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IDENTIDADE SEXUAL.

“E disse Deus, façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa


semelhança, e tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os
animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se arrasta sobre a terra.
Criou, pois, Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os
criou.” Gênesis 1:26-27

“Este e o livro das gerações de Adão. No Dia em que Deus criou o homem,
à semelhança de Deus o criou. Homem e mulher os criou; e os abençoou, e os chamou
pelo nome de Adão, no dia em que foram criados.” Gênesis 5:1-2

Qual e a origem da nossa sexualidade? Qual é o seu fundamento, sua fonte?


Muitas vezes por não compreendermos bem essa origem vivemos frustrações, equívocos
em nossa vida. Talvez por uma má educação, até mesmo religiosa, é comum a tendência de
atribuir à sexualidade uma origem indigna, escusa, obscura. Dificilmente o homem vai,
espontaneamente, associar a sua sexualidade à pessoa de Deus. Contudo, temos que
entender que a sua origem é a pessoa de Deus; porque a Palavra de Deus diz que fomos
criados à Sua imagem, conforme a Sua semelhança, e fomos criados macho e fêmea.
Foi Ele Quem nos deu esta identidade. Esta é a sua origem. A nossa origem é
a mente de Deus. Fomos estabelecidos na mente de Deus, como figuras masculinas e
femininas, desde a eternidade, desde o momento em que Deus pensou o homem como
criatura. É Ele quem diz: “Desde a eternidade Eu te escolhi e te estabeleci”. Na carta aos
Efésios, Paulo reafirma isso: “Antes mesmo que todas as coisas fossem criadas Eu te
escolhi”.
No momento em que Deus determina segundo Seu propósito criar o homem,
Ele o cria e estabelece homem e mulher. Esta é, portanto, a nossa origem. Uma identidade
sexual de origem na eternidade. Há uma ação proposital, planejada do Todo-Poderoso em
relação à nossa identidade. Uma origem eterna implica num propósito eterno.
É fundamental entendermos que todo o Ser de Deus está envolvido na
criação e na confecção do homem. Deus diz: Façamos. Em todas as outras partes Deus diz
Haja! Haja! e as coisas acontecem, passam a existir. Mas quando chega no homem e na
mulher Ele diz: Façamos! Isso dá uma conotação de envolvimento pessoal na criação do
homem, na sua confecção.
É igualmente importante o entendimento de que a criação do homem e da
mulher é o clímax de toda criação, a sua plenitude, porquanto toda criação encontra sentido
na criação do homem e da mulher. As demais coisas criadas tem referência na criação do
homem. Tanto é assim que a Palavra de Deus diz em Romanos 8:19-23 que “toda criação
geme e anseia pela nossa redenção”. Há uma certa expectativa da criação em torno do
homem e da mulher, porque eles são a plenitude de toda criação como expressão do Ser de
Deus.
Talvez por termos sido educados por uma cultura machista, com seus vícios,
somos tentados a imaginar que Deus é homem, ou seja, que a pessoa de Deus esta
vinculada a uma identidade masculina. É como se quiséssemos dar um sexo a Deus, ao

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invés de recebermos a identidade sexual que Ele deu a nós. E, nesse sentido, a mulher
acaba sofrendo em agonia por não ter uma origem para sua sexualidade.
Portanto, tanto um quanto outro tem essa imagem, porque ambos são
segundo a semelhança de Deus. É importante atentarmos para essa expressão: “uma
imagem segundo a semelhança”, porque isso coloca as coisas exatamente como elas são,
na sua ordem estabelecida por Deus, e não segundo a ordem experimentada pelos homens.
O que vem primeiro a imagem ou a semelhança??
É preciso que entendamos que a semelhança vem primeiro, e que a imagem
aparece como resultado. Deus nos criou imagem, segundo a sua semelhança. A semelhança
de Deus vem primeiro e a imagem ele criou e estabeleceu como “expressão” dessa
semelhança.
Quando entendemos que a nossa identidade sexual vem de Deus, e que
fomos ambos, homem e mulher, criados à Sua imagem, segundo a Sua semelhança, então
entendemos que, na verdade, Deus nos deu uma imagem como expressão da Sua
semelhança, da Sua identidade. Isso quer dizer que Deus deu ao “ser humano” masculino
atributos, capacidades, virtudes, traços do Seu próprio caráter, que deverão ser expressos e
manifestos através de uma imagem masculina. O mesmo valendo para a mulher, que tem na
sua identidade, traços do ser de Deus que só uma imagem feminina pode expressar.

Ex: uma mulher tem seios porque amamenta ou amamenta porque tem seios?
Na compreensão da identidade por trás da forma vemos que uma mulher tem seios porque
amamenta, e não que amamenta porque tem seios. O dom é amamentar, alimentar, suprir, e
o seio, essa parte da sua forma, é uma expressão dessa virtude. Assim como Deus
amamenta, alimenta e supre de Si mesmo a todos aqueles que são Seus, sem que para isso
tenha seios.
Ele não nos deu uma forma e depois ficou testando atributos que dessem
sentido a ela, antes, Deus tinha uma expressão a ser comunicada e para isso nos deu uma
imagem que expressasse a Sua semelhança. E isso é muito mais sério do que nós podemos
imaginar, porque quando supervalorizamos a forma e atribuímos a ela nossa identidade,
corremos o risco de sofrer gravemente quando essas formas são de algum modo
prejudicadas, amputadas ou mutiladas.
Poderíamos dizer que uma mãe seria incapaz de amamentar se perdesse os
seios? Ou incapaz de gestar se perdesse o útero? Somos tentados a relacionar incapacidade
de criação, movimento, expressão ou locomoção à perda dos membros ou mudança das
formas. Na verdade, preservamos essa capacidade ainda que tenhamos de superar as
dificuldades imposta pelas limitações.
A Igreja. Em Gênesis, no capítulo 5, temos um outro detalhe curioso a
respeito do homem e da mulher, no momento da criação. Quando Deus os criou, os chamou
pelo mesmo nome - de Adão. Isso é importante e, no entanto, passa pelas nossas vidas
como um detalhe despercebido. Temos tendência a nos acostumarmos à idéia de que Adão
e Eva eram distintos, com identidades próprias desde o princípio, mas não eram. O nome
Eva, como um outro nome ou uma outra identidade, só aparece depois do pecado. Até que
o homem caísse, ambos tinham o mesmo nome. É importante observar que Deus os tratava
como uma única pessoa. Esse e o princípio do casamento, quando Adão se levanta do sono
e diz: “Essa e osso dos meus ossos e carne da minha carne, porque ela foi tirada de
mim”.e Deus então diz: “Deixará pois o homem o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua
mulher, e serão os dois uma só carne.” Uma pessoa, um só nome, uma só identidade.

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Porque é que Deus não usou o mesmo método usado na criação do homem
para também criar a mulher? Porque não utilizar-se do barro novamente, e moldar uma
figura com feições femininas e dar-lhe vida, como fizera com o homem?
Para que a mulher não fosse uma outra pessoa dissociada do homem na sua
identidade. Um outro ser semelhante, mas com identidade e natureza distintas.
Caso fosse assim não haveria esta plena e perfeita identidade na união do
homem com a mulher. O que haveria seria a união em convívio de dois indivíduos. E é
nisso que muitas relações conjugais tem se transformado por má compreensão de suas
identidades sexuais: o esforço de convívio e aproximação de duas pessoas que insistem em
manter sua individualidade por medo de se anularem numa relação.
O homem pode perder sua semelhança com Deus, mas não perde a sua
imagem. E isso é o grande perigo em nossas vidas. Pois fomos criados a Sua imagem,
segundo a Sua semelhança, e quando pecamos, perdemos Sua semelhança, mas não a Sua
imagem. O pecado pode e utiliza-se, então, dessa imagem sem que ela seja mais a
expressão da semelhança de Deus. Será sempre pecado cada vez que for esse o caminho.
Até os relacionamentos cobertos pela legitimidade poderão estar contaminados pelo pecado
quando forem expressão do nosso egoísmo e não do amor de Deus. A forma em si nada é
quando ela já não reflete a natureza segundo a qual ela foi criada.

SEXUALIDADE e SENSUALIDADE
Boa parte da confusão a respeito de identidade sexual é resultado de se
atribuir á sexualidade o que, na verdade, é próprio da sensualidade, e vice-versa. A
sensualidade é a nossa capacidade de sentir, é a nossa sensibilidade. É relativa às nossas
emoções e, portanto, influenciável pelo ambiente ou circunstâncias. Já a sexualidade
envolve o que nós somos de modo absoluto e não apenas relativo ou circunstancial.
Esta é justamente a diferença entre o animal e o homem. O animal possui
apenas uma identidade sensual, e é estimulado pelo que sente, pela sua necessidade, apetite
e desejo; enquanto o homem possui uma identidade sexual e, porquanto, com base no que
ele é, ele deseja.
Não é o desejo que determina a nossa identidade, mas é a nossa identidade
que determina o desejo. Isso faz a diferença em nossas relações, e nos livra de escravidão,
confusão e frustração. A começar que alguém não é homem porque deseja uma mulher,
mas deseja porque é homem, e vice-versa.

Pela indução “cultural” de que somos “animais racionais”, e porque


assimilamos essa definição como verdade, nós passamos a ser conduzidos pela idéia de que
somos primeiro animais e depois racionais. É o mesmo que afirmar que nós somos apenas
animais que pensam. Então as nossas ordens e, também, a nossa compreensão e prioridades
ficam equivocadas. O instinto assume a posição de identidade e a racionalidade fica como
diferencial como se fôssemos todos animais, apenas que alguns pensam mais, ou melhor,
do que os outros. É natural que, então, o homem busque satisfazer e proteger primeiro as
suas necessidades e anseios de animal, com a diferença de fazer isso racionalmente. Sendo
que, na verdade, nossa razão é que é a identidade, pois é o que permanece para sempre.
Está escrito que nem carne nem sangue herdarão a vida eterna.

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A Palavra de Deus diz que os filhos de Deus vivem pela fé, por aquilo que
crêem, e não por aquilo que vêem. Não são regidos pela sua sensibilidade, mas pela sua
convicção, pela sua certeza do que Deus é e do que eles são. Isso possibilita ao homem e à
mulher exercerem atividades verdadeiramente sexuais, numa perspectiva masculina e
feminina, respectivamente. Mais do que isso, a compreensão da sexualidade, na verdade,
nos faz entender que todas as nossas atividades podem ser sexuais. Por exemplo: Um
homem lava um carro de maneira sexualmente masculina, enquanto a mulher lava o mesmo
carro de maneira sexualmente feminina.
Sexualidade refere-se à Ação do Amor, porque Deus diz que o amor é a
expressão do Seu Ser, da sua identidade, enquanto a sensualidade diz respeito à ação do
instinto. Quando se trata apenas de sensualidade não há amor implicado. Já a sexualidade
diz respeito ao Fato, ao que somos, conforme fomos criados e conforme o que Deus é e
quer sejamos. A sensualidade, no entanto, relaciona-se apenas às circunstâncias, e,
portanto, são totalmente passageiras. A sexualidade é permanente, é estável, enquanto a
sensualidade é instável, efêmera.
A sexualidade é emocionante, ela produz, gera emoções, enquanto a
sensualidade é puramente emocional e estabelecida, determinada pelas emoções.
A identidade sexual é do Espírito, no espírito, enquanto a identidade sensual
é puramente do corpo, da carne. A sexualidade produz sensualidade, enquanto a
sensualidade não produz sexualidade. Por isso a sexualidade realiza plenamente, enquanto a
sensualidade produz apenas uma satisfação parcial, momentânea.
É importante entendermos que a sexualidade estimula e edifica, eleva a outra
parte envolvida na relação ou na atividade na relação, enquanto a sensualidade produz uma
estimulação apenas individual, pessoal, satisfazendo a si próprio. A sexualidade aponta para
uma estimulação mutua, enquanto a sensualidade aponta para a masturbação, nos seus
diferentes níveis e expressões, ocupando-se de estimular apenas em si mesmo.
É muito importante que não fique nenhuma idéia errada sobre isso. O sexo,
em si mesmo, naquilo que é como expressão da identidade sexual, nunca foi ou nunca será
pecado. O pecado está no modo, na forma, no princípio, no propósito, no objetivo, no
tempo em que nos utilizamos daquilo que somos como criaturas de Deus.

Se olhamos para Gênesis, como o livro dos princípios, encontraremos ali


alguns modelos sexuais que podem nos ajudar a compreender, a ter uma melhor visão sobre
o princípio, a origem da nossa identidade, e os atributos de Deus por se expressarem nessa
identidade.

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Primeiro Modelo Sexual
PÓ DA TERRA e COSTELA

Gênesis 2:7 e 18 –25, diz: “Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra,


e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente. ...E disse o
Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma adjutora, que lhe seja
idônea, que lhe corresponda. Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal
do campo e toda ave do céu, trouxe-os a Adão, para ele dizer como lhes chamaria. Tudo o
que Adão chamou, a toda alma vivente, isto foi o seu nome. E Adão pôs os nomes a todo
gado e as aves do céu, e todo animal do campo, mas para o homem não se achava adjutora
que lhe correspondesse. Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão e este
adormeceu, e tomou uma de suas costelas e fechou com carne em seu lugar e da costela
que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e a trouxe Adão. E disse Adão:
Esta e afinal osso dos meus ossos e carne da minha carne. Será chamada varoa, porquanto
do varão foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se unira a sua
mulher e serão ambos uma só carne. E ambos estavam nus, o homem e a mulher, e não se
envergonhavam”.

Neste capítulo há dois modelos para homem e mulher, que nos ajudam a
compreender melhor nossa identidade, em sua expressão masculina e feminina. A Palavra
diz que o homem foi formado do pó da terra, enquanto a mulher foi criada da costela, tirada
do homem. Nessa narrativa da criação temos uma indicação de que maneira maravilhosa a
Igreja foi estabelecida como mulher. Esse trecho também nos mostra a ordem em que
foram estabelecidas as coisas, o que ira nos ajudar na compreensão do seu propósito.

Paulo diz na primeira carta aos Coríntios 11: 8 e 9 que: “o homem não
proveio da mulher, mas a mulher do homem. O homem não foi criado por causa da
mulher, mas a mulher por causa do homem”. Aqui podemos confirmar que Jesus não foi
uma improvisação de Deus no sentido de atender as necessidades da Igreja.
Compreendemos de maneira maravilhosa que, antes de tudo, a Igreja foi um presente de
Deus Pai a Jesus, o Deus Filho.

A Igreja não é uma improvisação apressada de Deus para corrigir o nosso


pecado e alterar–lhe as conseqüências. Ela é fruto do amor e do cuidado do Pai para com o
Filho, é a expressão desse amor de maneira visível e concreta. É assim que a mulher foi
uma dádiva de Deus ao homem, para ser uma pessoa com quem ele pudesse ter
relacionamento pleno, alguém que lhe fosse uma companheira idônea, igual. A mulher não
é fruto da percepção de uma necessidade, pois, caso contrário, Deus estaria reagindo, e já
não seria livre e absoluto no exercício e expressão de Sua vontade. Ela é, como a Igreja, a
concretização explícita de Sua bondade como expressão viva de Seu amor, em favor de
Quem Ele ama na Sua intimidade.
O projeto de Deus para a Igreja é expresso quando Ele diz que Seu desejo é
que a Igreja cresça na medida da estatura do varão perfeito, que é Cristo (Ef. 4:13) e com
Ele possa ter um relacionamento igualmente perfeito e pleno. Igreja não pode ser apenas
uma reunião de pessoas, um ajuntamento, uma estrutura, um sistema, uma pessoa à parte de

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Jesus. Essa é a razão porque a mulher, para ter um relacionamento pleno com o homem,
não poderia ser uma identidade criada do mesmo modo com que foi o homem, mas alguém
que fosse tirada de dentro dele, para ter parte com aquilo que ele é na sua natureza e na sua
identidade e crescer diante dos seus olhos até que ambos pudessem ter um relacionamento
perfeito, pleno, tornando-se parte um do outro. É assim com a Igreja; ela, obrigatoriamente,
deveria vir de dentro de Cristo, não poderia ser criada à parte Dele, para que pudesse ter
relação plena com Ele.
Deus deu um profundo sono a Jesus, como o deu a Adão, pois Ele dormiu
profundamente na morte. E a Palavra de Deus nos diz que, no mesmo lugar em que o
homem foi rasgado para que Deus tirasse uma costela, Jesus foi aberto, traspassado, para
que dali saísse água e sangue: Pão e vinho; Palavra e Espírito. E, desses elementos, Deus
formasse a Igreja.

O Pó da Terra significa que o homem foi feito de elementos universais. No


princípio Deus criou os Céus e a Terra, e Ele toma da Terra e faz dela Barro para moldar,
fazer o homem. O homem tem na sua constituição, na sua composição, os elementos que
foram utilizados em toda criação. O que foi traduzido por Terra na verdade é argila: um
barro para ser moldado, para ser esculpido. Em Jeremias, Isaías, Jó e Romanos lemos que
fomos feitos do barro, que somos barro nas mãos do oleiro. O barro é Terra + Água =
Natureza + Palavra, por isso o homem é Imagem segundo a Semelhança. E é assim que
Cristo se manifesta a nós, sendo perfeitamente homem, na Sua natureza humana, e
perfeitamente Deus na Sua identidade divina. Ele é o Verbo - A Palavra que se fez carne -
Terra.
Nesta fusão de terra e água, este barro do qual Deus moldou o homem,
vamos encontrar todos os elementos presentes na criação, usados para criar todas as coisas.
Todos estes elementos presentes na criação do Universo estão presentes também no
homem, na sua estrutura, na sua composição.
Isso dá ao homem uma Identidade Universal, Geral.

Como Costela, a mulher tem estes mesmos elementos, no entanto, já


elaborados numa condição particular, numa forma peculiar. E desta particularidade: um
pedaço de costela, é que a mulher foi feita.
O homem foi feito numa perspectiva e referência geral, universal: Pó da
terra; enquanto a mulher foi feita a partir de uma realidade particular: a Costela do
homem.
Isso dá à identidade do homem uma conotação igualmente universal. O
ambiente de raciocínio, planejamento e trabalho do homem será sempre um ambiente geral,
universal. Dificilmente encontraremos um homem, perfeitamente identificado com a sua
masculinidade, ocupando-se de realidades particulares. Ele tem sempre a sua mente
estimulada, voltada para as coisas que são de âmbito mais geral, universal. Enquanto a
mulher, na plenitude de identidade, volta-se para as particularidades.
Não significa que um universo seja maior ou menor do que o outro. Ambos
são universos: o Universo Geral e o Específico, o Macroscópico e o Microscópico.
Muitas coisas que incomodam o ser humano, quando compreendidas pela
ótica de suas verdadeiras identidades, passam a ser benefício em lugar de prejuízo e fonte
de irritação. Quando se compreende mal a identidade e suas atribuições, o que é dom e
privilégio acaba se tornando fonte de perturbação. Há muitos homens que se irritam com a

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tendência minuciosa das mulheres analisarem as coisas; e há mulheres que, às vezes, ficam
desesperadas ou magoadas com a forma inespecífica ou generalizada dos homens tratarem
os assuntos. Ele traz uma idéia e não está preparado para responder às perguntas que ela irá
fazer de como, onde, quando, quanto e por quê? Ele se perturba com a quantidade de
perguntas que são feitas, como se ela duvidasse de que o projeto é bom. E Ela se irrita com
a falta de informações, como se ele não estivesse realmente preparado para executá-lo.
A mulher pode perceber detalhes que o homem não vê. Enquanto que o
homem é capaz de perceber horizontes que a mulher não pode. Por isso, os relacionamentos
tendenciosos, conduzidos apenas pelas características da mulher ou do homem, tendem a se
tornar demasiadamente frágeis e incapazes de satisfazer as partes.
O homem gosta de encarar novos desafios e buscar novos empreendimentos,
lugares novos, enquanto a mulher deseja dar segurança e estabilidade ao que já se
conquistou, e preencher os lugares já ocupados. O homem chega em casa e diz que
comprou uma geladeira nova, mas a mulher quer saber como vão enchê-la. De que adianta
uma geladeira nova se não tem nada dentro. Ele gosta de ver que tem em casa todos os
eletrodomésticos com que sonhou, e ela quer saber se funcionam.
É muito fácil entender essa diferença através do modelo de pó da terra e
costela.
Imagine o homem antes da criação da mulher e depois que ela foi criada: O
que mudou? Agora falta algo dentro, uma costela a menos, um espaço a ser preenchido,
algo para ser procurado, para ser alcançado. Quando o homem é colocado diante da mulher
ele se comporta como se encontrasse algo que estava procurando ou esperando por muito
tempo. Ela é a resposta da sua expectativa. E a mulher, onde ela estava, e onde está agora?
Ela está descoberta, está fora do seu ambiente, é como se faltasse algo à sua volta. É como
se ela estivesse desprotegida.
Os projetos com predominância feminina tendem a se tornar
demasiadamente estáveis, e por senso de segurança não avançam; enquanto os
relacionamentos e projetos predominantemente masculinos, tendem a se tornar amplos,
desafiadores, mas instáveis, sem consistência, sem eficácia.
O homem, com seus desafios, mas sem argumentos que os tornem
aceitáveis, viáveis, avança de modo inconsistente. Já a mulher com toda a sua
argumentação de estabilidade e segurança tende a comprometer a mobilidade e a
flexibilidade. É por essa razão que as mulheres na posição de comando se tornam mais
inflexíveis, e em alguns casos mais cruéis, do que os homens. Se vêem comprometida a
segurança não terão dúvidas em anular quem ou o que quer que seja.
Uma coisa muito comum nos relacionamentos são mulheres irritadas com os
homens porque estão sempre mudando de idéia, e homens irritados porque as mulheres
estão constantemente perguntando porque é que tem que ser assim: “Lá vem você de novo
com as suas idéias. Justo agora que as coisas estão se normalizando, por que você está
pensando em mudar?” e os homens: “Cada vez que eu tenho uma idéia nova você é a
primeira a dizer que não vai dar certo e fica aí me perguntando por quê é isso, por que
não é, e como é que nos vamos fazer, e amanhã...Não sei! Sei que vai dar certo. Vai por
mim que vai dar certo.” e ela: “Mas, por que vai dar certo? Você já fez as contas? Tem o
dinheiro? Para onde nós vamos? e depois? e com quem vai ser? e o que nós vamos
comer?” Creio que todos nós já vimos alguém assim.

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Na verdade, as idéias dos homens estariam bem respaldadas se
respondessem todas as perguntas das mulheres. E a segurança das mulheres seria
constantemente desafiada pelos projetos dos homens a se expandir, a avançar, a ser flexível.
Há sérias crises nos relacionamentos, quando as posições são invertidas, e os
homens passam a se expressar de modo feminino, ou as mulheres de modo masculino.
Então, os homens passam a ser os argumentos, a sustentação de si mesmos nos seus
projetos, e as mulheres passam a ser as empreendedoras e se apresentam como instrumento
de suprimento para esses projetos.
Quando o homem passa a ser o único suprimento dos seus próprios projetos,
ele não responde convenientemente às solicitações que deveriam ser respondidas. Ele não
oferece o ambiente que poderia ser produzido para sustentar seu projeto, porque o homem
exclui as realidades emocionais. Geralmente ele não considera os acidentes de percurso por
ter uma mente universalista, de alcance macroscópico, ele está sempre contemplando longe,
e, conseqüentemente, acaba estabelecendo para si expectativas que estão além. Ele deve ser
estimulado ao desafio, mas são as ponderações femininas, sobre o percurso, que vão levá-lo
ao suprimento de todas as necessidades no limite justo das suas potencialidades,
capacidades. Porque elas, as mulheres, estão familiarizadas com os detalhes.
Um homem, quando examina a sua historia, tende a considerar só suas
conquistas, só o que deu certo, só o que funcionou. Ele só fala das virtudes. e que todos os
seus erros sempre tiveram uma boa razão, uma boa explicação. Ele precisa da mulher para
lembrá-lo das suas limitações, dos detalhes dessa história.
Há muitas crises nos relacionamentos quando as mulheres se omitem, as
vezes, até por medo de apresentarem suas considerações de maneira legítima, fazem com
que seus maridos se tornem inconseqüentes. Sofrem também os relacionamentos onde os
maridos omissos são substituídos pelas mulheres impetuosas, cuja argumentação será
puramente emocional, apenas calcada na sua experiência pessoal, nos seus próprios
sentimentos e conclusões. Geralmente ela parte da sua particularidade. Se ela substitui a
figura do homem num relacionamento, ela terá motivações de avanço, de progresso, mas
partindo sempre das suas avaliações e experiências particulares, restritas, e os projetos de
conotação exclusivamente emocional, apaixonada, e que, geralmente, responderão apenas
aos interesses dos diretamente envolvidos.
A mulher vai sempre lidar com mais facilidade com o que é urgente, porque
esta é a sua realidade: o detalhe, o mundo particular. E o homem vai ter sempre aquela
vontade de lidar com o planejamento, com as generalidades. Então a crise vem quando ela
olha na casa e sabe exatamente qual torneira esta pingando, e a tomada que não está
funcionando, mas ele diz: “Benzinho, o importante e que temos essa casa... é o que eu
sempre quis te dar. O importante é que estamos aqui, felizes...”
Vamos alargar as nossas fronteiras, mas trabalhar para que elas sejam
ocupadas. E não é porque estejam confortavelmente cheias que não devam ser desafiadas a
serem, novamente, alargadas. Não é porque as coisas antigas e consolidadas são
maravilhosamente boas, que as novas não devem ser experimentadas. Na há tradição ou
hábito que não possa ser revitalizado por ventos de novidade. E não há novidade que não
possa ser comprometida com os requisitos do cotidiano, do diário e ser usufruída, mas
também preservada, enquanto ligada aos seus princípios e propósitos originais. Se homem e
mulher não se omitirem nas suas posições, haverá relacionamento consistente, mas, ao
mesmo tempo, desafiador. Desafiador, contudo, consistente.

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Segundo Modelo Sexual
CABEÇA e CORPO
Em I Co 11:3, 7 a 11 temos um novo exemplo que pode nos ajudar a
compreender o nosso caráter, a essência da nossa identidade sexual.
Quero dizer uma coisa a respeito de significado e segurança:
Considerando o comportamento psicológico do homem, e isto é reconhecido
em toda parte, que o homem se realiza pelo seu significado, enquanto a mulher se realiza
pela sua segurança, é geralmente aí que estão as crises na vida de cada um: na falta de
significado na vida do homem e falta de segurança na vida da mulher.
E como o caráter de Deus e um caráter de amor e, como está na carta aos
Efésios, o marido deve amar a sua esposa e a esposa honrar o seu marido, estando sob a
missão e a orientação do marido, então podemos compreender que um homem só vai se
sentir realizado quando ama, porque aí ele estará perfeitamente integrado na identidade de
Deus. E a mulher só vai se sentir segura, e, portanto realizada na sua identidade, quando e
amada.
O homem tem crise de significado quando ele não encontra alguém para
amar, ou ele não consegue realmente dedicar amor a alguém. E a mulher terá crises
profundas de identidade, quando ela não se sente, não se percebe amada, porque é isso que
lhe dá segurança.
Através deste modelo - Cabeça e Corpo, porque a Palavra de Deus diz que
o homem é o cabeça da mulher, porquanto ela é o seu corpo dentro do modelo de
relacionamento de Cristo com a Igreja, e a Igreja é o Corpo vivo de Cristo - podemos
compreender mais algumas coisas a respeito da nossa identidade sexual.
Se olhamos para a composição disto, compreenderemos que, primeiro: Na
cabeça está a mente, o raciocínio, enquanto no corpo está o coração e, ainda que os
sentimentos estejam no cérebro, no corpo está o órgão responsável pela alimentação, pelo
suprimento. E é no corpo que se sente as reações aos estímulos, às sensações. É necessário
compreendermos isto, pois Jesus comunica que dentro do conceito de identidade sexual
ambos são vitais.
Como mente, o homem está voltado para a razão, para a convicção. É o
homem que, no relacionamento, tem a noção de tempo e possibilidade. É homem que
geralmente se apropria do conceito de possibilidade. Ele pensa sobre o que pode ser feito.
A mulher, como coração do relacionamento, está voltada à emoção, ao
sentimento, à sensibilidade. Ela tem o discernimento para o que é imediato e, portanto, para
o que é necessário.
O modelo Cabeça e Corpo nos leva a compreender uma geografia
diferenciada. Observando o nosso corpo como um todo: cabeça e corpo; percebemos que a
cabeça ocupa um espaço muito menor que o corpo, que o espaço geográfico do corpo é dez
vezes maior do que o da cabeça. E percebemos também que nele está todos os órgãos de
execução, enquanto que os órgãos de definição estão na cabeça. Isto é um sinal da nossa
identidade sexual dentro do relacionamento, porque a nossa geografia elimina muitas das
tensões dos relacionamentos, quando há ocupação e distribuição do espaço dentro do
relacionamento entre o homem e a mulher.

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Há homens sinceramente incomodados por perceberem que suas mulheres
ocupam um espaço grande demais. Mas eu quero te dar uma boa notícia: isso não vai
mudar. Vai ser sempre assim. Aleluia!
E isso acontece porque o homem maduro, bem ajustado, convicto da sua
identidade, que era Jesus, nos orientou a agirmos assim com as nossas mulheres sem que
isso ferisse a nossa auto-estima ou a nossa auto-confiança. Jesus ao se despedir da sua
Igreja disse: “Não vos admireis das obras que eu faço, pois maiores que estas fareis”(Jo
14:12). E examinando esta passagem à luz deste modelo, entendemos o que Jesus está
dizendo. Não que a Igreja fosse capaz de por si só empreender mais do que Jesus, mas
fisiológica, física e geograficamente, no mundo, ocuparia um espaço muito maior do que
Jesus como homem ocupou. E, na verdade, Jesus compreendendo a potencialidade da sua
esposa, a estabeleceu como corpo justamente por isso, porque como corpo ela se estenderia
com capacidade executiva por toda a terra. Aliás, esta foi a Palavra profética desde o
princípio quando Deus disse: Crescei e multiplicai-vos, cobri a terra.
Entendendo isso melhor: basta percebermos o que o Espírito Santo está nos
orientando, e auxiliado pelas nossas experiências pessoais, basta isso para percebermos que
o homem pensa muitas coisas, enquanto é capaz de realizar uma só. O homem tem uma
capacidade ilimitada de pensar sobre vários projetos, vários alvos, várias possibilidades,
enquanto é capaz de realizar apenas uma coisa só. O homem tem a peculiaridade de prestar
atenção a vários assuntos, mas enquanto realiza uma coisa só. Se inverter esta ordem, ele se
embaralha todo.
Já a mulher tem a particularidade de realizar muitas coisas, enquanto pensa
numa coisa só. Geralmente, a mulher está envolvida em várias atividades e obcecada com
um único pensamento: aquilo que mais marcou seu dia, ou aquilo que vem preocupando
seu coração. Ela exerce várias atividades, mas, se lhe perguntarem nos vários momentos do
dia sobre o que ela está pensando, ela estará pensando, sofrendo ou se alegrando com a
mesma coisa.
E, finalmente, dentro deste modelo de cabeça e corpo, se olharmos para os
nossos cinco sentidos: visão, olfato, audição, paladar e tato – agora veja que coisa curiosa:
quatro deles estão na cabeça, enquanto que apenas um está no corpo – vemos que os que
estão na cabeça, são usados para identificar, para perceber a identidade dos elementos.
Enquanto que aquele que está no corpo, nós utilizamos para perceber, identificar a
condição, o estado das coisas.
Geralmente, num relacionamento, o homem tem uma resposta muito rápida
para dizer do que se trata, mas a mulher quer saber em que condição está. O homem acha
muito bom dizer que fez um novo amigo, mas a mulher quer saber se ele é bom.
Quando o homem não presta atenção ao que a mulher diz, todo problema
pode se tornar pequeno demais, e quando a mulher não ouve o que o homem diz, todo
problema pode se tornar grave demais.

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Terceiro Modelo Sexual
MACHO e FÊMEA
Segundo o que está escrito em Gênesis 1:27-28: “Deus diz que criou o
homem à sua imagem, conforme a sua semelhança, macho e fêmea os criou.” e em Gênesis
5:1-2: “Deus os criou, macho e fêmea os criou.”
Dentro deste modelo de macho e fêmea, o que queremos destacar são
algumas características que podem nos ajudar a compreender sobre a nossa função e, dentro
deste modelo, então, vemos que o que caracteriza o macho e a fêmea é o espermatozóide e
o óvulo.
Primeiramente, Macho e Fêmea é espermatozóide e óvulo. No processo da
criação, há uma ação cooperativa. O homem com o princípio criativo, gerador, enquanto a
mulher com o princípio mantenedor, amamentador. Espermatozóide e óvulo nos ajudam a
compreender algo muito prático na nossa relação, porque o homem tem a dotação de
produzir milhões de espermatozóides de uma só vez. E a mulher é capaz de produzir um
óvulo apenas de cada vez.
Veja que há coisas que o mundo está tentando apagar, ou mistificar e, na
verdade, não tem como. São diferenças que deveriam ser aproveitadas, porque são
diferenças para produzirem plenitude e não distanciamento. É o espermatozóide do homem
que fecunda, que aciona o processo multiplicativo do óvulo da mulher. Não há como fazer
isso sem a ação deste espermatozóide. No útero da mulher, há uma grande energia potencial
acumulada. Naquele óvulo, estão reunidas todas as condições, todos os elementos
necessários para que um homem ou uma mulher venham a existir, mas esse processo não
acontece sem que o óvulo seja fecundado e o processo seja acionado, seja posto em
atividade. E não há como substituir isso.
É importante olharmos para o homem e vermos nele esta responsabilidade.
Os maridos têm que entender que há muitas realidades dentro dos relacionamentos prontos.
Há uma grande energia potencial concentrada na sua casa. Deus reuniu, na vida da sua
esposa, todas as condições necessárias para que todos os seus projetos sejam exeqüíveis.
Mas eles jamais acontecerão sem que haja uma ação contundente, marcante.
A questão do espermatozóide e do óvulo nos ajuda a entender que um
homem é capaz de ter muitas idéias, mas que o coração da sua mulher se abrirá para apenas
uma só de cada vez. Quando não entendemos este princípio, fracassamos no
relacionamento ou forçamos as nossas esposas a serem mães de trigêmeos, quadrigêmeos
todas as vezes. Isso seria possível a uma mulher, sem que lhe esgotasse a capacidade? Seria
a condição ideal para um relacionamento? É importante entender que este óvulo que se abre
para apenas um espermatozóide de cada vez e quando não é fecundado há uma crise para
que ele seja eliminado, e há um momento certo para que outro óvulo, não mais aquele, seja
então fecundado.
Um problema na vida dos homens e que, por não observar este
procedimento, muitas vezes tentam inseminar idéias antigas em óvulos igualmente antigos,
e isso é impossível, porque aquele óvulo foi eliminado. É preciso que o homem tenha a
sabedoria e essa percepção do momento novo e da fecundação nova. Os milhões de
espermatozóides encontrarão um momento. Nem todas as relações entre homem e mulher
serão fecundas. Isto é prático na vida dos casais. A mulher também deve entender que cada
vez que ela não for fecundada em sua expectativa é natural que ela experimente uma crise

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até que ela encontre novo momento para tornar-se receptiva a uma nova idéia ou uma nova
fecundação.
Homem, pelas misericórdias de Jesus, dê esse prazer à sua mulher. Não a
violente com suas idéias e nem com seus projetos. Deixe-a com a sensação de que foi ela
quem se abriu e recebeu o seu propósito. Mas saiba fazer isso no momento certo, senão ela
também se tornará frustrada, vendo um após outro dos seus óvulos sendo deixados fora, em
crise. Porque você não a fecundou no momento exato.
Ainda nesse modelo temos a figura da Semente e Campo.
A Palavra de Deus diz, na parábola do semeador, em Lucas 8, que a Palavra
de Deus é a semente e os nossos corações o campo. Em Gênesis 38, Deus fala da
experiência maldita de Onã, um homem que, por força da lei teve que desposar a sua
cunhada, e, temendo que ela tivesse um filho dele, e ele não queria isso, então, todas as
vezes que ele tinha relacionamento com ela, tinha o cuidado de ejacular fora do corpo dela.
E a Palavra de Deus diz que isso era pecado e que a ira de Deus se acendeu contra Onã por
causa dessa sua atitude, porque ele não deixava na mulher a sua semente. Ele lançava fora a
sua semente.
Esse sentido de Macho e Fêmea, de espermatozóide e óvulo, também nos dá
a idéia de semente e campo, terra, solo. A semente tem a informação, mas o campo é que
tem os elementos necessários à formação. Uma ação conjunta. É maravilhoso! O homem
está carregado com a mensagem, com o código, que aciona o processo, e a mulher
carregada com os elementos e as condições necessárias para sua manutenção. Ela é
equipada para atender as necessidades e para sustentar. É por isso que a Palavra de Deus
diz que a mulher deve ser submissa ao homem e o homem deve amar a sua mulher, porque
amando ele não deixará esse chão sem semente. E sendo submissa, ela viverá de modo a
sustentar, a ser apoio, a ser ambiente para estas realizações, de modo que o homem não
empreenderá fora da mulher e a mulher não receberá idéias que não forem do homem.
Dentro dessa idéia de Macho e Fêmea temos também o conceito de
Inseminar e Gestar.
O homem é que introduz, envia, planta, estabelece no ato sexual. Isto é
muito claro neste modelo. Não há como mudar isto. A mulher é especialmente dotada para
receber, abrigar, envolver, gestar. Ninguém vai mudar isso. E toda tentativa de mudar isto é
frustração e confusão.
Ainda que a palavra seja dele, a comunicação e a tradução é dela. Isto vai
ajudar muito os pais, é muito simples. O homem tem a mensagem na casa, mas é a mulher
que comunica esta mensagem ao coração dos filhos. Quando a mulher se torna rebelde, os
filhos se rebelam contra os seus pais e perdem a noção de identidade.
E tão fácil ver isso na igreja. Quem deu a Palavra? Jesus. Ele é a Palavra, a
mensagem. Quem fala a mensagem em todas as línguas, em todas as partes da terra e faz
que esta mensagem chegue a todos os ouvidos? De quem é a responsabilidade de fazer essa
mensagem inteligível a todos os corações? A Igreja. Jesus tem o papel de dar e a Igreja de
receber, não apenas para ela. Jesus é quem cura, mas é a Igreja quem restaura. É a Igreja
que trabalha, quem elabora a integração daquele que foi curado.
E assim com o homem e com a mulher. A palavra é dele, mas a tradução é
dela. O propósito é dele, mas a execução, a comunicação é dela. Isso completa, não há
como traduzir uma mensagem que não foi dada. É heresia. Eu tenho visto muitos
relacionamentos conjugais prejudicados, porque há mulheres traduzindo mensagens que
não foram dadas. “Não é bem assim...” Acontece quando os filhos são pequenos, e

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enquanto eles crescem, e assim criamos crianças marginais, que não sabem ouvir. Há
muitas casas sem cobertura, porque os homens não estão dando a Palavra. Neste sentido, os
homens sabem o que fazer, mas é a mulher que tem obrigação de saber como. O homem
tem a obrigação de dizer à sua casa o que fazer, senão a casa ficará sem rumo, e a mulher
tem o privilégio de saber de Deus como realizar aquilo que foi proposto fazer. Nenhum
nem outro pode se omitir sob peso de sua casa ficar em prejuízo.

ATO SEXUAL
*Por que estamos chamando de Ato Sexual? Porque tudo o que pretendemos
durante este estudo é corrigir a idéia da relação sexual. Geralmente, quando se fala do
momento íntimo do homem com a mulher, esse momento é chamado de relação sexual.
Mas uma vez que entendemos a nossa identidade sexual, então vamos ver que toda relação,
qualquer que seja a forma dessa relação de um homem com uma mulher será uma relação
sexual. Sem escândalo. Amém?
Qualquer relação da nossa vida deve ser na perspectiva da nossa identidade,
segundo aquilo para o que Deus nos criou e fez, então, é certeza de êxito, de vitória, de
resultado, porque estamos indo de encontro ao propósito do Pai. Amém!
Então nós estamos chamando aqui, nesta parte do estudo, a esse momento
íntimo do homem com a mulher de Ato Sexual, porque é um dos atos dentro da relação. É
um momento específico. Então é aquele ato, aquela ação íntima. É um momento específico,
dentro de toda uma relação. A relação é mais ampla, o ato é o específico.
Nesse ato queremos considerar a relação entre sexo e pecado.

Sexo e Pecado

A religião, através da história, da educação, da formação, da cultura, dos


hábitos, das praxes, das tradições, se encarregou de nos passar o conceito, a idéia de que
Adão e Eva pecaram pelo sexo. Não adianta dizermos que não, porque, na verdade, existe
no coração de cada homem ou mulher, na medida em que ele convive com esta estrutura
chamada civilizada de cultura e religião a idéia de que - de maneira desastrosa e infeliz, a
cultura, dita, cristã é a maior responsável pela disseminação, pela divulgação dessa idéia,
desse conceito - homem e mulher pecaram pelo sexo. O que não é verdade.
E a Palavra de Deus diz em Gênesis 1:28, a ordem primeira de Deus. Ele nos
abençoou e disse: Crescei e multiplicai-vos. Agora, eu pergunto: De que maneira que o
homem ia crescer e multiplicar? Adão e Eva, olhando um para o outro, almoçando junto,
jantando junto...era assim que eles iam crescer e multiplicar? Ou utilizando plenamente das
suas identidades como homem e mulher, cabeça e corpo, macho e fêmea? Como eles iam
crescer e se multiplicar e encher a terra?
Alguém já tinha pensado que esse ato sexual entre homem e mulher era
mandamento? Pois é...
Pois é! Ordem de Deus, e, portanto, bênção. Porque todos os mandamentos
de Deus são para bênção e para compreendermos o seu caráter, a sua natureza e o seu
propósito. Por isso o sexo nunca será em si mesmo pecado, mas será no modo, no propósito

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com que ele é utilizado, aplicado. O que a Palavra de Deus diz? que a letra mata, mas o
espírito, vivifica (II Co 3:6). Como é que o pecado matou o homem? Tomando da lei e
removendo dela a sua natureza, a sua essência e o seu espírito.

Sexo e Casamento

Vimos sobre o pecado. Para sermos curados precisamos ver sobre sexo e
casamento.
Há uma pergunta muito comum entre os jovens na Igreja, e talvez o assunto
que vamos entrar possa parecer um pouco contraditório.
Geralmente, somos abordados com a pergunta: Pastor, sexo antes do
casamento é pecado?
A resposta é: Não existe sexo antes do casamento, porque o sexo é o
casamento.
Se há alguém preocupado se é pecado ou não, eu quero te dizer, que, mais do
que isso, ele é o casamento. A Palavra de Deus é clara em dizer: O homem se unirá à
mulher e serão os dois uma só carne. E alguém pode até achar que casamento é outra coisa,
mas é isso.
O homem, que visita a prostituta uma noite, não sabe porque aquilo não é
fácil de lavar com água: É porque o casamento é uma lei estabelecida por Deus que vale
para todas as pessoas e Ele diz em Gênesis 2:24, valendo para quem é Igreja, para quem
não é, para quem quer que seja, que quando um homem se junta a uma mulher, faz com ela
uma só carne. Ponto. Isto é lei de Deus. Vale para o que é feito na Igreja e o que é feito
fora. Portanto, há uma compreensão equivocada a respeito de o que Deus uniu não o
separe o homem. Muita gente acha que o que Deus uniu é aquela união feita na Igreja. Não
é verdade.
O que Deus uniu é o que ele estabeleceu segundo o seu preceito e a sua
vontade. E ele diz que o homem que se junta a uma mulher faz com ela uma só carne, e só
ele é capaz de separar uma relação por mais malfeita que ela tenha sido. Só Deus e a Sua
misericórdia pode te livrar disso. Não tente se desfazer das suas relações por mais
prostituídas que elas tenham sido. Clame pela misericórdia de Deus, porque só Deus pode
desfazer um casamento, até um casamento feito com uma prostituta, ou prostituto (nem sei
se existe esse substantivo).
O sexo é o selo, a marca. É isto que Deus uniu. Ele disse que é dessa forma
que seria unido.
Um casal que tenha casado num centro de macumba, debaixo dos tambores,
e eles se deitaram e se fizeram marido e mulher, eles estão casados e unidos por Deus. Só
Deus pode separá-los.
Aquele marido pode não ser crente, não ir à Igreja, mas tem de ter acordo a
respeito do que é santo, ou digno, ou justo, não a mulher fazer acordo com ele sobre o que é
indigno, injusto, ilícito e imundo. Tem mulher que acha que para ter acordo com o marido
ele tem que ir à igreja. Não é isso. Ele é santo pelo relacionamento com a mulher. O papel
dele e ter acordo com a mulher a respeito do que é digno e santo, e mesmo que ele nunca
venha à igreja, há acordo a respeito disso.
Vou dar agora uma palavra para os jovens, que pode achar que está tudo
bem, pode casar a qualquer momento... e qualquer coisa, mostra para os pais o estudo e

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fala: Pai, casei. De fato, você fez opção pela pior forma de casamento que alguém pode
pretender para a sua vida. O casamento começou sem respeitar os princípios, o caráter, a
natureza, a essência de Deus. O casamento começou não respeitando ninguém. Nem os
próprios cônjuges. Mas eu sou obrigado a dizer, por uma questão de consciência, eu não
posso omitir isso, por mais que isso preocupe os pais: que é casamento.
Só a Igreja pode compreender este mistério do casamento. E,
principalmente: só a Igreja pode respeitar este mistério do casamento. Só aquele que
conhece verdadeiramente a Jesus pode compreender e respeitar este mistério. Aquele que se
utiliza deste princípio para benefício próprio, ainda não é Igreja. E eu repito Qualquer um
que se utilizar deste princípio para benefício próprio, não é Igreja. Não devia estar
pensando em como mudar os seus hábitos, mas em como se converter, em como nascer de
novo, porque não conhece a mente nem o coração de Deus, e, principalmente, não conhece
o Seu caráter, a Sua natureza. E esse e o caráter e a natureza do ato sexual. Sem amor é
pecado. Temos que estar atentos à nossa responsabilidade. Devemos nos lembrar que Deus
não leva em conta os tempos da nossa ignorância, mas aquilo que é segundo o dom, é
irrevogável.
Vou dizer uma coisa à Igreja, principalmente: Aquilo que o homem cometeu
sem conhecer a Jesus, a Palavra de Deus diz que Deus não leva em conta, porque nós
andávamos segundo o tempo da nossa ignorância. Mas tudo o que vivemos e
experimentamos após conhecer a Jesus é irrevogável. Isto é muito sério.
Talvez você tenha tido trinta casamentos antes de conhecer a Jesus. Deus
diz: Eu não levo em conta os tempos da sua ignorância, da sua iniqüidade eu já não me
lembrarei (At 17:30). Mas aquilo que foi praticado segundo o dom, é irrevogável.
Quando Sara apresentou Hagar a Abraão, Deus honrou Hagar e honra a sua
semente até hoje, segundo a promessa. Forte, isso, não? Abraão só conseguiu fecundar
Hagar segundo o dom. A Palavra de Deus diz, em Romanos 4:19, que seu corpo já era
amortecido. Ele só foi capaz de engravidar aquela escrava porque ele já tinha recebido a
promessa.
Quando um crente fiel em Jesus, se prostitui - por isso a Palavra de Deus à
igreja dos Coríntios é muito forte. Leia isso em I Coríntios 6:17-18: O que se une ao
Senhor e um só espírito com ele. (Veja, recebeu o dom) Fugi da prostituição! Fugi da
prostituição, amado! Qualquer outro pecado que o homem comete e fora do corpo; É fora
da Igreja. Mas aquele que se prostitui peca contra o seu próprio corpo - A sua própria vida
é contra a Igreja, porque peca debaixo do Dom, e a Palavra de Deus diz em Romanos 11:29
que o dom e a vocação são irrevogáveis. - e I Co 6:19: Ou não sabeis que o vosso corpo é
santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não
sois de vós mesmos?
Por fim, dentro deste aspecto de Ato Sexual, queremos considerar sobre

Procriação e Prazer

Este é outro dilema dentro do Ato Sexual. Conforme o que Deus estabelece
para minha vida como identidade sexual, o sexo, o ato sexual, é procriação ou é prazer?
Pode ser só para procriação, ou pode ser só por prazer? Durante muito tempo a Igreja tem
oprimido muitas pessoas dizendo: É de Deus, então é só para procriação, não deve nem
haver prazer, pois qualquer tipo de prazer seria pecaminoso.

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É terrível isso. Quem foi que nos deu esta capacidade? A Palavra de Deus
diz que o relacionamento de Jesus com a Igreja é um relacionamento de gozo e êxtase, de
alegria, de realização. Mas é certo também que Jesus gera filhos para Deus no ventre da
Igreja, a ponto da Palavra dizer que a Igreja é a nossa mãe. Então, como pode ser resolvido
este impasse? Como pode ser resolvido o mandamento de criar, porque é mandamento:
Crescei e multiplicai? e a obrigação de criar, e a restrição de que não pode ser só por
prazer? Por outro lado há outro dilema muito comum, principalmente hoje, no coração das
pessoas: o medo de procriar, fazendo a pessoas estabelecerem um culto exclusivo do
prazer, estabelecendo no ato sexual apenas a perspectiva do prazer, eliminando qualquer
compromisso com o procriar.
Quando o relacionamento for só para a procriação e excluir o prazer, ele será
tenso, frio e sem plenitude. Quando o relacionamento for só pelo prazer e excluir a
procriação, então ele será frágil e extremamente vulnerável. Por isso, temos que ter sempre
o nosso coração aberto, entendendo que é maravilhoso o prazer e é igualmente maravilhoso
o gerar. E fica a critério de Deus estabelecer os resultados que ele quiser estabelecer dentro
dos relacionamentos.
Portanto, eu não aconselho nenhum casal a adotar qualquer sistema
anticoncepcional, sem que isso seja fruto, resultado de revelação na vida de ambos, após
um trabalho intenso de oração e de meditação na Palavra de Deus, porque, como não há
garantia de eficácia absoluta, qualquer tentativa de estabelecer um sistema anticoncepcional
há de produzir mais cedo ou mais tarde algum tipo de frustração surpresa ou problema. Há
de produzir resultados que só podem ser superados por uma ação poderosa da misericórdia
de Deus na vida desse casal. Pode, muitas vezes, implicar na vida dos filhos, da família e
por aí a fora. É sério!

O Momento

E eu quero concluir agora falando sobre a participação de ambos, homem e


mulher, no momento do ato sexual. E gostaria de fazer isso de uma maneira leve, até alegre
e prática, de como embelezar, de como aprimorar, de como enriquecer, de como usufruir,
de como ter prazer, alegria, resultado, propósito nesse momento tão maravilhoso do ato
sexual.
Primeiro falando dessa participação alegre, feliz, plena de homem e mulher,
vamos lembrar de tudo o que foi considerado através dos modelos, dos exemplos, para ver
como aquilo pode ter agora um resultado prático nesse momento tão especial.
Ao homem cuidará a parte geral, ampla do que diz respeito, por exemplo, ao
ambiente, enquanto a mulher terá cuidado da conotação específica, microscópica, do
detalhe.
Por outro lado, a mulher tem que cuidar do detalhe específico. Aqui uma
dica para as mulheres: As mulheres são muito ordeiras. Estão sempre prestando atenção no
detalhe, nas minúcias, mas tome cuidado para você não ficar arrumando o seu quarto
sempre como quarto, igual arruma a cozinha, o quarto dos meninos, a gaveta da ajudante.
Porque compete à mulher o detalhe específico, a minúcia, o perfume, a cor, o aroma.
Vimos a questão do ambiente, porque o homem aqui sabe por exemplo do
dia, geralmente, ele amanhece com o dia, mas é importante ele saber que é a mulher que
amanheceu com a noção da hora. Para o homem pode ser a qualquer hora, se ele

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amanheceu achando que é o dia, mas ele precisa discernir, porque a mulher vem com o
detalhe da hora. Mas, também, naquela hora ela deve ter o cuidado de tratar os detalhes.
Na questão da estimulação, o homem deve saber que o coração da mulher
trabalha com o aspecto da sensibilidade, dos detalhes microscópico, que ela tem uma
geografia mais ampla, executiva, ela tem mais fatores do corpo - a geografia do corpo é
muito maior que a geografia da cabeça, então o trabalho de preparação para o homem e
antecipado: isto é uma chave - o homem precisa ter um trabalho antecipado, no
relacionamento. Porque na cabeça dele tudo pode acontecer na hora, de imediato, mas na
cabeça da mulher, não. Ela é terra, ela é solo, campo. Ele é semente, qualquer hora que
plantar, está pronto para germinar. Ela não: tem que arar, tirar as ervas daninhas, cultivar,
revirar, passar..., aí planta.
O homem tem o trabalho de percorrer as formas. No livro de Cantares - você
pode estar pensando: De onde o pastor tirou essas idéias? É simples! Não é nenhum manual
comprado em esquina, em banca de revista. Isto está em Cantares, que fala do ambiente.
Fala que o noivo arrumou a casa, mas a mulher preparou o quarto com perfume. Depois, no
relacionamento íntimo deles, fala que ele percorreu a geografia dela. Ele é tão máximo
nisso, que ela fala que parece que ele tem mais de duas mãos, que a envolve totalmente, que
ele sabe todas as partes dela.
Já a estimulação do marido é instantânea. Ela precisa conhecer o toque, o
lugar, o ponto. Ela precisa conhecer o seu marido num lugar específico. Porque a
estimulação dele será instantânea. Ela não precisa ficar preocupada em estimulá-lo
antecipadamente, mas ela tem que ter a ciência de estimulá-lo imediatamente, porque senão
vai ser uma peleja, e não vai acontecer. E com o homem é muito mais complicado quando
não acontece.
Nisso podemos usar uma comparação: é como se homem e mulher fossem
um cofre, cada um. Só que um abre com segredo, outro e com chave. Para abrir o cofre da
mulher é segredo, e antecipação, até achar a combinação. Já para abrir o cofre do homem e
chave, dá duas voltas e pronto. Mas é preciso ter a chave certa. Como é preciso ter a
combinação.
Com relação à atividade em si, ao momento, o homem tem que saber
trabalhar a segurança da mulher. Ele não pode se precipitar ao ponto de violentá-la, mas
não pode deixá-la numa expectativa sem fim. É preciso que ele saiba, inclusive, criar uma
expectativa. Isto é muito claro no livro de Cantares. O marido faz uma coisa
impressionante. Ele sai, e depois volta de maneira surpreendente, inédita, deixa o coração
da mulher pulsando, em êxtase só pela expectativa. Mas ele não invade de maneira
violenta. E nem a deixa sem saber para onde ele foi e quando vai voltar, indefinidamente.
Até na questão, por exemplo, do elogio. Quando o homem fala à mulher, no
livro de Cantares, ele fala da sua natureza, da sua essência, da sua intimidade, da sua forma.
E ele sempre compara as suas formas à identidade, à natureza, ele amplia ainda mais a sua
geografia.
Já, ao passo que, quando a mulher estimula o homem - no livro de Cantares,
nessa relação íntima - ela fala da sua identidade, da sua força. Que não é qualquer tipo de
elogio, e esses elogios, essa exaltação mútua tem que acontecer, mas não é de qualquer
tipo. Ela fala da sua identidade, dos seus potenciais, ela promove nele senso de significado.
E enquanto ele fala do conhecimento que ele tem a respeito dela, e quando ele fala da
segurança da sua relação, ele produz nela estabilidade, e o relacionamento é livre. Isso
também está no livro de Cantares.

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E na continuidade, há um processo. É preciso que o homem saiba garantir à
mulher o retorno, porque, como ela tem uma geografia mais ampla e como as coisas
acontecem nela em processo, e não em instantes, também a sua volta desse momento, é
uma volta lenta, enquanto a volta do homem é repentina.
E preciso que o homem saiba garantir a sua volta. E a mulher saiba garantir
ao homem o seu repouso, o seu descanso. No livro de Cantares está isso também. Ele a
acompanha até que ela se aquiete e depois ela o protege no seu sono. Provavelmente, ela
não vai dormir, ela vai ficar sonhando ainda um pouco, com a beleza daquilo. Imaginando,
desfrutando. Mas é preciso que ela não o retenha no seu descanso, como está em Cantares.
Amém?

Deus dá a Cristo um sono profundo - a morte, como dera a Adão; e do Seu lado, como
quando removeu a costela, Ele tira sangue e água e desses elementos faz a Igreja. É de
dentro de Cristo que Ele tira a Igreja, uma pessoa de dentro da outra, uma identidade de
dentro da outra, de modo que sejam expressões distintas de uma mesma identidade. Não há
nada que possa separá-los, e não há como imaginá-los plenos na expressão de suas
identidades sem a presença um do outro. Ninguém mais verá Cristo sem a Igreja e a Igreja
sem Cristo.

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