Introdução XI
Capítulo 1
Multiplicidade – A Pluralidade Teórica em Estratégia:
o Elefante e o Ornitorrinco 1
Introdução – O Contexto de Formação dos Estudos de Estratégia
Empresarial 2
Modelos Metateóricos em Estratégia Empresarial 5
Para Além das Classificações a priori – Construindo um Modelo Empírico
de Classificação 9
Metodologia – Análise Fatorial como Instrumento de Investigação
Teórica 11
Resultados Empíricos e Análise de Dados 12
O Safári de Estratégia – Questões Bizantinas e a
Síndrome do Ornitorrinco 18
Sobre o Papel da Ambigüidade e da Contradição nas Organizações 19
Capítulo 2
Interpretação – A Construção Institucional das Estratégias e o Caso da
Internet no Brasil 23
Introdução 24
As Bases de uma Abordagem Interpretativa em Estratégia 26
VIII Dinâmica Organizacional e Estratégia
Capítulo 3
Diálogo – Uma Investigação Empírica sobre Processos Organizacionais de
Interpretação do Ambiente 43
Introdução 44
Bases Teóricas da Busca Estratégica
– Organizações como Sistemas de Interpretação 44
Um Estudo Exploratório sobre Busca Estratégica – Dados 49
Exploração Inicial dos Dados – Análise Fatorial Exploratória 50
Validando as Dimensões Principais de um Modelo
de Busca Estratégica 52
Classificando Casos em um Modelo de Busca Estratégica –
Análise de Clusters 53
Construindo um Modelo de Equações Estruturais (SEM) 57
Discussão dos Resultados 61
Capítulo 4
Racionalidade – As Bases da Definição de
um Tipo Organizacional Pós-burocrático 65
Introdução 66
Burocracia e Racionalização – A Gênese Weberiana do Paradigma
Burocrático 67
As Teorias das Disfunções Burocráticas –
A Burocracia como Irracionalidade 71
Introduzindo as Noções de Ambiente e Adaptação –
O Argumento Contingencial 75
Sumário IX
Capítulo 5
Intencionalidade – Estratégia, Metanormas e
Inteligência Artificial 85
Introdução – Estratégia e um Jogo Não-convencional de Xadrez 86
O Papel da Estratégia na Organização Burocrática –
Estratégia como Metanorma 87
Estratégia e Sistemas Intencionais – As Organizações Podem Pensar? 91
Capítulo 6
Ignorância – Reflexões sobre Complexidade, Gestão do Conhecimento,
Gestão da Ignorância e Estratégia 99
Complexidade e Estratégia – Rumo a uma Ligação Prática
entre Estratégia e Interpretação 100
Gestão do Conhecimento 101
A Co-evolução entre Conhecimento e Ignorância 107
Conhecimento, Ignorância e Inovação 109
em essência, que a estratégia de uma organização pode ser vista como uma
interpretação do mundo exterior e da organização, cristalizada em uma meta-
norma pressuposta, que define os objetivos e os problemas a serem resolvidos
pelo conjunto de regras, de normas de decisão interconectadas que caracteriza
uma burocracia. Em seguida, pelo conceito de sistemas intencionais, argumen-
tamos que a estratégia de uma organização (a metanorma pressuposta que dá
sentido ao seu conjunto de normas inferiores – rotinas e procedimentos) é,
em primeiro lugar, uma simplificação cognitiva (uma hipótese operacional)
por parte de agentes externos e internos (para poder compreender e prever o
comportamento dessas organizações).
No sexto e último capítulo, examinamos a imagem Complexidade par-
tindo de uma análise do conceito de complexidade sob um ponto de vista
epistemológico, fazendo a distinção entre complexidade e complicação. A
partir dessa diferenciação, são exploradas algumas conseqüências organiza-
cionais da complexidade e da complicação em ambientes organizacionais.
Finalmente, ligações são estabelecidas entre os conceitos de complexidade,
gestão do conhecimento, gestão da ignorância, inovação e estratégia. Na
proposta contida no último capítulo, a estratégia, enquanto atividade prática,
é um exercício de interpretação que se define pelo foco na ignorância e nas
questões relevantes para um determinado contexto de ação.
Capítulo 1
por uma visão histórica detalhada (Chandler Jr., 1962 e 1992; Selznick, 1997;
Chandler Jr., 1998).
Dessa forma, a estratégia empresarial nasce na década de 1960 nos Esta-
dos Unidos como uma disciplina híbrida, sofrendo influências de disciplinas
como a sociologia e a economia, mas também como uma evolução de ramos
específicos da teoria das organizações com claro viés prático, no contexto de
formação e consolidação de escolas de administração como escolas profissio-
nais inseridas no ambiente mais complexo das universidades americanas. No-
ta-se, nesse sentido, que a estratégia empresarial diferencia-se do mainstream
da teoria organizacional por adotar mais claramente uma atitude pragmática,
voltada para a ação administrativa e para a criação de modelos “fechados”
de análise (SWOT, 5 Forças etc.), revelando uma visão do mundo (weltans-
chauung) fortemente influenciada por uma atitude fundada no pragmatismo
americano de William James (1842-1910) de John Dewey (1859-1952) (James,
1978; James, Bowers et al., 1978; Dewey, 1997; James e Gunn, 2000).
Entretanto, esse nascimento tardio não significou que a disciplina não
tenha se desenvolvido rapidamente. Ao contrário, numerosas tendências e
escolas em estratégia se sucederam ao longo dos 40 anos que separam a dé-
cada de 1960 dos dias atuais. O modelo SWOT (Andrews, 1971), as análises
econômicas de estrutura-conduta-performance (Porter, 1981), a idéia de
competência distintiva (Selznick, 1997) derivando de competências centrais
(Prahalad e Bettis, 1986; Prahalad e Hamel, 1990) e de capacidades dinâmicas
(Teece e Pisano, 1994), os modelos clássicos de análise de indústria (Porter,
1980) e os sistemas de planejamento estratégico (Ansoff, 1970, 1979 e 1984)
são apenas alguns dos conceitos que emergiram e continuam fortemente in-
fluentes no campo da estratégia empresarial. Teoria de recursos (Wernerfelt,
1984; Barney, 1986, 1986a e 1986b; Montgomery e Wernerfelt, 1988; Mont-
gomery, Wernerfelt et al., 1989; Wernerfelt, 1989; Barney, 1991; Montgomery
e Wernerfelt, 1991; Montgomery e Hariharan, 1991; Montgomery e Porter,
1991; Wernerfelt, 1995; Barney, 1997 e 2001; Barney, Wright et al., 2001; Bar-
ney, 2002; Montgomery e Kaufman, 2003), aprendizagem (Argyris e Schön,
1978; Argyris, 1991), teoria dos jogos (Ghemawat, 1995), economia institucio-
nal (North, 1981), teoria da agência (Jensen, 1986 e 1993), custos de transação
(Williamson, 1975 e 1981) e análise de redes (Granovetter, 1973; Burt, 1976
e 1980; Granovetter, 1983 e 1985; Burt, 2003 e 2004) são outras abordagens
Multiplicidade – A Pluralidade Teórica em Estratégia: o Elefante e o Ornitorrinco 5
tores e que se propõem a agrupar teorias de acordo com o vínculo lógico que
eles constroem intelectualmente. Embora essa maneira de classificar teorias
seja válida e relevante, propõe-se neste trabalho uma abordagem alternativa,
baseada em um procedimento empírico.
Escola Pressupostos
A escola de Design O processo de formação de estratégia é conceitual e
informal, avaliando forças e fraquezas, oportunidades
e ameaças.
A escola de Planejamento O processo de formação de estratégia dispõe de ins-
trumentos formais e numéricos, seguindo um modelo
de planejamento.
A escola de Posicionamento O processo de formação de estratégia é um processo
analítico, que privilegia a análise da estrutura da in-
dústria na qual a empresa está.
A escola Empreendedora A estratégia da empresa é informal e baseia-se no seu
líder e em sua visão.
A escola Cognitiva A empresa elabora novas estratégias, com novos
conceitos e inovações radicais.
A escola de Aprendizagem A estratégia da empresa evolui em um processo inte-
rativo de tentativa e erro.
A escola de Poder A estratégia da empresa é abertamente influenciada
por relações de poder.
A escola Cultural A cultura da empresa influencia a sua forma de ver o
mundo e definir suas estratégias.
A escola Ambiental O ambiente é determinante para a estratégia da
empresa por meio de comportamentos isomórficos
(pressões institucionais).