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a indisciplina

na escola
PRIMEIRA PARTE

A criança e a atividqdede combate


I. As práticassociais

maior paÍe dasatividadesfísicaspro- lançar,saltar,rolar,escalar,etc.)remeteàsdis-


postas às crianças refere-se a práti- ciplinasatléticas,aos esportesao ar livre, à
cas aduÌtascodificadas.As formas de ginásticaesportiva;osjogosdançadose assi-
atividade mais espontâneasnão fogem à re- tuaçõesde expressão remetemàs dançasco-
gra: ascorridas,os saltos,os lançamentosnão diÍ'icadase à expressào corpoml:osjogosco-
foram codificadose toda a suadiversidadeuti- letivos remetemaos esportescom balõese
lizadapara tornaras disciplinasesporlivas bolas,ao patrimôniolúdico.
normatizadas,como a corrida de velocidade, Os jogos de oposiçãoaqui considerados
a corrida de obstáculos,o saÌtoem altura e o referem-seigualmente aos esportesde com-
salto triplo, o lançamento do dardo e o do batepraticados,desdeo início dos tempos,em
martelo? quasetodas as civilizações.Essaspráticas,
Dessa forma, aos diferentes enfoquesda cujasregrasforam refinadasao longo dos anos
motricidadeoferecidosaosjovensalunoscor- parasetoÍnaremos esponescontemporãneos
respondemos referentesculturais do mundo que conhecemos,estãoautenticamenteanco-
adulto: a motricidade de locomoção (coner, radasnas tradiçõespopulares.

Des Bnrcas aos Jocos coÀaRscees:ENFRENTANDo


A hotsctpl-lN,q
le Escot-e / 9
Sua codificação estárelacionadaàs suas O judô é mais fixo em suatécnica;ele data
üigens e utiliza uma grande diversidadede do séculoXIX e inspira-senos tipos de com-
uniformes,de regrase de instrumentos:o boxe bate em vigor entre os samurais.O iudoca
e o caratêmantêmos adversáriosà distância; procurautilizaro outro.o movimentodõ ouro,
a esgrimautiliza um instrumentomediador;o para melhor vencêJo, explorando "a via da le-
judô e a luta aproximamos combatentes.Es- veza". E declaradovencedoraqueleque projeta
tas duas últimas práticasreterão, paÌticular- seuadversiáriosobreâscostasou que o imobiÌi-
mente, nossaatenção,porque são práticasde za. O judô cercou sua prática de tõdo um ceri-
'torpo a corpo" e induzem ao contato físico
monial de respeito aos lugares e àspessoas.
com o parceiro. Luta e judô têm em comum opor os com-
Não há diferença de base entre o judô e batentesem um corpoa corpo,e issoem um
a luta. Esta última é a herdeira direta de orá- contexto estritamentedefinido, sendo que a
ticas originais. Pode ser encontradaem to- vitória ou a derrotasãodeterminadasde àcor-
dos os cântos do mundo, sendo que cada do com um código conhecidoe admitido pe-
país,cadaregião imprimiu sua parriculari- los participantes.
dade ao exercício local: por isso, é que a E toda a riqueza dessasrelaçõesde oposi-
luta brasileiraevoca a dançae que os luta- ção e de cooperaçãoque se propõe aqui ex-
dores orientais untam-se de óleo. A luta é plorar, oferecendoà criança, ao contrário da
um esporte de ação: a passividade aqui é briga de pátio, a possibilidadede confrontar-
sancionada, e a avaliação é feita graças a secom o outro em um contextoque considere
uma cotação dos golpes utilizados pelos suasmotlvações,suâspossibilidadese nossa
combatentes. preocupaçãoeducativa.

l0 / Jear.r-Cuuoe
orrvrm
II. Dasbrigas... aosjogoscomregras
r.a vror,ÊNcr,t
n,ts A relaçãode força que rege em parte a re-
RELAÇÕES SOCIAIS lação com o outro ainda ó arbitradapelos li-
mites sociaisda violência e especialmente
Foi constatadoque desdeo primeiroano peloslimitesfixadospelaescola.Paraa ques-
Je escoÌarizaçào asbrigf,se aì discussóessur- tío Que violêrtciaé socialmentepennitída?,
tem muito cedo entre as crianças,tanto no a Escola,efetivamente,deve responder.Es-
lítio da escolacomo dentroda salade aula. truturando,poucoa pouco,o comportamento
\Íanifestaçõesespontâneasda vontade de social da criança,ela ajuda a cercar progres-
rpropriar-se de um objeto ou de um territó- sivamenteos limitesdo permitido,do supor-
:io. de impor seu projeto, são, com fi'eqüên- távele do proibido.Defineo contextoda vio-
;ia. a única maneira,emboraarcaica,que a lênciapossívelna escola,o qual é diferente
Jriançaencontrapara regular os seuscon- do contextode casa,assimcomoo da rua,que
l'litos. é, semdúvida,maisrestritivo.
Pensamos queessaviolênciaé inerenteàs A criançapercebe,então,que a violên-
reÌaçõessociaise que seriainútil e perigoso cia náo é recebidadr mesmamaneira,re-
:re-eáJa. E preferível considerá-Ìacomo o re- primida do mesmo modo, conforme seja
suÌtadode múltipÌasinterações,manifestan- reacionalou vise a causal danos.As afir-
do-seem circunstâncias precisas:como rea- mativas"foi ele quem começou" e "ele me
ção à violência do outro, do meio ambiente, bateuprimeiro..."refletembem o sinaldessa
aomorespostaa um estresse ou a uma fius- conscientizaçãodas diferençasde natureza
tração,como desejode impor-se.Portanto,não na violência.
setratade procurarsuprimi-la,masde consi- Há ainda um outro fator que regula as re-
derá-lacomo modo de expressãoe de comu- laçõesinterindividuais: a consciênciado pe-
nicação,para que a criança seja progressiva- rigo, parasi mesmo,do ato violento.Rapida-
mentecapazde situála em suasreÌaçõescom mente, cada um deverá,para preservar-se.
os oufos, trazendo,assim,Íespostasàs inteno- encontrarrespostasparaasagÍessões dasquais
que a violênciaprovoca. é vítima.Sejamrespostas de fuga,de violên-
-sações
Que vioLêrtciassofro? A criança pequena cia, ou respostasde negociações e de com-
provavelmentenão sabereconhecê-las.Cer- promissos,elas deverãorevelar-seeficazes
lamente,não é capaz de verbalizá-las,mas sob pena de gravesdissabores. Avaliar esse
sabe,com certeza,expressá-laquandoataca- perigosignificaavaliara pericuÌosidadede sua
da por outra. Respondendoàs agressõespela própriavioìéncia:entendamos. com iì\o. r
violênciaverbal,e tambémpelaviolênciafí- avaliaçãoda probabilidadede passa,eem de
sica,a criançafixa seuspróprioslimitespara seu ato ao ato do outro, avaìiandoos risc.,i
o suportável e dá, a seu modo, a respostaà corridos.Os limitesque nãodevemser ulrr::-
outra questãoconstitutivade suasreÌações passados seràoer identemente d(lernrinJnÌc.
com o outro: que violêttciassuporto/ paraa qualidadeda relaçãoÍìtura.

.cl:orscreLrri r ,. E:
Das BnrceseosJocoscov Recnes:ErlFnrNraNoo -. ll
dos fiÌmes brutaisque enchemas 20 horas
semanais de televisãoqueinfligimosa nossas
criançasde seisa seteanos.EssesheÍóisnem
sempreestãoadornadoscom artifícios histó-
ricosou simbólicosque peÍmirirìilmque um
públicojovem tomassea distâncianecessária
de tal espetácuÌo. A violênciaÍìeqüentemen-
te é administrada em estadobruto a uma tes-
temunhapassivae acabapor se banalizar
Não tÍataremosda questãocontrovertida
da nocividadeou da inocênciado espetáculo
violentomidiatizadoparaas criançaspeque-
nJs.míì5nospermitiremos deslacar os riscos
eventuaisdessasimagens.Na idadeem que
ri crif,nçrslcumulrm as imprersões. ernque
os modelosservemde referência,asrepresen-
taçõesvioìentas,de éticamuitasvezesduvi-
dosr - nào induzemsislemal icr mentea
'c
comportaÌÌentosagressivosimediatos , cons-
tituem,em nossaopinião,uÌn fator de risco
A l ía nã e.tcolantío ttegaa riolônciu. Ekr a consi!era não-negÌigenciável parao futuro.Um dospa-
tt;nto nreíode e-r1:tressAo,
de cont nitação- Ela a cunu- péisda educaçãoserá,taÌvez,o de atenuaro
lizrt c t inlegru nu.srelaçõessociais.
risco,tentaÌrdocoÌnpensar os eÍèitosde uma
inl'ÌuêncÌacomo essa.
A tarefados pais é essencial.Gerencian-
Toda a regulaçãodas trocas violentas en do o tempo de televisão,comentandoas
tre ascriançasserámeÌhorteitaà medidaque imrgen'.ele. rjudurnr frzerr tliagern.evì-
elr\ refinalema percepçro drs conseqüénciastam que uma natulal violência infantil seja
da violência, do perigo que ela pode repre- reforçada,confortadapor espetáculosvio-
sentarparasi mesmoe parao outro.Não é de lentose que ultrapasse, maistarde,o ìimiar
duvidarque a escolae as atividadesque aqui da violência efetiva. Mas o tr abalhoda es
sàopropostas iìjudemr crilnçaa c u con- cola.que crda dia privilegiamaisa comunì-
-eerir
trolar a compÌexidadedas relaçõesviolentas caçào.rs trocasnu (untex(ode suasprÓprias
no interiordo grupo social. regrassociais,não deixade ter o papelbené-
fico de um contrapodeÌ.

2.AVIOLÊNCIAEAMÍDIA
3. A VIOLÊNCIA E OS JOGOS
Sendoum componenteinevitávelda vida DE OPOSrçÃO
social,a vioÌência,porfanto,estáevidente-
mentepresentena mídia e, em especiaÌ,na De quetrunfosa escoladispõeatualmente
televisão.As criançassão um alvo comer- para reguÌara vioìência,para frear atitudes
cial de escoÌhada mídia televisiva,à qual é pulsionaistantasvezesexacerbadas por ima-
submetidaà audiência,que não se priva de gensincitadoras?Existemfilmes em que as
recorreràs imagensviolentasparaatrairsua artes marciaissão desviadasde sua função
jovem clienteÌa. social,porquesãoutilizadaspararesolveros
Novos heróis, ultraviolentos,abundam. conflitos humanosem confrontosde rua. Res-
Provenientesdos consternadores desenhos situaros esportesde combateem seucontex-
.irrinrrdo*
do ExtlemoOriente,dassériesou to institucional,ou seja,como expressãocul-

12 t Jrrr-Crrt,oeOlrvren
:..iralde uma sociedâde,só pode contribuir ça de um professor-árbitroque -gartnitrL-:.i-
:iua o acompanhamentodos adolescentesno peito às regrase às fronteirasque niLì de\ i::
:ontrole de sua violência,bem como na su- ser ultrapassadas. Enfim, pela Ìibera.Ìo que
iìimação de sua agressividade. taiscondiçõespermitem,auxiliama compen-
A escoìapode iniciar a tarefae organizar sar um pouco a frustraçãogeradapelos dolo-
.ì confronto em uma atividade de prazer que rososesf'orçosde integraçãosocial.
ieja, ao mesmotempo, socializantee estrutu- Portanto,aqui, o educadordispõede ex-
:Jnte. celenteinstrumentode ritualizaçãoda vìolên-
O que propomosé jusÍamenteíransformar cia, que of-ereceà criança a possibilidade"de
; briga emjogo, mas em um jogo com regras brincar de fazer como se" sem entrar na vio-
:roquaìa criançapode.com certeza.nàoape- lência, porque entrar nela seria sair logo do
nasexpressarseuímpeto,mastambémexpres- jogo e de seucódigo.
rá-Ìo em condições definidas e segurasque O professorque opte pelaspráticassuge-
permitama liberaçãoda agressividadee o re- ridas, dando a seusalunos a oportunidadede
.'onhecimentodo outro. brincarde lutar.nãodeveesquecerjamaisque.
Essascondiçõesnuncaproduzema derro- para a criança, opor-se dessemodo é, antes
n definitiva ou destruidora;contribuem,des- de tudo. ter prazer Deve ter a preocupaçáo
:c modo.parasua relativizaçào. assimcomo permanentede preservara alegriados peque-
relativizam a vitória. Ajudam a dominar as nos em se afrontarem,a satisfaçãoque têm
ansiedades causadaspela incerteza,convidan- em utilizara suaenergiadiantedo outro,con-
do a criança a medir-se com o outro, a com- tra o outro em um corpoa corpohabituaÌmente
batê-Ìocom violência controìadae na presen- banidodastrocassociais.

Des BxrceseosJocoscoll Recees:ENrnsuretooa lNoÌscrpr-lNA


NAEscole / 13
Iff. Todaa riquezadosjogosde luta
1.Ao NÍVEL MoToR çõesindivíduo-espaço,o combateaguça,mes-
mo inconscientemente. sua percepçãoespa-
Um dos objetivosprioritiírios da escolano clal.
ciclo das aprendizagensfundamentaisé jus-
tamentedesenvolverna criança suu capect-
dade de agir e de adaptar-se.Ora, combater 2. AO NÍVEL SOCIOAFETIVO
é, antesde tudo, agir utiÌizando competências
particulares- nós as desenvolveremosmars a. A propósito do corpo iz corpo
adiantel- para tentat vencero outro. Ao lon-
go da atividade, a criança será conduzida a A escolarização,em nossa sociedadede
utilizar uma gama variadade deslocamentos, comunicaçãoverbal e audiovisual,habituaÌ-
apoios e condutasmotoras que irão sendo mente reduz os contatoscorporais.A escola,
aperfeiçoadaspouco a pouco no decorrerdas que reproduzos modosda relaçãosocial, ten-
aulas. de a baniros conlatosfísicos,mesmoque isso
Mas combateré tambémagir controlandoas ocorra menosna EducaçãoInfantil do que no
atitudesdo ouüo, arìalísandoo adversrário.
A falta Ensino Fundamentale mesmoque a quedade
de atençãoou o desequilíbrio devem ser preco- alguns tabus amenizea tendência.
cementepercebidos,rapidamenteaproveita- Ora, "a oposição" produz rapidamenteo
dos.Os reflexos,a velocidadede execucãoe confronto direto, o contato físico com o ou-
de reaçãosáoqualidadesfundamentais d; Iu- tro, com tudo o que isso implica de emocio-
tador principiante.Portanto,lutar é ser muito naÌ. Para combater,é preciso tocar o colega,
oportunista,é adaptar-se. pegá-lo, "agarrá-Io", até mesmo dominá-lo
As Instructíons oífrcielles de 19862espe- com todo seupeso.E precisoaceitarserjoga-
cificamaìnda:agir e adaptar-se "facilitandba do no chão,aceitarserenfiado sob o corpo do
conscientizaçãoda imagem do corpo no es- outro, é precisocontrolarmuito as emoções
paço". As sensaçõesexperimentadasdurante da imobiÌizaçàoe da derota e temperarai da
situações de oposição, a denominação das vitória.
partesdo corpo utilizadas de modo específi- A tarefa do educador não será pequena,
co durantea investidae o convitepararepre- pois ele deverá,de todasas formas possíveis,
sentar-seem ação contribuem para aperfei- manter intacta a alegríadas criançasem con-
çoar, consclentemente,uma imagem do cor- frontar-se.em "caregar-se" umas às oÌJtras,
po em construção.Como o combate sempre e obter,ao mesmotempo,uma violônciae uma
sedesenrolaem um espaçodetinido.do quat emotividade contidas. Isso porque, efetiva-
convém utilizar todos os componentespara mente, dominar suasfústrações, bem como
vencer, a criança deve, incessantemente,.rj- seusímpetosde alegrla,é justamenteprogre-
tuar-se agindo no espaço,definir pontos de dir dos estági'osinferioresde desenvolvimen-
referência.Dessaforma, solicitando as rela- to aos estágiossuperiores,começara vencer

14 / JsÁ.N-Cr-euoa
olrvrsn
Lak u . é t e r p r a : e r e t n ? ìÌc( ) I1 | 1 - ( u .o o ll!1 1 ) J' ìsí.' Qn cn | ( .E| o('l |(vr|ot'tul oettl l t|rkt

um poucode sua"herançaarcaica",é sociali, monialde saudação antese depoisda luta do


zar-seno sentidode Nietzsche,para quem: judô afirma bem o reconhecimentodo adver-
-O objetivo de toda ctvrlizaçãoé fazerdo ho- sártocorttottrttittdivrJuoquedere serrespei-
mem- umâ presa um animaÌdomadoe ci- tado. No contextodos jogos de luta re_qula-
vilizado". menlados. os papeisin\erlem-se. os parceì.
ros mudam:tornar-seviolentoe fazermal se-
ria nãomaisrespeitaro outroe infrin-eiro có-
b. A propósito do encontro com o outro digo. mas seriatambémcorrero risco de ex-
e do respeito pelo outro por-seà r'iolênciado outro.
O contextoinstitucionaÌimpõea conside-
Foi visto que Ìutar com o outro é, antesde raçãoe o respeitodas diferenças,permitindo
tudo, encontrá-lofisicamente.Com cinco igualmentesuavalorização. Uma deficiência
anos,a criançaque brinca de lutar tem prazer de peso pode transformar-seem vantagem,
no encontroe saciasuanecessìdade de ter um uma meninamaislevee maisrápidapodees-
parceiroreal (ou imaginário). O encontro. capardo mais forte, livrar-se do mais pesado,
como diz René,Zazzo, "gratifica", porque o e as diferençastornam-sefontes de riqueza.
outro "dá e sabereceber,porque é modeìo e
imitadorE lambémporqueopòeuma resis-
tenciaque pode ser agradávelde ser vencì- c, A propósito do respeito às regras
da".3
Se brincar de opor-seé encontraro outro, As competênciasque devem ser adquiri-
isso também deve significar reconhecê-loe dasno domínio socioafetivodependem,é cla-
respeitáJocomo adversário-parceiro.O ceri- ro, do saber-sere particularmentedas atitu-

Das Brrces aos Jocos coM REGRAS:


ENmeNreuoon lNprscrplrr,u.
te Escole / 15
úÈsüJÈ'ÈrnenlÒsao respeitodas regras.eue ceu: ela pegou ou não o lenço visado; ela jo-
È$rs ÍÈ:rÀ ÈitÈjamÍelacionadas às imposi- gou ou não seu colega no chão; ela imobili-
+8. i\ì3i. ou que estejamIigadasàs impo- zou ou não seu adversário.Essaauto-avalia-
:qts da erir idade-elas revestem.nosjogos
ção permite estabelecerimediatamentea re-
dc iur.s-uma imponânciacapiral. lação entre a açã.o, o modo de Íazer, e o
.
-l.sreqras organizama atividade, ïtxan- resultado; constataçãoimediata que obriga
üì limies de tempo, de espaço,de comporta- a projetar outros tipos de açào que serão
rDenro.Eìas permitem, dessemodo, o jogo, Iogo confrontadoscom a reaÌidade.E as-
devle que sejamaceitas.Mas, com cinco ou srm que, poucoa pouco,os projetosde ação
seis anos. o respeito de uma regra, mesmo começama organizar-se.ou seja. a tornar-
reconìecida, permaneceprecário. O profes- se confiáveis.Brincar de opor-se, brincar
:or-árbitro deve estar alerta. de lutar é, portanto, relacionar as causasaos
. Ás regras "orquestramo diáIogo conflï efeitos.e comparar para reorganìzarsuas
Ír{a/ ', permitindo à criança satisfazersua ne- ações.
cessidade.deação, seu desejode ultrapassar, Todoesseprocedimento. e claro,nãoocor-
resperrando,ao mesmo tempo, a reversibili- re sem uma reflexão sobre a atividade e seu
dadedos papéis.É a regra que oferecea cada contexto de aplicação. A adoção do código
um a possibilidadede ganhar,de ter prazeÍ. inicial, apresentadopelo professor,não será
. As regras obrigam o controle de si mes- rígida e não impedirá,de modo algum, que as
zio, o domínio das açõese das emoções.per- iniciativas e as descobertasapareçam.Novas
mrtemsanctonara agressão.Ao disciplinaros regrasdeveràonascerda apropriaçãoprogres-
comportamentos, a regradesempenha suafun- siva das situações,bem como da experiência.
çao soclalrzante. As crianças. e tambémo professor. nãosepri-
varãode organizá-las. de modificá-Ìase de
renová-Ìas.
3. AO NÍVEL COGNITIVO

Ao fim de cadasituação,de cadaminiluta,


a crrançapode concretamentesaber se ven-

Notas

I Conforme quadros
das páginas 20 e 21.
: Les Cycles à l'école prinaire. "O:ilentations
pour l'école materneile", CNDp_HachetteÉcoles.
|(ene Lazzo. traiÉ ctepsycholoqie de l enfunt-puis- pUF, 1971.

ló / JeeN-Clauoe ouvren
fV. Os conteúdosde ensino

ì
l
!

i
I
I

r.oeuEÉluu,nr solução:a melhor NAQUELE momento,fren-


te ÀQUeLg adversário.
A luta e ojudô sãopráticasde corpo a cor- Portanto,lutar supõepoder aplicar ações
po. Ilustraçõesdo confronto singulardos cor- motorasparticularesdo modo mais diversifi-
pos que se envolvem, as duas atividades,de cado possível. O quadro que lhe propomos
origens e de codificaçõesdiferentes,apelam agora resumeas açõesessenciaisda ativida-
às mesmasaçõesfundamentais. de em questãoe suas diversificaçõespossí-
Trata-sesemprede: V E IS .
- agaÍrar o adversário; Para a clareza da exposição,as açõesde
-jogáJo no chão; defesae de ataqueforam separadas;mas toda
- mantêlo sobreo tapete. a complexidadedo combatedevelevar simul-
Não é preciso dizer que muitas soluções taneamenteàs condutasde ataquee às de de-
seoferecem àscriançaspara que realizem cada fesa.e combinare encadearas açòesapro-
uma dessasetapasdo combate.Há, certamen- priadas aos fins desejados.Aí residem as
te, dìversasmaneirasde imobilizar um cole- maioresdificuldadesencontradaspelascrian-
ga no chão. Cabea cadaum encontrara SUA çasde cinco a seisanos.

Na Escol,q / 17
Enreertenpo n INolsclpt-tNa
DASBRrcAsAosJocos coM REcRAS:
,1ç&s tao ras esp ecíftc as Diversiflcaç õespossíveh
ATAQUE
.
-.lgarrâr - apanhar
os braços
as pernas
a crntura
o tronco
- apanharas roupas
. R€ter
- com as mãos
- peÌo meio do corpo
. Desequilibrar puxando
-
- empurrando
- puxando e empurrando
- carregando,levantando
- fazendobarreira com as pernas
- proletando
- fazendo virar
. Imobilizar
- virando
- esmagandono chão
- recobrindoo corpo
- fixando os membros
- combinandoas ações
DEFESA
. Esquivar-se
- roÌando
- saÌtando
- abaixando-se
- desviandoas mãos
afastando-se
- virando
. Resistir opondo-se
-
- empurIando
- desviando
- atacando
. Livrar-se
- agarando
- empurrando
- girando em tomo de si mesmo
virando-se

2. OSJOGOSDELUTA: - a consolidaçãodasaquisições,reutilizan-
UMA CLASSIFICAÇÃO do-asem condiçõesdiferentes.
Dessaforma, somoslevadosa considerar
No Ensino Fundamental,propõe-seàs jogos que, preservandoo espírito das disci-
.
cnanças situaçõesmoiivadoms que possam plinas de combate, também simplifiquem
a
permitir: abordagemda atividade.
- a descobertadas açõesfundamentaisdas Que simplificaçõesestãosendopropostas?
disciplinas de combate; a. Em um certo número de situações, o
- a aplicaçãodo modo mais diversificado papel da criançaé previamentedefinido:
o
possível,considerandoas possibilidadesmo- jogador ataca ou defende,imobiliza
ou pro-
toras do momento; curaìivrar-se.Taisjogos. nosquaisa criança

l8 / JeaN-Cr-auos
oI-rvrsn
tlesempenha os papéisem seqüência,ao invés tas em direçãoa objetosa seremconquista-
de desempenhá-los simultaneamente, como dos.Os papéisdc atacantee de defensorsão
nas "lutas verdadeiras",esclarecembem a separados.
(unscientiri]lçào drs trrefase afastamplovi-
roriamentea clificuldadecitadaanteriormente. . Grupo III: Jogos de conquisía
b. Um bom númerode jogos precisada de temitórios
intervençãÕ de um mediador.No decorrerdes-
As situaçõesdessegrupo impÌicarriapro-
tesúrltimos,a criançanãosedirige diretâmente
veitamentoe diversificlçãodas aqõesdese-
a seu coÌega-adversário, mas à bola que eie
quilibradoras paracbe-eai a seusÍìn.s.É preci-
detém,ao territórioque ele protege,ao lenço
so puxaÍ,carre-gar, empurrar.fazer rirar e, é
que ele usu.As ìntençóes de conquistuper-
cÌaro,esquivar'-se,desriar se.rcsìstir.O con,
manecemautênticas; as açõesutilizadaspara
tato torna-seinevitírvel.
atacarou defender,específicas dasatividades
Je ( ombrte.ro invésde estimular rs criunça" . Grupo IV: Jogos para desequilibrar
a dirigir-sediretamenteao corpodo adversá-
rio, impõequea conquisla da vitóriàpâssepela Tlatr-"e agorade. rerdldeirlnr,.nte. lrrr
apropriaçãode um instrumentoou de uÌn terri- em direçãoao adversário.sem mcdiacaÌo de
tório. Com a diminuição do coÌltatofísico. as objetoou de tenitório.Os papéisdc araquee
rcaçõesemmionaistornam se Ìnenosfortes. de defesasão,ora alternativos.ora simulti
c. Certoscomponentes da atividadcserao neos.
deixadosvoluntarianentede Ìaclo.Ainda que
importantes, ultrapassam ascapacìdades mo- . Gntpo V: Jogos pqra reter, intobilizer,
t,'ru<dusr'rirnçuspcquenl\.Der.r lormr. r. lÌvrar-se
quedas,as projeçõesao chão.os cortes,vâr-
Necessitamde enfrentamentos variadose
ledurrse brllagensde pernrsquc pcrmitem
obrigamo corpoa corpo.São,ao mesÌnotem-
passardo combateem pé paraa luta no chiro
po,jogos pa[aresistire paraÌivrar-se.Os pa-
não serirotratados.Essassituaçõesdevcrão
péis sãoora separ-ados, ora combinados.
serconsideradas maistarde,no ciclodosapro
fundamentos, quandoa criançaterá adquiri- . Grupo VI: Jogos para contbater
do um meÌhordomínioda queda.Pol agora.
trata-se,antesde mais nada.de evitartuclocr O combateé agoracompÌeto.As condutas
quc poderialevar a bÌoqueiosou brutalida- rlc utirqrrc e dc resisléncir
sio cuncomitrnles.
des,mesmoque involuntários. Torna-seindispensável encadeare coordenar
Os.iogos que aqui propomosabranger.n, todasas açõesnecessárias ao combate.
portanto,unicâmente,as açõesmotorastìn-
drmenlris quels crirnçlsde cincor seisunos
sãocapazes de tcalizarnasatividadesde opo- 3. AS COMPETÊNCTA.S A SEREM
sição.Os jogos foram classificadosem seis ADQUIRIDAS
categorias. O quadroa seguir'Íaz o inventáriodascom-
petênciassoÌicitadasparaa realizaçãodasati
. Grupo I: Jogos tle rapitlez e de atenção
vidadesde lutâ Ìra grandeseçãodas turntas
Sãojogosde vivacidacle queaìternamsem- da Educaçirolnfantil'. Ele nospermitiráman-
pre os papéisde atacantee de atacadoe evi- ter presentes
os conteúdosde ensinoque de-
tum o conlf,lopr'órìrnocorno rdver'irio. se]amose, ao mesmotempo,ajudaa bem de-
iimitatn.rssosobjetivoropetrcionris.
o . Grupo II: Jogos de conquístude objetos
o
Essesjogos aproxirnamos aclversários, +N. de 1'.: A glande seçãocoüesponde.aploximade,
:ì masas principaisaçõesde oposìçãosão fei- nrerÌte,Ì nossapré escolana EdLrcaçào
lnfantil.

Dls Br r r ; , r sr os J r x ios . olr R r - c R . \ sE


: N F R ì - N r ^ N D o Ì. irr r o r s t t p t - l . r . 'r :Er s r r , , , l9
Gruposde Cowpetênciasmotoras Competênciasrcgnitiyqs e atitudes
Jogos
Grupo I . DesÌocar-serapidamenteem . Ser atentoe vigilante.
pe pam atâcar,paraesqutvar,se. . Dar prova de inicìativa e oDortunidade.
. Deslocar-serapidamenteno . Compreenderinstruções, resp;itálas, executáìas.
chão- paraatacar.paraesquivar-se. . Aceltar as regras.
. ReagiraosdesÌocamenros do outro. . Aceitar a derrota.
. Coordenardeslocamentosvárias . Situar-seem um espaçodelimitado.
vezes.
. Mudar imediatamentede posição
para proteger-se.

GrupoII . ReaÌizarataquessurpresas, . Ser capazde astúcias,simuÌações,


simulaçõesde ação. . Aceitar o contato físico.
. Considerare utilizaros . Aceitar as imposiçõesde uma situação:regras,
deslocamentosdo âdversário. rmposÌçoesde espaço,de tempo.
. Protegerum objeto. . Relacionarascausasaosefeitos:ler o resuìtado
. Apropriar-se de um objeto: de uma estratégia.
sem agir sobrequem o caÍTega, . Mudar de estmtégiacom conhecimento
interceptarquem o carega, oa causa.
empurrando-o,puxando-o,
levantando-o, virando-o,etc.
. Resistir aos ataquesadversários:
"passivamente",fazendo
bastantepeso,
- peÌaação.

GrupoIII Aganar eficazmenteum adversário Dar prova de tenacìdade,de coragem.


de múÌtiplos modos. rntegrarespaços,tempos.
Empurral puxar um adversário: Executarinstruções.
para atirá-Ìo em um território, Inventar regras,respeitá-las.
para conquistarum territódo, Ser inventivo em ação.
paradesequilibráJo, Controlar suaatividade para não se tomar
- variando os golpes, agressrvo.
- em posiçõesdiversas,
- multiplicando os tipos de
deslocamentos.
Virar-se, virar o adversário:
- para deslocal
- para desequilibrar
Resistir:
- às trações,
- aos empurrões,
- a todas as açõesde ataquede
um adversário.

GrupoIV . Permanecerequilibrado: sobre . As mesmasque para os grupos precedentes.


um pé, sobredois pés,abaixado, . Jer atlvo_
sentado,etc. . Utilizar os artifícios.
. Permanecerequilibrado:atacando, . Aceitar as quedas.
esquivando-se.
. Desequilibrarum adversário
empurrando-osem agarráJo.
. Desequilibrarum adversdriosenta-
do, um adversáriodejoelhos, um
adversárioem pé:
- empurrando-o,

JreN-CrnuorOrrvrrn
Gruposde Competências motoras Compelèncias cogn itivss e et it u des
jogos

puxando-o,
- fazendo-o virar,
- levantando-o,
- deslocando-se.
. Suportar o peso de um colega.
. Dominar pequenasquedas,
ac9ltar-se.

Grupo V AgarraÍ, Íetgr um adversárioem Modificar as regrasde um jogo e


pé, no chão. submeter-sea elas.
Denubar um adversáriosentado, Suportarum contatofísico próximo
abaixado,de joelhos, Controìar suasemoções.
Imobilizar um colegano chão: Reconhecero outro, suasdiferenças,e
forçando sobreele, respeitáJo.
- utiÌìzandoseusbraços,
suaspernasr
- sem utilizar as mãos,
- colocando-seescarranchado
sobre ele: no mesmo sentido,pés
com cabeçae cabeçacom pés,
- bloqueandoseusmembros.
Livrar-sede uma imobilização:
- utilizandoos sobressaltos do
corpo, os membros,
- virando-se,
- reposicionando-se,
- girando sobreo tronco.

Grupo VI . Aglr como atacante e, ao mesmo . Aceitar, supoÍtaÍ,procurar o corpo a corpo.


tempo, como atacado. . Ser muito ativo,controlando.ao ÌÌÌesmo
. Encadearas açõesmotorasutili- tempo.suaviolênciae suasemoções.
zadasem todos os outros grupos . Respeitaro outro.
dejogos e especialmente: . Relatirizar a r itória e reconhecer
a derrota.
derrubar um adversário,
- levar um adversárioao chão de
costasou de ombros,
imobilizar um parceiroatravés
de meios variados,
- esquivar-sede investidas,
- utilizar os desequilíbriosde um
jogador para meÌhor atacáìo,
- sairde uma imobiÌizaçãoatravés
de meios diversificados.

DAs BRrcAs Aos Jocos coM REcRAs: ElrneNreloo e INDIscrpLlNANA EscoLA

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