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A matéria orgânica do solo (MOS), a biodiversidade e a atividade biológica estão estreita e
diretamente relacionadas com as funções e as características essenciais para a manutenção da
capacidade produtiva dos solos (Martius et al., 2001). A matéria orgânica (MO) é um
excelente indicador de qualidade do solo, pois está intimamente associada à maioria das
propriedades do solo e é bastante sensível às mudanças nas práticas de manejo Fraga
( &
Salcedo, 2004).
A conversão de ecossistemas naturais, especialmente para sistemas agrícolas ou pecuários
convencionais tem resultado, na maior parte das vezes, declínio da MOS (Tiessen et al., 1998;
Leite et al., 2003b; Fraga & Salcedo, 2004; Lovato et al., 2004). Há, nestes sistemas, maior
exportação de carbono e nutrientes, o que contribui para o aumento do CO2 atmosférico, do
risco de erosão do solo e da redução da ciclagem de nutrientes (Haile-Mariam et al., 2008). Por
outro lado, sistemas de manejo, como o cultivo mínimo, plantio direto e adição de resíduos
orgânicos ao solo (ex.: adubação verde) podem ser consideradas alternativas viáveis para a
manutenção da MOS (Wolf & Snyder, 2003).
A produtividade em sistemas agrícolas de subsistência ou de baixos insumos depende do
fornecimento de nutrientes provenientes da mineralização da MOS e, neste sentido, a
quantidade e a qualidade da MO são fundamentais para a sustentabilidade da produção
agropecuária de subsistência (Galvão et al., 2005). Essa sustentabilidade dificilmente poderá
ser avaliada pelo acompanhamento, no tempo, de umúnico atributo do solo. Entretanto, o teor
de matéria orgânica é o atributo que melhor indica as mudanças na qualidade do solo, pela sua
significativa associação às propriedades biológicas, químicas e físicas do solo (Mielniczuk,
1999; Wolf & Snyder, 2003).
A MOS é a força motriz para a atividade biológica do solo, atuando como fonte primária de
energia e nutrientes para microrganismos heterótroficos do solo. A atividade biológica é
responsável pela transformação de constituintes orgânicos em inorgânicos, por meio do
processo de mineralização, que ficam disponíveis às plantas (Craswell & Lefroy, 2001). Por
outro lado, quando os microrganismos são ativados mediante aportes de carbono, os nutrientes
podem ficar retidos na biomassa microbiana por meio do processo de imobilização. Estes
processos antagônicos controlam a retenção ou liberação de N, P e S para as plantas. Do ponto
de vista químico, a MOS é freqüentemente a maior fonte de cargas negativas nos solos e sua
manutenção é muito importante para a retenção de cátions no solo (Wolf& Snyder, 2003). A
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AM é consi como todo mat ial que contém carbono orgânico no solo, incluindo
os microrganismos vivos e mortos, resíduos de plantas e animais parcialmente decompostos,
produtos de sua decomposi o e substâncias orgânicas microbiol gicas e/ou quimicamente
alteradas. Esse conceito é muito abrangente, determinando uma composi o extremamente
complexa, em função da mistura de diferentes compostos e à grande variedade de processos
naturais de degradação e síntese que ocorrem na sua formação (Berg & Laskowski, 2006 .
A M pode ser dividida em componente vivo e morto. O componente vivo, que
corresponde a apenas 4% do C total do solo, est subdividido em três compartimentos: raí es
(5-10%), macrorganismos (15-30%) e microrganismos (60-80%). Apesar das raí es
compreenderem o menor reservat rio, sua ocorrência e distribuição no solo têm grande
influência no processo de formação do solo. O componente morto, que corresponde a 96% do
C orgânico total do solo, est subdividido em matéria macrorgânica e húmus. A matéria
macrorgânica é o menor dentre os dois compartimentos, contendo de 10-30% do COT do solo.
Este compartimento consiste de resíduos de plantas em diferentes est gios de decomposição,
que pode ser retido em urna peneira de malha 250 um (Wolf & Snyder, 2003). A matéria
c
c
macrorgânica, também conhecida por fração leve, pode ser obtida por flotação em líquidos
com densidade de 1,6 - 2,0 g cm-3. O tempo de residência da matéria macrorgânica pode variar
de 5 a 20 anos e tem se mostrado mais sensível às mudanças do manejo do que MO total do
solo (Mirsky et al., 2008). A MO morta remanescente após a separação da macrorgânica ou
fração leve é conhecida como húmus e consiste de substâncias húmicas e não húmicas (Wolf
& Snyder, 2003). O húmus é decorrente da polimeri ação de compostos de cadeias longas da
matéria orgânica (Berg & Laskowski, 2006). No húmus estão presentes compostos orgânicos
com peso molecular relativamente alto, de coloração escura e gerada em reações secundárias
de síntese. Essas substâncias apresentam alta complexidade química e estrutural cuja fórmula
molecular não é bem definida. Constituem quase a totalidade da MOS e, devido à sua grande
reatividade, é a fração envolvida na maioria das reações químicas no solo (Moreira & Siqueira,
2002).
As substâncias húmicas podem ser divididas em três frações com distintas características
fisico-químicas: c./ -, solúveis em meio alcalino e ácido diluído; c/ ,
solúveis em meio alcalino e insolúveis em meio ácido diluído; e
, resíduo insolúvel em
meio alcalino e ácido. Estas frações, extraídas do solo com base nas suas características de
solubilidade, são formadas de uma mistura heterogênea e bastante complexa, de moléculas
orgânicas, polimeri adas e com massa molecular bastante variável. A caracteri ação dessas
frações normalmente inclui análises de sua composição química, número de grupamentos
acídicos funcionais, grau de polimeri ação, entre outras, as quais são utili adas para inferir
sobre os processos envolvidos na formação da MOS bem como sobre eventuais efeitos da
MOS nas características do solo (Berg & Laskowski, 2006). Os ácidos fúlvicos são mais
reativos do que as outras duas frações pela maior quantidade de grupos carboxílicos e
fenólicos que elec contém. Algumas propriedades químicas das substâncias húmicas estão na
Tabela 1.
A quantidade da matéria orgânica e a proporção das frações húmicas têm servido como
indicadores de qualidade de solo, em razão da forte interação das substâncias húmicas com o
material mineral e o manejo do solo (Fontana et al., 2006).
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c
c
c
c
c
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0# )* Algumas propriedades das substâncias húmicas.
# quilo Dalton. 1 Da = 1/12 da massa de um átomo de C. Fonte: Berg & Laskowski, 200 .
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Os resíduos de origem animal e vegetal depositados sobre o solo, e que irãoresultar na
construção da MOS, são inicialmente decompostos pela mesofauna e, posteriormente, pelos
microrganismos do solo. Parte do carbono presente nos resíduos é liberada para a atmosfera
como CO2, e o restante passa a fazer parte da matéria orgânica, como componente do solo. A
decomposição do material adicionado depende principalmente do tipo de material, da idade, do
tamanho da partícula e do conteúdo de N, entretanto, fatores do solo também influenciam na
c
c
decomposição, como a umidade, temperatura, aeração, pH e conteúdo de nutrientes (Berg &
Laskowski, 2006).
A decomposição de resíduos jovens é mais rápida, enquanto para materiais mais maduros,
torna-se mais lenta, e isso se deve a composição do material. Resíduos jovens contêm mais
açúcares, amido, aminoácidos e algumas proteínas, que são de baixo peso molecular e de fácil
decomposição, enquanto que os materiais orgânicos mais velhos, que apresentam maiores
teores de hemicelulose, polifenóis e lignina são de lenta decomposição. A relação C:N também
influência na decomposição dos resíduos mais jovens, uma vez que estes apresentam relação
C:N estreita e próxima às condições ideais para os microrganismos (1:10) (Wolf & Snyder,
2003). A relação C:N influencia marcadamente a taxa de decomposição e a mineralização de
N, uma vez que o N determina o crescimento e a recic1agem dos microrganismos que
mineralizam o C orgânico. Resíduos de plantas têm conteúdo de N de 0,1 a 5%) e relação C:N
variando de 20:1 a 500:1, enquanto tecidos animais e microbianos, com altos teores de
proteína, têm uma relação menor que 1:20. Normalmente resíduos com relação C:N menor que
20:1 têm uma taxa de decomposição mais rápida que materiais com valores acima de 20:1.
Além da relação C:N, a relação lignina/N ou polifenóis/N do material vegetal também é
importante, pois com o aumento dessas relações a taxa de decomposição do material diminui e
a disponibilidade de N em curto prazo pode diminuir (Moreira & Siqueira, 2002).
As taxas de decomposição da cobertura morta em florestas naturais são aproximadamente
iguais àquelas de incorporação; entretanto, quando essas florestas são eliminadas e os solos
passam a ser cultivados, a taxa de decomposição da matéria orgânica excede as de produção.
Este balanço deficitário torna-se mais critico em regiões tropicais de clima quente e úmido
(Theng et al., 1989). Por isso, a MO desempenha papel importante na manutenção da
fertilidade do solo e na recuperação de solos degradados.
As comparações entre solos tropicais e temperados, em relação à taxa de decomposição e
estoque de carbono, devem ser realizadas preferencialmente em áreas com vegetação natural.
Nessa condição, os fatores de formação do solo, especialmente clima, material de origem e
vegetação, são determinantes para a formação da MO, devido aos seus efeitos sobre as taxas
de adição e de perda de C no solo. A temperatura é a variável que apresenta a diferença mais
consistente entre regiões tropicais e temperadas. Em média, os trópicos são 15°C mais quentes
do que as regiões temperadas e, em adição, não apresentam invernos com temperaturas tão
baixas. As temperaturas mais altas aumentam a velocidade dos processos químicos e
bioquímicos. Nos trópicos úmidos, as temperaturas elevadas associadas a precipitações
pluviais anuais de 1.000 a 3.000 mm resultam em taxas de decomposição mais altas do que nas
regiões temperadas. Entretanto, elevadas taxas de decomposição são contrabalanceadas pelas
c
c
maiores taxas de produção de resíduos vegetais que retornam ao solo. Nessas condições, a
constituição qualitativa e os conteúdos médios de MO dos solos tropicais e temperados são
semelhantes (Coleman et al, 1989; Bayer & Mielniczuk, 1999).
A interação de componentes minerais do solo e a MO é um fator importante para
compreender por que solos de regiões tropicais, apesar das temperaturas mais elevadas,
apresentam conteúdos semelhantes de MO, comparativamente a solos de regiões temperadas.
Nas regiões tropicais, de maneira geral, os solos apresentam grau mais avançado de
intemperismo, havendo predomínio, na fração argila, de minerais, como óxidos de ferro e
alumínio - entre outros - e argilossilicatos, como caulinita. A elevada área de superfície
específica e os grupos funcionais dispostos na superfície determinam a grande interação desses
minerais e a MOS. Como resultado, observa-se maior estabilidade da fração orgânica à
decomposição pelos microrganismos (Murage et al., 2007; Barthès et al., 2008).
!$ )* Relação entre os teores de argila e carbono total em amostras de solo de mata e
exploração agrícola em uma rnicrobacia do município de Areia/PB. Fonte: Galvão (2003).
A taxa de aumento do COT para cada unidade de argila foi semelhante para ambos os
sistemas, entretanto as intersecções diferiram entre os sistemas (teste-t; -60,05), e isto indica
que há maior quantidade de COT em áreas de mata do que em áreas de exploração agrícola. É
possível que isto seja devido às maiores quantidades de C recicladas no solo sob mata e à
ausência de revolvimento do solo neste sistema. O sistema de cultivo adotado no solo afeta a
estabilidade dos agregados, observado em um solo de textura areia franca em que foi avaliado
o efeito do cultivo convencional e do plantio direto na percentagem de agregado estável em
água em diferentes frações do solo ( iao et al., 200 ). Diferenças significativas entre os
sistemas foram observadas nas frações > 2 mm, entre 0,25 e 0,053 mm e 60,053 mm (Figura
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2).
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c . Tamanho*, densidade e biomassa dos principais grupos de organismos do solo por m2.
Fonte: Moreira & Siqueira (2002).c
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Bactérias** 50 1014
Algas 1 1010
Protozoários 9 1010
Nematóides 10 107
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Continuação...
Ácaros 1 105
Enquitreídeos 2 104
.
c)-c+c,c
Minhocas 50 102
Arachnida 0,5 10
Myriapoda 1,5 10
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cXc $ndices ecológicos relativos à macrofauna do solo (0-10 em) e da serapilheira. Fonte: Lima
et al. (2007).
2c 3c 1c 'c 1Xc 13c 1+c
2
Densidade (no ind m ) 19 394 112 237 218
Riqueza 4 9 10 17 10
$ndice de Shannon 0,58 0,33 0,71 1,06 0,79
ACQ: agricultura de corte e queima; FN: floresta nativa transicional cerrado-caatinga; SAF3,cSAF6 e SAF10:
sistema agroflorestal com 3,6 e 10 anos de adoção.
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c c Fluxo de decomposição da matéria orgânica induzida pelo preparo do solo. Fonte: Glanz
(1995).
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cc4c
c)5c
& ,c
Arado de disco + Grade de disco 4.300
Arado de disco 2.230
Grade de disco 1840
Escarificador 1.720
Plantio Direto 860
$
cËcEstoques totais de carbono orgânico (COT) e nitrogênio (N) relação C/Ncde um Latossolo
Vermelho-Amarelo nas camadas de 0-10 e 10-20 em sob diferentes sistemas de preparo. Fonte: Leite et
al. (2003a).
cc c
cc 'cc
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.cc 6'cc
-----------------Mg/ha-l-------------
------- +&+ccc c
PD 22,0a 1,74a 12,5
AD 16,7b 1,29bc 12,9
ADGP 15,5b 1,23c 12,5
GP 17,2b 1,36b 12,6
FA 35,0 2,59 13,5
+& +c c
PD 16,7a cc1,38a 12,1
AD 14,5ab 1,20b 12,0
ADGP 15,6ab 1,25ab 12,4
GP 13,9b 1,28ab 10,9
FA 27,2 2,19 12,4
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo Teste de Tukey (P=0,05). PD:
; AD: arado de disco; ADGP: arado de disco + grade pesada; GP: grade pesada; FA: Floresta
Atlântica.
c
Ë c!
c/c
c
ccc
O crescente aumento dos impactos ambientais e econômicos da produção agrícola sob
cultivo convencional tem aumentado o interesse em sistemas alternativos de cultivo que
possam melhorar ou manter os processos biológicos e minimizar a entrada de fertilizantes
minerais, pesticidas e a redução da mecanização. Toda atividade que objetive aumentar a MOS
contribui para a criação de novo equilíbrio no agroecossistema. Os principais fatores que
proporcionam aumento na MOS são:
c
c "c c $
c
c c
"ccccc
c
0
cc"c
c
c
c"cc$
ccria um reservatório ativo da MO que servirá como
fonte de energia e nutrientes para os organismos do solo. Estes melhoram a estrutura e
porosidade do solo e aumentam o fornecimento de nutrientes para as plantas. Algumas práticas
podem aumentar a produção de biomassa, como a realização de uma fertilização balanceada, o
uso de culturas de cobertura, o aumento da biodiversidade da flora, a adoção de sistemas
c
c
agroflorestais, além do reflorestamento e regeneração da vegetação natural.
Em locais onde o fornecimento de nutrientes no solo é adequado, as culturas se
desenvolvem bem e produzem maior quantidade de biomassa. Os fertilizantes são necessários
nos casos em que os nutrientes no solo estão deficientes e não podem, dessa forma, contribuir
para o desenvolvimento adequado das culturas (FAO, 2000). Nos solos brasileiros,
especialmente Latossolos, há deficiência, por exemplo, de P, importante não apenas para o
crescimento das plantas, mas também para a fixação de N. Uma fertilização desbalanceada,
principalmente com N, pode resultar em maior competição com ervas daninhas, maior
incidência de pragas e perda de qualidade dos produtos. Portanto, os . 4
c devem ser
aplicados em /
c .c c c ""7c $
c A eficiência do
fertilizante será alta quando o teor de MOS também for alto. Em solos pobres ou esgotados, as
culturas utilizam os nutrientes advindos da aplicação de fertilizantes de maneira ineficiente.
Quando os níveis de MOS são recuperados, os fertilizantes podem auxiliar na manutenção dos
estoques de nutrientes no solo por meio do aumento da produção de culturas e,
consequentemente, da quantidade de resíduos que retornam ao solo.
O uso de
cc$
cé uma das práticas mais recomendadas para aumentar os
estoques de MOS e, portanto, melhorar a qualidade do solo (Hutchinson et al., 2007). Os
principais benefícios do uso de culturas de cobertura são:
c
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$
c 3 Características químicas de um Argissolo Vermelho-Amarelo (0-10 cm), sob sistema
ecológico com três anos (SE3), sistemas agroflorestais com seis anos (SAF6) e dez anos de adoção
(SAF10), agricultura de corte e queima (ACQ) e floresta nativa (FN). Fonte: Lima (2007).
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c c 9c c c :c
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8 c &X &X
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SE 3 6,19 a 0,04 b 2,03 c 3,39 b 0,74 c 0,28 c 4,41 b 4,44 b 99,16 a
SAF6 5,45 bc 0,14 b 5,89 b 3,14 b 2,21 a 0,50 ab 5,85 b 6,03 ab 99,90 a
SAF10 6,44 a 0,02 b 12,27 a 8,78 a 1,85 ab 0,53 a 11,16 a 9,02 a 99,86 a
ACQ 5,98 ab 0,14 b 2,07 c 3,49 b 0,56 c 0,16 c 4,20 bc 4,34 b 96,88 a
FN 5,12 c 1,52 a 1,76 c 0,94 c 1,14 c 0,30 bc 2,38 c 3,89 b 60,46 b
!
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SE 3 5,8 a 0,16 b 5,10 bc 0,59 b 0,59 b 0,13 c 3,79 c 3,95 c 95,11 a
SAF6 5,6 a 0,16 b 13,98 ab 1,81 a 1,81 a 0,38 a 9,55 b 9,71 b 98,38 a
SAF10 6,0 a 0,16 b 16,85 a 1,68 a 1,68 a 0,29 ab 17,45 a 17,61 a 99,08 a
ACQ 5,7 a 0,16 b 8,79 abc 0,36 b 0,36 b 0,13 c 3,64 c 3,82 c 94,93 a
FN 4,6 b 1,64 a 2,46 c 0,95 b 0,95 b 0,21 bc 2,36 c 4,00 c 57,59 b
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si na mesma estação segundo o teste de Tukey.
Portanto, o acúmulo desse elemento na camada superficial no SAF10, está associado à sua
baixa mobilidade no solo e a atuação conjunta do bombeamento de nutrientes pelas raízes das
árvores das camadas mais profundas do solo, para a superfície, potencializado pelo manejo do
sistema, assim como a dinamização da atuação da biota do solo para disponibilização de
nutrientes, em função do incremento periódico de matéria orgânica de qualidade diferenciada
resultante do manejo (Peneireiro, 1999).
Em relação às bases trocáveis, independentemente do período de coleta, os maiores valores
foram observados nos SAFs (Tabela 6). No período seco, observou-se que o valor de Ca no
SAF10 foi significativamente superior (p<0,05) aos demais sistemas e considerado com bom
(>4 cmolc dm-3).Para o Mg, os maiores valores obtidos pelos SAF6 (sistema agroflorestal com 6
anos de adoção), SAF10 e FN considerados como bom (> 1,0 cmolc dm-3) e o menor valor foi
verificado no ACQ (0 a 0,5 cmolc dm-3), considerado baixo. O K foi verificado em maior
quantidade nos SAF6 (0,50 cmolc dm-3) e SAF10 (0,53 cmolc dm-3 ), considerado como valor
médio (0,46 a 0,80 cmolc dm-3), enquanto que o SE3 e ACQ apresentaram baixos valores desse
nutriente (0 a 0,45 cmolc dm-3 ) (Tabela 6). O aumento dos teores de Ca, Mg e K nos SAFs,
c
c
está associado ao maior aporte desses nutrientes via serapilheira e a atividade de decomposição
realizada pela biota do solo. Por outro lado, no solo sob ACQ, os menores teores de Mg podem
estar associados ao manejo do corte e queima que resulta em menores teores desse elemento na
camada superficial do solo (Jacques, 2003). No período chuvoso, verificou-se aumento nos
teores de Ca nos SAF6 e SAF10 em relação ao observado no período seco. Enquanto os teores
de Mg e K, onde houve diminuição da concentração desses nutrientes em todos os sistemas,
exceto para o Mg na FN (Tabela 6). As perdas de K no período chuvoso podem ser
relacionadas à lixiviação desse nutriente no solo.
c
cc"cccpode ser obtido com práticas conservacionistas simples
e eficientes, tais como a proteção contra o fogo, manejo adequado dos resíduos de culturas e
manejo integrado de pragas, aplicação de esterco ou outro resíduo rico em C, compostagem e
cobertura permanente do solo. O fogo destrói quase todo material orgânico contido na
superfície, tornando o solo estéril pela perda de parte de sua matéria orgânica, reduzindo a
micro e macrofauna do solo. Além disso, também aumenta a emissão de gases de efeito estufa.
A utilização de práticas de manejo que diminuem ou evitam o uso do fogo pode aumentar o
aporte de MO e incrementar os estoques de MOS.
O manejo adequado dos resíduos de culturas adiciona MO ao solo, aumenta a infiltração e
retenção de água, seqüestra C no solo, fornece nutrientes para as plantas e microrganismos e
protege o solo contra erosão. O manejo integrado de pragas evita a redução de produtividade,
proporcionando ótima produção de biomassa, necessária para a manutenção da MOS. A
aplicação de esterco ou qualquer outro resíduo orgânico rico em C também incrementa o
conteúdo de MOS, conforme reportado por Leite et al., (2003b) em um Argissolo Vermelho-
Amarelo, em Viçosa-MG, cultivado com milho e feijão e uso de esterco bovino (Tabela 7). A
aplicação de resíduos ricos em C imobiliza o N disponível no solo temporariamente, uma vez
que os microorganismos necessitam de ambos para seu crescimento e desenvolvimento. O
esterco animal normalmente é rico em N, e, portanto, imobilização é mínima. Leite et al.
(2007a), também constataram o efeito positivo de aporte orgânico (palha de carnaúba) em um
Latossolo Vermelho-Amarelo, cultivado com melancia, em Jatobá-PI. Na camada de 0-10 em,
observou-se que os estoques de COT foram maiores (p<0,05) nos sistemas em que se utiliza o
plantio direto, especialmente quando associado à adubação orgânica em sequeiro
(PD/ORG/SEQ) (Tabela 8).
c
c
c
$
c=cEstoques totais de carbono orgânico (COT) e nitrogênio (NT) nas profundidades de 0-10
em, 10-20 em e 0-20 em, em Argissolo Vermelho-Amarelo em função das adubações mineral e
orgânica e em Floresta Atlântica. Fonte: Leite et al., (2003b).
1$c 1$cc 1$cc
c
c
c +c 1c +c 1c
COT (Mg ha-1) NT (Mg ha-1)
+&+cc
1c 35,00 ± 5,29 2,59 ± 0,41
(1)
0 18,87 b 23,35 a 21,1 1,54 b 1,98 a 1,76
AM1 21,65 b 26,50 a 24,07 1,64 b 2,11 a 1,87
AM2 20,61 b 25,91 a 23,26 1,56 b 2,09 a 1,82
+& +c
1c 27, 21 ± 2,00 2,19 ± 0,16
(1)
0 18,04 b 22,72 a 20,38 1,53 b 1,86 a 1,69
AM1 18,12 b 24,81 a 21,46 1,56 b 2,02 a 1,79
AM2 19,38 b 24,14 a 23,26 1,44 b 1,95 a 1,69
+& +cc
1c 63,95 ± 5,49 4,88 ± 0,51
0 36,92 b(1) 48,06 a 42,49 3,07 b 3,84 a 3,45
AM1 39,71 b 51,30 a 45,50 3,20 b 4,13 a 3,66
AM2 39,98 b 50,05 a 45,01 3,01 b 4,04 a 3,52
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si ao nível de 5% (teste F). FA: Floresta
Atlântica; O: testemunha; AM1: 250 kg ha -1 de 4-14-8 + 20 kg N ha-1 em cobertura; AM2: 500 kg ha-1 de 4-14-8
+ 40 kg N ha-1 em cobertura; AO: 40 m3 ha-1.
Isso está associado ao aporte contínuo dos resíduos vegetais, sem revolvimento excessivo
do solo e ao uso permanente da palha de carnaúba, que atua como cobertura do solo e como
fonte de carbono e nutrientes em médio e longo prazo. Similarmente, os estoques de C da
biomassa microbiana (Cmic), na camada de 0-10 cm, foram maiores (p<0,05) nos sistemas
com plantio direto, adubação química e orgânica e sob irrigação (PD/QUI/ORG/IRRI) (0,38
Mg ha-1) e PD/ORG/SEQ (0,31 0,38 Mg ha-1 ), embora, este último, não tenha diferido do
sistema com plantio direto, adubação química e sequeiro (PD/QUI/SEQ) (0,22 Mg ha-1 ). Em
ambas as profundidades (0-10 e 10-20 cm), os estoques de C da fração leve apresentaram a
mesma tendência do COT e Cmic e foram maiores (p<0,05) nos sistemas com plantio direto,
especialmente no sistema PD/ORG/SEQc (4,25 Mg ha-1 ) (Tabela 8). Maiores valores para
sistemas com adubação orgânica estão associados às maiores produtividades (dados não
c
c
mostrados), o que implica em aumento do retorno para o solo de substratos orgânicos, por
meio da parte aérea, raízes e exsudatos, em relação àqueles sistemas sem a presença da
adubação orgânica.
0# 5* Estoques de carbono orgânico total (COT), carbono da biomassa microbiana (Cmic) e
carbono da fração leve (CFL) em um Latossolo Vermelho-Amarelo sob sistemas agroecológicos e
convencionais nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm. Fonte: Leite et al., (200 a)
Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, em cada variável, não diferem entre si pelo teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. (2) FN: floresta nativa; PO/ORG/SEQ: plantio direto com adubação
orgânica em sequeiro; PO/QUT/SEQ: plantio direto com adubação química em sequeiro; PO/QUl/ORG/lRR:
plantio direto com adubação química e orgânica e irrigada por gotejamento (PO/QUI/ORG/rRRI); PC/QUI/SEQ
plantio convencional com adubação química em sequeiro.
c
c
ocasionando assim, novo equilíbrio na distribuição de C orgânico e de nutrientes.
Em um Latossolo Amarelo do cerrado maranhense, Azevedo et al. (2007) verificaram, na
camada de 0-5 cm, maior estoque de COT em solo sob plantio direto do que naqueles sob
preparo convencional (com gradagem) e reduzido (com escarificador) (Tabela 9). Por outro
lado, com o aumento da profundidade, observaram superioridade do plantio direto apenas na
camada 5-10 cm; a 20 cm (E20) e a 30 cm (E30), o escarificador foi mais eficiente do que o
plantio convencional (PC). Estes resultados estão de acordo com aqueles observados na
maioria dos estudos, que preconizam a existência de maiores estoques de COT sob PD em
comparação com os sistemas convencionais e que esse acúmulo é restrito às camadas
superficiais (Bayer et al., 2006). Isto pode ser atribuído ao curto tempo de adoção desse
sistema e à cultura de cobertura usada (milheto), que apresenta altas taxas de decomposição,
decorrentes especialmente dos elevados índices de temperatura e umidade verificados na
região sob estudo. Além do COT, também tem sido observado aumento nos teores ou estoques
dos compartimentos de C em solo sob PD. Em estudo comparativo entre sistemas de PD com
diferentes rotações de cultura e plantio convencional (PC) realizados em amostras de solo de
um Latossolo Vermelho do Cerrado do MS, Bayer et al (2004) constataram que o PD
aumentou o teor de C na matéria orgânica particulada (MOP) e naquela associada aos minerais
(MOAM) em comparação ao PC e os maiores aumentos ocorreram nas camadas superficiais
do solo e nos teores da MOP (Figura 3).
c
$
c 4 Teores e estoques totais de carbono (COT') e nitrogênio (N'I') e relação C/N de um
Latossolo Amarelo, nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20, 20-40 cm, sob diferentes sistemas de preparo no
leste maranhense. Fonte: Azevedo et al., (2007).
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E-20 1,02 b 0,09 a 7,19 b 0,63 a 11,4 a
E-30 1,00 b 0,09 a 6,85 b 0,62 a 11,1 a
PC 0-5 0,81 c 0,07 a 5,58 c 0,48 b 11,6 a
PD 1,08 a 0,10 a 7,72 a 0,71 a 10,9 a
FN 1,06 0,09 6,89 0,58 11,8
E-20 0,98 a 0,08 a 6,66 a 0,54 a 12,3 a
E-30 0,98 a 0,08 a 6,46 a 0,52 a 12,4 a
PC 5-10 0,89 b 0,06 a 5,87 b 0,39 a 15,0 a
PD 1,02 a 0,09 a 6,83 a 0,60 a 11,4 a
FN 0,83 0,07 5,40 0,45 12,0
c
c
Continuação...
c
c
!$7* Distribuição dos teores de C na matéria orgânica particulada (MOP) e na matéria orgânica
associada aos minerais (MOAM) de um Latossolo Vermelho sob preparo convencional (PC) e plantio
direto (PD). Rotação I: guandu-anão, milheto/soja, milho; rotação II: crotalária juncea, sorgo/soja,
milho e rotação lII: girassol, aveia-preta/soja, milho. Fonte: Bayer et al., (2004).
c
c
revolvimento do solo, não é suficiente. Há, na realidade, a necessidade de se incorporar
culturas de cobertura com elevado aporte de resíduos, que aumentem as entradas de carbono
no solo e outras com função de inserir N no sistema (leguminosas), Além disso, é essencial
que essas culturas sejam adaptadas às condições edafoclimáticas da região. No cerrado do PI e
MA, as altas temperaturas e altas taxas de umidade relativa têm favorecido a decomposição
rápida do milheto o que tem indicado a necessidade de se testar outras culturas de cobertura
como a c c De forma complementar, uma alternativa promissora para o
cerrado brasileiro e especificamente do Meio-Norte, é a Integração Lavoura-Pecuária, que
assegura elevado aporte de resíduo e elevada taxa de acúmulo de MOS. No entanto, ainda são
escassos os trabalhos de pesquisa com este sistema na região Centro-Sul do país e
praticamente inexistentes no Meio-Norte do Brasil.
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c$$ .
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