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DE PROCESSO PENAL

Aula 2
Teoria Geral dos Recursos

Professora: Ana Lucia Menezes Vieira


Coordenação: Prof. Ana Lucia Menezes Vieira
Capítulo 6

Teoria Geral dos Recursos

1. CONCEITO: Recurso vem do vocábulo latino recursus, que significa: corrida para trás, caminho para
voltar, volta. É o ato por meio do qual a parte pode pedir ao Órgão Jurisdicional que reexamine a questão
decidida, retornando, assim, ao ponto de onde partiu. É o remédio jurídico processual pelo qual se provoca
o reexame de uma decisão, visando reformá-la.

JUÍZO A QUO: é o órgão que prolatou a decisão recorrida. Que poderá ser um juiz criminal, quando decide
no processo de roubo, por exemplo. Poderá ser o juiz cível, quando decide sobre um pedido de guarda de
filho, e poderá ser o Tribunal, quando decide pela condenação, por exemplo, de um Promotor de Justiça que
praticou crime. É que nesta hipótese, o Tribunal de Justiça é o órgão competente para julgar o Promotor, em
competência originária. Assim também como é o Tribunal de Justiça o competente para julgar um juiz de
direito que, por exemplo, praticou um crime. E o órgão para quem se pede a reforma da decisão é o JUÍZO
AD QUEM. Se "beltrano" foi condenado pelo juiz da 3ª Vara Criminal da Capital, por crime de tráfico de
entorpecentes, ele poderá recorrer ao Tribunal de Justiça, que é o órgão AD QUEM.

2. PRESSUPOSTOS LÓGICO E FUNDAMENTAL DOS RECURSOS:


a) Pressuposto lógico: É a existência de um despacho ou decisão.
b) Pressuposto fundamental: É a SUCUMBÊNCIA, ou seja, é a existência de um prejuízo que a parte entenda
ter-lhe produzido a decisão contra a qual recorre.

SUCUMBÊNCIA é perda, é prejuízo que a parte entenda ter tido em razão da decisão proferida pelo juiz.

A SUCUMBÊNCIA PODE SER:

1. ÚNICA: Isto é; a inconformidade da decisão atinge apenas uma das partes. Por exemplo: Se o juiz não
atende ao pedido de absolvição, sucumbente será apenas o réu.

2. MÚLTIPLA: Ou seja, é aquela cuja inconformidade atinge vários interesses. Por ex.: O juiz condenou o réu
e aplicou o "sursis". O Promotor não se conforma com a aplicação do "sursis" e a defesa não se conforma
com a condenação. Ambos são sucumbentes. Ambos tiveram prejuízo. Ambos poderão recorrer.

"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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3. VAMOS VER, AGORA OS PRINCÍPIOS GERAIS DOS RECURSOS.
a) TAXATIVIDADE DOS RECURSOS: os recursos dependem de previsão legal. O rol dos recursos configuram
um elenco taxativo, devidamente expresso em lei.

b) FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS (É a chamada TEORIA DO RECURSO INDIFERENTE). O CPP em seu


art. 579 prevê que o recurso erroneamente interposto pode ser conhecido pelo outro, desde que não haja
má-fé. Aproveita-se o recurso erroneamente interposto, convertendo-o no adequado. É o princípio segundo
o qual o processo não deve sacrificar o fim pela forma, ou seja, o réu não pode perder a possibilidade de
rever a sentença que o condenou, porque interpôs, erroneamente o recurso.
Mas, importante, não pode haver MÁ-FÉ, ou seja o fato de o recorrente interpor o recurso impróprio fora do
prazo do recurso que deveria ser interposto.

c) UNIRRECORRIBILIDADE ( ou singularidade) das decisões. Como regra geral: a cada decisão deve
corresponder um único recurso.
Exceção: art. 608 do CPP.

d) PERSONALIDADE DOS RECURSOS. É o princípio segundo o qual, quem recorre não pode ser
prejudicado pelo próprio recurso é a proibição da "reformatio in pejus", reforma para pior.
Importante saber que também a "reformatio in pejus" indireta não é admitida na jurisprudência. Assim, se a
sentença condenatória condenou o réu a 1 ano de reclusão, se seu próprio e único recurso anulou a
sentença, nova sentença não poderá impor pena superior a 1 ano. A Jurisprudência é tranqüila neste
sentido.

e) DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS. O recorrente pode dispor do recurso interposto, já que este foi
voluntário.

Atos de disposição:
1. RENÚNCIA AO RECURSO a renúncia é anterior à interposição. A parte, simplesmente, resolve não
recorrer. A parte não interpõe o recurso e ocorre o trânsito em julgado da sentença.

2. DESISTÊNCIA DO RECURSO é sempre posterior à interposição e leva à extinção da via recursal. A parte
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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interpõe o recurso, mas desiste de continuar.

MP não pode desistir de recurso interposto. Há expressa previsão legal no art. 576 do CPP.

4. EFEITOS DOS RECURSOS:

a) DEVOLUTIVO (reiterativo) é o efeito, segundo o qual o conhecimento da decisão recorrida é devolvido a


um órgão jurisdicional para o reexame. Todo recurso tem efeito devolutivo é efeito comum e constante.

b) SUSPENSIVO - o recurso suspende a execução da decisão que se combate a decisão só poderá ser
executada quando confirmada pelo Juízo ad quem, pelo Tribunal. Mas é a lei que deve dizer se o recurso tem
ou não este efeito. No silêncio da lei o recurso não tem efeito suspensivo.

c) REGRESSIVO também chamado de iterativo ou diferido. É o reexame da decisão pelo próprio Juízo a quo.
O próprio juiz que proferiu a sentença deve reexaminar a sua decisão (é um aspecto do efeito devolutivo).

d) EXTENSIVO (art. 580 do CPP). o provimento do recurso em favor do recorrente, ou seja, a modificação da
sentença de 1º grau pelo Tribunal, dando provimento ao recurso do réu, por exemplo, aproveita ao não
recorrente- art. 580 do CPP desde que não seja decisão fundada em motivo de caráter pessoal.

5. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS.

a) Juízo de ADMISSIBILIDADE é o julgamento sobre a possibilidade de exame do recurso. JUÍZO DE


PRELIBAÇÃO.

b) Juízo de MÉRITO é a análise de questão de direito material ou processual. JUÍZO DE DELIBAÇÃO.

CONDIÇÕES DO RECURSO (PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS):

I. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: no âmbito recursal é o CABIMENTO DO RECURSO, isto é, a


previsão legal do recurso no ordenamento. A lei o prevê? Se não é previsto, não é cabível.

"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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II. INTERESSE DE AGIR: é preciso ter interesse em recorrer. O interesse é a vantagem que se pode obter
com o recurso.

III. LEGITIMIDADE para interpor o recurso É PRECISO SER PARTE LEGÍTIMA. E quem é parte legítima? O MP
ou querelante (na ação penal de iniciativa privada)
- o réu, seu procurador ou defensor. No PP tanto o réu como seu advogado (representante da parte) podem
recorrer.

PRESSUPOSTOS OBJETIVOS.

1) TEMPESTIVIDADE:- O recurso deve ser interposto dentro do prazo legal: art. 798 CPP.

Como SÃO CONTADOS OS PRAZOS? Primeiramente, os prazos só começam a correr a partir do primeiro
dia útil após a intimação (segundo o art. 184 do CPC, aplicável no nosso caso) e não se computa no prazo o
dia do começo, mas sim o do vencimento.

Súmula 310 do STF "Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo inicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso
em que começará no primeiro dia útil que se seguir".

O termo A QUO dos recursos, ou seja a data a partir da qual o prazo começa a correr, de acordo com o art.
798, parágrafo 5º, é o primeiro dia útil subseqüente à intimação pessoal do defensor dativo e do
representante do Ministério Público.

2) ADEQUAÇÃO E REGULARIDADE PROCEDIMENTAL. O recorrente deverá observar as formalidades


exigidas por lei para a sua interposição há um processamento expressamente definido em lei. Segundo o art.
578 do CPP, o recurso poderá ser interposto por PETIÇÃO ou TERMOS NOS AUTOS.

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6. COMO SE EXTINGUEM OS RECURSOS:

EXTINÇÃO NORMAL: Ele segue o curso normal e, afinal, é extinto. Interposto o recurso admitido pelo juízo
a quo encaminhado ao órgão ad quem conhecido levado a julgamento provimento ou improvimento do
recurso. Com o acórdão, extingue-se o recurso. O acórdão é decisão do Tribunal.

EXTINÇÃO ANORMAL: o recurso se extingue anormalmente, em primeiro lugar, pela FALTA DE PREPARO,
ou seja, se não forem pagas as despesas, as custas, conforme dispõe o art. 806, § 2º do CPP. Em segundo
lugar, pela DESERÇÃO, isto é, pela fuga do APELANTE art. 595 do CPP . Se o réu condenado fugir, depois
de haver apelado, será declarado DESERTO o recurso, acarretando o trânsito em julgado da sentença e a
conseqüente execução da pena aplicada.

7. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

EXTRAORDINÁRIO é aquele que leva ao conhecimento do STF uma questão federal (art. 102 III da CF) de
natureza constitucional.

ESPECIAL é aquele que leva ao conhecimento do STJ uma das questões infraconstitucionais elencadas no
art. 105, III, a, b e c da CF, propiciando ao STJ " o controle da legalidade do julgado proferido pelo Tribunal a
quo.

ORDINÁRIO: qualquer outro recurso é ordinário. Não importa sua natureza (apelação, agravo, embargos),
todos são recursos ordinários.

VOLUNTÁRIO: é aquele cujo ônus de interpô-lo cabe, exclusivamente, àquele que sucumbiu.

NECESSÁRIO (ex officio): obrigatoriamente, necessariamente, deve ser interposto pelo juiz. Nas hipóteses
em que a lei o prevê, há uma espécie de prejuízo, de gravame presumido. (impropriamente denominado
recurso ex officio, revela que se trata, na verdade, de decisão que o legislador submete a duplo grau de
jurisdição, e não de recurso em sentido próprio e técnico).

"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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