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Paulo Azevedo
Resumo
utilização dos meios tecnológicos na sala de aula deve ir muito além da mera exploração
Matemática tem sido fruto de investigações empíricas, com a observação, em contexto, das
Introdução
ensino, importa abrir algumas portas para a investigação sobre a utilização dos mesmos no
tecnológicos à disposição começam a ser utilizados nas práticas pedagógicas com mais
frequência. As salas de aula estão equipadas com material informático e alguns docentes
integram esse material na sua prática lectiva. Os estudos teóricos que se debruçam sobre a
partir da interacção social. O estudo destas últimas abordagens conduz à reflexão sobre
serem aplicados nas escolas portuguesas. Esta abordagem tem por base a investigação de
Gerry Stahl e de outros investigadores que reflectem sobre a CSCL a partir de observações
empíricas dos efeitos que a interacção entre alunos têm na construção de conhecimentos.
O que é CSCL?
da aprendizagem que estuda como as pessoas podem aprender em grupo com o auxílio do
relacionados com a utilização das tecnologias que, ao longo da década de noventa, foram
teoria foi originada pelo aparecimento de software que apenas promovia a aprendizagem
CSCL a partir do início da década de 1990. Mas, segundo Stahl (2006), esta teoria surge de
cooperativo como aquele que consistia na divisão de tarefas num grupo e na junção final
das participações individuais dos elementos do grupo. É importante fazer a distinção, pois
recipiente (Beireter, 2002, como citado por Stahl, 2008) onde se acumula o conhecimento. A
actividades. A questão centra-se então nas “actividades” que possam permitir uma
abordaremos mais à frente, a partir do qual se investiga a forma como grupos de alunos,
em grupo. Uma vez que a construção do conhecimento se faz através da interacção entre
parte, analisando a conversação realizada nos chats quando os alunos resolvem, online, um
colectivamente como uma construção do grupo e não como uma aquisição meramente
individual, uma vez que o mesmo resultou dos diálogos e da negociação estabelecidos entre
não de uma mente isolada mas das interacções entre os elementos do grupo. Nestas
interacções incluem-se várias fases, desde um objecto ou situação que é o foco de atenção
do grupo, passando pelas afirmações que cada elemento produz e pela compreensão
quando exteriorizado, gera artefactos, que são culturais (imagens, documentos e outros) ou,
constituirão uma possível resolução do problema (um esquema, um gráfico, uma clarificação
verbal do problema, um conjunto de cálculos). A esta resolução encontrada pelo grupo dá-se
este também contribui para que o primeiro processo se inicie. No entanto, para Stahl (2003),
interacção entre os diferentes elementos do grupo, é o que vai gerar o novo conhecimento
atenção para aspectos que já foram referidos e que possam ser indispensáveis na
clarificação de significados.
sala de aula. O quadro interactivo é uma ferramenta poderosa que permite a participação
parte das práticas lectivas podem e devem ser usados como suporte à aprendizagem
colaborativa.
CSCL, TIC e Matemática
Numa análise sobre o livro “Thinking as communicating: Human development, the growth of
discourses and mathematizing”, de Sfard (2008), Stahl refere que “a Matemática pode ser
social de objectos matemáticos; por causa dessa participação, elas podem compreender e
individualizar elementos do discurso” (Stahl, 2006). Tanto Stahl como Sfard consideram que
geral. A apropriação cognitiva individual é realizada a partir dos artefactos culturais criados
na interacção com o grupo. O importante não é investigar como cada indivíduo processa a
CSCL na Matemática, centra-se no projecto “Virtual Math Teams”, criado em 2003, na Drexel
grupo; um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas para editar texto, imagens,
de trabalho onde se edita informação específica (summary, wiki, topic, browser, help, test e
grande maioria dos professores não tem preparação prática nem teórica para integrarem os
quadros interactivos, com todas as suas potencialidades que vão muito além da
possibilidade de projecção de imagens, nas suas práticas de ensino, apesar das acções de
sentido de ensinar professores a utilizar o software disponível nos quadros interactivos, mas
sobre o ensino com recurso às TIC (tecnologias de informação e comunicação) parece longe
que vem alterar os paradigmas das práticas de ensino da Matemática assim como do ensino
em geral. Em todas as salas de aula, o quadro interactivo está virado para a turma. Ele é
colocado no lugar ou ao lado do quadro tradicional que era utilizado anteriormente. Portanto,
é uma ferramenta que assume um papel físico central na sala de aula e que pode ser
na educação depende da forma como o professor o utiliza nas suas práticas. Como referem
Higgins, Beauchamp e Miller (2007), “as boas práticas de ensino são sempre boas práticas
forma que a tecnologia não seja vista como um fim em si mesma, mas como mais um meio
possa verificar uma eficaz utilização pedagógica deste e doutros recursos, é necessário que
essencial nesta área, desde que permita a observação empírica da utilização do quadro
interactivo em contexto de sala de aula e contribua para a reflexão sobre as práticas
quadro interactivo trouxe ganhos efectivos na motivação dos professores e dos alunos, mas
não há provas claras sobre como o quadro interactivo melhorou o discurso matemático na
sala de aula, a eficácia das estratégias de ensino ou as aprendizagens dos alunos (Higgins,
para que estes recursos estratégicos se tornem ferramentas de inclusão e não de exclusão.
Os computadores na sala de aula foram, até há pouco tempo, vistos como anti-sociais e
ensino não constituem, em si mesmos, maus recursos. A sua utilidade e eficácia resulta do
uso que é feito deles. A CSCL propõe o desenvolvimento de software e aplicações que
intelectual e interacção social (Stahl, 2006). No entanto, de uma forma geral, a utilização do
para investigações sobre as práticas pedagógicas realizadas nas nossas escolas, com
recurso às TIC, e sobre o impacto que a CSCL pode ter na implementação de práticas
Referências:
• Higgins, S., Beauchamp, G., Miller, D. (2007). Reviewing the literature on interactive
whiteboards. Learning, Media and Technology, Routledge, Vol. 32, N.º 3, pp. 213-
http://projects.coe.uga.edu/epltt/index.php?title=Main_Page.
Disponível em:
http://www.helsinki.fi/science/networkedlearning/texts/paavola_et_al_2002.pdf.
• Sfard, A. (1998). On Two Metaphors for Learning and the Dangers of Choosing Just
Fourth International Conference of the Learning Sciences (ICLS '00), Ann Arbor, MI.
In J.-W. Strijbos, P. Kirschner & R. Martens (Eds.), What we know about CSCL: And
implementing it in higher education. Boston, MA: Kluwer Academic, pp. 53-86.
Baseado num capítulo de: R. K. Sawyer (Ed.). Cambridge Handbook of the Learning
http://www.ischool.drexel.edu/faculty/gerry/cscl/CSCL_English.pdf.
http://www.cis.drexel.edu/faculty/gerry/mit/stahl%20group%20cognition.pdf.
Disponível em http://dx.doi.org/10.1007/s11412-008-9046-4.