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Introdução

«Começamos com um paradoxo, ou com uma contradição aparente, observando que a


psicologia é uma das disciplinas académicas mais antiga e, ao mesmo tempo, uma das
mais modernas.1» As investigações sobre o comportamento e a natureza humana
remontam ao século V a. C., quando os filósofos gregos como Platão e Aristóteles,
empenhavam-se para resolverem muitos dos problemas de interesse dos psicólogos até
hoje tais como memória, aprendizagem, a motivação, o pensamento etc., mas no entanto
poderíamos levar uma questão que é a nosso ver pertinente na medida em que tratamos
da demarcação de uma disciplina com o seu passado histórico. Como distinguir entre a
psicologia moderna da psicologia antiga? Esta distinção esta mais relacionada com a
metodologia em busca da resposta do que com os tipos de questionamentos acerca da
natureza humana. Em suma a diferença metódica.

Não é nosso objectivo fazer uma abordagem exaustiva da história da psicologia senão,
de uma forma lacónica dum curto período do desenvolvimento histórico da Psicologia,
referimo-nos concretamente a PSICOLOGIA NO INICIO DA ESCOLASTICA. Este
labor é constituído de vários subtemas que se entrelaçam, como fundamento da
abordagem em epígrafe. O nominalismo e o realismo medieval consequência da
contradição entre o materialismo e o idealismo, veremos ainda a psicologia de Tomas de
Aquino, por fim falaremos das condições sócias dos povos árabes e de alguns sábios
árabes. O trabalho consta ainda de uma conclusão e uma nota bibliográfica.

1
P.SCHULTZ Duane, e ELLEN SCHULTZ Sidney, História da Psicologia Moderna. 8 Ed. São Paulo Cap. 1
CAPITULO I: PSICOLOGIA NO INÍCIO DA ESCOLASTICA

A Escolástica é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente


cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências de fé, ensinada pela Igreja,
considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a
Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que
comungava da mesma fé. A Filosofia que até então possuía traços marcadamente
clássicos e helenísticos sofreu influências da cultura judaica e cristã, a partir do século
V, quando pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que
estava amadurecendo, numa tentativa de harmonizá-la com as exigências do
pensamento filosófico. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do
pensamento grego, tais como: Providência e Revelação Divina e Criação a partir do
nada passaram a fazer parte de temáticas filosóficas. A Escolástica possui uma
constante de natureza neoplatônica, que conciliava elementos da filosofia de Platão com
valores de ordem espiritual, reinterpretadas pelo Ocidente cristão. E mesmo quando
Tomás de Aquino introduz elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento
escolástico, esta constante neoplatônica ainda é presente.

Basicamente, a questão chave que vai atravessar todo o pensamento escolástico é a


harmonização de duas esferas; a fé e a razão. O pensamento de Agostinho, mais
conservador, defende uma subordinação maior da razão em relação à fé, por crer que
esta venha restaurar a condição decaída da razão humana. Enquanto a linha de Tomás
de Aquino defende uma certa autonomia da razão na obtenção de respostas, por força da
inovação do aristotelismo, apesar de em nenhum momento negar tal subordinação da
razão à fé.

Para a Escolástica, algumas fontes eram fundamentais no aprofundamento de sua


reflexão; os filósofos antigos, as Sagradas Escrituras e os Padres da Igreja, autores dos
primeiros séculos cristãos que tinham sobre si a autoridade de fé e de santidade.

Os maiores representantes do pensamento escolástico são os dois pensadores citados


acima, que estão separados pelo tempo e pelo espaço: Agostinho de Hipona, nascido no
norte da África no fim do século IV e Tomás de Aquino, nascido na Itália do século
XIII. Embora seja arriscado dizer que sejam as únicas referências relevantes do período
medieval, ambos conseguiram sintetizar questões discutidas através de todo o período;
Agostinho enquanto mestre de opinião relevante e autoridade moral e Tomás de
Aquino, pelo uso de caminhos mais eficazes na obtenção de respostas até então em
aberto.

Outros nomes da Escolástica são; Alberto Magno, Robert Grosseteste, Roger Bacon,
Boaventura de Bagnoreggio, Pedro Abelardo, Bernardo de Claraval, Escoto Eriúgena,
Anselmo de Aosta e João Duns Scot
Alguns talvez poderiam perguntar-se mais afinal de contas o que é que a escolástica
trouxe de novo para a psicologia? Um dos temas fundamentais que a escolástica
introduziu foi o conceito de imortalidade da alma, consequência da natureza humana
outro aspecto é a dimensão da fé a crença numa vida plena após a morte. Estes temas
implicaram uma mudança de comportamento do homem que procura conhecer o sumo
bem e orientar-se segundo a sua vontade. Quando falarmos sobre a psicologia de são
Tomas veremos claramente esta dimensão.

2.1-NOMINALISMO E REALISMO MEDIEVAL DO SÉCULO IX-XIII

Como dissemos na introdução, o realismo e o nominalismo são consequências de duas


maneiras de encarar a realidade o idealismo e o materialismo. Começamos a nossa
abordagem destrinçando os termos:

Nominalismo: entende-se por nominalismo a teoria segundo o qual nada há de


universal no mundo para além das denominações, porque as coisas nomeadas são todas
individuais e singulares2. O nominalismo desenvolveu-se a partir da Idade média, com
Guilherme de Occam e constitui uma resposta ao problema dos universais: haverá
realidades universais que correspondem às palavras gerais das quais nos servimos
(homens, beleza, cão.)? Alguns filósofos, sustentando aquilo a que chamamos um
realismo da significação, respondem efectivamente pela afirmativa: se a beleza é um
nome então qualquer coisa como a beleza em si ou a essência da beleza existe na
realidade. Isso conduziu Platão a afirmar a existência de um mundo inteligível.

Ao mesmo problema, os nominalistas dão uma resposta inversa: os nomes apenas são
etiquetas graças ás quais podemos representar as classes de indivíduos; as ideias não
têm um objecto geral: são abstracções obtidas por intermédio da linguagem. O
nominalismo em suma permite assim uma crítica radical das entidades metafísicas e foi
sobretudo defendido por filosofias empiristas.

Realismo: toda doutrina que afirma que existe uma realidade independente do
pensamento.

O realismo é uma atitude espontânea. Naturalmente, pensamos que a realidade não


apenas existe no exterior do nosso espírito, mas também que o nosso espírito nos
permite conhecê-la. Ora esta forma de realismo é justamente o que recusa a filosofia,
na medida em que critica as certezas imediatas e mal fundamentadas. Exemplar
relativamente a este tema é os esforços de Platão, que desenvolve um realismo de
segundo nível, em completa oposição com o realismo… «ingénuo» e não reflectido.
Nos seus Diálogos, Platão esforça-se por demonstrar que o mundo sensível que
acreditamos conhecer é um facto que muda, contraditório. A única realidade, a realidade
verdadeira, é segundo ele, a do mundo inteligível. As ideias que servem de fundamento
às coisas, existem externamente a estas últimas e ao nosso espírito. Em suma este
realismo exprime a doutrina segundo o qual as ideias gerais ou universais, existem no
exterior do espírito que as concebe.
2
CLÉMENT Elisabeth, DEMONQUE chantal at all dicionário prático de Filosofia. 2 Ed. Terramar. Pag.270
Em quanto o nominalismo nega a possibilidade da constituição de uma ciência, o
realismo abre as portas para a criação de uma ciência experimental cujo método se
baseia-se na experiencia.

2.2- A PSÍCOLOGIA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

Não é nossa pretensão fazer uma abordagem exaustiva sobre a doutrina filosófica de
São Tomás de Aquino, embora tal seria necessária para compreendermos melhor aquele
aquém a escolástica deveu seu maior contributo. Razão pela qual, falaremos do seu
percurso e posteriormente da sua psicologia.

A). Tomás de Aquino (1225-1274) foi o filósofo medieval mais desenvolto no


tratamento da filosofia da religião, ao mesmo tempo que reorientou o questionamento,
até então dominantemente platônico-agostiniano, para um tratamento cristalinamente
aristotélico. Legítimo europeu, de origem alemã pelo lado paterno, normando pelo lado
materno, nascido italiano, no Castelo de Rocca Secca, dos Condes de Aquino, uma
pequena localidade perto de Nápoles. Feitos estudos de filosofia na universidade de
Nápoles, seguiu em 1245 para Paris, agora como ingresso na Ordem dos Dominicanos,
contrariando a vontade de seus progenitores.

Teve uma actuação expressiva em diversos estabelecimentos de ensino, ao mesmo


tempo que uma produção abundante, em um curto espaço de vida, de apenas 49 anos.

Em 1248 deixou Paris, com seu mestre, o seu companheiro de Ordem, Alberto Magno,
para fundarem os Estudos Gerais (Studium Generale), de Colónia, na Alemanha.
Retornou em 1252 a Paris. Obteve o grau de mestre em 1257, o que lhe facultava
ensinar agora publicamente. Entretanto já vinha leccionando desde antes no âmbito de
sua Ordem, e já produzira alguns textos. Em Paris, seu principal magistério foi de 1256
a 1259.

Seguiu para a corte pontifícia, leccionando na Itália de 1260 a 1268. De novo actuou em
Paris, de Janeiro de 1269 a 1272, desta vez em forte conflito com o averroismo.   Por
último, passou 2 anos na Itália, - Anagni, Orvieto, Roma, Nápoles, - aqui até o começo
de 1274, leccionando nos Estudos Gerais (Studium Generale), que ali estavam sendo
instalados. Seguindo em Março daquele ano de 1274 para o Concílio de Lyon, morreu
no curso da viagem, prematuramente.

B). A Filosofia Tomista, conforme se fez conhecer o sistema de Tomás de Aquino, é a


filosofia de Aristóteles como foi criada em seus fundamentos, enucleada em suas
virtualidades, sobretudo de seu fundamento gnosiológico e de sua ontologia, dali
seguindo para uma teologia natural coerente.

a) Já na gnosiológia começa a diferença do aristotelismo Tomista com o platonismo


e seu derivado agostiniano.  
Saem juntos bem no início, porque de um e de outro lado se admite o realismo imediato.
Não ocorre neles o realismo mediato, como acontecerá depois com Descartes.   Ambos
os lados ainda são racionalistas, todavia o platonismo e o agostinianismo são
racionalistas radicais, enquanto Aristóteles e Tomás de Aquino são racionalistas
moderados.   Tomás se estabeleceu num racionalismo moderado, como o de Aristóteles
e Pedro Abelardo, com o ponto de partida no ser captado pela inteligência no âmbito do
conhecimento sensível.   Posto o ser sensível, dela a inteligência abstrai o ser inteligível,
para a seguir caminhar para os novos resultados da especulação sem nunca ultrapassar o
âmbito limitado daquele primeiro ser, que serviu de ponto de partida. Portanto, todos os
cumes alcançados pela metafísica do ser são atingidos senão por analogia com o ser
intuído pela inteligência no ser sensível.   Rejeitou, assim Tomás de Aquino, como já o
fizera Aristóteles, o ponto de partida platónico e agostiniano, cujos princípios universais
se desenvolviam independentemente do ser sensível.

A diferença de resultados, decorrente da diferença de gnosiológia, vai evidenciar-se na


ontologia e na filosofia da religião, que já não serão iguais em um e outro sistema.

b) Em ontologia, em cuja continuidade está a filosofia da religião, o ser geral é


alcançado apenas por analogia, porquanto o ponto de partida fora um ser particular.   E
assim também Deus, uma vez concebido como ser absoluto, sem qualquer limite, não é
alcançado adequadamente pela inteligência humana, senão pela via analógica com o ser
do sensível modestamente apreendido pela inteligência. Divide Tomás, de acordo com
Aristóteles, o ente em ato e potência, divisão que é real nas criaturas, e não pode ser real
em Deus, no qual ato e potência são a mesma coisa. O ser de Deus tem como essência
ser a existência, porque também essência e existência não podem ser distintas em Deus.·
 
c) Deus é atingido como princípio explicativo de fatos que, sem Ele, não se
explicariam. Tais provas, supondo fatos a explicar, são portanto a posteriori.

O argumento a priori, exposto por Santo Anselmo (1033-1109), é reduzido por Tomás
de Aquino à uma passagem inconsequente da logicidade da ideia para a realidade.
Somente conduzem a Deus argumentos a posteriori, ou seja, a partir de fatos a explicar,
e que somente se explicam por Ele. Cinco são as vias que conduzem
argumentativamente a Deus; são tantas as provas, quantas forem as espécies de fatos a
explicar mediante os princípios gerais metidos em sua base.   Num primeiro tempo das
provas da existência de Deus se alegam os princípios, e num segundo tempo os fatos a
serem explicados através deles. A primeira via argumenta com o fato do movimento,
o qual reclama um primeiro motor, que mova sem ser movido, conforme já advertia
Aristóteles.   A segunda via toma partida do fato das causas em sequência, em cuja
série tem de haver uma primeira causa incausada.  

A terceira prova: considera o fato de que as coisas que se apresentam no mundo são
contingentes e que, nesta condição, não existiriam, se não houvesse um ser não
contingente; nesta via pode-se alegar a influência de Avicena.  
O quarto argumento: tipicamente platónico, alega os graus de perfeição constatados
nos seres que conhecemos, e que postulam um grau máximo de perfeição.  

A quinta via: bem colocada como última por ser a mais contestável, toma como ponto
de partida a ordem do mundo, dada como um fim intencional; de outra parte, como as
coisas sem conhecimento não têm capacidade de querer um fim, deve-se admitir que a
ordem do mundo prova a existência de um ordenador exterior a ele, - Deus.

O mundo foi criado, conforme a Bíblia, mas Deus o poderia ter criado desde toda a
eternidade; aqui contrariava Tomás a doutrina dos agostinianos.

d). A filosofia da natureza, ou seja do ser criado, seja do espírito, seja dos corpos, de
acordo com o tomismo, segue um moderno dualista moderado, que contraria o dualismo
radical de Platão.   Enquanto para o platonismo a alma simplesmente habita no corpo
material, para Aristóteles e Tomás de Aquino ela pode ser forma incompleta, a qual se
completa compondo-se com a matéria, completando-se a si mesma e ainda completando
à referida matéria.

Ainda contra o platonismo e os agostinianos, Tomás de Aquino estabeleceu a distinção


em matéria e forma como peculiar apenas à essência dos corpos.   A referida matéria é
inteiramente potencial; não contém alguns elementos determinados, como querem
platónicos e agostinianos; não pode consequentemente diferenciar-se em várias espécies
de matéria, como se uma fosse a matéria dos corpos e outra a matéria dos espíritos.   A
multiplicação dos indivíduos dentro de sua espécie, se dá a partir da matéria, que fica
sendo portanto o princípio de individuação; por isso, a mesma forma se multiplica em
muitos indivíduos materiais. Nos seres inteiramente espirituais não há matéria, como
quer os agostinianos.  

Consequentemente, os espíritos não se multiplicam na mesma espécie; cada anjo é de


uma outra espécie.  As almas humanas, por não terem matéria, somente se
individualizam, porque, sendo substâncias incompletas, se completam como forma de
seus respectivos corpos. Mesmo depois de separadas, por efeito da morte, continuam
substâncias incompletas, e por isso diferenciadas umas das outras, e sempre
referenciadas a um corpo. Esta maneira de ver, peculiar ao dualismo moderado, vem
explicar também como seria o processo da ressurreição.

Todo este discurso é fundamental para compreendermos a psicologia de Tomás de


Aquino.
 
e) A psicologia filosófica de Tomás de Aquino se desenvolveu atenta aos
procedimentos da teoria geral de matéria e forma, ato e potência. Assim foi que
ofereceu notável desenvolvimento, no que se refere à explicação do processo
cognoscitivo, dos impulsos volitivos e estados afectivos. Coerentemente, os processos
de conhecimento e vontade, em Deus, são distintos, ao mesmo tempo que analógicos
aos humanos. Como dissemos a base do pensamento Tomista assenta na filosofia
aristotélica, porém, este dado não escamoteou a influência do agostinismo no que
concerne ao testemunho imediato da consciência.

Tomás aborda na sua psicologia temas como: a percepção, a memória os sentidos


externos e internos, a alma e suas potências.

Sobre a alma afirma que esta é caracterizada pela espontaneidade da vida. Portanto, a
alma humana é duma natureza diferente. Não é um corpo, mas o acto do corpo, o
princípio de que dependem os seus movimentos e as suas acções. Uma vez que esse

princípio é simultaneamente incorporal e substancial ela tem a garantia de não se


dissolver com o organismo e o desejo de imortalidade que o homem experimenta é
ontologicamente justificado. Esta alma imaterial, unida ao corpo sem intermediário,
preside no homem a vida vegetativa, sensitiva e intelectual. Indivisível está presente em
todo o corpo com perfeição da sua essência mas com poderes ligados aos sentidos com
funções particularizadas. Se as potências sensitivas da alma têm, nos animais, a mesma
natureza, revestem-se no homem duma eficácia maior, em virtude da inteligência.

Os sentidos externos

No entanto, para se elevar até ao conhecimento, o homem dispõe de materiais que


provem duma dupla fonte: os sentidos externos e os sentidos internos. Ao nível mais
baixo, a alma realiza operações de ordem natural no corpo a que está unida; depois da
por meio de órgãos corporais, operações de ordem sensível e já imateriais; finalmente
sem órgãos corporal, espécies despojadas simultaneamente de matéria e das condições
de individualidade. Portanto surge uma questão: como explicar essa espécie de
assimilação constituída pela presença do objecto no sujeito conhecente? Segundo S.
Tomás isto dá-se por causa da presença de características muito particulares, pois o
sujeito não deixa de ser ele próprio nem perde a sua disponibilidade para ser outra coisa.
Para tal tomas introduz a noção de espécie destinada a explicar o facto da coisa
conhecida não invadir o pensamento e ser conhecida justamente pela presença nele da
sua espécie.

Senso comum

A unificação necessária das actividades sensoriais, implica por conseguinte, a admissão


dum senso comum, ao qual se referem as apreensões dos sentidos. O papel desse senso
comum e considerado por Tomas como indispensável àquilo que hoje chamamos
«tomada de consciência», pois incide sobre as próprias operações sensitivas, ao passo
que o senso próprio conhece apenas a forma sensível que o afecta.

Para além destes temas Tomas aborda na sua filosofia outros temas de âmbito
Psicológicos, estes são apenas reflexo daquilo que temos vindo a sustentar desde o
princípio desta cadeira e consequentemente deste trabalho de que a Psicologia antes de
tornar ciência independente este ligada a Filosofia por outras palavras antes da
Psicologia moderna existia a Psicologia antiga sob forma de filosofia.

2.3- AS CONDIÇÕES SOCIAIS DO POVO DO MÉDIO ORIENTE

O Médio Oriente ou Oriente Médio é um termo que se refere a uma área geográfica à
volta das partes leste e sul do Oceano Mediterrânico, um território que se estende desde
o leste do Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O Médio Oriente é uma sub-região da
África-Eurásia, sobretudo da Ásia e uma pequena parte da África.

Fronteiras:

O termo médio-oriente define uma área de forma pouco específica. Não define
fronteiras precisas. Geralmente considera-se incluir: Bahrain, Egipto, Irão, Turquia,
Iraque, Palestina, Faixa de Gaza e Cisjordânia, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Oman,
Qatar, Arábia Saudita, Síria, Emirados Árabes Unidos e Yemen.

Os países do Magrebe (Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia) são frequentemente


associados ao Médio Oriente devido às ligações históricas, culturais e religiosas (são
países islâmicos), tal como o Sudão. Os países africanos Mauritânia e Somália também
têm este tipo de ligações. A Turquia e Chipre, apesar de geograficamente próximos, são
normalmente considerados mais próximos da Europa.

 2.4 ALGUNS SÁBIOS ÁRABES

AVERRÓIS

Globalmente apreciado, o averroismo latino, - de que Siger de Brabante foi


o principal representante, - significava um novo avanço nos estudos
aristotélicos em Paris, dada a importância dos comentários de Averróis. A
física e a metafísica se desenvolveram, autonomizando-se da teologia.  

Em psicologia a tese característica de Averróis e do averroismo latino foi a


da unidade da inteligência, mono psiquismo peculiar aos filósofos árabes,
estopim principal que despertou, além da reacção doutrinária, ainda a da
repressão da Igreja.  

Para o averroismo, a alma individual é puramente sensível e sob este


aspecto perecível. Somente a alma racional é imortal, ao mesmo tempo que
única e universal, apenas se individualizando em suas manifestações
sensíveis humanas.  
Dadas as obras de Siger de Brabante e de Averróis, reviverá, no curso da
Renascença, o averroismo na Universidade de Pavia, da Itália.  

AVICENA

Abu Ali al-Hussayn ibn Abd-Allah ibn Sina, filósofo e médico árabe conhecido no
Ocidente como Avicena, nasceu em Bukhara, Pérsia, em 980 e morreu em Hamadan,
também na Pérsia, em 1037.

Sua cultura foi enciclopédica. Além de gramática, geometria, física, medicina,


jurisprudência e teologia, estudou profundamente a filosofia platónica e aristotélica.
Suas obras sobre medicina ainda eram reimpressas no século XVII.

Como filósofo, continuou a tradição aristotélico-platônica de Alkindi e Alfarabi.


Pressupondo a unidade da filosofia, tentou conciliar as doutrinas de Platão e Aristóteles.
Avicena considerava o universo formado por três ordens: o mundo terrestre, o mundo
celeste e Deus.

Do mundo terrestre, a inteligência, através de uma intuição mística, estabelece contacto


com o mundo celeste. Deus, além de ser ato puro e o Primeiro Motor (como no
pensamento de Aristóteles), representa o Ser necessário, cuja essência se equipara à sua
própria existência e que constitui a base de todas as possibilidades.

Avicena também tentou conciliar a fé na providência servindo-se da teologia de


Aristóteles, supondo uma relação necessária entre o criador (ou Deus) e a criatura.

Alberto Magno e Tomás de Aquino nutriam grande admiração por Avicena. Sua
influência no Oriente não foi duradoura devido à oposição dos teólogos ortodoxos. No
Ocidente, contudo, Avicena foi decisivo para a difusão do pensamento de Aristóteles
nos séculos XII e XIII.3

Algazali

Abu Hamid Muhammad al-Ghazzali, (1059 – 1111). Filósofo árabe de vertente céptica
e racionalista, expôs sua doutrina especialmente em Autodestruição dos filósofos (em
árabe Tahafut al-falasifah). Nesta obra, Algazali se opõe tanto ao aristotelismo de
Avicena quanto ao neoplatonismo dos demais filósofos árabes.

CONCLUSÃO.
3
"http://pt.wikipedia.org/wiki/Avicena"
A psicologia é uma ciência em constante evolução e seus progressos são fruto de um
longo caminhar da história da humanidade.

Não é nossa pretensão encerrarmos o discurso mas abrir portas para novos saberes,
estamos convicto da nossa pequenez diante deste gigante em estudo mais acreditamos
ter encontrado elementos fundamentais para compreendermos a vastidão desta
disciplina.

Ao decorrer do estudo, evidenciou-se uma questão metodológica que consideramos


especialmente relevante para a nossa discussão: na construção deste novo saber
elaborado pela escolástica, a “experiência psicológica” articula-se inevitavelmente em
conjunto com outras dimensões da experiência humana (a dimensão somática e
dimensão espiritual), sendo impossível, portanto, concebê-la de modo autónomo
(conforme pelo contrário entende a Psicologia moderna). Desse modo, é preciso um
grande cuidado para identificar o que é concebido como estritamente “psicológico” e
para reconhecer como este é “ordenado” no âmbito de uma estrutura e de uma dinâmica
mais complexas, constitutivas, do ser humano em sua totalidade, conforme a visão da
época. De fato, nos Exercícios Espirituais e nas demais obras de São Tomás os
fenómenos propriamente psicológicos, por exemplo são vistas desde o âmbito espiritual
na tentativa de conciliar a fé e a razão. Por outro lado é fundamental dizer que a
psicologia hoje difere deste não tanto pelo conteúdo senão pelo método utilizado para
explicar tais fenómenos. De qualquer forma, é inegável a contribuição que a produção
escolástica representa no âmbito do processo cultural que - ao longo dos séculos -visa a
obter a construção de formas novas de conhecimento do homem e da sociedade. Pois,
conforme bem assinala Maravall 4(1997), a característica peculiar que o conhecimento
de si mesmo adquire neste período, é o valor “táctico e eficaz, segundo o qual não se vai
em busca de uma verdade última, mas de regras que permitem àqueles que as
alcancem adequar-se às circunstâncias da realidade entre as quais se
move.” (1997, p. 123). Conhecer-se a si mesmo, em suma, para tornar-se
dono de si e da realidade ao redor, conhecer-se para refazer-se.

Chauí, M. (1995) Convite à filosofia (3a. ed.). São Paulo: Ática.


4

-
BIBLIOGRAFIA

1- P.SCHULTZ Duane, e ELLEN SCHULTZ Sidney, História da Psicologia Moderna.


8 Ed. São Paulo Cap. 1
2- CLÉMENT Elisabeth, DEMONQUE chantal at all dicionário prático de Filosofia. 2
Ed. Terramar. pag.270
3- Chauí, M. (1995) Convite à filosofia (3a. ed.). São Paulo: Ática

4- DE CASTRO, Francisco Lyon, história da psicologia, ed. 106011. Janeiro 2001

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO


ISCED/LUBANGO

TEMA: PSICOLOGIA NO INICIO DA ESCOLASTICA

Trabalho apresentado para avaliação de rendimento escolar


na disciplina de História da Psicologia, do Instituto Superior de
Educação ISCED/LUBANGO, no curso de Psicologia, do 1ºano
ministrada Pela professora Alice Inocêncio.
.

LUBANGO/2009

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO


ISCED/LUBANGO

DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSÍCOLOGIA

TEMA: A PSÍCOLOGIA NO INICIO DA ESCOLÁSTICA.

LUBANGO/2009
INDICE

Introdução………………………………………………………………………… 3

Capitulo II: A PSÍCOLOGIA NO INÍCIO DA ESCOLÁSTICA

2.1-NOMINALISMO E REALISMO MEDIEVAL DO SÉCULO IX-XIII……. 5

2.2- A PSÍCOLOGIA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO…………………………. 6

2.3- AS CONDIÇÕES SOCIAIS DO POVO DO MÉDIO ORIENTE………. …. 9

2.4- ALGUNS SÁBIOS ÁRABES………………………………………………. 12

CONCLUSÃO……………………………………………………………………13

BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………14

 
ELEMENTOS DO GRUPO Nº 2

1- ABEL MEZES SEBASTIÃO


2- ALBERTO DOMINGOS FERRAMENTA NDOLUKA
3- ALBERTO NGUINAMAU DITUTALA
4- ANA LÍDIA DE JESUS BURQUI
5- ANDRÉ MANUEL SAMPAIO ADRIANO

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