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Introdução:
Mundo dos valores: A tudo o que afeta ao homem, direta ou indiretamente, é atribuída
qualidades e significações, isto é, atribui-se um valor. Ex. segurança, trabalho, estética,
moral, religião etc.
Idéia de fim, de valor e de bem: fim é aquilo pelo qual todos fazem alguma coisa
(Escolástica); valor é o produto de nossa subjetividade (subjetivismo axiológico),
consubstanciado na realidade objetiva consistente em qualidades e perfeições que nos
atraem; bem será tudo aquilo que pertence a uma classe especial de objeto sobre a qual
repousa, incide nosso valor, isto é, a coisa afetada de valor é sinônimo de bem.
Silogismo: se fim é aquilo pelo qual se faz alguma coisa, valor é uma classe especial de
coisa afetada, que se constitui em um bem, pode-se concluir que fim é sinônimo de valor.
Intuição de Dante Alighieri: “Jus est realis ac personalis hominis ad hominem proportio,
quae servata servat societatem; corrupta, corrumpit” (O Direito é uma proporção real e
pessoal, de homem para homem, que, conservada, conserva a sociedade; corrompida,
corrompe-a).
Norma: consiste no padrão de comportamento social imposto aos indivíduos, que devem
observá-la em determinadas circunstâncias.
Direito e moral: A Teoria do Mínimo Ético (filósofo inglês, Jeremias Bentham e jurista
alemão, Georg Jellinek): consiste em dizer que o Direito representa apenas o mínimo de
Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. A moral, em regra, é
cumprida de maneira espontânea, mas como as violações são inevitáveis, é indispensável
que se impeça a transgressão dos dispositivos que a comunidade considerar
indispensável à paz social. Assim o Direito não é algo diverso da Moral, mas é parte
desta, armada de garantias específicas (imagem dos círculos concêntricos): “tudo o que é
jurídico, é moral; mas nem tudo o que é moral, é jurídico”. (círculos concêntricos).
Teorias de Duguit e Hans Kelsen: integram as doutrinas negativistas que não admitem a
existência do direito subjetivo. Para eles, a obrigação jurídica é a própria norma jurídica e
o direito subjetivo o próprio direito objetivo.
Fontes do Código Civil: A fonte primordial e inspiradora de nosso direito civil é o direito
romano. Na fase do Brasil colonial estavam em vigor as Ordenações do Reino
(Afonsinas – Manoelinas – Filipinas). Após a Independência, entra em vigor a Lei de 20
de outubro de 1823, que determinou que continuasse a aplicar a legislação do Reino.
Vigorou essa legislação até sua revogação pelo artigo 1807 do Código Civil – Lei n.
3.071/1º/Jan./1916) Houve grande influência do Código de Napoleão (1804) e do Código
Alemão (1896 – pandectistas germânicos calcado na legislação latina – Pandectas ou
Digesto designa a coleção de fragmentos dos jurisconsultos romanos, incluídos no
Corpus Juris Civilis de Justiniano: compilação efetuada sob a supervisão de Triboniano,
que também participou na elaboração das Institutas).
Outras fontes:
Divisão
Fontes atuais: são aquelas às quais nos reportamos para afirmar o nosso direito e o juiz,
para fundamentar a decisão.
Fontes formais (diretas, imediatas ou primárias): são aquelas que por si sós têm força
suficiente para gerar a regra jurídica; é o modo de expressão do Direito Positivo. Ex. lei e
costume. A lei é fonte formal principal e o costume fonte formal acessória
Fontes mediatas ou secundárias: são aquelas que não têm a mesma força que as
primeiras, mas servem para esclarecer o espírito dos aplicadores da lei e de precioso
substrato para a compreensão e aplicação global do Direito. Ex. a doutrina, a
jurisprudência, a analogia, os princípios gerais do Direito e a eqüidade.
Lei: podemos conceituar lei como uma regra geral de direito, abstrata e permanente,
dotada de sanção, expressa pela vontade de uma autoridade competente, de cunho
obrigatório e de forma escrita.
Nota: é geral porque dirigida a todos indistintamente; abstrata porque regula uma
situação jurídica hipotética, que só atualiza quando o particular se submeter a sua
descrição; é permanente porque rege todos os casos a que se aplica, de maneira
indefinida, até ser revogada; dotada de sanção que é o elemento constrangedor, que
obriga seu cumprimento de maneira obrigatória; emanada de autoridade competente
porque advém da estrutura formal do Estado; é de forma escrita porque nosso
ordenamento assim a prevê (contrariamente ao sistema do Common Law).
Classificação das Leis: dentre as várias características que a lei possui, destacam-se:
5) Quanto à sanção: as leis podem ser perfeitas, mais que perfeitas, menos que perfeitas
e imperfeitas.
Mais que perfeitas são as normas cuja violação dá margem a duas sanções: nulidade
do ato praticado somado à aplicação de uma pena ao infrator (casamento de pessoa já
casada, CC, art. 1.521, VI, pratica bigamia punida pelo artigo 235 do CP);
Menos que perfeitas as leis que trazem sanção incompleta ou inadequada, tais como a
aplicada ao viúvo que contrai novas núpcias antes de promovido o inventário:
obrigatoriamente se casará sob o regime da separação de bens (CC. art. 1.523, I, 1.641,
I);
Imperfeitas são as leis que prescrevem uma conduta sem impor uma sanção. Exemplo
disso é a prescrição de trinta dias de prazo, a contar da sucessão, para o início do
processo de inventário (CPC. Art. 983). Nota: leis estaduais prescrevem uma sanção –
multa. Também serve como exemplo o pagamento de dívida prescrita (o sistema jurídico
não fornece meios coercitivos para seu recebimento – CC, art. 814).
Costume: é o uso reiterado de uma conduta levado a efeito por uma coletividade, é
aquela prática constante e habitual que brota espontaneamente do meio social e acaba
por se tornar obrigatório. Sua formação é paulatina e quase imperceptível, mas num dado
momento sua observância é obrigatória. Seu papel de fonte criadora do Direito foi mais
intenso nos sistemas jurídicos da Antigüidade; hoje são mais observados nos sistemas do
Common Law. O costume circunda a lei e não pode contrariá-la.
Diferenças entre o costume e o uso: note-se que nem todo uso é costume; costume é
um uso juridicamente considerado. Para que assim seja, são necessárias algumas
características: tem que ser geral (disseminado no meio social), que tenha certo lapso de
tempo (há de ser um hábito arraigado), ser constante (repetitivo na sociedade).
Nota: Pode ser admitido o costume contra a lei? Interpretação do disposto no artigo 5º da
Lei de Introdução (fazer a leitura e problematizar).
Analogia: Na aplicação do Direito, o juiz não poderá se escusar desta aplicação alegando
inexistir lei determinada a aplicar, deve buscar soluções nas demais fontes do Direito. A
analogia é um processo de raciocínio lógico pelo qual o juiz estende um preceito legal a
casos não diretamente compreendidos na descrição legal, isto é, transporta para o caso
concreto, semelhante àquela hipótese da lei, mas não igual, a mesma aplicação desta.
Pode ser analogia legal: o aplicador do Direito busca uma norma que se aplique a casos
semelhantes. Ex. contrato de leasing (locação com opção de compra), que em caso de
omissão da lei pode aplicar os princípios da compra e venda e da locação; e analogia
jurídica: quando não havendo uma norma semelhante a aplicar, busca no trabalho de
interpretação, um raciocínio mais profundo e complexo, extrair do pensamento dominante
um conjunto de situações que possa aplicar.
Princípios gerais de direito: por este princípio, o intérprete investiga o pensamento mais
alto da cultura jurídica universal, buscando uma orientação geral do pensamento jurídico.
Enfocados nos brocardos de Ulpiniano, a idéia global desses princípios funda-se na
honeste vivere, neminem laedere, suum cuique tribuere: viver honestamente, não lesar a
ninguém e dar a cada um aquilo que é seu.
Tema central: a Lei de Introdução ao Código Civil cuida do estudo da própria lei, é
doutrinariamente denominada de “regra de sobredireito”.
Fases da lei: são três as fases porque passam as leis até a sua obrigatoriedade:
elaboração – estudos e discussões iniciais até a votação do Projeto; a promulgação –
que é o ato pelo qual o Presidente sanciona a lei já votada e remetida a seu exame (pode
ser vetada e passar novamente pela votação no Congresso); publicação – após a
sanção da lei, esta será publicada à Nação, momento em que tem início o prazo para
entrar em vigor e se tornar obrigatória a todos.
Vacatio legis: o intervalo – lapso temporal – havido entre a publicação e a efetiva entrada
em vigor da lei denomina-se vacatio legis.
Tipos de revogação: expressa ou tácita. Expressa quando a lei revogadora traz em seu
texto a declaração de que a lei anterior está revogada (ou parte dela); tácita quando
ocorrer de a nova lei não se referir à anterior mas com ela for incompatível ou for de forma
que regule inteiramente a matéria tratada na lei anterior. Ex. do primeiro caso: Lei n.
883/49, que revogou o artigo 358 do C. Civil (reconhecimento de filho adulterino)
(derrogação); exemplo do segundo caso temos a própria LICC que revogou a primeira (de
1916) sem a ela se referir.
Do efeito repristinatório da lei: a lei nova, revogadora da lei velha, uma vez sendo
também revogada ou perdendo sua eficácia por qualquer das formas previstas
(inconstitucional), não faz com que ressuscite, que seja restaurada a lei anterior, salvo
disposição expressa nesse sentido. Repristinação é, portanto, o efeito restaurador da lei
revogada quando revogada for a lei revogadora daquela. Ex. Lei n. 10.182, de 12 de
fevereiro de 2001, restaura os efeitos da lei n. 8.989/95, sobre IPI (imposto sobre produto
industrializado).
Interpretação quanto ao meio: método tradicional, é aquele que busca conhecer qual a
intenção do legislador. Para descobrir qual a intenção do legislador recorre-se à
interpretação literal ou gramatical, que consiste no meticuloso exame e análise do texto
para ressaltar o sentido dado pelo legislador (análise semântica etc); à interpretação
lógica, que é o confronto da norma em análise com outras existentes no ordenamento
jurídico de forma a não permitir o conflito de regras apontadas para casos análogos; e
interpretação histórica, que consiste no exame dos trabalhos que precederam a
promulgação da lei (processo legislativo - discussões em plenário, anseios a que se
buscou atender, ideais, necessidades atuais etc.). A interpretação que busca a finalidade
da norma, qual o objeto a que se destina, chama-se interpretação teleológica ou
sociológica. É endereçada aos juizes no artigo 5º da LICC.
“In claris cessat interpretatio”: brocardo latino que diz que a norma, quando clara e
precisa, nada tem que ser interpretada. Na atualidade tal brocardo é visto com reservas.
Da retroatividade da lei: diz-se ser retroativa a lei nova posta em vigor que busca ter
eficácia sobre os efeitos de atos que tiveram seu nascimento antes da sua entrada em
vigor. A defesa de que a lei nova deve retroagir, resguardando aqueles atos
intransponíveis, é expressa nos argumentos de que a lei nova atende melhor os anseios e
interesses sociais (impedimento matrimonial etc). Ex. maioridade civil = 21 anos (CC. Art.
9º). Se diminuir p/ 18: aplica-se a nova; se aumentar para 24: respeita-se o direito
adquirido.
Da eficácia da lei no espaço: em razão da soberania estatal, poder maior exercido pelo
Estado politicamente organizado sobre seu território e seus habitantes, a norma tem
aplicação dentro dos limites de suas fronteiras. É a aplicação do princípio da
territorialidade, expresso no brocardo “leges non valent ultra territorium”. Contudo, isso já
não é mais absoluto.
Estatuto pessoal: é a situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de
origem, baseado na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio. É a norma de um Estado
que acompanha seu cidadão para regular seus direitos em outro país.
O Artigo 7º da LICC: (ler e comentar): por este artigo nota-se que as questões acerca do
estatuto social reger-se-á pelo critério do domicílio da pessoa, ao contrário da lei anterior
que se baseava no critério da nacionalidade.
Obs. mesmo no caso do critério do domicílio, há situações em que o juiz aplicará o direito
alienígena em vez do direito interno. Ex. brasileira + estrangeiro que reside em seu
próprio país, querem casar no Brasil, sendo que os dois possuem 18 anos de idade e a
lei do país de origem, onde é domiciliado, exige o consentimento dos pais para
casamento de menores de 22 anos (Argentina), ele terá que apresentar tal
consentimento no Brasil em razão da aplicação da lei do domicílio. Se o noivo for aqui
domiciliado não precisará da autorização. É a lex fori (lei do foro competente).
§ 1º: casamento no Brasil, ainda que os nubentes sejam estrangeiros, aplicar-se-á a lei
brasileira em relação aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração (CC.
art. 1.521, I a VIII). É a lex loci actus (lei do local do ato). Mas se os estrangeiros forem
domiciliados fora do Brasil e só se casarem aqui, aplicar-se-á a lei de seu país ou a de
seu domicílio.
O regime de bens será também aquele da lei do domicílio dos noivos; se domicílios
diversos, a lei do primeiro domicílio do casal (§ 4º).
Art. 10: sucessão “causa mortis”: lei do domicílio do de cujus. A capacidade para suceder
será regulada pela lei de seu domicílio. A sucessão de bens de estrangeiros situados no
Brasil será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge e dos herdeiros, sempre
que for mais favorável que a lei do de cujus (redação do § 1º dada pela lei n. 9.047/95)
Art. 15: sentenças proferidas no estrangeiro para serem executadas no Brasil devem
preencher os requisitos do artigo (ler e comentar).
Pode ser aplicada a lex rei sitae (lei da localização dos bens) para qualificar os bens e
regular as suas relações (Art. 8º). Mas para qualificar e reger as obrigações aplica-se a lei
do lugar em que se constituírem essas obrigações. Também as provas de fatos ocorridos
no estrangeiro rege-se pela lei desse país.
Art. 1º. Toda pessoa (homem) é capaz de direitos e deveres (obrigações) na ordem civil.
Personare: ecoar, fazer ressoar – a máscara era persona por ressoar a voz da pessoa.
Estrangeiros: Direito Romano = jus gentium comum aos diversos povos da antigüidade)
e não jus civile - não reconhecimento da titularidade de direitos – gozo de direitos
recíprocos.
Nascituro: ser já concebido, mas que se encontra no ventre materno – cortar o cordão.
Pessoa Condicional: condição suspensiva para adquirir direitos = o nascimento com vida.
Antecipação da personalidade (Planiol).
Capacidade de Exercício / Fato: (legitimação) inibição da prática do ato por si. (Ex.
venda efetuada por menor). Também é denominada capacidade de ação.
Capacidade x legitimidade: toda pessoa é capaz, mas nem toda é legítima a praticar
qualquer ato; legitimação será a aptidão para a prática de determinado ato jurídico. Ex.
venda de ascendente a descendente (CC, art. 496).
A incapacidade de exercício/fato não suprime a capacidade de gozo, aquela é suprida
pela representação/assistência (CC, art. 166, I e 1.634, V).
Nulidade: Ato praticado diretamente por absolutamente incapaz – Art. 166, I (Não gera
efeito, não convalesce, não se ratifica).
Art. 3º, III – Causa transitória: independe da interdição (CC, art. 1.767, II), mas durante a
manifestação da causa (arteriosclerose, pressão arterial excessiva, embriaguez e
entorpecentes eventuais), seus atos civis são considerados nulos.
Art. 4º: Incapacidade Relativa: (Restrição) A lei já não despreza o ato de vontade do
relativamente incapaz, apenas requer a assistência na prática de atos jurídicos, nos quais
comparece pessoalmente juntamente com uma pessoa capaz (Art. 171, I).
Anulabilidade: O ato jurídico praticado sem a assistência será apenas anulável – Art.
171,I CC.
Art. 4º, II – Ébrios habituais, viciados em tóxicos etc: Verificar arts. 1.772 e 1.782 CC.
Art. 4º, par. único - Silvícolas: direitos restritos até que não se adaptem à civilização. A
Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio – é que regula seus direitos e a Funai – Fundação
Nacional do Índio – é quem exerce essa tutela, em nome da União. A Lei n. 6.015/73 –
Lei dos Registros Públicos – esclarece que o índio, enquanto não integrado na civilização,
não está obrigado ao registro de nascimento.
Contra o absolutamente incapaz não corre prescrição (Art. 198, I); mútuo feito não
pode ser reavido (CC, art. 588), exceção (CC, art. 589); pode recobrar dívida de jogo
(CC, art. 814) (obrigações naturais).
Fim da Menoridade: CC, art. 5º => aos 18 anos de idade. (Se nascido em 29 de fevereiro
(ano bissexto) atinge a maioridade no dia 1º de março).
1) Voluntária: ato específico da vontade do titular do poder familiar (CC, arts. 5º, par.
único, I, e 1.630);
2) Judicial: requerida pelo menor ao juiz, ouvido seu tutor e posterior homologação
judicial (CC, art. 5º, par. único, I).
Código Civil : Art. 1.814 e 1.816 – exclusão da herança por indignidade – como se
morto fosse.
2) Morte Real: CC, art. 6º (leitura): prova-se o fato pela certidão de óbito ou pela
justificação (morte presumida – art. 7º).
Comoriência (morte simultânea) CC, art. 8º: comorientes são pessoas que falecem na
mesma ocasião, sem que se possa determinar qual morreu antes (exame pericial).
Conceito: entende-se por ausente a pessoa que desaparece de seu domicílio sem deixar
notícia ou representante e ninguém souber de seu paradeiro (art. 22).
Quem pode ser curador: cônjuge, desde que não separado legalmente; companheiro(a);
pai, mãe ou descendentes. Na falta deles, o juiz escolherá o curador (art. 25).
2) Da Sucessão provisória: nesta fase passa a lei a tutelar também os interesses dos
herdeiros, entendendo que provavelmente morreu o ausente. A sucessão provisória,
então, levará em conta uma situação fática presumindo que tenha falecido o ausente.
Pessoas legitimadas à sucessão provisória: são aquelas apontadas pelo art. 25: a)
cônjuge não separado judicialmente; b) companheiro ou companheira, na vigência da
união estável.
Direitos assegurados ao ausente: CC, art. 28: a) a sentença que determina a abertura
da sucessão provisória só produzirá efeitos seis meses depois de publicada na
imprensa; b) proceder-se-á à partilha dos bens com o deferimento da imissão na posse,
mas os herdeiros darão garantias da sua restituição por penhor ou hipoteca; c) fica
proibida a alienação dos bens recebidos, a não ser em caso de ordem judicial,
desapropriação ou ruína; d) as rendas produzidas pelos bens do ausente pertencerão
integralmente aos herdeiros necessários, cônjuge ou companheiro, mas aos demais
herdeiros só caberá metade da renda e a outra metade será poupada.
Retorno do ausente: se, depois de passada à sucessão definitiva, o ausente retorna, seu
direito será retomar seus bens no estado em que se encontrarem. Se uns entraram em
lugar de outros, ele os recebe pela ocorrência da sub-rogação real (art. 39).
Na vigência do art. 315 da lei n. 3.071/16, previa-se que o casamento só se dissolvia com
a morte de um dos cônjuges, não se aplicando ao caso as hipóteses de morte
presumida de conformidade com o art. 10 (481/2) CC. Assim, o cônjuge do ausente não
estaria desimpedido para novo casamento.
Alteração constitucional: o art. 226, § 6º, possibilitou o divórcio direto após a separação
de fato por dois anos. Pode, assim, após dois anos do desaparecimento do ausente, o
cônjuge requerer o divórcio e contrair novas núpcias.
Vigência na Lei n. 10.406/02: o art. 1.571, I, CC prevê o término da sociedade conjugal
pela morte, acrescentando em seu § 1º a aplicação da presunção da morte do ausente.
Assim, basta a ocorrência da ausência, nos moldes estudados, para pôr termo ao
casamento.
Operações Transexuais:
Inseminação Artificial:
Problemas: presunção pater is est quem justae nuptiae demonstrant (CC, art. 1.601)
filho havido da mulher casada: legítimo ou adulterino (CC, art. 1.608).
Do Tratamento Médico:
Nome (CC, art. 16) Conceito: é o sinal exterior pelo qual se designa, se identifica e se
reconhece uma pessoa no seio familiar e na comunidade. Serve durante a vida e após a
morte.
Pseudônimo: CC, art. 19 => recebe a mesma proteção que o nome
Aspectos: aspecto individual (privado) = CC, art. 16/17); aspecto público = LRP, arts.
56 a 58 e CC, arts. 16 a 19.
Natureza Jurídica: (CC, art. 11) => direito da personalidade, exercitável erga omnes e
cujo objeto é inestimável. (Limongi França, Ferrara e Ruggiero).
É adquirido pela mulher ou pelo marido através do casamento (escolha) – CC, art. 1.565,
§ 1º.
Adquire-se pela adoção: CC, art. 1.627, art. 47, § 5º ECA (o nome completo)
Nota: pelo art. 56 da lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) é imutável.
3) agnome (circunstancial): é o sinal que distingue pessoas da mesma família, tais como:
Sobrinho, Júnior, Neto.
Mutabilidade: o art. 58 da Lei dos Registros Públicos (com redação da Lei n. 9.708/98)
dispõe que o prenome é definitivo, admitindo a substituição por "apelidos públicos
notórios" Também permite a modificação por:
Nota: em relação a filhos havidos fora do matrimônio, os arts. 59/60 da Lei Registros
públicos proíbe o lançamento do nome do pai na certidão de nascimento, sem expressa
autorização deste; a Lei n. 8.560/92 determina a obrigatoriedade do escrivão do registro
civil em remeter ao juiz os dados sobre o suposto pai.
Estrangeiros: tradução ou adaptação do nome ao português (Lei nº 6.815/80, Art. 43, III
e 115)
Atos Constitutivos: associações (sem fins lucrativos) => estatuto; sociedades (simples
ou empresárias – antigas sociedades civis e comerciais) => contrato social; fundações
=> escritura pública ou testamento (CC, art. 62).
Registro (CC, art. 45): a) do contrato social da sociedade empresa: na Junta Comercial;
b) estatutos e atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito privado: Cartório
de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CC, art. 1.150/ LRP, art. 114 s); c) sociedade
simples de advogados: na OAB (arts. 15/16 da Lei n. 8.906/94).
Classificação das pessoas jurídicas: PELA ESTRUTURA OU ATUAÇÃO (CC, art. 44)
Pela órbita de atuação: a) direito público externo (nações) / interno (União); b) direito
privado: corporações e fundações.
Responsabilidade: contratual: CC, art. 389 / extracontratual: CC, arts. 186 e 932, III.
Extinção das pessoas jurídicas: CC, art. 1.033 => a) convencional (deliberação dos
sócios; b) legal (motivo determinando por lei - art. 1.034); c) administrativa
(descumprimento obrigação imposta na autorização); d) natural (morte do sócio); e)
judicial (ingresso em juízo por algum sócio: balanço patromonial).
Destinação dos bens: pessoa jurídica com fins lucrativos/lucro = sócios – art. 61
sem fins lucrativos = estatutos / deliberação dos sócios /
estabelecimento público congênere / Faz. Pública – art. 61
Instituidor - criador da fundação, pessoa que faz a dotação de bens livres e especifica a
finalidade a que se destina.
Formalização : escritura pública ou testamento.
Fases: 1) ato de dotação ou instituição (reserva de bens livres – art. 62); 2) elaboração
dos estatutos (direta ou própria / fiduciária) => CC, art. 65 e par. único; CPC, art. 1.202);
3) aprovação dos estatutos (encaminhados ao MP – CC, arts. 63, 65/67 e 69; LRP, art.
155; CPC art. 1.201 e 1.203); 4) registro (Registro Civil das Pessoas Jurídicas)
Uma vez destacado o patrimônio da fundação nem o instituidor pode revogar o ato
(CC, art. 64).
Impugnação: dez dias (CC, art. 68; CPC, art. 1.203, par. único).
Extinção: a fundação terá sua extinção em decorrência de dois casos (CC, art. 69):
Patrimônio: terá o destino dado pelo instituidor, no ato constitutivo, ou na omissão, vai
para outra instituição de fins idênticos/semelhantes, cf. art. 69 CC. Nota: não havendo
outra com a mesma finalidade, aplica-se por analogia o art. 1.822 CC (bem vago
destinado ao Município, Distrito Federal ou União).
INTRODUÇÃO: Divisão do direito: dois grandes ramos: direitos não patrimoniais, que
se referem à pessoa humana (à vida, à liberdade, à honra, ao nome etc.), e direitos
patrimoniais, de valor econômico, que se divide em direitos reais e obrigacionais.
Dir. reais: integram o Direito das Coisas, o direito mantém um vínculo direto entre o
sujeito ativo e a coisa, direta e imediatamente, prescindindo na existência do sujeito
passivo e conferindo ao titular o jus persequendi (dir. seqüela) e o jus praeferendi (dir. de
preferência), podendo ser exercido contra todos (erga omnes).
Princípios diferenciadores:
b) quanto ao sujeito: nos reais o sujeito passivo é indeterminado (erga onmes), nos
pessoais ou obrigacionais o sujeito é determinado ou determinável;
c) quanto à duração: os reais são perpétuos, não se extinguindo pelo não-uso, mas
somente nos casos expressos em lei (desapropriação, usucapião etc.), enquanto os
pessoais são transitórios e se extinguem pelo cumprimento da obrigação ou pela
prescrição/decadência;
d) quanto à formação: os reais só podem ser criados pela lei, tendo número limitado e
regulado por ela (numerus clausus) (CC art. 1.225), ao passo que os obrigacionais podem
resultar da vontade das partes , sendo ilimitado o número de contratos inominados
(numerus apertus);
f) quanto à ação: o titular do direito real exerce seu direito de ação contra quem quer que
detenha a coisa, já o exercício da ação no direito pessoal deve ser dirigida somente
contra quem figura na relação jurídica como pólo passivo.
Estímulo/valor: para que nos sintamos impulsionados a contrair uma obrigação haverá
sempre um estímulo gerado por um valor. E ao mesmo tempo em que o estímulo nos
impulsiona a obter algo, leva-nos a limitar nossa liberdade (compra/pagamento). Do
equilíbrio entre o estímulo e a limitação psíquica que sofremos nasce a noção
essencial de obrigação (perfil do homem equilibrado).
Conceito: É o vínculo de direito pelo qual alguém (sujeito passivo) se propõe a dar,
fazer ou não fazer alguma coisa (objeto), em favor de outrem (sujeito ativo). Três são
os elementos essenciais que se extraem do conceito: vínculo jurídico, partes (elemento
subjetivo) e objeto da prestação (elemento objetivo).
Definição de Clóvis Beviláqua: “obrigação é a relação transitória de direito, que nos
constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável,
em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente
relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou
emissão”.
1) Os sujeitos da obrigação (elemento subjetivo): tanto ativo como passivo pode ser
pessoa natural ou jurídica de qualquer natureza, inclusive as sociedades de fato. Há de
ser determinado ou determinável (Ex. doação ao melhor aluno). Se forem incapazes
serão representados ou assistidos.
Lícito: não contraria a lei, a moral e os bons costumes (CC. art. 104);
física
Impossibilidade jurídica
Determinado ou determinável: CC. art. 243 – “a coisa incerta será indicada, ao menos,
pelo gênero e quantidade” (contrato de safra futura).
Distinção entre obrigação natural e obrigação civil: na obrigação natural não existe o
poder coativo imposto na obrigação civil, mas cumprida espontaneamente aquela, não
há mecanismo para a repetição.
Obrigações reais propter rem (em razão de, por causa de): Há situações nas quais o
proprietário ou possuidor é por vezes sujeito de obrigações apenas porque é proprietário
ou possuidor e qualquer pessoa que o suceda assumirá essa obrigação. Contudo, o
proprietário poderá liberar-se da obrigação se se despir da condição de proprietário
(venda do bem). Embora ligadas à coisa, essas obrigações não se desvinculam
totalmente do direito pessoal e de seus princípios. O elemento obrigacional é fornecido
pelo conteúdo dessa obrigação, enquanto que o elemento real se realça na vinculação
do proprietário como sujeito passivo da obrigação. Trata-se, no caso, de obrigações
relacionadas com a coisa (res), sendo um acessório do direito real cuja execução
prende-se ao aspecto obrigacional. É o que a doutrina chama de obrigação real, uma
particularização do princípio erga omnes do direito real. Ex. direito de vizinhança –
construção e conservação do muro limítrofe, pagamento do condomínio etc. Assim, a
pessoa do devedor, nesse tipo de obrigação, poderá variar de acordo com a variação da
propriedade ou da posse sobre a coisa (ônus sobre veículo).
Ônus Reais: É qualquer gravame que recai sobre uma coisa, restringindo o direito do
titular de direito real. Difere da obrigação real porque naquele a responsabilidade é
limitada ao bem onerado, ao valor deste, desaparecendo o objeto, desaparece o ônus;
enquanto na obrigação real (propter rem) o devedor responde com seu patrimônio em
geral, sem limite; mesmo desaparecendo a coisa, a obrigação permanece. Outro fator
diferenciador é que o ônus real se apresenta sempre como obrigação positiva, enquanto
a obrigação real pode surgir como obrigação negativa.
Obrigações com Eficácia Real: O direito real só pode ser criado pela lei; nossa
legislação, no entanto, traz exemplos de relações contratuais que podem ser registradas
no cartório imobiliário, ganhando eficácia que transcende o direito pessoal. Assim por
exemplo, o contrato de locação registrado (Art. 33 da Lei n. 8.245/91) que permite o
locatário a oposição à terceiro na preferência na aquisição. O compromisso de compra e
venda registrado carrega os mesmos benefícios, dispondo ao seu titular o direito de
requerer adjudicação compulsória.
Obrigações civis e naturais: a primeira resulta do Direito Civil e está estruturada de tal
forma que o credor tem a seu dispor os meios necessários para exigir o cumprimento da
obrigação que pode, em última instância, resolver-se em perdas e danos; a segunda
resulta do Direito Natural e navega no âmbito moral, ficando ao devedor a possibilidade
de realizá-la espontaneamente. O credor não dispõe de meios para exigir seu
cumprimento em caso de inadimplência, permanecendo no nível da consciência, um
dever moral. Ex. pagamento de dívida de jogo – CC, art. 814., pagamento de dívida
prescrita – CC, art. 882. (soluti retenti = retenção do pagamento)
Fontes das Obrigações: Fonte da obrigação é o seu elemento gerador, são aqueles atos
ou fatos que lhe deu origem, de acordo com as regras de direito. Buscar a fonte da
obrigação é descobrir as razões pelas quais alguém se torna credor ou devedor de
outrem. Já no direito romano buscava-se essa indagação e a resposta era obtida nas
Institutas, de Gaio, na qual o jurisconsulto afirma que a obrigação surge do delito ou do
contrato. Nas Institutas, de Justiniano, vêm enumeradas quatro fontes das obrigações: o
contrato, o delito, o quase-contrato e o quase-delito.
Contrato: é fonte de obrigação porque pactua a avença entre as partes e faz gerar um
liame (vínculo) entre elas de modo que uma ou ambas se comprometem a realizar uma
prestação. Ex. Compra e venda – entrega da coisa e pagamento do preço.
Delito: é fonte da obrigação porque o sujeito que intencionalmente causa dano a outra
fica obrigado a repará-lo. Ex. roubo, a injúria.
Quase-delito: é o ato que se aproxima do delito, mas se diferencia pelo idéia de intenção,
pois no delito há a figura do dolo (vontade, desejo), enquanto que no quase-delito o
procedimento nascerá da culpa (imprudência, imperícia, negligência). Ex. pedra pela
janela em direção à rua.
A lei: Para Pothier, além das fontes indicadas por Justiniano, adiciona-se a lei, manancial
de obrigações.
Código Civil: para a legislação civil pátria, três são as fontes das obrigações: o contrato,
a declaração unilateral da vontade e o ato ilícito.
Parecer de S. Rodrigues: a) obrigações que têm por fonte imediata a vontade humana:
são aquelas que provém do contrato e as que decorrem da manifestação unilateral da
vontade (promessa de recompensa); b) obrigações que têm por fonte imediata o ato
ilícito: são aquelas que se constituem através da ação ou omissão culposa ou dolosa do
agente, causando dano à vítima; c) obrigações que têm por fonte direta a lei: tais são
aquelas previstas em lei, tais como a obrigação de prestar alimentos ou as que advêm da
necessidade de reparar o prejuízo causado, em caso de responsabilidade fixada pela
teoria do risco (dano em viagem, etc.).
Das obrigações de dar: CC, art. 233 s. (obligationes dandi) consiste na efetiva entrega
(tradição/transcrição) de alguma coisa pelo devedor ao credor. Pode adquirir os aspectos
de entrega de coisa certa ou coisa incerta. Naquela, há um vínculo jurídico entre as
partes em que um se compromete a entregar um objeto (coisa) previamente
individualizado e caracterizado, como uma jóia, um animal específico, uma peça de
mobiliário etc. A expectativa do credor é obter aquilo que o agrada por suas qualidades
intrínsecas (CC. art. 313); nesta, basta a especificação do gênero e quantidade. Ex. 20
sacas de feijão, um caminhão de laranja etc.
Nota: o artigo 461-A do CPC permite a execução específica da obrigação, antes de cair
na vala comum das perdas e danos.
Obrigação de dar coisa certa: na obrigação de dar coisa certa o bem deverá estar
individualizado, especificado e conhecido (CC, art. 233 s.). Nota: pode-se requerer ao juiz
a tutela específica da prestação (execução específica), segundo o disposto no art. 461-A
do CPC.
Melhoramentos na coisa: deve ser pago pelo credor ao devedor (CC, art. 237). Ex.
frutos percebidos (colhidos) são do devedor; pendentes do credor. Animal adquirido que
fica prenhe ou dá cria antes da tradição, o filhote será pago ao devedor. Verificar artigos
1.214/1.216 – quanto aos frutos; 1.219/1.222 – quanto às benfeitorias.
Resumo:
Perecimento s/ culpa do devedor: não havendo por parte do devedor qualquer culpa
pelo perecimento da coisa, nenhuma responsabilidade lhe será imposta ou exigida
qualquer obrigação. Ex. “A” ia entregar (restituir) um objeto a “B”, quando este pereceu
sem culpa do devedor. Resolve-se a obrigação para ambos. CC. art. 234, 1ª parte e
238.
Nota: Princípio res perit domino (a coisa perece para o dono) = não ocorrendo culpa do
devedor a coisa perece, total ou parcialmente, sempre para o dono.
*Dação em pagamento: (CC. arts. 356 a 359): um dos meios de extinção da obrigação
em que uma coisa é dada por outra, mas com o consentimento do credor.
Acessórios da coisa: CC, art. 233 em consonância com 237, do Código Civil: havendo
aumento na natureza do tratado (denominado cômodo), pode o devedor exigir seu
pagamento (aluguel da casa e restituição com linha telefônica, empréstimo de uma égua
devolvida com um potro).
Obrigação de dar coisa incerta: neste tipo de obrigação, a coisa, ainda que incerta,
haverá de ser indicada ao menos pelo gênero e quantidade (CC, art. 243).
Perda / deterioração antes da escolha: segundo o artigo 246 do CC, mesmo ocorrendo
caso fortuito ou força maior o devedor não poderá alegar a perda ou deterioração da coisa
a seu favor – genus non perit. Assim, se o devedor assume a obrigação de entregar 1
tonelada de milho e esse milho, armazenado se deteriora ou é roubado, não se
desincumbe ele da obrigação de conseguir outro tanto e cumprir a obrigação.
Diferença entre obrigações de dar e de fazer: aquele que se compromete a dar alguma
coisa pode ser constrangido a entregá-la, por ordem judicial (tutela específica – CPC, art.
461), quer queira, quer não o devedor; salvo impedimentos justificáveis. Já quem se
obriga a fazer alguma coisa não pode ser, de regra, constrangido a fazê-la contra sua
vontade, resolvendo a obrigação em perdas e danos quando não for cumprida. Contudo,
o art. 461-A do CPC, acrescentado pela Lei n. 10.444/02, impõe a possibilidade de exigir
a tutela específica da prestação de dar.
Espécies de obrigação de fazer – Art. 247 CC: (coisas fungíveis – art. 85) a) obrigações
infungíveis = intuitu personae = obrigação personalíssima, aquela em que a pessoa do
devedor é essencial ao credor da prestação avençada; só se desincumbe do
compromisso realizando pessoalmente o combinado. Ex. atriz para um filme; jurista para
dar parecer etc.
Nota: a obrigação infungível deve estar expressa quando não houver outra forma clara
de interpretá-la); b) obrigações fungíveis, aquelas em que a pessoa do devedor não é
relevante para o seu cumprimento; neste caso o devedor se desincumbe da obrigação
realizando a tarefa, ou mandando que outrem a realize. Ex. pintura da parede etc.
Inadimplemento da obrigação de fazer – Art. 247 CC: pode se dar por duas formas: 1)
pela recusa do devedor em cumprir o objeto da prestação; 2) pela impossibilidade de seu
cumprimento.
Substituição a critério do credor – CC, art. 249: pode incumbir terceiro na realização do
serviço, às custas do devedor, por ordem judicial, ou exigir perdas e danos. Tal matéria
vem também regulada nos artigos 632/633 do CPC. De uma ou de outra forma perde-se a
natureza personalíssima da obrigação em razão da possibilidade de substituição do
devedor.
Nota: neste caso o juiz funcionará como um terceiro sujeito da relação jurídica contratual
que praticará, por sentença, o ato não praticado pelo devedor, suprindo a recusa ou o
retardamento da execução obrigacional.
Tutela específica: já adotada no CDC (Lei n. 8.078/90, arts. 18, § 1º, I; 19, III; 35, I; 84),
veio na reforma do CPC ocorrida em maio/02 pela Lei n. 10.444/02, que introduziu o art.
461-A ao CPC, com a seguinte redação: “Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o
juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.” O juiz
poderá impor multa penal, astreintes, para forçar o cumprimento.
Art. 250 CC: Obrigação de não fazer: de aspecto negativo, ao contrário das obrigações
de dar e de fazer, a obligatio non faciendi se consubstancia numa abstenção; é a
obrigação de fazer sob o prisma negativo. Quem se obriga a não fazer e faz, comete
inadimplemento obrigacional.
Obs. A questão explicitada pelo artigo 251 CC é de natureza facultas agendi, pois a
reposição da coisa ao statu quo ante dependerá da vontade do agente (credor). Já o
artigo 643 do CPC deixa dúvidas ao expressar: “ ....o credor requererá ao juiz...” .
Perdas e danos: caso o credor não opte pelo desfazimento do ato praticado, pode
requerer apenas as perdas e danos do devedor, com base nos artigos 186 c/c. 389 do
CC.
Posição do art. 251, par. único: possibilita a reposição da coisa ao statu quo ante sem
interferência do Judiciário – manu própria – a exemplo do que ocorre atualmente com a
autotutela da posse (legítima defesa (turbação) e desforço pessoal (esbulho) – Art. 1.210
CC).
Obrigação composta alternativa (ou disjuntiva): nessa os objetos estão ligados pela
conjunção disjuntiva (ou alternativa) “ou”, podendo haver duas ou mais opções. Ex..... O
cumprimento da obrigação estará aperfeiçoado com a entrega de qualquer dos objetos.
Das Obrigações Alternativas – Art. 252 CC: modalidade de obrigação composta pela
multiplicidade de objetos, caracteriza-se pelo poder de liberação com a entrega de
apenas um deles; o objeto da obrigação é disjuntivo ou alternativo. O brocardo romano
resumia esta obrigação: nas obrigações alternativas “plures sunt in obligatione, uma
autem in solutione (a obrigação concerne a várias prestações, mas só uma delas é que
será realizada).
Ex. contrato de seguro => a reparação do dano ou entrega de outro veículo. Duas
prestações possíveis; uma só se aperfeiçoará ou se cumprirá.
Nota: guarda semelhança com a obrigação de dar coisa incerta em razão da escolha,
mas são situações diferentes. Vejamos:
Obrigação de dar coisa incerta: (CC, art. 243) refere-se a gênero e/ou quantidade; o
gênero não perece “genus non perit”; a obrigação, nesse caso, não se extingue (CC, art.
246). Ex. dar cavalo da raça “X”. Realizada a escolha, a obrigação se torna simples.
Do prazo da escolha: CPC art. 571: “nas obrigações alternativas, quando a escolha
couber ao devedor (regra – CC, art. 244), este será citado para exercer a opção e a
realizar a prestação dentro de dez dias, se outro prazo não lhe for determinado em lei, no
contrato ou na sentença. Decadência do dir. de escolha: § 1º Devolver-se-á ao credor a
opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado”.
Assim, não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte
em outra (art. 252, § 1º), da mesma forma, caso a escolha caiba ao credor, não pode este
exigir receber parte de uma e parte de outra prestação, mas se for opção anual, a cada
ano poderá modificar (art. 252, § 2º); se uma das prestações tornar-se inexeqüível,
subsistirá o débito em relação à outra (art. 253).
Sem culpa do devedor (CC, art. 256): extingue-se a obrigação por falta do objeto
Com culpa do devedor 1) escolha do credor entre o valor de qualquer das prestações +
perdas e danos (Art. 255, 2ª parte).
divisíveis
Multiplicidade de sujeitos indivisíveis objeto
solidárias pessoas
Regra geral: CC, art. 257: vários credores = cada um recebe sua parcela da prestação;
vários devedores = cada um estará obrigado à fração de sua dívida.
Efeitos da indivisibilidade:
2) pluralidade de credores: Art. 260/261 CC: cada credor poderá exigir a dívida por
inteiro, mas o devedor só se desobriga: a) se pagar a dívida a todos eles em conjunto.
Ex. insolvência do que recebe; b) se pagar a um deles mediante caução deste de
ratificação ou anuência dos demais. Aquele que recebeu à mais, indenizará aquele
que não recebeu ou recebeu à menos.
3) perdão parcial da dívida por um dos credores: o benefício se volta para o devedor.
Como a prestação é indivisível, os demais credores a podem exigir por inteiro,
descontado o valor do credor remitente.
Solidariedade ativa: CC. art. 267: havendo mais de um credor, cada um poderá exigir do
devedor a dívida inteira.
Solidariedade passiva: CC. art. 275: havendo vários devedores, o credor tem direito de
exigir e receber de qualquer um a dívida inteira.
A indivisibilidade:
c) a indivisibilidade tem por base uma relação jurídica objetiva (relaciona-se com o objeto
que integra a prestação);
e) a indivisibilidade não termina pela morte do credor, pois não se reparte o objeto entre
os sucessores.
A solidariedade:
e) a solidariedade cessa, extingue-se com a morte do credor, cujo crédito será repartido
aos herdeiros.
Fontes da solidariedade: (art. 264 CC): convencional: por vontade expressa das partes
no negócio jurídico (contrato, testamento, doação – art. 129 CC); legal: se derivar da
vontade do legislador. Ex. arts. 154; 1.460; 585; 680; 942, par. único CC.
Da solidariedade passiva: (CC art. 275): de maior relevo no meio social, é aquela que se
apresenta entre os devedores, por vontade das partes ou por força de lei (acima).
Art. 275: a dívida paga por um apenas dos devedores faz remanescer os demais
solidariamente obrigados àquele que honrou o pagamento ao credor.
Art. 277: pagamento parcial ou perdão (remissão) parcial da dívida só atinge o devedor
em questão; aos outros sobra o restante (Ao credor é facultada a cobrança – art. 388).
Art. 278: o pacto (cláusula, condição ou obrigação) adicional efetuado entre um dos
devedores e o credor não poderá prejudicar os demais se a este pacto não aderiram (CC.
art. 365 – novação)
Art. 280: promovida ação contra os devedores solidários, todos respondem pelos juros de
mora, mas o culpado estará obrigado aos outros pelo acréscimo.
Art. 275, par. único: possibilidade do credor de acionar judicialmente um devedor e aos
demais em seguida.
Art. 282: renúncia da solidariedade a cargo do credor. Par. único: se exonerar algum
devedor, dos demais pode cobrar a dívida abatida do valor do exonerado.
Art. 283: sub-rogação do devedor que satisfaz a dívida toda no direito de exigir dos
demais a parte da dívida de cada um.
Art. 284: caso caia em insolvência um dos devedores solidários, sua parte será dividida
em partes iguais aos outros devedores, inclusive aquele exonerado.
Art. 285: se o benefício da dívida só satisfaz a um devedor e outro a honra, poderá exigir
daquele o total da dívida paga. Ex. avalista em nota promissória que paga sozinho a
dívida pode exigir do emitente o valor integral.
2 positivas = dar (dare) e fazer (facere) / 1 negativa = não fazer (non facere) = alguma
coisa.
Cumulativas/conjuntivas (e)
Obrig. compostas: multiplicidade de objetos alternativas/disjuntivas (ou)
facultativas (sui generis-espécie alt)
(O credor que receber o todo indenizará aos demais – CC, art. 272).
Conceito: é negócio jurídico bilateral pelo qual o credor transfere seus direitos na relação
jurídica obrigacional, a outra pessoa. Ex. desconto bancário.
Participantes: aquele que transfere seu crédito é denominado cedente; aquele que
recebe denomina-se cessionário. O devedor, que não participa necessariamente da
relação de cessão, mas tem que ser notificado dela, é denominado devedor ou cedido.
Objeto da cessão: de regra, todos os créditos podem ser cedidos, tendo ou não título
representativo, estando ou não vencidos. Salvo disposição em contrário prevista na
primeira parte do art. 286 do Código Civil. Pela natureza: relações jurídicas
personalíssimas e direito de família; por lei: direito de preempção ou preferência (CC, art.
520), benefícios da gratuidade da justiça (Lei n. 1.060/50, art. 10); por convenção das
partes: pacto de incessibilidade do crédito.
Formas de cessão de crédito: para valer entre terceiros deverá obedecer ao disposto no
art. 288 CC; entre as partes, sendo a cessão convencional, não se exige forma especial.
Nota: a cessão de título de crédito é realizada através de endosso (CC, art. 910); a
aquisição de título à ordem por outra forma que não seja o endosso, tem o efeito de
cessão civil (CC, art. 919).
Nota: sendo solidária a obrigação, todos os co-devedores devem ser notificados (Ex.
citação, habilitação falimentar etc).
Cessão de título ao portador: dispensa notificação por ser realizado por simples
tradição manual.
Crédito penhorado: por força de lei, não poderá ser cedido pela espécie convencional,
apenas na espécie judicial (CC, art. 298).
Conceito: novidade legal introduzida no código em vigor, é negócio jurídico pelo qual o
devedor transfere a terceiro sua posição na relação jurídica. É também denominado de
cessão de débito. Ex. cessão do financiamento da casa própria.
Anuência do credor: segundo expressa o art. 299, para ter validade a assunção da
dívida deverá contar com a anuência expressa do credor; o silêncio será interpretado
como recusa (par. único).
Transformação em novação subjetiva: se o negócio não permanecer na simples
cessão do débito e acarretar a criação de nova obrigação, extinguindo-se a anterior, ao
lado da substituição do devedor, estará caracterizada a novação subjetiva.
Exceções pessoais: o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que
competiam ao devedor originário (apenas as pessoais próprias) (CC, art. 302).
Fim da obrigação: é o seu cumprimento, por meio do qual se alcança o objeto por ela
perseguido e se põe termo à relação jurídica entre devedor e credor, liberando-o.
Art. 304 – 1) terceiro interessado: como no caso do fiador (responsável pela garantia do
cumprimento da obrigação), a lei confere prerrogativa de efetuar o pagamento, obrigando
o credor a receber e dar quitação.
Efeitos: libera o devedor mas mantém a relação jurídica pelo instituto da sub-rogação:
transferência dos direitos do credor para o terceiro que solveu a dívida. Nota: o instituto
da sub-rogação pode ocorrer por disposição da lei ou convenção das partes.
2) terceiro não interessado: permitido o pagamento sob esta modalidade porque o
escopo da lei, em última instância, é a manutenção da paz e interesse social. O devedor
não sofre qualquer prejuízo e o credor recebe a dívida.
2.1) terceiro não interessado que paga em nome do devedor: art. 304, par. único.
Efeitos: extingue a obrigação sem surgir vínculo jurídio entre o solvens (terceiro que paga)
e o devedor beneficiado porque presume-se ter havido uma liberalidade, um animus
donandi.
2.2) terceiro não interessado que paga em seu próprio nome: CC, art. 305: Efeitos:
extingue a obrigação inicial e o solvens tem direito ao reembolso do valor pago (nova
relação jurídica), mas não se sub-roga nos direitos do credor em razão da vedação legal o
enriquecimento sem causa. Se o pagamento se der antecipado, o reembolso só terá lugar
na data do vencimento (CC, art. 305, par. único). Nota. ver CC, art. 1.368.
2.3) terceiro não interessado que paga com oposição do devedor: Art. 306 CC: Efeitos:
Elemento essencial: anuência do credor que não está obrigado a receber outra coisa,
ainda que melhor e mais valiosa (CC, art. 313).
Nota: o pagamento só terá validade, neste caso, quando feito por quem possua
legitimidade para alienar o objeto (a coisa) dada em pagamento.