS

O que é o PGRSS?

Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviços de Saúde – PGRSS

Documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas

suas características, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à

geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição

final, bem como à proteção da saúde publica.

É um dos documentos integrantes no processo de licenciamento junto ao órgão ambiental.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde – PGRSS deve mostrar um novo

paradigma na cultura do tratamento do resíduo, objetivando promover o bem estar do profissional de

saúde no seu ambiente de trabalho, bem como da comunidade em geral.

O gerenciamento dos RSS implica em cuidados devido à contaminação biológica, química e

radioativa de parte desses resíduos, fazendo-se necessários a segregação e o acondicionamento na

fonte e no momento de sua geração.

Os benefícios que trará à saúde pública e ao meio ambiente valerá todo o empenho para a

implantação de um plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde.

Partindo do princípio que só uma pequena parte dos resíduos derivados da atenção à saúde

necessita de cuidados especiais, uma adequada segregação diminui significativamente a quantidade

de RSS contaminados, impedindo a contaminação da massa total dos resíduos gerados e impedindo

que ocorram fatos tipificados como crimes ambientais.

Cada estabelecimento de saúde, de acordo com sua dimensão e complexidade, está organizado em

diferentes serviços para desenvolver as atividades específicas, que geram diferentes quantidades e

tipos de resíduos.

De acordo com estudos realizados na América Central, a quantidade de resíduos que merece

atenção especial representa aproximadamente 40% do total dos RSS gerados. Conclui-se então que

a maioria dos RSS gerados não representa maior risco para a saúde do que os resíduos domésticos.

O gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil ainda é falho, com grandes deficiências nos aspectos

de tratamento e disposição final. Isso tem acarretado riscos ambientais e de saúde consideráveis.

Pelo tamanho do problema, pode-se prever que as soluções devam ser graduais. Dessa forma, é
importante que qualquer solução de gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde – RSS –

procure apresentar propostas que melhorem a situação na localidade geradora dos resíduos de forma

integrada. O Sistema Único de Saúde – SUS tem gasto uma quantia considerável com doenças de

possível erradicação, provenientes do gerenciamento inadequado de resíduos, e com aquelas

causadas pela contaminação ambiental.

Ademais, mudanças nos hábitos que procurem reduzir ou minimizar a geração de resíduos têm um

impacto muito positivo no gerenciamento. Dessa forma, deve-se procurar adequar produtos,

equipamentos e procedimentos visando o controle de emissão de resíduos. Além disso, a segregação

de materiais dos resíduos sólidos comuns tem como objetivo principal à reciclagem de seus

componentes.

Outro aspecto que deve ser considerado é a complexidade e a diversidade dentro do sistema de

gerenciamento dos RSS. Primeiramente identificam-se duas situações distintas: o manejo interno –

dentro da unidade geradora, e o externo – coleta, transporte externo e disposição final que

apresentam perfis epidemiológicos e de manejo diferentes, merecendo uma análise em separado.

O risco ocupacional existente no manejo interno do RSS é mais fácil de ser identificado. O nexo

causal entre a fonte geradora e o agravo ao trabalhador é mais fácil de ser determinado

metodologicamente, sendo possível realizar uma avaliação dos riscos do manejo inadequado do RSS

e sua conexão com os problemas de saúde detectados.

Atualmente, e em poucas localidades brasileiras, o transporte entre as unidades hospitalares e a

estação de tratamento é realizado por veículos apropriados e por pessoal treinado e com

equipamentos adequados. Tal desejável procedimento, no entanto, não faz parte da práxis dos

demais estabelecimentos de saúde no Brasil que gerenciam RSS.

De quem é a responsabilidade do gerenciamento dos resíduos gerados em um estabelecimento de

saúde ate a sua disposição final?

Cabe aos geradores de resíduos de serviço de saúde e ao responsável legal, o gerenciamento dos

resíduos desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de

saúde publica e ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de todos aqueles, pessoas

físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, causem ou possam causar degradação ambiental, em
especial os transportadores e operadores das instalações de tratamento e disposição final, nor termos

da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Todos os profissionais que trabalham no estabelecimento devem conhecer o PGRSS?

Sim, mesmo os que atuam temporariamente, ou não estejam diretamente envolvidos nas atividades

de gerenciamento de resíduos, devem conhecer o sistema adotado para o gerenciamento de RSS, a

prática de segregação de resíduos, reconhecer os símbolo, expressões, padrões de cores adotados,

conhecer a localização dos abrigos de resíduos, entre outros fatores indispensáveis à completa

integração ao PGRSS.

Quais os objetivos do gerenciamento do PGRSS?

• Proteger a saúde humana e a ambiental;

• Preservar os recursos naturais;

• Incentivar a produção mais limpa.

Quais os princípios do gerenciamento dos RSS?

• Prevenção

• Precaução

• Poluidor pagador;

• Desenvolvimento sustentável

• Responsabilidade solidária;

• Responsabilidade sócio-ambiental.

Quais as regras do gerenciamento do RSS?

• Prevenção: não geração, redução e minimização;

• Reaproveitamento: reuso, reciclagem e recuperação;

• Destruição ambientalmente segura: tratamento prévio e disposição final.


Quem devera apresentar o PGRSS?

Todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços

de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;

necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamento (tanatopraxia e

somatoconservacao); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;

estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde; centros de controle de zoonoses;

distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e

controles para diagnostico in vitro; unidades moveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura;

serviços de tatuagem, entre outros similares.

Quais as responsabilidades dos prestadores de serviços geradores de RSS?

Compete aos serviços geradores de RSS:

• Elaborar o PGRSS;

• Designar profissional para elaboração do PGRSS;

• Designar responsável pela execução do PGRSS;

• Capacitação Recursos Humanos;

• Exigir capacitação e treinamento em terceirização;

• Requerer licença ambiental de empresas prestadoras de serviço de tratamento de resíduos;

• Requerer aos órgãos públicos responsabeis pela coleta, transporte, tratamento ou disposição

final de RSS documentação de conformidade com as normas ambientais locais;

• Manter registro dos resíduos encaminhados para reciclagem ou compostagem.

Qual profissional esta habilitado para elaborar o PGRSS?

O PGRSS deve ser elaborado por profissional de nível superior, habilitado pelo seu conselho de

classe, com apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, Certificado de

Responsabilidade Técnica ou documento similar, quando couber.

O Responsável Técnico do Serviço de Atendimento Individualizado pode ser o responsável pela

elaboração e implantação do PGRSS


ETAPAS FUNDAMENTAIS DO PGRSS

1- Identificação do Responsável

Profissional, com registro ativo junto ao seu conselho de classe, com apresentação de Anotação de

Responsabilidade Técnica – ART, ou Certificado de Responsabilidade Técnica, ou documento similar,

quando couber, para exercer a função de Responsável pela elaboração e implantação do PGRSS.

2 - Implantação do PGRSS:

2.1 Identificacao do Tipo de resíduo;

2.2 Composicao da Equipe de Trabalho

Poderá ser assessorado por equipe de trabalho que detenha as

qualificações correspondentes.

2.3 Estrategias de Minimização

-Revisao da metodologia de compra de material;

- reuso;

- reaproveitamento;

- reciclagem;

- recuperação.

2.4Identificacao das fontes geradoras

-local

tipos de resíduos gerados

produção media diária.

2.5 identificacao das normas reguladoras locais de coleta e destinação dos RSS:

-vigilancia sanitária;

- limpeza urbana;

- meio ambiente;

- esgotamento sanitário;

2.6 Integracao de normas com as rotinas internas:

- CCIH- Centro de Controle de Infecção Hospitalar

- – Biosseguranca;

- CIPA – Comissão Interna de prevenção de acidentes;


- Manutenção e limpeza;

- SESMT – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho.

2.7 identificacao dos Atores envolvidos no gerenciamento

- profissionais de saúde;

- funcionários de limpeza e manutenção;

- funcionários administrativos

- profissionais de segurança ocupacional.

2.8 sensibilizacao/treinamento/capacitação

- noções gerais sobre o ciclo de vida dos materiais;

- conhecimento da legislação em vigor;

- definição, tipo e classificação dos resíduos e potencial de risco do resíduo;

- sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento;

- formas de reduzir a geração de resíduos;

- conhecimento das responsabilidades e das tarefas;

- reconhecimento dos símbolos de identificação de classificação de resíduos;

- conhecimento sobre a utilização de veículos de coleta;

- orientação quanto ao uso de equipamento individual de proteção – EPI;

- orientação sobre biosseguranca e higiene pessoal;

- orientações especiais e treinamento em proteção radiológica quando houver rejeitos

radioativos;

- providencias a serem tomados em caso de acidentes e de situações emergenciais;

- visão básica dos gerenciamento dos resíduos sólidos do município;

- noções básicas de controle de infecções.

2.9 identificacao das tecnologias

- tratamento intra e extra-institucional;

- disposição final.

2.10 elaboracao das rotinas

- segregação;

- acondicionamento e identificação;

- coleta;
- armazenamento temporário;

- tratamento prévio;

- armazenamento externo;

- emergências e acidentes;

- proteção à saúde ocupacional;

- vacinas, exames periódicos;

- controle de insetos e roedores;

- medidas preventivas e corretivas;

- monitoramento dos processos de tratamento.

2.11 avaliacao e controle

- coleta de dados;

- método de avaliação dos resultados;

- construção de indicadores;

- claros e objetivos;

- auto explicativos;

- confiáveis.

2.12 indicadores

- taxa de acidentes com perfurocortantes;

- variação da geração de resíduos;

- variação da proporção de resíduos grupo A;

- variação da proporção de resíduos grupo B;

- variação da proporção de resíduos grupo D;

- variação da proporção de resíduos grupo E;

- variação do percentual de reciclagem.

Símbolos dos Resíduos de Serviço de Saúde:

GRUPO A GRUPO B
GRUPO C GRUPO D

GRUPO E

Modelo de Gerenciamento de Rsíduos de Serviço de Saúde no Brasil

O modelo atual de gerenciamento dos RSS envolve o manejo dos resíduos que é entendido

como a ação de gerenciá-lo em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a
disposição final. O manejo interno dos RSS é o conjunto de operações desenvolvidas no interior do

estabelecimento de saúde, compreendendo a geração, segregação, descarte, acondicionamento,

identificação, tratamento preliminar, coleta interna, transporte interno, armazenamento temporário e

externo, higienzação e segurança ocucional.

Antes de qualquer plano exeqüível para dos RSS é importante considerar dois pontos

imprescindíveis: o primeiro, qual seria a classificação adotada e atualmente tem-se como referencial

na legislação brasileira as Resoluções nº.5/1993-CONAMA e a RDC- 33/2003-ANVISA, embora saiba

que existe uma diversidade quanto ao rigor da classificação, principalmente em relação ao risco

biológico;o segundo ponto importa é sempre considerado o tratamento eo destino final que serão

atribuídos aos resíduos gerados, pois é o que determina as fases anteriores do manejo, em especial

segregação ou não, acondicionamento, transporte e cuidados como armazenamento especial.

Geração e segregação

A ABNT (1993) por meio da norma 12.807, define a geração como a “transformação de

material utilizável em resíduos” (ANDRADE,1997).

A segregação ou separação na origem consiste em separar e selecionar os resíduos segundo

a classificação adotada, na fonte de geração.

Os principais objetivos de segregação são:

minimizar a contaminação de resíduos considerando comuns,

permitir a adoção de procedimentos específico para omanejo de cada grupo de

resíduos ,

possibilitar o tratamento específico para cada categoria de resíduos,

reduzir os risco para a saúde ,

diminuir os custos no manejo dos resíduos (BRASIL-MS,2002).

No manuseio de RSS, segundo a NBR 12.809/93, o fucionário deve usar equipamentos de

proteção individual (EPI), como os relacionados pela NBR12.810/93, e todos os funcianário


envolvidos neste devem ser capacitado para segregar adequadamente, por exemplo de acordo com

NBR12.808/93, e Resolução CNEN 6.05 e reconhecer os símbolos de risco pela NBR 7.500/94,

conforme orientações de ANDRARE(1997).

Acodicionamento

O acondicionamento devará ser o ato contínuo à sua geração, em recipientes que não

possibilitem rupturas e vazmentos, obedecendo as seguintes condições:

 Para os resíduos não infectantes poderão ser utilizados sacos plástico de qualquer cor,

exceto branco leitoso. Caso o estabelecimento contemple a etapa de reciclagem, estes

deverão ser acondicionamento no local de geração em recipientes específico para cada tipo

de material reciclado. As cores dos recipientes devem estar de acordo com a resolução

nº275/2001-CONAMA, que estabelece o seguinte código de cores pa identificar o tipo de

resíduos: vidro (cor verde), plástico (cor vermelha), metal (cor amarela), papel ( cor azul).

 Para os resíduos ifectantes ou para totalidade dos resíduos gerados, quando não for segura a

separação por grupo, serão utilizado sacos plástico de cor branca leitosoa.A ABNT-NBR-

9.190/85 9 (ANDRADE,1997) preconiza que o saco branco de polietileno tenha espessura de

0,8u. No caso dos perfurocortantes, destaca-se a necessidade do uso de recipientes rígidos.

 Observar que o preechimento dos sacos alcance somente 2/3 de sua capacidade.

Os resíduos químico deverão ser acodicionados em embalagens compatíveis, com a sua

capacidade e com a naturezaquímica do produto a ser contido, para tanto observa o Apêndice III da

Resolução RDC-33/2003-ANCISA.É indispensável a rotulagem contendo nome, simblogia, volume e

data.

Para os resíduos farmacêutico, categoria que abrange os medicamebtos

vencidos,contaminados, interditados, ou não utilizados, recomenda-se em sacos plático de cor branca

leitosa, de acordo com a NBR 9.190/85, identificado de acordo com a norma NBR7.500/94 (PROSAB,
2001) e encaminhamente à coleta e tratamento, verificando-se, no entanto, a compatilidade entre sua

natureza química e o prosseso de tratamento.

Os rejeitos radioativos devem ter acondicionamento de acordo com a norma CNEN NE 6.05,

identificados com a simbologia universal de substância radioativa, baseado na norma NBR 7.500/94,

afirma GAUZER (1996).

A Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, atravésde Resolução nº.6/73,

recomenda que os resíduos radioativos que apresentarem níveis de radiação acima dos

determinados pelo ógão, deverão ser acondicionados em recipientes adequados, etiquetado, datados

e mantidos em depósitos de decaimento, para futura liberação. (BRASIL, MS, 2002).

Segundo MACHADO (1996b) o material radioativo era usado em diagnóstico desde o início

do século XX, em forma de Raio-X. Entretanto hoje são usados para diagnóstico, terapia e em

produtos farmacêuticos radioativos. As quantidades e os tipos de substâncias utilizadas dependem do

tipo de doença e dose necessária para cada paciente. São usadas substâncias como Iodo 125, Césio

137, Irídio 192 e Fósforo 32, mais freqüentes em terapias de câncer.São substâncias com meia-vida

e, em geral, quando estocadas para decaimento, ficam por um tempo compatível com 10 meia-vidas.

Se este resíduo, além de radioativo, também estiver com alto grau de contaminação, existe a

possibilidade de se fazer o decaimento em área com proteção à radiação e a baixas temperaturas,

para se evitar proliferação de microrganismos.

Coleta interna

As operações de coleta interna podem ser dividas em duas etapas: coleta interna I e coleta

interna II. A primeira corresponde ao recolhimento dos recipientes que contêm os resíduos no local

em que estão acodicionados, dentro da unidade geradora. Na coleta interna II os resíduos são

transpotados do local de armazenamento interno para o armazenamento externo. Dependendo do

tamanho do estabecimento de saúde e da quantidade de resúduos gerados, poderá ocorrer somente

uma coleta interna, com remoção dos locais de garação para o local de armazenamento externo.

Transporte interno I é a transferência dos resíduos, após a coleta interna I, para o


armazenamento interno. Esta operação deve ser executada em rotas específicas e planejadas,

utilizando o intinerário de menor percurso entre as fontes geradoras. Intrinsicamente associada à

coleta, a NBR 12.809/93 menciona algumas situações de transporte e a NBR 12.810/93 complemente

trazendo norma sobre as específicações dos EPIs, dos equipamentos de tranporte e dos

procedimentos a serem adotados em casos de acidente (ANDRADE,1997).

Armazenamento interno

O armazenamento interno corresponde à guarda temporária dos RSSS em intalações

apropriadas (sala de resíduos), localizadas na própria unidade geradora, de onde são

encaminhamendas, por intermédio da coleta interna II e do transporte interno II, para o tratamento

e/ou para o armazenamento externo. A NBR 12.809/93 menciona que para os pequenos geradores

(estabecimentos cuja produção semanal não excede 700 litros e cuja produção diária não ultrapassa

150litros), é facultativo a sala de resíduos, encaminhamendo-se os recipientes diretamebte ao

armazenamento externo, à exceção dos estabecimentos com atividades de internação

(ANDRADE,1997).

De acordo com as normas da ANVISA (RDC nº.50/2002), admite-se a possibilidade de

acondicionamento temporário de RSSS em sala de utilidade (expurgo), desde que acrescidas de uma

área de, no mínimo 2m², reservada para esta finalidade e que os resíduos permaneçam em

conteineres ou compartimentos fechados (BRASIL – MS,2002)

Transporte interno II

Corresponde à transferênciados resíduos da sala de armazenamento interno para o

externo ou diretamento para o tratamento e/ou destino final. Este transporte, ao qual se aplicam as

mesmas determinações do transporte interno I, deve ser planejado com o menor percuso, sempre no

mesmo sentido, sem provocar ruídos, evitando coincidência com o fluxo de pessoas, alimentos,
roupas limpas e medicamentos e outras atividades. O transporte nesta fase, deve ser sempre

realizado pelos carros de coleta interna II, com volume máximo de transporte de até 500 litros,

segondo a NBR 12.810/93 (ANDRASE, 1997).

Armazenamento externo

Consiste na guarda dos RSSS em locais específicos no próprio estabelecimento à espera

de coleta externa. Os resíduos têm que ser armazenados de acordo com a norma de segregação e

de forma que garanta as condições de higiene e segurança para todos . O local de armazenamento

externo deve ter as especificações da NBR 12.810/93 da ABNT (ANDRADE, 1997) também, descritas

detalhadamente na Resolução RDC – 33/2003 da ANVISA.

Coleta de transporte externo

Correspondem à etapa de recolhimento e posterior transferência, por meio do carro

coletar, dos resíduos do abrigo externo para o local onde sofrerão tratamento específico e/ou destino

final. A coleta externa dos RSSS deve ser diferenciada dos resíduos domiciliares e industriais,

merecendo veículo especial com rota e freqüência específica e pessoal treinado adequadamente.

O transporte dos resíduos infectantes ou especiais do serviço de saúde, atéa área de

tratamento ou destino final, deverá receber cuidados específicos, com observância absoluta da

legislação, e ficar sobre a fiscalização sanitária rígida.

O decreto nº. 96.044, de 18 de maio de 1988 (BRASIL, 1988b), a NBR 12.810/93

(ANDRADE, 1997), resolução CONAMA nº.5/1993 e a resolução RDC-33/2003, publicada pela


ANVISA no di 25 de fevereiro de 2003 fixam procedimentos referentes à coletae/ou transportede

RSSS.

Tratamento

O tratamento, que pode ser interno ou externo ao estabelecimento gerador, segundo a

RDC 33/2003 da ANVISA consiste em aplicação de método, técnica ou processo que modifique as

características biológica ou a composição dos RSS, que leve à redução ou eliminação do risco de

causa doença. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento geradorou em outro

estabelecimento, observadas neste caso, as condições de segurança para o transporte entre o

estabelecimento gerador e o local de tratamento e os sistemas para tratamento de RSS devem ser

objeto de licenciamento ambiental, por órgão do meio ambiente e são passívies de fiscalização e de

controle pelos órgão de vigilãncia sanitária e de meio ambiente.

Segundo GANDOLA (1997) apud REFORSUS (BRASIL, 2001), pode -se afirmar que

os processos de tratamento dos RSSS subdividem-se substancialmento em dois tipos:

a) tratamento “parcial” ou “esterizante” é aquele realizado antes do encaminhamento dos RSSS

para outra instalação de tratamento. Nesse processo não há modificação fundamental das massas e

das propriedades físico-químicas dos resíduos. Atualmente no mercado existem a autoclavagem, os

tratamentos químicos, irradiação (ionização) e microondas.

b) tratamento “completo” é o tratamento realizado com o objetivo de permitir a disposição

segura no meio ambiente, por isso conhecido como “inertização físico-química”. Neste categoria de

tratamentos que são geralmente do tipo rérmico, alcançando temperaturas entre 800ºC e 1200ºC,

estão o incinerador, o queimador elétrico e a tocha de plasma.

De acordo com REFORSUS (BRASIL, 2001), somente o processo de tratamento completo

gerante realização dos objetivos:

 esterilização do fluxo de sída (como por exemplo sangue, restos da sala de cirurgia etc.). Em

muitos casos, o tratamento de pessoas com doenças infecciosas ou potenciosalmente


infectadas necessita de concretas para evitar a transmissão da infecção a outra pessoas;

 destruição de moléculas altamente tóxicas e estabilização de elementos críticos (metais

pesados presente no fluxo de saídas, como por exemplo medicamentos vencidos ou

parcialmente utilizados, materiais contaminados com tais medicamentos etc). Alguns

medicamentos para tratar tumores, possuem substâncias ou elementos particularmente

tóxico ou perigosos;

 destruição das moléculas responsáveis pelo efeito curativo dos medicamentos gerlmente

presente nos fluxos de saídas (como medicamentos vencidos ou parcialmente utilizados).

Alguns medicamentos, como por exemplo antibióticos utlizados para cura de doenças

especiais como turbeculose, podem perder rapidamente a maioe parte de sua eficácia devido

ao aparecimento de microrganismos resistentes.

A esterilização é o processo que tem por objetivo suprimir todos os microrganismos

susceptíveis de se reproduzir (formas vegetativas e esporuladas). Entre os diferentes processos de

esterilização, há os meios físicos e os meios químicos.

Os meios físicos compreendem o calor e as radiações ionizantes e os meios químicos

empregam os gases (óxido de etileno e formaldeído) e líquidos microbicidas (glutaldeído). Qualquer

que seja o procedimento utlizados, só há esterilização quando há contato efeitivo entre o agente

microrganismos (BRASIL, 2002).

Disposição final

A disposição final coresponde a última do manejo dos RSSS e segundo a resolução RDC

33/2003 da ANVISA consiste “na separação dos resíduos no solo, previamente preparado para

recebê-lo, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e licenciamento em órgão

ambiental competente”.

A Resolução nº. 283/2001 do CONAMA define o sistema de destinação final de RSSS

como “conjunto de instalações, processos e procedimentos que visam a destinação ambientalmente

adequada dos resíduos em consonância com as exigências dos ógãos ambientais competentes”.
No Brasil, apesar da existências das leis que obrigam o tratamento e a disposição

adequada dos RSSS, sabe-se que na prática, poucos são os mubicípios e geradores que

efetivamente cumprem tal exigência, o que foi constatado prla Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico (PNSB), divulgado pelo IBGE em 2000, que revelou uma situação dramática:

 dos 5507 municípios brasileiro, 3466 municípios coletam lixo hospitalar (63%) e deste, 1193

não fazem nenhum tipo de tratamento,

 2569 cidades vazam lixo hospitelar no mesmo aterro dos RSU,

 1557 municípios queimam o lixo hospitalar a céu aberto,

 apenas 539 enviam para locais de tratamento ou aterros sanitários e valas sépticas.

Dentre os 539municípios que dispõem adequadamente os RSSS, está o municípios de

Curitiba, que é considerado referência na área de resíduos, encaminhamento-os para uma vala

séptica, localizada na Cidade Industrial, com uma área de 92.200m², segundo o DEPATAMENTO DE

LIMPEZA PÚBLICA (2004) da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, da Prefritura de Curitiba.

Embora seja desejável a busca de todos as alternativa possíveis para a redução da

quantidade de RSSS a serem encaminhados à disposição final, admite-se que a reciclagem ou o

tratamento dos resíduos estão sujeitos às limitações tecnológicas, opercionaise principalmente

financeiras, que determinam sua viabilidade ou a extensão de sua aplicabilidade. Assim, as unidades

disposição final são indispensáveis a qualquer sistema de RSSS, devendo, portanto, receber a

maxíma atenção dos reponsáveis pelo gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde.

Segundo oMinistério da saúde (BRASIL, 2002), as técnicas mais comumente utilizadas para

a disposição de resíduos sólidos são: atrro sanitário (para resíduos não perigosos, domiciliar ou

RSSS do grupo D, resíduoscomum); atrro de resíduos perigosos (para resíduos perigosos de classr I

ou II) e valas sépticas (para resíduos biológicos, infectantes e alguns resíduos do grupo B). Qualquer

que seja o sistema adotado, deverão ser assegurados as condições de proteção ao ambiente, à

saúde ocupacional e à saúde pública, previstas na legislação e atendidos os requesitos dos

processos de licenciamento ambiental.

Ainda, de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), as medidas acima descritas

diferenciam das instalações regulares dos chamados “lixões”, que são bastante freqüentes no Brasil.

Para OLIVEIRA (1994) a existência de disposição a “céu aberto” reflete o desconhecimento

dos aspectos sanitários e ambientais envolvidos, o despreparo técnico ea falta de recursos humanos
e econômicos dos hospitais para enfrentarem o problema.

Pelo desconhecimento da população em geral, constantemente os lixões são chamados de

aterro sanitários e vice-versa, também, há situações em que os aterros sofrem críticas injustas por

parte dos moradores que temem conseqüências danosas dos lixões próximo de suas residências,

segundos o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002).

Segundo BIDONE (2001) o terno aterro sanitário refere-se a um local de disposição dos

resíduos no solo, ocupando o menor espaço possível, proporcionando o confinamento seguro dos

resíduos (normalmente, recobrimento com argila selecionada e compactada em níveis satisfatórios),

evitando danos ou risco à saúde pública e ao ambiente. O projeto de aterro sanitário deve contemplar

o sistema de drenagens periférica e superficial para afastamento de águas de chuva, de drenagem de

fundo para a coleta do lixiviado, de tratamento de lixiviado drenado e de drenagem e queima dos

gases gerados durante o processo de bioestabilização da matéria orgânica.

O lançamento a céu aberto também é uma forma de disposição final de resíduos urbanos,

na qual estes são simplesmente descarregados sobre o solo, sem nenhuma medida de priteção à

saúde pública, facilitando a proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos) e geração de

maus odores e a poluição das águas superficiais e subterrâneas pelo chrume.

Pra BIDONE (2001) o aterro controlado é outra forma de disposição final de resíduos sólidos

no solo, no qual precauções tecnológicas adotadas durante o desenvolvimento do aterro, como o

recobrimento dos resíduos com argila, aumentam a segurança do local, minimizando os risco de

impactos oa ambiente e à saúde pública. Embora seja uma técnica preferível ao lançamento a céu

aberto, não substitui o aterro sanitário.

Apesar de existirem soluções tecnicamente adequadas, o custo de implantação das mesma

e a dificudade em se manter o pessoal treinado e supervisionado em pequenos municípios, faz com

que optem por soluções alternativas. Uma delas é o uso de valas sépticas, usadas principalmente em

pequenos serviços, hospitais de poucos leitos e com baixa produçã de resíduos de risco, segundo

MACHADO (1996b). Para a autora, em casos emergenciais, as valas sépticas podem ser

construídas em lugares iolados, sem acsso de pessoas ou animais, com o solo de baixa

permeabilidade e bastante acima do lençol freático, aproximadamente 5 metros. A cada descarga dos

resíduos os mesmo devem ser recobertos por uma camada de 50 cm de terra.


Cada um dos grupos de RSSS apresenta diferentes tipos de risco, portanto é necessário o

emprego de combinação mais adequada de tratamento e destinação final que possibilite o melhor

controle desses riscos. Assim, a forma de disposição adequeda para cada grupo de RSSS é discutida

fetalhadamente na resolução RDC 33/2003 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e na

resolução 283/2001 do CONAMA que dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos

dos RSSS. Ademais há outras resoluções da ABNT já discutidas anteriormente que completamentam

as já citadas, que poderão ser consultadas para adequada disposição final bem como o

gerenciamento dos RSSS.

SISTEMA DE COLETA, MANEJO E DISPOSICAO FINAL DOS RESIDUOS

I – Parte Interna do Hospital – observa-se uma grande variedade de soluções no manejo do resíduo

dentro do hospital. Esta variedade relaciona-se às características arquitetônicas de cada hospital.

Na maioria dos nosocômios, uma simples orientação técnica aos responsáveis pela limpeza das

unidades, acompanhada da compra de equipamentos adequados, melhorara o sistema, tornando-o

satisfatório.

Detalhes para garantir um correto manejo dos resíduos hospitalares:

• identificação dos sacos de lixo, por um código de cores;

• os resíduos do centro cirúrgico, salas de parto, anatomia patológica e outros, devem ser

acondicionados em sacos impermeáveis, de grande resistência, possibilitando a vedação.

Consistem ou estão impregnados com substancias rapidamente putrescíveis e devem ser

manejados e removidos de forma rápida e eficiente;

• o carrinho de coleta, terá portas, permitindo sua vedação e facilitando a rotina de operação,

limpeza e desinfecção;

• programar uma rotina para a coleta nas unidades, de forma ao lixo coletado ser de

característica semelhante, identificada por código de cores dos sacos armazenados;

• não permitir a entrada do carrinho nas unidades, para evitar contaminação cruzada de

ambientes;

• instalação de câmaras frigoríficas, para o armazenamento dos containers, evitando a

proliferação de germes e problemas de odores. O armazenamento das câmaras deve ser


selecionado para a obtenção de resíduos com características acentuadas de hospitais, com o

objetivo de obter-se um custo menor para viabilizar uma instalação deste tipo.

ACONDICIONAMENTO DO RSS

O acondicionamento adequado do RSS deve ser feito logo após a produção nas unidades geradoras,

e tem como requisito a previa separação, de acordo com sua classificação. Não se recomenda a

separação posterior por ocasionar aumento dos riscos ocupacionais e de contaminação dos demais

resíduos.

De modo geral, todas as categorias devem seguir as seguintes recomendações:

• Acondicionamento em saco branco leitoso, impermeável, resistente à ruptura e vazamento

conforme preconizado pela ABNT (NBR 9191/2000), respeitando-se limite de peso e a

classificação dos resíduos; os sacos não devem ser esvaziados ou reaproveitados e o

preenchimento não deve ultrapassar 2/3 da sua capacidade.

• Todo RSS deve ser identificado de acordo com suas características e após seu

acondicionamento com os termos: resíduo biológico, resíduo tóxico, rejeito radioativo, resíduo

reciclável; os resíduos biológicos, substancias potencialmente infectantes, devem vir

acrescidos quando necessário, das anotações: perfurocortantes, peças anatômicas, peças

anatômicas de animais.

• As lixeiras, recipientes utilizados para conter os sacos, devem ser laváveis, com cantos

arredondados, resistentes à punctura, à ruptura, ao vazamento e ao tombamento. A tampa

deve permanecer fechada e ter sistema de abertura sem contato manual, e o recipiente

trocado quando perder uma dessas características.

Além dessas recomendações, a legislação prevê acondicionamento diferenciado para determinados

RSS:

• Alguns resíduos do grupo A deverão passar por um tratamento prévio de descontaminacao

antes de ser acondicionado em sacos plásticos para serem encaminhados ao tratamento

final.

• Os resíduos líquidos do grupo B deverão estar contidos em frascos plásticos de ate dois

litros, resistentes, com tampa rosqueada e vedante; os resíduos sólidos dessa categoria
serão depositados em embalagem rígida adequada para cada tipo de substancia química e

identificados conforme sua característica.

• Os resíduos comuns, listados no grupo D, serão embalados em sacos impermeáveis

destinados ao lixo domiciliar de acordo com o serviço de limpeza urbana, podendo ser

destinados à reciclagem ou à reutilização e, portanto, identificados para facilitar o processo.

Estão incluídos nesse item as embalagens de medicamentos e outros artigos hospitalares

que não tiverem sido contaminados.

• Os materiais perfurocortantes, do grupo E, deverão ser embalados separadamente, em

recipientes de material rígido, estanque e também identificados pela simbologia de substancia

infectante: risco biológico/perfurocortante.

Considerando as especificidades dos resíduos do grupo E, ressaltamos a necessidade da presença

dos recipientes próximos ao local de uso do material para viabilizar o descarte imediato. A falta de

coletores próximo ao leito do cliente ou às áreas de realização de procedimentos pode ser

considerada um motivo para o descarte e manuseio inadequado dos resíduos, assim como para o

reencape de agulhas. As agulhas e seringas devem ser descartadas sem que haja a sua separação

e/ou reencape da agulha.

Na rotina ads unidades, os resíduos são produzidos pelos profissionais e clientes, e ambos devem

ser preparados quanto ao local apropriado para o descarte dos resíduos produzidos. Alertamos para

alguns resíduos dos grupos A, B ou C, ou mesmos resíduos comuns que possam ser fonte de

insetos, de odor desagradável, ou de proliferação de microorganismos que são depositados

inadvertidamente dentro das enfermarias ou dos apartamentos.

Tais resíduos devem ser retirados com freqüência do local ou ser imediatamente encaminhados para

recipientes localizados em salas de armazenamento temporário ou salas de utilidades (expurgos).

Como exemplo, podemos citar: curtativos, equipamentos utilizados nas técnicas, restos de soro,

alimentos, fraldas, fluidos orgânicos e outros.

Caso não haja separação dos resíduos nos recipientes recomendados, todos serão considerados

como pertencentes ao grupo A, aumentando os custos de acondicionamento e tratamento.

COLETA INTERNA / ARMAZENAMENTO


As ações da coleta interna são de responsabilidade do serviço de limpeza do hospital e recebe

influencia direta da unidade geradora de resíduos, na qual o enfermeiro pode intervir em caso de

inadequação na coleta. Portanto, enfatizaremos alguns critérios para a coleta interna dos resíduos,

tendo como pressupostos a classificação, o acondicionamento correto:

• Levar os resíduos em sentido único.

• Roteiro e horário definidos sendo de conhecimento dos funcionários.

• Não coincidir com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos.

• Evitar períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas.

A coleta de RSS é realizada em 3 etapas; a coleta interna é seguida da coleta e/ou especial. Para

diferencia-las com fins pedagógicos, as definimos como:

1. Coleta interna – é realizada dentro da unidade; consiste no recolhimento do lixo nas

lixeiras, no fechamento do saco e no transporte do mesmo ate a sala de

armazenamento temporário ou sala de utilidades (expurgo). Para ocorrer de forma

eficaz, é necessário programar o horario de coleta do lixo, escolhendo o horario de

menor movimento para não atrapalhar a rotina da unidade.

2. Coleta Externa – consiste no recolhimento do lixo do armazenamento temporário ou

sala da utilidade (expurgo) para o local onde será transportado pela coleta municipal

ou para tratamento prévio.

3. Coleta Especial – esse tipo de coleta é designado ao material de alto risco do grupo

A, e não segue coleta convencional. Sendo separada, o seu recolhimento deve ser

acompanhado por técnicos da unidade produtora de resíduos do serviço de

engenharia. Os materiais que necessitam deste tipo de coleta são os medicamentos

vencidos, produtos químicos, explosivos ou inflamáveis, material biológico

concentrado.

Após a coleta dos resíduos acondicionados nas lixeiras (fixas) da unidade geradora de resíduos,

estes são encaminhados para um local adequado, determinado pelo PGRSS, onde aguardara a

coleta externa. Este local é denominado Armazenamento Temporário ou sala de utilidade (expurgo).

O Armazenamento Temporário deve seguir alguns critérios como:

• Área física mínima de 4m²;

• Prever espaço para 2 carros de transporte interno;


• Pisos e paredes lisas, resistentes e lavaveis;

• Pia;

• Conter um ralo ligado à rede de esgoto;

• Ventilação adequada;

• Telas de proteção nas janelas;

• Ficar próximo a ponto de geração de resíduos, visando agilidade da coleta interna e facilitar o

transporte externo;

• Conter local para armazenar os sacos de resíduos para não serem colocados diretamente no

piso.

A unidade geradora de RSS que tiver planta física inferior a 80m² não necessita de sala de

Armazenamento temporário ou de sala de utilidade (expurgo), pode utilizar a lixeira de transporte

interno para armazenar o lixo até ser encaminhado para coleta externa.

Em algumas unidades, independente do tamanho de sua planta física, é indispensável a sala de

Armazenamento Temporário ou a sala de utilidades (expurgo): isolamento, Berçário, Tratamento

Intensivo, Emergência, Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Laboratório de Patologia Clinica,

Hemoterapia, Hemodiálise, Anatomia Patológica.

Regras para a coleta interna de resíduos infectantes ou especiais

• Não despejar o conteúdo da lixeira em outro recipiente;

• Observar a cor do saco e a identificacao do mesmo;

• O funcionário que transporta deve utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI);

• O saco deve ser fechado completamente e amarrado;

• A lixeira deve ser lavada uma vez ao dia;

• No caso de vazamento de resíduo deve-se interditar o local, colocar um pano embebido em

desinfetante (hipoclorito de sódio 1%), coletado com uma pá, e desinfetar o chão também

com hipoclorito de sódio 1%;

• Fixar firmemente o saco nas bordas da lixeira;

• Evitar o cruzamento de material sujo com o limpo.


Não se pode esquecer que a PGRSS é responsável por definir o fluxo que seguira a coleta interna e

externa dos RSS, o encaminhamento para processo de esterelizacao ou trituração e organização do

numero de coleta interna necessária para cada unidade geradora de resíduos.

2 RESÍDUOS SÓLIDOS E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE E NO AMBIENTE

Vários são os agravos relacionados aos resíduos sólidos que podem

causar efeitos indesejáveis com possível repercussão na saúde dos pacientes e

trabalhadores, bem como impactos no meio ambiente. Como fator indireto, os resíduos

sólidos exercem influência na transmissão de doenças como, por exemplo, os vetores

artrópodes – moscas, mosquitos, baratas e roedores que encontram as condições

adequadas para proliferação3. O gerenciamento inadequado dos RSS propicia um

aumento do número de trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho devido ao

incorreto acondicionamento dos resíduos perfuro cortantes, além de contribuir para o

aumento da incidência de infecção hospitalar.

Gerado e manejado de forma inadequada no ambiente, os resíduos

sólidos podem contribuir para a poluição biológica, física e química do solo, e do ar,

submetendo as pessoas às variadas formas de exposição ambiental, além do contato

direto ou indireto com vetores biológicos e mecânicos.

O Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos identificou vinte e

duas doenças associadas à má disposição dos RSS, dentre elas, o tifo, o cólera, a

disenteria, o antraz, o tracoma, a hepatite B e o tétano4. Pode-se destacar também os

riscos causados pelos RSS à saúde da população, por meio da lixiviação dos elementos

químicos presentes nos resíduos dispostos inadequadamente no meio ambiente,

resultando em impactos ambientais como a poluição da água e do solo.

Investigações efetuadas5 em hospitais do Brasil e da Espanha estimam

que entre 5% e 8,5% dos leitos são ocupados por pacientes que contraíram alguma

infecção hospitalar causados por mau gerenciamento de resíduos sólidos. A Associação

Paulista de Estudos de Controle de Infecções Hospitalares assegura que 50% desses

casos são atribuídos a problemas de saneamento e higiene ambiental, instalações

inadequadas, negligência dos profissionais de saúde ao manipular materiais, tratar


pacientes ou transitar em lugares de risco. Também revela que o manejo inadequado dos

resíduos é responsável direta ou indiretamente por 10% das enfermidades adquiridas

pelos pacientes durante o internamento. As infecções hospitalares incrementam de

maneira considerável os custos da atenção médica. Segundo dados da OMS/OPAS6,

50% das infecções hospitalares são evitáveis se houver implementação de medidas

adequadas de saneamento e manejo dos resíduos de serviços de saúde – RSS.

As tecnologias limpas ou ambientais rompem com o modelo

tradicional, porque reordenam prioridades e sintetizam o desenvolvimento de políticas

de gestão de resíduos. Por em prática essa nova forma de gerenciamento dos RSS é o

grande desafio e exige mudança tanto na compreensão quanto nos hábitos dos

envolvidos.

Sintetizando, os principais agravos gerados pelo inadequado manejo

dos RSS são:

- lesões infecciosas provocadas por objetos perfurocortantes no pessoal

de limpeza hospitalar e de estabelecimentos de serviço de saúde, e no que maneja

resíduo sólido;

- riscos de infecção para o pessoal que maneja resíduos sólidos, os

recuperadores de materiais do lixo e a população em geral;

- infecções hospitalares devido ao manejo inadequado de resíduos,

entre outras causas.

2.3 IDENTIFICAÇÃO DE MANEJO INADEQUADO DO RSS

As principais deficiências identificadas nas práticas de manejo dos

RSS são:

- a falta de segregação dos resíduos biológicos, ou sua execução

inadequada, aumenta a quantidade de resíduos contaminados. Quando os resíduos

comuns entram em contato com estes, tornam-se também contaminados, aumentando

por sua vez o risco para os trabalhadores em saúde e a população em geral;

- a falta de segregação adequada dos resíduos perfurocortantes é causa

direta do maior número de acidentes entre profissionais de saúde e os profissionais


catadores de lixo;

Estas conclusões são confirmadas pelo estudo "Desechos Peligrosos y

Salud en América Latina e el Caribe" publicado pelo CEPIS7em 1994.

O manejo seguro dos RSS requer zelo e o cuidado de todos: desde o

médico e a enfermeira, que são geradores de resíduos ao utilizar equipamentos e

materiais descartáveis; o pessoal de limpeza que se encarrega de colocar sacos plásticos

nos recipientes limpos e coleta o lixo; os mecânicos e técnicos que dão manutenção aos

meios de transportes e aos equipamentos; até os encarregados do transporte externo e

da planta de tratamento (fluxo do resíduo sólido desde a sua origem até o descarte

final). Se algum destes empregados se descuida ou não dá a devida importância a sua

tarefa, altera-se o bom funcionamento do sistema e se agravam os riscos.

2.4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual

a administração pública, por intermédio do órgão ambiental competente, analisa a

proposta apresentada para o empreendimento e o legitima, considerando as disposições

legais e regulamentares aplicáveis e sua interdependência com o meio ambiente,

emitindo a respectiva Licença8. O Licenciamento Ambiental é condição primeira para

um bom gerenciamento de resíduos sólidos.

Segundo o Art. 10 da Lei Federal nº 6.938 de 31/08/81, que dispõe

sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, a localização, construção, instalação,

ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades que utilizam

recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, capazes, sob

qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de Prévio Licenciamento

do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

Neste contexto, são definidas como atividades e empreendimentos efetivos ou

potencialmente poluidores, de acordo com a legislação ambiental do CONAMA,

aquelas que direta ou indiretamente, possam:

- prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

- afetar desfavoravelmente o conjunto de seres animais e vegetais de


uma região;

- afetar as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

- causar prejuízo às atividades sociais e econômicas;

- lançar matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

O CONAMA, através da Resolução nº 237 de 19/12/97 delega a

competência para emitir a Licença Ambiental, tanto ao órgão federal, que no caso é o

IBAMA, como aos órgãos estaduais e municipais, a depender da complexidade e

localização do empreendimento. Entretanto, o licenciamento deve-se dar em um único

nível de competência.

A maioria dos estabelecimentos de saúde ficam enquadrados como de

impacto ambiental local, ou seja, o impacto resultante da atividade, via de regra, está

restrito ao território do município onde está localizado, não ocorrendo a evasão para a

circunvizinhança.

Assim sendo, o licenciamento ambiental deve ser obtido junto ao

órgão ambiental municipal, ou na inexistência deste, junto ao órgão ambiental estadual.

O responsável pela implantação do empreendimento deve manter-se informado e

requerer a Licença Ambiental previamente. São três as modalidades de Licenças

(Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação) que têm validade fixada

de acordo com a complexidade do empreendimento. Antes do vencimento da Licença

de Operação, deve ser requerida a sua renovação. Tais licenças são exigíveis aos

estabelecimentos de saúde.

A Licença Ambiental independe dos alvarás de localização e

operação requerido junto às Prefeituras Municipais, bem como da liberação sanitária

expedida pelas Secretarias Estaduais ou Municipais de Saúde.

No processo de licenciamento ambiental, dentre outros aspectos, são

analisados os resíduos sólidos e os impactos decorrentes das atividades desenvolvidas

pelo estabelecimento. Para tanto o empreendedor é obrigado a elaborar e apresentar ao

órgão ambiental, para a devida aprovação, o Plano de Gerenciamento dos Resíduos de

Serviços de Saúde – PGRSS, que integrará o processo de licenciamento ambiental.


Não só os estabelecimentos de saúde são passíveis de licenciamento

ambiental, mas também as instalações externas de tratamento e de disposição final de

resíduos (aterros sanitários), e as empresas transportadoras de resíduos perigosos,

conforme estabelecido em resoluções do CONAMA e em legislações federais,

estaduais e municipais.

Potencial Infeccioso ao Meio Ambiente e à Saúde Humana

Os microrganismos presentes nos resíduos de serviços de saúde não tratados são potentes

fontes de contaminação da saúde humana e ambiental, uma vez que sobrevivem por tempo

considerável no interior do lixo hospitalar, conforme demonstrado à seguir:

Fonte: Suberkeropp & Klub (1974)

MICRORGANISMOS

PESQUISADOS

TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA NO LIXO

(EM DIAS)

• Entamoeba histolytica

• Leptospira interrogans

• Larvas de verme

• Salmonella typhi

• Poliovírus

• Mycobacterium tuberculosis

• Ascaris lumbricoides (ovos)

8 a 12

15 a 43

25 a 40

29 a 70

20 a 170

150 a 180

2.000 a 2.500

Estudos identificaram diversos microrganismos presentes na massa de resíduos de


serviços de saúde, como Coliformes, Salmonella typhi, Shigella sp., Pseudomonas sp.,

Streptococcus, Staphylococcus aureus e Candida albicans. Além disso, foi constatada a

possibilidade de sobrevivência de vírus na massa de resíduos sólidos para pólio tipo I,

hepatites A e B, influenza, vaccínia e vírus entéricos (MOREL e BERTUSSI FILHO, 1997).

Pacientes com maior probabilidade à deficiência imunitária como idosos, bebês

prematuros, doentes crônico-degenerativos, doentes com deficiência cardíaca e/ou

respiratória, leucêmicos, portadores de HIV / hepatite B / tuberculose, entre outros pacientes

complexos, costumam sofrer procedimentos invasivos para diagnóstico e tratamento quecontribuem

para aumentar ainda mais o risco de infecções, como respiradores mecânicos (entubação), catéter

vascular, sondas naso-gástricas para nutrição parenteral, sondas vesicais urológicas ou

ginecológicas, medicamentos quimioterápicos e antimicrobianos de amplo espectro, etc.

Todos estes mecanismos invasivos passam a ser vias de acesso direto dos microrganismos

presentes no ambiente hospitalar para os órgãos e sistemas humanos, normalmente já debilitados,

favorecendo e incrementando o processo microbiológico da

infecção hospitalar. Soma-se, ainda, risco de infecção pelos microrganismos presentes em

resíduos hospitalares mal gerenciados, que podem infectar especialmente os profissionais das

instituições hospitalares e os pacientes (infecção hospitalar), diariamente expostos ao perigo

de infecção cruzada.

Armond & Amaral (2001) referem estimativa da Associação Paulista de Estudos

de Controle de Infecção Hospitalar, na qual 10% dos casos mais comuns de ocorrência de

infecção hospitalar são contaminação pelos RSS.

Além dos parâmetros microbiológicos dos RSS, como a presença de bactérias, vírus,

fungos e protozoários, somam-se os parâmetros físico-químicos, como umidade, carbono,

hidrogênio, enxofre, sólidos, voláteis, poder calorífico, cloro e cloretos, com possível ação

degradante ao meio ambiente. Há ainda outros tipos de resíduos potencialmente perigosos e

que despertam a atenção de profissionais da área, que são os resíduos radioativos, químicos

perigosos e farmacêuticos, por seu alto grau de agentes mutagênicos e reativos.

Atualmente, na realidade brasileira deste início de século, o destino final da maior

parte dos resíduos de serviços de saúde ainda é impróprio, sendo que a maioria dos

municípios utiliza-se de lixões para como destino final de seus resíduos (SEGURA-MUNOZ,
2002), e apenas em uma pequena parcela de municípios estes resíduos acabam recebendo

tratamento adequado e destino final em aterro sanitário. Os lixões são ambientes insalubres, e

facilitam a contaminação de rios e outros corpos d’água pelo liquido percolado dos RSS, a

proliferação de insetos vetores, a contaminação direta dos catadores de lixo, e outras tragédias

ambientais, principalmente em época de chuvas fortes. Os aterros sanitários, encontrados em

poucos municípios brasileiros, podem prevenir muitos desses problemas, muito embora,

mesmo tratando os resíduos de serviços de saúde antes de aterrá-los, fica a preocupação

ambiental com o líquido percolado e gases metano e carbônicos formados pela decomposição

dos resíduos. Ainda existe controvérsia sobre a possibilidade do chorume dos RSS em aterros

sanitários atingirem os depósitos de água nos lençóis freáticos, e também o meio ambiente

através da formação de gás metano e outros gases inflamáveis do chorume (COLLINS, 1991).

Devido ao potencial infeccioso degradante e poluente contra o meio ambiente e

infeccioso contra a saúde humana, os resíduos de serviços de saúde exigem atenção especial e

técnicas corretas de manejo e gerenciamento. Isto envolve desde a etapa de geração até o

momento de disposição final.

A observância rigorosa das técnicas corretas de manejo dos resíduos de

estabelecimentos de serviços de saúde mostra-se extremamente necessária e importante para

garantir a segurança de funcionários, pacientes e visitantes destes estabelecimentos, e indo

além, uma vez que o correto gerenciamento dos RSS pode, com eficiência, proteger a

comunidade e o meio ambiente (SCHALCH et al., 1990).

2.2- Prevenção e Minimização da Contaminação Ambiental

A prevenção da contaminação ambiental é um ideal a ser alcançado a partir de

processos ecologicamente corretos, que, dentro do possível, auxiliem diretamente no combate

ao ciclo infectante dos RSS ao meio ambiente, para que este possa ser preservado de danos e

da poluição. Uma vez que a saúde pública depende, direta e constantemente, da saúde

ambiental, conclui-se que a prevenção da contaminação ambiental pelos resíduos de serviços

de saúde é um problema de amplo alcance, cujos resultados são para todos.

Para minimizar os riscos causados pelos RSS, é fundamental estabelecer medidas de

preservação ambiental e de saúde pública, dentre elas:


a) educação ambiental

Comportamentos ecologicamente corretos desenvolvem um caráter educador sobre

nossos hábitos esbanjadores, levando-nos a refletir na importância de nossas ações, por

pequenas que sejam, para em sua totalidade contribuírem significativamente à manutenção da

natureza saudável e viva, livre de tantos agentes nocivos e infectantes.

b) programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde – pgrss

Na prática, os modelos de gerenciar e fiscalizar o “caminho” dos resíduos no Brasil

depende em muito de fatores relacionados com a realidade econômica e interesse das

autoridades locais (políticas, sanitárias e jurídicas) pelo assunto.

As agências governamentais fiscalizadoras têm editado normas que exigem um plano

de gerenciamento rigoroso de resíduos que aos poucos vai tomando maiores proporções.

O responsável pelo gerenciamento e aqueles que lidam com os RSS devem garantir a

implementação e o cumprimento dos procedimentos definidos para o PGRSS, para cada etapa

do manejo dos resíduos, uma vez que o manejo adequado dos resíduos de serviços de saúde e

demais materiais infectados funciona como uma importante barreira de proteção à

disseminação de microrganismos patogênicos causadores de infecção hospitalar entre os

funcionários e pacientes.

Pode-se observar que os estabelecimentos de saúde passaram por uma importante

evolução tecnológica, especialmente nas últimas cinco ou seis décadas, devido ao

desenvolvimento da ciência médica, onde a cada dia novas tecnologias são incorporadas aos

métodos de diagnóstico e tratamento, agregando novos materiais, substâncias e equipamentos.

Esse processo, assim como ocorre em outros setores, reflete-se na composição dos resíduos

gerados, que também se tornam mais complexos e, em alguns casos, mais perigosos para o

homem e para o meio ambiente.

O meio ambiente e a população podem sofrer exposição aos riscos biológicos dos

resíduos de serviços de saúde, caso estes estejam mal acondicionados, sem tratamento prévio

e/ou tenham um destino final inadequado. Portanto, as medidas adequadas de manejo dos

RSS contribuem em muito para a preservação da saúde ambiental e humana, uma vez que a

segregação dos RSS no momento e local de sua geração (na fonte), permite reduzir o volume

de resíduos perigosos e a incidência de acidentes ocupacionais dentre outros benefícios à


saúde pública e ao meio ambiente. Segundo Machado (1993), a segregação reduz a

quantidade de RSS que requerem cuidados especiais, pois os infecciosos, patogênicos ou

perigosos – quando não separados – colocam em risco toda a massa, dificultando e

encarecendo o processo de manejo para o total dos resíduos gerados.

O acondicionamento dos RSS é outra etapa do manejo, e serve como barreira física,

reduzindo os riscos de contaminação, facilitando a coleta, o armazenamento e o transporte. O

acondicionamento deve observar regras e recomendações específicas e ser supervisionado de

forma rigorosa. O armazenamento externo permite guardar os RSS em condições

sanitariamente seguras até o momento de sua coleta externa. O tratamento prévio atua na

descontaminação, desinfeção ou esterilização dos resíduos, e às vezes em sua significativa

redução (incineração), convertendo-os de infectantes em inertes, o que facilita as etapas

externas do gerenciamento e minimiza os riscos ao homem e ao meio ambiente. O transporte

em veiculo exclusivo e apropriado confina os RSS, evitando vazamento de líquidos e contato

com o homem e o meio ambiente à céu aberto, dificultando o processo de contaminação.

A disposição final adequada (aterro sanitário) impede que homens, animais

domésticos e vetores entrem em contato com os resíduos aterrados e ao mesmo tempo

impedem seu contato direto com o solo permeável, prevenindo a contaminação dos lençóis de

água subterrânea. Se não atentarmos seriamente para preservação da água com precauções já

estabelecidas legalmente, esta pode transformar-se em excelente veiculador de patógenos,

tornando nossa vida e saúde insustentáveis.

O manejo eficiente dos RSS envolve técnicas de proteção que funcionam como

verdadeiras barreiras aos microrganismos patogênicos, prevenindo, dificultando e

minimizando seu potencial infectante à saúde humana e ambiental.

c) redução, reciclagem, reutilização

Uma importante medida de prevenção ambiental é o trinômio redução, reutilização e

reciclagem dos resíduos de serviços de saúde gerados. São uma forma de evitar o esgotamento

da matéria-prima, economizar energia no processo de produção, aliviar o contingente de

disposição no meio ambiente e estimular o exercício da conscientização ambiental.

Com as medidas de redução, reutilização (quando possível) e reciclagem dos RSS,

podemos alcançar a minimização da contaminação humana e ambiental pelos resíduos de


serviços de saúde em nosso município e região, preservando matas, reservas, nascentes, águas

interiores, fauna e flora, participando ativamente da consciência ambiental e recebendo em

troca benefícios que somente a natureza pode oferecer quando está devidamente preservada.

Estas medidas de redução, reutilização e reciclagem dos resíduos de serviços de saúde

visam reduzir o montante de geração dos RSS e dos custos de seu processamento e manejo,

proporcionar a recuperação dos resíduos não infectantes para uso duradouro, e possibilitar a

coleta seletiva e o uso dos resíduos recicláveis como matéria-prima de outras atividades.

Com a redução, uma quantidade menor de resíduos necessitará de tratamento e

conseqüente disposição em aterro sanitário, o que gera economia de custos para o gerador,

aumento do tempo de vida útil do aterro sanitário e menos poluição ao meio ambiente. A

redução é também um processo social educador, que atua na construção de comportamentos

ecologicamente corretos, mudança de conceito, economia, envolvimento com as causas

ambientais e hábitos de preservação dos recursos naturais, renováveis ou não. Toda medida

de prevenção da contaminação ambiental passa pela redução, proporcionando a reeducação

contra hábitos insalubres de produção inescrupulosa, talvez até inconsciente, de resíduos de

serviços de saúde.

A reutilização de resíduos de serviços de saúde é uma medida de difícil aplicação, uma

vez que os resíduos contaminados não devem ser reutilizados. Nestes casos, a reutilização se

torna inadequada não só pelos agentes infectantes, mas também por uma questão de respeito

aos funcionários e pacientes, que não se sentiriam confortados reutilizando equipamentos,

materiais e objetos de saúde vencidos ou já utilizados por outros.

A reciclagem dos resíduos de serviços de saúde é possível, uma vez que dentre os

resíduos há aqueles do grupo D, classificados como comuns, que podem e devem ser

reciclados.

Desde 1992 a OMS e a OPAS consideram que os papéis, caixas, garrafas e recipientes

plásticos (sem a presença de fluidos corpóreos, químicos perigosos ou radioativos) são

resíduos não contaminados (OPS, 1992).

A reciclagem é uma forma de evitar o esgotamento da matéria-prima, economizar

energia no processo de produção, aliviar o contingente de disposição no meio ambiente e

estimular o exercício da conscientização ambiental.


d) combate aos lixões

Na maior parte dos municípios brasileiros, os resíduos de serviços de saúde, além de

não receberem nenhum tratamento, ainda são deixados a céu aberto, e até mesmo lançados em

lagos e rios.

Sabe-se que os lixões são ambientes insalubres que favorecem a contaminação do

meio ambiente e das comunidades ao redor e contribuem para a cadeia do processo

infeccioso, por serem locais a céu aberto, onde convivem pessoas e animais vetores, além de

acumularem chorume na superfície do solo, que acaba sendo absorvido até as camadas

subterrâneas (JARDIM et al., 1995).

Em épocas de chuvas fortes e prolongadas, os microrganismos patogênicos dos

resíduos de serviços de saúde lançados nos lixões podem facilmente ser transportados pelas

cheias, atingindo riachos, lagoas e rios, contaminando a água.

Estima-se que, em países em desenvolvimento, aproximadamente 80% das internações

hospitalares têm como causa enfermidades infecciosas provenientes da ingestão de água

contaminada (EDUARDO, 2002).

Há autores que sugerem o uso de valas sépticas para disposição final de RSS, quando a

situação econômica do município não permitir a construção de um aterro sanitário e a

instalação de um incinerador (BRACHT, 1993; TAKAYANAGUI, 1993). Porém, para os

pesquisadores REGO et al. (1993), o uso da cal em valas sépticas para eliminação de

microrganismos patogênicos não apresenta resultado efetivo, não havendo redução

significativa destes nos ensaios por ele realizado, não apresentando atuação significativa no

caso de Coliformes, Staphilococcus fecalis, Pseudomonas aeruginosas, Clostrídium

sulfitoredutores (C. perfringens), Bacteriófagos, Salmonella, a menos no caso dos

pseudomonas, que aparentemente são mais sensíveis à cal.

O aterro sanitário é um método indicado para a disposição final de RSS previamente

tratados (CETESB, 1978; CVS, 1989; WHO, 1983,BRASIL, 2004; CONAMA, 2005).

e) outras medidas pertinentes

Outras medidas simples, como o funcionamento constante da CCIH (Comissão de

Controle de Infecções Hospitalares), o hábito saudável de correta e freqüente lavagem das

mãos por parte de médicos e funcionários, o combate a vetores no ambiente hospitalar e


arredores (roedores e os insetos, que transitam em meio aos diversos setores dos hospitais ou

nos “lixões”, propagando doenças infecto-contagiosas), o planejamento para se evitar o

cruzamento entre materiais limpos e contaminados dentro do hospital, e a rotineira análise

rigorosa da água utilizada no hospital, podem contribuir sensivelmente no combate à infecção

ambiental e humana derivada dos resíduos de serviços de saúde.

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