Você está na página 1de 1

Surgimento da desigualdade entre gêneros na Pré-História

Nos grupos humanos precedentes à Revolução Agrícola havia uma divisão sexual de
tarefas: aos homens cabia a caça e a preparação de todo equipamento para essa
atividade, enquanto as mulheres colhiam e cuidavam das crianças pequenas. Embora as
atividades econômicas fossem complementares e a coleta fosse de fato a que propiciasse
na maioria das vezes mais alimentos ao grupo, a caça, por sua raridade, era
simbolicamente mais valorizada. A força física relevante para as contrastantes
atividades guerreiras, também tinha grande poder de dissuasão, colaborando para a
prepoderância masculina. Quando grupos humanos mudam sua atividade econômica
prioritária da caça e coleta para a agricultura, a desigualdade entre homens e mulheres
aumenta. Com o advento da agricultura, os homens ficaram responsáveis por derrubar
os bosques e preparar a terra para a plantação, deixando a rotina da lavoura mais nas
mãos das mulheres. Os nascimentos (antes limitados pelas dificuldades dos constantes
deslocamentos) aumentaram em número com o sedentarismo, a maior oferta de
alimentos e um melhor aproveitamento do trabalho infantil. Com isso, as mulheres
ficaram ainda mais atreladas aos afazeres domésticos. Na economia, o trabalho
feminino passou a ser visto como suplementar e não mais tão importante como no
tempo da caça e coleta. Os homens ganharam maior autoridade e poder sobre a
propriedade e a família. Essas mudanças colaboraram para distanciar homens e
mulheres, não só em termos de papéis e funções, mas em termos de importância social.
Assim, o que traduz a desigualdade não é a divisão do trabalho em si, mas o valor que
as sociedades atribuem às atividades desempenhadas.

Jaime Pinski (As primeiras Civilizações)

Você também pode gostar